decisÃo de recurso processo 025/17 pregão 027/17 · apenas a empresa prag minas comÉrcio...

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Setor de Compras e Licitações [email protected] [email protected] Rua Professor Francisco Manoel do Nascimento, 15 - Camanducaia MG CEP 37650 000 - Telefone 35 3433 1323 - Fax 35 3433 2100 CNPJ/MF 17.935.396/0001- 61 1 DECISÃO DE RECURSO PROCESSO 025/17 Pregão 027/17 Trata-se de procedimento licitatório, modalidade Pregão, cujo objeto é a aquisição de Herbicida para atender a diversas secretarias. A sessão pública do processo licitatório ocorreu no dia 29 de Março de 2017 às 09 horas na Prefeitura Municipal de Camanducaia, onde a Licitante, com o comparecimento das empresas PRAG MINAS COMÉRCIO AGROPECUARIO EIRELI ME, FBA – AGROPECUÁRIA LTDA EPP, SANDESCO COMERCIAL LTDA ME E ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME esta que não foi credenciada a participar do certame devido ter apresentado o contrato social da matriz e os demais documentos da filial. Onde a empresa ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME, inscrita no CNPJ 41.941.303.0001/96, não concordou com a sua inabilitação e manifestou o interesse em interpor recurso, apresentado as razões de recurso posteriormente. DAS PRELIMINARES A empresa ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME apresentou razões de recurso por escrito tempestivamente, com base no art. 129, I “c” da Lei 8.666/93, na Lei 10.520/02 e Decreto 3.555/02, intimados os demais participantes do certame, devidamente protocolada na secretaria geral da prefeitura. Apenas a empresa PRAG MINAS COMÉRCIO AGROPECUARIO EIRELI ME, apresentou as suas contrarrazões dentro do prazo estipulado, solicitando a manutenção da decisão por ter sido acertada. Decorrido o prazo para as contrarrazões, segue-se o julgamento do pleito.

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DECISÃO DE RECURSO

PROCESSO 025/17

Pregão 027/17

Trata-se de procedimento licitatório, modalidade Pregão, cujo objeto é a

aquisição de Herbicida para atender a diversas secretarias.

A sessão pública do processo licitatório ocorreu no dia 29 de Março de 2017 às

09 horas na Prefeitura Municipal de Camanducaia, onde a Licitante, com o

comparecimento das empresas PRAG MINAS COMÉRCIO AGROPECUARIO EIRELI ME,

FBA – AGROPECUÁRIA LTDA EPP, SANDESCO COMERCIAL LTDA ME E ICEBERG

DISTRIBUIDORA LTDA ME esta que não foi credenciada a participar do certame

devido ter apresentado o contrato social da matriz e os demais documentos da filial.

Onde a empresa ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME, inscrita no CNPJ

41.941.303.0001/96, não concordou com a sua inabilitação e manifestou o interesse em

interpor recurso, apresentado as razões de recurso posteriormente.

DAS PRELIMINARES

A empresa ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME apresentou razões de recurso

por escrito tempestivamente, com base no art. 129, I “c” da Lei 8.666/93, na Lei

10.520/02 e Decreto 3.555/02, intimados os demais participantes do certame,

devidamente protocolada na secretaria geral da prefeitura.

Apenas a empresa PRAG MINAS COMÉRCIO AGROPECUARIO EIRELI ME,

apresentou as suas contrarrazões dentro do prazo estipulado, solicitando a manutenção

da decisão por ter sido acertada.

Decorrido o prazo para as contrarrazões, segue-se o julgamento do pleito.

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DOS FATOS

No dia 28 de março de 2017 às 14 horas na sede Prefeitura Municipal de

Camanducaia, na sala de LICITAÇÕES da Prefeitura, ocorreu a sessão em que a empresa

ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA ME, não foi credenciada a participar do certame, pois

“apresentou os documentos anexo III, anexo VII, procuração em nome da filial, porem o

contrato social esta em nome da matriz , e não consta CNPJ da filial no conteúdo do

contrato social da matriz.”

Ocorre que a empresa apresentou ainda na fase de credenciamento da empresa

o Contrato Social de sua matriz sob o CNPJ Nº 41.941.303/0001-96 tal como a Certidão

Simplificada da Junta, já os anexos III e VII e a procuração do representante da empresa

com o CNPJ Nº 41.941.303/0002-77, onde em analise do contrato social apresentado

ficou claro que o mesmo não CONSTITUIU a filial, visto que apenas menciona possuir a

filial, e não utiliza nenhuma palavra relacionada a sua criação jurídica. Não há também

menção a objeto social da filial, quanto ao início das atividades apenas estabelece a data

da matiz, logo não há nenhum indício de que o contrato social apresentado institui a

empresa.

Além disso, a Certidão Simplificada da Junta Comercial possui as últimas

alterações, relacionadas apenas as atividades econômicas, capital social e objeto

social, não havendo a criação de filiais que comprovassem que aquele contrato social

apresentado instituiu a empresa. Há também no documento o NIRE (Número de

identificação do Registro de Empresas) 3120389042-1 para a Matriz e o NIRE

3190242877-8 para a filial, indicando assim dois registros diferentes no mesmo órgão.

A empresa não concordou com a decisão e apresentou recurso e suas

posteriores razões escritas alegando em suma que sua proposta se quer foi aberta e o

credenciamento é faculdade outorgada ao licitante para praticar atos decorrentes na

sessão, alega que o não credenciamento da empresa foi uma invenção por parte do

pregoeiro, afirma que o contrato social constava o endereço da filial, sendo um absurdo o

não credenciamento da empresa.

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Alega que o contrato social da matriz já consta a sede da a filial e que a

comprovação da criação da filial se faz pelo CNPJ da empresa, que alteração apresentada é

válida e foi aprovada pela JUCEMG, que não houve observância ao princípio da

Vinculação ao Instrumento Convocatório, alega que o afastamento da empresa impediu

que atendesse ao Princípio da Economicidade e da Eficiência. Alega que a informação de

necessidade de apresentação dos documentos em nome da filial não estavam presentes no

edital.

É a síntese dos fatos.

DO MÉRITO

1.1. Do motivo do Não Credenciamento

Primeiramente é necessário esclarecer que o edital havia determinado que a

empresa deveria apresentar a documentação para o credenciamento e a ausência de

apresentação correta causaria a sua exclusão do certame em questão:

1) A ausência da referida declaração e/ou dos documentos constantes do Item

III ou a apresentação em desconformidade com a exigência prevista causará a

inviabilização da participação da proponente neste pregão, impossibilitando,

em conseqüência, o recebimento dos ENVELOPES PROPOSTA DE PREÇO

(1) E DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO (2).

Quanto ao contrato social a o edital determina que é o instrumento de registro

empresarial:

b) Tratando-se de procurador, o estatuto social, contrato social ou outro

instrumento de registro empresarial, o instrumento de procuração pública ou

particular (modelo Anexo II) do qual constem poderes específicos para formular

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lances, negociar preço, interpor recursos e desistir de sua interposição e

praticar todos os demais atos pertinentes ao certame acompanhado do

correspondente documento, dentre os indicados na alínea “a” que comprovem

os poderes dos mandantes para outorga, acompanhada do Anexo III.

O contrato apresentado pela empresa não possui dados nenhum relacionados a

criação de uma filial, menciona apenas a existência e a localização, sem determinar a sua

concepção, seu CNPJ e nem se quer o seu objeto social, diferente de todos os contratos

social de filiais já apresentados nas inúmeras licitações, ausentes assim requisitos

essenciais para a conferência dos dados da empresa.

A empresa para criar uma filial por meio de contrato social já existente,

necessita informar sobre a concepção da filial, o que não consta no documento, levando a

crer que a empresa fez o registro em contrato social apartado, para tanto analisemos os

termos do contrato social apresentado.

Nota-se de pronto que o documento não está criando a filial apenas

mencionando a sua localização.

O próprio SEBRAE determina que é necessário a criação expressa:

“Caso o ato constitutivo da sociedade seja omisso a respeito da

criação de filiais ou dependências do estabelecimento-sede, as mesmas somente

poderão ser abertas após alteração contratual incluindo essa possibilidade.

Cabe alertar que a alteração do contrato social poderá ser efetivada

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por escritura pública ou particular, independentemente da forma adotada no

ato constitutivo.”1

1

http://vix.sebraees.com.br/es/manualempresario/pag_imp_man_emp.asp?cod_assunto=213&ds_assunto=Abertura%20de

%20%20Filiais%20%96%20normas%20e%20procedimentos%20legais&cod_grupo=3#Abertura_de_filial

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Inexiste cláusula indicando que o objeto e capital social se aplicariam a filial.

Quando trata do início das atividades da empresa relata expressamente a data

de criação da matriz, sem qualquer menção a filial, não podendo ser estendido para a filial

e demonstrando que não aplica a filial.

Outro ponto que demonstra a falha é a Certidão Simplificada da Junta

Comercial apresentada pela empresa:

O documento foi apresentado no CNPJ da matriz e possui o NIRE de Nº

3120389042-1, onde a data de início da empresa bate com o registrado no contrato social.

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Nas ultimas alterações há apenas alteração registrada na crtidão que conste a

criação de da filial.

No próprio documento apresentado pela empresa o registro da filial aparece

com outro NIRE de nº 3190242877-8 e Outro CNPJ 41.941.303/0002-77, o NIRE é a

sigla de Número de Identificação do Registro de Empresas.

O NIRE é o registro de legalidade da empresa na Junta Comercial do Estado. É

um número único que comprova que a empresa existe oficialmente.

Logo se há outro NIRE há outro registro da empresa.

A necessidade das filiais apresentarem todos os documentos com o seu CNPJ é

determinada pelo TCU no Acordão 3056/2008 onde ele determina que apenas para a

regularidade fiscal e trabalhista é permitido usar os documentos da Matriz para a

comprovação da Filial, nos demais casos os documentos de habilitação devem ser todos da

Matiz, se a opção for participar do certame com a Matriz , ou todos da filial se a opção for

participar do certame com a filial.

“ A diferença entre matriz e filial ganha importância quando se refere ao regime

tributário, tendo em vista que uma goza de autonomia em relação à outra. Assim sendo, é

que se expede uma certidão negativa ou positiva para a matriz e outra para a filial. Nesse

sentido, a título de exemplo, a matriz pode apresentar débito e a filial não, e vice-versa.

Deste modo, para fins licitatórios, os documentos de habilitação de licitante devem ser

apresentados em nome da matriz ou da filial, não sendo permitido apresentar parte em

nome da matriz e parte em nome da filial.

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Acrescente-se que, se a matriz participa da licitação, todos os documentos de

regularidade fiscal devem ser apresentados em seu nome e de acordo com o seu CNPJ. Ao

contrário, se a filial é que participa da licitação, todos os documentos de regularidade fiscal

devem ser apresentados em seu nome e de acordo com o seu próprio CNPJ.”

Logo a decisão do Pregoeiro foi acertada ao não permitir que a empresa

prosseguisse no certeme, ausente a comprovação de criação da jurídica de sua filial.

1.1.1 Das alegações da empresa

Inicialmente a licitante afirma que sua proposta se quer foi aberta e que o

credenciamento seria apenas para a conferência da representante da empresa, na

realidade o credenciamento é um dos pré-requisitos de participação do certame, devendo a

documentação estar fora dos envelopes, conforme o solicitado no edital.

No credenciamento é analisado se a empresa pode participar do objeto e se o

representante pode representar a empresa, sendo fase essencial a lisura de todo o

procedimento.

Logo se existe alguma falha na documentação da empresa essa não poderá de

pronto participar do certame. O que aconteceu com a recorrente, que não comprovou a

instituição da filial, logo todos os demais documentos apresentados para o

credenciamento são inválidos, não podendo concorrer para o certame.

A empresa alega que o contrato social aprovado pela JUCEMG foi reprovado

pelo Município, assertiva está errada, o contrato social não foi contestado, o que foi

contestado é a falta do contrato social da filial ou de termo no documento apresentado que

comprovasse a instituição da empresa.

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A empresa não inabilitada na fase de credenciamento, a empresa não foi

credenciada a participar do certame nos termos do edital2. Além de que o edital também

determinou que somente poderiam participar do certame as pessoas jurídicas do ramo

pertinente ao objeto licitado, logo se não há contrato social não é possível comprovar que

a empresa possa participar do certame.

A empresa alega que o CNPJ seria a prova da constituição da filial, porém a

alegação é uma aberração jurídica, os únicos documentos capazes de instituir uma filial

são um novo contrato social, alteração no contrato social ou instrumento de deliberação

de administrado. 3

Tanto que no recurso da empresa não há nada que comprove as suas alegações,

sendo várias palavras soltas e sem nexo, quem dirá então embasamento jurídico.

Ao contrário do que a empresa alega o não credenciamento da empresa foi

embasado no edital, atendendo totalmente ao Princípio da Vinculação ao Edital e ao

entendimento do TCU.

A empresa não precisava ter poderes paranormais, apenas usar o raciocínio

para perceber que um contrato social de outro CNPJ não poderia ser usado, esta

informação é obvia, documentos de uma empresa não podem ser utilizados por outra.

A empresa em momento algum comprovou que o referido contrato social

estabeleceu a filial, para que a decisão fosse revista.

Assim não há que de falar em erro ou necessidade de mudança da Decisão

2 A ausência da referida declaração e/ou dos documentos constantes do Item III ou a apresentação em

desconformidade com a exigência prevista causará a inviabilização da participação da proponente neste pregão, impossibilitando, em conseqüência, o recebimento dos ENVELOPES PROPOSTA DE PREÇO (1) E DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO (2). 3 http://www.contabeis.com.br/forum/topicos/148810/como-criar-uma-filial-no-mesmo-

ehttp://www.contabeis.com.br/forum/topicos/148810/como-criar-uma-filial-no-mesmo-estado/stado/

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1.1.2 Do Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório

Como já fora dito, o edital foi claro ao estabelecer que caso os documentos do

credenciamento não fossem apresentados de forma a atender ao edital, a empresa não

poderia participar do certame.

A Administração está obrigada a cumprir o que solicitou no edital ante ao

Princípio da Vinculação ao instrumento convocatório, o qual está estabelecido na Lei

8.666/93 em diversos artigos.

“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional

da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a

promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada

em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do

julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.”

“Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital,

ao qual se acha estritamente vinculada.”

“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

[...]

XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu,

ao convite e à proposta do licitante vencedor;”

Trata-se, na verdade, de princípio inerente a toda licitação e que evita não só

futuros descumprimentos das normas do edital, mas também o descumprimento de

diversos outros princípios atinentes ao certame, tais como o da transparência, da

igualdade, da impessoalidade, da publicidade, da moralidade, da probidade administrativa

e do julgamento objetivo.

Nesse sentido, vale citar a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

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“Trata-se de principio essencial cuja inobservância enseja nulidade do

procedimento. Além de mencionado no art. 3º da Lei n 8.666/93, ainda tem seu

sentido explicitado, segundo o qual “a Administração não pode descumprir as

normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”. E o artigo

43, inciso V, ainda exige que o julgamento e classificação das propostas se façam

de acordo com os critérios de avalição constantes do edital. O principio dirige-se

tanto à Administração, como se verifica pelos artigos citados, como aos licitantes,

pois estes não podem deixar de atender aos requisitos do instrumento

convocatório (edital ou carta-convite); se deixarem de apresentar a documentação

exigida, serão considerados inabitados e receberão de volta, fechado, o envelope-

proposta (art. 43, inciso II); se deixarem de atender as exigências concernentes a

proposta, serão desclassificados (artigo 48, inciso I).

Quando a Administração estabelece, no edital ou na carta-convite, as condições

para participar da licitação e as cláusulas essenciais do futuro contrato, os

interessados apresentarão suas propostas com base nesses elementos; ora, se

for aceita proposta ou celebrado contrato com desrespeito às condições

previamente estabelecidas, burlados estarão os princípios da licitação, em

especial o da igualdade entre os licitantes, pois aquele que se prendeu aos

termos do edital poderá ser prejudicado pela melhor proposta apresentada por

outro licitante que os desrespeitou.

Também estariam descumpridos os princípios da publicidade, da livre competição

e do julgamento objetivo com base em critérios fixados no edital.”4

Neste sentido, ensina José dos Santos Carvalho Filho:

“O princípio da vinculação tem extrema importância. Por ele, evita-se a

alteração de critérios de julgamento, além de dar a certeza aos

interessados do que pretende a Administração. E se evita, finalmente

qualquer brecha que provoque violação à moralidade administrativa, à

probidade administrativa.”

4 http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,da-importancia-do-principio-da-vinculacao-ao-instrumento-

convocatorio,47049.html

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Diógenes Gasparini conclui:

“(...) estabelecidas as regras de certa licitação, tornam-se elas inalteráveis

durante todo o seu procedimento. Nada justifica qualquer alteração de momento

ou pontual para atender esta ou aquela situação. Se, em razão do interesse

público, alguma alteração for necessária, essa poderá ser promovida através de

rerratificação do ato convocatório, reabrindo-se, por inteiro, o prazo de entrega

dos envelopes 1 e 2 contendo, respectivamente, os documentos de habilitação e

proposta. Assim retifica-se o que se quer corrigir e ratifica-se o que se quer

manter. Se apenas essa modificação for insuficiente para corrigir os vícios de

legalidade, mérito ou mesmo de redação, deve-se invalidá-lo e abrir novo

procedimento.”

Ocorrendo a falta de vinculação aos termos do Edital, justificável será a

motivação do Judiciário através de ação movida pelos interessados, por qualquer

cidadão, ou até mesmo pelo Ministério Público, para apreciação de potencial

desvio de conduta, para que seja anulado e restabeleça-se a ordem no processo

licitatório.”

São Vários os posicionamentos do TCU sobre o tema:

“Observe rigorosamente o princípio da vinculação ao edital, previsto nos arts. 3º e

41, da Lei nº 8.666/1993, abstendo-se de efetuar prorrogações de contratos não

previstas.

Acórdão 1705/2003 Plenário

Observe a obrigatoriedade de vinculação entre o edital e o contrato prevista no

art. 41 da Lei nº 8.666/1993.

Acórdão 286/2002 Plenário”

O STJ partilha do mesmo pensamento:

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“ADMINISTRATIVO. PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. PREGÃO. PRINCÍPIO DA

VINCULAÇÃO AO EDITAL. REQUISITO DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA NÃO

CUMPRIDO. DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA DIFERENTE DA EXIGIDA. O

Tribunal de origem entendeu de forma escorreita pela ausência de cumprimento

do requisito editalício. Sabe-se que o procedimento licitatório é resguardado pelo

princípio da vinculação ao edital; esta exigência é expressa no art. 41 da Lei n.

8.666/93. Tal artigo veda à Administração o descumprimento das normas

contidas no edital. Sendo assim, se o edital prevê, conforme explicitado no

acórdão recorrido (fl. 264), "a cópia autenticada da publicação no Diário Oficial da

União do registro do alimento emitido pela Anvisa", este deve ser o documento

apresentado para que o concorrente supra o requisito relativo à qualificação

técnica. Seguindo tal raciocínio, se a empresa apresenta outra documentação -

protocolo de pedido de renovação de registro - que não a requerida, não supre a

exigência do edital. Aceitar documentação para suprir determinado requisito, que

não foi a solicitada, é privilegiar um concorrente em detrimento de outros, o que

feriria o princípio da igualdade entre os licitantes.”

Devido a este princípio, a administração não pode abrir mão do que pediu no

edital e o edital foi claro ao falar da documentação apresentada em cópia simples não

seria aceita, não sendo culpa do Município o fato de a recorrente desconhecer o

procedimento para autenticação dos documentos que apresentou.

DECISÃO

Conheço o recurso interposto pela recorrente ICEBERG DISTRIBUIDORA LTDA

ME, inscrita no CNPJ 41.941.303/0002-77, para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo-

se a decisão que julgou Não credenciou a empresa a participar do certame, visto que

“apresentou os documentos anexo III, anexo VII, procuração em nome da filial, porem o

contrato social esta em nome da matriz , e não consta CNPJ da filial no conteúdo do

contrato social da matriz.”

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Ao Prefeito Municipal para que Profira a decisão final.

Camanducaia 10 de Abril de 2017.

José de Oliveira

Pregoeiro