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DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente GEOVÂNIA SILVA DE SOUSA PERSPECTIVA ECÔNOMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE DENDÊ ILHÉUS – BAHIA 2010 UESC

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Page 1: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

DE Universidade Estadual de Santa Cruz

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

GEOVÂNIA SILVA DE SOUSA

PERSPECTIVA ECÔNOMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE

DENDÊ

ILHÉUS – BAHIA 2010

UESC

Page 2: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

GEOVÂNIA SILVA DE SOUSA

PERSPECTIVAS ECÔNOMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

DE DENDÊ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Estadual de Santa Cruz, para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

Orientadora: Profa. Mônica de Moura Pires Co-Orientadora: Profa. Patrícia Lopes Rosado

ILHÉUS – BAHIA 2010

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S725 Sousa, Geovânia Silva de. Perspectiva econômica e ambiental da produção de

biodiesel de dendê / Geovânia Silva de Sousa. – Ilhéus, BA : UESC, 2010.

x, 75f. : il. ; anexos.

Orientadora: Mônica de Moura Pires. Dissertação (Mestrado) –- Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Bibliografia: f. 57 - 61. 1. Biodiesel – Aspectos econômicos. 2. Óleos vege- tais como combustível. 3. Cadeia produtiva. I. Título.

CDD 338.476655384

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GEOVÂNIA SILVA DE SOUSA

PERSPECTIVAS ECÔNOMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

DE DENDÊ

__________________________________________________

Mônica de Moura Pires – DS UESC/DCEC (Orientadora)

__________________________________________________

Andréa Silva Gomes – DS UESC/DCEC

__________________________________________________

Ahmad Saeed Khan - PhD UFC/PRODEMA

Page 5: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

Dedico este trabalho aos meus pais Tânia Maria e Julival Nery e a toda a minha

família pelo incentivo, apoio e carinho

Page 6: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, força, coragem, e perseverança renovados a cada

dia.

Ao DAAD pela concessão da bolsa

Aos meus pais Tânia Maria e Julival Nery, por terem sido instrumento de

Deus para que eu viesse ao mundo, pelo carinho, apoio e incentivo.

À minha orientadora professora doutora Mônica de Moura Pires pelo carinho

paciência, disponibilidade, dedicação, e exemplo de pessoa e profissionalismo. Por

ter me “lapidado” durante esses seis anos de orientação (4anos de iniciação

científica e dois de Mestrado).

À minha co-orientadora professora doutora Patrícia Lopes Rosado pela

disponibilidade, dedicação, e pelo acolhimento.

Aos Coordenadores, professores e à secretária (Maria Shaun) do Curso de

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

Aos meus colegas e amigos da sala de pesquisa: Sarah Farias, Mariana

Massena, Michele Dreger, Thallys Lima, e Lucas Silva pelo carinho e colaboração.

Ao Departamento de Economia pelo apoio, tratando - me como se ainda

tivesse vínculo com o curso.

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“Ninguém pode prever a importância futura que estes óleos terão para o desenvolvimento das colônias. [...] a energia dos motores poderá ser produzida com o calor do sol, que sempre estará disposto para fins agrícolas, mesmo quando todos os nossos estoques de combustíveis sólidos e líquidos estiverem exauridos.” Rodolf Diesel.

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PERSPECTIVAS ECÔNOMICA E AMBIENTAL DA PRODUÇÃO BIODIESEL DE

DENDÊ

RESUMO

Esse estudo analisa a eficiência, competitividade e aspectos ambientais da produção de biodiesel de dendê produzido na região do Baixo Sul da Bahia. Foi adotada a Matriz de Análise Política (MAP), como instrumento de análise econômica, decorrente da adoção de medidas de políticas sobre a competitividade e lucratividade bem como as divergências e falhas observadas no mercado sob o ponto de vista social e privado. Sob a perspectiva ambiental, estruturou-se a Curva Ambiental de Kuznets (CKA), a fim de captar os ganhos ambientais resultantes da implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Os resultados obtidos demonstram que a produção desse biocombustível apresenta potencial para expansão, é eficiente e competitivo sob a ótica analisada, apesar de limitações associadas ao pequeno percentual na mistura, o que pode ser modificado ao longo do tempo à medida que houver aumento do biodiesel, o que sob o aspecto ambiental poderá ser relevante. Muito embora os resultados econômicos sejam positivos, verifica-se que há necessidade de medidas que atuem em setores estratégicos da cadeia produtiva, principalmente, nas etapas de produção das máterias-primas, tomando-se como referência a oleaginosa estudada. As medidas de política devem focar, além dos aspectos sociais e econômicos, os ambientais, especialmente pelas características peculiares da região produtora de dendê na Bahia.

Palavras-chave: cadeia produtiva, eficiência, competitividade.

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ECONOMIC AND ENVIRONMENTAL PERSPECTIVES OF BIODIESEL

PRODUCTION OF PALM

Abstract

This paper analises the efficiency, competitiveness and environmental aspects of production of palm oil biodiesel in Southern Bahia. The Policy Analysis Matrix (PAM) was adopted as a tool of economic analysis resulting from the adoption of policy measures on competitiveness and profitability as well as the differences and failures observed in the market from the point of view of social and private sectors. From an environmental perspective was structured the Environmental Kuznets Curve (EKC) in order to capture the environmental gains resulting from the implementation of the National Program of Biodiesel Production and Use (PNPB). The results that were achieved show that the production of this biofuel presents potential of expansion and it is efficient and competitive under the analyzed circumstances, despite the limitations related to the low percentage in the mixture, which can be modified over time as there is an increase in biodiesel, which under the environmental aspect may be relevant. Nevertheless the economic results are positive, it is noticed that there is a need for measures that act in strategic sectors of the production chain, especially in the stages of raw material, taking as a reference the oleaginous studied. Polictical measures should focus, in addition to social and economical aspects, the environment, particularly the peculiar characteristics of palm oil producing region in Bahia.

Keys-Words: production chain, efficiency, competitiveness.

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LISTA DE TABELAS

1 Alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre os produtores de biodiesel

(R$/litro de biodiesel)....................................................................................

5

2 Produção (T) brasileira e baiana de oleaginosas priorizadas pelo PNPB

em 2007........................................................................................................

7

3 Área Plantada, Produção e Produtividade de dendê em cachos dos

principais produtores braisleiros de 1997 – 2008 .........................................

10

4 Matriz de Análise Política (MAP)................................................................... 24

5 Matriz de Análise Política (MAP) – forma expandida.................................... 29

6 Matriz de Análise Política (MAP) para o cultivo de dendê no Baixo Sul da

Bahia, 2010...................................................................................................

43

7 Indicadores privados e sociais para para o cultivo de dendê no Baixo Sul

da Bahia, 2010..............................................................................................

44

8 Matriz de Análise Política (MAP) para o transporte da oleaginosa da propriedade agrícola à unidade de beneficiamento e produção de biodiesel de dendê, no Baixo Sul da Bahia, 2010 ......................................

45

9 Indicadores privados e sociais para o transporte da oleaginosa dapropriedade agrícola à unidade de beneficiamento da oleaginosa e produção de biodiesel de dendê, no Baixo Sul da Bahia, 2010....................

45

10 Matriz de Análise Política (MAP) para unidade de beneficiamento e produção de biodiesel de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010.....................

46

11 Indicadores privados e sociais para produção de biodiesel de dendê no Baixo sul da Bahia, 2010...............................................................................

47

12 Indicadores privados e sociais da MAP nos cenários estudados da cadeia produtiva do biodiesel no Estado da Bahia......................................

48

13 Matriz de Análise Política (MAP) para o transporte de biodiesel da unidade de produção à distribuidora, Baixo Sul da Bahia, 2010.................

49

14 Indicadores privados e sociais para o transporte do biodiesel da unidade de produção à distribuidora, Baixo sul da Bahia, 2010................................

50

15 Matriz de Análise Política (MAP) para a cadeia produtiva do biodiesel de dendê no Baixo sul da Bahia, 2010...............................................................

51

16 Indicadores privados e sociais para a cadeia produtiva do biodiesel de dendê no Baixo sul da Bahia, 2010...............................................................

51

17 Síntese dos indicadores para a cadeia produtiva de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010

54

18 Variáveis estimadas da curva de kuznets para o estado da Bahia, 2010 55

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LISTA DE FIGURAS

1 Cadeia Produtiva da produção de biodiesel, 2009....................................... 7

2 Mudas para expansão do cultivo de dendê na região do Baixo Sul da Bahia, 2010...................................................................................................

11

3 Comportamento do preço e da produção do dendê no Estado da Bahia no período de 1997 a 2008................................................................................

12

4 Evolução da produção, importação, e exportação brasileira de óleo de dendê no período de 1997-2007...................................................................

12

5 Esquema de uma economia moderna e sustentável tomando como exemplo a produção de combustível renovável............................................

16

6 Funcionamento equilibrado de um sistema econômico sob a ótica dos economistas ecológicos................................................................................

17

7 Diferentes possibilidades para relação renda – pressão ambiental.............. 37

8 Localização da Região do Baixo Sul no Estado da Bahia............................ 38

9 Absorção de mão de obra por setores econômicos na região do Baixo Sul da Bahia no período de 1996 a 2009............................................................

39

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................... vi

ABSTRACT................................................................................................ vii

LISTA DE TABELAS.................................................................................. viii

LISTA DE FIGURAS................................................................................... ix

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1

1.1 Objetivos..................................................................................................... 8

2 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO DENDÊ..................................... 9

3 BIODIESEL NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL......................................................................................... 14

4 METODOLOGIA......................................................................................... 20

4.1 Descrição do modelo e operacionalização............................................ 23

4.1.1 Lucratividade privada.................................................................................. 25

4.1.2 Lucratividade social..................................................................................... 26

4.1.3 Efeitos de divergências............................................................................... 28

4.1.4 Transferência líquida................................................................................... 31

4.1.5 Indicadores privados e sociais.................................................................... 32

4.2 Curva Ambiental de Kuznets .................................................................. 35

4.3 Área de Estudo.......................................................................................... 38

4.4 Fonte dos dados ...................................................................................... 39

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................... 41

5.1 Matriz de Análise Política (MAP) para o cultivo de dendê.................... 42

5.2 Matriz de Análise Política (MAP) da unidade de produção agrícola à unidade de beneficiamento e produção de biodiesel........................... 44

5.3 Matriz de Análise Política (MAP) para unidade de beneficiamento e produção de biodiesel de dendê.............................................................

46

5.4 Matriz de Análise Política (MAP) da unidade de beneficiamento do dendê à unidade de produção de biodiesel até a distribuidora...........

49

5.5 Matriz de Análise Política (MAP) para a cadeia produtiva do biodiesel de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010..................................

50

5.6 Análise Ambiental.................................................................................... 53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 55

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 57

ANEXOS..................................................................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

A busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando

atender às crescentes necessidades da sociedade hodierna, bem como mudanças

técnicas de cultivo e plantio, manejo e conservação de solo, aumento da

produtividade, vem imputando transformações relevantes no setor agrícola, e,

acarretando demanda cada vez maior por energia, a fim de manter patamares de

desenvolvimento mais intensivos em tecnologias modernas.

Os três grandes setores da economia (industrial, agrícola e de serviços) vêm

necessitando mais e mais de suprimento de energia, que na maior parte (84%),

provém do petróleo. De acordo com estudos realizados pelo Instituto Internacional

de Economia, estima-se que a demanda mundial de energia aumente 1,7% ao ano

entre os anos 2000 a 2030, o que corresponde a 15,3 bilhões de toneladas

equivalentes de petróleo (tep) (PNA, 2006). Considerando que o petróleo é uma

fonte não-renovável de energia, e, portanto, possui limitação ao seu uso, presume-

se, segundo pesquisas, que a quantidade disponível de petróleo, nas condições

atuais de uso e de reservas exploradas, seria capaz de suprir a demanda mundial

por aproximadamente 40 anos e, especificamente no caso das reservas brasileiras

esse suprimento seria por mais 18 anos (PNA, 2006).

Ao longo do tempo a forma de exploração, produção e uso das fontes de

energia, vêm provocando diversos impactos sobre o meio ambiente como: aumento

da poluição urbana do ar, chuva ácida, efeito estufa, degradação costeira e marinha,

dentre outras. Tais efeitos estão impulsionando a sociedade na busca por

estratégias que propiciem o uso mais racional dos recursos naturais disponíveis e

que permita atingir patamar cada vez maior de crescimento econômico, e que pari

passu, reduza ou minimize as disparidades regionais.

Nesse sentido, procura-se alcançar relação harmoniosa entre economia e

meio ambiente a partir de mudanças estruturais e técnicas envolvidas no processo

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de produção e consumo. Nesse contexto, inserem-se os biocombustíveis originados

de recursos renováveis, em substituição às fontes de energias não renováveis. Um

exemplo disso é a substituição total ou parcial do diesel pelo biodiesel, uma vez que

esse é um combustível renovável que possui características importantes como a

possibilidade de reduzir a dependência de países importadores de diesel, além de

abrandar a emissão de gases poluentes na atmosfera. Além disso, sob a perspectiva

social, é uma alternativa na geração de emprego e renda para regiões em

desenvolvimento.

O biodiesel é um combustível que pode ser obtido a partir de óleos vegetais,

in natura ou residuais, quimicamente semelhante ao diesel, o que possibilita sua

substituição total ou parcial. Nesse mercado, espera-se que a produção desse

biocombustível seja economicamente viável e que as vantagens ambientais e

sociais sejam relevantes, a fim de se tornar realidade na matriz energética. Diante

desse contexto, vêm sendo desenvolvidas tecnologias em diversos países a fim de

se atingir essas metas.

Isso ocorre porque desde a descoberta do petróleo, as economias mundiais

tornaram essa fonte de energia fundamental no processo de desenvolvimento dos

mais diversos setores econômicos. Entretanto, fatores relativos à sua finitude (fonte

não renovável de energia) e impactos ambientais negativos, tornaram os

combustíveis fósseis alvo das mais diversas discussões ambientais, motivando

estudos de alternativas energéticas, como por exemplo, a utilização de óleo vegetal

e animal nas suas mais diversas formas, como fonte de matéria-prima na produção

de energia renovável, especialmente em relação ao diesel de petróleo.

A história do uso de óleos vegetais como combustível começou a partir da

experiência de Rodolf Diesel em 1900 na Exposição de Paris, quando utilizou o óleo

de amendoim para fazer funcionar um motor da companhia francesa Otto, que seria

alimentado com óleo mineral. Em 1937 Chavanne descreve o uso de ésteres etílicos

de óleo de dendê como combustível do tipo diesel (KNOTHE et al, 2006). Ao longo

do século XX foram feitas diversas experiências em nível laboratorial e em escala

piloto com uso de diferentes fontes de matéria-prima para operar motores veiculares

ou estacionários. No entanto, diversos fatores restringiram o uso em escala

comercial de combustíveis de fontes renováveis, dentre eles o mais relevante é o

aspecto econômico (custo de produção).

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As primeiras experiências brasileiras com o aproveitamento de fontes

renováveis foram realizadas em 1970 pelo Instituto de pesquisas tecnológicas (IPT),

com o desenvolvimento de projeto integrado de açucar e álcool e do projeto de apoio

ao Pró-álcool. O PROÁLCOOL é um Programa Nacional de produção de energia

renovável a partir da biomassa, com o intuito de reduzir a dependência do país em

relação ao petróleo - à época negociado a preços elevados, configurando-se na

primeira iniciativa brasileira de diversificação da matriz enérgética de repercução nos

diversos setores econômicos do país, que propiciou, a partir dessa experiência, a

implementação de outros projetos de geração renovável de energia tal qual os para

obtenção de combustíveis provenientes de óleos vegetais. No Brasil, o primeiro

registro da obtenção de combustível a partir de óleo vegetal foi em 1980, a partir de

pesquisas na Universidade Federal do Ceará pelo professor Expedito Parente, que

obteve a primeira patente de biodiesel no mundo (Lima, 2004).

Mesmo assim, as pesquisas pouco avançaram no Brasil. No entanto, a crise

do petróleo em 1983 motivou o governo brasileiro a implantar o Programa Nacional

de Energia de Óleos Vegetais (OVEG), denominado de Pró-Óleo, um projeto para

testes de combustíveis a partir de óleos vegetais. Entretanto, os altos custos de

produção e a redução do preço do petróleo, após duas grandes crises na década de

1970, acarretaram na paralisação do projeto (MCT, 2002). Assim, a matriz

energética do país continuava tendo como principal fonte de energia o petróleo e

pouco se avançava em pesquisas, pois não havia estímulo por parte do governo e

também do mercado. No entanto, nos anos 2000 se retomam as discussões sobre o

tema, especialmente quando nos anos de 1990 uma série de questionamentos a

respeito de impactos ambientais da produção e uso de fontes de energia não

renováveis entraram em voga. Nesse ínterim, o governo formula novas estratégias

de política para o setor energético, sob a coordenação do Ministério de Ciência e

Tecnologia (MCT), constituindo grupos interdisciplinares para discutir a respeito do

tema biocombustível com foco em biodiesel.

Sob essa perspectiva e em sintonia a essas mudanças, a Universidade

Estadual de Santa Cruz instala em março de 2000 uma unidade piloto de produção

de biodiesel, colocando o estado da Bahia à frente das discussões que vinham

ocorrendo em nível federal, participando das discussões nos ministérios envolvidos.

Em 2002 é lançado o Programa Brasileiro de Biocombustíveis – PROBIODIESEL,

visando o progresso científico e tecnológico da produção, estabelecendo como meta

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a adição de 5% de biodiesel no diesel a partir de janeiro de 2004. No entanto, esse

programa não obteve o êxito previsto e, praticamente poucos foram os avanços ao

longo desse período. Em 2004 começam a ser sistematizadas novas metas e em

dezembro de 2004 é lançado o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

(PNPB), sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia e participação de

quatorze ministérios. Esse Programa baseia-se em novas medidas de políticas para

produção do biodiesel em todo território nacional, priorizando como matéria-prima a

mamona e o dendê, oriundos da agricultura familiar e cultivados nas regiões Norte,

Nordeste e Semi–Arido do país. Ademais, a Agência Nacional de Petróleo (ANP)

tornou-se responsável pela regulação e fiscalização da indústria de petróleo, gás

natural e biocombustíveis, que dadas essas atribuições passou a Agência Nacional

de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Esse programa foi regulamentado pela Lei n 11.097 de 13 de janeiro de 2005,

que define biodiesel em seu artigo 6 inciso XXV como:

Biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão, ou conforme regulamento para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (BRASIL, 2005).

Essa Lei estabeleceu ainda, um prazo de oito anos para a comercialização do

B5 (5% de biodiesel e 95% de diesel), sendo de três o período para a

comercialização do B2, no entanto esse prazo poderia ser modificado em função da

oferta de matéria-prima e capacidade de produção instalada, participação da

agricultura familiar, políticas industriais de inovação tecnológica, e desempenho dos

motores com o uso do combustível.

Em 2006, o biodiesel foi inserido efetivamente na matriz energética do país

com cerca de 500 postos de combustível comercializando o B2, e em 2010 passou-

se a comercializar o B5, antes mesmo do período de tempo inicialmente previsto.

Desde então, a oferta de biodiesel sob a forma de mistura é por meio de leilões

realizados pela ANP. No leilão de novembro de 2009 foram arrematados 535.000 m3

de biodiesel, a um preço médio de R$ 2,32/L. Participaram 40 empresas, dentre elas

duas empresas sediadas na Bahia a BRASILECODIESEL instalada no município de

Iraquara e a Petrobrás instalada no município de Candeias, ofertando conjuntamente

29.814 m3 . O leilão é o mecanismo que o governo adota para garantir a oferta do

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5

biodiesel e foi regulamentado pelo Ministério das Minas e Energia que estabeleceu

os requisitos de participação. Quem oferta é o produtor de biodiesel ou sociedade

resposável por projeto de produção do biodiesel, detentor do selo combustível social

– como forma de sustentar o objetivo social do programa, que adquire são os

produtores ou importadores conforme participação no mercado. A organização e

fixação do preço de referência para cada leilão é feita pela ANP, de acordo com a

portaria nº 31 de novembro de 2005. Esse foi um mecanismo estabelecido para

monitorar e regular o mercado e assim proporcionar sua expansão e

desenvolvimento. Algumas exigências inicialmente previstas como participação de

produtores apenas com o selo combustível social foram sendo modificados em

função de que essa condição muitas vezes limitava a oferta de biodiesel no

mercado.

Quanto ao regime tributário que incide sobre a produção do biodiesel, esse foi

estabelecido pelo Decreto Lei nº 5.097 de 6 de dezembro de 2004, modificado pelo

Decreto Lei 6458 de 14 de maio de 2008, que dispõe sobre os coeficientes de

redução das alíquotas de contribuição para o PIS/PASEP e COFINS por litro de

biodiesel. Essa alíquota varia de acordo com a região de plantio, tipo de oleaginosa

e categoria de produção (Tabela 1).

Tabela 1 – Alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre os produtores de biodiesel (R$/L de biodiesel)

Coeficiente de

redução PIS/PASEP

COFINS

TOTAL R$/m3

Alíquota Base (%) - 6,15 28,32 34,47

Regime especial (R$/m3) 0,00

120,14 553,19 673,33

Caso1A (R$/m3) 0,6763 38,90 179,10 218,00

Caso2B (R$/m3) 0,775 27,03 124,47 151,50

Caso3C (R$/m3) 0,896 12,49 57,53 70,03

Caso4D (R$/m3) 1,00 0,00 0,00 0,00

A Regra geral; B Mamona/Palma advindas do Norte, Nordeste e Semi – Arido; C Todas as oleaginosas provenientes de Agricultura Familiar do PRONAF; D Todas as oleaginosas provenientes de Agricultura Familiar do PRONAF no Norte, Nordeste, e Semi – Arido. Fonte: Adaptado de SILVA, 2008.

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Como estímulo à produção de oleaginosas voltadas para a produção de

biodiesel, no sentido de promover a inclusão social, principal objetivo do PNPB,

“assegurando” ao produtor rural a venda de sua produção, assistência e capacitação

técnica, criando o que se denominou de Selo Combustível Social a ser concedido a

produtores de biodiesel que adquiririssem um percentual de no mínimo 50% de

matéria-prima da região nordeste e semi-árido do país, 10% região norte e centro-

oeste e 30% das regiões sudeste e sul. Além disso, essa matéria-prima deveria ser

produzida pela agricultura familiar. Assim, o produtor deveria atender a todos esses

requisitos a fim de se beneficiar de políticas públicas específicas e imprimir sob

essas condições o marketing do seu produto no mercado (MDA, 2009). Nesse

cenário, foi introduzido o biodiesel na matriz energética brasileira.

A cadeia produtiva que envolve a produção desse biocombustível é dinâmica

e integra um conjunto de atividades que pode ser particionada em três

macrosegmentos: produção de matéria-prima com destaque para o setor agrícola;

industrialização – transformação da matéria-prima em produto final e

comercialização – viabiliza o contato do consumidor com o produto final. Souza

(2005) afirma que a interdependência setorial na cadeia produtiva agroindustrial

pode elevar o grau de industrialização e promover o desenvolvimento de novas

tecnologias, gerando modificações relevantes no valor adicionado da economia

(Figura 1).

Ademais, essa cadeia produtiva gera externalidades quanto aos aspectos

social, econômico e ambiental, que são fatores fundamentais na sustentabilidade do

Programa Nacional. Uma das externalidades, reside no potencial de geração de

emprego e renda apresentado pelo setor agroenergético, em especial pela inserção

da agricultura familiar no processo produtivo. O segundo aspecto refere-se à

economia de divisas, já que reduz a importação do petróleo; imputando uma nova

dinâmica para o setor agroindustrial com o fortalecimento das relações inter

setoriais; assim como espaço para comercialização no mercado de carbono. O

terceiro aspecto diz respeito às questões ambientais que envolvem essa produção,

como o seqüestro de gás carbônico (CO2) - um dos principais causadores do efeito

estufa, na fase agrícola, e redução da emissão a partir da diminuição do uso de

combustível fóssil, principal emissor desse gás na atmosfera.

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Figura 1 – Cadeia Produtiva da produção de biodiesel, 2009.

Fonte: Elaborada pelo autora.

Nesse contexto, o Brasil vem se destacando, pois, o país reúne aspectos

como: diversidade de matéria-prima, terras agricultáveis disponíveis, condições

edafoclimáticas favoráveis que permitem a expansão do cultivo de oleaginosas com

pouco impacto, ainda sobre a produção de alimentos, diversidade de solo e clima.

Inserido nessa realidade encontra-se o estado da Bahia por possuir características

de solo e clima favoráveis ao cultivo de diversas oleaginosas, sendo responsável por

cerca de 7% da produção nacional das principais oleaginosas que servem de

matéria-prima para o biodiesel.

Tabela 2 – Produção (T) brasileira e baiana de oleaginosas priorizadas pelo PNPB em 2008

Oleaginosa Brasil Bahia % Dendê (cachos de coco) 1.091.104 194.629 18 Mamona (baga) 122.140 96.620 79 Algodão herbáceo (em caroço) 3.983.181 1.167.947 29 Girassol (em grão) 148.297 999 1 Soja (em grão) 59.242.480 2.747.634 5 Total 64.587.202 4.207.829 7

Fonte: IBGE, 2009.

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Diante do exposto, este estudo analisa a cadeia produtiva do biodiesel na

Bahia, produzido a partir do dendê. A escolha dessa oleaginosa fundamentou-se no

critério de prioridade do PNPB, especialmente pela capacidade de fixação da mão-

de-obra no campo, gerando emprego e renda, e em função da microrregião

produtora no estado (Baixo Sul), que se destaca no cultivo dessa oleaginosa. Além

disso, levou-se também em consideração a potencialidade técnica da cultura

alicerçada no seu alto teor de óleo e renovabilidade, conforme análise do ciclo de

vida publicada pelo World Watch Institute citado por Jank (2007). Ademais, o

dendezeiro apresenta aspectos ambientais que devem ser destacados, em especial,

a absorção e fixação de gás carbônico na biomassa, potencializando seu uso em

recuperação de áreas degradadas. Estima-se, que mesmo após 15 anos do plantio,

um hectare de dendê seja capaz de produzir 90 toneladas de biomassa e seqüestre

35,87 toneladas de gás carbônico (CEPLAC, 2010).

1.1 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a eficiência, competitividade e

benefícios ambientais da produção de biodiesel de dendê no Baixo Sul da Bahia,

visando identificar os efeitos da política de produção do biodiesel.

Especificamente pretende-se:

• Determinar a lucratividade privada e social da cadeia produtiva do

biodiesel;

• Identificar os efeitos de políticas setoriais sobre a eficiência da cadeia

produtiva e as externalidades geradas;

• Verificar a contribuição do PNPB para redução da pressão ambiental

gerada pela utilização dos combustíveis fósseis.

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9

2 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO DENDÊ

O dendezeiro se adapta facilmente às condições de clima quente e úmido das

florestas equatoriais, pois requer grande quantidade de chuva (no mínimo 2.200

mm/ano) e de luz solar (aproximadamente 2000 horas ao longo do ano), devido à

intensa atividade fotossintética da planta. Nesse mercado, os maiores produtores

são os países próximos à linha do equador: África Central, Brasil, Colômbia, Costa

do Marfim, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Indonésia, Malásia, Papua-Nova

Guiné e Venezuela (AGRIANUAL, 2006; 2008).

Essa palmácea, Elaeais guineensis Jaquim, originária da África Ocidental,

chegou ao Brasil, especificamente na Bahia, através dos escravos da etnia nhendê,

que pilavam e cozinhavam o coco para fins nutricionais (AGRIANUAL, 2008).

Da planta, todas as partes podem ser aproveitadas sendo a de maior

interesse comercial, o fruto. Da polpa do fruto pode-se extrair o óleo de palma

(usado nos segmentos alimentício, medicinal, oleoquímico e industrial), e, da

amêndoa, o óleo de palmiste, cuja obtenção resulta em uma torta com 18% de

proteína que serve como adubo ou ração animal. Os cachos, os resíduos do

processo de extração do óleo, as fibras e as cascas das amêndoas tanto podem ser

usados em caldeiras na produção de vapor para extração de óleos, como na

geração de energia elétrica. As fibras das folhas e dos cachos dos frutos são usados

na fabricação de tampos de lareiras. Os troncos derrubados das plantas em idade

improdutiva podem ser transformados em móveis. O beneficiamento do dendê gera,

em média, 20% de óleo de palma, 1,9% de óleo de palmiste, 17% de fibra, 4% de

torta, e 7% de cascas, segundo Embrapa (2010).

Atualmente a produção dessa oleaginosa no país concentra-se nos Estados

do Pará e Bahia, com produção atingindo 896 mil toneladas e 194 mil toneladas em

2008, respectivamente (Tabela 3)

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A produtividade dos plantios varia em função das variedades e dos tratos

culturais dispensados como poda, rebaixo, coroamento, e adubação. Em função

dessas variáveis, a idade produtiva da planta pode se estender até 30 anos. Na

Bahia os plantios apresentam, de maneira geral, rendimento físico da planta, inferior

aos observados no Pará. Enquanto a produtividade média dos dendezais baianos

estão em torno de 4 T/ha, no Pará atinge-se quase 16 T/ha, ou seja, o equivalente a

¼ daquela observada nos plantios do Pará, apesar de o Estado possuir maior área

plantada. Essa grande diferença na produtividade ocorre em função da idade dos

plantios, variedade cultivada e do manejo empregado.

Tabela 3 – Área plantada, produção e produtividade de dendê (em cachos) dos principais produtores brasileiros, 1997 a 2008 Área plantada (ha) Produção (T) Produtividade (T/ha)

Ano Bahia Pará Pará Bahia Pará Bahia

1997 38040 39744 572011 158624 14,39 4,17 1998 41346 33614 539558 172785 16,05 4,18 1999 39469 38243 516712 146716 13,51 3,72 2000 44025 37893 517114 161430 13,65 3,67 2001 46267 38912 582797 189117 14,98 4,09 2002 41690 39747 550129 167581 13,84 4,02 2003 41466 44463 729001 167111 16,40 4,03 2004 41584 45969 738241 171044 16,06 4,11 2005 41691 46969 747666 155651 15,92 3,73 2006 44941 51790 1031004 176089 19,91 3,92 2007 53077 49184 869771 203773 17,68 3,84 2008 55442 49544 896295 194629 18,09 3,51 Média 44086,5 43006,00 690858,25 172045,83 15,87 3,92

Fonte: IBGE, 2010.

Tal situação faz com que a dendeicultura venha perdendo espaço em nível

estadual. Mesmo assim, estudos realizados pela Secretaria de Agricultura do Estado

da Bahia - SEAGRI (2010), mostram que no estado existem áreas disponíveis para

expandir a lavoura, pois apenas 1,53% de um total de 750 mil hectares com aptidão,

são cultivados com dendê. Tudo isso vem estimulando produtores a produzirem

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mudas (Figura 2), a fim de aumentar as áreas plantadas e também renovar as áreas

mais antigas, que se configuram a maior parte dos plantios da Bahia. A produção de

dendê gera 3 mil empregos diretos nos 33 mil hectares plantados, considerando que

boa parte da produção estadual provém da agricultura familiar, é importante

ressaltar, que para cada 10 hectares plantados é possível abrigar uma família

(IBGE, 2009; BAHIABIO,2007; BIODIESELBR, 2007).

Figura 2 - Mudas para expansão do cultivo de dendê na região do Baixo Sul da

Bahia, 2010. Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a Figura 3, observa-se que a produção baiana de dendê é

relativamente estável ao longo do tempo, apresentando tendência crescente e

pequenas reduções nos períodos de 1998 a 1999 e 2004 a 2005. Para os preços em

nível de produtor, constata-se também tendência crescente, o que significa estímulo

à produção. Além disso, ressalta-se que entre 2001 e 2002, houve elevação abrupta

nos preços, que pode em certa medida, estar associada ao lançamento do

Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do Biodiesel –

PROBIODIESEL, cuja estratégia principal era produção de biocombustível a partir

de óleos vegetais. Mesmo assim, àquela época o foco principal era a soja.

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0

50000

100000

150000

200000

250000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

To

nel

adas

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

35.000,00

40.000,00

45.000,00

R$/

T

Produção ( T ) Preço ( R$ )

Figura 3 – Comportamento do preço e da produção de dendê no estado da Bahia no período de 1997 a 2008.

Fonte: IBGE, 2010.

No mercado mundial, o Brasil é o segundo maior produtor de óleo de dendê,

porém a produção é insuficiente para atender o mercado doméstico, levando o país

à importação, mesmo assim, conforme Figura 4, pode-se verificar que a produção

do fruto e desse óleo cresceu nos últimos anos. A partir de 2004, quando foi

lançado o PNPB, a demanda por esse óleo aumentou, levando o país a reduzir

drasticamente suas exportações enquanto aumentava as importações a fim de

suprir a demanda do mercado. Tudo isso mostra como o Programa tem sido

relevante para estimular a produção dessa oleaginosa no país.

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

To

nel

adas

Produção Importação Exportação

Figura 4 – Evolução da produção, importação e exportação brasileira de óleo de dendê no período de 1997-2007.

Fonte: FAO, 2010.

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Pesquisas demonstram que a planta pode produzir até 6 mil T/ano de óleo,

atingindo rendimento máximo entre 7 a 12 anos após o plantio, mantendo-se

produtiva por aproximadamente 20 anos (AGRIANUAL; 2006; IBGE, 2010).

Segundo a publicação Agrianual (2008), vêm sendo realizados nos últimos 15

anos, estudos a respeito de melhoramento genético a partir do cruzamento de várias

espécies da palma, a fim de obter variedades mais resistentes a doenças e ampliar

o ciclo de vida da planta. Tais estudos são importantes em uma perspectiva de taxas

de crescimento de 5% a 6% ao ano da demanda mundial de óleos vegetais.

Observando o potencial do estado da Bahia nos seus mais variados aspectos

da produção de biodiese,l é que se percebe a relevância de estudos desta natureza

a fim de identificar os aspectos importantes da inserção do biodiesel de dendê na

matriz energética do estado, salientando as questões econômicas e ambientais que

envolvem a sua cadeia produtiva.

De certo que o Brasil reúne características que proporciona o país atingir o

patamar de maior produtor mundial de biodiesel, contudo, o potencial ainda é pouco

explorado. Nesse sentido, espera-se que fatores como eficiência e competitividade

possam nortear o mercado e assim dar sustentabilidade à produção.

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3 BIODIESEL NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao longo do tempo, a sociedade tem passado por evoluções que têm

transformado a relação homem-natureza. Nos primórdios, o homem utilizava dos

recursos disponíveis na natureza apenas no sentido de satisfazer suas

necessidades básicas. Com o passar do tempo, além de retirar esses recursos, o

homem passou a produzir e desenvolver novas técnicas de cultivo sem se preocupar

com esgotamento dos recursos naturais, como se esses fossem inesgotáveis.

Nesse sentido, Silva (2003) salienta, “os recursos naturais não são, eles se

tornam – eles se expandem e se contraem em resposta aos desejos e ações dos

homens, e às condições tecnológicas, econômicas e políticas”. Em certa medida,

traz à tona a teoria malthusiana da discrepância entre o crescimento da população e

dos alimentos, o que levaria fatalmente ao não atendimento das necessidades

básicas do ser humano. Isso ocorre frente a escassez dos recursos enquanto o ser

humano possui desejos ilimitados. Sob esse cenário, emergem as discussões a

respeito da questão ambiental.

Pari passu Cavalcanti (2001, p. 30), apresenta argumentações a respeito

dessas questões:

Se as atuais tendências de crescimento da população mundial – industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais – continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O Estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcança-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.

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Essas teses e argumentações, na época, foram alvo de severas críticas,

principalmente dos adeptos à teoria do crescimento. Muito embora haja contra-

argumentações, percebe-se que as discussões a respeito são importantes devido às

inter-relações entre energia, produção e consumo de alimento e desenvolvimento

sustentável.

Pode-se salientar, que os debates acerca dos problemas ambientais são

relativamente recentes e vêm ocorrendo de forma esparsa no mundo ao longo

tempo, sendo que as primeiras sistematizações iniciam-se nos anos de 1960. Em

1973, segundo Bruseke (1998), foi sistematizada a teoria do ecodesenvolvimento

por Maurice Satrog, em que se delinearam questões importantes quanto ao

desenvolvimento, pois passou-se a associar desenvolvimento a diversos fatores

como atendimento às necessidades básicas, solidariedade com as gerações futuras,

participação da população, preservação ambiental, justiça social; sendo esse o

ponto de partida para o atingimento de um desenvolvimento sustentável. No entanto,

apenas vinte anos após a conferência de Estolcomo, na UNCED – Conferência da

ONU sobre Meio Ambiente em 1972, é que a preocupação com questões ambientais

sucitaram maiores discussões em todo o mundo, pois começaram-se a estabelecer

vínculos cada vez maiores entre crescimento, desenvolvimento e mudanças no meio

ambiente.

Pautado na existência de interligação entre os aspectos econômicos,

tecnológicos, políticos e sociais com os aspectos ambientais, é publicado em 1987 o

Relatório de Brundtland, em que o desenvolvimento sustentável é tratado como

estratégia para o desenvolvimento incitando a responsabilidade da sociedade atual

para com as futuras gerações (WCED, 1987). Assim côncios de que:

É a natureza, em primeiro plano, a fonte de todos os bens. É dela que o homem obtem todos os bens naturais – animais, vegetais, minerais, e dela provém as fontes primárias de energia: a luz e o calor solar, o vento, as quedas d’água, as marés etc. (CANO, 1998 p. 27).

Sob essas perspectivas, e buscando o equilíbrio entre crescimento e

desenvolvimento, a natureza (recursos naturais nos seus mais diversos aspectos)

torna-se fator de produção fundamental na economia moderna. Assim, a produção e

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consumo inseridos em uma perspectiva de sustentabilidade deve então atender a

determinados critérios, conforme exemplificado na Figura 5.

Figura 5 – Esquema de uma economia moderna e sustentável, tomando como exemplo a produção de combustível renovável.

Fonte: Adaptado de Cavalcanti, 1997, p. 48.

Deste modo, para atingir a sustentabilidade, as atividades devem pautar-se

na manutenção do processo produtivo, a partir da alocação eficiente dos recursos

disponíveis renováveis e não renováveis, bem como na manutenção da qualidade

de vida – que compreende a prevenção da poluição e proteção da biodiversidade.

Nesse sentido, na visão dos economistas ecológicos, o sistema econômico

nada mais é do que um sistema aberto integrado em um sitema maior (sistema

ambiental), em que existem troca de energia entre si. Como sistema aberto, a

economia recebe energia (materiais) do sistema maior, liberando a posteriori energia

não disponível e materiais de alta entropia, que se reciclados podem ser reutilizados

(Figura 6). Assim sendo, a economia produz dois tipos de resíduos materiais: o calor

dissipado (2ª lei da termodinâmica) e os resíduos materiais. Portanto, para o bom

funcionamento de um sistema econômico é necessário equilíbrio entre a energia e

os materiais, de forma que haja biodiversidade, e que o meio ambiente seja capaz

de absorver os resíduos gerados (CAVALCANTI, 1997 p. 134).

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Figura 6 – Funcionamento equilibrado de um sistema econômico sob a ótica dos economistas ecólogicos.

Fonte: Adaptado de Cavalcanti,1997, p. 134.

Diante do exposto anteriormente, parte-se do princípio que as transformações

ambientais bruscas estão associadas, dentre outros fatores, à organização da

sociedade atual e intervenção do homem na natureza com práticas ambientais não

sustentáveis, tal qual o uso dos recursos naturais não renováveis, a exemplo do

petróleo, que se tornou ao longo do século XX o sustentáculo energético das

atividades produtivas. A queima desse combustível provoca: poluição do ar, chuva

ácida, aquecimento por efeito estufa e mudanças climáticas – através da emissão de

CO2, que tem crescido cerca de 30% na composição atmosférica e continua

aumentando (OSPINA, 2009). Além disso, flutuações nos preços, instabilidade de

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abastecimento, concentração da produção em áreas de conflito, esgotabilidade do

recurso – aspecto de fundamental relevância nas discussões, não só pelo aspecto

econômico, mas pela disponibilidade do recurso -, têm conduzido a sociedade ao

desenvolvimento de tecnologias que integrem e atendam à geração de energia de

forma sustentável.

No sentido de reprodução dos sistemas econômicos e de forma sustentável,

têm-se desenvolvido novas fontes de energia para diversificação da matriz

energética e manutenção do processo produtivo, a exemplo do biodiesel. Um

combustível renovável, neutro e biodegradável, sendo um substituto potencial do

diesel de petróleo. O uso da mistura do biodiesel ao diesel pode reduzir a emissão

de CO2 numa proporção de 20% a 80% e a redução da emissão de dióxido de

enxofre (SO2) é reduzida em quase 100%, a partir de percentuais de mistura

superiores a 20% (OSPINA, 2009).

No processo de produção do biodiesel utiliza-se insumo renovável (óleo

vegetal), originando como produto final o biodiesel (combustível renovável), gerando

resíduos ao longo da cadeia produtiva, mas, que podem ser reaproveitados em

outras funcionalidades. Assim, o desenvolvimento de tecnologias limpas está

balisada na alocação eficiente dos recursos, manutenção dos níveis produtivos, bem

estar social e preservação ambiental, propostas para o atingimento de uma

sociedade mais sustentável.

Ademais, visualizando o sistema econômico como um subsistema do meio

ambiente, verifica-se, que apesar da lógica econômica permanecer a mesma, o

pressuposto da escassez pode ser visto sob outro ponto de vista, havendo, com

isso, a necessidade da implementação de políticas públicas para o fomento e

manutenção de atividades e iniciativas, que caminhem rumo ao desenvolvimento

sustentável.

Contudo, o processo produtivo do biodiesel é ambientalmente questionável

em função de que a emissão de CO2 é apenas um dos gases que afeta o clima.

Questiona-se também, o uso de aditivos químicos na produção da oleaginosa - que

podem provocar problemas à saúde e às condições ambientais em função de

impactos na biodiversidade; além de resíduos que não conseguem ser absorvidos

no próprio sistema. Com isso, a produção de biodiesel, assim como a de outros

produtos, se não obedecer a critérios ambientais, torna-se sem sustentação ao

longo do tempo.

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Posto isto, é importante destacar que existem vantagens e desvantagens na

produção e uso de biodiesel, assim, é fundamental estudos que sinalizem os seus

benefícios ambientais associados a economicidade. Nesse sentido, é importante

refletir sobre a possibilidade de atingir a estabilidade econômica e ecológica, de

modo que todos tenham as mesmas oportunidades e satisfaçam suas necessidades,

sendo para tanto, necessário esforço para conter o crescimento populacional

mundial, os níveis de produção e manutenção dos recursos naturais, caso contrário

os limites do crescimeto chegariam em cem anos (BRUSEKE 1998). Parafraseando

Furtado (1995), citado por Romeiro (1997), o desenvolvimento só será alcançado

quando os desejos da coletividade estiverem satisfeitos e isso só acontecerá quando

o homem tiver consciência de que faz parte de um meio e lançar-se para o

conhecimento, aprimoramento e aplicabilidade de seu potencial.

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4 METODOLOGIA

Este estudo está fundamentado na teoria da firma, aborda conceitos

relacionados à lucratividade, custos privados e sociais dos fatores, competitividade e

política comercial.

Partindo-se do pressuposto que a firma ou unidade de produção age

racionalmente, o seu objetivo principal ao produzir é maximizar seus resultados no

que tange à produção e aos lucros. A decisão do quanto produzir baseia-se na

tecnologia e recursos disponíveis a partir da demanda existente e, ou potencial.

Nesse sentido, o produtor/firma procurará ser eficiente sob o ponto de vista da

tecnologia possível de ser adotada e dos recursos que possui, e assim minimizar

seus custos, de forma que também otimize seus lucros. A eficiência no sentido de

Pareto, em que se dispõe do melhor uso dos fatores de produção, obtendo-se maior

nível produtivo, de forma que se atinja a otimização no uso dos recursos,

especificamente do lucro auferido, respeitando-se os limites ambientais, econômicos

e sociais que envolvem tal processo de produção. Atingir a condição de ótimo da

produção, está associada à escala de produção, pois tende-se a reduzir custos à

medida que a escala seja maior, no entanto, pouca diferenciação haverá entre os

produtos disponibilizados no mercado sob tais condições.

Aos fatores de produção estão atrelados sua distribuição e escassez,

tomando-se como referência os custos de oportunidade e social, de forma que se

possa obter o maior valor possível a partir do seu uso. Dessa forma, para utilizar os

recursos disponíveis a unidade de produção despenderá recursos, ou seja incorrerá

em custos - denominados de custos privados - relacionados à valoração monetária

dos fatores de produção, ou seja, esses insumos são remunerados de acordo com

os preços de mercado.

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Quanto aos custos de oportunidade, esses se referem ao melhor uso dos

fatores de produção dadas as oportunidades de investimento na produção. Por outro

lado, os custos sociais estão relacionados a diversos custos imputados à sociedade

quando se incorre na produção de determinado produto que levarão a falhas de

mercado, como a produção que impacta o meio ambiente (poluição, desmatamento,

etc.), ou que provoca doenças profissionais, dentre outros.

Assim, o uso de inovações tecnológicas para melhor aproveitamento dos

fatores de produção, custos, disposição e qualidade dos insumos, políticas de

produção, serviços, economia de escala, e fatores externos, de acordo com a teoria

econômica neoclássica, são fundamentais para tornar mais competitivo o setor.

Dessa forma, “os resultados seriam capazes de espelhar a capacidade de obter

lucratividade e gerar valor a custos iguais ou inferiores àqueles dos concorrentes”

(SILVA; BATALHA, 2010).

Baseando-se nessas formulações teóricas e procurando atender aos

objetivos traçados neste estudo, utiliza-se o modelo da Matriz de Análise Política

(MAP) desenvolvida por Monke e Pearson, a qual fornece uma estrutura

sistematizada para análise dos impactos de políticas sobre a lucratividade privada,

além dos impactos favoráveis ou desfavoráveis à sociedade, no tocante às

atividades econômicas. Esse modelo foi aplicado na parte referente as análises

econômicas e sociais do biodiesel.

O uso da MAP permite aos gestores e formuladores de políticas públicas

avaliar os efeitos esperados da adoção de determinada medida de política sobre

determinado setor, economia etc. Monke e Pearson (1989) afirmaram que a MAP é

uma metodologia que analisa os efeitos de políticas governamentais, apresentando

os resultados de forma simples e precisa, e portanto, constitui-se em mais um

instrumento a ser adotado no acompanhamento de tais políticas.

Além disso, a MAP permite também, avaliar os efeitos de novas tecnologias

sobre a lucratividade do sistema através de análises comparativas de receitas,

despesas e lucros, gerados pela produção de determinada mercadoria. Essas

análises comparativas subsidiam na elaboração de políticas que promovam

incentivos a mudanças tecnológicas (MONKE ; PEARSON, 1989).

Tal método permite ainda, a mensuração dos efeitos das políticas sobre a

renda do produtor, bem como a identificação de transferências entre os agentes do

mercado, produtores e consumidores (a sociedade). Os resultados podem ser

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desagregados para enfocar regiões particulares, tipos de unidades de produção ou

tecnologias, que podem se constituir em informações relevantes para qualquer tipo

de avaliação de política agrícola. Tudo isso depende da quantidade de informações

desagragredas que estejam disponíveis, bem como do objeto de pesquisa e análise.

4.1 Descrição do modelo e operacionalização

A matriz de análise política (MAP), desenvolvida por Monke e Pearson (1989)

em 1981 para auxiliar na análise da política agrícola de Portugal, configura-se nos

princípios balizadores deste estudo. A base metodológica desse método está em

verificar a influência de medidas de política sobre os custos e retornos dos

produtores. Ademais, possibilita investigar os efeitos de políticas setoriais sobre o

sistema de produção, sendo estruturada a partir da formulação de orçamentos das

atividades que compõem a cadeia produtiva a ser analisada, no caso deste estudo,

abrange a produção de dendê, beneficiamento para extração do óleo, produção de

biodiesel puro até as unidades de produção da mistura (biodiesel mais diesel) até

sua distribuição.

Os orçamentos são constituídos de avaliações privadas e sociais das

receitas, custos e lucros. A partir do apreçamento nesses dois níveis, são

identificadas as divergências entre as valorações social e privada. Essas

divergências decorrentes de falhas de mercado constituem o ponto central do

método, pois, a partir dessas informações é possível identificar o impacto de

determinada política pública.

Ademais, a MAP é um sistema de análise dos efeitos de ações de política

governamental na lucratividade privada do sistema e mede a eficiência econômica

no uso dos recursos.Tomando por base o comportamento da economia e as

prioridades estabelecidas para um nível setorial, as medidas de políticas podem ser

ajustadas a fim de se atingir a maior eficácia na sua aplicação. Sendo assim, “as

estimativas de parâmetro, a partir da análise quantitativa, fornecem condições para

criticar o alcance de objetivos previamente estabelecidos, modificar as restrições e

estabelecer medidas mais consistentes” (PIRES, 1996).

O ponto de partida para construção da MAP são os orçamentos dos sistemas

constituídos em um produto de duas identidades contábeis - uma que expressa a

lucratividade definida como a diferença entre receitas e custos e outra que mensura

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o efeito das divergências (políticas “distorcivas” e falhas de mercado), dado pela

diferença entre os valores privados e valores sociais (Tabela 4). Uma matriz de

receita, de custo e de lucro é construída para cada sistema de produção

selecionado, em que os custos são separados em insumos comercializáveis e

fatores domésticos. Os insumos comercializáveis referem-se àqueles que são

transacionados no mercado internacional enquanto os fatores domésticos são

negociados apenas internamente, ou seja, são denominados também de insumos

não comercializáveis. Exemplo desses insumos são fertilizantes, pesticidas,

sementes, rações, eletricidade, transporte e combustível (MONKE; PEARSON,

1989).

Tabela 4 – Matriz de Análise Política (MAP)

Receitas Custos Lucros

Itens Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Valores Privados A B C D1

Valores Sociais E F G H2

Efeitos de divergência e

eficiência política I3 J4 K5 L6

1Lucros privados: D = A - B - C 2Lucros sociais: H = E - F - G 3Transferências de produção: I = A - E 4Transferências associadas aos custos dos insumos comercializáveis: J = B - F 5Transferências associadas ao custo dos fatores domésticos: K = C - G 6Transferências líquidas L = D – H, ou L = I – J – K Fonte: Monke e Pearson, 1989.

4.1.1 Lucratividade privada

A lucratividade privada (D), obtida na primeira linha da Tabela 3, refere-se à

diferença entre as rendas observadas recebidas (A) e os custos (B + C) dos insumos

adquiridos pelos produtores. Essas variáveis podem ser mensuradas para cada

etapa da cadeia de produção . A lucratividade pode ser expressa da seguinte forma:

D=A – B – C (1)

sendo,

A=pd qd

Page 36: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

24

em que A é a receita privada, sendo pd o preço privado do produto e qd a quantidade

total privada de determinado produto:

qp d

i

n

1i

d

i∑=

=Β i = 1, 2, 3,...n

sendo B, o custo dos insumos comercializáveis externamente, que pd

i o preço

privado do insumo i e qd

i a quantidade privada do insumo i utilizado na produção do

bem sendo analisado:

j=1, 2, 3,...n

C é o custo dos insumos domésticos, em que Wd

j é o preço privado do insumo j e d

j1

a quantidade privada do insumo j utilizado.

Os preços privados de mercados incorporam os efeitos de medidas de política

e imperfeição de mercado. Após a sistematização das informações coletadas,

passa-se para a construção de orçamentos para cada segmento da cadeia

produtiva. Os componentes desses orçamentos são normalmente utilizados para

compor a MAP em moeda nacional, por unidade física do produto, embora a análise

possa também ser efetuada usando moeda estrangeira para expressar esses

valores.

Os cálculos da lucratividade privada (D) indicam a competitividade do sistema

de produção do período base escolhido na análise, para determinado nível

tecnológico, dados os valores dos produtos, os custos dos insumos e as políticas de

transferência (como exemplo, impostos e subsídios) prevalecentes. Nesse caso, o

termo competitividade representa resultados financeiros na presença de efeitos de

políticas e, ou, imperfeições de mercado. Os resultados financeiros positivos

(lucratividade), indicam que o sistema produtivo é competitivo, dadas as condições

existentes.

O custo do capital, definido como um retorno preestabelecido (de acordo com

o custo de oportunidade) pelos possuidores de capital para manter seus

1W C d

j

n

1j

d

j∑=

=

Page 37: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

25

investimentos no sistema de produção, está incluído nos custos domésticos (C).

Dessa forma, os lucros (D) positivos são considerados como lucros em excesso –

acima do retorno normal ou lucro econômico – para os operadores da atividade. Se

os lucros privados são negativos (D < 0), isso indica que os operadores estão

ganhando uma taxa abaixo do retorno normal e, desse modo, pode-se esperar que

saiam dessa atividade, a menos que transformem o modo de produzir para

aumentar os lucros até pelo menos o nível normal (D = 0). Deste modo, os lucros

privados positivos (D > 0) são um indício de que há retornos acima dos normais e

deveriam levar à expansão do sistema, a menos que a área explorada não possa

ser expandida ou que as produções concorrentes sejam mais lucrativas do ponto de

vista privado (ALVES, 2002).

4.1.2 Lucratividade social

A segunda linha da matriz de contabilidade, Tabela 4, apresenta os valores

sociais. Nessa linha, a lucratividade social é calculada para avaliar a eficiência ou

vantagem comparativa, do sistema de produção agrícola. O conceito de vantagem

comparativa indica a eficiência de alocação de recursos nacionais (KANNAPIRAN;

FLEMING, 1999).

Destarte, a eficiência é alcançada quando os recursos de uma economia são

utilizados em atividades que proporcionam os maiores níveis de produção e renda.

Desse modo, os lucros sociais (H) são uma medida de eficiência, desde que as

receitas (E) e os custos dos insumos (F + G) sejam avaliados em preços que

refletem o custo de oportunidade social. Assim, o lucro social é dado por:

GFEH −−= (2)

sendo:

q sspE =

em que: E é a receita total, o ps

i o preço social, qs a quantidade total do produto:

qp s

i

n

1i

s

i∑=

=F i = 1, 2, 3,...n

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26

Sendo F o custo dos insumos comercializáveis, ps

i o preço social do insumo i e q s

i a

quantidade do insumo i utilizado.

1W Gs

j

n

1j

s

j∑=

= j = 1, 2, 3,...n

em que G é o custo dos insumos domésticos, w s

j o preço social do insumo e l s

j a

quantidade do insumo já utilizado.

Para a produção (E) e insumos (F), que são comercializados no mercado

internacional, considera-se que as avaliações sociais apropriadas são dadas pelos

preços internacionais – preço de importação CIF para bens ou serviços que são

importados ou preços de exportação FOB para bens exportáveis. Considera-se que,

a esses preços internacionais, os consumidores e os produtores podem importar,

exportar, ou produzir bens e serviços domesticamente. O valor social da produção

doméstica adicional compreende as reservas estrangeiras que não são dispendidas

pela redução de importações, bem como o valor das reservas ganhas pela expansão

das exportações (para cada unidade de produção o preço de importação CIF ou

preço de exportação FOB).

Os serviços providos pelos fatores de produção doméstica – mão-de-obra,

capital, e terra – não têm preços internacionais, porque esses dificilmente é

comercializados entre países. A avaliação social de cada fator é feita pela estimativa

da receita líquida que cada fator obteria no seu melhor uso alternativo.

Como medida de eficiência ou vantagem comparativa, o lucro social quando

negativo, indica que o sistema não é considerado economicamente viável sem a

presença do governo via regulação do mercado. Tem-se, com isso, alocação

ineficiente dos recursos escassos em tal sistema, já que produz custos sociais

superiores aos custos de importação. A manutenção dessa forma de aplicação dos

recursos só é justificavél quando os objetivos não são restritos à eficiência

econômica, por exemplo, quando se busca a segurança alimentar ou se procede

uma melhoria da redistribuição de renda.

Page 39: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

27

4.1.3 Efeitos de divergências

A terceira identidade (terceira linha: I J K e L), na Tabela 4, refere-se às

diferenças entre os valores privados e sociais de receitas, custos e lucros. Para cada

entrada na matriz – mensurada verticalmente, uma eventual diferença entre o preço

privado observado (no mercado doméstico) e o preço social estimado (eficiência),

deve ser atribuído aos efeitos de políticas (na forma de taxações, subsídios,

restrições comerciais e distorções na taxa de câmbio) ou a existência de falhas de

mercados de produtos e de fatores. Essa relação é originada diretamente da

definição de preço social.

O modelo MAP pressupõe que na ausência de falhas de mercado – que

podem ser decorrentes de estruturas de mercado que impedem o mercado de alocar

eficientemente os produtos ou fatores, todas as divergências entre valores privados

e sociais de produtos e insumos são causados por distorções de políticas públicas.

Portanto, no modelo empírico, essas divergências são atribuídas aos efeitos de

políticas públicas.

Os preços sociais inadequados podem ser consequência de política

“distorciva”, ou seja, políticas que levam a um uso ineficiente dos recursos. Quando

aplicadas essas políticas, os responsáveis pelo seu uso estão dispostos a aceitar a

existência de ineficiências com o propósito de cumprir objetivos de não-eficiência,

por exemplo de redistribuição de renda ou de segurança alimentar. No entanto, é

preciso observar que não são todas as políticas que distorcem a alocação de

recursos. Algumas políticas são implementadas para promover eficiência, corrigindo

as falhas de mercado de produtos ou fatores para operar de forma mais eficiente.

Na Tabela 5, apresenta-se a desagregação dos efeitos de divergências e

eficiência política em três categorias: efeitos de falhas de mercado, efeitos de

políticas “distorcivas” e efeitos de políticas eficientes.

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28

Tabela 5 – Matriz de Análise Política (MAP) – forma expandida

Receitas Custos Lucros

Itens Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Valores Privados A B C D1

Valores Sociais E F G H2

Balanço dos efeitos de

divergência e eficiência

política

I3 J4 K5 L6

Efeitos de falhas de

mercado M N O P

Efeitos de polítcas

“distorcivas” Q R S T

Efeitos de polítcas

eficientes U V W X

1Lucros privados: D = A - B - C 2Lucros sociais: H = E - F - G 3Transferências de produção: I = A – E ou I = M + Q + U 4Transferências associadas ao custo dos insumos comercializáveis: J = B – F ou J = N + R + V 5Transferências associadas aos custos dos fatores: K = C – G ou K = O + S + W 6Transferências líquidas: L = D – H, ou L = I – J – K ou L = P + T + X Fonte: Monke e Pearson, 1989.

A mensuração das transferências associadas à produção (I) pode ser

representada pela seguinte expressão:

I UQMEA ++=−= (3)

e as transferências associadas aos custos de insumos comerciálizaveis (J) são

dados por

J VRNFB ++=−= (4)

Considera-se que essas transferências resultam de dois tipos de políticas que

causam divergências entre os preços domésticos dos produtos e os preços

internacionais, caracterizados como políticas específicas de produtos e políticas

cambial.

Page 41: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

29

As políticas que se aplicam a commodities específicas, incluem uma ampla

lista de taxas ou subsídios e política comercial. Por exemplo, as receitas do produtor

podem ser incrementadas por meio de subsídios (às vezes denominado de

compensação na agricultura), tarifas ou cotas de importação sobre pordutos (que

elevam os preços domésticos), ou forte apoio de preço doméstico pelo estoque

governamental (o qual requer uma restrição comercial para produtos

comercializáveis). Políticas de commodity específica sobre insumos também afetam

a lucratividade privada. Por exemplo, os custos do produtor por unidade podem ser

reduzidos a partir de políticas que subsidiem diretamente a aquisição de insumos ou

sua importação.

Geralmente, a contabilidade da MAP é feita em moeda doméstica, mas, os

preços mundias são cotados em moeda estrangeira. Nesse contexto, torna-se

necessário utilizar uma taxa de câmbio para converter os preços cotados em moeda

estrangeira em equivalentes domésticos.

Os custos sociais de fatores (G) refletem condições de oferta e demanda

subordinadas aos mercados de fatores domésticos. Os preços de fator são, desse

modo, influenciados pelas políticas macroeconômicas e de preço do produto em

vigor. A atuação do governo pode ainda criar divergências entre custos privados (C)

e custos sociais (G) por intermédio de política tributária ou de subsídios para um ou

mais fatores de produção (capital, trabalho, e terra).

Por fim, as falhas de mercado, devido a informações imperfeitas ou ao

desenvolvimento ineficiente das instituições que consistem em características do

funcionamento de mercados, podem também influenciar os preços dos produtos e

dos fatores. Considerando que existem imperfeições no mercado e políticas

“distorcivas”, tem-se que ambos, O e S, e possivelmente W, são componentes

positivos das transferências associados ao custo dos fatores domésticos (K). Essas

transferências são representadas pela seguinte expressão:

WSOGC ++=−=K (5)

Dessa forma, a transferência líquida (L) combina efeitos de políticas

“distorcivas” (I, J, e S, que são componentes de K) com aqueles de falhas de

mercado de fator (representado por O, componente de K) e políticas eficientes para

Page 42: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

30

compensá-los (representado por W, componente de K). A transferência pode ser

representada pela expressão:

XTPHD ++=−=L (6)

4.1.4 Transferência líquida

A transferência líquida decorrente de políticas inadequadas e falhas de

mercado (L na matriz) é dada pela soma de efeitos separados dos mercados de

produto e de fator, )(L KJI −−= a transferência líquida de política “distorciva” é a

soma de todas as políticas de fator, produto e taxa de câmbio (separados de

políticas de eficiência que compensam falhas de mercado).

Através de uma comparação de lucros privados e sociais, pode-se encontrar

a transferência líquida. Essas medidas de transferência líquida devem, por definição,

ser idênticas na matriz de contabilidade de dupla entrada, )()(L HDKJI −=−−= .

A desagregação da transferência líquida total indica que cada política “distorciva”

fornece transferências positivas ou negativas para o sistema. Assim, a MAP permite

a comparação dos efeitos de falhas de mercado e políticas “distorcivas” para o grupo

inteiro de políticas de produtos e de “macropreço” (preço de fatores e a taxa de

câmbio).

Quando as falhas de mercado não são importantes, a importância das

medidas de transferência torna-se destacada (principalmente os efeitos de “políticas

distorcivas”). O sistema eficiente ganha lucros excessivos (L>0) sem ajuda do

governo, e a política de subsídio aumenta o nível final do lucro privado.

Considerando que as políticas de subsídios permitem que sistemas ineficientes se

tornem economicamente viáveis, o consequente desperdício de recursos deve ser

justificado em termos de objetivos de não – eficiência (por exemplo, segurança

alimentar e políticas sociais de transferência de renda).

Page 43: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

31

4.1.5 Indicadores privados e sociais

A estruturação dos indicadores de lucratividade privada e social serve de

análise mais detalhada das variáveis, pois, permite identificar pontos estratégicos

para a estruturação e aplicabilidade de políticas públicas. Esses indicadores são:

• Razão do Custo Privado (RCP)

A razão de custos privados demonstra quanto o sistema pode produzir para

pagar seus custos com fatores domésticos e continuem competitivos, ou seja, que

obtenham um lucro normal. O cálculo é dado pela relação entre custos dos fatores

domésticos (C) e valor adicionado pelo uso dos insumos comercializáveis, a preços

privados (A – B), isto é:

RCP = C/(A-B) (7)

Os produtores buscam minimizar a relação dos custos privados a partir da

redução dos custos com fatores domésticos (C) e insumos comercializáveis (B), no

intuito de obter lucros extraordinários. Esta relação pode indicar, ainda, se os

retornos aos fatores domésticos estão sendo normal (RPC = 1), acima do retorno

normal (RPC < 1) ou abaixo do retorno normal (RCP > 1).

• Custos dos Recursos Domésticos

Esse indicador constitui-se em uma medida de vantagem comparativa que

indica o comportamento da lucratividade social, avaliado a preços sociais. Calculado

a partir da razão entre o valor social dos recursos domésticos e o valor adicionado.

Dessa forma, tem-se que:

CRD = G / (E – F) (8)

De acordo com Rosado et al. (2006), quanto menor o CRD, maior será o

benefício social.

Page 44: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

32

• Coeficiente de Proteção Nominal (CPN)

O coeficiente de proteção nominal (CPN) expressa a relação entre o preço

doméstico (A) de um bem e o preço social (E). É obtido da seguinte forma:

CPN = A/E (9)

Segundo Shapiro e Staal (1995), citados por Alves (2002), esse indicador

demonstra o grau de proteção para os sistemas produtivos, o nível de transferência

implícito no preço do produto e em estudos de políticas de preços, pode ser

empregado para avaliar as intervenções nos preços e os impactos sobre o bem

estar social. Assim, se os valores do CPN forem menores que a unidade, há

transferência de renda do produtor para a sociedade, e valores maiores que a

unidade, a transferência é da sociedade para os produtores. Westlake (1987),

porém, discute as limitações desse indicador, alertando para a necessidade de se

considerar os custos dos fatores de forma a contabilizar os coeficientes de proteção

efetiva.

• Coeficiente de Proteção Efetiva (CPE)

O coeficiente de proteção efetiva, expressa as transferências provenientes de

políticas sobre o produto e os insumos comercializáveis dos produtores para a

sociedade. É definido a partir da razão do valor adicionado a preços privados e o

valor adicionado a preços sociais. Assim:

CPE = (A – B)/(E – F) (10)

A interpretação dos resultados se dá da seguinte forma: valores maiores que

a unidade, significa que a medida de política beneficia os produtores, e para valores

menores que a unidade, o produtor pode está sendo penalizado, pois há benefício

na importação.

Page 45: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

33

• Coeficiente de Lucratividade (CL)

O coeficiente de lucratividade indica o efeito total dos incentivos das políticas

abrangendo, inclusive, o mercado de fatores, sendo portanto, uma ampliação do

CPE. Definido da seguinte forma:

CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H (11)

Se esse coeficiente for maior que 1, indica sistemas de produção que

possuem políticas protecionistas, por outro lado, se o valor for inferior a 1 significa

sistemas, do ponto de vista privado, efetivamente taxados. Entretanto, por não

incorporar efeitos de transferências de políticas no mercado de fatores, sua

interpretação limita-se a resultados positivos para a lucratividade social e privada.

• Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva

Esse indicador evidencia os efeitos de políticas sobre toda a cadeia produtiva,

podendo ser desagregado para separar os efeitos de políticas de produto, insumos e

fatores. Constitui-se em uma medida de transferência líquida de política como uma

proporção das receitas sociais totais, isto é:

RSC = L/E = (D – H)/E (12)

Sendo assim, mostra quanto da receita, em valores sociais, seria necessário

para manutenção da eficiência econômica, caso uma tarifa (subsídio ou imposto)

fosse subtituída por políticas macroeconômicas ou específicas para o produto.

Dado o exposto, a vantagem da análise empregando a MAP sobre a

tradicional análise custo-benefício resulta da possibilidade de identificar os impactos

de políticas sobre a produção e a tecnologia. A análise tradicional que considera as

características da oferta e da demanda, permite verificar apenas os efeitos totais de

políticas sobre o bem-estar de produtores, consumidores, e da economia como um

todo. A análise da MAP, entretanto, possibilita separar os efeitos de políticas de

natureza microeconômica (como, de falhas de mercado, por exemplo) e natureza

macroeconômica (assim como impostos e tarifas), dentre outras distorções,

Page 46: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

34

possibilitando a avaliação dos impactos desses fatores sobre as atividades aos

diferentes níveis da cadeia produtiva. As implicações de políticas para o

desenvolvimento de tecnologias, tornam-se evidentes no momento em que se

incorpora também a tecnologia na avaliação (MONKE; PEARSON,1989).

A principal limitação dessa metodologia é que os resultados são estáticos e

aplicáveis ao período utilizado no estudo, uma vez que a análise restringe-se a um

ano-base. A metodologia permite, no entanto, a realização de projeções de

mudanças nos seus principais parâmetros – como taxa de câmbio, preços

internacionais de produtos e insumos, salários, taxas de juros, tecnologia e outros, a

fim de simular a vantagem comparativa dinâmica à medida que os lucros mudam em

resposta a parâmetros, procedimento esse que não faz parte dos objetivos dessa

pesquisa (MONKE; PEARSON,1989).

Outro aspecto que pode ser considerado como limitação dessa metodologia,

relaciona-se ao uso dos preços mundiais para valoração social dos insumos e

produtos nas análises de efeitos de políticas e de vantagem comparativa ou

eficiência da cadeia produtiva. O preço social é utilizado na valoração de produtos e

insumos, refletindo os valores de escassez ou de custo de oportunidade social. Os

preços mundiais refletem a escolha do governo, ao formular políticas que

determinem se consumidores e produtores deverão realizar importações e

exportações ou produzir (consumir) os bens ou serviços da economia nacional.

Assim, questiona-se a escolha do preço mundial, em especial o que prevalece no

ano-base de estudo, como referência para a valoração social devido às flutuações

da produção global ou distorções de políticas de produção estrangeiras (como

exemplo os subsídios), além de possíveis falhas de mercado.

4.2 A curva ambiental de Kuznets

O modelo analítico para avaliar a qualidade ambiental seguiu uma abordagem

econométrica, a partir da utilização de séries temporais. Ao longo do período a ser

analisado, podem ocorrer eventos que modificam o comportamento da série, como

por exemplo a implementação de políticas públicas no setor, no caso deste estudo, a

implementação do PNPB para a diversificação da matriz energética brasileira e

redução de impactos sobre o meio ambiente, especificamente do CO2.

Page 47: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

35

Estudos recentes denotam a hipótese da relação entre crescimento e pressão

ambiental para a curva ambiental, sendo definida para um grupo de países. De

acordo com Andrade (2009)

a relação entre produção e poluição tem sido tradicionalmente proposta nas formas quadráticas e cúbica. Stagl (1999) cita alguns estudos que têm encontrado evidências de uma curva em forma de “N”, ao invés da forma em “U” invertido preconizada pela CKA.

A composição do modelo se dá por uma única equação:

Et = α + β1Yt + β2Yt2

+ β3Yt3 + µi + εt i =1 (13)

em que E, representa a emissão de CO2 em termos per capita; α é uma constante; Y

é a renda per capita; µi é uma variável dummy, e εt representa o erro estocástico; o

subscrito t representa o ano.

A variável dummy foi inserida no modelo no sentido de captar o efeito do

PNPB sobre a emissão de CO2 no período analisado: para o período anterior à

implementação a variável assume valor “0” e para o período sucessor ao PNPB

assume o valor “1”.

O modelo descrito pela equação 13 serve de subsídio no teste das várias

formas de relação entre renda e qualidade ambiental e a depender da significância

estatística dos coeficientes (β) a função de regressão assume formatos distintos.

Resumidamente:

1) β1>0 e β2 = β3 = 0, então a relação entre a emissão de CO2 e PIB será positiva

e linear, assim um aumento na renda aumenta a emissão de CO2;

2) β1<0 e β2 = β3 = 0, tem-se uma em que a relação entre as variáveis é negativa

e linear;

3) β1>0 e β2<0 e β3 = 0 então a relação apresenta o formato de “U” invertido;

4) β1>0 e β2<0 e β3 > 0 a curva apresenta o formato de “N” indica que a relação

passou pelos estágios positivo e negativo (CKA) e entra novamente em

estágio positivo.

Graficamente assume as seguintes formas:

Page 48: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

36

Figura 7: Diferentes possibilidades para relação renda – pressão ambiental.

Fonte:Lucena, 2005.

4.3 Área de estudo

O Baixo Sul da Bahia, Figura 8, é composto por 12 municípios: Cairu,

Camamu, Ibirapitanga, Igrapiúna, Ituberá, Maraú, Nilo Peçanha, Piraí do Norte,

Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença. Ocupa uma área de

6.451 Km2, e uma população de 282.575 pessoas, segundo senso IBGE (2007).

Y

E

Y

E

Y

E

Y* Y

E

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37

Figura 8 – Localização da Região do Baixo Sul no Estado da Bahia. Fonte: Adaptado de Fischer, 2007.

A região apresentou em 2007, segundo dados da Superintendência de

Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEI, um PIB de um milhão quatrocentos e

seis mil reais, sendo este composto pelo valor agregado dos setores agropecuário

(20%), industrial (30%) e de serviços (50%). Apesar de menor participação no PIB, o

setor agropecuário é de grande relevância para a região do Baixo Su,l sendo

responsável por considerável percentual de absorção da mão de obra (Figura 9).

Assim como outras, a região sofreu o impacto do modelo de desenvolvimento

concentrador, adotado pelo Estado, firmando suas bases produtivas na

agropecuária, sem investimentos em modernização da estrutura produtiva. Todavia,

em 2007 destacou-se na produção, dentre outros produtos, de dendê, sendo

responsável por cerca de 80% da produção baiana (IBGE, 2009). Atualmente, a

região possui três indústrias de produção do óleo de dendê: Óleo de Palma S/A -

OPALMA, Luzipalma Extração de Óleo Vegetal Ltda, Mutupiranga Industrial Ltda.

Apresentando, portanto, aspectos estruturais favoráveis à instalação de uma

unidade de produção de biodiesel de dendê.

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38

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Agropecuária Indústria Serviços

Figura 9 - Absorção de mão de obra (%) por setores econômicos, na região do Baixo Sul da Bahia no período de 1996-2009.

Fonte: Dados CAGED, 2010.

4.4 Fontes dos dados

A MAP é construída a partir da seleção dos sistemas de produção

representativos da cadeia produtiva do biodiesel, conforme enfoque do estudo. A

definição da cadeia produtiva analisada nesta pesquisa, seguiu os procedimentos

adotados por Almeida (2006) para a cadeia produtiva de biodiesel de mamona.

Nesta análise, a cadeia produtiva do biodiesel de dendê analisada é composta por

cinco elos: produção agrícola, transporte, unidade de produção do óleo, unidade

produção do biodiesel e transporte do biodiesel para unidades de mistura e

distribuição.

Inicialmente foram estruturados orçamentos para cada elo da cadeia

produtiva. A valoração privada constitui-se da obtenção e transformação dos dados

dos orçamentos em valores correspondentes ao do mercado doméstico. De posse

dos valores privados de receitas, custos e lucros, foram calculados os valores

sociais utilizando fatores de conversão a partir de informações da Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). O fator de conversão, portanto,

permite identificar os valores sociais a partir dos valores privados. A taxa de câmbio

Page 51: DE Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional ... busca incessante por maior nível de produção no setor industrial, visando atender às crescentes necessidades da sociedade

39

adotada é a nominal em que US$1.00 corresponde a R$1,81. Essa informação foi

obtida do site do Banco Central do Brasil, e o preço internacional de dendê foi obtido

do sítio da FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of the United Nations,

tomando-se como referência a Malásia,em função da sua relevância nesse mercado.

Como a cultura do dendê é caracterizada como permanente, o horizonte de

planejamento refere-se à média dos custos de produção para o nono ano, quando a

produção se estabiliza em vinte e duas toneladas por hectare.

Os transportes, tanto do primeiro, quanto do quarto elo, referem-se aos

deslocamentos do produto da unidade de produção à unidade de beneficimento, e

desta, até as unidades de produção de biodiesel e desta, até as distribuidoras.

Para o elo seguinte - beneficiamento do dendê – ,os custos foram estimados

a partir de informações obtidas junto a empresa produtora de óleo de dendê,

localizada na região estudada.

Os custos para a unidade de produção do biodiesel foram estruturados a

partir de trabalho de Encarnação (2008). Neste estudo, foram considerados os

custos do processo de transesterificação, por ser o mais utilizado na obtenção do

biodiesel, e deflacionados usando o IGP-DI de janeiro de 2010 (R$1,01)

disponibilizado na Fundação Getúlio Vargas - FGV.

Na análise ambiental foram utilizadas séries de dados de emissão de CO2

provenientes da queima de combustíveis fósseis líquidos per capita, obtida do

Carbon Dioxide Information Analysis Center CDIAC (2010), e o PIB per capita da

Bahia, obtido da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI

(2010). Assim, as informações ambientais referem-se ao agregado do estado, e

portanto, as análises configuram um panorama mais geral do estado. Isso foi feito

porque não existiam informações desagregadas para o estado da Bahia. Além disso,

entende-se que os benefícos ambientais decorrentes da produção e uso do biodiesel

não se restringem a um território de identidade, e são mais abrangentes.

As informações a respeito de emissão de CO2 são do período de 1992 a

2006, para os anos de 2007 a 2009 os valores foram estimados a partir da taxa

geométrica de crescimento. Para estimar a curva de Kuznets utilizou-se o software

Eviews.

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40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O mercado do biodiesel é muito recente e tem se expandido nos últimos três

anos. Esse crescimento pode ser observado tomando como referência o aumento da

sua produção no país e, ao longo do tempo, antecipação do percentual da mistura

ao diesel. Mesmo assim, a garantia da oferta desse biocombustível, depende

sobretudo, da disponibilidade de matéria-prima a preços que permita ofertar o

biodiesel que atenda às exigências da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis - ANP e que seja competitivo, haja vista que, segundo Sousa

(2006), a matéria-prima é responsável pelo maior percentual dos custos de produção

do biodiesel. No caso do dendê, o desenvolvimento desse agronegócio no Estado

da Bahia tem sido estimulado a partir da implementação de programas que

incentivam a instalação de empresas processadoras. Por outro lado, o governo ao

longo do tempo tem lançado diversos programas para expandir a dendeicultura

baiana. Em 1999 foi lançado o Programa de Desenvolvimento da Dendeicultura

Baiana, a partir do Protocolo do Dendê assinado pelo governo baiano, Comissão

Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Banco do Nordeste e as

empresas produtoras de óleo de dendê da região, pela Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agrícola (EBDA). O objetivo era financiar a renovação, ampliação,

custeio da área plantada e elevação do rendimento médio, bem como a integração

entre produtor e indústria, e apoiar a comercialização da produção de produtores

rurais, cooperativas e associações. A Ceplac foi a instituição responsável pela

produção de 2,4 milhões de sementes de dendê (SEAGRI, 2010).

Se a produção baiana de dendê se expandisse, por exemplo, para 15 mil

hectares e considerando que toda a produção destinasse para o biodiesel seriam

obtidos 60 mil m3, considerando uma produtividade de 4 m3/ha, conforme Silva

(2008).

Em 2003 foi implementado o programa para o desenvolvimento do

agronegócio baiano contemplando 23 programas, dos quais um voltado para o

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41

dendê, a fim de expandir a área cultivada, renovar os plantios e melhorar a

qualidade da matéria-prima para processo industrial.

Em abril de 2009, outro incentivo dado pelo governo foi a distribuição de 70

mil mudas de dendê da variedade tenera (uma espécie híbrida que produz cerca de

trinta toneladas por hectare com rendimento de 22% em óleo e vida média em torno

de 25 anos), a CEPLAC também doou 70 mil mudas (CHAME, 2010).

Além desses programas mais recentes, outros também foram implementados

ao longo do tempo. Mais recentemente foi lançado o Programa Bio-Sustentável com

o objetivo de inserir agricultores familiares na produção de oleaginosas destinadas a

produção do biodiesel cujas ações, influenciam toda a cadeia produtiva do

biodiesel.

Posto isso, vale ressaltar que a região abarca uma infra-estrutura que

comporta a instalação de unidades de produção de biodiesel que dinamiza a

economia local e é relevante para o desenvolvimento do estado, especialmente no

que diz respeito à diversificação da matriz energética em função da oferta de energia

renovável.

5.1 – Matriz de Análise Política (MAP) para o cultivo de dendê

Os lucros privados para o cultivo de dendê foram positivos, R$ 998,79

caracterizando a atividade como atrativa. Apesar do valor positivo observa-se que

esses lucros poderiam ser ainda maiores em função de aumentos na produtividade,

pois, a variedade cultivada no Baixo Sul da Bahia é do tipo dura, em que o

rendimento por hectare atinge de 4 a 6 T/ha/ano, enquanto a variedade tenera

chega a 30 T/ha/ano. Quando se compara a área plantada do estado da Bahia com

o do Pará verifica-se que apesar de ser maior, os índices de produtividade são muito

inferiores, o que tem levado o estado paraense a ocupar o posto de maior produtor

do país.

A maioria dos cultivos baianos é oriundo de pequenas propriedades com

pouco acesso a tecnologias mais modernas, sendo muitas vezes praticados como

cultivo de renda auxiliar. Todos esses fatores acabam influenciando a receitas e

custos, consequentemente a lucratividade dos sistemas de produção.

Analisando-se a lucratividade sob a ótica social, o valor obtido é de

R$ 1.091,42. Esse valor evidencia discrepância em relação ao valor privado, o que

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42

implica transferência de renda do produtor para a sociedade, ou seja o valor

internacional pago pela produção de dendê é maior que o nacional (Tabela 6). Sob

tais condições, verifica-se que enquanto as indústrias se beneficiam dessa condição,

o produtor acaba sendo penalizado pois é menos remunerado do que se resolvesse

exportar a sua produção. Mesmo assim, é importante salientar que muitas vezes há

uma relação forte entre as empresas beneficiadoras e o produtor, levando-o à

dependência. Ademais como existem poucas empresas operando na região e o

número de produtores é grande, isso acaba transferindo o poder de barganha para

os compradores dessa matéria-prima.

Tabela 6 – Matriz de Análise Política (MAP) para o cultivo de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010

Custos (R$/T) Itens Receitas

(R$/T) Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Lucros

(R$/T)

Valores Privados A

2.640,00

B

870,19

C

771,02

D

998,79

Valores Sociais E

2.640,00

F

1.056,40

G

492,18

H

1.091,42

Efeito de divergências

e eficiência política

I

0

J

-186,21

K

278,84

L

-92,63

Fonte: Dados da pesquisa.

Os valores obtidos para os indicadores privados e sociais para o cultivo de

dendê no Baixo Sul da Bahia (Tabela 7), demonstram que os produtores recebem

um lucro acima do normal (RCP = 0,43), caracterizando um mercado atrativo. Essa

atração é sustentada por aspectos como disponibilidade de terras aptas para o

cultivo, características edafoclimáticas favoráveis, programas de incentivo à

produção, que vêm propiciando a expansão da atividade na região.

Tomando-se para análise o CRD (0,31) verifica-se que tal valor indica que os

recursos estão sendo eficientemente alocados, o que significa que há economia à

medida que se economiza com as importações. Quanto ao CPN (1,00), observa-se

que não existe transferência de renda, mas, existem políticas beneficiando os

produtores (CPE = 1,11). A transferência líquida resultante da intervenção política no

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43

cultivo do dendê apresentou um valor menor que a unidade (CL = 0,91), o que

corresponde a uma transferência dos produtores para a sociedade (Tabela 7).

Novamente, salienta-se que nesse mercado os produtores são um pouco “reféns”

das indústrias instaladas na região, pois, para se vender o dendê é necessário

algum tipo de beneficiamento, e que a maioria dos produtores não possui

infraestrutura para realizar tal tarefa. Ademais, essa condição é ainda mais

complexa quando se analisa o indicador RSC que apresentou valor negativo (RSC =

-0,03), o que significa que o produtor ainda é taxado, necessitando assim, de

políticas que minimizem essa condição, pois a prevalência dessa situação no longo

prazo tenderá a desestimular a expansão e cuidados dispensados à lavoura.

Tabela 7 - Indicadores privados e sociais para para o cultivo de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010

Indicadores Privados e Sociais Valor

1 - Razão do Custo Privado – RCP = C/(A - B) 0,43

2 – Custo dos recursos domésticos – CRD = G/( E – F) 0,31

3 – Coeficiente de Proteção Nominal - CPN = A/E 1

4 - Coeficiente de Proteção Efetiva - CPE = (A – B)/(E – F) 1,11

5 - Coeficiente de Lucratividade - CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H 0,91

6 - Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva - RSC = L/E = (D – H)/E -0,03

Fonte: Dados da pesquisa.

Os valores obtidos neste estudo estão em consonância com os de Santos et

al. (2007), que apontam, sob determinadas aspectos analisados, a atratividade da

atividade e competitividade sob o ponto de vista da alocação dos recursos

domésticos, muito embora, sejam necessárias políticas de longo prazo para a

atividade, em função da característica da lavoura. Nota-se que apesar da atividade

apresentar lucros positivos, esses poderiam ser ainda maiores.

5.2 – Matriz de Análise Política (MAP) da unidade de produção agrícola à

unidade de beneficiamento e produção de biodiesel

Nesse elo cada cadeia considera-se apenas o transporte da produção de

dendê nas unidades agrícolas até as unidades de beneficiamento, agregando-se

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44

também a produção de biodiesel. A atividade de transporte dos cachos de dendê até

a unidade de beneficiamento é importante no que diz respeito à qualidade da

matéria-prima, isso porque quanto maior o tempo entre a colheita e o

beneficiamento, maior o teor de acidez do óleo, afetando assim o seu preço e

também as possibilidades de uso no mercado. Na região do Baixo Sul da Bahia, o

dendê tem nível de acidez relativamente alto, chegando a 2,5% a 5,5%. Esse teor de

acidez faz com que esse óleo não esteja em condições adequadas para uso na

produção de biodiesel, que deve ser de 1%.

Os resultados da MAP nesse elo da cadeia, apresentou lucros privados

positivos (R$ 30,97), sinalizando que os custos de transporte não se constitem em

entraves à competitividade do produto, além disso os lucros sociais também são

positivos (R$ 18,45), indicando alocação eficiente dos recursos. Diferentemente do

que se percebeu na MAP, associada apenas à produção de dendê, as medidas de

política até então consideradas permitiram a expansão desse setor (Tabela 8). Em

certa medida, pode-se considerar que houve eficiência na adoção de políticas

específicas à atividade, levando a investimentos nas etapas de beneficiamento da

matéria-prima até a produção de biodiesel.

Tabela 8 – Matriz de Análise Política (MAP) da unidade agrícola à unidade de beneficiamento e produção de biodiesel de dendê, no Baixo Sul da Bahia, 2010

Custos (R$/T) Itens Receitas

(R$/T) Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Lucros

(R$/T)

Valores Privados A

62,50

B

27,56

C

3,97

D

30,97

Valores Sociais E

49,38

F

28,43

G

2,50

H

18,45

Efeito de divergências

e eficiência política

I

13,12

J

-0,87

K

1,47

L

12,52

Fonte: Dados da pesquisa.

Os indicadores (Tabela 9), servem para identificar como as medidas de

políticas afetaram especificamente os agentes envolvidos nesse mercado. O valor

dos custos privados demonstram que a atividade é economicamente viável, de

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45

acordo com a tecnologia analisada (Tabela 2A), mesmo o indicador sendo menor

que a unidade (RCP = R$ 0,11). O indicador de custo dos recursos domésticos

indica vantagem comparativa em relação a outras atividades e eficiência na

alocação dos recursos. O coeficiente de proteção nominal (CPN = 1,26) indicou que

nessa atividade as políticas estão incrementando o preço de mercado em 26%.

Observou-se ainda, que existe transferência de renda da sociedade nas etapas de

intermediação do produto. O indicador de proteção efetiva sinalizou que os custos

de transporte são subsidiados (CPE = 1,66) e que os preços praticados estão acima

do preço de eficiência. Isso ocorre, porque muitas vezes as indústrias de

beneficiamento arcam com os custos de transporte, a fim de ter regularidade da

matéria-prima. Contudo, observando esse elo da cadeia produtiva, verifica-se que há

taxação, em função do RSC apresentar valor inferior à unidade. De maneira geral,

percebe-se que enquanto em algumas etapas desse elo há subsídio à produção,

eles não são suficientes para inibir o agregado de taxação pelo qual passa a

produção de biodiesel da etapa que se estende do transporte de dendê da unidade

agrícola, passando pelo beneficiamento (produção de óleo) até o produto final

(biodiesel).

Tabela 9 - Indicadores privados e sociais para o transporte da oleaginosa da propriedade agrícola à unidade de beneficiamento da oleaginosa e produção de biodiesel de dendê, no Baixo Sul da Bahia, 2010

Indicadores Privados e Sociais Valor

1 - Razão do Custo Privado – RCP = C/(A - B) 0,11

2 – Custo dos recursos domésticos – CRD = G/( E – F) 0,12

3 – Coeficiente de Proteção Nominal - CPN = A/E 1,26

4 - Coeficiente de Proteção Efetiva - CPE = (A – B)/(E – F) 1,66

5 - Coeficiente de Lucratividade - CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H 1,67

6 - Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva - RSC = L/E = (D – H)/E 0,25

Fonte: Dados da pesquisa.

5.3 – Matriz de Análise Política (MAP) para unidade de beneficiamento e

produção de biodiesel de dendê

De acordo com a Tabela 10 os valores da MAP para a unidade de

beneficiamento e produção de biodiesel de dendê, verifica-se que a lucratividade

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46

privada é positiva indicando competitividade, além de ser uma atividade atrativa sob

o ponto de vista de que os resultados financeiros mais que remuneram os custos, ou

seja, após cobrir todos os custos, a indústria obtém lucros além dos

economicamente denominados de normais.

A lucratividade social positiva representa eficiência na alocação dos recursos

empregados. Entretanto, existe nesse mercado transferência de renda do produtor

para a sociedade indicado pela diferença entre o valor privado e o social que resulta

dos efeitos de divergência das políticas para o setor. Esse sistema é influenciado

pelas medidas de polítita lançadas após o Programa Nacional de Produção e Uso do

Biodiesel (PNPB), o Programa Estadual de Bioenergia (BAHIABIO), além dos

programas voltados para o desenvolvimento da agroenergia que impacta direta e

indiretamente a cadeia produtiva do biodiesel. Os programas estaduais são guiados

e fundamentados nos objetivos do projeto maior (PNPB), que visa a inserção social

e desenvolvimento regional, buscando atingir esse objetivo através da integração da

agricultura familiar na cadeia produtiva, desonerando tributariamente a produção de

biodiesel a partir de oleaginosas provenientes da agricultura familiar. Portanto, a

diferença entre a lucratividade privada e lucratividade social é aceitável, dados os

objetivos de não-eficiência desses programas. Assim, a idéia é que a eficiência não

é uma meta a ser atingida sob o ponto de vista econômico, no entanto, considerando

os aspectos sociais e ambientais que envolvem a produção de biodiesel é factível a

não-eficiência, desde que se beneficie a sociedade com um todo.

Tabela 10 – Matriz de Análise Política (MAP) para unidade de beneficiamento e produção de biodiesel de dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010

Custos (R$/T) Itens Receitas

(R$/T) Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Lucros

(R$/T)

Valores Privados A

4.160,00

B

3.249,11

C

99,89

D

811,00

Valores Sociais E

4.529,00

F

3.223,53

G

12,80

H

1.292,67

Efeito de divergências

e eficiência política

I

-369,00

J

25,58

K

87,09

L

-481,67

Fonte: Dados da pesquisa.

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47

Os indicadores privados e sociais para produção de biodiesel a partir de

dendê, indicou que a atividade sob as condições analisadas é competitiva, sendo os

custos dos fatores domésticos menores que o valor adicionado em preços privados,

com isso, os lucros recebidos estão acima do normal e como forma de maximizar

seus lucros os produtores minimizam os custos dado que os fatores domésticos de

produção por meio do RCP é 0,10. No entanto, como o CRD é 0,01, pouco se

economiza na ausência de importações, apenas quando o volume é muito grande é

que se poderá ter impacto relevante sobre a economia. Os coeficientes de proteção

nominal e efetiva, apresentaram valores de R$ 0,92 e R$ 0,69 respectivamente,

evidenciando que o produtor de biodiesel está desprotegido, indica ainda que o valor

adicionado na produção é inferior economicamente, o que reflete que a

regulamentação do mercado pode não beneficiar o mercado. Mesmo assim, deve-se

salientar, que as medidas de política devem estimular a expansão do mercado, dada

a condição ainda incipiente da sua estrutura, pois é um mercado recente e que em

alguns elos da cadeia é importante a presença do governo no sentido de viabilizar a

produção e torná-la mais eficiente no longo prazo, considerando os pilares do

programa – econômico, social e ambiental - (Tabela 11).

Tabela 11 - Indicadores privados e sociais para produção de biodiesel de dendê no

Baixo sul da Bahia, 2010

Indicadores Privados e Sociais Valor

1 - Razão do Custo Privado – RCP = C/(A - B) 0,10

2 – Custo dos recursos domésticos – CRD = G/( E – F) 0,01

3 – Coeficiente de Proteção Nominal - CPN = A/E 0,92

4 - Coeficiente de Proteção Efetiva - CPE = (A – B)/(E – F) 0,69

5 - Coeficiente de Lucratividade - CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H 0,62

6 - Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva - RSC = L/E = (D – H)/E -0,10

Fonte: Dados da pesquisa.

Em estudo realizado por Almeida (2006), para a produção de biodiesel a partir

da mamona, verifica-se que a relação dos custos dos fatores domésticos

apresentaram mesmo comportamento quando comparados a esta pesquisa, porém,

em valores absolutos mais elevados (Tabelas 11 e 12), o que implica que os custos

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48

privados eram menores que os sociais. De acordo com Almeida (2006) os fatores

domésticos recebiam mais do que seu retorno normal sendo a atividade de potencial

crescimento. É interessante verificar a discrepância entre o indicador de vantagem

comparativa do trabalho citado deste estudo, que é menor. No caso da mamona, a o

valor encontrado é de R$0,23 (cenário III), e neste trabalho o valor é de R$0,01, o

que indica que há menor economia em divisas com a produção de dendê

compartivamente à mamona. O coeficiente de proteção efetiva para a cadeia

produtiva do biodiesel de mamona apresentou valor superior ao encontrado para o

biodiesel de dendê o que demonstra que o produtor que desenvolve a atividade

usando a mamona é mais subsidiado do que aquele que adota como matéria-prima

o dendê. Isso pode ter ocorrido em função dos maiores incentivos à cultura da

mamona assim que se implementou o PNPB, já que essa é uma oleaginosa cuja

maior produção concentra-se na região nordeste e semi-árido, região alvo do PNPB,

além das diferenças quanto ao ciclo de produção, pois, uma possui um ciclo

produtivo mais curto (mamona) e outra mais longo (dendê).

Tabela 12 – Indicadores privados e sociais da MAP nos cenários estudados da

cadeia produtiva do biodiesel no Estado da Bahia Cenários Indicadores Privados e Sociais

I II III IV 1. Razão do Custo Privado (RCP) [RCP = C / (A – B)]

0,38 0,75 0,27 0,66

2. Custos dos Recursos Domésticos (CRD) [CRD = G / (E – F)]

0,30 0,53 0,23 0,45

3. Coeficiente de Proteção Nominal (CPN) [CPN = A / E]

0,96 0,96 0,95 0,95

4. Coeficiente de Proteção Efetiva (CPE) [CPE = (A – B) / (E – F)]

1,03 0,92 1,04 0,85

5. Coeficiente de Lucratividade (CL) [CL = D / H]

0,92 0,49 0,99 0,53

6. Razão de Subsídios às Cadeias – (RSC) [RSC = L / E]

-0,02 -0,09 0,00 -0,09

Fonte: Almeida, 2006.

5.4 – Matriz de Análise Política (MAP) da unidade de beneficiamento e

produção de biodiesel de dendê à unidade de até a distribuidora

Observa-se, também, que nesse elo a lucratividade privada (R$58,23) é

superior à social (R$41,83) e que é possível se obter lucros econômicos acima do

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49

normal, e que os recursos são eficientemente alocados. As políticas que vigoram

para o setor, em certa medida, têm dado suporte à atividade, porém, sob o ponto de

vista dessa análise, poderiam até ser retiradas e a atividade continuaria a ser

lucrativa. Esse elo apresenta características semelhantes às das análises feitas nas

Tabelas 8 e 9. A diferença entre os elos está no produto transportado – um é a

matéria-prima bruta e o outro, o biodiesel. É interessante notar que existe

transferência de renda do produtor para a sociedade, decorrente de políticas do

setor. Vale ressaltar que a construção desses indicadores tomou como referência o

ano de 2010 de acordo com as tecnologias observadas para a região em estudo.

No entanto, há diferenças importantes na produção, por exemplo, da Bahia e do

Pará, que podem resultar em competitividade e vantagens comparativas diferentes

sob o ponto de vista privado e social. Ademais, os custos de transporte

representados nesta análise consideram determinadas distâncias entre localidades e

que dependendo da localização da unidade de produção de biodiesel e distribuição

poderão ser muito maiores que os expostos neste trabalho (Tabela 13 e 14).

Tabela 13 – Matriz de Análise Política (MAP) para o transporte de biodiesel da unidade de produção à distribuidora, Baixo Sul da Bahia, 2010

Custos (R$/T) Itens Receitas

(R$/T) Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

Lucros

(R$/T)

Valores Privados A

75,00

B

13,67

C

3,10

D

58,23

Valores Sociais E

59,25

F

15,28

G

2,14

H

41,83

Efeito de divergências

e eficiência política

I

15,75

J

-1,61

K

0,96

L

16,4

Fonte: Dados da pesquisa.

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50

Tabela 14 - Indicadores privados e sociais para o transporte do biodiesel da unidade de produção à distribuidora, Baixo sul da Bahia, 2010

Indicadores Privados e Sociais Valor

1 - Razão do Custo Privado – RCP = C/(A - B) 0,05

2 – Custo dos recursos domésticos – CRD = G/( E – F) 0,04

3 – Coeficiente de Proteção Nominal - CPN = A/E 1,26

4 - Coeficiente de Proteção Efetiva - CPE = (A – B)/(E – F) 1,39

5 - Coeficiente de Lucratividade - CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H 1,39

6 - Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva - RSC = L/E = (D – H)/E 0,27

Fonte: Dados da pesquisa.

5.5 - Matriz de Análise Política (MAP) para a cadeia produtiva do biodiesel de

dendê no Baixo Sul da Bahia, 2010

A lucratividade privada da cadeia produtiva do biodiesel é positiva, e atinge o

valor de R$3.408,91 (Tabela 15), significando retornos extraordinários. Lucros acima

do normal é o desejo dos produtores, levando a atividade à condição de atrativa e de

potencial de expansão. Tudo isso estimula a entrada de novos produtores no setor,

o que impulsiona e leva ao crescimento do mercado. O resultado revela ajuste entre

as análises e o que se observa no setor, haja vista que tanto em nível nacional,

como internacional, vem ocorrendo aumento na demanda por energia, diversificação

da matriz energética decorrente também de mudança no paradigma ambiental que é

o uso de recursos naturais renováveis no sentido de reduzir os níveis de poluição,

em especial as emissões de gases do efeito estufa.

Tabela 15 – Matriz de Análise Política (MAP) para a cadeia produtiva do biodiesel de dendê no Baixo sul da Bahia, 2010

Receitas Custos (R$/T) Lucros Itens

(R$/T) Insumos

Comercializáveis

Fatores

Domésticos

(R$/T)

Valores Privados 8195,98 4.051,54 735,53 3.408,91

Valores Sociais 9.299,07 4,522,82 454,03 4.183,14

Efeito de divergências

e eficiência política -1.103,10 -471,29 142,42 -774,23

Fonte: Dados da pesquisa.

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51

Assim, à medida que a concorrência se torne cada vez maior, o excedente de

lucros tenderá a desaparecer, levando a condições de lucratividade normal. Porém,

nas condições prevalescentes pode-se inferir que a cadeia produtiva de biodiesel é

competitiva a partir das análises dos indicadores da MAP. Como demonstração do

potencial de crescimento e atratividade do setor, dos benefícios oferecidos pelo

estado, pode-se citar a instalação de uma unidade de produção de biodiesel a partir

do dendê no município de Una, Sul da Bahia. Essa unidade abrange desde o cultivo

de dendê, produção de óleo até a sua transformação em biodiesel. O biodiesel é

produzido pelos processos de transesterificação e hidrosterificação. A partir da sua

obtenção, ele segue via tubulação para ser armazenado em tanques, para depois

ser transportado até as distribuidoras, em que se faz a mistura permitida por lei.

Apesar de a empresa produzir o dendê, de acordo com informação coletada junto à

direção da empresa, será necessário também adquirir a produção, e que deverá ser

feita junto a unidades familiares, a fim de conseguir beneficiar da isenção tributária e

também poder operar com maior capacidade de produção.

O indicador de lucrativiade social para o sistema analisado apresentou

resultado positivo, R$ 4.183,14, indicando eficiência na alocação dos recursos. Tal

condição é importante especialmente em situação de escassez desses recursos.

Essa lucratividade social expressa ainda, as reservas estrangeiras economizadas

com a não importação de produtos.

Quanto às divergências entre os valores privados e sociais que decorrem de

efeitos distorcivos das políticas públicas setoriais e, ou falha no mercado de

produtos ou de fatores, pode-se verificar que os valores foram negativos na ordem

de R$1.103,10 R$ 471,29 R$ 774,23, para as receitas, fatores domésticos e lucros,

respectivamente (Tabela 15). Para o primeiro valor, tal resultado representa

transferência de renda do produtor para a sociedade, ou seja, o preço pago pela

sociedade nessas condições seria maior, caso não houvesse a produção doméstica.

Esse resultado sustenta que as políticas são distorcivas, mesmo assim há

lucratividade, no entanto, poderia ser ainda maior. No caso dos insumos

comercializáveis pode estar associado ao preço da matéria-prima, fator que

representa maior valor percentual (46%) nos custos. Quanto à lucratividade o valor

obtido indica que políticas aplicadas ao setor, em certa medida, não beneficiaram o

mercado. Essas condições de produção são sustentáveis sob a ótica de objetivos

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52

mais abrangentes, e portanto, a não eficiência é plausível, especialmente em região

menos desenvolvidas ou que possuam mais limitações ao desenvolvimento.

No que se refere aos indicadores privados e sociais, os resultados obtidos

indicam que o sistema é competitivo e que os produtores recebem um lucro

extraordinário. Evidenciam ainda que a produção do sistema é suficientemente

maior que os custos incorridos à sua produção. É uma atividade que apresenta

vantagem comparativa para a região, consequentemente para o estado, pois mesmo

utilizando R$0,12 de recursos domésticos, consegue economizar R$1,00 em

importação. Com um CPN de R$ 0,88 demonstra que há no sistema transferência de

renda do produtor caracterizando a fragilidade de alguns elos da cadeia produtiva de

biodiesel. Há, com isso, políticas influenciando nos preços dos insumos e dos

produtos (CPE = 0,87). Tudo isso é ainda, corroborado pelo coeficiente de

lucratividade em que se percebe transferência de renda dos produtores para a

sociedade. No entanto, a análise de subsídio à cadeia produtiva indica desincentivo

à atividade, isso ocorre porque muitas vezes torna-se difícil vender biodiesel a

R$2,32/L (preço do 16º leilão de biodiesel) frente a um custo de produção de óleo de

dendê de R$ 2,15/L (Tabela 16).

Tabela 16 - Indicadores privados e sociais para a cadeia produtiva do biodiesel de

dendê no Baixo sul da Bahia, 2010

Indicadores Privados e Sociais Valor

1 - Razão do Custo Privado – RCP = C/(A - B) 0,18

2 – Custo dos recursos domésticos – CRD = G/( E – F) 0,12

3 – Coeficiente de Proteção Nominal - CPN = A/E 0,88

4 - Coeficiente de Proteção Efetiva - CPE = (A – B)/(E – F) 0,87

5 - Coeficiente de Lucratividade - CL = (A - B – C)/(E – F – G) = D/H 0,81

6 - Razão de Subsídios à Cadeia Produtiva - RSC = L/E = (D – H)/E -0,08

Fonte: Dados da pesquisa.

A seguir, é apresentada a síntese dos indicadores para melhor visibilidade da

da necessidade de intervenção política, principalmente nos elos do cultivo do dendê

e no beneficiamento e produção do biodiesel (Tabala 17).

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Tabela 17 – Síntese dos indicadores para a cadeia produtiva de dendê no Baixo Sul

da Bahia, 2010

Indicadores Cultivo 1º

Transporte

Beneficiamento/

Produção

Transporte

Cadeia

RCP 0,43 0,11 0,10 0,05 0,18

CRD 0,31 0,12 0,01 0,04 0,12

CPN 1,00 1,26 0,92 1,26 0,88

CPE 1,11 1,66 0,69 1,39 0,87

CL 0,91 1,67 0,62 1,39 0,81

RSC -0,03 0,25 -0,10 0,27 -0,08

Fonte: Dados da pesquisa.

5.6 Análise ambiental

Partindo do pressuposto de que a utilização do biodiesel contribuirá para

redução da emissão de gases poluentes, posto que no Brasil o modelo de transporte

mais utilizado no setor de cargas é o rodoviário, e que essa atividade está

relacionada ao desenvolvimento, verificou-se a partir da análise de emissão de CO2

o quanto a manutenção desse sistema, e, apenas alteração no tipo de combustível

implicaria em impactos sobre o ambiente.

De acordo com a estimativa da curva ambiental o formato é em forma “N”, ou

seja, a relação PIB e pressão ambiental apresenta um processo cíclico que se

alterna entre positivo e negativo, decorrente dos estágios de desenvolvimento. Isso

ocorre, porque ao se atingir um patamar de desenvolvimento, as questões

ambientais são incorporadas no cotidiano, no entanto, à medida que se deseja

atingir novos patamares de desenvolvimento novamente o ambiente é pressionado

nos seus mais variados aspectos. Salienta-se porém, que a curva ambiental é só um

estágio da relação. Os estimadores (Tabela 18) indicam que as mudanças na

economia provenientes do desenvolvimento, não foram tão importantes para o

aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera. O valor estimado para a

variável dummy (D1), presença e ausência de política setorial, indica que, mesmo

incipiente o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel contribuiu para a

qualidade ambiental do estado da Bahia.

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Tabela18 – Variáveis estimadas da curva de Kuznets para o estado da Bahia, 2010

Variável Coeficiente Desvio-Padrão Teste t

C 0.423240*** 0.025 16.8383

PIB 5.92E-15*** 1.75E - 15 3.3917

PIB2 -3.88E-29** 1.40E - 29 -2.7628

PIB3 1.25E-45** 4.53E - 46 2.7621

D1 -1.3709** 0.555681 -2.4672

D*PIB 4.38E-14** 1.77E-14 2.4811

R2 0.94

R2 ajustado 0.91

Estatística D. W 1.71

*** significativo a 1%

**significativo a 5%

Fonte: Dados da pesquisa.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da cadeia produtiva do biodiesel de dendê no baixo sul da Bahia,

demonstrou, de acordo com as condições analisadas, mostra-se competitiva,

economicamente eficiente, havendo, do produtor para a sociedade, transferência de

renda. Portanto, diante dessas condições pode-se inferir que há potencialidade e

atratividade para sua expansão local, o que pode ser percebido pelo aparato de

indústrias de processamento do óleo, pela presença de produtores há muito tempo

na atividade e pelas empresas de produção de biodiesel que hoje já são quatro.

Observa-se, entretanto, que as medidas de política ainda são inibidoras de

maiores investimentos na atividade, pois foram observados resultados negativos

para a produção e custo dos insumos comercializáveis. Nesse aspecto é

fundamental a intervenção em pontos estratégicos como a produção de dendê –

estimulando o plantio de novas áreas, renovação das áreas mais antigos, novos

manejos que propiciem um óleo de melhor qualidade, tudo isso irá reproduzir em

ganhos de produtividade e de eficiência. Em certa medida, algumas dessas

estratégias já vêm sendo observadas a partir de programas, direcionadas

especificamente à produção de dendê. Espera-se que tais iniciativias fortaleçam a

cadeia produtiva do biodiesel no estado, pois ela envolve diversos agentes

econômicos que poderão propiciar desenvolvimento regional e, de forma sustentável

a partir da geração de postos de trabalho, renda, economia de divisas, dentre outros;

fixação do homem no campo, e garantia do escoamento da produção de agricultores

familiares. Ademais o incentivo ao uso de fontes renováveis de energia permitem,

em determinadas condições, reduzir a emissão de gases provadores do efeito

estufa, além de contribuir para o não esgotamento da fonte fóssil de combustível, um

comportamento apregoado pela economia ecológica. Assim, se continuadas as

práticas atuais na agroenergia é de esperar aumento da oferta de óleo de dendê e

de biodiesel produzido a partir do seu uso.

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A curva ambiental revelou que após a implementação do PNPB, as emissões

de CO2 reduziram, dessa forma houve contribuição para a qualidade ambiental no

Estado. Contudo, o efeito é mínimo demontrando a necessidade de medidas

estratégicas que atuem em toda a a cadeia produtiva, principalmente, na produção

de máterias-primas, no caso da região estudada, o dendê, para possibilitar aumento

no percentual da mistura, atentando para que as medidas vislumbrem tanto os

aspectos econômico quanto o social e o ambiental.

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