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1 ¿DE LA MUJER-MUJERA LA MUJER-MADRE? LINARA BESSEGA SEGALIN Doutoranda em História Social Comparada: Relações Familiares, Políticas e de Gênero na Europa e América Latina Universidade de Murcia/Espanha. [email protected] A trajetória das conquistas dos direitos das mulheres durante o século XX e XXI não foi progressiva e linear, mas sim, um processo complexo, que se iniciou ainda no século XIX, e que foi, e ainda é, muito afetado pelas transformações políticas. Se observarmos brevemente a trajetória da Espanha, no período acima citado, conseguimos notar todas essas transformações e instabilidades nas relações familiares e de gênero. De acordo com CHACÓN e BESTARD, na Espanha, a família possui um significado muito forte, relacionado com a necessidade, com os benefícios e com a utilidade da instituição familiar, que provém de uma densa tradição secular, de fortes relações de dependência no contexto da herança e do acesso aos meios de produção nas transições geracionais. (2011, p. 11). Analisar a história das famílias espanholas é uma tarefa complicada, uma vez que, muitas transformações sociais, políticas e ideológicas foram acontecendo, transformando e influenciando diferentes modelos de família. Porém, é possível afirmar que o modelo de família conjugal burguesa foi o mais difundido na sociedade e pelos poderes políticos. Tanto o Estado Liberal como a Igreja enxergaram a família como um elemento chave para difundir seus ideais. O cinema, a televisão e a imprensa vão ocupar um espaço significativo na difusão de um modelo de família burguesa conjugal durante todo o século XX. Os papéis de gênero de filha casta, esposa e mãe vão ser protagonistas do cenário familiar durante quase todo o século XX na Espanha. (ROIGÉ, 2011, p. 667, 668). O modelo de família burguesa liberal supunha, de acordo com ROIGÉ, uma irrupción de puritanismo en la sexualidad y una estricta separación entre los roles del marido y mujer. (2011, p. 667). Este modelo, comum em toda a Europa, se baseava em três princípios: um discurso excessivo sobre as mulheres que apresentava um ideal de feminilidade, que situava as mulheres entre a beleza, o sentimento e a atenção com a

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¿DE LA “MUJER-MUJER” A LA “MUJER-MADRE”?

LINARA BESSEGA SEGALIN

Doutoranda em História Social Comparada:

Relações Familiares, Políticas e de Gênero na Europa e América Latina –

Universidade de Murcia/Espanha.

[email protected]

A trajetória das conquistas dos direitos das mulheres durante o século XX e XXI

não foi progressiva e linear, mas sim, um processo complexo, que se iniciou ainda no

século XIX, e que foi, e ainda é, muito afetado pelas transformações políticas. Se

observarmos brevemente a trajetória da Espanha, no período acima citado, conseguimos

notar todas essas transformações e instabilidades nas relações familiares e de gênero.

De acordo com CHACÓN e BESTARD, na Espanha, a família possui um

significado muito forte, relacionado com a necessidade, com os benefícios e com a

utilidade da instituição familiar, que provém de uma densa tradição secular, de fortes

relações de dependência no contexto da herança e do acesso aos meios de produção nas

transições geracionais. (2011, p. 11). Analisar a história das famílias espanholas é uma

tarefa complicada, uma vez que, muitas transformações sociais, políticas e ideológicas

foram acontecendo, transformando e influenciando diferentes modelos de família.

Porém, é possível afirmar que o modelo de família conjugal burguesa foi o mais

difundido na sociedade e pelos poderes políticos. Tanto o Estado Liberal como a Igreja

enxergaram a família como um elemento chave para difundir seus ideais. O cinema, a

televisão e a imprensa vão ocupar um espaço significativo na difusão de um modelo de

família burguesa conjugal durante todo o século XX. Os papéis de gênero de filha casta,

esposa e mãe vão ser protagonistas do cenário familiar durante quase todo o século XX

na Espanha. (ROIGÉ, 2011, p. 667, 668).

O modelo de família burguesa liberal supunha, de acordo com ROIGÉ, uma

“irrupción de puritanismo en la sexualidad y una estricta separación entre los roles del

marido y mujer”. (2011, p. 667). Este modelo, comum em toda a Europa, se baseava em

três princípios: um discurso excessivo sobre as mulheres que apresentava um ideal de

feminilidade, que situava as mulheres entre a beleza, o sentimento e a atenção com a

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casa, marido e filhos/as. Em segundo lugar, destacava o papel do matrimônio e do amor

e, em terceiro lugar, acentuava a privacidade no âmbito privado do lar. A aparição e a

difusão desse novo modelo se adequariam às novas necessidades produtivas, que

separaria a produção, a reprodução e a residência, e elaboraria um novo conceito de

privacidade. Nesse sentido, as mulheres foram recluídas no âmbito doméstico e

“condenadas” a cuidar da beleza, do sentimento, da família, da felicidade conjugal, dos

filhos e filhas. Esse modelo familiar foi, sem dúvida, um importante instrumento de

controle social em toda a Europa, sobretudo na Espanha, onde o “Estado Liberal

emprendió una auténtica cruzada para moralizar las relaciones familiares”. (ROIGÉ,

2011, p. 671). O Código Civil de 1889, inspirado no modelo de família burguesa, teve

muito influência nos papéis de gênero ao longo do século XX. Ele sublinhava o domínio

masculino sobre as famílias, mulheres e filhos/as, e destacava o papel na vida pública.

No final do século XIX e em princípios do século XX, entra em cena o discurso

médico-higienista. De acordo com ROIGÉ, o discurso científico teve uma extraordinária

influência na construção cultural de gênero e na criação da identidade familiar. De

acordo com o pensamento médico-higienista, as mulheres figuravam como amas de

casa, anjos do lar. Deveriam manter a casa limpa, com uma alimentação variada,

proporcionado assim o bem-estar e a felicidade conjugal e familiar. (ROIGÉ, 2011, p.

676-679).

A Segunda República Espanhola (1931-1939) colocou em marcha muitas

conquistas jurídico-sociais, para as famílias e para as mulheres, como, por exemplo, a

igualdade jurídica entre homens e mulheres, o direito de ter uma profissão, o direito ao

divórcio, a supressão do delito do adultério, impedindo que os pais e os maridos

pudessem matar as mulheres que tivessem cometido adultério, a não distinção entre

filhos e filhas legítimos e ilegítimos em 1932, o direito ao voto feminino e ao aborto em

1936. (MORAGA GARCÍA, 2008, p. 229-230). Ela marcou o início da atuação política

das mulheres, o início de uma trajetória como “cidadãs civis”, e a proliferação de

associações femininas. Colocou em marcha um regime democrático que, ainda que com

limitações para as mulheres, proporcionou o início de algumas mudanças nas relações

de gênero. (GÓMEZ-FERRER 2006, p. 19).

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Se a Guerra Civil (1936-1939) teve um grande impacto na mobilização das

mulheres, abriram-se novos espaços onde as mulheres buscavam conquistar seu

protagonismo, a resistência tradicional impediu as mulheres de alcançar muitos

objetivos, mas, mesmo assim, elas conseguiram alguns êxitos no ambiente de trabalho,

educativo e associativo. Porém, no regime ditatorial franquista (1939-1976), houve um

retrocesso em todas as conquistas realizadas desde o século XIX. Voltava-se a valorizar

tudo o que havia de mais tradicional nas relações familiares e de gênero. As mulheres

deveriam servir unicamente, segundo o regime, como um “perfeito complemento ao

homem”. O peso da vitória de Franco caiu, sobretudo, sobre as famílias e, dentro delas,

sobre as mulheres, consideradas suas guardiãs. A mentalidade masculina, o retorno à

tradição e a recusa à modernidade predominaram. A tentativa era de colocar novamente

as mulheres, no âmbito privado do lar e da família. No seio da família, as mulheres

ocupavam um papel fundamental para o regime: manter suas ideologias e transmiti-las

aos filhos e filhas. (GÓMEZ-FERRER 2006, p. 19). De acordo com ROIGÉ, a Secção

Feminina, organizada por Pilar Primo Rivera, tinha como objetivo criar discursos e

ferramentas que orientassem as relações de gênero, as relações sexuais, as condutas das

mulheres nas famílias, nas escolas. A ideologia da Secção Feminina se baseava na

submissão das mulheres frente à família, marido e filhos/as. (2011, p. 731).

Em relação à situação jurídica das mulheres e das famílias, são destacados

diversos retrocessos em relação aos avanços conquistados durante a Segunda República.

O regime ditatorial franquista colocou novamente em marcha o Código Civil de 1889, o

que tinha, como já mencionado, uma postura claramente discriminatória em relação às

mulheres. Aboliu-se o matrimônio civil e a lei do divórcio e se voltou a diferenciar os

filhos/as legítimos dos ilegítimos. As mulheres não poderiam mais exercer certos

poderes sobre os filhos/as. Passaram também a precisar pedir permissão para os maridos

para, por exemplo, abrir uma conta no banco, fazer um passaporte, reclamar uma

herança, exercer atividades comerciais. Penalizaram-se o aborto, os anticoncepcionais e

o adultério feminino. As penas para quem assassinassem mulheres alegando se tratar de

honra, foram reduzidas. (MORAGA-GARCÍA, 2008, 235-244).

No Almanaque de la Madre de Familia encontramos uma grande variedade de

discursos que buscavam educar as leitoras dentro dos padrões de gênero esperados para

elas. O Almanaque de la Madre de Familia era o suplemento anual da Revista “El

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Hogar y la Moda”, editada por HYMSA, em Barcelona, Espanha. Em relação aos anos

de início e de término da publicação, existe certa imprecisão, porém, o primeiro

exemplar que encontramos era de 1917 e o último de 1973. O Almanaque de la Madre

de Familia era uma verdadeira enciclopédia de comportamentos e atitudes, conselhos

amorosos, afetivos e morais, sobre tudo o que se esperava das mulheres espanholas nos

diferentes momentos de sua trajetória. Pensado para todas, era um manual de como

viver corretamente cada etapa de suas vidas. Na pesquisa que realizamos para o trabalho

final do Mestrado em História Comparada, da Universidade de Murcia, Espanha,

analisamos em detalhes o Almanaque. Aqui, destacamos brevemente alguns de seus

conteúdos, principalmente ligados à maternidade.

O almanaque dedica uma grande quantidade de páginas para tratar da

maternidade. A edição de 1949 destacava: “Considerado uno de los roles de género

más importante atribuidos culturalmente a las mujeres, “ser madre” era el destino de

casi todas ellas y significaba tornarse mujer por completo. La maternidad no es

consecuencia, sino razón esencialísima del matrimonio. Más que los compromisos

sociales, más que el amor que inspiró la unión, son las hijas/os la cadena, el lazo que

hace indisoluble el matrimonio”. (ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA,

1949, p. 74). Assim, todas aquelas que não chegassem a cumprir esse destino, exceto as

que seguissem caminho religioso, eram vistas pela sociedade como incapazes que

cumprir seu destino, vítimas de preconceitos, de discursos pejorativos e condenadas a

viver na solidão.

Nada más cerca de la “soledad de dos en compañía” que un matrimonio sin

hijos, Triste y árida la vida de la mujer que no sabe de los goces o las

angustias de la maternidad. De “tiesto sin flores” alguien ha clasificado el

hogar sin hijos. Amarga soledad, y en este caso más amarga para la mujer

que para el hombre. El hombre, en el torbellino de los negocios, con la labor

de la vida cotidiana, en el trajín para ganar el pan nuestro de cada día, puede

llegar a olvidar que ningún fruto ha dado el árbol de su amor. Pero la mujer,

en el hogar vacío, en la ociosidad impuesta por la falta de hijos, ve transcurrir

monótona y seca su vida de casada. (ALMANAQUE DE LA MADRE DE

FAMILIA, 1947, p. 29-31).

São frequentes no almanaque, conselhos de como proteger os filhos e filhas

antes do nascimento. Geralmente são conselhos assinados por médicos e que dizem

respeito aos cuidados que a gestante devia ter com o corpo, com a alimentação, com os

esforços físicos. Se antes da gravidez as mulheres já não eram vistas como mulheres,

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durante e depois da gestação, realmente se esquecia de eram mulheres, tudo estava

pensando em função dos filhos/filhas e esposo. Além das tarefas práticas, as mães

deveriam seguir uma série de condutas sociais relacionadas à maternidade. A edição de

1923 traz um “Décalago de Madre”, com dez fundamentos morais destinados às

mulheres-mães. O primeiro mandamento deixava claro: ser mulher e amar-se como tal

não era o mais importante, mas sim amar o lar, o esposo e os/ as filhos/as. Assim, ser

mãe e esposa eram características que vinham antes de ser mulher. São inúmeros os

conselhos que ensinam como conquistar um noivo, como mantê-lo, como se portar no

noivado e no casamento, como lidar com a chegada dos filhos e filhas sem descuidar do

marido, da beleza e da casa.

É importante destacar as palavras de ROIGÉ, quando menciona que as famílias

não são somente resultado de regulações jurídicas, de discursos políticos ou de

doutrinas religiosas, mas sim, que as famílias possuem seus próprios códigos, culturas e

estratégias de resistência. De fato, os matrimônios, muitas vezes, continuavam se

baseando no interesse e as condutas sociais nem sempre coincidiam com os ideais

proclamados. (2011, p, 668). Os contínuos discursos sobre o adequado comportamento

das mulheres e da família, como podemos encontrar nas páginas do Almanaque de la

Madre de Familia, são um sinal de algo não estava sendo seguido de acordo com o que

se esperava.

A partir da década de 1950-60 começam a se produzir na Espanha algumas

mudanças na situação das mulheres dentro das famílias e na sociedade, acompanhando

as mudanças que estavam acontecendo na ordem internacional. Na década de 1970 a

Espanha já experimentava as novas experiências nas relações de gênero, proporcionadas

pelas lutas e questionamentos das feministas da segunda onda, da Europa e dos Estados

Unidos.

Estudos demonstram que, neste período, a Secção Feminina, instituição

espanhola responsável por aprisionar as mulheres na esfera doméstica durante o regime

franquista, começa a perder força em suas doutrinas e, para continuar sendo uma

instituição controladora das mulheres, necessitava se adequar aos novos tempos e a

produzir algumas mudanças em seus fundamentos e estruturas tradicionais. As

comemorações do Ano Internacional da Mulher (1975) permaneceram, na Espanha, a

cargo da Seção Feminina. Antes dessa celebração, em 1970, a Seção Feminina

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organizou um Congresso Internacional com a intenção de discutir o novo papel das

mulheres na sociedade. Nesse congresso, ainda que com certos limites impostos em

algumas discussões, já se assinalavam as mudanças que estavam acontecendo e que

estavam por acontecer. (DÍAS SILVA, 2009, p. 321). Essas transformações e conflitos

entre modernidade e tradição também ficaram registradas no Almanaque de la Madre de

Família.

A edição de 1955 questionava quanto valeria o trabalho feminino se fosse

remunerado. Das quinze milhões de espanholas, apenas quatro milhões eram

trabalhadoras ativas, o restante era dona de casa. Segundo o almanaque, o trabalho

feminino realizado no âmbito privado não era de nenhuma forma valorizado pelos

homens, que enxergavam suas atividades laborais como as únicas importantes e dignas

de reconhecimento. Portanto, ao chegarem em casa, reclamavam do cansaço, e

observavam criteriosamente se a casa estava limpa, arrumada e se a esposa, igualmente,

estava linda, arrumada e feliz. Não cogitavam se elas também estariam esgotadas com

suas tarefas diárias. O texto também advertia que em muitos países começavam a adotar

os matrimônios cinquenta por cento, onde maridos e esposas dividiam suas tarefas

domésticas. Era preciso conscientizar os homens dos preconceitos relacionados ai

trabalho feminino, reconhecê-lo e dividi-lo com as mulheres, uma vez que salientava

que, se os homens tivessem que pagar pelo trabalho feminino o valor seria bem elevado.

(ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA, p. 132).

Cinco anos mais tarde, em 1960, o almanaque elabora testes para ajudar suas

leitoras a escolher uma profissão. Os testes eram para as profissões de aeromoça,

enfermeira, professora, assistente social, entre outras. (ALMANAQUE DE LA MADRE

DE FAMILIA, pp. 61, 65, 133, 145). Já a edição de 1967 se questionava se era melhor

que a mulher trabalhasse ou permanece em casa e concluía que se não fosse estritamente

necessário era melhor que as mulheres permanecessem em casa, uma vez que o trabalho

fora de casa poderia, a princípio, ser uma diversão, uma novidade, mas logo as coisas

mudariam, pois seria fatigante acordar cedo todos os dias e ver que não se tinha mais

tanto tempo para pensar na casa, nos filhos, nos maridos. Nessa edição, vemos que o

almanaque volta um pouco atrás e tenta frear um pouco desse avanço feminino.

(ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA, p.7) A edição de 1969, por sua vez

apresenta às mulheres cursos profissionais por correspondência, incentivando-as a

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buscarem esse tipo de cursos que poderiam mudar suas vidas. O texto descrevia bem as

transformações que estavam acontecendo com a tomada de consciência das mulheres de

seu papel social.

Afortunadamente la mujer española está tomando consciencia del papel que

le corresponde dentro de la sociedad. Poco a poco va despertando del letargo

en que se encontraba sumida, debido a la incomprensión de una sociedad

regida exclusivamente por manos masculinas, que ignoraba o fingía ignorar,

las excelentes posibilidades que, por naturaleza, concurren en la mujer.

El siglo XX pasará a la historia, entre otras cosas, por el formidable examen

de conciencia de la sociedad, dispuesta a abolir los prejuicios que, en todos

los órdenes de la vida, nos legaron, de generación en generación, nuestros

antepasados. El siglo actual transcurre bajo el signo de la destrucción del

“tabú”. (…) En este punto la sociedad actual, tras el profundo examen de

conciencia, está pasando al dolor del corazón y se da golpes de pecho,

lamentando inmenso y secular desperdicio de tantas y tantas cualidades

femeninas, enterradas en vida en las cuatro paredes del hogar.

(ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA, 1969, p. 136).

Seguia afirmando que, para a adaptação das mulheres na nova sociedade

acontecer era necessário que elas realizassem esforços, e nesse caso, que se

especializassem em algo, uma vez que as portas do mercado de trabalho já estavam

abertas, só faltava que elas adquirissem o ticket para entrar.

Após obter uma

qualificação profissional, para que elas conquistassem seu espaço, era necessária a

elaboração de um currículo profissional, como aparece nas instruções do almanaque

para o ano de 1973. (ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA, p. 131).

Um balanço sobre as questões sobre as conquistas das mulheres foi

apresentado no almanaque na edição de 1972. Simone de Beavoir é citada no artigo para

evidenciar que o mito da feminilidade estava começando a desmoronar, mas que ainda

as mulheres teriam que fazer muito esforço para viver como “seres humanos”, pois, a

educação que receberam, para uma vida matrimonial, no lar, cuidando dos filhos, filhas

e maridos, as subordinaram por muito tempo aos homens, e mudar essa situação não

seria uma tarefa fácil para elas. O artigo apresentava dados da UNESCO, que

apontavam que a principal causa da desigualdade entre homens e mulheres ainda era a

desigualdade nas relações de trabalho, pois as mulheres haviam começado a trabalhar

fora de casa, porém ainda necessitavam realizar os trabalhos do lar, o que as

sobrecarregavam muito. Questionava ainda se adotar a postura de países do norte da

Europa, como Dinamarca e Noruega, que repartiam pela metade as tarefas domésticas,

seria a solução do problema. O artigo não mencionava, porém se os homens espanhóis

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estavam dispostos a colocar o avental e a dividir as tarefas domésticas. Outro ponto

importante do texto é a menção de que as mulheres espanholas começavam a ser

contempladas com leis que as beneficiavam, mas que ainda, na prática, as leis estavam

distante do contexto de muitas delas. Questionava quanto sabiam as mulheres

espanholas sobre seus direitos, ou compreendiam as transformações que estavam

acontecendo na Espanha e no mundo. (ALMANAQUE DE LA MADRE DE FAMILIA,

p.111).

Essas transformações, que ficaram registradas nas páginas do Almanaque de la

Madre de Familia, seriam o começo de novos tempos paras as mulheres espanholas,

tempos em que, gradativamente, após o término do regime franquista, as mulheres

foram conquistando seus direitos na sociedade. Desde a década de 1950 se amplia a

capacidade jurídica e de trabalho das mulheres; na década de 1970 se iguala a

maioridade de homens e mulheres. Após a morte de Franco, os avanços são mais

significativos, sobretudo na condição das mulheres dentro das famílias, na sociedade e

no mundo do trabalho. Em 1976 se regularam as relações de trabalho; em 1978 se

despenalizava o adultério e o uso dos anticoncepcionais. Em 1981 se aprova a lei do

divórcio; em 1985 a lei do aborto é aprovada com algumas limitações; em 2004 entra

em vigor a lei contra a violência de gênero; em 2005, entra em vigor a lei que permite a

união de casais do mesmo sexo; em 2007 a lei aprova a igualdade efetiva entre homens

e mulheres; em 2010 a lei do aborto é revista e aprovada com possibilidades ampliadas.

(MORAGA GARCÍA, 2208, p. 248-251).

O movimento de mulheres difundiu uma série de novos ideais que construíram

novas identidades. As mulheres espanholas tornaram-se conscientes de seus direitos e a

lutar por eles. Até 2011 parecia que o caminho das conquistas femininas, anunciadas no

final do século XX, continuaria a prosperar. Parecia que a realidade encontrada no

Almanaque de la Madre de Familia, que descrevemos brevemente no início desse texto,

teria ficado para trás, como anedotas, curiosidades para ler. Mas, como já mencionamos,

os papéis de gênero valorizados na sociedade são muito influenciados pela concepção

política. Em 2011, o governo de Mariano Rajoy (PP), assume na Espanha, trazendo

novos ventos (de retrocesso) às conquistas das mulheres. Mesmo durante as eleições

havia temores circulando na imprensa de que esse retrocesso poderia acontecer. Desde o

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início do governo de Rajoy foi comum encontrar na imprensa artigos que denunciavam

a preocupação com a situação das mulheres durante o governo do Partido Popular.

Em 2012, quando terminávamos de escrever o trabalho final do Mestrado em

História Social Comparada, foi publicado, no dia 28 de julho, na versão online do jornal

El País, uma reportagem com um título bastante preocupante, e que originou o título do

presente artigo: “De la mujer-mujer a la mujer madre”. Os questionamentos do artigo

estavam relacionados às novas propostas do governo para as mulheres espanholas. A

crise econômica que o país vem enfrentando de 2008 estava sendo a desculpa utilizada

para realização de cortes nas políticas públicas sociais o que vinha causando grande

descontentamento da população espanhola, que saiu diversas vezes às ruas,

manifestando o repúdio pelas medidas adotadas pelo governo, que estavam ameaçando

direitos conquistados historicamente através de muita luta e resistência.

Nessa situação de instabilidade em relação aos direitos, o governo do PP

começava a discutir uma reforma na lei de aborto, que havia sido aprovada em 2010

pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero e que permite o aborto até a 14° semana

de gestação, e até a 22° semana, desde que a gestação possa comprometer a vida e a

saúde da gestante. A lei permite ainda que, adolescentes de 16 a 18 anos possam

interromper a gestação sem a autorização prévia dos pais. A possibilidade de mudanças

na lei causou a inquietação da população que passou a temer os possíveis danos que

poderiam ocorrer na sequência do governo do PP, em relação aos direitos das mulheres.

O título do artigo sugere exatamente esse movimento inverso. Se antes as

mulheres lutaram, durante todo o século XX, para diminuir esse estereotipo, de apenas

serem vistas como mães de família, esposas, donas de casa, de precisar atentar para uma

série de normas para contentar os homens que as cercavam, agora, em pleno século

XXI, quando elas já haviam conquistado muitas vitórias e continuavam a persistir para

que a igualdade de gênero se tornasse uma realidade efetiva, eis que, essa matéria

parecia anunciar tempos de retrocesso, tempos de não ser mais vista apenas como

mulher, e voltar a ser vista pela sua capacidade de gerar filhos. O artigo mencionava que

alguns teóricos e políticos, pensavam que, a reforma na lei de aborto poderia significar

um freio, uma marcha ao passado, outros apostavam na volta da Seção Feminina.

(NOGUEIRA, 2012).

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Mas as manchetes anunciando esse retrocesso na vida das mulheres não

paravam por aí. Analisando as reportagens da edição online do jornal El país, coletamos

inúmeras matérias sobre o tema, uma vez que passou a ser uma das pautas mais

abordadas desde então. Essas reportagens ainda serão analisadas com cuidado, mas para

que possamos perceber como transmitiam essa instabilidade e insegurança em relação

aos direitos das mulheres na sociedade espanhola atual, mencionaremos algumas

manchetes de título.

Ainda em outubro de 2011 a imprensa espanhola começava a noticiar as

intenções do PP em regulamentar uma nova Lei do Aborto. É o que podemos encontrar

na reportagem do dia 21 de outubro “Una nueva regulación del aborto, ¿entre los plazos y

los supuestos?” ( SA .. HUQUILLO , 24/out. 2011). Em novembro, já se conheciam algumas intenções

do governo em relação à família espanhola, mudanças nas normas de dependência, na Lei do Aborto e

na violência de gênero já eram mencionadas pelas manchetes. (NOGUEIRA, 01/nov. 2011). Em

dezembro do mesmo ano, SAHUQUILLO advertia: “El avance de la mujer se frena” (07 /dez. 2011),

uma vez que as desigualdades no acesso ao emprego e no compartilhamento das tarefas do lar

continuavam iguais aos dados obtidos no ano de 2002. “La paridad no es el futuro; es el pasado”

(CAÑAS, 21/dez. 2011). O artigo destacava que o mundo, na concepção de Mariano Rajoy, é um

mundo muito masculino. Questionava os nomes (quase todos masculinos) que foram escolhidos por ele

para ocupar cargos políticos no governo. Para a autora, a igualdade passava a ser passado e não futuro,

uma vez que as mulheres teriam sido deixadas em segundo plano nas escolhas dos cargos, feita pelo

partido.

Considerada pelo Ministro Gallardón, a reforma mais progressista que fez em sua vida, a

matéria “Las mujeres tendrán que volver a dar una justificación para abortar” (SALUQUILLO, 01/fev.

2012), questiona como a reforma da Lei do Aborto pode ser progressista, dando um passo atrás nas

conquistas já efetivadas. Mas as notícias dos retrocessos que estavam sendo organizados pelo governo

não demoraram em causar reações populares nas ruas. Em Madri, centenas de pessoas saíram às ruas

protestando contra os retrocessos, como a reforma da Lei de Aborto. “Marea violeta en Madrid por los

recortes en las políticas de igualdad” destacava o jornal do espanhol. (ESPINOZA, 10/ fev. 2012). A

notícia “Avanza la derecha, retrocede la mujer”, destacava os retrocessos causados pelas políticas

conservadoras de direita na Espanha, sobretudo em relação às mulheres. (CAÑAS, 21/fev. 2012). Em

março de 2012, Laura Nuño, Diretora da catédra de Gênero da Universidade Rei Juan Carlos, destacava

que a “ La libertad es en sentido positivo y negativo, para ser o para no ser madre” ( El PAÍS, 08/mar.

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2012), fazendo um pedido para o Ministro Gallardón que propusesse serviços públicos de cuidado, se

quisesse facilitar a maternidade, mas que não continuasse com a reforma na Lei do Aborto. Novamente

sobre o direito de ser ou não ser mãe, a reportagem “El derecho de ser madre, y a no serlo” (GARCÍA,

14/mar. 2012), destaca que Gallardón tem razão quando diz que é preciso colocar todos os meios ao

alcance das mulheres que querem ser mães, se isso for um desejo delas. Porém, duvida que um desses

meios seja o endurecimento da Lei do Aborto e não concorda com as informações de Gallardón quando

diz que todas as interrupções da gravidez ocorrem porque a mulher quer ser mãe, mas não a deixam. É

preciso entender que muitas das interrupções acontecem porque as mulheres não querem ser mães

naquele momento. Seria preciso, então, respeitar as decisões das mulheres, de ser ou não ser mães. Na

matéria “Una contrarreforma e la ley del aborto ¿progresista?” (SAHUQUILLO, 24/jul. 2012),

questiona se é progressista obrigar uma mulher a ter um filho não desejado, forçá-la a dar a luz a um

filho com uma anomalia grave? O artigo “Igualdad de Género” adverte que não só a Espanha estava

assistindo a uma queda vertiginosa, mas a igualdade de gênero no país também. Denunciava o

retrocesso de 14 posições no índice global de igualdade de gênero. Muitas mulheres estariam sendo

varridas das comissões, representações e postos de decisão, o que afeta diretamente a igualdade entre os

gêneros. Novamente, um indício de que os passos estavam sendo para trás. (PEREIRA, 02/nov. 2012).

Os artigos: “Los recortes amenazan la igualdad entre mujeres y hombres en España” e “La mujer

camina hacia la precariedad” destacam que os recortes em educação, saúde e assistência social, criados

para superar a crise, poderiam prejudicar ainda mais as mulheres espanholas, uma vez que, os empregos

públicos poderiam ser congelados e as ajudas para os cuidados com dependentes poderiam diminuir.

(NOGUEIRA, 17/dez.2012).

Já em 2013, continuava se advertindo: “El poder que se le escapa a la mujer”, uma alusão ao

número cada vez menor de mulheres ocupando cargos de direção no país. (SANCHEZ-SILVA,

08/mar.2013). Os debates sobre a Lei do Aborto seguem sendo a manchete de muitas notícias é o que

podemos perceber nas reportagens: “Viaje al pasado para abortar”, que assinala que a Espanha estava se

colocando atrás da maioria dos países da Europa, o que poderia representar um retrocesso de mais de

trinta anos, segundo dados de especialistas no assunto. (SAHUQUILLO, 04/mai/2013); a reportagem

“Mujeres que abortan: tú, yo, todas”, que questiona os motivos pelos quais a reforma do aborto, algo

que diz respeito a liberdade das mulheres, é liderada por um homem; ( MARTÍN, 23/mai.2013); “No

soy madre porque no quiero”, que destaca a persistência da pressão social a favor da maternidade, mas

não da paternidade. A mulher sem filhos segue sendo qualificada como “egoísta” (AGUDO,

21/set/2013); “ Abortemos esa funesta ley del aborto”, afirma que o governo de Rajoy se empenha em

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cercar os direitos dos cidadãos e cidadãos e destaca os sacrifícios feitos em nome da família pretendida

pelo governo. (IZQUIERDO, 27/dez/2013).

O início de 2014 é marcado por inúmeras manifestações na Espanha e na Europa contra a Lei

de Aborto. “Tras la marea blanca, la marea violeta” apresenta as inúmeras manifestações do “trem da

liberdade” que chegava a Madri, contras as políticas neoconservadoras do PP na Espanha, que fazem

parte do mesmo ideário conservador de sempre: que as mulheres são débeis, incapazes de decidir por si

mesmas, que necessitam da tutela de um homem, que bem pode ser um médico, um psiquiatra, um

familiar, ou um ministro. O objetivo do trem da liberdade é que se mantenha vigente a atual lei de saúde

reprodutiva e de interrupção voluntária da gravidez, uma vez que a lei proposta pelo governo Rajoy se

constitui num ataque injustificável à liberdade das mulheres. (MUSTAFÁ, 30/jan. 2014); “Ni políticos,

ni religiosos ni instituciones”. Las mujeres decidimos si queremos hijos”, também trata das

manifestações do trem da liberdade que agora chegava a Valladolid; “ Numerosas movilizaciones en

toda UE contra la reforma del aborto en España”, assinala as repercussões e mobilizações na União

Europeia contra a reforma na Lei de Aborto proposta pelo PP. ( SAHUQUILLO, 31/jan/2014). A

matéria “La ley de Gallardón: el peor de los pronósticos” mostra o temor de que o país estaria a ponto de

sacrificar direitos e liberdades para contentar eleitoralmente os votantes da direita mais conservadora.

(GARCÍA, 29/jan. 2014). O artigo “La ley del aborto es un gran atraso para la mujer”, cita as

declarações da Ministra sueca de Assuntos Europeus, Birgitta Ohlson, que considera vergonhoso que

em pleno ano de 2014 ainda existam países na União Europeia que restrinjam direitos fundamentais às

mulheres. (CARBAJOSA, 16/fev.2014). Nossas análises vão até o dia 08 de março de 2014, dia

Internacional da mulher e finaliza com uma reportagem intitulada “O madre o loca” que assinala que o

Ministro español Ruiz-Gallardón havia criado uma nova categoria de ser humano “ a grávida” e adverte

que sob o pretexto de defender a vida que abriga em seu ventre, a mulher grávida perde a capacidade de

discernir, de refletir por si mesma, de renunciar, enfim, a maternidade que não deseja. E é tão tonta que

nem sequer será penalizada pela nova lei; somente serão penalizados aqueles que ajudem a “infeliz” e

ignorante gestante a por fim a sua gravidez. (CAÑAS, 08/mar.2014).

Como podermos observar, os direitos conquistados não se constituem em garantias para

sempre. É preciso estar sempre lutando para que sejam mantidos e, para isso, é preciso conhecer e

refletir sobre a trajetória da conquista desses direitos. Seguimos acompanhando as notícias e o desfecho

nas políticas que afetam as relações de gênero.

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http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3002230 [Consulta: 25 de maio de

2012].

ROIGÉ, Xavier. De la Restauración al franquismo. Modelos y prácticas familiareS. En:

CHACÓN, Francisco; BESTARD, Joan. (Orgs.) Familias: Historia de la sociedad

española (del final de la edad media a nuestros días). Madrid: Cátedra, 2011.

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De mujer a mujer ». Almanaque de la Madre de Familia. Barcelona: Sociedad General

de Publicaciones, S.A.,1947, pp. 29-31.

Trilogía sentimental: Amor, matrimonio, maternidad. Almanaque de la Madre de

Familia. Barcelona: Sociedad General de Publicaciones, S.A, 1949, p. 74.

Una carrera para usted: Azafata; Para quien ama los niños, esposa, enfermera.

Almanaque de la Madre de Familia. Barcelona: Sociedad General de Publicaciones,

S.A., 1960, pp. 61, 65, 133, 145.

¡Cuantos maridos aplacían sus fueros si debieran remunerar el trabajo a sus respectivas

esposas! Almanaque de la Madre de Familia. Barcelona: Sociedad General de

Publicaciones, S.A., 1955, p. 132.

La vida con él: Toda la vida una luna de miel. Almanaque de la Madre de Familia.

Barcelona: Sociedad General de Publicaciones, S.A., 1967, p. 7.

Porvenir de la mujer actual: La enseñanza por correspondencia le ofrece maravillosas

oportunidades. Almanaque de la Madre de Familia. Barcelona: Sociedad General de

Publicaciones, S.A., 1969, p. 136.

Los derechos de las mujeres en España. Almanaque de la Madre de Familia. Barcelona:

Sociedad General de Publicaciones, S.A., 1972, pp. 111-112.

Cómo redactar vuestro curriculum vitae. Almanaque de la Madre de Familia.

Barcelona: Sociedad General de Publicaciones, S.A., 1973, p. 131.

EL PAÍS (Edição on-line – segue a sequência anual das reportagens.)

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