de fora para dentro - moção global ao xxvi congresso do cds-pp
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O grupo que subscreve esta moção sempre viveu o centro-direita mas de fora do CDS-PP. Com esta moção participam pela primeira vez no partido e nos seus processos e transmitem uma visão livre de formatações, de estereótipos, totalmente, genuína. Ao primeiro subscritor coube sobretudo agregar vontades. E, claro, agradecer os contributos e dar-lhes as boas-vindas.TRANSCRIPT
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DE FORA PARA DENTRO
Moo de Estratgia Global ao XXVI Congresso do CDS-PP
Maro de 2016
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Subscritores
Joo Maria Condeixa
Domingas Carvalhosa
Joana Vallera
Joo Corra Monteiro
Joo Gomes de Almeida
Manuel Nobre Gonalves
Nuno Gonalo Poas
Colaborou tambm nesta moo:
Mrio Amorim Lopes
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O grupo que subscreve esta moo sempre viveu o
centro-direita mas de fora do CDS-PP. Com esta moo
participam pela primeira vez no partido e nos seus
processos e transmitem uma viso livre de formataes,
de esteretipos, totalmente, genuna. Ao primeiro
subscritor coube sobretudo agregar vontades. E, claro,
agradecer os contributos e dar-lhes as boas-vindas.
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ndice VISO INTERNA ................................................................................................................................... 5
Que posicionamento para o CDS? ................................................................................................... 5
Como acolher ento esta onda de novos filiados? ......................................................................... 6
Que relao com o PSD? ................................................................................................................. 7
VISO EXTERNA ................................................................................................................................... 8
POLTICA EDUCATIVA .......................................................................................................................... 8
Que educao queremos para os nossos filhos e netos? ............................................................... 8
Queremos mais autonomia nas escolas ou uma deciso centralizada? ......................................... 9
A escola exige demasiado dos nossos filhos? ............................................................................... 11
POLTICA FISCAL ................................................................................................................................ 12
Que modelo fiscal deve seguir Portugal? ...................................................................................... 12
Como ter uma poltica fiscal mais amiga das famlias? ................................................................. 14
Deve ser extinta a sobretaxa? ....................................................................................................... 15
POLTICA SOCIAL ............................................................................................................................... 16
Que reforma queremos ter no futuro? ......................................................................................... 16
O atual modelo de Estado Social precisa de ser reformado? ....................................................... 18
Que resposta social deve existir em Portugal? ............................................................................. 20
Como resolver o problema da pobreza infantil?........................................................................... 20
Como garantir qualidade, segurana e confiana nas instituies sociais?.................................. 21
Como financiar instituies sociais? ............................................................................................. 23
POLTICA ECONMICA ...................................................................................................................... 24
Que nvel de interveno estatal queremos na Economia? ......................................................... 24
As empresas no querem o Estado, mas apoiam-se nele. E agora? ............................................. 25
POLTICA DE SADE ........................................................................................................................... 27
Um sistema de sade mais eficiente, justo e equitativo. possvel? ........................................... 27
Como incentivar os profissionais de sade do SNS? ..................................................................... 29
Como financiar o Servio Nacional de Sade? .............................................................................. 29
POLTICA EUROPEIA .......................................................................................................................... 31
A Unio Europeia segue o rumo que gostaramos? ...................................................................... 31
Que futuro queremos para Portugal na UE? ................................................................................. 32
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VISO INTERNA
Que posicionamento para o CDS?
O centro-direita o lugar de origem do CDS-PP. Queremos ver o partido a ocupar o seu
lugar e a construir um espao no sistema partidrio que lhe permita constituir-se como
uma verdadeira alternativa ao PS ou ao PSD.
O centro no todo socialista e apresenta um territrio poltico que pode e deve ser
ocupado por um CDS moderado com forte potencial de crescimento nas trs correntes
ideolgicas que lhe deram origem. O CDS deve apresentar o sentido de compromisso e o
pragmatismo que lhe permitam responder s necessidades dos portugueses e aos
principais problemas do pas, nomeadamente atravs da libertao dos rendimentos do
trabalho e na atrao do investimento, indispensveis ao crescimento econmico. Um
partido que aponte uma direo para o pas e um rumo para a sua economia, definindo
claramente o papel que pretende para o Estado.
Um partido que seja uma casa para todos os democratas conservadores e no
corporativistas, defensores de uma economia de mercado e da liberdade democrtica;
que seja casa de todos os liberais que acreditando num mercado livre creem que a funo
do Estado ajudar aqueles que precisam de ser ajudados, e no tentar ajudar todos,
acabando por no ajudar ningum; e que seja casa de todos os democratas-cristos que
queiram participar na construo de uma viso personalista e humanista baseada na
Doutrina Social da Igreja.
Num momento em que a radicalizao do Partido Socialista, na tentativa de formar
Governo esquerda com o apoio parlamentar do BE e do PCP, criou um panorama politico
sem precedentes na histria da democracia portuguesa, um CDS com esta matriz tem
francas condies para crescer e ganhar o seu espao. Convm referir que a atual
situao poltica trouxe orfandade ao eleitorado de centro que no se rev, de maneira
nenhuma, na estatizao da economia, nas atuais polticas educativas, na centralizao
da gesto territorial e social e num modelo de diretrio criado pela maioria de esquerda
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no parlamento. Acresce que o aumento da perceo da inutilidade do voto til, que at
aqui prejudicava bastante o CDS-PP, facilitar o voto no partido, j que o centro-direita
s voltar ao poder quando a soma dos votos do PSD e do CDS-PP significarem uma
maioria absoluta.
Em franco crescimento, o CDS-PP est preparado para os novos desafios que os
portugueses lhe quiserem entregar.
Como acolher ento esta onda de novos filiados?
Os atuais quadros e militantes do CDS-PP devem ser entusiasmados a promover o
crescimento das estruturas locais com a integrao de novos militantes e, para o efeito,
dever-se-o apoiar na dinmica criada a nvel nacional.
O CDS est a abrir as portas a mais talento, a mais experincia e a todos os que
quiserem contribuir e ser teis misso do CDS no pas.
Por isso, traamos duas vias para a sua devida integrao:
- Uma que desafia a dinamizao das estruturas locais e a participao autrquica, que
inicia j com a preparao prximas eleies locais e que aproveitar a fundao recente
dos autarcas populares para estimular os que queiram percorrer esse percurso poltico;
- Outra, a da integrao de quadros e especialistas atravs de um Gabinete de Estudos
do CDS com uma estrutura mais musculada com maior relevncia e uma presena mais
constante na sociedade. Esta estrutura, que dever trabalhar em parceria com o Instituto
Adelino Amaro da Costa, estar mais aberta a simpatizantes e, at, prontificar-se a
convidar elementos de outros partidos para uma reflexo mais abrangente. O Gabinete de
Estudos dever constituir um ativo laboratrio de ideias, de estudo e aprofundamento de
polticas, de caa talentos e ainda um apoio regular importante na criao e
desenvolvimentos de temas, na fundamentao ideolgica e na construo das respostas
que o CDS, como partido responsvel, dever disponibilizar aos problemas do pas.
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Que relao com o PSD?
O CDS-PP tem um percurso recente partilhado com o PSD de que se deve orgulhar, pois
ambos, apesar das diferenas que os separam, souberam servir o pas sobrepondo sempre
o interesse da nao s agendas partidrias.
O CDS um partido que j demonstrou ter grande capacidade governativa e de ser capaz
de assumir responsabilidades sobre a conduo do pas e sempre soube dar o salto em
frente nos momentos necessrios. Tem sabido antecipar os desafios e percorrido o seu
caminho sem hostilizar outras foras partidrias.
Os portugueses sabem valorizar e reconhecer esse trabalho e distinguir as solues que o
CDS tem oferecido. E assim tem crescido para se constituir como alternativa aos principais
partidos do arco governativo.
O tempo do CDS , portanto, o seu tempo. E o seu compromisso s para com o pas e
os portugueses.
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VISO EXTERNA
POLTICA EDUCATIVA
Para uma sociedade prosperar precisa de comunidades fortes. Para um regime
democrtico resistir aos abusos e no perder vitalidade, precisa de cidados
comprometidos. Para que os portugueses vivam nesta lgica de construo, h trs
prioridades: educao, educao e educao.
Que educao queremos para os nossos filhos e netos?
Um aluno deveria chegar ao fim da escolaridade obrigatria com conhecimentos
cientficos slidos mas tambm, capaz de olhar com maturidade para a Cidade e o Mundo
sua volta.
A Escola, assim entendida, deveria formar Pessoas Inteiras. Isso muito mais, e exige
muito mais, que simplesmente capacitar alunos para os transformar em profissionais
em potncia.
Uma Escola assim exige estabilidade de programas no tempo. Vive de comunidades
escolares robustas e coesas. Precisa de agentes, fundamentalmente os professores,
valorizados, motivados, competentes e capazes de liderar as suas aulas precisa de
mestres.
Uma Escola assim s possvel se for autnoma; se tiver professores fortes e fortalecidos;
se tiver uma viso integral do aluno, pessoa e futuro cidado ativo; se deixar que essa
viso influencie a priorizao das disciplinas e a extenso e aspetos mais evidenciados nos
vrios programas.
O maior recurso ao dispor de um sistema educativo o professor. No h choque
tecnolgico ou material que compense um professor dbil. A formao de professores, a
par de slidos conhecimentos tcnicos, tem de ter uma dose importante de oratria e
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comunicao, uso da autoridade e tcnicas pedaggicas. O professor tem de ser o lder da
sua sala de aula e isso aprende-se.
Propomos a implementao de um sistema de avaliao e formao peridicos ao longo
da carreira e a que as escolas possam aceder durante os processos de recrutamento.
Para atrair bons professores, propomos que a carreira seja mais bem paga no incio,
mesmo que isso signifique maior estabilizao salarial no futuro.
Queremos mais autonomia nas escolas ou uma deciso centralizada?
Defendemos, sem reservas, a entrega da gesto das Escolas s comunidades. Se no h
comunidades iguais, no podemos ter escolas passadas a papel qumico. O Ministrio
est distante da realidade concreta e no pode pretender ordenar todos os aspetos da
vida escolar impossvel. A Escola precisa de autonomia e liberdade para gerir a sua
comunidade escolar, de se adaptar comunidade onde se insere, de escolher os
contedos dos programas e mtodos de ensino, de contratar e despedir professores e
auxiliares de educao.
Vivemos adormecidos por um sistema anacrnico, que ningum tem coragem de
questionar. Que sentido faz, por exemplo, que continuemos a ter professores colocados
por computador, centralmente, distribudos com base em algoritmos, sem que a Escola
tenha capacidade de avaliar se, em concreto, as suas competncias se adequam quilo
que a sua especificidade? Temos professores vocacionados para ensinar em escolas
situadas em comunidades carenciadas, que so transferidos, contra a sua vontade, no
final de um ano letivo, porque o sistema informtico no lhes permite consolidar a relao
de confiana que, entretanto, foram capazes de iniciar. Temos milhares de pessoas
deslocadas, em situao de precariedade, porque no se permite s escolas do interior
que escolham o seu corpo docente, oferecendo contratos com durabilidade, que a todos
beneficiariam. Os diretores das Escolas no tm poder, no sendo por isso
responsabilizveis perante a Comunidade. As Escolas no pertencem Comunidade, e
portanto, no podem criar em seu redor um sentimento de pertena que a dignifique.
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Pode parecer absurdo, mas uma empresa local no pode oferecer Escola uma
determinada estrutura, porque a mesma s pode realizar-se por concurso. Permitir que a
Escola seja, no s gerida pela comunidade, mas que seja entregue Comunidade,
alm do mais um dos polos de maior frutificao das comunidades mais desfavorecidas,
que passam a poder defender-se contra o centralismo e a desertificao.
Consideramos que existem entidades da sociedade civil capazes de construir comunidades
escolares to ou mais robustas que as existentes nas escolas oficiais. Defendemos,
portanto, essa abertura do Ministrio ao dilogo com a sociedade civil com vista a uma
maior integrao dentro da diversidade de mtodos e pedagogias, nomeadamente no que
respeita colaborao na cobertura da oferta s populaes.
O Ministrio deve atuar cada vez mais como controlo de qualidade atravs de exames
nacionais e definir um conjunto de conhecimentos mnimos essenciais para o acesso ao
ensino superior, ou, diretamente, ao mercado de trabalho.
Assim o sistema escolar torna-se competitivo e isso traz um incentivo maior excelncia.
Mais importante, o sistema educativo torna-se mais imune tentao de manipulao
ideolgica da atividade educativa.
Se a escola passar a poder diferenciar-se e ganhar autonomia para competir, as famlias
tornam-se necessariamente mais envolvidas. O melhor incentivo participao dos pais
na comunidade educativa a noo de que uma escola amanh, pode ser melhor do que
hoje.
A escola deveria poder exigir um maior envolvimento dos encarregados de educao
desde logo a partir da prpria natureza dos mtodos de ensino que escolhesse
implementar.
As famlias deveriam ter o direito de escolher as escolas, privadas ou pblicas, a que se
candidatariam, independentemente da rea geogrfica.
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A escola exige demasiado dos nossos filhos?
Um aluno do 9 ano muitas vezes no est preparado para tomar decises com grande
impacto no resto da sua vida acadmica. Por outro lado, esses anos do 9 ao 12 so anos
em que o aluno est no auge da razo, da descoberta do mundo, da conscincia de si
mesmo e dos outros, da vida em comunidade. No faz sentido compartimentar o saber
numa idade de descoberta e formao da personalidade. Importa pensar o aluno, a
pessoa, como um todo. Por isso queremos que haja um tronco comum total at ao 12
ano que permita uma mobilidade total e real e um ajuste do percurso em qualquer
momento da aprendizagem.
Mas para aqueles que no pretendem seguir para a Universidade, o ensino tcnico-
profissional tem de ser uma verdadeira opo alternativa. Quem tem um perfil mais
prtico tem de poder ter uma proposta que seja apelativa e exigente, que no despreze o
ncleo de disciplinas clssicas.
O ensino tcnico-profissional tem de oferecer um percurso onde o aluno pode realizar
plenamente o seu potencial adquirindo competncias tcnicas e atitudes de fundo que lhe
permitam ter um futuro no mundo real que seja profissionalizado, empreendedor e
autnomo. Um lugar onde o gosto pela responsabilidade e exigncia no seu ofcio lhe
incutido nesse percurso escolar acabe-se com o preconceito da escola de srie B, que
gmeo do complexo canudo-para-ser-doutor!
Por outro lado, como se prova facilmente pela realidade portuguesa, a frequncia de um
curso superior no garante, por si s, de um futuro profissional auspicioso. No entanto,
muitos vivem ainda nessa iluso e sucessivos Governos pouco fizeram para desmistificar
esta pretensa regra. Na verdade, muito fizeram para que a mesma se intensificasse
atravs da criao e manuteno de muitas vagas em cursos superiores com baixa
utilidade para a sociedade e para a economia. Se verdade que o acesso ao Ensino
Superior tem de ser universal, a oferta de cursos superiores no tem de ser. Nesse
sentido propomos que haja maior transparncia na gesto das expectativas dos alunos e
das suas famlias, obrigando todos os cursos superiores a publicar anualmente o nvel e
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tipo de empregabilidade obtida pelos licenciados respetivos. A escolha de um curso
superior deve ser, antes de mais, uma escolha vocacional. A introduo de uma dose
realismo e pragmatismo nessa ponderao, apenas enobrece mais a escolha.
POLTICA FISCAL
Que modelo fiscal deve seguir Portugal?
Os impostos tm como principal funo financiar as despesas do Estado. Esta viso
utilitarista no justifica tudo, nem explica tudo. Antes pelo contrrio deve servir para
questionar tudo. Ou seja, a discusso sobre o nvel de carga fiscal que, como pas,
queremos suportar deve ser precedida de uma discusso fundamental: que funes
queremos que o Estado assuma e com que nvel de servio e correspondente custo? A
despesa funo da receita (como em nossa casa) ou a receita que se deve adaptar
despesa? S respondidas estas perguntas de forma satisfatria (onde se inclui uma
conscincia nacional acerca do tema) permite defender de forma responsvel e
despoluda de populismo a reduo da carga fiscal sobre as famlias e as empresas,
particularmente no contexto de restrio oramental em que Portugal vive e viver nos
prximos anos.
Embora no seja explicitamente abordada a questo nesta moo, infere-se o desejo de
uma contrao ponderada e faseada das funes do Estado, numa aplicao crescente
do princpio da subsidiariedade, que permita, responsavelmente, reduzir a carga fiscal
sobre as famlias e sobre as empresas.
Sendo consensual no CDS que os impostos devem seguir uma trajetria descendente, mas
consciente, o CDS dever marcar a diferena pelas prioridades que estabelece na
formulao desse desagravamento. Ou seja, de que forma, com que contornos devem os
impostos cumprir a sua funo?
As prioridades definidas devero responder com pragmatismo s necessidades que o pas
enfrenta e no, como nos demonstra a maioria parlamentar de esquerda que apoia o
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Governo, satisfao momentnea de grupos de interesse. Os problemas estruturais que
o modelo fiscal pode ajudar a resolver so conhecidos: falta (i) competitividade na
economia, que atraia investimento em particular IDE (ii) estabilidade, que gere
confiana, (iii) elevador social, que recompensa o esforo e o mrito, reforando a
classe mdia e (iv) crianas, que tornem o pas sustentvel no futuro.
Para alm da resposta a deficincias estruturais, o modelo fiscal deve estar alinhado com
as melhores prticas internacionais em termos tcnicos. No vale a pena inventar muito.
Existem estudos, papers e afins que demonstram (com base em experincias reais) as
virtuosidades e defeitos de cada opo. Importa entender a sua aplicabilidade realidade
portuguesa e, acima de tudo, esclarecer politicamente as suas implicaes a quem deve
tomar a deciso: os eleitores.
O cruzamento destas duas premissas significar, em concreto, dar primazia aos impostos
sobre o rendimento, face aos impostos sobre o consumo e destes face aos impostos
sobre a propriedade (de base recorrente).
Outra preocupao cara ao CDS a defesa dos direitos dos contribuintes. Os contribuintes
esto tanto mais sujeitos m interpretao administrativa e arbitrariedade, quanto
menos transparentes forem os impostos. Nesse sentido, o maior contributo para a defesa
dos direitos dos contribuintes a simplificao drstica do sistema. Um sistema e
mecnica fiscais que sejam percetveis e auditveis pelo cidado comum (sem a traduo
de um especialista) e cujas margens de interpretao sejam reduzidas ao mnimo.
Nestes termos, na senda das reformas do IRS e IRC introduzidas pelo XIX Governo, o CDS
dever continuar a contribuir ativamente, procurando consensos, para um sistema fiscal
que seja eficaz, simples, moderno e duradouro, mas acima de tudo, desprendido de
preconceitos demaggicos (tantas vezes, mascarados de socializantes) para que deixe de
ser a teia complexa, asfixiante e imprevisvel que se tornou e que em nada ajudou o pas a
progredir nos ltimos 40 anos.
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Como ter uma poltica fiscal mais amiga das famlias?
Na ltima foi dado um passo muito significativo na configurao de um sistema fiscal mais
amigo das famlias com filhos. A criao do quociente familiar em sede de IRS (e o IMI
familiar) foram conquistas relevantes que iriam, seguramente, produzir os seus
resultados. Face proposta de Oramento de Estado que agora se discute, com prejuzo
para a estabilidade do sistema, mas com ganho efetivo para a sociedade no curto e
mdio-prazo, o CDS dever propor a reposio do quociente familiar, reintroduzindo
uma medida estrutural de apoio s famlias e natalidade.
Por outro lado, defendemos sem reservas uma fiscalidade que elimine de vez a
discriminao negativa que sofrem as famlias, em especial no que diz respeito
aquisio de habitao prpria em sede de IMT. O IMT um dos impostos que maior
liquidez retira ao mercado imobilirio, penalizando as transmisses. Mas no s, impede
que as famlias possam ir ajustando as suas casas dimenso crescente (ou decrescente)
do seu agregado familiar. Acresce que, a forma como so concedidas as isenes e
estabelecidos os escales penaliza a famlia, j que o IMT definido em funo do valor,
no considerando a dimenso do agregado. Assim, uma famlia que necessite de uma casa
com 3 quartos, muito mais penalizada que uma outra que, para a sua condio, apenas
precisa de uma soluo com uma dimenso menor, sem que isso implique uma menor
qualidade da habitao em causa.
O IMT no facilita igualmente que os filhos possam acolher os seus pais, quando estes
envelhecem. Ter solues que simplifiquem a troca de casa, permitindo que as famlias se
adaptem, sem as onerar, no promove apenas a dignidade e a proteo da famlia, mas
ajuda o Estado a resolver muito dos seus problemas. Com efeito, com cada vez menos
filhos e cada vez menos famlias a cuidarem dos mais velhos, teremos no s uma
sociedade envelhecida, mas uma terceira idade a esperar pela morte mais afastada dos
seus, mais institucionalizada, mais cara para o Errio Pblico e, no final, uma sociedade
menos humana.
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Deve ser extinta a sobretaxa?
Salvaguardando o carter redistributivo que o imposto sobre o trabalho dever ter, a
configurao tcnica deste imposto dever contribuir (na sua medida) para uma efetiva
mobilidade social, para a promoo e valorizao do mrito profissional. Ou seja, mais do
que medidas pontuais que visem os mesmos propsitos, o modelo de tributao do
trabalho deve ser estruturalmente potenciador do aumento de salrios
(escandalosamente baixos em Portugal, no s devido a baixos nveis de produtividade).
Por outro lado, o atual imposto sobre as famlias complexo e poucos sabem como se
calcula. Embora tenha existido um esforo de simplificao no passado recente deste
imposto, a multiplicidade de abatimentos, dedues e limitaes tornam-no complicado
de entender por parte dos contribuintes e de administrar por parte do Estado.
O modelo de tributao do trabalho dever primar pela simplicidade e por uma reduo
da progressividade extrema que o IRS atingiu. Nesse sentido, a utilizao de modelos do
tipo flat tax com deduo fixa ( coleta e/ou ao rendimento), que atenda dimenso do
agregado e garanta a progressividade, no deve ser excludo. Este tipo de modelo de
tributao, seguido por diversos pases do Leste Europeu (talvez vacinados por dcadas de
progresso), entre outros, tem-se provado eficaz na prossecuo dos seus objetivos.
A sobretaxa, enquanto adicional do IRS, no era, nem desejvel e a sua remoo,
defendida pelo CDS, um passo no caminho certo pelo acrscimo de carga que
representa (muito embora a deciso da maioria de esquerda que apoia o Governo nesta
matria tenha sido a de um passo maior do que perna). No entanto, a sua aplicao
prtica nos ltimos anos demonstrou que se trata de um modelo eficaz de tributao que
pode ser agora aprofundado tcnica e politicamente, desde que encarado como
substitutivo dos atuais escales do IRS. Assim, o CDS deve empenhar-se (atravs do
Gabinete de Estudos) numa avaliao profunda da sua aplicabilidade, virtudes e defeitos.
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POLTICA SOCIAL
Portugal, semelhana do que ocorre noutros pases europeus, enfrenta um difcil desafio
de sustentabilidade dos seus sistemas de penses.
De acordo com as ultimas projees, o ndice de dependncia dos idosos (populao de 65
e mais anos face populao dos 15 aos 64 anos) ir registar um aumento significativo, de
29,8% em 2013 para os 63,9% em 2060, acentuando-se assim o envelhecimento
populacional.
Quando o CDS esteve no Governo avanmos com um conjunto de reformas que
permitiram introduzir maior sustentabilidade ao sistema nomeadamente o aumento da
idade de acesso penso e propusemos algumas solues que foram consideradas
inconstitucionais.
Que reforma queremos ter no futuro?
Sugerimos, primeiro, que se reforce a previsibilidade e confiana no sistema. Em 2006, o
Governo liderado por Jos Scrates mudou as regras de aumento das penses pblicas.
Foi criado o indexante de apoios sociais (IAS) e novas regras de atualizao de penses e
outras prestaes sociais do sistema de Segurana Social. Embora as novas regras tenham
entrado em vigor a 1 de janeiro de 2007, acabaram por ser suspensas em todos os
oramentos de Estado posteriores a essa data.
No Oramento de 2011 o Executivo de Jos Scrates chegou mesmo a suspender a
atualizao de todas as penses sem qualquer regime de exceo. Durante o Governo de
coligao s as penses mnimas, sociais e rurais tiveram aumento. Ainda assim
representavam e representam a grande maioria das penses.
Um primeiro passo ser a introduo de uma maior previsibilidade para quem aufere
das penses mais baixas, tornando a sua atualizao automtica. Assim, propomos que
o CDS crie um mecanismo que, a partir de 3 anos de aumentos de inflao sucessivos,
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atualize automaticamente o valor de todas as penses mais baixas, melhorando o poder
de compra desses pensionistas.
E de uma forma estrutural, acreditamos que devem ser j criadas condies que permitam
aos jovens uma maior liberdade de escolha na segurana social e na formao da sua
penso.
As geraes mais novas j no creem na solidariedade intergeracional do sistema, no
esperam por isso que o sistema lhes consiga garantir uma reforma, pelo que a
desconfiana grande e a sensao de esbulhe contributivo ainda maior.
Com a tendncia demogrfica que se acentua e com penses, tendencialmente mais
elevadas a serem suportadas por contribuies decorrentes de salrios estagnados nos
ltimos anos e aspirando a poucas melhorias na prxima dcada, deve o Estado zelar por
garantir uma menor despesa no futuro. Os contribuintes de amanh no conseguiro
suportar as penses de amanh. necessrio desacelerar o nvel das obrigaes estatais
no futuro.
Assim pretendemos que se reafirme, e em concreto, a proposta de criao de um sistema
de plafonamento voluntrio, de adeso individual para um sistema em regime de
capitalizao pblico, privado, mutualista ou misto; Um sistema que possa abranger os
novos trabalhadores com carreira contributiva mais recente que tenham uma
remunerao acima de um determinado limite a definir por compromisso com os
parceiros sociais;
Queremos ver introduzido um modelo de conta corrente ou de contas individuais para
que, cada portugus tenha acesso a mais informao acerca da sua penso e que esta
seja simulada a cada 5 anos de descontos, procurando assim dar uma maior
transparncia ao sistema. Sabemos do fenmeno da emigrao que, embora no tenha
sido to expressiva quanto a oposio avana, ainda assim deve merecer a nossa ateno.
Por isso ao nvel previdencial julgamos ser possvel criar um regime de capitalizao
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especfico para os jovens trabalhadores emigrantes mais atrativo e capaz de contribuir
para o seu regresso;
Queremos tambm disponibilizar, para aqueles que no recorreram s eventualidades
de desemprego ou de doena ao longo da sua vida de trabalho, o acesso penso
antecipada sem penalizaes. Esta ser uma bonificao temporal no acesso penso
exclusiva para aqueles que tenham recorrido com menor intensidade s eventualidades
referidas. Introduz-se assim um princpio de justia para aqueles que, no usufruindo das
referidas eventualidades, descontaram durante a sua vida ativa.
O atual modelo de Estado Social precisa de ser reformado?
Alm do retrocesso que o Partido Socialista est a introduzir na poltica social em Portugal
diminuindo a parceria da resposta com as instituies sociais, voltando a apostar em
prestaes sociais no transitrias e bastante permeveis fraude, avanando com mais
propostas que provocam maior entropia no sistema e promovem o risco moral das
prestaes existe uma multiplicidade de prestaes mais de 30 diferentes - que
promove o abuso, dificulta o combate fraude e resulta numa pior resposta dos servios
da segurana social. Consideramos que o sistema deve caminhar para a convergncia das
diferentes prestaes no contributivas numa prestao unificada para cada
eventualidade, designadamente, famlia, deficincia e apoio social. Sem qualquer
reduo em valor das prestaes, teramos um sistema mais simples e eficiente na sua
atribuio.
Caminhando para essa convergncia o CDS deveria apresentar duas propostas:
Teto das prestaes: aumentar a justia ao nvel da redistribuio dos
rendimentos introduzindo um teto global para as prestaes sociais no
contributivas atravs do cruzamento automtico da informao relativa s
prestaes sociais, sejam elas atribudas ao nvel da administrao central,
regional ou local. A introduo deste teto no prejudicaria a condio de
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recursos j existentes. Este cruzamento de informao permitiria adequar
melhor as prestaes sociais aos seus objetivos e aumentar a sua eficcia.
Cartes pr-pagos: importa que as prestaes de carcter no contributivo
tenham uma eficincia redobrada: que sirvam plenamente o fim a que se
propem. Por serem um investimento de solidariedade de todos os
contribuintes, via Oramento de Estado, o seu efeito dever ser
acautelado. Nesse sentido propomos que as prestaes no contributivas,
especialmente, as substitutivas de trabalho, sejam atribudas atravs de
cartes pr-pagos j usados no mercado e que por isso no descriminaro,
nem deixaram expostos quem deles beneficia. O Estado paga, o Estado
define o intervalo de bens e servios a adquirir com a prestao. Em Itlia,
esta uma realidade j aplicada na prestao do abono familiar (Childcare
allowance)
No que ao abono de famlia diz respeito, deveria existir uma articulao entre a Segurana
Social e a Educao que permitisse o processamento automtico da prestao de abono
sem a necessria prova de frequncia escolar que, hoje, cria procedimentos
desnecessrios, falhas na atribuio e maior entropia no sistema.
Sem contrariar a lgica de uma prestao nica ou de um teto para as prestaes sociais
deveria ainda haver espao para responder efetivamente a famlias que ainda se
encontram num patamar de rendimentos e condies de vida classificadas como de
extrema pobreza. Na grande maioria das situaes, o patamar de desenvolvimento em
que se encontram estas famlias dificulta a mudana, tornando-se a quebra do ciclo de
pobreza cada vez mais difcil.
Assim, propomos a criao de uma medida transitria, com o objetivo de reduzir a
pobreza, tanto no curto como no longo prazo. Esta medida, cuja durao no dever
exceder os dois anos, deve identificar clara e especificamente qual a interveno a
realizar com a famlia. Esta medida que integraria uma componente financeira, a reduzir
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parcialmente em cada semestre, poderia potenciar uma importante transformao
social.
Que resposta social deve existir em Portugal?
Acreditamos numa gesto da ao social a ser desenvolvida, na sua maioria, pelas
autarquias e pelas instituies particulares de solidariedade social, cabendo ao Estado
Social o papel de decisor e implementador das medidas, o papel de superviso e de
financiador objetivo.
Neste contexto, respeitando o princpio de subsidiariedade de que somos defensores,
cabe queles que esto mais prximos das populaes o apoio e a definio de estratgias
modelares e individualizadas face s caractersticas de um territrio.
Sem prejuzo das orientaes estratgicas definidas a nvel nacional que enquadram as
regras gerais de atuao se atuarmos em funo dos territrios, a forma e os montantes
dos apoios sociais podem ser ajustados e mais adaptados s reais necessidades de cada
regio. Tais polticas so, seguramente, mais equitativas, eficazes e racionais, tendo em
considerao que os recursos financeiros no so inesgotveis. Entende-se que, desta
forma, as polticas sociais passam a ser mais respeitadoras das diversidades e,
inclusivamente, podem ser tambm complementadas por outras medidas de gesto,
nomeadamente com as medidas relacionadas com a desertificao dos territrios.
Como resolver o problema da pobreza infantil?
O combate pobreza infantil tem especificidades prprias decorrentes das caractersticas
que a prpria pobreza infantil possui. Mais do que a indicadores econmicos referimo-nos
ao acesso educao, s condies de sade, s condies de habitao e s
oportunidades de incluso social. Neste contexto consideramos que possvel definir uma
estratgia global que permita eficazmente o combate Pobreza Infantil, nomeadamente;
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Criao de um Plano Nacional Integrado de Interveno Contra a Pobreza
Infantil. S desta forma ser possvel desenvolver uma poltica eficaz de
combate pobreza infantil.
Garantir a manuteno nas famlias de crianas cujos pais no tm
sustentabilidade financeira para os sustentar. Os investimentos efetuados
na institucionalizao devero ser aplicados na integrao da criana na
famlia.
Nos restantes casos deve ser assegurado que a institucionalizao o mais
curta possvel procurando solues com a famlia ou, em casos de maus-
tratos e grave negligencia, com o processo de adoo. O desafio das
instituies ser utilizar a inovao social e a criatividade na busca das
melhores solues.
Criar programas de aconselhamento parental e acompanhamento familiar
com tutoria financeira domstica. Assegurar que as alteraes legislativas
j efetuadas, pelo governo que o CDS integrou, so cumpridas e que a
flexibilizao legislada produz os efeitos pretendidos.
A educao pr-escolar tem a maior importncia na reduo das
desigualdades sociais j que favorece a formao e o desenvolvimento da
criana bem como a sua incluso. Tendencialmente partir para a
obrigatoriedade do ensino pr-escolar a partir dos 3 anos.
Ao contrrio do Partido Socialista, que reduz praticamente toda a sua estratgia de
combate pobreza infantil a subsdios e abonos de famlia, o CDS procura chegar mais
longe. Procura diagnosticar as causas da pobreza infantil e delinear medidas que
contribuam efetivamente para o aumento da sustentabilidade das famlias portuguesas.
Resumir o apoio pobreza a polticas financeiras de subsdios, sem a adoo de polticas
de carter social no serve os Portugueses e no previne o futuro das novas geraes.
Como garantir qualidade, segurana e confiana nas instituies sociais?
Por trs vias: atravs de uma maior transparncia (ao nvel de financiamento, nos
protocolos e acordos, entre outros) por via de um incremento da fiscalizao e das suas
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responsabilidades (sendo que fiscalizar no pode significar burocratizar ou cristalizar
atividades altamente meritrias) e capacitar e profissionalizar dirigentes.
A profissionalizao um processo que diz respeito especializao, ao planeamento
estratgico e forma de trabalho de uma organizao baseada em tcnicas de gesto
concretas.
Considerando que as instituies, num contexto global, tm sistemas de gesto
diferenciados e que pela sua dimenso acarretam tambm estruturas muito distintas, a
profissionalizao aqui pretende ser diferenciadora, ou seja, procura a criao de
diferentes tipos de profissionalizao.
Em Portugal uma percentagem muito significativa das IPSS tm acordos de cooperao
com a segurana social (cerca de 80%) que absorvem uma percentagem tambm ela
significativa do oramento pblico nesta rea. Mas a verdade que no sabemos
exatamente a dimenso desses apoios, por cada instituio, dado que este dados de
cooperao ou oramento excluem os dados relativos s transferncias de outros
programas de apoio (PARES ou FSS por exemplo). Por outro lado este sector um
importante sector empresarial, emprega um nmero muito significativo de pessoas e em
alguns locais do Pas mesmo dominante.
Sendo as entidades do sector social e solidrio uma realidade concreta e em
transformao, a definio de critrios especficos tornam desafiante a possibilidade de
termos algumas instituies num patamar de desenvolvimento que promove a
transformao da sociedade onde esto inseridas, produzindo um real impacto social.
Para que este processo se inicie e seja possvel, possibilitando um maior conhecimento
tcnico das instituies, necessria ajuda nesta transformao. Investir na
profissionalizao deste setor igualmente investir na promoo do desenvolvimento
social. Assim os critrios de profissionalizao passam por:
Viso estratgica;
Planeamento e acompanhamento das aes;
Articulao e gesto de pessoas;
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Capacitao tcnica dos recursos humanos;
Comunicao: Transparncia e comunicao de contas.
Como financiar instituies sociais?
O modelo vigente no serve ao Estado e tambm no serve ao sector social e solidrio.
Cria desigualdades e no permite a sustentabilidade das atuais respostas sociais. O
caminho determina que preciso encontrar um modelo diferenciador das situaes
familiares no que respeita comparticipao estatal, mas simultaneamente responsvel e
criador de sustentabilidade para as instituies. O modelo que se prope assenta numa
avaliao prvia do custo real de cada resposta social, determinando posteriormente
dois blocos de custos em funo da despesa de funcionamento. Num primeiro bloco
encontrado o custo que o Estado assegura a qualquer resposta social, em funo de uma
cooperao estabelecida, num segundo bloco, e em funo do rendimento das famlias,
so fixados escales de financiamento a comparticipar pela famlia pela utilizao do
respetivo servio. Assim, caso a famlia no tenha capacidade para assegurar a respetiva
comparticipao mensal cabe ao Estado comparticipar com o diferencial para o montante
final do custo encontrado para aquela resposta social. Neste modelo o Estado deixa de
financiar a resposta para passar a financiar diferenciadamente e em funo dos
rendimentos das famlias que beneficiam do servio e que dele precisam para a sua
situao concreta.
Assegurar a coordenao eficiente de todos os recursos um dos requisitos essenciais de
uma boa gesto territorial. O incentivo para uma agregao e partilha de recursos deve
ser uma prioridade, tendo em vista a necessria sustentabilidade das instituies e a
conteno de novas edificaes. Prope-se que o paradigma seja alterado e que se
valorize as entidades que desenvolvem o seu trabalho em parceria, por via da partilha de
recursos, tendo por base as sinergias das economias de escala.
Promover a valorizao das parcerias entre instituies a diversos nveis, desde a partilha
de contratao de servios administrativos, de espaos, de recursos e de meios de
transporte, at colaborao no desenvolvimento das prprias respostas sociais em
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determinadas reas de interveno, evitando uma duplicao de esforos, promove
seguramente um melhor planeamento territorial e maior sustentabilidade das entidades.
Assim, s instituies que desenvolvam o seu trabalho nesta prestativa deve ser-lhes
proporcionada diferenciao no financiamento, como por exemplo:
a) Critrio de preferncia na celebrao de acordos de cooperao;
b) Majorao para as instituies com acordo de cooperao que partilhem a
gesto de respostas sociais.
Mas fundamentalmente, a reforma mais estrutural que julgamos que deve acontecer e
que tambm propomos para a sade, que a resposta social seja financiada com base
em resultados. Com critrios objetivos, justos e transparentes em que se considere a
avaliao do impacto social sobre a populao e a regio (na diminuio de assimetrias
regionais, por exemplo) e o cumprimento de indicadores de bem-estar previamente
definidos.
POLTICA ECONMICA
Que nvel de interveno estatal queremos na Economia?
No queremos. E desde j declaramos acreditar que theres no such thing too big to
fail. Isto , o Estado no pode vir permanentemente resgatar e salvar erros ou crimes
humanos s porque foram operados em determinados sectores ou empresas com um
impacto considervel sobre a economia.
O dito impacto tem-se manifestado na mesma sobre o contribuinte por via das
responsabilidades que o Estado assume e simultaneamente no mercado, de que a bolsa
de valores em Portugal espelho. Ou seja, temos sofrido o impacto enquanto
contribuintes e investidores ou mesmo meros agentes econmicos.
Alm de que o princpio de justia que quebrado (um banco sempre resgatado, para
uma empresa de grandes dimenses sempre encontrada uma soluo, mas para muitas
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pequenas e mdias empresas o Estado apenas sabe esbulhar, apertar e pressionar at ao
momento do colapso) revolta a sociedade, gera quezlias e uma enorme segregao social.
Por isso somos contra a interveno do Estado no tecido econmico. Nem mesmo quando
se tratam de equilbrios que tenta gerar para um determinado sector que esteja todo ele
em situao difcil. Somos contra quando tal feito pois sempre em detrimento de outro
sector. S o equilbrio natural justo. As fices sociais e a boa vontade do Estado so
nefastas e pagas pelo consumidor ou pelo contribuinte.
As empresas no querem o Estado, mas apoiam-se nele. E agora?
Embora marcadamente decrescente nos ltimos anos, a economia portuguesa ainda se
caracteriza por um elevado nvel de corporativismo. Paradoxalmente, na forma como a
nossa economia funciona onde ainda se encontram mais resduos do antigamente. Para a
manuteno deste ambiente empresarial contribui em larga medida a conceo
generalizada em Portugal de que o Estado (e quem nos governa) deve ter um papel ativo
(e crescente) nas relaes econmicas existentes. Esta foi tambm a forma com que o
regime se desculpou de no ser capaz de ter reguladores eficazes. Consequentemente a
presena do Estado-acionista existe em demasiados setores de atividade, onde, com a
competncia que lhe normalmente reconhecida, o Estado exerce o seu papel de gestor.
No por isso de estranhar, que alguns grupos de interesse (legtimos e ilegtimos) se
organizem no sentido de condicionar um decisor que , por natureza, incompetente,
frgil, com instinto de sobrevivncia apurado e que tem sob a sua responsabilidade um
poder de mercado desproporcional.
O mercado e a concorrncia no so perfeitos. Mas como a democracia, a concorrncia
a pior forma de funcionamento da economia, exceto todas as outras. Ao Estado compete
minimizar os efeitos negativos da concorrncia atravs de mecanismos de regulao e no
de interveno. O excesso de Estado-acionista e dfice de Estado-regulador na
economia reduzem a concorrncia, desfavorecem a inovao, perpetuam privilgios,
piorando a oferta para os consumidores.
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Adicionalmente, este corporativismo imobilizador tem tambm razes na forma como uma
parte relevante das atividades profissionais se organizam. Desde logo a forma como o
acesso a determinadas profisses se realiza ou como se obtm as licenas/ alvars
necessrios para o desenvolvimento de uma determinada profisso. Estes obstculos
contribuem para a cristalizao da oferta e respetivo preo que muitos setores oferecem
aos seus consumidores e atrofiam a inovao.
Os ltimos anos demonstraram que os portugueses gostam de inovar, tomar risco e
investir. Nmero de start-up criadas, algumas delas com visibilidade e impacto mundial,
nmero de novos negcios abertos em setores tradicionais e o rejuvenescimento do
tecido empresarial comprovam-no. Os portugueses podem ser bons empreendedores, a
nica coisa que necessrio tirar o Estado e as suas ramificaes pblico-privadas da
frente. Na nica legislatura dos ltimos 40 anos em que houve este esforo, o resultado
ficou vista. H que continuar.
Assim, o CDS dever contribuir para:
Apoiar politicamente a sada do Estado-acionista da maior parte dos setores
onde est atualmente presente, sem tabus. A funo do Estado no deter
empresas, mas criar condies para que o mercado, composto por agentes
privados, funcione.
Reforar as funes de regulao com meios legais e humanos capazes de
acompanhar o dinamismo dos regulados. Os custos da fraca capacidade de
regulao so infelizmente evidentes e sero necessrios muitos anos para
recuperar as perdas causadas pelo seu desempenho insatisfatrio. Neste mbito
em particular, tambm no vale a pena inventar. Veja-se o modelo de regulao
aplicado no Reino Unido e, salvo as devidas adaptaes, copie-se, sem vergonha.
Limitar ao mnimo indispensvel os processos de licenciamento/ obteno de
alvar nas atividades econmicas que as exigem, de forma a reduzir o poder dos
incumbentes.
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Reduzir os entraves no acesso s profisses, que no se justifiquem por critrios
de elevado interesse pblico, desmotivando a criao de entidades corporativistas
que geram ineficincia (no equilbrio da procura e oferta desses profissionais, com
o natural reflexo que a economia paga por esses servios).
No que se refere ao empreendedorismo financiado pelo Estado propomos que o nvel de
risco do empreendedor suba substancialmente. No existe empreendedorismo sem risco
assim como, tendencialmente, o empenho diminui de forma proporcional ao risco.
Propomos que os fundos para criao de empresas ou de emprego por conta prpria
(IAPMEI IEFP) no assumam a quase totalidade do risco dos negcios e que, grande
parte dele, seja transferido para o empresrio.
POLTICA DE SADE
Um sistema de sade mais eficiente, justo e equitativo. possvel?
O Servio Nacional de Sade ajudou a cumprir o importante desgnio de melhorar a sade,
a qualidade e a esperana de vida dos portugueses, que o percecionam como um
importante pilar na sua vida. Valorizamos esse feito, e acreditamos que deva ser
reforado.
Contudo, o SNS tem-se revelado insuficiente para prestar todos os cuidados de sade aos
portugueses, fruto da evoluo demogrfica, do envelhecimento e do reduzido
investimento em capital. Por conseguinte, os portugueses com capacidade financeira tm
de recorrer a outros prestadores de sade privados. Esta situao duplamente inqua:
por um lado, diferencia quem pode pagar por servios de sade; e, por outro lado, leva a
que os que recorrem ao setor privado paguem duplamente, tanto a contribuio para o
SNS, via impostos, como o custo de ser tratado no setor privado. O problema agrava-se
quando o prprio Estado a fomentar esta iniquidade, mantendo um subsistema de
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sade, a ADSE, apenas disponvel a Funcionrios Pblicos. O Estado diferencia assim
cidados de 1 de cidados de 2.
A ADSE um subsistema com variados convnios com o setor privado, e que, em
resultado das alteraes introduzidas em 2014, se tornou financeiramente equilibrado,
i.e. autossuficiente. O recurso ADSE permite, de uma forma justa e transparente,
recorrer capacidade instalada no setor privado sem fazer disparar a despesa pblica com
a sade, poupando recursos no SNS.
Assim, propomos que a ADSE seja estendida, numa lgica contributiva e com as regras
atualmente em vigor, a todos os portugueses que assim o desejem, funcionrios
pblicos ou no. O reforo da ADSE permite, para l de introduzir liberdade na escolha do
prestador de sade e concorrncia no setor, poupar ainda o SNS elevada procura que o
tem caracterizado.
Esta soluo convm, portanto, a todos: aos portugueses que desejem aderir ADSE, mas
que se viam impossibilitados pela sua condio laboral; aos portugueses que continuaro
a recorrer ao SNS, que ficar menos sobrecarregado e, assim, prestar cuidados de sade
com maior celeridade e qualidade. E, no menos importante, esta soluo no penaliza o
contribuinte, pois o regime da ADSE contributivo.
Como reforar e alargar a rede de cuidados primrios?
Os cuidados primrios devero ser, pela sua natureza, o primeiro contacto com o
paciente. No entanto, e particularmente em Portugal, existe um recurso excessivo s
urgncias, que foram inicialmente criadas, no com o propsito de prestar consultas
externas, mas de atender feridos de guerra.
Os motivos que explicam este recurso s urgncias so vrios, mas prendem-se,
fundamentalmente, com dois fatores: uma rede de cuidados primrios ainda incapaz de
providenciar os recursos humanos suficientes para prover as necessidades dos
portugueses, e em horrio alargado; a perceo, justificada, que os centros de sade no
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disponibilizam todos os diagnsticos e tratamentos, requerendo posteriormente
referenciao ao hospital no caso de patologias no-triviais.
Neste sentido, e articulado com o alargamento da ADSE a todos os portugueses,
propomos o reforo das USFs, a converso mais clere dos centros de sade tradicionais
em USFs e a criao de um novo tipo de USF multi-especializada, capaz de suprir outras
necessidades para alm de consultas. Por outro lado, consideramos fundamental o
modelo de reorganizao hospitalar, criando hospitais de especialidade e generalistas
capazes de beneficiar de economias de escala nas diversas especialidades.
Como incentivar os profissionais de sade do SNS?
O Servio Nacional de Sade existe por fora dos seus profissionais de sade mdicos,
enfermeiros, auxiliares de sade, administrativos, etc. So estes a fora motriz por detrs
dos centros de sade, unidades de sade familiar e hospitais. Mais do que uma
remunerao justa, a remunerao indexada produtividade fundamental para
promover a justia e equidade meritocrtica, criando incentivos melhoria da
produtividade. Este modelo j existe nas USFs, e tem alcanado bons resultados.
Consideramos que este modelo, que premeia o trabalho e o mrito, justo face a uma
tabela salarial nica, e que dever ser introduzido transversalmente em todo o SNS.
Como financiar o Servio Nacional de Sade?
Apostando num princpio baseado no desempenho, aquilo a que comummente se
chama financiamento do SNS por outcomes. Os recursos so escassos e tm de ser
distribudos de acordo com as necessidades. As assimetrias geogrficas so cada vez mais
evidentes. O pas vai envelhecendo e a sua populao vai-se tornando progressivamente
mais sujeita a problemas de sade, aumentando a presso sobre o Servio Nacional de
Sade.
Estabelecendo critrios concretos, descriminando positivamente a pertinncia social e o
servio que prestado localmente para l das questes ligadas sade, teremos a
capacidade de ajustar o financiamento onde ele preciso, no desperdiando, no
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esbanjando. E sendo mais eficientes poderemos confiar num Servios Nacional de Sade
mais capaz de ajudar quem precisa e mais motivador de quem nele trabalha.
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POLTICA EUROPEIA
A Unio Europeia segue o rumo que gostaramos?
Os ganhos em pertencer Unio Europeia so inquestionveis e as conquistas
incontornveis. No apenas na esfera econmica, mas sobretudo social. Nveis de coeso,
estabilidade e segurana nunca antes experimentados nestas fronteiras so garante de
maior bem-estar e desenvolvimento.
Mas essas fantsticas conquistas no nos devem conformar, nem so sinal de que tudo
est bem. A UE deve ser construda sob a batuta da exigncia e da participao.
A forma como as decises tm sido tomadas so opostas a essa premissa. A UE tem vindo
a trilhar um caminho nico, sem retorno, pouco participado e bastante questionvel
nalguns passos que assume. Nomeadamente, nalguns exemplos de declarada
interveno supra-estatal sobre a Economia, como se passou no recente caso BANIF.
No nos conformamos num aprofundamento do projeto europeu nomeadamente ao
nvel financeiro, isto com uma poltica financeira comum sem contrariarmos o caminho
que unilateralmente tem vindo a ser feito.
No nos conformamos com um aprofundamento do projeto que no leve em conta as
diferenas entre os povos e tente criar um presidente ou primeiro-ministro europeu,
com legitimidade democrtica duvidosa. As naes europeias precisam de cooperar e
partilhar um mercado livre. Mas no podem deixar de ser naes independentes, com
soberania real. A histria europeia frtil em exemplos de como tentar o contrrio levou
a guerras e sofrimento dos povos.
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Que futuro queremos para Portugal na UE?
Julgamos que Portugal abdicou de parte da sua soberania e no dever transferir outra
parte sem garantir que:
A integrao econmica e monetria real e equilibrada e no deve servir
outros interesses econmicos, nomeadamente, por via de aes que firam o
mercado livre e princpios basilares da concorrncia;
A UE no um enorme enrodilhado burocrtico, limitador na iniciativa privada
e dificultador da vida das famlias e das empresas, sobretudo quando no
igualmente exigente com outras geografias de quem importa bens e servios.
No um depsito de esperanas para onde se transferem instrumentos de
deciso e soberania que na realidade no reforam a sua capacidade de
adaptao, competitividade ou proteo a crises e outros fenmenos, mas antes
dificultam as suas resolues.
A transferncia de soberania no recai em rgos tecnocrticos que no esto
sujeitos ao escrutnio de eleies, mas antes que o modelo politico garanta uma
efetiva responsabilizao dos agentes polticos, por parte dos cidados europeus.