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Boletim DE DIVULGAÇÃO Nº62 Teste da Eficácia de uma Ração Comercial de Frango para Alimentar Tilápia nilótica em Tanques de Betão em Moçambique Maputo, Outubro de 2015 Instituto Nacional de Investigação Pesqueira

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BoletimDE DIVULGAÇÃO Nº62

Teste da Eficácia de uma Ração Comercial de Frango para Alimentar Tilápia nilótica em Tanques de Betão

em Moçambique

Maputo, Outubro de 2015

Instituto Nacional de Investigação Pesqueira

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Repartição de Documentação e Informação

Instituto Nacional de Investigação PesqueiraCaixa Postal 4603Av: Mao Tse Tung 389Telefone: 21 490536, 21 490307, 21 499963Fax: 21492112Maputo - Mocambique

Paula Santana AfonsoAtanásio Brito

Atanásio BritoLizette SousaOsvaldo ChacateZainabo MasquineElisa Ofinar

Fligência Djedje

5887/rlinld/2009

Direcção:

A Comissão Editorial:

Capa, Layout, Arranjos e Maquetização:

N de Registo

O Boletim de Divulgação é uma publicação do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) que tem por objectivo levar ao sector pesqueiro informação que lhe pode ser útil. Assim, neste boletim não se publicam apenas resultados dos trabalhos feitos no instituto; publicam-se também trabalhos feitos nas empresas de pescasa noutrosorganismos que produzem informação de interesse para o sector. O boletim também divulga artigos baseados em informação contida na literatura técnica especializada recebida pela Repartição de Documenteção e Biblioteca

Cópias adicionais desta e outras publicações do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira poderão ser solicitados a:

As opiniões expressas neste estudo são dos autores e não reflectem necessariamente as opiniões do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP) ou o mandato deste. O conteúdo desta publicação/relatório ou parte da mesma, não deverá ser reproduzida, sem referência explicita da fonte (citação devida).

Título:

Publicação: Boletim de Divulgação n° 62 Instituto Nacional de Investigação Pesqueira, Maputo.16p.

Autor: MURAMA José, MALICHOCHO Celina e MUIOCHA Delfina; Ano: 2015Teste da Eficácia de uma Ração Comercial de Frango para Alimentar Tilápia Nilótica em

Tanques de Betão em Moçambique, Local:

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Boletim de Divulgação nº 62

Maputo, Outubro de 2015

Instituto Nacional de Investigação Pesqueira

Por:

José Murama, Celina Malichocho e Delfina Muiocha

Teste da Eficácia de uma Ração Comercial de Frango para Alimentar Tilápia nilótica em Tanques de Betão

em Moçambique

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ÍNDICE

1. Introdução.............................................................................................................................................05

2. Objectivos.............................................................................................................................................062.1. Geral......................................................................................................................................062.2. Objectivos específicos............................................................................................................06

3. Material e método..................................................................................................................................073.1. Metodologia............................................................................................................................073.2. Desenho experimental............................................................................................................073.3. Procedimento experimental....................................................................................................083.4. Avaliação do crescimento e da sobrivivência...........................................................................083.5. Avaliação da qualidade de água...............................................................................093.6. Análise de dados.....................................................................................................................10

4. Resultados e discusão........................................................................................................................104.1. Avaliação da qualidade de água..............................................................................................104.2. Avaliação do crescimento e da sobrivivência...........................................................................12

5. Conclusões...........................................................................................................................................14

6. Conclusão.............................................................................................................................................14

7. Referências bibliografia.........................................................................................................................14

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Resumo

O presente estudo teve como objectivo avaliar a taxa de crescimento dos alevinos revertidos de peixe tilapia nilótica

Oreochromis niloticus ou Tilapia nilotica alimentados com a ração do Higest® que é peletizada e apresenta um nível

proteico de 30%, sendo uma ração comercial e amplamente disponível em Moçambique mas formulada para frangos.

Para efeitos de controlo, foi usada a ração AQUA-plus® que é uma ração extrusada que contém 45% de proteína típica

para peixes e importada da Africa do Sul. O estudo foi conduzido no Laboratório de Pré-testagem do Instituto de

Investigação Pesqueira em Maputo. O aparato experimental era composto por seis tanques rectangulares de betão com 3 capacidade de 600 m cada sendo três tanques para o tratamento e outros três para controlo. No período de 91 dias (16 de

Agosto a 14 de Novembro de 2013) foram povoados em cada tanque 91 alevinos de Tilapia niloticus cujo peso e

comprimento médio total no início era de 0,68±0,29 g e 3,25±0,48cm respectivamente. O crescimento foi

acompanhado por meio de biometrias quinzenais. Diariamente eram monitorados parâmetros físico-químicos da água.

As variáveis físico-químicas nos tanques, não apresentaram diferença significativa (P> 0,05), água apresentou

condições limnológicas razoáveis para o crescimento do peixe, com excepção da temperatura que se apresentava baixa o

com 21,82 C e o oxigénio dissolvido que esteve em torno de 3,14 ± 0,17 mg/L. Os peixes alimentados com a ração de

controlo da AQUA – Plus® obteve relativamente um maior ganho de peso (5,02 ± 0,97 g) e comprimento (3,30 ± 1,32

cm) e melhor índice de conversão alimentar (0,33 ± 0,77) em comparação com a ração experimental da Highest® cujo

índice de conversão foi de 0,38 ± 0,85. Os resultados demonstram a necessidade de alimentar alevinos de tilapia com

uma dieta formulada para atender as exigências nutricionais específicas de peixes. Desta forma, não se recomenda o

uso da ração Higest®, de frangos para alimentar peixes.

Palavras-chave: Oreochromis niloticus, ração, alevinos revertidos.

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1.Introdução

Entre as espécies de peixes cultivadas, o grupo das tilápias é o segundo em volume de produção no mundo (Nayloret

al., 2000) e o terceiro em geração de renda (Borghetti et al., 2003). A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, é uma

espécie omnívora (Philippart; Ruwet, 1982), que se alimenta de detritos, algas verdes e cianofíceas, diatomáceas,

macrófitas e bactérias (Bowen, 1982). Esta espécie é a mais recomendada para cultivo em muitas partes do mundo

devido à sua extensa distribuição geográfica, habilidade para se reproduzir em cativeiro, potencial económico e preço

de mercado competitivo, além de crescimento rápido e boa rusticidade (Borges, 2002; Boscolo et al., 2002). As tilápias

possuem características desejáveis por terem boa aceitação e elevado valor comercial, excelente conversão alimentar e

consequentemente custos de produção relativamente baixos.

A produção de tilápias no mundo alcançou 2,02 milhões de toneladas em 2005 e foi responsável por 6,7% da produção

global de peixes cultivados (FAO, 2007). Actualmente, a aquacultura tem alcançado importante espaço no cenário

mundial com o cultivo de peixes, devido à depleção nos manaciais pesqueiros naturais. Entretanto, para que haja uma

maior expansão de produtividade é necessário que as dietas oferecidas atendam suas exigências nutricionais através do

uso de rações balanceadas (Araujo, 2010).

O desenvolvimento da piscicultura de água doce é considerado pelo Governo de Moçambique como uma actividade

prioritária, visto que existe um vasto potencial de recursos hídricos, terra e espécies de peixes nativas apropriadas para

o cultivo. Estes recursos são acessíveis às comunidades rurais. Em colaboração com outras instituições públicas e

privadas, o governo apoia a prática da actividade piscícola junto dos camponeses do interior com o objectivo de

fornecer proteína animal fresca e de baixo custo às populações, criar emprego, aumentar o rendimento familiar,

produzir excedentes de peixe para exportação e promover o desenvolvimento rural.

Porém, existem alguns constrangimentos para o desenvolvimento sustentável da piscicultura de água doce, alguns dos

quais a falta de ração e provavelmente também de alevinos de qualidade a nível nacional.

Para a aquacultura são preferidos organismos que alcancem tamanho comercial no menor intervalo de tempo, em

condições economicamente vantajosas (Arana, 2004). Considerando que a proteína é o nutriente mais caro da dieta, é

importante determinar sua concentração mínima para proporcionar crescimento máximo dos animais (Clark et al.,

1990).

As tilápias revertidas apresentam crescimento superior em relação a fêmeas e machos que não foram submetidos ao

tratamento hormonal (Proença e Bittencourt, 1994). O maior ganho dos peixes submetidos à reversão sexual sugere

maior exigência de proteína, uma vez que esse nutriente representa a maior percentagem da matéria seca da carcaça

(Lundstedt, 1999). As rações comerciais para tilápias possuem 25 a 40% de proteína bruta, o que implica em elevada

participação de ingredientes proteicos, que correspodem a mais de 50% de seu custo total de produção.

Na piscicultura, como em qualquer outro tipo de criação de animais, é de fundamental importância o aumento da

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produtividade de forma economicamente viável e sustentável. Segundo Furuya et al., (2001) citado por Araújo (2010),

o aumento da produtividade requer a utilização de rações completas, pois o alimento natural não é capaz de atender às

exigências nutritivas dos peixes, principalmente quando criados em sistemas intensivos e superintensivos, nos quais a

elevada biomassa por área e as deficiências ou desbalanços de nutrientes podem acarretar perdas de produtividade e

consequentemente, menor retorno económico.

Este estudo pretende conhecer a eficiência alimentar da da ração Higest® com 30% de proteína bruta em

forma de pellets que é produzida e disponível no mercado Moçambicano. Esta é usada para a alimentaçãode

frangos e é mais barata que as rações formuladas para peixes, que não há produção nacional da mesma. Espera-

se que a potencial aplicação para a piscicultura da ração Higest® poderá representar ganhos para as

comunidades de piscicultores de Moçambique. O estudo foi realizado com alevinos revertidos de

Oreochromis niloticus produzidos por uma empresa baseada em Maputo, Moçambique e que fornece a maior

parte dos alevinos de tilápia do Nilo usados na aquacultura moçambicana.

2. Objectivos

2.1.Geral

§Avaliar o efeito da ração de galinha Highest® no crescimento de tilápia Oreochromis niloticus durante a fase

da alevinagem.

2.2. Objectivos específicos

§Estimar a variação dos parâmetros zootécnicos dos alevinos de tilápia Oreochromis niloticus alimentados com

a ração comercial de frango da Highest®;

§Avaliar o crescimento em peso e comprimento dos alevinos alimentados com a ração da Highest®

comparando a com alevinos alimentados com a ração de controlo, a formulada comercialmente para peixe,

AQUA – Plus ®.

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3. Materiais e Métodos

3.1. Metodologia

O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Pré-testagem do IIP, onde foram utilizados alevinos revertidos de

Tilápia nilótica provenientes da Empresa Xibaha – Chamanculo, Maputo. Foram obtidos 600 alevinos com um peso

médio de 0,02 ± 2,53g e foram transportados em embalagens plásticas providas de oxigénio dissolvido em água. Os

alevinos foram distribuídos e acomodados em tanque-betão, onde foram mantidos por 60 dias até alcançarem

aproximadamente 1 g, durante este período de adaptação o ganho de peso foi baixo em relação ao esperado

provalmente por ter sido no inverno (Junho e Julho) e como é sabido quando as temperaturas são baixas a tilapia reduz o

consumo alimentar e consequentemente o peso é baixo.

A experiência decorreu num período de 91 dias, de 16 de Agosto a 14 de Novembro de 2013. O período experimental

teve início com um lote total de 546 alevinos de Oreochromis niloticus, distribuídos aleatoriamente em seis tanques de 3betão. Os tanques de betão apresentam um volume de 600m , sendo que cada um dos tanques albergava 91 peixes, o que

3corresponde a uma densidade aproximada de 0,15 peixes/m . Os alevinos da Tilápia nilótica apresentavam um peso

médio inicial de 0,68±0,29 g, e comprimento médio inicial de 3,25±0,48 cm.

3.2. Desenho experimental

O aparato experimental era composto por seis tanques rectangulares de betão com dimensões de 1,3 m de comprimento 3

x 0,6 m largura x 0,8 m de profundidade com capacidade de 600 m cada, em sistema semi-fechado de recirculação de

água do laboratório. O delineamento experimental é ilustrado na Figura 2a. Os três tanques do tratamento experimental

e os três do controlo foram distribuídos alternadamente (Figura 1a, b, c). Os alevinos em três tanques recebiam como

alimento a ração A2 da HIGEST ®, Moçambique formulada para a dieta de frangos com 30% de teor proteico e

peletizada. Outros três tanques, servindo de controlo, foram alimentados com a ração AQUA-Plus® da Avi Products

importada da Africa do Sul, a qual é formulada para a dieta de peixes tilápia com 45% de nível protéico.

Uma bomba de ar de marca Resun modelo LP-60 com um output de 70l/min foi usada para manter uma boa oxigenação

dos tanques (Figura 1 d, e).

7

1a)

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Figura 1: Esquema de distribuição dos tanques para o tratamento e controlo no laboratório de pré-testagem no IIP e bomba de ar para oxigenação.

3.3. Procedimento experimental

-1A taxa inícial de alimentação foi de 10% da biomassa total povoada de cada tanque dia , sendo a dieta experimental e de

controlo oferecidas duas vezes ao dia (07:00 e 17:00 h) respectivamente para cada grupo, e ajustada após as biometrias

quinzenais, como pode ser visto na fórmula abaixo:

Ração=nº. de peixe x pesox 10%/100........................................................(1)

3.4. Avaliação do crescimento e da sobrevivência

O crescimento foi acompanhado por meio de biometrias quinzenais. A pesagem foi feita por meio de balança

electrónica com precisão de 0,01 g, e o comprimento padrão (extremidade cranial até ao pedúnculo caudal) com ajuda

de um ictiometro (cm). Sendo determinados os seguintes parâmetros de desempenho: taxa de sobrevivência (TS),

ganho em peso médio diário (GPD), biomassa total (TB), taxa de crescimento específico (TCE), factor de conversão

alimentar (FCA). As seguintes equações foram utilizadas no cálculo destes parâmetros:

-1Para a determinação da taxa de crescimento específico (% dia ) recorreu a equação descrita por Glencross et al. (2007):

TCE=((lnP -lnP )/T)*100.................................................................................(2)f i

8

(

(

(

(

1b)

1d)

1c)

1e)

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Onde:

P – Peso médio finalf

P – Peso médio inicial i

T – Tempo

Ganho de peso (GP):GP=P -P .......................................................................(3)f i

Onde:

P – Peso médio finalf

P – Peso médio iniciali

Consumo de ração (CR):CR=consumo total de ração (g)/no de peixes final......(4)

Conversão alimentar (CA): CA=CR/GP.........................................................(5)

Taxa de sobrevivência (TS) - %:TS=(N *100)/Ni..............................................(6)f

Onde:

N – número final de indivíduosf

N – número inicial de indivíduos i

3.5. Avaliação da qualidade de água

Diariamente eram monitorados parâmetros físico-químicos da água, tais como temperatura e pH, e os níveis de

oxigénio dissolvido, amónia, nitritos, nitratos eram monitorados semanalmente. Para as medições de pH e temperatura

foram usadas um pH-metro portátil de marca HANNA modelo HI991300; para as medições de oxigénio dissolvido

(OD), amónia, nitritos e nitratos foi usado um multiparâmetro HANNA HI 83203 Aquaculture Photometer.

A limpeza dos tanques era feita semanalmente e consistia na remoção dos resíduos, e restos de comida e limpeza geral

do tanque.

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Figura 4:Multiparamêtros usados para análise da qualidade de água nos tanques de experiência. (a) Espectrofotometro multiparâmetro e (b) pH metro portátil.

3.6. Análise de dados

Para comparar os níveis de crescimento sobre o ganho de peso, taxa de sobrevivência, o factor de conversão alimentar

os dados foram sujeitos a análise de variância (ANOVA), complementada pelo teste de agrupamento de médias (Teste

de Tukey), a nível de significância de 5%, que serviu para comparar os níveis de crescimento sobre o ganho de peso,

taxa de sobrevivência, ganho de biomassa, conversão alimentar aparente e produtividade

4. Resultados e Discussão

4.1. Avaliação da qualidade de água

As variáveis físico-quimicas nos tanques variaram de acordo com a Tabela 1. A maioria dos parâmetros esteve dentro o o

da faixa aceitável, com excepção da temperatura que foi de cerca de 21,80 C para a ração da AQUA – Plus® e 21,82 C o

para ração do Higest® que é abaixo da faixa de conforto para tilapia cujo intervalo óptimo é de 26 a 32 C Kubitza 1998

e também do oxigénio dissolvido cujo óptimo para crescimento da tilapia é acima de 5 mg/L e durante o estudo a média

do nível do oxigénio foi de 2,97 mg/L para ração da AQUA – Plus® e 3,14 mg/L para ração do Higest®

respectivamente.

.

10

(a) (b)

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oTabela 1: Valores médios de temperatura ( C), pH, oxigénio dissolvido (mg/l), amónia (NH -N, mg/l), nitrito (NO -N, mg/l) e nitrato da água por tratamento 3 2

durante a experiência.

As – Ração sul-africanaAQUA Plus ®, Hg – Ração de Frango A2 da Highest ®

O pH médio durante o cultivo foi de 8,1 para ambos tratamentos, mantendo-se dentro da faixa adequada (6-9) para a

produção da maioria das espécies de peixes. De acordo com Kubitza (1998), valores de pH de 6,5 a 9,0 são mais

adequados à produção de peixes. Estes resultados corraboram com os encontrados por Resende et al., (1985); Graef et

al., (1987) e Merola e Henrique de Sousa (1988) que obtiveram bons resultados cultivando peixes com pH variando de

4,9 a 8,3.

Os tanques que receberam tratamento com a dieta experimental Highest ® tiveram valor mais alto de Oxigénio

dissolvido (3,14 mg/l) comparativamente ao controlo As (2,91 mg/l) ração sul africana.

Os níveis de amónia total registraram valores médios de 1,21±1,37 mg/l para o controlo As e 0,44±0,36 mg/l para o

tratamento Hg, encontrando-se apenas o tratamento Hg dentro da faixa de conforto para os animais. O valor médio dos

nitritos foi de 2,91±3,51 mg/l para o controlo As e 3,23 ± 6,85 mg/l para os tanques experimentais, o que indica que

ambos estiveram fora da faixa de conforto que é de 0,1 mg/l, conforme Boyd, (1997).

11

Parâmetros Dieta (PB) Faixa ideal

Tanques

Controlo As

(45%)

Tanques

Experimentais Hg

(30%)

Temperatura 21,80 ± 1,76 21,82 ± 1,79 26-32ºC

pH 8,10 ± 0,42 8,11 ± 0,32 6,0 a 9,0

Oxigénio dissolvido 2,97 ± 1,43 3,14 ± 1,70 Acima de 5,0 mg/l

Nitrito 2,91 ± 3,51 3,23 ± 6,85 2,0 mg/l para pH de 7,5

a 8,0

Nitratos 5,32 ± 4,51 1,81 ± 2,50 10mg/l

Amónia 1,21 ± 1,37 0,44 ± 0,36 1,0 mg/l para pH 8,0 a

8,5

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4.2. Avaliação do crescimento e da sobrevivência

Os alevinos de Oreochromis niloticus no início da experiência apresentaram peso inícial médio de 0,68±0,29 g e

comprimento médio inicial de 3,25±0,48 cm. Verificou-se que os alevinos apresentavam uma grande variabilidade de

peso e comprimento entre si, isto pode resultar do facto de originarem de proles diferentes.

Os valores de peso e comprimento médio dos alevinos nos dois tratamentos nos 91 dias que decorreu a experiência

estão apresentados nas figuras 5 e 6.

Figura 5: Evolução do peso médio dos alevinos de Oreochromis niloticus durante 91 dias no controlo (AS) e tratamento (Hg), respectivamente. As – Ração AQUA-

Plus ®, Hg – Ração de Frango A2 da Higest ®.

Figura 6: Evolução do comprimento médio dos alevinos de Oreochromis niloticus durante os quatro (4) meses nos no controlo (As– Ração AQUA-Plus ®) e

experimental (Hg – Ração de Frango A2 da Higest®).

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Os valores de peso final, ganho de peso total, conversão alimentar, consumo de ração, taxa de crescimento específico e

taxa de sobrevivência estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Peso final (g), ganho de peso (g), conversão alimentar, consumo de ração (g individuo), taxa de crescimento (% dia) e taxa de sobrevivência (%) de

Oreochromis niloticus durante a experiência.

As – Ração AQUA-Plus ®, Hg – Ração da Higest®

A ração experimental da Highest ® usada para alimentar alevinos de O. niloticus durante esta experiência apresentou

crescimento em peso e comprimento mais baixo no fim da experiência quando comparada a ração de controlo, AQUA-

Plus®.

Ono e Kubitza (2003) afirmam que quando utilizadas rações de boa qualidade, os índices de conversão alimentar

devem variar de 1,4 a 1,8 porém, os resultados observados no presente experimento estiveram muito abaixo do

desejado, observando-se valores entre 0,33 a 0,38.

A taxa de crescimento específico foi maior nos alevinos alimentados com a ração AQUA - Plus®, de controlo, no

13

Parâmetro Dieta

Controlo As (45%) Experimental Hg (30%)

No de inicial peixe 273 273

No final de peixes 262 263

Comprimento médio inicial 3,25 ± 0,48 3,25 ± 0,48

Comprimento médio final 6,55 ± 1,34 6,18 ± 0,97

Peso médio inicial 0,68 ± 0,29 0,68 ± 0,29

Peso médio final 5,70 ± 2,79 4,95 ± 2,77

Ganho de peso 5,02 ± 0,97 4,29 ± 1,06

Ganho de comprimento 3,30 ± 1,32 2,93 ± 1,25

Conversao alimentar 0,33 ± 0,77 0,38 ± 0,85

Consumo de racao 1,65 1,64

Taxa de crescimento 2,03 ± 0,39 1,89 ± 045

Taxa de sobrevivência 96 ± 6,02 96 ± 1,25

Duração da experiência (dias) 91 91

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entanto os resultados da ração experimental da Highest® também estão dentro da faixa desejada. Varios autores

encontraram taxas de crescimento específico de 1,77 a 2,04 para a mesma espécie deste estudo (Carmo 2003).

5. Conclusão

Os peixes alimentados com a ração experimental Highest® tiveram menor taxa de crescimento, conversão alimentar e

peso médio final em relação aos peixes alimentados com a ração de controlo AQUA - Plus® concluindo-se que são

rações que não satisfazem as exigências nutricionais específicas para esta espécie proporcionando baixo

desenvolvimento do peixe.

oAs baixas temperaturas de 21,82 C registadas durante o período do estudo contribuiram para o fraco crescimento dos

peixes em estudo alimentados com as duas rações.

6. Recomendações

Dado que durante o período que o estudo correu a temperatura média esteve abaixo da faixa de conforto para tilapia, e o

peixe alimentado com a ração AQUA Plus ® mesmo com o nível proteico de 45%, não apresentou bons resultados ozootécnicos recomenda-se que o mesmo seja feito numa época em que a temperatura seja óptima 26 a 32 C.

7. Referências bibliográficas

Arana, L.A.V., 1997. Princípios químicos da qualidade de água em Aqüicultura. Florianópolis: UFSC.143p.

Araújo J.R. 2010. Avaliação de alimentos alternativos regionais para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Tese

de mestrado. Universidade Federal do Vale do São Francisco. 70p.

Borges A.M., 2002. Piscicultura. Brasília: EMATER. 36p.

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