daniela alves dos santos

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DANIELA ALVES DOS SANTOS REAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.) AOS NEMATÓIDES DE GALHAS E DE LESÕES RADICULARES. MARINGÁ PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO 2010

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Page 1: DANIELA ALVES DOS SANTOS

DANIELA ALVES DOS SANTOS

REAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.) AOS

NEMATÓIDES DE GALHAS E DE LESÕES RADICULARES.

MARINGÁ PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO 2010

Page 2: DANIELA ALVES DOS SANTOS

DANIELA ALVES DOS SANTOS

REAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.) AOS

NEMATÓIDES DE GALHAS E DE LESÕES RADICULARES.

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração de Proteção em Plantas, para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Dr. Eliezer Rodrigues de Souto.

MARINGÁ PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO 2010

Page 3: DANIELA ALVES DOS SANTOS

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

Santos, Daniela Alves dos

S237r Reação de variedades de cana-de-açúcar (Saccharum

spp.) aos nematóides de galhas e de lesões radiculares

/ Daniela Alves dos Santos. -- Maringá, 2010.

58 f. : tabs.

Orientador : Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, 2010.

1. Cana-de-açúcar (Saccharum spp.) - Nematóides das

galhas (Meloidogyne spp.) - Controle varietal. 2.

Cana-de-açúcar (Saccharum spp.) - Nematóides das

lesões radiculares (Pratylenchus spp.) - Controle

varietal. 3. Nematóide das galhas (Meloidogyne spp.) -

Cana-de-açúcar (Saccharum spp.). 4. Nematóides das

lesões radiculares (Pratylenchus spp.) - Cana-de-

açúcar (Saccharum spp.). I. Souto, Eliezer Rodrigues

de, orient. II. Universidade Estadual de Maringá.

Programa de Pós-Graduação em Agronomia. III. Título.

CDD 21.ed. 633.6196257

Page 4: DANIELA ALVES DOS SANTOS

ii

Dedico Ao Maurício, pelo amor, carinho,

incentivo e dedicação, me ajudando e fortalecendo a trilhar este caminho.

Aos meus pais, Walter e Marli, minha avó Orzília, que me deram carinho, incentivo, confiança e compreensão em todos

os momentos da minha vida. Aos meus irmãos, Danilo e Gabriel.

Page 5: DANIELA ALVES DOS SANTOS

iii

AGRADECIMENTOS

Ao Orientador, Dr. Eliezer Rodrigues de Souto, por dar oportunidade para

a realização deste mestrado, pelo apoio e amizade.

A Co-Orientadora, Drª Claudia Regina Dias Arieira, pelo constante apoio

desde o início de minha vida acadêmica, pela grande amizade, motivação,

lições de vida e admirável espírito humano e profissional.

Aos professores Dr. João Batista Vida e Dr. Dauri José Tessmann, pela

co-orientação, incentivo e amizade.

Ao professor Dr. Robinson Contineiro, pelas explicações sobre a cultura

da cana-de-açúcar.

Aos Professores e Pesquisadores Dr. Edelclaiton Daros e Dr. Heroldo

Weber da Universidade Federal do Paraná pela disponibilização dos materiais

utilizados no estudo, valiosas sugestões, incentivo e amizade.

Ao Engenheiro Agrônomo Dr. Fernando Patarro do Centro Tecnológico

Canavieiro pelo apoio, incentivo e amizade.

Ao Engenheiro Agrônomo Ronaldo Lopes da Usina Sabarálcool pela

disponibilidade de materiais e amizade.

A todos os estagiários do laboratório de Fitopatologia da Universidade

Estadual de Maringá – Campus Umuarama, principalmente Fabio Biela,

Klayton Flavio Milani, Thiago Alberto Ortiz e Marcelo Locks das Silva.

Aos amigos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia,

especialmente as Engª. Agrônomas Patrícia C. Rosin, Claudia R. Scapin, Rosa

Grabriela Vargas e Simone Santana pela amizade.

A todos os colegas, professores e funcionários do Curso de Pós-

Graduação em Agronomia, especialmente para a secretária Érica, pelo

saudável relacionamento profissional e pessoal.

A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização

deste trabalho.

Enfim, a Deus, por proporcionar-me tudo isso, peço que Ele ilumine todos

aqueles que me apoiaram.

Page 6: DANIELA ALVES DOS SANTOS

iv

BIOGRAFIA DA AUTORA

DANIELA ALVES DOS SANTOS, filha de Walter Oleandro dos Santos e

Marli Alves dos Santos, nasceu em Douradina, Estado do Paraná, em 12 de

julho de 1984.

Ingressou na Universidade Estadual de Maringá, no curso de Agronomia,

no segundo semestre do ano de 2002, na qual recebeu o grau de Engenheira

Agrônoma no ano de 2006.

Fez estágio no Laboratório de Fitopatologia do Departamento de

Agronomia da Universidade Estadual de Maringá no ano de 2005 e 2006.

Também foi monitora voluntária da Disciplina de Fitopatologia do curso de

Agronomia, nesta mesma Instituição. Fez estágio no Laboratório de

Fitopatologia da EMBRAPA - Soja no ano de 2006.

Em março de 2008 iniciou o curso de Mestrado em Agronomia, Área de

Concentração Proteção de Plantas, no Programa de Pós-Graduação em

Agronomia da Universidade Estadual de Maringá.

Page 7: DANIELA ALVES DOS SANTOS

v

ÍNDICE AGRADECIMENTOS...................................................................................................iii BIOGRAFIA DA AUTORA...........................................................................................iv LISTA DE TABELAS....................................................................................................vi RESUMO ................................................................................................................... vii

ABSTRACT ................................................................................................................ ix

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 4

2.1. Aspectos gerais da cana-de-açúcar ................................................................. 4

2.2 Fitonematóides associados à cultura da cana-de-açúcar .................................. 6

2.2.1. Pratylenchus spp........................................................................................ 6

2.2.2 Meloidogyne spp. ........................................................................................ 8

2.2.3. Outros nematóides ..................................................................................... 9

2.3. Manejo de fitonematóides na cana-de-açúcar ................................................ 11

2.3.1. Controle alternativo .................................................................................. 11

2.3.2. Controle químico ...................................................................................... 13

2.3.3. Controle varietal ....................................................................................... 15

3. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 19

CAPÍTULO I: REAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇUCAR AOS NEMATÓIDES DE GALHAS ..................................................................................... 27

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 29

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 31

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 33

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 40

CAPÍTULO II: SUSCETIBILIDADE DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR A Pratylenchus brachyurus E P. zeae ....................................................................... 43

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 45

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 47

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 49

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 55

Page 8: DANIELA ALVES DOS SANTOS

vi

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne javanica em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. ................................................................................................................ 34

Tabela 2 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne javanica em variedades de cana-de-açúcar do grupo RB, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. ................................................................................................................ 35

Tabela 3 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne incognita em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. ................................................................................................................ 36

Tabela 4 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne incognita em variedades de cana-de-açúcar do grupo RB, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. ................................................................................................................ 37

Tabela 5 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne paranaensis em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. ............................................................................... 38

CAPÍTULO II

Tabela 1 - População final (Pf) e fator de reprodução (FR) de Pratylenchus brachyurus em cana-de-açúcar, número de nematóides no milho cv. Milho Verde (bioteste) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 500 espécimes do nematóide. .................... 50

Tabela 2 - População final (Pf) e fator de reprodução (FR) de Pratylenchus zeae em cana-de-açúcar, número de nematóides no milho (bioteste) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 500 espécimes do nematóide.......................................................... 54

Page 9: DANIELA ALVES DOS SANTOS

vii

RESUMO

SANTOS, Daniela Alves, MSc., Universidade Estadual de Maringá,

fevereiro de 2010. Reação de variedades de cana-de-açúcar (Saccharum

spp.) aos nematóides de galhas e de lesões radiculares. Professor

Orientador: Dr. Eliezer Rodrigues de Souto.

O cultivo de cana-de-açúcar cresce de forma acelerada em várias regiões do

Brasil. Contudo, é importante ressaltar que diversos patógenos podem ser

limitantes à produção desta cultura, dentre eles os nematóides das galhas

(Meloidogyne spp.) e de lesões radiculares (Pratylenchus spp.), que se

encontram disseminados por praticamente todas as regiões agrícolas do país.

Dentre os métodos de controle que visam reduzir a população destes

organismos nos canaviais cita-se o uso de variedades resistentes, porém há

uma carência de informações a respeito da reação das mesmas aos

nematóides supracitados. Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar a

suscetibilidade de variedades de cana-de-açúcar a Meloidogyne incognita, M.

javanica, M. paranaensis, Pratylenchus zeae e P. brachyurus. Para isto, mudas

das variedades a serem estudadas foram inoculadas com 4000 ovos, para o

gênero Meloidogyne, ou 500 espécimes, para Pratylenchus, permanecendo em

casa de vegetação por 60 dias. Posteriormente, as plantas foram retiradas dos

vasos e avaliadas quanto à altura, peso fresco e seco da parte aérea, peso

fresco de raiz e população final de nematóides no sistema radicular, para o

cálculo do fator de reprodução (FR). Após a retirada da cana-de-açúcar, cada

vaso recebeu uma muda de tomateiro cv. Santa Cruz Kadá ou milho cv. Milho

Verde, para o bioteste de Meloidogyne e Pratylenchus, respectivamente. Os

resultados indicaram que as variedades não apresentaram reação de

imunidade. Apenas a variedade CTC 17 apresentou FR < 1, sendo este para

M. incognita, porém, ela esteve entre aquelas que tiveram maiores reduções

nos parâmetros vegetativos. Os maiores FR para M. incognita, M. javanica e M.

paranaensis foram para as variedades CTC 5 (FR = 3,9), RB946016 (FR = 4,6)

e CTC 15 e RB72454 (FR = 3,3), respectivamente. Para P. brachyurus o menor

FR foi observado para CTC 4, sendo esta a única cultivar com FR < 1 para este

Page 10: DANIELA ALVES DOS SANTOS

viii

nematóide, enquanto as variedades mais suscetíveis foram CTC 5, CTC 15 e

CTC 16, as quais apresentaram FR > 3. Quanto ao grupo RB, maiores FR

foram para RB976933, RB835054 e RB956911, sendo estes iguais a 2,9. Para

P. zeae, FR ≥ 3,0 foi observado para CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16 e

RB855156. A maior suscetibilidade aos nematóides nem sempre esteve

relacionada com maiores reduções nos parâmetros altura, peso fresco e seco

da parte aérea e peso fresco da raiz, indicando, em alguns casos, diferentes

níveis de tolerância.

Palavras-chave: controle, Meloidogyne, Pratylenchus, resistência, Saccharum

officinarum, tolerância.

Page 11: DANIELA ALVES DOS SANTOS

ix

ABSTRACT

SANTOS, Daniela Alves dos, MSc., Universidade Estadual de Maringá,

February 2010. Reaction of varieties of sugar cane (Saccharum spp.) to root-

knot nematode and root lesions. Advisor: Dr. Eliezer Rodrigues de Soto.

The cultivation of sugar cane grows at a rapid pace in various regions of Brazil.

However, it is important to note that many pathogens may be limiting the

production of this culture, among them the root-knot nematodes (Meloidogyne

spp.) and the root lesions nematodes (Pratylenchus spp.), which are spread

across almost all the agricultural regions in the country. Among the control

methods to reduce the population of these organisms in sugar cane, it is

mentioned the use of resistant varieties, but there is a lack of information about

their reaction over the nematodes mentioned above. Thus, the objective of this

study was to evaluate the susceptibility of varieties of sugarcane to

Meloidogyne incognita, M. javanica, M. paranaensis, Pratylenchus zeae and P.

brachyurus. For this purpose, seedlings of these varieties were inoculated with

4000 eggs, for the genus Meloidogyne, or 500 specimens, for Pratylenchus, the

inoculed plants were maintained at a greenhouse for 60 days. Subsequently,

the plants were removed from the pots and measured for height, fresh and dry

weight from the shoot, fresh root and final population of nematodes in the root

system, to calculate the reproduction factor (FR). After the removal of

sugarcane plants, each pot received a seedling of tomato cv. Santa Cruz Kadá

or corn cv. Milho Verde, for the biotest of Meloidogyne and Pratylenchus,

respectively. The results indicated that the varieties showed no immune

reaction. The variety CTC 17 showed FR <1, for to M. incognita, however, it

was among those that had the greatest reductions in the vegetation parameters.

The greatest FR for M. incognita, M. javanica and M. paranaensis were to the

varieties CTC 5 (FR = 3,9), RB946016 (FR = 4,6) and CTC 15 and RB72454

(FR = 3,3), respectively. For P. brachyurus the lowest RF was observed for

CTC 4, which was the only cultivar with RF <1 for this nematode, while the

most susceptible varieties were CTC5, CTC 15 and CTC 16, which presented

FR> 3. As for the RB group, higher FR were for RB976933, RB835054 and

Page 12: DANIELA ALVES DOS SANTOS

x

RB956911, which were equal to 2.9. For P. zeae, the FR ≥ 3.0 was observed

for CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16 and RB855156. The greatest

susceptibility to the nematodes was not always associated with greater

reductions in the parameters height, fresh and dry weight of the shoot and fresh

weight of the root, indicating, in some cases, different levels of tolerance.

Keywords: control, Meloidogyne, Pratylenchus, resistance, Saccharum

officinarum, tolerance.

Page 13: DANIELA ALVES DOS SANTOS

1

1. INTRODUÇÃO

A cultura da cana-de-açúcar está instalada em uma área superior a

seis milhões de hectares, com expectativa para a safra 2009/2010 de uma

produção de 629 milhões de toneladas (CONAB, 2009), destinados à

fabricação de açúcar, álcool, aguardente e também para a alimentação de

bovinos. No Estado do Paraná, na safra de 2008/2009, a cana-de-açúcar

ocupou uma área de 555 mil hectares, produzindo mais de 44 milhões de

toneladas de cana moída (ALCOPAR, 2010).

Há indícios no Brasil, de que o cultivo da cana-de-açúcar seja anterior

à época dos descobrimentos, mas seu desenvolvimento se deu posteriormente,

com a criação de engenhos e plantações com mudas trazidas pelos

portugueses. Já em fins do século XVI existiam vários engenhos espalhados

pelo litoral produzindo açúcar. Na década de 70, o Brasil tornou-se o maior

produtor de açúcar do mundo, com grande penetração no mercado europeu

perdendo em seguida a posição por vários anos. Em meados do século XVII,

com o início da produção do álcool combustível, o Brasil voltou a ser o maior

produtor mundial (MOZAMBANI, 2006)

Para manter esta posição, os programas de melhoramento genético da

cana-de-açúcar têm buscado novos genótipos de maturação precoce e com

elevado potencial em produtividade de açúcar, visando atender a crescente

necessidade de se aumentar o tempo de safra (OLIVEIRA, 2007).

Apesar do crescente aumento em área e produtividade que a cana-de-

açúcar apresentou nas últimas safras, diversos fatores podem ser limitantes da

produção. Neste contexto, destacam-se os nematóides fitoparasitas. Nas

diversas regiões produtoras de cana, com destaque para o Estado de São

Paulo, nordeste brasileiro e o noroeste do Paraná, as espécies Meloidogyne

javanica (Treub) Chitwood, Meloidogyne incognita (Kofoid e White) Chitwood e

Pratylenchus zeae Grahan tem sido constantemente assinaladas, sendo

apontada muitas vezes como limitantes da produtividade quando em altas

infestações (LORDELLO, 1981; NOVARETTI et al., 1988; MOURA et al., 1999;

DINARDO-MIRANDA, 2003; SEVERINO, 2007). Os nematóides, ao parasitar

as raízes, causam ferimentos ou modificam a fisiologia dos tecidos parasitados,

Page 14: DANIELA ALVES DOS SANTOS

2

podendo favorecer a destruição das mesmas, diretamente ou indiretamente,

pela ação de bactérias e fungos causadores de podridões de raízes. Em solos

arenosos, o complexo de nematóide aliado às deficiências nutricionais e

podridões de raízes pode destruir canaviais antes do primeiro corte (TOKESHI

e RAGO, 2005).

Vários métodos de controle têm sido estudados visando diminuir as

populações de fitonematóides na cultura da cana-de-açúcar a níveis abaixo do

limiar de danos econômicos, a exemplo do uso de nematicidas, rotação de

culturas, revolvimento do solo nas épocas mais quentes, variedades resistentes

ou tolerantes e incorporação de matéria orgânica (BARROS et al., 2000).

Nas últimas décadas, o controle dos nematóides, especialmente de

Meloidogyne spp, era feito pela adoção de uma única técnica isolada. Com a

evolução conceitual e metodológica associada aos novos conhecimentos sobre

biologia e ecologia dos nematóides, tornou possível a melhor manipulação de

dados epidemiológicos (MOURA, 1997). Desta forma, as indicações das

técnicas de controle da meloidogynose, e outras nematoses, devem seguir os

princípios de Whetzel, aplicados à fitopatologia (MOURA, 1997).

Neste contexto, medidas de exclusão são fundamentais para evitar a

introdução e disseminação do nematóide e a infestação de áreas ainda não

contaminadas. Técnicas de erradicação por sua vez visam eliminar o patógeno

já estabelecido no local, reduzindo significativamente as populações de

Meloidogyne; porém, na maioria das vezes a eliminação total do nematóide

não ocorre. Após alguns anos de plantio de uma variedade suscetível haverá

o ressurgimento das populações que atingirão novamente níveis de dano. A

técnica de proteção de plantas fundamenta-se no uso de nematicidas

sistêmicos. Já a imunização visa o controle da meloidogynose utilizando

variedades resistentes (MOURA, 1997). Esta última tem sido amplamente

preconizada, com o objetivo de reduzir os prejuízos causados por esses

fitoparasitas (NOVARETTI et al., 1988).

Para que tal medida de controle possa ser adotada, torna-se

necessário o conhecimento, entre outros fatores, do comportamento das

variedades em relação às espécies de nematóides fitoparasitas de importância

para a cultura (DINARDO-MIRANDA et al., 1995).

Page 15: DANIELA ALVES DOS SANTOS

3

Assim o presente trabalho teve como objetivo avaliar a suscetibilidade

de variedades de cana-de-açúcar aos nematóides das galhas (M. javanica, M.

incognita e M. paranaensis) e de lesões radiculares (Pratylenchus zeae e P.

brachyurus).

Page 16: DANIELA ALVES DOS SANTOS

4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Aspectos gerais da cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar é uma das poucas culturas a fornecer quantidades

comerciais de alimentos, fibras e combustível. É cultivada em mais de 80

países nos trópicos e subtrópicos e, em alguns destes países, é a principal

fonte de receita, por exemplo, na República Dominicana, Jamaica, Ilhas

Maurício e Suazilândia. O principal produto da cana é, naturalmente, o açúcar,

o nome dado aos cristais de sacarose (CADET e SPALL, 2005). Ela foi descrita

por Linneu, em 1753, que a classificou como Saccharum officinarum e

Saccharum spicatum (MOZAMBANI, 2006).

Originária da Nova Guiné, a cana-de-açúcar foi levada para o sul da

Ásia, onde foi usada, de início, principalmente em forma de xarope. A primeira

evidência do açúcar em sua forma sólida data do ano 500, na Pérsia

(MOZAMBANI, 2006). Típica de climas tropicais e subtropicais, a planta não

correspondeu às tentativas para cultivá-la na Europa. No século XIV, continuou

a ser importada do Oriente, embora se tivesse propagado, em escala modesta,

por toda a região Mediterrânea. A guerra entre Veneza e os turcos levou à

procura de outros centros abastecedores. Surgiram daí culturas nas ilhas da

Madeira, implantadas pelos portugueses, e nas Canárias, graças aos

espanhóis. Foi, contudo, a América que ofereceu à cana-de-açúcar excelentes

condições para o seu desenvolvimento. Mais tarde, as maiores plantações do

mundo se concentrariam neste continente. Depois de Colombo ter levado as

primeiras mudas para São Domingos, em sua segunda viagem (1493), as

lavouras estenderam-se à Cuba e outras ilhas do Caribe. A planta foi levada

depois por outros navegantes para as Américas Central e do Sul

(MOZAMBANI, 2006). A propagação desta no norte da África e sul da Europa

deve-se aos árabes, mesma época que os chineses a levaram para Java e

Filipinas (MOZAMBANI, 2006).

No Brasil, há indícios de que o cultivo da cana-de-açúcar seja anterior

à época do descobrimento, mas seu desenvolvimento se deu posteriormente,

com a criação de engenhos e plantações com mudas trazidas pelos

portugueses. Já em fins do século XVI, os estados de Pernambuco e Bahia

Page 17: DANIELA ALVES DOS SANTOS

5

contavam mais de uma centena de engenhos, tendo a cultura florescido de tal

modo que o Brasil até 1650, liderou a produção mundial de açúcar, com grande

penetração no mercado europeu. Depois de 1615, a cultura da cana atingiu o

planalto paulista, com a região de Itu destacando-se, no século XVII, como o

maior centro açucareiro de São Paulo. Em 1798, Frei Gaspar relatou que essa

cultura já estava negligenciada em Santos e em São Vicente (MOZAMBANI,

2006).

Em meados da década de 1970, a crise do petróleo tornou intensa a

produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, para utilização direta em

motores a explosão (hidratado) ou em mistura com a gasolina (anidro). Desde

então, o álcool combustível, saído de modernas destilarias que em muitos

pontos do país substituíram os antigos engenhos, passou a absorver parte

ponderável da matéria prima antes destinada, sobretudo, à extração de açúcar

(SEVERINO, 2007).

No final de 2003, a área mundial colhida da cana-de-açúcar totalizou

20,4 milhões de hectares, dos quais 26,2% eram localizados no Brasil, 22,6%

na Índia e 6,5% na China, sendo estes os três principais produtores mundiais.

A safra mundial de açúcar de 1997/1998 foi de 125,2 milhões de toneladas

métricas, contra 142,1 milhões de toneladas métricas em 2004/2005,

correspondendo a um incremento na produção de açúcar em torno de 13,5%.

Nesta mesma safra, o Brasil foi responsável por 19,8% da produção mundial de

açúcar, seguido pela União Européia que produziu 15,2% e pela Índia com

9,7% (Agrianual, 2006).

A cana-de-açúcar é alta e perene, as cultivares modernas são

complexos híbridos de Saccharum officinarum L. e S. spontaneum L.

(BUTTERFIELD et al., 2001). Plantas de cana-de-açúcar crescem em tufos

composto de números variados de hastes. Quando adulta as hastes são de

aproximadamente 2 a 3 m de comprimento e 20 a 30 mm de diâmetro. O caule

é composto de uma série de nós cada um dos quais possui uma gema axilar e

uma folha. O carboidrato é armazenado nos entrenós, principalmente a

sacarose. As cultivares modernas de cana normalmente contêm entre 11 e

14% de sacarose (CADET e SPALL, 2005).

Page 18: DANIELA ALVES DOS SANTOS

6

2.2 Fitonematóides associados à cultura da cana-de-açúcar

A diversidade de nematóides em cana-de-açúcar é maior do que na

maioria das outras plantas cultivadas, com mais de 310 espécies de 48

gêneros de nematóides endo e ectoparasitos já foram relatados associados as

suas raízes e / ou na rizosfera (CADET e SPAULL, 2005). Alguns gêneros são

particularmente difundidos em áreas canavieiras, tais como, Pratylenchus, com

pelo menos 20 espécies relatadas de cana em todo o mundo, Helicotylenchus,

com 35 espécies, e Meloidogyne, com sete espécies (CADET e SPALL, 2005).

No Brasil, dentre as espécies de fitonematóides mais importantes na

cultura da cana-de-açúcar, tanto no Estado de São Paulo como em outras

regiões produtoras, tem se destacado os nematóides de galhas M. javanica e

M. incognita, além dos nematóides de lesões radiculares, principalmente

Pratylenchus zeae (MOURA et al., 1990).

As altas populações de fitonematóides nesta cultura resultam

diretamente na queda da produção e na qualidade do produto colhido, afetando

o lucro do produtor. Em trabalhos realizados por Dinardo-Miranda (2001),

verificou-se que M. javanica causou uma redução de cerca de 50% na

produtividade, valor altamente significativo e que ilustra com clareza a

importância desta espécie para cana-de-açúcar.

2.2.1. Pratylenchus spp.

De acordo com Birchfield, 1984, citado por (NOVARETTI et al., 1988),

várias espécies de nematóides do gênero Pratylenchus, conhecidos como

nematóide de lesões das raízes são citados como parasitos da cana-de-açúcar,

sendo P. brachyurus e P. zeae os mais comuns e destrutivos.

Segundo Novaretti et al. (1988), os nematóides do gênero Pratylenchus

encontram-se amplamente distribuídos em canaviais de todo o mundo, sendo

considerado um dos mais prejudiciais à cultura da cana-de-açúcar. Apesar

disso, poucos são os estudos visando avaliar o comportamento de variedades

de cana-de-açúcar em relação a estes fitoparasitas.

Apesar da ampla distribuição destes nematóides, os prejuízos por eles

causados ainda não estão adequadamente quantificados (DINARDO-

Page 19: DANIELA ALVES DOS SANTOS

7

MIRANDA e FERRAZ, 1991). Stirling e Blair (2000) sugeriram que, para P.

zeae, 100 espécimes em 200g de solo antes do plantio ou 250 espécimes por

200 g de solo no meio do ciclo da cultura causaram redução significativa na

produção de cana. Segundo Blair (2005), 20 dias após o plantio, já ficou

evidenciado a redução no desenvolvimento da parte aérea da cana-de-açúcar

e do sistema radicular, indicando que P. zeae afeta o estabelecimento inicial da

cultura.

Das espécies de Pratylenchus, P. zeae tem sido relatada como a mais

freqüente na cultura da cana-de-açúcar. No noroeste do Paraná, P. zeae foi

constatada em 73,0% e P. brachyurus em 13,5%, das 74 amostras de solo

analisadas (SEVERINO, 2007). No trabalho realizado por Gomes e Novaretti

(1985), no Estado de São Paulo, dentro do gênero Pratylenchus, 85% pertencia

a P. zeae. Moura e Almeida (1981), trabalhando em canaviais de baixa

produtividade, no Estado de Pernambuco, encontraram P. zeae em todas as

amostras analisadas.

Em solos naturalmente infestados por esta espécie, o uso de

nematicidas contribuiu para aumentos médios de produtividade de 8,6 t ha-1

(DINARDO-MIRANDA et al., 2004). Em outro trabalho, Dinardo-Miranda et al.

(1998), obtiveram aumento de produtividade equivalente a 41 t/ha, quando se

realizou o controle de P. zeae em cana planta de áreas naturalmente

infestadas.

Trabalhos recentes têm mostrado a presença de P. brachyurus em

canaviais brasileiros (OLIVEIRA et al., 2005; SEVERINO, 2007; DINARDO-

MIRANDA et al., 2008, OLIVEIRA et al., 2008), alcançando uma freqüência de

70% em uma área experimental em Goiás (OLIVEIRA et al., 2008). Oliveira et

al. (2005) observaram que mesmo com a adoção de medidas de controle

químico ou através de produtos naturais, a população desta espécie no sistema

radicular aumentou significativamente ao longo de oito meses de condução do

experimento.

A reprodução de Pratylenchus spp. nas raízes de cana-de-açúcar

geralmente ocorre rapidamente, alcançando níveis muito elevados, em um

intervalo de tempo relativamente curto, conforme foi constatado por Barros et

al. (2005), onde a população de P. zeae saltou de 13 espécimes em 300 mL de

solo antes do plantio para 6.510 em 50 g de raiz após seis meses de cultivo.

Page 20: DANIELA ALVES DOS SANTOS

8

Moura et al. (1999) também chamam a atenção para a capacidade reprodutiva

desta espécie em lavouras canavieiras do estado de Pernambuco. Nos estudos

realizados por Moura e Oliveira (2009), o fator de reprodução de P. zeae em

algumas variedades chegou a 47,6.

Quanto aos sintomas, de acordo com Cadet e Spaull (2005),

Pratylenchus causa conspícuo vermelho ou lesões amarronzadas nas raízes

da cana. Tais raízes tornam-se necróticas, causando um escurecimento do

sistema radicular. Associa-se a estes sintomas a redução na parte aérea, na

massa de raízes e no comprimento do caule, bem como o amarelecimento das

folhas em reboleira.

2.2.2 Meloidogyne spp.

Aparentemente, um dos primeiros relatos de meloidogynose em cana-

de-açúcar foi feito em 1885, quando Treub observou nas regiões de Cheribon e

Bogar, em Java, a presença de um parasito que denominou de Heterodera

javanica, mais tarde classificado como Meloidogyne javanica (CHITWOOD,

1949). A partir de então, os nematóides de galhas passaram a ser

constantemente mencionados em trabalhos fitopatológicos relacionados com a

cultura da cana-de-açúcar (MOURA et al., 1981).

O levantamento de ocorrência de nematóides em plantações de cana-

de-açúcar no estado de São Paulo figurou essa cultura entre as mais

prejudicadas por nematóides (NOVARETTI et al., 1984). No nordeste do Brasil,

esta doença recebe a denominação de mal-das-reboleiras e trata-se de uma

doença de progressão rápida e de alta severidade em todos os países

produtores de cana-de-açúcar. Nas regiões de cultivo localizadas em tabuleiros

costeiros do nordeste do Brasil, ao longo da faixa litorânea, a meloidogynose

aparentemente incide sobre todas as variedades cultivadas, causando

elevadas perdas (MOURA e ALMEIDA, 1981). Dentre as espécies de

Meloidogyne que comprometem a produção de cana-de-açúcar no Brasil, M.

incognita e M. javanica são as mais comuns, sendo constatadas em

praticamente todas as regiões produtoras. Outras espécies de nematóides de

galhas já foram descritas nesta cultura, tais como M. acrita, M. arenaria, M.

hispanica, M. kikuyensis e M. thamesi (CADET e SPAULL, 2005; DINARDO-

Page 21: DANIELA ALVES DOS SANTOS

9

MIRANDA, 2005), porém não apresentam ocorrência generalizada.

Recentemente, M. paranaensis foi constatado em canaviais do noroeste

paranaense (SEVERINO et al., 2008).

Novaretti et al. (1998), trabalhando em áreas de produção comercial de

cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, encontraram altas populações de M.

incognita e M. javanica. No noroeste do Paraná, M. javanica é a espécie

predominante, com incidência de 46% nas áreas amostradas por Severino et

al. (2008). Dinardo-Miranda et al. (2003) apontaram M. javanica como a

espécie mais comum na região canavieira de Piracicaba, representando cerca

de 60 % da população de nematóides presentes na área.

De acordo com Dinardo-Miranda (2001), o controle de M. incognita pela

aplicação de carbofuran promoveu um aumento de aproximadamente 40 t/ha

na produtividade de algumas variedades. No referido trabalho, para M. javanica

o controle contribuiu para um acréscimo de 20 a 30% na produção. Em áreas

de produção, as perdas ocasionadas por M. javanica podem chegar a 30 % por

ano, o que equivale a 15 t de cana-de-açúcar por hectare (CADET e SPAULL,

2005).

Os sintomas que os nematóides de galhas causam nesta cultura são

distintos, porém menos facilmente diagnosticado do que em outras. As galhas

geralmente desenvolvem-se nas pontas das raízes e, muitas vezes, são

pequenas e discretas, e não são facilmente diagnosticadas (CADET e

SPAULL, 2005). Os autores citam ainda como sintomas o inchaço nas pontas

das raízes, a proliferação de raízes laterais, redução do desenvolvimento da

parte aérea e do número de perfilhos.

2.2.3. Outros nematóides

A diversidade de gêneros de nematóides associada à cana-de-açúcar

foi evidenciada por Showler et al. (1990) e Bond et al. (2000), no estado da

Louisiana (EUA), onde os gêneros observados foram Meloidogyne,

Pratylenchus, Trichodorus, Paratrichodorus, Mesocriconema, Helicotylenchus e

Tylenchorhynchus. Bond et al. (2000) constataram que as maiores freqüências

foram para Tylenchorhynchus, Mesocriconema e Pratylenchus presentes em

93,5, 88,2 e 79,5%, respectivamente.

Page 22: DANIELA ALVES DOS SANTOS

10

Bridge et al. (1996) avaliaram amostras de raízes de cana e solo

coletadas em seis áreas diferentes do distrito de Corozal, em Belize, em

canaviais que apresentavam baixo crescimento. Nove espécies de

fitonematóides foram encontradas, sendo elas Criconemella sphaerocephala,

Helicotylenchus sp., H. microlobus, H. microcephalus, Meloidogyne sp.,

Peltamigratus christiei, Pratylenchus sp., Rotylenchulus reniformis e

Tylenchorhynchus sp.

No Brasil, a primeira citação de nematóides parasitando cana-de-

açúcar foi no estado de São Paulo, em 1962, quando foram registrados os

gêneros Helicotylenchus e Trichodorus na variedade Co290 (BRIEGER, 1962).

O primeiro levantamento de fitonematóides em cana-de-açúcar no Brasil foi

realizado através do convênio ESALQ-Copersucar, no período de outubro de

1970 a abril de 1973 no estado de São Paulo, verificando a ocorrência do

gênero Helicotylenchus em mais de 90% das 800 amostras coletadas

(NOVARETTI et al., 1974). No mesmo levantamento foram constatados os

gêneros Meloidogyne, Pratylenchus, Xiphinema, Hoplolaimus, Trichodorus,

Tylenchorhynchus, Tylenchus, Peltamigratus, Aphelenchoides, Aphelenchus,

Mesocriconema, Ditylenchus, Helicotylenchus, Hemicycliophora, Hexatylus e

Anguina. Tal diversidade foi recentemente observada no noroeste do Paraná

(SEVERINO, 2007).

Nos estados de Alagoas e Sergipe observaram-se índices elevados

dos gêneros Pratylenchus, Helicotylenchus e Mesocriconema (CRUZ et al.,

1986). Helicotylenchus tem sido uma espécie freqüentemente relatada em

trabalhos realizados na região nordeste do país (CHAVES et al., 2003; ROSA

et al., 2004). Segundo Moura e Almeida (1981), a flutuação populacional de

ectoparasitos depende diretamente das condições climáticas, principalmente

precipitação e temperatura da região de cultivo.

A patogenicidade dos ectoparasitos no Brasil ainda não foi bem

pesquisada, embora existam estudos mostrando associações quase

permanentes entre a cultura da cana-de-açúcar e alguns nematóides, como

Helicotylenchus, Paratrichodorus, Trichodorus, Tylenchorhynchus,

Hemicycliophora, Xiphinema e Mesoriconema (Moura, 2000).

Page 23: DANIELA ALVES DOS SANTOS

11

2.3. Manejo de fitonematóides na cana-de-açúcar

A fim de reduzir os prejuízos causados por esses parasitos, algumas

medidas de controle podem ser adotadas e, para que possam ser corretamente

recomendadas, é necessário um diagnóstico seguro da presença de

nematóides na área (DINARDO-MIRANDA, 2006).

Segundo Barros (2000), vários métodos de controle têm sido

estudados visando diminuir as populações de fitonematóides na cultura da

cana-de-açúcar a níveis abaixo do limiar de danos econômicos, a exemplo do

uso de nematicidas, rotação de culturas, revolvimento do solo nas épocas mais

quentes, variedades resistentes ou tolerantes e incorporação de matéria

orgânica.

De acordo com Severino (2007), o controle de nematóides é uma

prática bastante complexa. Inicialmente, medidas preventivas devem ser

tomadas, evitando a entrada destes microorganismos em áreas onde ainda não

estejam presentes. Após introdução, devem-se adotar medidas na tentativa de

reduzir ou minimizar danos por eles causados.

As indicações das técnicas de controle da meloidogynose, e outras

nematoses devem seguir os princípios de Whetzel, aplicados à fitopatologia

(MOURA, 1997). Neste contexto, medidas de exclusão são fundamentais para

evitar a introdução e disseminação do nematóide e a infestação de áreas ainda

não contaminadas. Técnicas de erradicação por sua vez visam eliminar o

patógeno já estabelecido no local, reduzindo significativamente as populações

de Meloidogyne; porém, na maioria das vezes a eliminação total do nematóide

não ocorre. A técnica de proteção de plantas fundamenta-se no uso de

nematicidas sistêmicos, enquanto a imunização visa o controle da

meloidogynose utilizando variedades resistentes (MOURA, 1997).

2.3.1. Controle alternativo

Segundo Albuquerque et al. (2002), trabalhos relacionados com a

utilização de resíduos sobre dinâmica populacional de nematóides são

escassos, embora seja de extrema importância no estabelecimento de

estratégias de manejo, podendo ser eficientes nas lavouras canavieiras.

Page 24: DANIELA ALVES DOS SANTOS

12

Santana et al. (2003), ao final do analisando o efeito da rotação com

cana-de-açucar e Crotalaria juncea sobre populações de nematoides em

Inhame-da-costa observou-se a presença dos ectoparasitas migradores

Helicotylenchus dihistera, Paratrichodorus, Trichodorus e Xiphinema, em toda a

área experimental, apresentando variações entre os tratamentos. Comparando

os índices populacionais desses nematóides nas parcelas com Crotalaria

juncea, os autores concluíram haver uma ação supressiva da cultura sobre os

parasitas.

Diversos autores, entre os quais Dinardo-Miranda (2005), comentam

que a adição de matéria orgânica ao solo resulta na diminuição na população

de certos nematóides, por criar condições favoráveis à multiplicação de seus

inimigos naturais, principalmente de fungos, e por liberar durante sua

decomposição, substâncias orgânicas, como ácidos graxos voláteis, que

podem ter ação nematicida .

Segundo Dias et al. (2000), o aumento da biodiversidade antagonista e

a liberação de compostos tóxicos durante a decomposição da matéria orgânica

contribuem para uma diminuição na população de Meloidogyne. Além disso, a

matéria orgânica melhora a nutrição das plantas, aumentando a tolerância aos

nematóides.

Tem sido freqüente nos canaviais o uso da torta de filtro no sulco de

plantio na época da renovação do canavial e a aplicação de vinhaça via

fertirrigação. Além da incorporação de matéria orgânica, esses compostos

possuem constituições químicas significativas e altas doses de nutrientes,

podendo contribuir com a melhoria nas propriedades físicas e químicas do solo,

aumentando a atividade biológica (Ferraz, 1992).

Em 2003, Dinardo-Miranda et al. conduziram dois experimentos em

áreas infestadas por nematóides, associando a aplicação de torta de filtro (20 a

30 t/ha) com nematicida, no plantio de duas variedades RB72454 e SP87-365.

Os autores verificaram que a torta de filtro não reduziu as populações de

nematóides, mas propiciou incremento médio de produtividade de 16,8 t/ha,

atribuídos aos efeitos nutricionais da torta. Os nematicidas, por sua vez,

reduziram as populações de nematóides e propiciaram incrementos de

produtividade variáveis de 14,4 a 23,3 t/ha. Quando utilizados conjuntamente,

Page 25: DANIELA ALVES DOS SANTOS

13

nematicidas e torta de filtro contribuíram para incremento de produtividade de

até 40 t/ha.

A rotação de culturas com plantas não hospedeiras, visando diminuir

os prejuízos causados por nematóides, sempre foi alvo de estudos, em várias

culturas. Em áreas cultivadas tradicionalmente com cana-de-açúcar há

produtores que fazem rotação com leguminosas, visando principalmente o

beneficio da adubação verde, que incluem, entre outros, a adição de nutrientes

ao solo. Crotalaria juncea é a espécie mais utilizada por ser muito produtiva, o

que reflete diretamente na produtividade do canavial subseqüente (DINARDO-

MIRANDA, 2006).

A espécie Crotalaria spectabilis, com reconhecido efeito antagônico

sobre os nematóides, não tem mostrado bom desenvolvimento na região

Nordeste, dificultando sua utilização nas pesquisas locais. Nessa região,

mesmo, apresentando números negativos, C. juncea não impediu o aumento

das populações de P. zeae (MOURA et al., 1997).

Moura (1991) observou que tratamentos como amendoim mais

amendoim, milho mais amendoim, milho mais milho e C. juncea foram os mais

eficientes em termos de controle populacional, podendo ser indicados como

planos de rotação de culturas para o controle de Meloidogyne spp. em cana-

de-açúcar. No trabalho, o autor indicou o cultivo por dois anos de C. juncea

para a redução de M. incognita e M. javanica. Posteriormente Rosa et al.

(2003), verificaram que o cultivo de C. juncea por um ano reduziu

drasticamente as populações de Meloidogyne spp., mas aumentou a de P.

zeae. Neste caso os autores não observaram reflexos na produtividade da

cana-de-açúcar subseqüente na área cultivada.

2.3.2. Controle químico

Estima-se que os nematóides causem reduções superiores a 20% na

produção da cana-de-açúcar no Brasil. O uso de nematicidas no campo

apresenta um incremento de 30 a 40% na produção, contudo, devido ao alto

custo dos produtos, nem sempre o retorno econômico e vantajoso (FREITAS

et al., 2001).

Page 26: DANIELA ALVES DOS SANTOS

14

A utilização de nematicidas como uma provável solução em curto prazo

tem mostrado aumentos significativos de produção (NOVARETTI et al., 1984).

Entretanto a grande maioria desses produtos apresenta como uma das

principais restrições ao seu emprego, o custo elevado e a dificuldade de

aplicação.

Trabalhos de controle desses parasitos, empregando-se produtos

químicos de ação nematicida, têm proporcionado, quando utilizados

corretamente, consideráveis acréscimos na produção (NOVARETTI et al.,

1984). A recomendação é que se aplique os nematicidas no sulco de plantio,

no plantio, sobre os toletes imediatamente antes da cobertura deles ou ao lado

da linha de plantio sobre elas, na soca, sempre os incorporando ao

solo (DINARDO-MIRANDA, 2006). Desta forma, segundo o autor, os

nematicidas reduzem as populações de nematóides por três a seis meses após

sua aplicação, quando utilizados em épocas muito chuvosas ou em períodos

mais secos.

Em trabalhos realizados por Novaretti et al. (1984), permitiu concluir

que Furadan 5G na dosagem de 60kg/ha, reduziu significativamente a

população dos nematóides M. javanica e P. zeae, principalmente nos primeiros

meses após a aplicação. Posteriormente, estudos realizados por Novaretti et al.

(1985), mostraram que a aplicação do nematicida Carbofuran 5G controlou a

população de nematóides no solo por um período de quatro meses, após esse

tempo essa população voltou a aumentar; contudo este período sob baixa

população dos nematóides foi suficiente para que a cultura tivesse acréscimos

significativos na produção, representando um aumento de 26,51 t/ha na

produtividade.

Experimentos realizados por Dinardo-Miranda (2001) em áreas nas

quais a população de nematóides encontrava-se baixa mostraram que o

Carbofuran contribuiu para um acréscimo médio na produtividade de 7,8%.

Como estavam baixas as populações de nematóides esse aumento foi

atribuído a um efeito direto do produto sobre plantas, denominado efeito

fitotônico, e a redução de microorganismos fitopatogênicos presentes no solo.

O uso de nematicidas em áreas com alta infestação por nematóides

pode resultar em incrementos de produção na ordem de até 20 t/ha

(NOVARETTI et al., 1988). Novaretti et al. (1995), utilizando Terbufós 5G e

Page 27: DANIELA ALVES DOS SANTOS

15

Carbofuran 5G no controle químico de fitonematóides em cana-de-açúcar,

observaram que o Carbofuran 5G foi mais eficiente contra populações de

Meloidogyne e Paratrichodorus, com efeito residual de quatro meses no solo e

de seis meses na planta. Enquanto que o nematicida Terbufós 5G além de

reduzir significativamente a população destes dois parasitos, revelou, ainda,

um controle satisfatório de Pratylenchus e Helicotylenchus. Nenhum dos

nematicidas testados apresentou importantes alterações nas populações dos

nematóides de vida livre. Além disto, Terbufós 5G também proporcionou

acréscimos de 19,76 a 24,61 t de cana/ha em relação à testemunha, em função

das dosagens empregadas. Já o Carbofuran 5G aumentou a produtividade de

cana-de-açúcar em até 22,60 t/ha.

O aumento na produtividade vai variar com as condições de cultivo,

incluindo tipo de solo, época de plantio, variedade cultivada, entre outros. O

emprego de produtos químicos em áreas infestadas por M. incognita resultou

em aumentos médios na produtividade de 50%, chegando a 118% para a

variedade SP71-799 (NOVARETTI et al., 1985).

Estudos com variedades em campo altamente infestado com M.

javanica mostraram que o uso de nematicidas resultou em acréscimos de

produtividade na ordem de 15% nas variedades mais suscetíveis (DINARDO-

MIRANDA et al., 1995).

Barros et al. (2000), com o objetivo de estudar efeitos na aplicação do

nematicida terbufós no desenvolvimento e produtividade da cana-de-açúcar em

solos infestados com Meloidogyne e Pratylenchus, utilizaram diferentes doses

do produto em cinco variedades de cana sendo elas SP70-1143, RB813804,

SP78-4764, CB45-3, SP79-1011. Os resultados mostraram uma tendência

positiva dos tratamentos em todas as variedades.

Novaretti et al. (1980) verificou que na condição de cana em soqueiras,

os incrementos de produtividade obtidos em função do controle químico de

nematóides são menores em relação aos observados em cana planta.

2.3.3. Controle varietal

Entre as medidas de controle que podem ser adotadas em cana-de-

açúcar para reduzir as populações de nematóides, o uso de variedades

Page 28: DANIELA ALVES DOS SANTOS

16

resistentes ou tolerantes é, sem duvida o mais prático e econômico

(LORDELLO, 1981). Essas mudas podem ser adquiridas pelo mesmo preço de

mudas de outras variedades. Outra vantagem do uso de variedades resistentes

é que essa medida não interfere em outras praticas culturais e não apresenta

problemas alguns com resíduos indesejáveis.

Entretanto os fatores que conferem a cana-de-açúcar alta

produtividade e riqueza parecem ser antagônicos aqueles que propiciam

rusticidade, como resistência nematóide (NOVARETTI et al., 1995) e, em razão

disso, são raras as variedades atualmente em cultivo que apresenta resistência

a pelo menos uma das espécies de nematóides de importância econômica (M.

javanica, M. incognita e P. zeae). Além disso, quando se detecta resistência em

determinada variedade, essa resistência restringe-se a uma das espécies

citadas. Como em campo é freqüente a ocorrência de duas ou mais espécies

citadas, o emprego de uma variedade resistente somente a uma espécie de

nematóide torna-se inviável (DINARDO-MIRANDA, 2006).

Há 30 anos o Brasil contava com cinco ou seis variedades comerciais

de cana-de-açúcar, hoje são cerca de 500, considerando as que estão no país

desde o descobrimento. Com isso, o cultivo de cana torna-se mais seguro, com

plantas menos expostas a pragas e doenças. O trabalho de melhoramento da

cana é também responsável pelo aumento da produção canavieira nos últimos

30 anos (SCARAMUCCI, 2006).

As constantes mudanças no conjunto de variedades cultivadas no

Brasil, particularmente no Estado de São Paulo, refletem continua necessidade

de novas variedades, objetivando melhores produtividades agrícolas

(Planalsucar, 1980 apud REGIS e MOURA, 1989). Entretanto, até o momento

são poucas aquelas cujas reações aos nematóides estejam caracterizadas ou

que não apresentem restrições agro-industriais. Por outro lado no nordeste, o

uso continuado de variedades tradicionais há mais de trinta anos vem

favorecendo maiores incidências e severidades a problemas fitossanitários,

especialmente nematoses o que contribui sensivelmente para a baixa

produtividade agrícola da região (MOURA & ALMEIDA, 1981).

Segundo Regis e Moura (1989), a busca dos genes foi realizada em

plantas oriundas de variedades comerciais, resultado dos cruzamentos entre

elas. Como as variedades atuais de cana são híbridas formadas há muitos

Page 29: DANIELA ALVES DOS SANTOS

17

anos pelas espécies Saccharum spontaneum e Saccharum officinarum, são

procurados genes de interesse econômico nessas espécies ancestrais.

O comportamento dos híbridos de cana-de-açúcar frente às

populações de nematóides é variável, podendo ser influenciado por inúmeros

fatores envolvidos no processo de cultivo. Dinardo-Miranda et al. (1995),

estudando no campo o comportamento de variedades de cana-de-açúcar a M.

javanica, observaram que 12 dos materiais avaliados apresentaram

suscetibilidade ao nematóide, com incrementos na produção devido ao controle

deste patógeno. Esses incrementos variaram de 8,2 t/ha para RB785148 até

23,5 t/ha para SP78-1233. No referido trabalho, as variedades SP71-3501 e

SP71-6180 foram consideradas intolerantes, enquanto as variedades

RB735275, SP71-1632 e SP72-1861 comportaram-se como tolerantes a M.

javanica, não ocorrendo danos significativos à produção, mesmo quando a

população do nematóide era alta. Segundo Novaretti et al. (1988), a variedade

NA56-79 apresentou maior multiplicação do nematóide Pratylenchus em

relação às variedades SP71-799 e SP71-1406, tanto no solo como nas raízes,

mostrando ser uma boa hospedeira, contudo a variedade NA56-79 não

apresentou acréscimos significativos na produção quando o patógeno foi

controlado, comportando-se desta forma como tolerante.

A suscebilidade da SP71-1406 também foi confirmada posteriormente

por Dinardo-Miranda e Ferraz (1991), que efetuaram experimentos em vasos,

onde diversos níveis populacionais de P. zeae foram utilizados. Nesse

experimento os autores verificaram que a variedade SP70-1143 comportou-se

como resistente ao parasito, não permitindo a multiplicação eficiente nas raízes

e não sofrendo quebras de produção significativas.

No trabalho realizado por Dinardo-Miranda et al. (1996), em solos

naturalmente infestados por P. zeae, as variedades de cana-de-açúcar SP80-

1816, SP80-3280 e SP87-365 comportaram-se como boas hospedeiras do

nematóide, o uso de nematicidas contribuiu para aumentos médios de

produtividade de 8,6 t/ha. No experimento com vasos, Dinardo-Miranda (1999)

observou que a inoculação de 10 variedades de com M. javanica resultou em

reduções no peso dos colmos industrializáveis de 49 a 67% em comparação as

parcelas não inoculadas. Para M. incognita, as reduções fora de 36 a 77%,

Page 30: DANIELA ALVES DOS SANTOS

18

sendo que uma das variedades estudadas, IAC83-4157, revelou-se resistente a

essa espécie, não sofrendo quebra de produtividade.

A variedade SP70-1143, reconhecida como resistente a M. javanica

(NOVARETTI et al., 1981), comportou-se como suscetível a M. incognita, no

trabalho realizado por Dinardo-Miranda et al. (1995). Regis e Moura (1989)

verificaram que as variedades CB45-3, Co997, Na56-79, RB732577 e

RB72454 não tiveram interação significativa entre o parasitismo de M. incognita

raça 1 na avaliação de redução ao peso fresco da parte aérea, já a avaliação

dos efeitos independentes dos fatores demonstrou influencia marcante do

nematóide no desenvolvimento da planta, uma vez que as plantas infestadas

mostraram reduções altamente significativas em seus pesos.

Page 31: DANIELA ALVES DOS SANTOS

19

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO I: REAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇUCAR AOS

NEMATÓIDES DE GALHAS

RESUMO. O trabalho teve como objetivo avaliar a reação de 18 variedades de

cana-de-açúcar aos nematóides Meloidogyne incognita, M. javanica e M.

paranaensis. Para isto, mudas das variedades a serem estudadas foram

inoculadas com 4000 ovos dos respectivos nematóides, permanecendo em

casa-de-vegetação por 60 dias. Posteriormente, as plantas foram retiradas dos

vasos e avaliadas quanto à altura, peso fresco e seco da parte aérea, peso

fresco de raiz e população final de nematóides no sistema radicular, para o

cálculo do fator de reprodução (FR). Após a retirada da cana-de-açúcar, cada

vaso recebeu uma muda de tomateiro cv. Santa Cruz Kadá, para o bioteste. Os

resultados indicaram que as variedades não apresentaram reação de

imunidade. Apenas a variedade CTC 17 apresentou FR < 1, sendo este para

M. incognita, porém, ela esteve entre aquelas que tiveram maiores reduções

nos parâmetros vegetativos. Os maiores FR para M. incognita, M. javanica e M.

paranaensis foram para as variedades CTC 5 (FR = 3,9), RB946016 (FR = 4,6)

e CTC 15 (FR = 3,3), respectivamente. No entanto, nem sempre o FR elevado

esteve relacionado com as maiores reduções dos parâmetros vegetativos.

Palavras-chave: controle, Meloidogyne, resistência, Saccharum officinarum,

tolerância.

Page 40: DANIELA ALVES DOS SANTOS

28

RESPONSES OF VARIETIES OF SUGARCANE TO ROOT-KNOT

NEMATODES

ABSTRACT. Diferents varieties of sugarcane were evaluated for their

response to the root-knot nematodes. Three species Meloidogyne incognita, M.

javanica and M. paranaensis were inoculates. In sugarcane seedlings with 4000

eggs of the respective nematodes species, and were in a greenhouse for 60

days evaluation. Subsequently, the plants were removed from the pots and

evaluated in terms of height, fresh and dry weight of the aerial part, fresh weight

of the roots and final population of nematodes in the root system for calculating

the reproduction factor (RF). After removing the sugarcane plants, a tomato cv.

Santa Cruz Kadá seedling was planted in each pot for the biotest. The results

indicated that the varieties presented no immune response. Only the CTC 17

variety presented an RF < 1 for M. incognita, but it was among those plants that

suffered more significant drops in vegetative parameter values. The highest

RFs for M. incognita, M. javanica and M. paranaensis were obtained for the

following varieties: CTC 5 (FR = 3.9), RB946016 (RF = 4.6) and CTC 15 (RF =

3.3). However, a high RF figure was not always related to significant drops in

vegetative parameter values.

Key words: control, Meloidogyne, resistance, Saccharum officinarum,

tolerance.

Page 41: DANIELA ALVES DOS SANTOS

29

1. INTRODUÇÃO

Diversos gêneros de fitonematóides são reportados como fatores

condicionantes da produção agrícola de Saccharum spp. (Moura e Almeida,

1981). Mais de 310 espécies, filiadas à pelo menos 48 gêneros, já foram

encontrados nas raízes e no solo da rizosfera desta cultura, alguns causando

significativas reduções de produtividade (CADET e SPAULL, 2005). Em

plantações do estado de São Paulo, a cana-de-açúcar é citada entre as

culturas mais prejudicadas por tais patógenos (NOVARETTI et al., 1984).

Dentre as espécies de nematóides que atacam a cana-de-açúcar, as

principais limitantes da produção pertencem ao gênero Meloidogyne. Um dos

primeiros relatos da ocorrência destes nematóides nesta cultura foi feito em

Java, por Treub, no ano de 1885. No nordeste do Brasil, esta doença recebe a

denominação de mal-das-reboleiras e trata-se de uma doença de progressão

rápida e de alta severidade em todos os países produtores de cana-de-açúcar

(Moura e Almeida, 1981). Dentre as espécies de Meloidogyne que

comprometem a produção de cana-de-açúcar no Brasil, M. incognita (Kofoid e

White) Chitwood e M. javanica (Treub) Chitwood são as mais comuns, sendo

encontradas em praticamente todas as regiões produtoras.

A importância dos nematóides de galhas para a cultura da cana-de-

açúcar pode ser especialmente verificada quando se avalia o aumento na

produtividade devido ao controle destes patógenos, conforme foi constatado

nos trabalhos realizados por Dinardo-Miranda et al. (1995) e Dinardo-Miranda

(2001).

Vários métodos de controle têm sido estudados visando diminuir as

populações de fitonematóides na cultura da cana-de-açúcar a níveis abaixo do

limiar de danos econômicos, a exemplo do uso de nematicidas, rotação de

culturas, revolvimento do solo nas épocas mais quentes, uso de variedades

resistentes ou tolerantes e incorporação de matéria orgânica (DINARDO-

MIRANDA et al., 1995; BARROS et al., 2000).

Contudo, o plantio de variedades resistentes é a solução ideal para o

problema com os nematóides na agricultura (NOVARETTI et al., 1988). Por

outro lado, o uso contínuo de variedades tradicionais de cana-de-açúcar

favorece o aumento das populações de nematóides, possibilitando maior

Page 42: DANIELA ALVES DOS SANTOS

30

incidência e severidade da doença, contribuindo para baixa produtividade

agrícola (MOURA & ALMEIDA, 1981).

O comportamento dos híbridos de cana-de-açúcar frente às

populações de nematóides é variável. Dinardo-Miranda et al. (1995), estudando

no campo o comportamento de variedades de cana-de-açúcar a M. javanica,

observaram que 12 dos materiais avaliados apresentaram suscetibilidade ao

nematóide, com incrementos na produção devido ao controle deste patógeno.

Esses incrementos variaram de 8,2 t/ha para RB785148 até 23,5 t/ha para

SP78-1233. Dinardo-Miranda et al. (2001) observaram que o incremento da

produtividade pelo controle químico chegou a 40% em áreas com populações

mistas de M. incognita Graham e P. zeae.

Até o presente, são poucos os estudos avaliando o comportamento de

variedades de cana-de-açúcar frente aos nematóides de galhas. No que tange

à espécie M. paranaensis Carneiro, Carneiro, Abrantes, Santos e Almeida

nenhum trabalho foi realizado até o momento, apesar de esta espécie ter sido

constatada em uma área de plantio de cana-de-açúcar do Paraná (SEVERINO

et al., 2008).

Assim o presente trabalho teve como objetivo avaliar a suscetibilidade

de variedades de cana-de-açúcar aos nematóides de galhas Meloidogyne

javanica, M. incognita e M. paranaensis.

Page 43: DANIELA ALVES DOS SANTOS

31

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Universidade

Estadual de Maringá, Campus Regional de Umuarama, na região noroeste do

estado do Paraná, no período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010.

Os materiais selecionados para esse estudo foram 18 variedades

comerciais utilizadas no mercado e materiais lançados recentemente, a saber:

CTC 11, CTC 12, CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16, CTC 17, CTC 18,

utilizadas no primeiro experimento; e, RB835054, RB855453, RB946016,

RB946903, RB867515, RB976933, RB928064, RB956911, RB855336,

RB966928 e RB855156, avaliadas no segundo experimento. As variedades de

cana-de-açúcar foram cedidas pelo Centro Tecnológico Canavieiro, cultivadas

no noroeste do Paraná na cidade de Perobal e pela Universidade Federal do

Paraná cultivada também no noroeste do Paraná no município de Paranavaí.

Inicialmente os toletes das variedades de cana de açúcar foram

cortados para a retirada das gemas, as quais foram colocadas em recipiente

gerbox, com papel absorvente e água, permanecendo por seis dias no

aparelho germinador para que as gemas pudessem iniciar o desenvolvimento.

Posteriormente, foram transferidos para bandejas de polietileno contendo areia

lavada e autoclavada, dando condições para as gemas emergirem,

permanecendo por aproximadamente 15 a 20 dias. Cada muda foi

transplantada para vaso de 3,0 L contendo uma mistura de solo:areia (2:1),

previamente autoclavada.

Os inóculos de M. javanica, M. incognita e M. paranaensis foram

preparados a partir de populações puras, mantidas em casa de vegetação, em

tomateiro (Solanum lycopersicum L.) cv. Santa Cruz Kadá durante seis meses.

Os inóculos foram obtidos através da metodologia proposta por Hussey &

Barker (1973), adaptada por Boneti e Ferraz (1981), sendo a suspensão

calibrada para 1000 ovos + juvenis de segundo estádio em 1 mL de água, com

auxílio de lâmina de Peters e microscópio óptico. A inoculação foi realizada

sempre nos finais de tarde, utilizando-se 4 mL da suspensão do inóculo dos

respectivos nematóides, uniformemente distribuída, com o auxilio de

micropipeta, em quatro orifícios de 2 a 4 cm de profundidade, ao redor da

planta.

Page 44: DANIELA ALVES DOS SANTOS

32

Após 60 dias da inoculação, as plantas foram retiradas dos vasos,

separando-se o sistema radicular e parte aérea. Na parte aérea foram feitas as

avaliações de altura de planta, sendo medido, em centímetros, da base do

caule da planta até a maior folha presente, peso da massa fresca e peso seco,

em balança semi-analítica. As raízes foram lavadas cuidadosamente com água

corrente, descartando-se o tolete que gerou a nova planta. Posteriormente elas

foram pesadas e armazenadas em ambiente com temperatura de 4° C, para

posterior avaliação da reprodução dos nematóides.

Procedeu-se então a extração dos nematóides, seguindo a

metodologia acima citada. O material obtido foi avaliado sob microscópio

óptico, utilizando lâmina de Peters. Os valores obtidos, correspondentes à

população final, foram plotados na fórmula FR = (Pf/Pi), onde FR, Pf e Pi

correspondem a fator de reprodução, população final e população inicial,

respectivamente (OOSTENBRINK, 1966).

Após a retirada da cana-de-açúcar, uma plântula de tomateiro cv.

Santa Cruz Kadá foi transplantada para cada vaso, para realização do bioteste.

As plantas permaneceram nos vaso durante 30 dias e, após esse período, as

raízes foram cuidadosamente lavadas e avaliadas quanto ao número de galhas

e ovos. As galhas foram contadas a olho nu e os ovos extraídos conforme

metodologia anteriormente descrita.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado,

com seis repetições. Os dados obtidos foram estatisticamente estudados pela

análise de variância, utilizando-se o teste de Tukey a 5%, para a comparação

das médias, no programa estatístico SPSS.

Page 45: DANIELA ALVES DOS SANTOS

33

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para M. javanica mostraram a suscetibilidade de

todas as variedades, quando se utilizou o método de classificação baseado no

fator de reprodução (OOSTENBRINK, 1966). Apesar de este método

apresentar algumas limitações, é o mais viável para o uso em cana-de-açúcar,

visto que neste hospedeiro nem sempre ocorre a formação de galhas visíveis,

o que dificulta o uso de escalas baseadas no número de galhas ou massas de

ovos.

Entre as variedades CTC 11 a CTC 18, verificou-se que o menor

número de ovos foi para a CTC 11, sendo este estatisticamente inferior ao

obtido para CTC 14 e CTC 16 (Tabela 1). O elevado número de nematóides

observado no bioteste confirma a viabilidade do inóculo e a manutenção da

população de nematóides na cultura da cana-de-açúcar. Observou-se ainda

que os parâmetros altura de planta, pesos fresco e seco da parte aérea e peso

fresco da raiz foram superiores na variedade CTC 11, ou seja, na que

apresentou menor número de ovos e menor FR. Por outro lado, a CTC 14 foi

uma das que apresentou menores valores para os parâmetros avaliados,

mostrando maior sensibilidade ao ataque de nematóides, refletindo no menor

desenvolvimento inicial da planta.

Dinardo-Miranda et al. (1995) estudando a suscetibilidade de doze

variedades de cana-de-açúcar em áreas naturalmente infestadas por M.

javanica, observaram que todas proporcionaram a reprodução do nematóide,

apontando como tolerante apenas as variedades RB735275, SP71-1632 e

SP72-1861. Em outro trabalho, aumentos na produção na ordem de 20 a 30 %

foram obtidos pelo controle de M. javanica em variedades como RB835486,

RB845257 e RB72454 (DINARDO-MIRANDA, 2001). Em áreas de produção,

as perdas ocasionadas por M. javanica podem chegar a 30 % por ano, o que

equivale a 15 t de cana-de-açúcar por hectare (CADET E SPAULL, 2003).

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34

Tabela 1 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne javanica em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide.

Variedade PF FR Galhas bioteste

Ovos bioteste

Altura (cm)

Pfpa (g) Pspa (g)

Pfra (g)

1º. Experimento

CTC 11 3804 c 1,0 280 ab 14275 b 1,49 a 23,50 a 10,37 a 36,99 a CTC 12 6248 abc 1,6 298 ab 15208 b 1,20 ab 19,80 ab 7,30 ab 30,72 ab CTC 13 6113 abc 1,5 214 ab 8533 b 1,20 ab 16,64 ab 6,83 ab 23,94 bc CTC 14 6921 a 1,7 208 ab 18971 b 1,07 b 18,48 ab 5,90 b 18,12 c CTC 15 6669 ab 1,7 734 a 61004 a 1,29 ab 19,36 ab 4,99 b 23,70 bc CTC 16 7108 a 1,8 450 ab 358445 ab 1,27 ab 18,50 ab 4,94 b 29,10 abc CTC 17 4207 bc 1,1 155 b 13679 b 1,16 b 14,72 b 4,77 b 27,09 abc CTC 18 6776 ab 1,7 286 ab 27253 ab 1,27 ab 16,49 ab 5,09 b 25,38 bc

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

No segundo experimento utilizando as variedades do grupo RB

(Tabela 2), observou-se que a maior suscetibilidade a M. javanica foi para

RB946016, com FR igual a 4,6. Os menores fatores de reprodução foram

observados para as variedades RB835054 e RB976933, com respectivos

valores iguais a 1,3 e 1,8. Quando se avaliou os parâmetros vegetativos destas

variedades, apenas o peso fresco da raiz apresentou diferença estatística, com

maior valor para RB867515.

A suscetibilidade das variedades a M. javanica é um importante

indicativo da necessidade de adoção de outras medidas de controle, uma vez

que tal espécie encontra-se amplamente difundidas nas áreas de cultivo. No

noroeste do Paraná, M. javanica é a espécie predominante, com incidência de

46% nas áreas amostradas por Severino et al. (2008). Dinardo-Miranda et al.

(2003) detectaram populações de P. zeae, M. incognita e M. javanica

associadas à cultura da cana na região canavieira de Piracicaba, SP, sendo M.

javanica a espécie mais comum, representando cerca de 60 %.

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Tabela 2 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne javanica em variedades de cana-de-açúcar do grupo RB, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide.

Variedade PF FR Galhas bioteste

Ovos bioteste

Altura (cm)

Pfpa (g) Pspa (g)

Pfra (g)

2º. Experimento

RB835054 5360 b 1,3 302 abc 13308 ab 0,89 ns 15,60 ns 7,38 ns 49,34 abc RB946903 12201 ab 3,1 349 ab 16667 ab 1,04 17,65 7,71 59,35 ab RB946016 18570 a 4,6 352 ab 13875 ab 0,85 14,81 5,66 49,81 abc RB867515 8209 b 2,1 396 a 16292 ab 0,90 19,48 7,03 63,70 a RB928064 9817 b 2,5 131 c 10813 b 1,01 17,44 7,97 59,90 ab RB956911 10358 b 2,6 264 abc 12479 ab 1,19 17,25 6,61 43,52 bc RB966928 10952 ab 2,7 183 bc 8328 b 13,26 15,24 5,86 42,28 bc RB855156 9613 b 2,4 388 a 22320 a 0,98 16,66 9,12 41,31 bc RB976933 7304 b 1,8 232 abc 9285 b 0,77 16,31 8,69 43,83 bc RB855336 10625 ab 2,7 242 abc 15348 ab 0,91 18,93 8,18 36,45 c

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

Para M. incognita não foi observada diferença estatística no número de

ovos entre as variedades CTC 11 a CTC 18 e, com exceção da CTC 17, que

apresentou FR = 0,8, as demais tiveram FR≥1 (Tabela 3). As variedades CTC

16 e a CTC 17 foram as que apresentaram menores valores para os

parâmetros vegetativos, o que pode indicar uma maior intolerância ao ataque

dos nematóides, inclusive quando comparadas com as variedades CTC 12 e

CTC 13, cujos FR foram superiores. Na tabela 1 também pode ser constatada

a sensibilidade destas variedades a M. javanica. Para M. incognita, a elevada

população obtida no tomateiro também comprovou a permanência do

nematóide na cultura da cana-de-açúcar.

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36

Tabela 3 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne incognita em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. Variedade PF FR Galhas

bioteste Ovos

bioteste Altura (cm)

Pfpa (g) Pspa (g) Pfra (g)

1º. Experimento

CTC 11 4494 ns

1,1 383 ab 6325 ns 1,35 a 16,11 ab 4,71 ab 34,54 ab CTC 12 7055 1,8 227 b 9251 1,26 a 20,39 a 6,08 a 39,62 a CTC 13 7106 1,8 277 ab 7017 1,19 abc 16,73 ab 4,19 ab 42,95 a CTC 14 5264 1,3 475 ab 20121 1,29 a 22,34 a 6,03 a 31,22 ab CTC 15 4129 1,0 538 ab 13470 1,25 ab 18,09 ab 5,88 a 34,36 ab CTC 16 4296 1,1 933 a 17579 0,96 bc 9,64 c 2,67 b 19,18 b CTC 17 3032 0,8 478 ab 7230 0,91 c 7,26 c 2,51 b 20,51 b CTC 18 4362 1,1 663 ab 15581 1,17 abc 12,71 bc 4,8 ab 27,56 ab

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

Para as variedades RB observou-se, no segundo experimento,

maior suscetibilidade a M. incognita para RB867515 e RB 966928, ambas com

FR > 3, isto resultou em menor altura de planta e/ou redução no

desenvolvimento do sistema radicular (Tabela 4). Neste experimento, o menor

número de ovos foi observado para RB928064, refletindo também em menores

valores no bioteste, consequentemente esta variedade esteve entre as que

apresentaram maior altura e peso de raiz. No segundo experimento, maior

suscetibilidade foi observada para as variedades RB925345 e RB72454.

A suscetibilidade de variedades de cana a M. incognita foi

anteriormente observada por outros pesquisadores. Destas, uma das

variedades citadas como mais suscetíveis e intolerantes aos nematóides de

galhas é a RB72454, na qual o ataque de M. incognita reduziu

significativamente a massa fresca da parte aérea (RÉGIS e MOURA, 1989).

Além da RB72454, as variedades RB835486 e RB845257 também se

mostraram suscetíveis a este nematóide, com incremento de 40 t / ha na

produtividade na RB835486 quando o mesmo foi controlado pela aplicação de

carbofuran (DINARDO-MIRANDA, 2001). A variedade SP70-1143, reconhecida

como resistente a M. javanica (NOVARETTI et al., 1981), comportou-se como

suscetível a M. incognita no trabalho realizado por Dinardo-Miranda et al.

(1995).

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Tabela 4 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne incognita em variedades de cana-de-açúcar do grupo RB, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide.

Variedade PF FR Galhas bioteste

Ovos bioteste

Altura (cm)

Pfpa (g) Pspa (g)

Pfra (g)

2º. Experimento

RB835054 8446 ab 2,1 289 abc 16370 ab 0,93 abc 16,26 ns 6,93 ns 47,02 ab RB946903 10985 ab 2,7 373 ab 20279 a 1,19 a 19,82 9,37 58,64 a RB946016 12008 ab 3,0 369 ab 13375 ab 0,88 bc 18,95 8,11 33,44 ab RB867515 12861 a 3,2 402 a 17494 ab 0,83 c 21,81 11,52 40,67 ab RB928064 6200 b 1,6 96 c 8483 b 1,05 abc 18,61 9,44 51,08 ab RB956911 8500 ab 2,1 255 abc 14217 ab 1,13 ab 20,21 10,63 36,52 ab RB966928 12888 a 3,2 204 abc 13253 ab 0,82 c 17,90 9,84 29,86 b RB855156 9583 ab 2,4 338 abc 20890 a 1,06 abc 18,66 10,62 31,0 b RB976933 9846 ab 2,5 131 bc 6897 b 0,79 c 18,97 9,81 45,27 ab RB855336 10577 ab 2,6 218 abc 21036 a 1,01 abc 20,11 11,72 34,24 ab

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

Não foi possível avaliar o comportamento das variedades RB frente a

M. paranaensis, devido a problemas com a multiplicação do inóculo. Porém,

quando se estudou o comportamento das variedades CTC 11 a CTC 18

(Tabela 5), observou-se que os maiores FR foram, em geral, obtidos para M.

paranaensis. Estes resultados são importantes, visto que muitos canaviais

paranaenses estão sendo implantados em áreas nas quais durante muitos

anos foi cultivado o café, havendo na região relato desta espécie associada a

cana-de-açúcar (SEVERINO et al., 2008).

Apesar de não haver diferença estatística entre o número de ovos

deste nematóide, observou-se que o FR variou de 1,4 a 3,3, para as

variedades CTC17 e CTC 15, respectivamente (Tabela 5). Dos parâmetros

vegetativos avaliados apenas dois apresentaram diferença estatística entre si:

altura de planta e peso fresco da raiz. Para estes, a CTC 14 foi a variedade que

apresentou maior redução, enquanto a CTC 11 apresentou melhor

desenvolvimento.

Page 50: DANIELA ALVES DOS SANTOS

38

Tabela 5 – População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne paranaensis em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide. Variedade PF FR Galhas

bioteste Ovos

bioteste Altura (cm)

Pfpa (g) Pspa (g)

Pfra (g)

1º. Experimento

CTC 11 8296 ns

2,1 142b 7160 b 1,26 a 12,31ns

4,24 ns

34,17 a CTC 12 8106 2,0 192 b 13940 b 1,01 bc 11,59 3,98 19,00 b CTC 13 9087 2,3 217 b 7602 b 0,10 bc 10,27 4,25 22,54 ab CTC 14 11599 2,9 156 b 10076 b 0,87 c 11,21 2,94 16,42 b CTC 15 13135 3,3 353 b 12694 b 1,08 b 15,22 4,70 34,43 a CTC 16 12027 3,0 1069 a 37978 a 0,99 bc 12,48 3,13 23,41 ab CTC 17 5702 1,4 236 b 7534 b 1,05 b 11,70 4,07 23,81 ab CTC 18 10509 2,6 320 b 16485 b 1,14 ab 13,79 4,56 23,95ab

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

Relativamente, poucos trabalhos têm sido desenvolvidos a fim de

avaliar o comportamento de variedades de cana-de-açúcar aos nematóides,

mas, em geral, esses experimentos têm revelado que os materiais disponíveis

para o cultivo em diferentes países são suscetíveis aos nematóides de galhas.

Na Nigéria, Salawu (1990) avaliou a suscetibilidade de 12 variedades

comerciais a M. incognita e observou que todos os materiais comportaram-se

como altamente suscetíveis após 195 dias de inoculação, mesmo aqueles

cujos pesos de parte aérea e raízes foram elevados.

No trabalho realizado por Severino (2007) Meloidogyne foi constatado

nas amostras de raiz de RB835054 e RB867515, em ambas, com números

superiores a 150 nematóides/ 10 g de raiz. Segundo Severino et al. (2008), M.

incognita foi a espécie identificada no sistema radicular destas variedades.

Experimentos realizados na Austrália mostraram que quando a população

inicial de M. javanica superior a 100 espécimes por 200 g de solo antes do

plantio reduziu significativamente a produção de cana (STIRLING e BLAIR,

2000).

Praticamente não há no mercado, material genético com resistência

aos nematóides de galhas. Apenas a variedade SP70-1143 foi relatada com

esta característica (NOVARETTI et al., 1981). Por outro lado, a suscetibilidade

das variedades de cana-de-açúcar aos nematóides de galhas já foi

Page 51: DANIELA ALVES DOS SANTOS

39

comprovada por diversos pesquisadores (DINARDO-MIRANDA et al., 1995;

NOVARETTI et al., 1998; MOURA et al., 1999; DINARDO-MIRANDA, 1999).

É importante ressaltar que o comportamento de diferentes variedades

de cana-de-açúcar é variável no campo e nem sempre os maiores números de

nematóides refletem em redução dos parâmetros vegetativos da planta. Um

exemplo disto pode ser evidenciado no trabalho realizado por Barros et al.

(2005), no qual se observou que a variedade SP79-1011 foi a que apresentou

maior número de nematóides (Meloidogyne + Pratylenchus) nas amostras, no

entanto, não teve seu rendimento comprometido quando comparada com as

variedades RB813804 e RB72454.

Os dados obtidos com o presente trabalho apontam para a

necessidade de adoção de medidas de controle que visam reduzir a população

inicial de nematóides em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, com o intuito de

minimizar os problemas ocasionados por estes patógenos e a redução na

produtividade da cultura.

Page 52: DANIELA ALVES DOS SANTOS

40

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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controle de Meloidogyne incognita raça 1 e Pratylenchus zeae em cinco

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extração de ovos de Meloidogyne exigua de raízes de cafeeiro. Fitopatologia

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Comportamento de variedades de cana-de-açúcar em relação a Meloidogyne

javanica em condições de campo. Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 19,

n. 2, p. 60-66, 1995.

Page 53: DANIELA ALVES DOS SANTOS

41

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nematicidas aplicados no plantio de cana-de-açúcar. Nematologia Brasileira,

Brasília, v. 25, n. 2, p. 171-174, 2001.

DINARDO-MIRANDA, L.L.; GIL, M.A.; MENEGATTI, C.C. Danos causados por

nematóide a variedades de cana-de-açúcar em cana planta. Nematologia

Brasileira, Brasília, v.27, n.1, p.69-73, 2003.

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fitonematóides associados à cana-de-açúcar em áreas de baixa produtividade

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NEMATOLOGIA, 5., 1981, Piracicaba. Anais... Piracicaba, 1981. p. 213-220.

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MACEDO, M.E.A.; SILVA, E.G. Nematóides associados a cana-de-açúcar no

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p. 92-99, 1999.

NOVARETTI, W.R.T.; NUNES JR, D.; NELLI, E.J. Comportamento de clones e

variedades comerciais em relação aos nematóides Meloidogyne javanica.

Experimento V. In: Reunião Brasileira de Nematologia, 5, Londrina, Resumos,

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NOVARETTI, W.R.T.; DINARDO, L.L.; TERAN, F.O.; CARDERÁN, J.O.;

TOTINO, L.C. Nematóides associados à cana-de-açúcar. In: Seminário de

Tecnologia Agronômica, 2., Piracicaba. 1984. Anais. Piracicaba: Copersucar,

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NOVARETTI, W.R.T.; CARDERÁN, J.O.; CARPANEZI, A.; RODRIGUES,

J.C.S. Comportamento de três variedades de cana-de-açúcar em relação ao

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Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 12, p. 110-120, 1988.

Page 54: DANIELA ALVES DOS SANTOS

42

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raquitismo da soqueira em cana-de-açúcar. Nematologia Brasileira,

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SEVERINO, J.J., DIAS-ARIEIRA, C.R.; TESSMANN; D.J.; SOUTO, E.R.

Identificação de populações de Meloidogyne spp. parasitas da cana-de-açúcar

na região Noroeste do Paraná pelo fenótipo da isoenzima esterase.

Nematologia Brasileira, Brasília, v. 33, n. 3, p. 206-21, 2008.

STIRLING, G.R.; BLAIR, B. Nematodes. In: ROTT, P.; BAILEY, R.A.;

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France, pp. 299–305. 2000.

Page 55: DANIELA ALVES DOS SANTOS

43

CAPÍTULO II: SUSCETIBILIDADE DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR

A Pratylenchus brachyurus E P. zeae

RESUMO. Os nematóides de lesões radiculares, Pratylenchus spp., estão

entre os mais importantes parasitos da cana-de-açúcar, causando reduções

significativas na produção em diversas regiões brasileiras. Seu manejo é

complexo e a busca por variedades resistentes deve ser o primeiro método

adotado. Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar, em condições

controladas, o comportamento de 36 variedades de cana-de-açúcar aos

nematóides Pratylenchus zeae e P. brachyurus. As plantas foram inoculadas

com 500 espécimes dos respectivos nematóides, determinando-se o fator de

reprodução (FR) após 60 dias de inoculação, bem como características

relacionadas ao desenvolvimento das plantas. Não houve reação de imunidade

entre os materiais avaliados. Para P. brachyurus o menor FR foi observado

para CTC 4, sendo esta a única cultivar com FR < 1 para este nematóide,

enquanto as variedades CTC 5, CTC 15 e CTC 16, apresentaram FR > 3.

Quanto ao grupo RB, maiores FR foram para RB976933, RB835054 e

RB956911, sendo estes iguais a 2,9. Para P. zeae, FR ≥ 3,0 foi observado para

CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16 e RB855156. O maior fator de reprodução

dos nematóides nem sempre esteve relacionado com maiores reduções nos

parâmetros altura, peso fresco e seco da parte aérea e peso fresco da raiz,

indicando, em alguns casos, diferentes níveis de tolerância.

Palavras-chave: controle, nematóide de lesões radiculares, Saccharum spp.,

tolerância, resistência.

Page 56: DANIELA ALVES DOS SANTOS

44

SUSCEPTIBILITY OF VARIETIES OF SUGARCANE TO Pratylenchus

brachyurus E P. zeae.

ABSTRACT. Root-lesion nematodes, Pratylenchus spp., are among the most

detrimental sugarcane parasites, causing significant loss of production in

various regions of Brazil. Controlling this parasite is a complex business, and

the initial approach should be to look for resistant varieties. Under controlled

conditions 36 varieties of sugarcane to Pratylenchus zeae and P. brachyurus

nematodes. The plants were inoculated with 500 specimens of these

nematodes and the reproduction factor (RF) determined 60 days after

inoculation, and also characteristics related to plant development. None of the

plants assessed presented an immune response. For P. brachyurus, the lowest

RF was observed in CTC 4, the only cultivar with RF < 1 for this nematode,

whereas the most susceptible varieties were CTC 5, CTC 15 and CTC 16, all

presenting an RF > 3. For the RB group, the highest RF figure was obtained for

RB976933, RB835054 and RB956911, with a value of 2.9. For P. zeae, RF ≥

3.0 was observed for CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16 and RB855156. The

highest susceptibility to the nematodes was not always related to the most

significant drops in the height, aerial part fresh and dry weight and root fresh

weight parameters, indicating that there are different levels of tolerance in some

cases.

Key words: control, root-lesion nematode, Saccharum spp., tolerance,

resistance.

Page 57: DANIELA ALVES DOS SANTOS

45

1. INTRODUÇÃO

A cana de açúcar (Saccharum officinarum L.) é uma planta

amplamente cultivada em países tropicais e subtropicais, pelos inúmeros

benefícios que apresenta, como o uso para produção de alimento, fibra e

biocombustível. No entanto, no noroeste do Paraná, a expansão da cultura

para áreas de solos arenosos, com histórico de cafeicultura e pastagens

degradadas tem agravado os problemas com fitonematóides. Nesta cultura já

foram registrados mais de 310 espécies de 48 gêneros de nematóides ecto e

endoparasitos associados às raízes e ao solo da rizosfera (CADET & SPAULL,

2005). Não há dados recentes a respeito dos prejuízos ocasionados por estes

patógenos em cana-de-açúcar, mas sabe-se que o seu controle aumenta a

produtividade em 8 a 40 %, conforme a espécie de nematóide e híbrido

plantado (DINARDO-MIRANDA et al., 1995; DINARDO-MIRANDA, 2001).

Apesar da grande diversidade de nematóides associados à rizosfera de

cana, são considerados como mais prejudiciais os endoparasitas sedentários

do gênero Meloidogyne spp. (STARR e BENDEZU, 2002) e os endomigradores

do gênero Pratylenchus, especialmente Pratylenchus zeae Graham (Moura et

al., 1999). Este tem sido citado por diversos autores, em diferentes regiões

produtoras de cana-de-açúcar como o nematóide mais importante para a

cultura (NOVARETTI et al., 1988; SPAULL e CADET, 1990; SUNDARARAJ e

MEHTA, 1994). Moura e Almeida (1981), trabalhando em canaviais de baixa

produtividade, no Estado de Pernambuco, encontraram P. zeae em todas as

amostras analisadas. Dinardo-Miranda et al. (1998) obtiveram aumento de

produtividade equivalente a 41 t/ha quando se realizou o controle de P. zeae

em cana planta de áreas naturalmente infestadas.

Apesar de não se saber ao certo qual o nível populacional de

Pratylenchus que compromete a cultura, Stirling e Blair (2000) sugeriram que,

para P. zeae, 100 espécimes em 200g de solo antes do plantio ou 250

espécimes por 200 g de solo no meio do ciclo da cultura causaram redução

significativa na produção de cana.

O manejo de fitonematóides é bastante complexo e, apesar do controle

através do uso de variedades resistente ser apontado como a solução ideal

para o problema com nematóides (NOVARETTI et al., 1988; FREITAS et al.,

Page 58: DANIELA ALVES DOS SANTOS

46

2001), não há disponibilidade de variedades de cana-de-açúcar que

apresentem resistência as principais espécies (DINARDO-MIRANDA, 2005).

Além disto, o uso contínuo de variedades tradicionais de cana-de-açúcar

favorece o aumento das populações de nematóides, possibilitando maior

incidência e severidade da doença, contribuindo para baixa produtividade

agrícola (MOURA e ALMEIDA, 1981).

Por outro lado, muitas variedades de cana-de-açúcar não foram

pesquisadas quanto ao comportamento frente aos nematóides de lesões

radiculares. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a

suscetibilidade de variedades de cana-de-açúcar aos nematóides de lesões

radiculares P. zeae e P. brachyurus (Godfrey) Filipjev & Schuurmans

Stekhoven.

Page 59: DANIELA ALVES DOS SANTOS

47

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, da Universidade

Estadual de Maringá, Campus Regional de Umuarama, na região noroeste do

estado do Paraná, no período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010.

Os materiais selecionados para o estudo foram 36 variedades

comerciais tradicionalmente utilizadas no mercado e, principalmente, materiais

lançados recentemente. O experimento foi divido em 4 etapas de condução,

sendo que as variedades CTC 1, CTC 2, CTC 3, CTC 4, CTC 5, CTC 6, CTC 7,

CTC 8, CTC 9, CTC 10 foram do primeiro experimento; as variedades CTC 11,

CTC 12, CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16, CTC 17, CTC 18, foram do

segundo experimento; as variedades RB835054, RB946903, RB946016,

RB867515, RB928064, RB956911, RB966928, RB855156, RB976933,

RB855336, do terceiro experimento; e no quarto experimento foram utilizadas

RB855453, RB975932, RB925345, RB975948, RB975944, RB945197,

RB945961, RB72454, RB845210. As variedades de cana-de-açúcar foram

cedidas pelo Centro Tecnológico Canavieiro, cultivadas no noroeste do Paraná

na cidade de Perobal, e pela Universidade Federal do Paraná, cultivada

também no noroeste do Paraná, no município de Paranavaí.

Inicialmente, os toletes das variedades de cana-de-açúcar foram

cortados para a retirada das gemas, as quais foram colocadas em recipiente

gerbox contendo papel absorvente e água. Tais gemas permaneceram por seis

dias no aparelho germinador para que pudessem iniciar seu desenvolvimento.

Posteriormente, foram transferidas para bandejas de polietileno, contendo areia

lavada e autoclavada, dando condições para as gemas emergirem,

permanecendo por aproximadamente 15 a 20 dias. Cada muda foi

transplantada para vaso de 3,0 L contendo uma mistura de solo:areia (2:1),

previamente autoclavada.

Os inóculos de P. zeae e P. brachyurus foram preparados a partir de

populações puras desses nematóides, mantidas em casa de vegetação, em

milho (Zea mays L.) cv. Milho Verde, durante seis meses. Os inóculos foram

obtidos através da metodologia proposta por Hussey & Barker (1973),

adaptada por Boneti & Ferraz (1981), sendo a suspensão calibrada para 100

espécimes em 1 mL de água, utilizando-se lâmina de Peters e microscópio

Page 60: DANIELA ALVES DOS SANTOS

48

óptico. A inoculação foi realizada sempre nos finais de tarde, utilizando-se 5 mL

da suspensão do inóculo de cada nematóide, uniformemente distribuída, com o

auxilio de micropipeta, em quatro orifícios de 2 a 4 cm de profundidade ao

redor da planta.

Após 60 dias da inoculação, as plantas foram retiradas dos vasos,

separando-se para avaliação o sistema radicular e a parte aérea. Na parte

aérea foram feitas as avaliações de altura de planta, sendo medido, em

centímetros, da base do caule da planta até a maior folha presente, e peso da

massa fresca e seca da parte aérea, utilizando balança semi-analítica. As

raízes foram lavadas cuidadosamente com água corrente, descartando-se o

tolete que gerou a nova planta e, posteriormente, foram pesadas e

armazenadas em ambiente com temperatura de 4° C para posterior avaliação

da reprodução dos nematóides.

Procedeu-se então a extração dos nematóides, seguindo a

metodologia supracitada. O material obtido foi avaliado sob microscópio óptico,

utilizando lâmina de Peters. Os valores obtidos foram plotados na fórmula FR =

(Pf/Pi), onde FR, Pf e Pi correspondem ao fator de reprodução, a população

final e a população inicial, respectivamente (OOSTENBRINK, 1966).

Após a retirada da cana-de-açúcar, foi transplantada para cada vaso

uma plântula de milho cv. Milho Verde, para realização do bioteste. As plantas

permaneceram nos vaso durante 30 dias e, após esse período, as raízes foram

cuidadosamente lavadas e avaliadas quanto ao número de ovos, os quais

foram extraídos conforme metodologia anteriormente descrita.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado,

com seis repetições. Os dados obtidos foram estatisticamente avaliados pela

análise de variância, utilizando-se o teste de Tukey a 5%, para a comparação

das médias, no programa estatístico SPSS.

Page 61: DANIELA ALVES DOS SANTOS

49

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para P. brachyurus, no primeiro experimento, no qual foram avaliadas

as variedades CTC 1 a CTC 10, observou-se que o maior FR foi para a CTC 5,

enquanto o menor número de nematóides foi para CTC 4 (Tabela 1). Por outro

lado, no segundo experimento utilizando as variedades CTC 11 a CTC18, não

houve diferença estatística entre o número de nematóides observados para a

cana-de-açúcar após 60 dias de inoculação. O FR variando entre 2,6 e 3,7

confirma a suscetibilidade de todas as variedades estudadas (Tabela 1).

É interessante observar que o número de nematóides extraídos no

bioteste, especialmente no segundo experimento, foi inferior ao da cana-de-

açúcar. O que pode ter contribuído para este resultado é o fato de que os

nematóides do gênero Pratylenchus são endomigradores, podendo passar todo

o ciclo de vida no interior das raízes, principalmente quando há um grande

volume de raízes sadias (CADET e SPAULl, 2005). Como na primeira

avaliação todo sistema radicular da cana foi coletado para análise, os

nematóides que estavam no seu interior foram eliminados, não servindo como

fonte de inóculo para a infecção do milho.

No primeiro experimento o peso das raízes sofreu variações sendo o

menor peso observado para CTC 3, cujo valor foi 48,5% inferior ao observado

para a variedade CTC 6, a qual apresentou maior peso de raiz (Tabela 1).

Neste experimento, os demais parâmetros seguiram a mesma tendência.

No segundo experimento não houve diferença estatística para o peso

fresco das raízes, no entanto, para os demais parâmetros as variedades que

apresentaram maior redução no desenvolvimento foram CTC 13, CTC 16 e

CTC 17; enquanto a CTC 12 foi a que apresentou melhor reação quando se

estudou os três parâmetros (Tabela 1).

Todas as variedades RB avaliadas no terceiro e quarto experimentos

foram suscetíveis à P. brachyurus, apresentando FR > 1, no entanto, não

diferiram estatisticamente entre si quanto à suscetibilidade a este nematóide.

Os parâmetros vegetativos apresentaram resultados variáveis, como pode ser

observado para a RB 867515, que apresentou maior peso seco da parte,

contudo, menor peso fresco de raiz (Tabela 1).

Page 62: DANIELA ALVES DOS SANTOS

50

Tabela 1 - População final (Pf) e fator de reprodução (FR) de Pratylenchus brachyurus em cana-de-açúcar, número de nematóides no milho cv. Milho Verde (bioteste) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 500 espécimes do nematóide. Variedade Pf FR Bioteste Altura

(cm) Pfpa (g) Pspa (g) Pfra (g)

1º. Experimento

CTC 1 984,0 ab 1,97 990,0ns 1,06 ab 17,16 abc 12,27 ab 16,78 ab CTC 2 868,8 ab 1,74 710,7 1,07 ab 16,34 abc 9,74 ab 19,46 ab CTC 3 710,0 ab 1,42 969,2 0,77 c 10,88 c 7,09 b 12,06 b CTC 4 462,8b 0,93 1150,0 0,99 ab 16,01 abc 10,39 ab 18,16 ab CTC 5 1659,3 a 3,32 467,8 1,10 ab 22,24 a 13,11 ab 20,78 ab CTC 6 863,2 ab 1,73 847,0 1,05 ab 18,80 ab 12,67 ab 23,42 a CTC 7 780,0 ab 1,56 815,0 1,17 a 18,33 ab 13,19 a 18,95 ab CTC 8 657,0 ab 1,31 617,7 1,03 ab 13,92 bc 8,64 ab 14,43 ab CTC 9 1077,5 ab 2,16 867,6 0,90 bc 14,30 bc 10,16 ab 15,18 ab CTC 10 628,4 ab 1,26 767,2 1,01 ab 18,91 ab 11,41 ab 16,27 ab

2º Experimento

CTC 11 1283,3ns 2,6 611,8ns 1,19 abc 13,02 bc 7,17 a 57,42ns CTC 12 1416,7 2,8 400,0 1,27 ab 18,97 a 9,37 a 50,82 CTC 13 1508,3 3,0 787,5 1,10 bc 11,73 c 3,41 b 55,76 CTC 14 1341,7 2,7 588,5 1,18 abc 17,06 ab 9,04 a 48,12 CTC 15 1825,0 3,7 339,5 1,23 abc 16,38 abc 7,72 a 42,02 CTC 16 1808,3 3,6 320,0 1,07 c 14,32 abc 4,48 b 38,53 CTC 17 1433,3 2,9 579,3 1,14 bc 11,86 c 4,57 b 37,10 CTC 18 1458,3 2,9 301,5 1,33 a 13,77 bc 7,73 a 53,91

3º. Experimento

RB835054 1448,5 ns

2,9 1695,3ns

19,50 ns

44,61 abc 10,85 b 1,05 ab RB946903 873,2 1,7 1652,3 21,48 61,05 a 13,83 ab 1,24 a RB946016 1153,0 2,3 1575,0 19,85 30,67 bc 12,53 ab 1,02 ab RB867515 1355,3 2,7 1854,5 22,81 37,26 abc 18,16 a 0,70 b RB928064 1134,0 2,3 1811,0 18,86 49,31 ab 13,54 ab 0,95 ab RB956911 1470,0 2,9 1910,0 23,45 38,16 abc 15,13 ab 0,94 ab RB966928 1383,2 2,8 1712,5 19,48 26,99 bc 16,32 ab 0,85 ab RB855156 1380,0 2,8 1830,0 21,23 21,92 c 12,41 ab 1,14 a RB976933 1437,2 2,9 1632,3 20,05 38,36 abc 10,56 b 0,85 ab RB855336 1328,4 2,7 2128,6 18,54 30,37 bc 10,51 b 0,99 ab

4º. Experimento

RB855453 931,5ns

1,9 444,6 ns

1,12 a 18,50 ab 10,57 ab 39,46 ab RB975932 996,8 2,0 415,6 1,06 a 23,34 a 14,43 ab 41,15 ab RB925345 629,7 1,3 588,8 1,03 ab 20,98 ab 8,94 ab 25,46 b RB975948 717,5 1,4 376,8 0,91 ab 18,59 ab 11,13 ab 54,85 ab RB975944 720,3 1,4 527,5 0,99 ab 13,12 b 6,70 b 56,97 a RB945197 1012,2 2,0 479,8 0,91 ab 16,31 ab 9,46 ab 61,76 a RB945961 794,0 1,6 486,0 0,97 ab 22,18 a 12,43 ab 36,13 b RB72454 1089,0 2,2 527,0 1,03 ab 23,32 a 17,29 a 52,98 ab

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

Apesar de P. brachyurus não ser citada como espécie de grande

importância para a cana-de-açúcar, trabalhos recentes tem mostrado a

presença desta espécie em canaviais brasileiros (OLIVEIRA et al., 2005;

SEVERINO, 2007; DINARDO-MIRANDA et al., 2008, OLIVEIRA et al., 2008).

Page 63: DANIELA ALVES DOS SANTOS

51

No noroeste do Paraná, P. brachyurus foi encontrado em 13,5 % dos canaviais

amostrados (SEVERINO, 2007). Em área experimental em Goiás, Oliveira et al.

(2008) relataram freqüência de P. brachyurus igual a 70%. Oliveira et al. (2005)

observaram que mesmo com a adoção de medidas de controle químico ou

através de produtos naturais, a população desta espécie no sistema radicular

aumentou significativamente ao longo de oito meses de condução do

experimento.

Para P. zeae, não houve diferença estatística entre as variedades

avaliadas no primeiro experimento (Tabela 2), sendo neste observado os

menores FR. Um dos fatores que pode ter contribuído para isto é a época em

que o experimento foi conduzido, coincidindo com temperaturas mais baixas.

Apesar do número de nematóides não ter apresentado diferença, observou-se

que os fatores relacionados ao desenvolvimento da cultura foram muito

variáveis entre as variedades, com desenvolvimento estatisticamente superior

para a CTC 9. A CTC 3 foi a que apresentou desempenho inferior nas

condições em que o trabalho foi desenvolvido (Tabela 2).

No segundo experimento, o maior número de ovos foi para CTC 15, a

qual apresentou FR = 3,8. Apesar disto, esta variedade estava entre as que

apresentaram maiores valores de altura, peso fresco e seco de parte aérea. Tal

característica é comum entre variedades de cana-de-açúcar que apresentam

tolerância ao ataque de nematóides. Por outro lado, a CTC 17 foi a que

possibilitou a menor multiplicação dos nematóides, com FR igual a 2,0, porém,

os valores associados aos parâmetros vegetativos foram baixos quando

comparados a outras variedades.

O peso da raiz foi drasticamente reduzido nas variedades CTC 1, CTC

2 e CTC 3, quando comparado com a CTC 9, que apresentou maior valor para

tal parâmetro. No segundo experimento maiores reduções foram observadas

para CTC 14, em comparação com a CTC 12. No experimento realizado por

Blair (2005), P. zeae reduziu o peso da raiz em 36 a 55 %, o que, segundo o

autor, pode refletir negativamente na produtividade.

No que tange aos pesos da parte aérea, observou-se a mesma

tendência apresentada para o peso fresco do sistema radicular, com exceção

do segundo experimento, cujo menor valor de peso seco da parte aérea foi

observado para CTC 13. Segundo Blair (2005), 20 dias após o plantio, já ficou

Page 64: DANIELA ALVES DOS SANTOS

52

evidenciado a redução no desenvolvimento da parte aérea da cana-de-açúcar,

indicando que P. zeae afeta o estabelecimento inicial da cultura. Por outro lado,

o controle de P. zeae promoveu aumento significativo no peso e no

comprimento da parte aérea e do sistema radicular (MEHTA e SUNDARARAJ,

1995).

A reprodução deste nematóide nas raízes de cana-de-açúcar

geralmente ocorre rapidamente, alcançando níveis muito elevados, em um

intervalo de tempo relativamente curto, conforme foi constatado por Barros et

al. (2005), onde a população de P. zeae saltou de 13 espécimes em 300 mL de

solo antes do plantio para 6.510 em 50 g de raiz após seis meses de cultivo.

Moura et al. (1999) também chamam a atenção para a capacidade reprodutiva

desta espécie em lavouras canavieiras do estado de Pernambuco. Nos estudos

realizados por Moura e Oliveira (2009), a variedade SP70-1011 mostrou-se

altamente suscetível a P. zeae com fatores de reprodução chegando a 47,6 em

condições experimentais favoráveis ao nematóide. Em solos naturalmente

infestados por este nematóide, as variedades de cana-de-açúcar SP80-1816,

SP80-3280 e SP87-365 comportaram-se como boas hospedeiras e o uso de

nematicidas contribuiu para aumentos médios de produtividade de 8,6 t ha-1

(DINARDO-MIRANDA et al., 2004).

As variedades RB avaliadas no terceiro experimento diferiram

estatisticamente entre si, quanto ao comportamento frente a P. zeae, sendo

que os menores FR foram obtidos para RB966928 e RB976933, com valores

de 1,6 e 1,7, respectivamente. O maior FR (FR = 3,0) foi obtido para

RB855156. Como verificado em outros experimentos, o FR não está

diretamente relacionado com todos os parâmetros vegetativos.

O comportamento das variedades RB não diferiu muito daquele

observado para as CTC, visto que todos os materiais mostraram-se suscetíveis

a ambas as espécies, com fatores de reprodução superiores a 1,3 (Tabelas 7 e

8). As variedades RB855156, RB855336, RB975948, RB945197, RB72454 e

RB845210 foram as mais suscetíveis a esta espécie, com FR ≥ 2,6. A

suscetibilidade da variedade RB72454 a P. zeae foi anteriormente constatada

por Dinardo-Miranda et al. (1996). No trabalho realizado por Severino (2007),

as maiores populações de Pratylenchus spp. estavam associadas as

variedades RB72454, RB835089, RB835486 e PO8862, cujas populações

Page 65: DANIELA ALVES DOS SANTOS

53

foram superiores a 300 espécimes / 10 g de raiz, e no solo, foram observados

números superiores a 150 espécimes/100g para as variedades RB72454,

RB845210, RB855113, SP801842, RB835054, RB845057, RB835486 e

PO8862, confirmando a suscetibilidade destes materiais.

No presente trabalho, determinou-se a população de nematóides com

60 dias de inoculação, o que já foi suficiente para demonstrar a patogenicidade

das espécies avaliadas. Neste mesmo intervalo de tempo, em condições

naturais, o aumento populacional de Pratylenchus spp. em área experimental

de Goiás foi bastante significativo, passando de 75 para 378 espécimes em 10

g de raiz, usando a variedade RB867515 (OLIVEIRA et al., 2008). Segundo

Blair (2005), em solos naturalmente infestados, 40 dias após o plantio, a

população de nematóides já apresentava aumento significativo, no entanto, o

pico na população foi alcançado após 90 a 120 dias do plantio. Corroborando

com esses estudos, Sundararaj & Mehta (1994) verificaram que a população de

nematóide aumenta significativamente com o tempo de cultivo de cana-de-

açúcar, sendo a redução na produção diretamente proporcional ao nível de

inóculo inicial. Segundo os mesmos autores, apenas 100 nematóides

inoculados em unidades experimentais com capacidade para 400 L já foram

suficientes para reduzir a produção, sendo que populações iniciais mais

elevadas reduziram também o Brix da cultura.

A dificuldade de encontrar variedades de cana-de-açúcar com

resistência aos nematóides é um dos principais problemas no manejo destes

patógenos, limitando-o principalmente ao controle químico. No entanto,

algumas variedades podem apresentar tolerância aos nematóides e o uso

destes materiais pode reduzir significativamente as perdas causadas pelos

mesmos (MATSUOKA, 1980; SPAULL e CADET, 2003). Apesar dos

parâmetros vegetativos apontarem para maior tolerância de algumas

variedades em relação a outras, é importante ainda avaliar o comportamento

no campo, uma vez que fatores edafoclimáticos das diferentes regiões de

cultivo podem interferir no comportamento das variedades.

Page 66: DANIELA ALVES DOS SANTOS

54

Tabela 2 - População final (Pf) e fator de reprodução (FR) de Pratylenchus zeae em cana-de-açúcar, número de nematóides no milho (bioteste) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 500 espécimes do nematóide. Variedade Pf FR Bioteste Altura

(cm) Pfpa (g) Pspa (g) Pfra (g)

1º. Experimento

CTC 1 790,0ns 1,58 928,2ns 1,03 abc 11,04 bc 4,49 de 8,78 cd CTC 2 317,3 0,63 731,2 0,93 cd 11,22 bc 4,10 de 9,23 cd CTC 3 381,0 0,76 895,3 0,75 d 7,01c 2,50 e 6,97 d CTC 4 570,8 1,14 1091,5 1,00 bc 10,94 bc 6,60 cde 15,23 bcd CTC 5 440,4 0,88 692,0 1,03 abc 19,06 a 11,76 ab 19,38 ab CTC 6 409,0 0,82 500,4 1,11 abc 16,43 ab 9,59 bc 19,38 ab CTC 7 441,2 0,88 975,0 1,19 ab 15,05 ab 9,21 bc 19,51 ab CTC 8 526,5 1,05 960,0 1,19 ab 14,26 ab 8,2d4 bc 18,26 ab CTC 9 564,4 1,13 506,3 1,24 a 20,37 a 14,69 a 20,64 a CTC 10 653,0 1,31 759,7 0,97 bcd 10,01bc 5,65 cde 12,26 bcd

2º. Experimento

CTC 11 1138,2 ab 2,3 458,3 abc 1,34 a 12,34 bc 6,01 bc 54,30 a CTC 12 1148,2 ab 2,3 606,0 abc 1,16 ab 8,28 c 10,47 a 60,13 a CTC 13 1708,3 ab 3,4 238,8 bc 1,06 b 8,01 c 5,55 c 46,87 ab CTC 14 1536,2 ab 3,1 374,7 abc 1,11 b 14,35 a 9,87 a 21,32 b CTC 15 1875,0 a 3,8 155,0 c 1,20 ab 14,11 a 9,72 a 47,97 ab CTC 16 1491,8 ab 3,0 805,5 a 1,09 b 8,69 bc 9,17 ab 33,57 ab CTC 17 1000,7 b 2,0 184,5 c 1,10 b 8,62 bc 7,14 abc 29,47 ab CTC 18 1216,7 ab 2,4 748,0 ab 1,13 b 14,24 a 7,75 abc 30,51 ab

3º. Experimento

RB835054 1175,2 ab 2,4 2030,7 ab 0,86 ab 13,14 b 5,59 b 36,04 ab RB946903 1255,7 ab 2,5 2227,7 ab 0,99 ab 19,63 ab 11,39 ab 54,07 a RB946016 895,0 b 1,8 1805,0 ab 0,85 ab 18,80 ab 9,95 ab 41,04 ab RB867515 948,3 ab 1,9 2290,0 ab 0,79 b 19,59 ab 11,94 ab 40,02 ab RB928064 878,3 b 1,8 1380,0 b 1,10 a 20,62 a 12,78 a 45,26 ab RB956911 1270,0 ab 2,5 1210,0 b 1,09 a 21,40 a 11,13 ab 54,59 a RB966928 791,7 b 1,6 1794,5 ab 0,83 ab 18,40 ab 8,44 ab 36,76 ab RB855156 1495,0 a 3,0 1584,0 ab 0,99 ab 20,00 ab 9,89 ab 30,02 b RB976933 862,7 b 1,7 1965,0 ab 1,00 ab 20,31 ab 10,50 ab 43,63 ab RB855336 1352,2 ab 2,7 2765,6 a 1,08 a 21,13 a 10,38 ab 33,47 b

4º. Experimento

RB855453 1214,2 ab 2,4 294,3 ns

1,13 ab 17,54ns

12,01 ns

35,51 cd RB975932 757,7 b 1,5 540,0 1,08 ab 22,06 17,38 45,12 bc RB925345 1269,3 a 2,5 501,0 1,12 ab 18,48 10,21 23,49 d RB975948 1303,3 a 2,6 437,8 0,86 ab 21,34 12,43 59,30 b RB975944 1153,3 ab 2,3 510,0 1,02 ab 13,54 7,91 74,83 a RB945197 1275,0 a 2,6 410,8 0,87 ab 12,13 11,58 55,64 b RB945961 958,7 ab 1,9 298,6 0,91 ab 19,61 13,91 30,01 d RB72454 1315,2 a 2,6 434,0 1,19 a 22,41 15,62 45,53bc

FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (Oostenbrink, 1966). Pfpa = peso fresco da parte aérea; Pspa = peso seco da parte aérea; Pfra = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns= não significativo a 5% de probabilidade.

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