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1 Acústica de Salas Licenciatura em Tecnologias da Música Programa para cálculo acústico de salas Daniel Francisco 2011521 Abril 2014

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Relatório

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  • 1

    Acstica de Salas

    Licenciatura em Tecnologias da Msica

    Programa para clculo acstico de salas

    Daniel Francisco 2011521

    Abril 2014

  • 2

    Programa para clculo acstico de salas

  • 3

    ndice

    Pginas

    1.Objectivos 4

    2.Introduo terica 5

    3.Salas materiais e dimenses 9

    4.Procedimento prtico 14

    5.Discusso de resultados 16

    6.Concluses 19

    7.Referncias bibliogrficas 20

  • 4

    1.Objectivos

    Desenvolver um programa para clculo das principais caractersticas acsticas de uma sala

    O programa dever permitir calcular os seguintes parmetros

    1. Modos da sala. Os resultados devem ser apresentados numa tabela com o nmero do modo e num grfico de frequncia em escala logartmica

    2. Tempo de reverberao pelos mtodos de Sabine, Eyring, Millington, Fitzroy e Arau. Os clculos devem ser efectuados por bandas de oitava e apresentados

    numa tabela e em grfico

  • 5

    2. Introduo terica

    Salas e modos

    As ondas acsticas esto constantemente sujeitas a diversos fenmenos acsticos -

    reflexes, difraces, absoro, entre outros que esto intimamente relacionados com o espao

    em que determinada fonte est inserida. Por exemplo, uma fonte posicionada dentro de uma sala

    estar muito mais sujeita a estes fenmenos comparativamente a uma fonte em campo aberto, o

    que implica uma maior dificuldade de predio acstica dentro de uma sala.

    Enquanto o clculo de presses sonoras a diversas distncias para campo aberto passa

    pela utilizao da equao de onda esfrica ( ( ) ( )), numa sala o modelo

    matemtico complica-se, tendo surgido vrias teorias ao longo dos anos. Estas teorias tm em

    conta a banda de frequncia em que se aplicam porque, para diferentes salas, diferentes

    comprimentos de ondas representam diferentes implicaes. Esta diviso feita pela equao de

    Schroeder que divide o espectro audvel em duas bandas:

    Em que:

    tempo de reverberao[s]

    volume da sala[m^3]

    A banda acima da frequncia de Schroeder tratada recorrendo a mtodos geomtricos

    e estatsticos enquanto a banda abaixo recorre teoria ondulatria. Isto acontece porque em

    frequncias mais altas acima da frequncia de Schroeder a densidade de modos a ser

    considerada seria de tal ordem elevada que as interaces acsticas seriam demasiado difceis

    de prever. Por outro lado, abaixo da frequncia de Schroeder, a densidade de modos menor, o

    que leva a um menor nmero de interaces nesta banda. No entanto esta zona mais

    problemtica porque havendo menos interaces mas sendo estas destrutivas ou construtivas

    geram-se picos de amplitude na resposta em frequncia da sala:

    Fig. 2.0 Diviso da resposta de uma sala em duas bandas

  • 6

    por isto que a banda abaixo da frequncia de Schroeder ser a mais problemtica no

    que diz respeito aos modos de uma determinada sala e que merece uma especial ateno. A

    frequncia de Schroeder d-nos tambm informaes sobre as dimenses acsticas da sala, por

    exemplo, uma sala que possua uma frequncia de Schroeder abaixo do espectro audvel pode

    designar-se de acusticamente grande, o que representar menos problemas a nvel dos modos.

    Por outro lado, uma sala mais pequena tem maior tendncia para apresentar mais problemas de

    modos.

    Os modos de uma sala podem dividir-se em 3 grupos:

    1. Modos axiais reflexo entre duas superfcies

    2. Modos tangenciais reflexo entre quatro superfcies

    3. Modos oblquos reflexo entre seis superfcies

    Os modos axiais so por norma os mais problemticos porque, como percorrem uma

    menor distncia (apenas duas superfcies) no sofrem tanta absoro nas superfcies e, por isso,

    as interaces entre si sero mais evidentes e geradoras de picos de amplitude. Neste sentido,

    importante evitar salas com medidas de comprimento, altura e largura semelhantes (sala cbica)

    porque leva a que todos os modos axiais gerados sejam a uma mesma frequncia. As

    frequncias dos modos de uma sala podem ser calculadas a partir da seguinte equao:

    ( )

    ( )

    ( )

    Em que:

    velocidade do som[m/s]

    Nmero dos modos nas 3 dimenses

    Dimenses da sala nas 3 dimenses

    Tempo de reverberao

    O tempo de reverberao uma das caractersticas mais importantes para caracterizar

    acusticamente uma sala e definido pelo tempo (em segundos) que o som demora a decair 60

    dBs. Esta caracterstica pode ser medida ou pode ser calculada e, apesar de serem diversas as

    formas de clculo deste parmetro, todas entram com o conceito da absoro. A absoro

    caracteriza-se pela energia que fica contida em determinada superfcie aquando uma refleco

    num objecto. Diferentes materiais possuem diferentes coeficientes de absoro que tambm

    variam consoante a banda de frequncias em questo, o ideal numa sala que o tempo de

    reverberao seja constante em funo da frequncia.

    As equaes de predio de tempo de reverberao em estudo neste trabalho foram a de

    Sabine, Eyring, Millington, Fitzroy e Arau.

  • 7

    Sabine

    Foi deduzida experimentalmente por Wallace Clement Sabine e foi a primeira equao

    para clculo do tempo de reverberao (1902). Esta equao esteve na base da criao de

    algumas das equaes posteriores.

    Em que:

    volume da sala[m^3]

    coeficientes de absoro

    superfcies da sala[m^2]

    Eyring

    Foi deduzida por Eyring e Norris em 1930. Eyring considerou a equao de Sabine

    apenas aplicvel a salas reverberantes e que no seria rigorosa em salas com maior absoro.

    Eyring considerou uma dependncia logartmica ao coeficiente de absoro de Sabine:

    ( )

    Em que:

    superfcie total da sala[m^2]

    Millington

    Millington e Sette partiram do mesmo pressuposto do que Eyring, no entanto, a equao

    diverge na forma como feita a multiplicao entre as vrias superfcies e os coeficientes

    correspondentes.

    ( )

  • 8

    Fitzroy

    Fitzroy foi o primeiro (1959) a apresentar uma frmula de clculo para o tempo de

    reverberao que entrasse em conta com a geometria da sala. Ele definiu 3 tempos de

    reverberao para cada uma das dimenses (x, y e z) de uma determinada sala:

    (

    ( )

    ( )

    ( ))

    Em que:

    superfcies totais de pares de paredes paralelas[m^2]

    mdia aritmtica dos vrios coeficientes existentes no par de superfcies paralelas

    Arau

    Mais tarde em 1988 Arau tambm introduziu uma equao que entra com as vrias

    dimenses da sala. Esta equao destaca-se da de Fitzroy acima de tudo pela existncia de uma

    ponderao sob os coeficientes de absoro consoante a superfcie considerada:

    (

    ( ))

    (

    ( ))

    (

    ( ))

    Em que:

    mdias geomtricas dos coeficientes de absoro de cada par de superfcies

    Nota: todas as equaes excepo da de Sabine so mais direccionadas a salas acusticamente

    grandes. Isto implica que nestas equaes no sejam consideradas absores de outras

    superfcies alm de paredes, cho e tecto. Como as salas em considerao (0.60, 0.63 e 0.64) so

    pequenas, a influncia da absoro dos objectos no deve ser desprezada, no entanto deve ser

    inserida atravs da equao de Sabine. Tomando como exemplo um tempo de reverberao

    calculado pela equao de Eyring ( ):

  • 9

    3.Salas materiais e dimenses

    0.60

    Sala

    4 paredes + tecto gesso

    Cho madeira

    Objectos considerados

    36 mesas aglomerado de madeira

    1 quadro porcelana

    11 cortinas tecido 5mm, 50% fole

    10 pessoas ----

    Fig. 3.0 Dimenses e objectos da sala 0.60

  • 10

    0.63

    Sala

    4 paredes + tecto gesso

    Cho alcatifa

    Objectos considerados

    8 mesas aglomerado de madeira

    2 quadros porcelana

    2 vidros vidro

    10 pessoas ----

    Fig. 3.1 Dimenses e objectos da sala 0.63

  • 11

    0.64

    Sala

    4 paredes + tecto gesso

    Cho alcatifa

    Objectos considerados

    5 mesas aglomerado de madeira

    1 vidro vidro

    2 pessoas ----

    Fig. 3.2 Dimenses e objectos da sala 0.64

  • 12

    Materiais

    Bandas de oitava

    Objecto Material usado 125 250 500 1000 2000 4000

    Paredes/tecto Gypsum board 0.29 0.1 0.05 0.04 0.07 0.09

    Cho (0.60) Floor: wood 0.15 0.11 0.1 0.07 0.06 0.07

    Cho (0.63&0.64) Carpet: heavy on

    concrete 0.02 0.06 0.14 0.37 0.6 0.65

    Cortinas Drapes: cotton, draped

    to1/2 area 0.07 0.37 0.49 0.81 0.65 0.54

    Mesas Plywood 19mm(3/4") 0.2 0.18 0.15 0.12 0.1 0.1

    Quadros Glass: ordinary

    window 0.35 0.25 0.18 0.12 0.07 0.04

    Vidros Glass: large panes,

    heavy glass 0.2 0.18 0.15 0.12 0.1 0.1

    Pessoas (valor de cmara

    reverberante) -------- 2 3 4 5 5 4

    Fig. 3.3 Tabela com os coeficientes de absoro considerados

    Como no foi encontrado o valor dos coeficientes de absoro para o material original

    dos quadros (porcelana) foi aproximado ao coeficiente de uma janela de vidro.

  • 13

    4. Procedimento prtico

    Este captulo ir contemplar as principais particularidades do cdigo implementado em

    Matlab.

    Tratamento de matrizes

    C = excel(1,1) L = excel(1,2) A = excel(1,3) v = prod(excel(1,1:3));

    excel(:,1)=[]; excel(1,:)=[]; excel(isnan(excel))= 0;

    paredes = horzcat(excel(1:8,:),excel(9:16,:),excel(17:24,:)); objectos = excel(25:32,:); paredes( ~any(paredes,2), : ) = []; %rows paredes( :, ~any(paredes,1) ) = []; %columns objectos( ~any(objectos,2), : ) = []; %rows objectos( :, ~any(objectos,1) ) = []; %columns

    S_paredes = sum(excel(1,:))+sum(excel(9,:))+sum(excel(17,:));

    Depois do armazenamento na varivel excel so retirados os valores de

    comprimento, largura e altura que esto em posies especficas e de imediato calculado o

    valor do volume da sala. De seguida, so eliminados todos os valores da primeira linha e

    primeira coluna que no possuem informao til para o clculo do tempo de reverberao. So

    ainda convertidos para 0 e, posteriormente, apagados todos os NaN (Not-a-Number). Isto

    significa que toda a informao no numrica ou espaos que no sero preenchidos pelo

    utilizador no ficheiro de Excel so convertidos para zero e depois apagados para no afectarem

    o tratamento das matrizes e consequentemente os resultados finais. Estes valores no so

    apagados de imediato porque isso teria implicaes na forma como a matriz est organizada.

    So depois criadas duas novas matrizes (paredes e objectos) que separam a matriz

    inicial (excel) nos dados para as superfcies das paredes, tecto e cho da sala e objectos,

    respectivamente. feita uma concatenao horizontal e so eliminadas as colunas e linhas de

    zeros e as matrizes passam a apresentar a seguinte disposio:

    paredes =

    15.0660 79.5920 12.5550 56.2530 73.7124 73.7124

    0.0700 0.2900 0.0700 0.2900 0.1500 0.2900

    0.3700 0.1000 0.3700 0.1000 0.1100 0.1000

    0.4900 0.0500 0.4900 0.0500 0.1000 0.0500

    0.8100 0.0400 0.8100 0.0400 0.0700 0.0400

  • 14

    0.6500 0.0700 0.6500 0.0700 0.0600 0.0700

    0.5400 0.0900 0.5400 0.0900 0.0700 0.0900

    objectos =

    18.5640 2.4000 10.0000

    0.2000 0.3500 2.0000

    0.1800 0.2500 3.0000

    0.1500 0.1800 4.0000

    0.1200 0.1200 5.0000

    0.1000 0.0700 5.0000

    0.1000 0.0400 4.0000

    Esta disposio til porque para fazer a multiplicao das superfcies pelos

    coeficientes de absoro bastar multiplicar a primeira linha de cada matriz pela restantes

    linhas, sendo que a posio da linha varia consoante a varivel do ciclo for. Assim, para cada

    volta no ciclo calculado o tempo de reverberao pelas vrias equaes para uma banda.

    feito um total de 6 voltas para as 6 bandas de oitava definidas.

    Para o clculo da frequncia de Schroeder foi utilizada uma mdia dos tempos de

    reverberao dado pela equao de Sabine para a sala 0.60 esta mdia de 0.6664 segundos.

    Clculo dos modos

    fs = 2000*sqrt(Tr/v);

    max_length = max(C,max(L,A)); modo_max = round((fs/(c/2))*max_length)

    array_freq = []; modos = [];

    for nx = 0:modo_max for ny = 0:modo_max for nz = 0:modo_max fmx = (c/2)*sqrt((nx/C)^2+(ny/L)^2+(nz/A)^2); if fmx

  • 15

    Comeou-se por calcular a frequncia de Schroeder e, de seguida, procedeu-se ao

    clculo do nmero do ltimo modo axial. Quando a frequncia do modo axial das superfcies

    mais espaadas for superior frequncia de Schroeder ento significa que todos os outros

    modos no tero nmeros superiores. Este clculo foi feito para definir o valor mximo das

    variveis dos ciclos, que representaro os nmeros dos modos.

    Para o clculo dos modos foram utilizados 3 ciclos for (um por cada dimenso). Em

    cada volta no ciclo mais interior calculada a frequncia do modo e caso esta seja inferior

    frequncia de Schroeder armazenado o nmero do modo e a respectiva frequncia. Caso isto

    no se verifique comuta para fora do ciclo e incrementa mais um valor no ciclo imediatamente

    exterior, e por assim em diante.

    Separao dos modos

    while n

  • 16

    5. Discusso de resultados

    Apesar de estarem includos no ficheiro Input.xlsx os dados para as salas 0.60, 0.63 e

    0.64, esta discusso de resultados ser focada na sala 0.60. Foi escolhida esta sala para a

    discusso de resultados por ser a nica das 3 em que j se fizeram algumas medies na UC de

    Acstica de Salas, o que permitir estabelecer j algumas comparaes entre valores reais e

    valores medidos.

    Tempo de reverberao

    Fig. 5.0 Grfico das curvas de TR das vrias equaes consideradas

    Existe uma uniformidade dos valores calculados pelas vrias expresses, como seria de

    esperar. A curva de Millington a que apresenta um maior desvio face s restantes, embora no

    seja muito significativo visto que o desvio mximo de cerca de 0,1 segundos. As curvas esto,

    em geral, coerentes com os resultados reais medidos cerca de 0,7 segundos. A mdia de todas

    as curvas est em 0,64 segundos para a sala 0.60.

    Se compararmos este tempo de reverberao com o tempo obtido para a 0.63 0.4946

    segundos tambm se pode destacar a relao directa entre o volume de uma sala e o seu tempo

    de reverberao. certo que o tempo de reverberao vai sempre depender dos coeficientes de

    absoro dos materiais mas para salas com os mesmos coeficientes de absoro e diferentes

    volumes ser a sala com o maior volume que apresentar o maior TR.

  • 17

    Fig. 5.1 Tabela com os vrios TR obtidos para a sala 0.60

    Modos da Sala

    Fig. 5.2 Modos da sala 0.60

    Como j foi referido na introduo terica, a densidade dos modos aumenta com a

    frequncia, o que se pode confirmar com este grfico. Nas frequncias mais baixas no existe

    tanta densidade de modos mas estes tornam-se mais problemticos exactamente por no

    existirem tantas interaces.

    A frequncia de Schroeder calculada para a sala 0.60 encontra-se nos 87 Hz. Se

    compararmos com a sala 0.64 significativamente mais pequena que possui uma frequncia

    de Schroeder mais alta (158 Hz) facilmente conclumos que ir formar mais modos e ter uma

    tendncia para ser mais problemtica neste sentido:

  • 18

    Fig. 5.3 Modos da sala 0.64

  • 19

    4.Concluses

    Os tempos de reverberao obtidos na sala 0.60 aproximam-se aos tempos reais medidos

    O tempo de reverberao est intimamente associado aos coeficientes de absoro das diferentes superfcies. Quanto mais objectos/ superfcies, mais absoro e,

    consequentemente, um tempo de reverberao menor

    Apesar de depender dos coeficientes de absoro, uma sala com maior volume tem uma tendncia para apresentar um maior tempo de reverberao

    Salas maiores tm, por norma, uma frequncia de Schroeder mais baixa apresentando, por isso, menos problemas de modos a frequncias mais sensveis ao ouvido humano

  • 20

    5.Referncias bibliogrficas

    Textos em suporte digital:

    BERANEK, Leo.; Analysis of Sabine and Eyring equations and their application to concert hall

    audience and chair absorption; Cambridge; 2002

    NEUBAUER, R; KOSTEK, B; Prediction of the Reverberation Time in Rectangular Rooms with

    Non-Uniformly Distributed Sound Absorption; Technical University of Gdansk

    ARNET, Isabel; ROSSELL, Ivana; THEORETICAL AND PRACTICAL REVIEW OF

    REVERBERATION FORMULAE FOR ROOMS WITH NON HOMOGENYC ABSORPTION

    DISTRIBUTION; Universitat Ramon Llull