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  • DANA E INCLUSO: uma proposta de projeto em arte-educao.

    Por Daniella Forchetti

    Descrio: Na foto trs imagens idnticas do busto para cima, coloridas, com uma danarina de olhos

    vendados. Faz parte do espetculo Evidncia: poesia em movimento.1

    RESUMO

    Esse artigo baseado em minha monografia e pretende discutir uma nova abordagem no ensino da Arte

    Educao em dana, especialmente visando a criao de espaos em que possvel a participao de

    todos. O trabalho de Dana Inclusiva foi desenvolvido baseado nas minhas experincias em Dana

    Educativa, Danceability, Danzaterapia, Danas Circulares, Danas Orientais, juntamente com o

    trabalho proposto por Van Djck para pessoas com mltiplas deficincias e surdocegos - nveis de

    comunicao, colaborando para o desenvolvimento da sua conscincia corporal e simblica. Isso

    possibilitou uma integrao entre as reas da Arte/Sade/Educao. Este trabalho foi denominado

    Projeto Arteiros. Ele j foi implementado em 11 instituies em So Paulo que desenvolvem

    atendimento s pessoas com deficincias.

    PALAVRAS-CHAVE: dana, incluso, arte-educao, comunicao, Projeto Arteiros.

    ABSTRACT

    This article is based on my paper and wishes to discuss a new approach in Teaching Art Education in

    Dance, thus making it possible to build spaces where everyone can participate. "Inclusive Dance" was

    developed based on my experiences in Dance Education, DanceAbility, Danzaterapia, Circle Dances

    and Dance Oriental. It also includes Van Djck`s proposal for people with multiple disabilities and

    deafblind - communication levels, helping with a development of the symbolic and conscious awareness

    of the body. "Projecto Arteiros" made it possible to integrate fields of Art / Health / Education and it

    has already been implemented in eleven institutions in So Paulo that develop healthcare to people

    with disabilities.

    KEY WORDS: dance, inclusion, art education, communication, Projecto Arteiros.

    1 Junto cada imagem ser colocado um descrio. Uma forma de universalizar todas as informaes

    contidas no texto para incluir pessoas cegas e com baixa-viso. Todas as fotos so arquivos do Projeto

    Arteiros.

  • 2

    INTRODUO

    Descrio: Vista de dois rostos com mscaras , uma debruada sobre o outro pelas costas, de mos

    dadas. Fotografia em preto-e-branco. Coreografia Corpo-Mquina.

    A arte propicia ir alm das barreiras arquitetnicas e de comunicao.

    Possibilita criar um dilogo entre as pessoas. Ela possibilita que a pessoa entre em

    contato consigo mesma, reconhecendo seus potenciais e desafios.

    A proposta de dana inclusiva surgiu do crescente movimento mundial

    que vm ocorrendo em criar programas que valorizem a participao de todos, em

    especial, pessoas com deficincia, tanto em atividades sociais, pedaggicas e

    culturais.

    A dana por si s j geradora de possibilidades expressivas, seja do

    indivduo como de um grupo. A proposta da dana inclusiva proporcionar todos os

    participantes igualdade de condies para desenvolver seu potencial e criar formas

    para que eles se sinta verdadeiramente integrados.

    Em fevereiro de 2000, criei o Projeto Arteiros, na AHIMSA

    (Associao Educacional para Mltipla Deficincia) em So Paulo, com o objetivo

    inicial de trabalhar a expresso corporal com pessoas com mltiplas

    deficincias e surdocegos. Atualmente foram expandidos os locias de atendimento e

    os principais objetivos do projeto so: desenvolver a conscincia corporal,

    criatividade, socializao, comunicao e autonomia de todos os participantes.

    Tratam-se de grupos heterognios, que so compostos em por pessoas com e sem

    deficincia.

    Este artigo parte de minha monografia apresentada para a banca do

  • 3

    curso de Especializao em Linguagens das Artes pela USP em 2007. Eu pretendi

    discutir uma nova forma de abordagem no ensino da Arte-Educao na dana,

    especialmente visando o bem-estar dos alunos, possibilitando a criao de espaos em

    que possvel a participao de todos. Para tanto, se faz necessrio que o arte

    educador/ professor esteja munido de informaes para que possa realizar as

    adaptaes necessrias em sala de aula para que todos possam compreender o

    contedo dado. No entanto, essa realidade ideal muitas vezes se encontra distante de

    nossa realidade brasileira.

    A metodologia desse projeto baseada nos estudos de Laban - Dana

    Educativa Moderna e Van Djck, adaptada s pessoas com deficincia. Dessa forma,

    foi criado um modelo contemporneo em que a dana inclusiva valoriza

    participao de todos, aprendendo com suas diferenas e semelhanas.

    A comunicao permeia a todo momento a construo do dilogo entre

    os participantes, favorecendo o uso de sistemas de comunicao alternativa e/ou

    suplementar e da Lngua Brasileira de Sinais (Libras). Essas formas de comunicao

    fazem parte de nossa criao coreogrfica e de nossas apresentaes em grupo, seja

    pelo uso dos sinais, objetos referenciais ou figuras do PCS ou COMPIC (figuras

    pictogrficas e ideogrficas).

    Esse trabalho antes de mais nada visa resgatar a qualidade de vida dos

    participantes, desenvolvendo valores como respeito e cooperao, fundamentais para

    que haja um bom dilogo e uma boa convivncia entre as pessoas.

    Nossas escolas pblicas em sua maioria esto superlotadas, os

    professores no tm a possibilidade de se qualificar e, no existem salas de recurso

    suficientes para colaborar com o processo de incluso. Dessa forma, oque seria um

    direito da criana e do adolescente, passa a fazer parte de um processo de excluso.

    Na mo contraria desse movimento, percebo muitas instituies

    voltadas para o atendimento de pessoas com deficincia abrindo espao para que cada

    vez mais pessoas sem deficincia faam parte desses trabalhos. So locais que

    oferecem tambm vagas no seu atendimento voltadas para a comunidade em geral. A

    possibilidade de criao de grupos heterogneos acaba sendo parte de um processo

    agregador e no excludente. Quando temos a possibilidade de trabalhar com

    diferentes faixas-etrias e grupos que no so compostos por uma nica deficincia,

    temos um processo colaborativo em que quem enxerga auxilia quem no v e vice-

    versa, por exemplo. No trabalho de dana inclusiva, esses grupos so pensados

  • 4

    baseados no desenvolvimento do potencial de cada participante e, em que momento

    processual ele se encontra.

    REVISO BIBLIOGRFICA: relato de experincias.

    Descrio: Uma viso do busto para cima de duas danarinas de costas uma para outra apoiadas com os

    braos abertos. Coreografia:VIVE.

    Rudolf Laban procurou nos mostrar atravs de sua Teoria do

    Movimento a possibilidade de que qualquer pessoa pode danar, respeitando sua

    individualidade. Sua teoria criou um instrumento para a anlise do movimento.

    Atravs de sua metodologia possvel descrever caractersticas do movimento como:

    qualidade, peso, ritmo, forma, postura, caminho, direo, dimenso, nvel espacial,

    uso do corpo nas suas partes e em seu todo. Para ele, adquirimos conhecimento

    atravs do corpo, nosso instrumento para pensar, saber e comunicar. Ele criou a

    nomenclatura effort (esforo) para nos mostrar que o movimento comea a ocorrer

    internamente, atravs das emoes, sensaes e pensamentos.

    Laban procurou desenvolver diferentes formas do movimento atravs

    de gestos e passos que representavam a vida cotidiana do homem contemporneo.

    Dessa forma, possvel desenvolver um trabalho baseado na arte do movimento, mais

    do que simplesmente restringir a dana. Essa nova tcnica de dana estimula o

    domnio do movimento em todos os aspectos corporais e mentais, ampliando-se a

    dana moderna como uma nova forma de dana cnica e social(Laban, 1990, p.16).

    Nas escolas o uso dessa tcnica variado: possibilita a expresso, a

    retomada da conscincia dos seus movimentos, preserva a espontaneidade, ajuda na

    expresso criativa e cultiva a capacidade de fazer parte de danas coletivas.

    Para Jan van Djck, as crianas com mltiplas deficincias e surdocegas

  • 5

    tm dificuldade em distinguir a si mesma, sendo os outros prolongamentos do seu

    prprio corpo. Por isso, a separao do eu e do outro essencial para o

    desenvolvimento de sua representao e simbolizao, imprescindveis para aquisio

    e desenvolvimento de sua linguagem. Essa criana com deficincia descobre que seu

    corpo um veculo com o qual poder explorar o mundo atravs do movimento e da

    interao com o adulto. Um paralelo semelhante ao que Laban pesquisava.

    Van Djck (1968), props um programa de atuao com crianas com

    mltiplas deficincias e surdocegas denominado nveis de comunicao,

    colaborando para o desenvolvimento da sua conscincia corporal e simblica. Esse

    programa apresentado como um processo dinmico, servindo de parmetro de

    antecipao do trabalho a ser realizado. Ele dividido em: nutrio, ressonncia,

    movimento coativo, referncia no-representativa, imitao e gestos naturais.

    Dessa forma, era possvel observar e avaliar a construo do dilogo entre um adulto e

    uma criana atravs das seguintes funes comunicativas: ateno, informao,

    protesto, recusa, comentrios, descrio, reforo, checagem, comentrios sociais,

    solicitao, afirmao, instruo e animar/desanimar.

    Baseado em minhas experincias nas reas da ARTE/ SADE/

    EDUCAO, criei um paralelo com minha atuao em dana e o programa de nveis

    de comunicao.

    Nutrio

    Nesta primeira etapa ser privilegiado um nico profissional atuante. Neste instante o

    trabalho ser voltado para se estabelecer o vnculo/contato. importante que o

    professor transmita confiana e disponibilidade, buscando aos poucos tocar seu aluno,

    ou podendo realizar os mesmos sons na tentativa de um reconhecimento.

    Ressonncia

    Esse trabalho pode ser realizado com pessoas que se encontram ainda num estgio

    pr-simblico. Durante essa etapa o aluno comear a tolerar/aceitar o contato direto

    com seu professor. Os movimentos sero realizados sempre junto, estando o professor

    posicionado atrs. Pode-se utilizar um bola grande para sentar o aluno, fazendo

    movimentos de pular e rolar sobre a bola, acompanhados de vibrao/som realizados

    pelo professor. A expectativa do aluno relacionar o movimento vibrao. A mo

    do professor deve procurar posicionar-se embaixo do seu aluno, visto que para o cego

  • 6

    ou surdocego suas mos acabam se tornando seus olhos. Podero ser introduzidos

    objetos concretos que serviro de pistas referentes as atividades desenvolvidas.

    Movimento Coativo

    Esse trabalho pode ser realizado com pessoas que j iniciaram o estgio

    simblico. O aluno comear a demonstrar seu interesse pelo trabalho realizado

    e a participar do movimento. Pode-se utilizar de cheiros, texturas, temperaturas e

    cores diferentes e objetos em miniatura para colaborar com esse processo. Ser

    trabalhada a antecipao, rotinas e aumento do repertrio dos alunos. Nesta fase, o

    professor busca se movimentar em sincronia com seu aluno, lado-a-lado, tentando

    trabalhar nos turnos sua vez/minha vez.

    Referncia no-representativa

    O aluno j se encontra no estgio simblico. Nesta etapa ele indica e mostra as partes

    do seu corpo em reposta a uma pista tridimencional (pessoa, boneca ou escultura). J

    possvel elaborar uma imagem corporal atravs da referncia das partes concretas de

    seu corpo. So introduzidos desenhos de figuras humanas, podendo ser fotos ou

    revistas.

    Imitao

    A imitao deve surgir da observao dos acontecimentos e de sua interiorizao.

    Portanto, no se trata de um trabalho de treinamento, pois este no se converteria na

    capacidade de desnaturalizar/perceber pessoas e objetos. Neste momento possvel

    trabalhar de frente com seu aluno. A inteno que ele j consiga perceber a presena

    do outro. Alm de participar das atividades propostas, o aluno comeara a mudar a

    seqncia das atividades e a propor outras. A independncia do aluno comea a se

    evidenciar, principalmente nas Atividades de Vida Diria.

    Gestos Naturais

    Eles servem para demonstrar as propriedades dinmicas dos objetos e das atividades.

    O aluno consegue compreender sinais arbitrrios e ampliar seu repertrio

    comunicativo, expressivo.

  • 7

    MTODO

    Descrio: Na foto quatro danarinas vestidas com togas coloridas cada qual com um movimento de

    braos diferente. Coreografia: Natureza Feminina, inspirada em Isadora Duncan.

    Atravs de minha prtica como professora de dana, arte educadora e

    fonoaudiloga, pude desenvolver ao longo dos anos um processo de interseco entre

    Arte/ Educao/ Terapia. Neste momento, compartilho algumas questes ligadas ao

    desenvolvimento da linguagem, em especial a comunicao expressiva, um conceito

    muito importante tambm para ser desenvolvido no campo das artes, em especial a

    dana. Esse tema foi mais aprofundado e pode ser revisto em minha dissertao de

    Mestrado em Distrbios da Comunicao pela PUC/SP, no ano de 2000. Dando

    continuidade a esse processo, pude perceber as inquietaes entre outros profissionais,

    principalmente com relao ao tema INCLUSO.

    Baseado num processo permanente de ao/reflexo/ao, resgato a

    viso de Paulo Freire que diz para buscarmos assumir uma postura curiosa perante

    nosso objeto de pesquisa: A de quem pergunta, a de quem indaga, a de quem busca.

    (1987).

    A de quem pergunta?

    Como possvel desenvolver uma abordagem facilitadora do processo

    de incluso de pessoas com necessidades especiais atravs da dana?

    A de quem indaga?

    Visto que o termo pessoas com necessidades especiais no se tratam

  • 8

    apenas de pessoas com algum tipo de deficincia, mas tambm esto includos

    gestantes, idosos e crianas e adolescentes em situao de risco; tambm ressalto a

    importncia de se trabalhar com uma viso que garanta o direito de todos terem suas

    necessidades supridas para chegarem a uma condio de igualdade.

    A de quem busca?

    Baseada numa metodologia tridica (Laban), em que fundamenta sua

    prtica na realidade de seu aluno, possvel propor um novo olhar sobre a dana. Em

    que a tcnica no procura padronizao, mas trabalha com o potencial criativo do

    prprio movimento natural. Onde a apreciao do trabalho no busca exclusivamente

    a simetria esttica e o virtuosismo, mas reconhea as diferentes formas

    criativas/expressivas. E quem se apresentando tenha a possibilidade no s de

    compartilhar seu produto final, mas valorizar todo o processo de construo e

    encontrar a beleza em suas formas e movimentos.

    Somando a esse processo, proponho a interseco com o trabalho

    proposto por Van Dijk, que desenvolveu sua metododologia baseado na descoberta de

    que o corpo um veculo com o qual a pessoa com deficincia poder explorar o

    mundo atravs do movimento e da mediao com um adulto.

    A busca do potencial comunicativo expressivo algo em comum em

    ambos os autores. A proposta de dana inclusiva vem somar as idias j praticadas por

    eles, trazida para nossa realidade atual.

    CONCLUSO

  • 9

    Descrio: Artigo de Jornal com uma foto em destaque com quatro danarinas, duas na cadeira de

    rodas com a da frente inclinada para trs apoiada em meus braos. Braos esquerdos de duas

    estendidos. Espetculo - Dilaran: o confortador de coraes.

    O trabalho de Dana Inclusiva foi desenvolvido baseado nas minhas

    experincias em Dana Educativa Moderna, Danceability, Danzaterapia, Danas

    Circulares Sagradas e Danas Orientais, unificando com o trabalho teraputico

    baseado nos estudos de Van Djck. Isso possibilitou uma integrao entre as reas da

    Arte/Sade/Educao.

    Este trabalho foi denominado Projeto Arteiros e implementado at

    2013 em 11 instituies que desenvolvem atendimento s pessoas com deficincia.

    Participaram desse projeto mais de 350 pessoas, sendo que 70% tinham algum tipo de

    deficincia.

    O pblico do projeto foram crianas, adultos e idosos com e sem

    deficincia. Todos os trabalhos foram oferecidos gratuitamente para os participantes

    graas s parcerias do projeto com a Secretaria da Cultura, ONGs e Associaes.

    Com esse projeto foi possvel observar o resgate da auto-estima de

    todos os participantes, a possibilidade deles se sentirem capazes no s de receber

    mas de compartilhar algo e, a valorizao junto seus familiares e pessoas da

    cominidade, possibilitando enxergar o potencial desses indivduos.

    Danamos em parques, escolas e teatros, entrando em contato com

    diferentes pessoas que muitas vezes nunca se aproximaram de uma pessoa com

    deficincia. Vivenciamos em grupo experincias que valorizam o dilogo/

    socializao dos participantes junto comunidade em geral. Procuramos aprender

    com nossas diferenas e semelhanas e acima de tudo, compartilhar essas

    maravilhosas experincias.

    BIBLIOGRAFIA

    FORCHETTI, D. A HISTRIA DE IAGO: o menino guerreiro no mundo da

    comunicao alternativa, PUC/SP, 2000.

    ______________ Vencendo as Barreiras da Comunicao. Um Retrato da

    Comunicao Alternativa no Brasil. Vol. II, Programa de Ps-Graduao em

    Educao, p. 148-152, UERJ, 2007.

  • 10

    FREIRE, P. Ao Cultural para a Liberdade e outros Escritos. Consideraes em

    torno do ato de estudar. Paz e Terra, So Paulo, 1987.

    LABAN,R. Dana Educativa Moderna (edio traduzida e ampliada por Lisa

    Ullmann) cone editora, So Paulo, 1990.

    MOMMENSOHN,M. & PETRELLA,P. Reflexes sobre Laban, o mestre do

    movimento. Summus Editora, So Paulo, 2006.

    VAN DJCK,J. Movimento e Comunicao com crianas rubolicas. Conferncia

    pronunciada na Reunio Geral Anual - ONCE, Espanha, Maio, 1968 ( Mmeo:

    Traduo Dalva Rosa).

    Descrio: Um grupo de pessoas de mos dadas formando uma grande ciranda em espiral. Estou ao

    centro puxando a roda com um dos braos levantados. Formao de professores pelo Msica e

    Movimento.

    Daniella Forchetti

    Danarina (DRT 30459/SP); Consultora pelo Msica e Movimento; Membro do

    Conselho Internacional de Dana; Mestra em Distrbios da Comunicao PUC/SP;

    Especialista em Linguagens das Artes USP; Curso de Formao do Mtodo Bertazzo.