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54 que enfatizam: relaci oname nto autoridade- obediência; respon- sabilidade delegada e dirigida (rigidamente aceita); rigoro sa . di visão do trabalho e supervisão hierárquica; tomada de decisão centralizada e, solução de con- flito mediante supressão, arbi- tragem e luta. Assim, a burocra- .cia , como conhecemos, será subs tituída por uma estr utu ra definida como "orgânico-fle- vel", ou seja, sistemas flexí- veis e temporários que , envol- vendo diversos especialistas, se- jam ligados po r peritos em coor- denação. Até que ponto a ' estrutu· ra "orgânico-flexível" assumirá o lugar da burocracia? Essa é uma importante questão, pois sistemas tem porários coexistem co m est ruturas tipicamente b u- rocráticas e sob re bases buroc rá- ticas. E si stemas mecânicos são preferidos sob certas condições do ambien te e da tarefa, como salie nt a, incl usive, a emergen te teoria da conti ng ênc ia. Mesmo sem co nsiderar a asserti va webe- ri ana de que a burocracia está entre as es trutur as sociais mais di fíceis de destruir, o fa to é qu e a invalidez do mod el o burocrá- tico carece, ainda, de ser de- monstrada, e o descarte do mo- delo depende de uma alterna- tiva substituta, em um confr on- to de eficiência, seja qual for a amplitude do significado dessa palavra. Li stando valores implícitos no termo democrac ia e aplicá- veis às organizações, Bennis pre- coniza a inevitabilidade desse sistema democrático, dada a sua capacidade de enfrentar com êxito as exigências da civiliza- ção contemporânea. Outros pontos abordados são o concei- to de saúde organizacional, a teoria da liderança e a fonte de poder e a personalidade (pressu- postos, papéis, suas interven- ções e seus objetivos) do agente de mudança. Após a conceituação e posi- cionamento da técnica de mu- Revista de Administraçaõ de Empresas dança planejada num corpo teó- rico maior, o autor apresenta uma tipologia dos processos de mudança e, através de um exa- me comparativo com pesquisa operacional, proc u ra aclarar a idé ia sobre os problemas que in- te ressa m a essas técnicas e sobre as co ndicionantes do sucesso de um programa de mudança. Re- conhece, contud o, que não há uma te oria de mudança soci al , pel o menos de acordo com re- quisi tos operacionais. No entan- to, a complexidade dos sistemas sociais estimula os cientistas do c ompo rtamento e lh es garante que, atuando sobre o planeja- men to e controle das mudanças, poderão induzir os sistemas à ma io r ef ic iência. O Marcos Anton io Frota Um a era de descontin uidade: orienta ções para uma sociedade em mudança Por Peter F. Drucker. 3.ed. Rio de Jan eiro, Zahar Editores, 1976. 427 p. Trata-se da tra dução fei t a por J. R. Brandão Azevedo da 1.a edição do li vro, publicada em 1969 por Will ia m Heinemann Lt d. de Londres e p or Hop per & Row (Pu bl ishers) Inc. de No- va Yo r k, cujo tu lo original é : The age of discontinuity: guide- lines to our changing society. Escrito em estilo de reporta- ge m em face da a bo rdagem dada - superficial segundo o próprio auto r - é dividido em quatro partes principais, e pro- cura, em linhas gerais, diagnos- ticar e descrever o período de transição (descontinuidade) por que estamos passando, concen- trando suas atenções, orincipal- rnente, em quatro níveis: novas tecnologias, mudanças estrutu- rais na economia mundial, es- trutura da sociedade e no co- nhecimento científico. Devido ao caráter superfi- cial do Iivro, torna-se bastante difícil uma análise mais concre- ta nesta resenha, já que são abordados inúmeros problemas sem uma seqüência ou ligação

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que enfatizam : relacionamento autoridade-obediência; respon­sabilidade delegada e d irigida (rigidamente aceita); rigorosa .divisão do trabalho e supervisão hierárquica ; tomada de decisão centralizada e, solução de con­flito mediante supressão, arbi­tragem e luta . Assim, a burocra­.cia, como conhecemos, será substituída por uma estrutura definida como "orgânico-fle­xível", ou seja, sistemas flexí­veis e temporários que, envol­vendo diversos especialistas, se­jam ligados por peritos em coor­denação.

Até que ponto a 'estrutu·ra "orgân ico-flexível" assumirá o lugar da burocracia? Essa é uma importante questão, pois sistemas temporários coexistem com estruturas tipicamente bu­rocráticas e sobre bases burocrá­ticas. E sistemas mecân icos são prefe ridos sob certas condições do ambiente e da tarefa, como salienta, incl usive, a emergente teoria da conti ngência. Mesmo sem considerar a assertiva webe­riana de que a burocracia está entre as estruturas socia is mais di fíceis de destru ir, o fa to é que a invalidez do modelo burocrá­tico carece, ainda, de ser de­monstrada, e o descarte do mo­delo depende de uma alterna­tiva substituta, em um confron­to de eficiência, seja qual for a amplitude do significado dessa palavra.

Listando valores imp lícitos no termo democracia e aplicá­veis às organizações, Bennis pre­coniza a inevitabilidade desse sistema democrático, dada a sua capacidade de enfrentar com êxito as exigências da civiliza­ção contemporânea. Outros pontos abordados são o concei­to de saúde organizacional, a teoria da liderança e a fonte de poder e a personalidade (pressu­postos, papéis, suas interven­ções e seus objetivos) do agente de mudança.

Após a conceituação e posi­cionamento da técnica de mu-

Revista de Administraçaõ de Empresas

dança planejada num corpo teó­rico maior, o autor apresenta uma tipologia dos processos de muda nça e, através de um exa­me comparativo com pesquisa operacional, procura aclarar a idéia sobre os problemas que in­teressam a essas técnicas e sobre as condicionantes do sucesso de um programa de mudança. Re­conhece, contudo, que não há uma teoria de mudança social , pel o menos de acordo com re­quisi tos operacionais. No entan­to, a complexidade dos sistemas sociais estimula os cientistas do comportamento e lhes garante que, atuando sobre o planeja­mento e controle das mudanças, poderão induzir os sistemas à ma io r eficiência . O

Marcos Anton io Frota

Uma era de descontin uidade: orientações para uma sociedade em mudança

Por Peter F. Drucker. 3.ed. R i o de Janeiro, Zahar Editores, 1976. 427 p.

Trata-se da tradução fei ta por J. R. Brandão Azevedo da 1.a edição do livro, publicada em 1969 por Will iam Heinemann Ltd. de Lond res e por Hopper & Row (Pu bl ishers) Inc. de No­va York, cujo títu lo original é : The age of discontinuity: guide­lines to our changing society.

Escrito em esti lo de reporta­gem em face da abordagem dada - superficial segundo o próprio autor - é dividido em quatro partes principais, e pro­cura, em linhas gerais, diagnos­ticar e descrever o período de transição (descontinuidade) por que estamos passando, concen­trando suas atenções, orincipa l­rnente, em quatro níveis: novas tecnologias, mudanças estrutu­rais na economia mundial, es­trutura da sociedade e no co­nhecimento científico.

Devido ao caráter superfi­cial do I ivro, torna-se bastante difícil uma análise mais concre­ta nesta resenha, já que são abordados inúmeros problemas sem uma seqüência ou ligação

claramente definida. Em vi rtude desta razão irei, simplesmente, descrever alguns tópicos, que considero mais relevantes, den- · tro de cada cap ítulo do livro.

Na primeira parte - As tec­nologias do conhecimento (p. 15-94), considerando que " .. . na área em que a maioria das pessoas pensa que se deram as maiores mudanças nos últi­mos 50 anos foi na verdade, um período de continuidade es­pantosa e inigualada: a econo­mia", o autor procura demons­trar que as indústrias modernas que mais contribuíram para o grande progresso econômico -a agricultura, o aço e a indústria automobil fstica - estão basea­das em invenções ou descober­tas datadas de, aproximadamen­te, 50 anos, não sendo portanto tão "modernas" quanto se afir­ma. Também, não têm mais condições de permitir um cres­cimento satisfatório - tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento - ori ­ginando-se então um período de transição ou descontinuidade previsto pelo autor. Para que a economia entre, novamente, numa época de crescimento prolongado (continuidade) o autor acredita que quatro indús­trias - a de informações, a de materiais sintéticos, as derivadas dos serviços necessários às me­galópoles e à exploração de oceanos - terão papéis de base ou sustentação no processo, só que, será necessário um novo conhecimento científico e tec­nológico, uma nova mentali­dade empresarial e uma nova es­trutura organizacional para se adaptar a essas mudanças.

Na segund~ parte do li vro ­Da economia internacional para a economia mundial (p. 95-196) - com subtítulos "proféticos" como Tornando o pobre produ­tivo, O que não funcionará, etc., procura demonstrar que, na realidade, não existe mais uma economia nacional e sim uma economia mundial. Segun- .

do o autor " .. . uma economia é, antes de mais nada, determi­nada pela demanda. Hoje o mundo inteiro, qualquer que seja sua verdadeira condição econômica, tem uma lista de de­mandas comuns, um conjunto comum de valores e preferên­cias" (p. 98), o que determina o caráter mundial da economia atual. Para esta nova economia, cuja empresa mult inacional é a expressão mais fiel, tornam-se necessários a criação de uma no­va teoria econômica, novas ins­tituições mundiais, e, principal ­mente, um sistema monetário fortalecido, já que, segundo Drucker, sem isso não haverá condições para um crescimento econômico mundial prolonga­do.

Destina, ainda, parte deste capítulo para criticar a aborda­gem e métodos utilizados pela teoria econômica atual, e afirma ironicamente que "nenhum eco­nomista americano supera Mil ­ton Friedman na reunião de da­dos monetários. Nenhum pode sobrepujá-lo como analista eco­nômico de talento. F riedman, a despeito de sua fama de grande conservador não está , em outras palavras, voltando à época ante­rior à nova economia. Está ul ­trapassando-a" (p. 193). Para o autor o estágio atual da teoria econômica está longe de ser o adequado à situação vigente, e é praticamente. inconsistente com uma nova era de continuidade.

Na terceira parte da obra -Uma sociedade de organizações (p. 197-296) - afirma que, atualmente, o poder e a autori­dade não estão mais nas mãos de uma única organ ização - o Estado - mas sim de várias. "A teoria social, para ter sentido deve partir da realidade de um pluralismo de instituições -uma galáxia (de estrelas) e não um grande centro rodeado de satélites que só brilham pelo re­f lexo da luz" (p. 202). Com es­tá frase o autor ilustra a deca­dência ou enfraquecimento do

poder e prestígio estata l, quan­do comparado com o período logo após a Grande Depressão, onde o mesmo era visto como um salvador para os problemas da época. Destinamos parte deste capítulo para propor no­vas linhas de análise para as or­ganizações onde, a prem issa principal seria a determinação dos objetivos e responsabil ida­des sociais de cada empresa ou organização. Preocupa-se ainda no tópico Enfermidade do go­verno (p. 242-74), em diagnosti­car as causas do acentuado de­clínio do prestígio do governo como instituição. Finalmente nesta terceira parte do livro Drucker indaga "como pode um indivíduo sobreviver? " (p. 275-94) e, em breves pincela­das, discute o problema dos es­tudantes na sociedade plura­lista.

Na q~Jarta e última parte: A sociedade do conhecimento (p. 297-424) levanta as bases neces­sárias e as possíveis conseqüên­cias da forma de trabalho estru­turada no conhecimento. Dis­cute também como deveria ser a nova estrutura do sistema edu­cacional e suas influências e re­percussões sobre as caracterís­ticas individuais, principalmente sobre a habilidade, e sobre a so­ciedade como um todo. Outra discussão interessante neste ca­pítulo refere-se à relação da ex­tensão dos anos de escola com a expectativa de vida útil. Coloca, o primeiro fato como efeito e. não causa, conclu indo, embora não de maneira satisfatória, que esta extensão nos anos de edu­cação escolar força a criação de empregos que apliquem o co­nhecimento do trabalho. Esta relação de causa e efeito merece um estudo mais aprofundado para se chegar a uma conclusão.

A parte final deste livro, com o título de Conclusão, que ocupa algumas linhas a mais que uma folha, assume mais a forma de uma advertência quanto ao futuro do que propriamente um

Resenha bibliográfica

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"fecho" nas idéias apresentadas ao longo da obra. Como pode­mos observar no trecho a seguir, "se essa descrição de nossa so­ciedade em mudança estiver cer­ta, é improvável que as tendên­cias dos últimos 60 anos domi­nem o restante do século, como supõe a maioria das previsões

do 'ano 2000'. Em vez disso podemos esperar o surgimento de tendências novas e diferentes e preocupações novas e diferen­tes que exigirão nossa atenção" (p. 425).

dos, apresenta várias idéias inte­ressantes que poderão ser ut il i­zadas, como ponto de part ida ou sugestões, para novos estu­dos mais profundos. D

Em nossa opin ião a obra, apesar de uma análise muito su­perficial dos problemas levanta- Antonio Celso Agune

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