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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DAÍSE SALES DE OLIVEIRA ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE ESPORTE DO “PROGRAMA DE CRIANÇA PETROBRAS” NO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS – BA AGOINHAS 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIADEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DAÍSE SALES DE OLIVEIRA

ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE ESPORTE DO “PROGRAMA DE CRIANÇA PETROBRAS” NO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS – BA

AGOINHAS2010

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DAÍSE SALES DE OLIVEIRA

ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE ESPORTE DO “PROGRAMA DE CRIANÇA PETROBRAS” NO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS - BA

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus II, Alagoinhas, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física, sob orientação do Prof.º Ms. Luiz Carlos Rocha.

ALAGOINHAS2010

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Aos meus avós paternos e maternos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo discernimento, sabedoria e livramentos concedidos em minha

caminhada. Aos meus pais, pelas contribuições na formação de meu caráter e pelos

ensinamentos que mim fazem ser o que sou hoje. Aos irmãos, que apesar das

rusgas são como pilares nos momentos bons e nos nem tão bons assim.

Ao amigo Tom, que dentre os amigos tornou-se irmão e que assim como os meus

consangüíneos terá que me suportar até os últimos dias.

As amigas Selma e Leidy, pelos conselhos, incentivos, paciência e confiança que

sempre chegam em momentos oportunos.

Ao Keu, pelas risadas e reggaes que em muitos momentos me fizeram esquecer os

problemas enfrentados.

A meu grande mestre professor Luiz Rocha, por acreditar que eu podia produzir um

pouquinho mais, até quando nem mesmo eu acreditava, pelo compromisso, pela

serenidade e humildade com a qual consegue passar os ensinamentos. Por

conseguir despertar em mim a vontade de aprender e de produzir.

A minha antiga turma de Educação Física 2005.2 e a minha atual galera Educação

Física 2006.2 pelo carinho a acolhimento que demonstraram para comigo.

A coordenação do Programa de Criança pela confiança conferida para a realização

da pesquisa. Em fim, a todos que de um modo geral possam ter colaborado de

forma direta ou indireta para o meu processo de formação.

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Os pais e os professores lutam pelo mesmo sonho: torna seus filhos e alunos felizes, saudáveis e sábios. Mas jamais estiveram tão perdidos na árdua tarefa de educar.

Cury (2008, s/p)

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RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido na unidade do Programa de Criança Petrobras no município de Entre Rios – BA. Tendo como objetivo analisar e discutir a concepção de esporte do referido programa. Para tanto, tomamos à dialética como base na compreensão da realidade pesquisada, onde por meio de uma abordagem qualitativa utilizamos o método de Estudo de Caso, e mediante a aplicação de instrumentos como: entrevistas estruturadas, questionários e observação. Tornou-se possível chegar a resultados que sugerem que a visão acerca do fenômeno esportivo desenvolvida neste programa é composta por um mix de abordagens metodológicas. O que nos faz concluir que há necessidade de se repensar as bases teóricas que fundamentam o projeto, bem como, é necessário investir em qualificação profissional afim de maximizar a concepção de esporte.

Palavras Chaves: Esporte, Abordagem Metodológica, Programas de criança.

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

BA – Bahia.

CEPE – Clube de Empregados da Petrobras.

CT – Conselho Tutelar.

SECEL – Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer.

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LISTA DE ILUISTRAÇÕES

Gráfico 1 Atividades Preferidas dos Educandos 37Gráfico 2 Concepção de Esporte dos Educandos 37Gráfico 3 O esporte e o aprendizado 39Gráfico 4 O que motiva a ida ao programa 39Gráfico 5 As evasões 40Gráfico 6 Motivos das evasões 41Gráfico 7 Conhecem pessoas que gostariam de freqüentar o programa 41Gráfico 8 Fatores que motivam as pessoas a querer participar do programa 42Gráfico 9 Interesse por outros esportes 42Gráfico 10 Relacionamento entre educandos e funcionários 43Gráfico 11 Pedidos dos alunos ao programa 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 92 O ESPORTE E SUAS CONCEPÇÕES 112.1 Dimensões Política do Esporte 143 A BUSCA POR NOVOS CAMINHOS 184 O MUNICÍPIO, O ESPORTE, O PROGRAMA E SUAS RELAÇÕES

HISTÓRICAS 25

5 O MÉTODO 31

6 DESCORTINANDO O PROGRAMA 33

6.1 O Programa aos Olhos da Coordenação 336.2 O Programa Pela Ótica do Educador Social 356.3 O Programa na Concepção dos Alunos 377 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45

REFERÊNCIAS 47

APÊNDICE A - Entrevista à Coordenação 50

APÊNDICE B - Entrevista Para o Professor 52

APÊNDICE C - Questionário Para os Educandos 53

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge a partir do interesse em aprofundar meus estudos no

campo das políticas públicas, particularmente, aquelas situadas no âmbito do

esporte e lazer. Decorre também, do fato de está atuando junto a Secretária de

Cultura, Esporte e Lazer da cidade de Entre Rios - BA.

Justificasse ainda, pela relevância deste tema para o campo da Educação Física,

uma vez que o esporte tem se colocado historicamente como o principal

conhecimento trabalhado pelos profissionais da área. Não podemos também, deixar

de reconhecer, a sua importância social, uma vez que, no cenário das políticas

públicas o esporte se apresenta como um instrumento capaz de proporcionar uma

transformação social, principalmente nos segmentos da população que vive em

condições de vulnerabilidade, especialmente, crianças e jovens.

Portanto, é diante da escassez de projetos que atendam o público infanto-juvenil da

sociedade entrerriense, que o Programa de Criança Petrobrás ganha visibilidade.

Sendo assim, o objetivo desse trabalho será analisar e discutir a concepção de

esporte desenvolvida neste programa, além de buscar compreender seu processo

de elaboração e execução.

Ao longo de seus seis capítulos este estudo irá esquadrinhar e analisar o programa

a fim de elucidar questões intrínsecas as concepções desenvolvida neste projeto,

onde para tanto foi estabelecido um dialogo junto a coordenação, educadores e

educandos que o compõem, na busca de trazer respostas as perguntas formuladas.

O primeiro capítulo, intitulado O esporte e Suas Concepções irá apresentar uma

discussão acerca das compreensões que norteiam o esporte na atualidade. Onde se

pretende esclarecer alguns dos efeitos dessa manifestação cultural no meio social.

Já no segundo, A Busca Por Novos Caminhos, traz uma discussão voltada às

transformações ocorridas no âmbito da Educação Física, a partir de uma análise das

abordagens metodológicas que no decorrer da década de 80 surgiram para atender

as novas demandas sociais.

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O terceiro, O município, O esporte, O programa e Suas Relações Históricas, traça

um panorama entre as relações existente entre estas categorias, com o intuito de

mostrar o cenário no qual o programa encontra-se circunscrito.

O quarto denominado O Método, apresenta os caminhos percorridos nesta

investigação, a metodologia, as técnicas e instrumentos utilizados, através dos quais

foi possível responder as questões levantadas no decorrer do trabalho.

O quinto, Descortinando o Programa, traz os dados encontrados e a discussão

destes, na perspectiva de compreender de maneira mais aprofundada os processos

que orientam a implantação e execução do Programa de Criança Petrobras. Para

tanto, estruturou-se a discussão em três etapas:

• O Programa aos Olhos da Coordenação, nesta é possível constatar o

entendimento da coordenação acerca do esporte.

• O Programa Pela Ótica do Educador Social, esse apresenta a forma como o

professor de esporte concebe este fenômeno.

• O Programa na Concepção dos Alunos traz a visão dos educandos sobre o

programa e o esporte.

Por último, é possível encontrar as considerações finais do trabalho, onde é posto os

acertos e limitações do programa, além de apresentar propostas com o intuito de

subsidiar mudanças no cenário atual.

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2 O ESPORTE E SUAS CONCEPÇÕES

Dentre os elementos que compõe a Educação Física é notável o destaque que o

esporte ganha dentro da cultura corporal, sendo assim não pode ser negada sua

importância no processo de formação histórico-cultural do individuo, o que por sua

vez nos remete a buscar compreender a relevância e abrangência deste no meio

social.

Norbert Elias (1992) citado por Júnior (2005, p. 127) analisa o esporte da seguinte

forma:

[...] as sociedades revelam meios compensatórios para aliviar as tensões provenientes do autocontrole das tenções, e o esporte seria um desses meios. O esporte responderia de maneira catártica e controlada à emoção mimética das relações, riscos e tensões do cotidiano. O que caracterizou o esporte moderno é o seu impulso civilizador no processo de esportivização dos pensamentos lúdicos.

Já, Tubino (1999) concebe o esporte classificando-o em três dimensões sociais,

sendo estas: esporte-performance, esporte participação e esporte educação.

O esporte-performance seria a manifestação do esporte que dirigiu o conceito do

fenômeno esportivo por muitos anos, sendo que esta é na atualidade tão somente

uma das dimensões deste fenômeno, tendo sido a partir dele que surgiu o “esporte

olímpico e o esporte como instrumento político-ideológico”, não esquecendo que

esta manifestação esportiva é disputada seguindo rigorosamente códigos e leis

previamente estabelecidos.

Quanto ao esporte-participação este se configura como sendo a manifestação que

se apóia no lúdico, no uso do tempo livre, não tendo obrigações com regras

estabelecidas por instituições, podendo esta propiciar por meio de sua vivencia

amenidade aos seus praticantes, além de poder proporcionar integração social,

fortalecimento das relações pessoais.

Já o esporte-educação este deve ser compreendido como sendo um preparo para a

cidadania, tendo um “caráter formativo”. Este deve esta em ambientes formais e não

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formais de ensino, desvencilhando-se da seletividade e a competição acirrada,

tomando como base “princípios educacional como: participação, co-educação,

integração e responsabilidade”. Para Thomaz (2005, p.328) “o esporte-educacional

tem sido interpretado como um esporte escolar, na mesma lógica de entidades de

prática esportiva, para formar equipes e disputar competições”.

Na busca de elucidar o que seria competição Lawther (1973) apresenta seguinte

contribuição:

A palavra competição vem do latim, competere, que significa “buscar juntos” (com, juntos e petere, buscar). Ela normalmente subentende uma disputa com outro ou outros, e muitas vezes inclui a avaliação do desempenho da própria pessoa em termos comparados; isto é, em comparação com o desempenho de outros. A pessoa pode competir com seu próprio recorde ou com o estabelecido anteriormente por outros, na mesma prova. Talvez um meio comumente aceito seja o esforço para provar a si mesmo que se é superior a outrem, obter alguma recompensa, louvor ou honra superando outrem. O impulso para superar terceiros não é, necessariamente, de natureza hostil e, mais comumente, não inclui ira. À medida que a importância de superar terceiros aumenta, e que o impulso para vencer outras pessoas se acentua, a competição pode começar a transforma-se em agressão [...] (p.32)

Já Maria Cagigal (1981) citada por Júnior (2005, p. 128) salienta que:

[...] não é possível definir com aceitação geral o que é o desporto, nem como realidade antropocultural, nem como realidade social. Torna-se cada vez mais árida esta tarefa, tendo em vista que o desporto moda e amplia incessantemente seu significado, tanto no que se refere atitude de atividades humana quanto ao entendimento de uma realidade social complexa.

Cristan (2000) ao buscar compreender o porquê do esporte ter passado a ser um

dos elementos de maior relevância dentre os que compõem a cultura corporal na

sociedade moderna tendo este adquirido valor simbólico e econômico, realiza um

desdobramento, onde apontará à “expansão do consumo generalizado do esporte”

conferindo essa expansão ao tempo livre que os trabalhadores passaram a gozar de

direito, e com isso a enquadrar o esporte dentro de suas atividades, sendo que em

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seus tempos livres os trabalhadores não só passaram a poder vivenciar o fenômeno,

mas também se tornaram consumidores.

A autora ainda define o esporte como sendo “um meio especifico de atividades

físicas competitivas baseadas nos elementos do jogo e que se coloca sob uma

perspectiva normativa orientada para objetivos específicos.” Comportando

elementos que lhe são “endógenos e exógenos”. São os elementos endógenos

segundo a autora:

[...] Poderíamos destacar não apenas os elementos já conhecidos – tempo, espaço e regras próprias – mas uma dinâmica da competição composta por elementos de tensão que tem seu apíce, comportando catarse e seu alívio, introjetando na atividade desportiva potenciais de constituição de mecanismos de projecção e identificação social, capazes se unificarem na criação de um capital simbólico particular à toda sociedade de massa.

Esta maneira exclusiva de recriar laços de solidariedade – caráter endógeno – seria um dos mais genuínos aspectos do esporte enquanto fenômeno da sociedade moderna, principalmente porque através deste potencial o esporte pôde revelar sua faceta mercantil, tornando-se um bem altamente comercializável e sob o qual estruturou-se um mercado bastante complexo [...] (CRISTAN, 2000, p.79)

Elucidando os elementos exógenos Cristan (2000, p.80) diz:

[...] A constituição de condições históricas especifica a um dado tempo, cultura e região geográfica [...] foram responsáveis pela criação de um ambiente propicio à difusão do esporte como prática corporal e de consumo consagrada dentro da cultura de massa contemporânea. Mesmo assim, um outro dado deve ser amplamente considerado: a questão é que para conseguir se expandir – como cultura corporal praticada e consumida – novos atributos foram dados ao esporte, uma vez que nem todos são dotados das habilidades portadas pelos super-atletas. Nesse sentido, a competição exacerbada que funcionava como o aspecto mais atraente das disputas dos torneios teve que ser melhor controlada para que a prática das atividades esportivas em tempo de lazer – e o consumo correlato de equipamentos e uma série de outros produtos desportivos – pudessem atingir um público ainda maior.

Segundo a autora dessa forma o esporte passa a ter um maior alcance no meio

social o que por sua vez acaba lhe concedendo uma dada hegemonia dentro da

cultura corporal, “praticada e espetacularizada – inclusive pelo brasileiro”. Adotando

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este um caráter que transcende a estratificação social de algumas camadas o que

por sua vez confere-lhe certa “mobilidade dentro da pirâmide social”.

De acordo com Vaz (2005) o esporte da atualidade está muito mais caracterizado

como mercadoria do que anos atrás, e atribui esse feito aos meios de comunicação

de massa e a chamada “indústria do entretenimento” havendo segundo o autor uma

estreita relação entre estas. Ele ressalta ainda que dentro da sociedade industrial

tem mais valor o “resultado e não o sujeito que o realiza”, “a ação e não o ator”.

Compartilhando de uma visão similar de pensar a trajetória histórica do esporte e

sua abrangência no meio social Oliveira (2005, p.15) diz:

A influência do esporte sobre a educação física tem um grande crescimento após a Segunda Guerra Mundial, afirmando-se como elemento hegemônico da cultura corporal. No Brasil, é o período do fim do Estado Novo, do avanço do processo de urbanização, com o desenvolvimento industrial e dos meios de comunicação de massa.Registra-se, ainda, como importante para o avanço dessa influência no Brasil a difusão do método denominado “Educação Física Desportiva Generalizada”, criado pelo Instituto Nacional de Esporte da França e que aqui chegou por volta dos anos de 1940. Foi difundido principalmente nos cursos de aperfeiçoamento técnico-pedagógico ministrados pelo professor Auguste Listello, ficando conhecido como “Método Desportivo Generalizado”.

Contudo, buscar perceber as possíveis relações/ligações entre esporte e política

também se faz necessário para melhor compreender o alcance desse junto à

sociedade e os avanços históricos envolvendo este fenômeno. Sendo assim,

discorreremos a seguir acerca de algumas concepções que permeia o campo da

política e do esporte.

2.1 Dimensões Política do Esporte

Ao fazermos uma análise cuidadosa do esporte perceberemos o quanto este está

historicamente ligado à política e veremos também o quanto ambos utilizam um ao

outro para galgar seus status e justificar-se socialmente.

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Na perspectiva de compreender a política do esporte podemos lançar mão aqui da

contribuição de Thomaz (2005, p. 327) que a define assim:

É o conjunto de princípios, de diretrizes e de ações estratégicas desenvolvidas pelos poderes públicos e pela iniciativa privada no objetivo da promoção e desenvolvimento da cultura do esporte, seja em suas atitudes formativas (educativas), de lazer (recreativo ou contemplativo) ou performáticas ou de rendimento (espetáculo e resultados atléticos – recordes e vitórias), profissionalizadas ou não.

Com o advento do projeto neoliberal acompanhamos a redução ou até mesmo em

alguns casos a inexistência da intervenção estatal junto a algumas demandas

sociais, com isso foi possível perceber um crescimento significativo de projetos

sociais que buscam atender tais demandas. Projetos estes que ajudam a compor

aquilo que chamamos de “terceiro Setor” e o que para Montaño. Se dá da seguinte

forma:

[...] no que concerne ao novo trato da “questão social”, a orientação das políticas sociais estatais é alterada de forma significativa. Por um lado, elas são retiradas paulatinamente da órbita do Estado, sendo privatizadas transferidas ao mercado e/ou alocadas na sociedade civil. Por sua vez, essas políticas sociais estatais são focalizadas, isto é, dirigidas exclusivamente aos setores portadores de carências pontuais, com necessidades básicas insatisfeitas. Finalmente, elas são também descentralizadas administrativamente; o que implica apenas em uma desconcentração financeira e executiva, mantendo uma centralização normativa e política. Em idêntico sentido, os serviços sociais, a assistência estatal, as subversões de produtos e serviços de uso popular, os “complementos salariais” etc., se vêem fortemente reduzidos em quantidade, qualidade e variedade. O que significa que os “sérvios estatais para pobres” são “pobres serviços estatais. (MONTAÑO, 2001, P. 3)

Dentre os projetos sociais que vimos avolumar-se nos últimos anos está os projetos

esportivos, o que possibilitou à ampliação deste fenômeno através de movimentos

que visavam sua popularização tornando ainda mais perceptível seu potencial no

combate as mazelas sociais, o que acabou por colaborar para a utilização destes

por alguns agentes políticos que passaram a empregá-lo em suas ações buscando

preencher as lacunas deixadas pelo Estado no que tange as políticas públicas de

esporte. Em sua maioria os agentes políticos estão alocados na sociedade civil,

Maar, W. L. (1986, p. 64) nos mostra que “para exercer a atividade política, a

sociedade civil tem suas próprias instituições, onde procura desenvolver direções

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políticas para ser levada ao estado, a “instituição das instituições”. Fazendo partes

destas os partidos, os sindicatos, as empresas... sendo que embora essa última

tenha contribuído para a ampliação da prática esportiva no Brasil Tubino (2001, p.

27) nos mostra que: “... não se pode esquecer é que uma empresa deve ser

entendida como uma célula social básica, como tal deveria constituir-se como

epicentro social e cultural em todos os domínios de desenvolvimento de sua

comunidade.”

De acordo com a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 217º, no qual dispõem

sobre o dever do Estado acerca do desporto trás em seus incisos I, II, e III a

seguinte colocação:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional.

Oleias, acredita que a partir dessa constituição surgiu “uma nova forma de conceber

o esporte” tanto por parte dos “governantes” quanto por parte dos “empresários”. Em

seu trabalho o autor mostra que:

[...] Os investimentos que as elites empresariais deslocam para benefícios sociais, neste particular ao desenvolvimento do esporte, estão aquém das reais necessidades. Por esse motivo, mesmo havendo o relacionamento entre ambos, o Estado continua deslocando recursos para o setor. Tais argumentos conduzem os profissionais em Educação Física a uma discussão sobre a definição do papel do Estado e da iniciativa privada no desenvolvimento da Educação Física e do esporte, observando a relevância que deve ser dada a participação da sociedade civil neste processo, por ser um assunto político-social de grande repercussão, mas que tem sido visualizado de maneira pouco democrática [...] (OLEIAS, S.d. p. 4)

Atualmente os projetos esportivos nos são apresentados na carapaça de “projetos

esportivos educacionais”, onde o desporto é apresentado na modernidade como

diria Bracht (2002) como uma pedagogia moral, através do qual seria possível uma

aprendizagem das virtudes. Já Lawther mostra que:

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Para desenvolver o desportismo, os incentivos para o aprendizado de valores sociais desejáveis devem ser parte da situação de aprendizado total. Além disso, deve-se dar importância a esse aprendizado, no comportamento esportivo, em termos de reconhecimento e recompensas, para que ele seja importante e permanente. (LAWTHER, 1973, p.35)

Todavia a humanização dos indivíduos, a tão almejada educação torna-se possível

segundo Medina havendo uma apropriação do corpo pela cultura, o que para ele

ocorreria da seguinte forma:

[...] O corpo é apropriado pela cultura. Vai sendo cada vez mais um suporte de signos sociais. É modelado como projeção do social. As instituições assumem seu papel. Como dizem é necessária a preparação (do corpo) para o convívio em sociedade. É preciso aprender as regras sociais. Começa a divisão. Começa a educação. O corpo da criança vai sendo violado por um conjunto de regras socioeconômicas que sufoca, domestica, oprime, reprime, “educa” [...] (MEDINA, 1987, p. 66)

Compreendendo que o esporte moderno tem trilhado novos caminhos que o fazem

ser visto não só como performance, mas também na dimensão educacional,

participação... E, entendendo ainda, que a política de hoje é fruto de um passado e

que ela não esta pronta, portanto sujeita a transformações devido a sua

dinamicidade isso nos remete a vislumbrar novas investigações cientificas a fim de

descortinar questões intrínsecas tanto no âmbito político quanto no âmbito esportivo,

para que por meio destas seja possível trazer a luz a dimensão social do fenômeno

esportivo.

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3 A BUSCA POR NOVOS CAMINHOS

Durante já algum tempo os profissionais da área de Educação Física tem buscado

novos caminhos que norteie sua prática pedagógica, com o intuito atender as novas

demandas sociais impostas, as quais os métodos tradicionais de ensino da

Educação Física já não dão conta de atender. Segundo Oleias, quando trabalhados

dentro dessas perspectivas esses métodos preocupa-se com:

[...] A introdução dos movimentos estereotipados, ritmados e seriados na ginástica, o uso do cronômetro com objetivos classificatórios e seletivos, a utilização de critérios “científicos” no treinamento e “adestramento” de indivíduos, além da presença do profissional técnico-especializado manipulando o desempenho físico, é um retrato perfeito da presença do método taylorista na Educação Física e nos esportes [...] (OLEIAS, S.d. p. 4)

[...] o cumprimento do programa traçado do que com o nível de compreensão, sistematização e produção pelos alunos. Assim, a aprendizagem desenvolvida por profissionais tecnicistas através do método tradicional é obtida pelo alunos basicamente por duas situações: a) pela insistência na repetição dos movimentos; b) pela cópia de um modelo a ser seguido (executado) [...] (OLEIAS, S.d. p. 5)

Havendo por tanto nesse tipo de abordagem do esporte a falta de problematização

que possibilite ao aluno relacionar-se de forma critica com o objeto da

aprendizagem.

Paulatinamente novas abordagens metodológicas foram surgindo, o que por sua vez

acabou contribuindo para uma ampliação na forma de se conceber o fenômeno, e

trazendo em seu bojo um cuidado diferenciado aos conhecimentos até então

tratados por essa área de conhecimento.

Soares, et al (1992) nos propõem uma nova forma de conceber o universo de

conteúdos pertencentes à Educação Física, a fim de promover mudanças sociais,

nas quais os sujeitos da aprendizagem sejam capazes de compreender que o

conhecimento é algo provisório e que, portanto estes indivíduos deve esta aptos a

se reconhecerem como seres sócio-histórico com envergadura para sistematizar

uma nova realidade, tanto no âmbito social, econômico e/quanto político, além de

possibilitar a esses sujeitos o desenvolvimento de identidade de classe. E para

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tanto os autores fazem uso de macro temas da cultura corporal, onde os conteúdos

devem ser tratados de forma cíclica e espiralados, contudo salientam que a

utilização destes deve seguir uma ordem arbitrária. A essa forma de pensar os

conhecimentos pertencentes à Educação Física os proponentes chamaram de

abordagem Crítico-Superadora. Tendo o esporte em foco dentro dessa perspectiva

de abordagem, este deve ser percebido em suas diferentes vertentes e efeitos, já

que este estará sujeito a códigos e signos sociais, os quais precisam ser levados em

consideração quando trabalhados em uma perspectiva educacional. Buscando

sempre corroborar para a desmistificação do fenômeno, almejando dessa forma que

ele não venha ter fim nele mesmo.

Ainda segundo o Soares et al:

Se aceitamos o esporte como fenômeno social, tema da cultura corporal, precisamos questionar suas normas, suas condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria.

Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário. (SOARES et al, 1992, p. 49)

Dando seguimento à visão crítica de se pensar o esporte, podemos lançar mão das

contribuições de Kunz (2001) que propõe modificações concretas ao ensino deste

fenômeno, nos chamando a atenção à necessidade de uma transformação didático -

pedagógica para seu ensino, onde seja feito o uso de ferramentas que façam o

dialogo entre o esporte, cultura, economia, política e o social de um modo geral.

Nutrindo os sujeitos da aprendizagem com elementos que os possibilitem um agir

para além da prática, por meio de subsídios que os permitam desenvolver visão

crítica, a partir da qual seria possível contribuir com a criação de seres livres e

emancipados. Contudo o autor nos mostra que:

A teoria tem a capacidade de antecipar ações prática, mas é a partir, também, de propostas práticas concretas que o desenvolvimento teórico pode tomar novo impulso. E é nessa dialética de interação entre teoria e a prática que se pode chegar a uma pedagogia consistente para o ensino dos esportes na Educação Física Escolar. (KUNZ, 2001, p. 30)

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De acordo com Oleias (S.d. p. 7)

[...] a função do professor de Educação Física não esta pautada apenas na transmissão de um dado conhecimento, mas na mobilização para a construção do conhecimento, tendo como base três necessidades: a) conhecimento da realidade; b) clareza dos objetivos; c) relacionamento entre teoria e prática. Considerando essas três necessidades como fundamentais no desenvolvimento da prática de ensino da Educação Física é importante frisar que o relacionamento entre teoria e prática pode ser considerada a essência do método inovador.

No mesmo trabalho Kunz tece críticas ao que ele denomina de "visão dualista" do

Coletivo de Autores, os quais fazem uso do termo “cultura corporal” para designar a

"área de conhecimento" da Educação Física.

[...] porém, com toda certeza esses autores sabem que, pela concepção dualista de homem, se existe uma cultura humana que é apenas corporal, devem existir outras que não o são, que devem ser então mentais ou espirituais e, certamente, não incluíam a cultura corporal do jogo, do esporte da ginástica e da dança como cultura "corporal" na concepção dualista. Embora esse conceito de "cultura corporal" esteja sendo utilizado por muitos teóricos da Educação Física e Esporte, parece-me destinado apenas a reforçar uma cultura desenvolvida pela via do movimento humano. É, de qualquer forma um conceito tautológico, um vez que não pode existir nenhuma atividade culturalmente produzida pelo homem que não seja corporal. (KUNZ, 2001. p. 19)

Sendo assim Kunz propõe uma nova abordagem para o ensino da Educação Física,

e a intitula de Crítico – Emancipatória, através da qual vislumbra a “cultura do

movimento” como conhecimentos/conteúdos a ser tratado pelos profissionais da

área. Configurando-se o esporte como um fenômeno sócio cultural estaria ele,

portanto, imbuído nas propostas dessa abordagem. Todavia o autor sugeri/apresenta

mudanças ao tratá-lo pedagogicamente.

[...] Transformações devem ocorrer, acima de tudo, em relação às insuficientes condições físicas e técnicas do aluno para realizar com certa “perfeição” a modalidade em questão. Essa “perfeição” se concretiza no nível do prazer e da satisfação do aluno e não no modelo de competição, pois não é tarefa da escola treinar o aluno, mas ensinar-lhe o esporte, de forma atrativa, o que inclui a sua efetivação prática [...] (KUNZ, 2001. p. 126)

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[...] não é apenas uma transformação prática do esporte que deve acontecer (de uma prática exigente para uma prática menos exigente em relação ao aluno, o que acontece também na busca de alternativas para introduzir ou iniciar melhor o aluno em alguma modalidade) mas, principalmente, a compreensão das possibilidades de alteração do sentido dos esportes [...] (KUNZ, 2001. p. 127)

De acordo com Soares et al (1992, p. 71) o processo de ensino-aprendizagem nas

aulas de Educação Física tem se configurado da seguinte maneira:

[...] está condicionada pelos significados que lhe são atribuídos tanto pela legislação vigente, quanto pelo processo de trabalho estabelecido no interior da escola e pelos conhecimentos e concepções dos professores e alunos envolvidos.

Nesse confronto, onde entram em questão projetos pedagógicos diferentes e até antagônicos, tem prevalecido a “orientação oficial” advinda do sistema esportivo. Essa “orientação oficial” determina as condições organizacionais das escolas, as quais condicionam a prática pedagógica da Educação Física, dando-lhe um significado, uma finalidade, um conteúdo e uma forma.

O significado é a meritocracia, a ênfase no esforço individual. A finalidade é a seleção. O conteúdo é aquele advindo do esporte, e a forma são os testes esportivo-motores.

Tendo como arcabouço a abordagem Crítico-Emancipatoria sugere-se que o esporte

seja esmerilado por meio de um esquadrinhamento, o que por sua vez contribui para

que os aprendizes desse fenômeno ultrapassem as barreiras das técnicas e

habilidades fazendo com que concebam o esporte dentro de suas necessidades e

possibilidades, as quais o autor mostra que muitas das vezes acabam sendo

manipuladas para atender os interesses de uma minoria. “É notório que o esporte,

para ser praticado nos padrões e nos princípios do alto rendimento, requer

exigências de que cada vez menos pessoas conseguem dar conta, mesmo assim

ele é o modelo que todos querem seguir.” (KUNZ, 2001, p.34) e que em alguns

casos os profissionais da área acabam mesmo que de forma inconscientemente

agindo como agentes legitimadores da “coerção auto-imposta”

Lawther nos mostra que:

Aquilo que a pessoa é motivada a aprender depende das suas finalidades e dos seus objetivos pessoais. O aprendizado de valores sociais, particularmente do desportismo, deve ser parte da finalidade

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do indivíduo. Para que haja aprendizado, seus resultados devem ser reconhecidos e devem ser tornados satisfatórios. (LAWTHER,1973, p.34)

Kunz (2001) ainda nos mostra que no trato com o esporte, torna-se imperativo

pensarmos não só a realidade material onde se desenvolve a práxis pedagógica,

mas também aponta a necessidade de perceber o individuo da aprendizagem em

sua totalidade, compreendendo que o movimentar-se não envolve apenas corpos,

mas toda uma subjetividade e carga emocional que deve ser considerada durante o

processo de ensino-aprendizagem. Haja vista esta influenciarem durante a execução

dos movimentos.

Comungando da mesma linha de pensamento de Kunz no trato com o processo de

ensino-aprendizagem o antropólogo e sociólogo Frances Edgar Morin diz:

[...] o racionalismo que ignora os seres, a subjetividade, a afetividade e a vida é irracional. A racionalidade deve reconhecer a parte de afeto, de amor e de arrependimento. A verdadeira racionalidade conhece os limites da lógica, do determinismo e do mecanismo; sabe que a mente humana não poderia ser onisciente, que a realidade comporta mistérios. Negocia com a irracionalidade, o obscuro, o irracionalizável. (MORIN, 2000, p. 23).

Ao abordar questões inerentes ao campo da educação, o psiquiatra Cury esclarece

o quanto à “emoção determina a qualidade do registro” na memória

[...] nos só conseguimos dar detalhes das experiências que envolve perdas, alegrias, elogios, medos, frustrações. Por quê? Porque a emoção determina a qualidade do registro. Quanto maior o volume emocional envolvido na experiência, mais chance terá de ser registrado. Onde eles são registrados? Na UMC, que é a memória de uso continuo ou memória consciente. As experiências tensas são registradas no centro consciente, e a partir daí são lidas continuamente. Com o passar do tempo, elas vão deslocadas para a periferia inconsciente da memória, chamada de ME, memória existencial.

Em alguns casos, o grau de ansiedade ou sofrimento pode ser tão grande que provoca bloqueio na memória. Este bloqueio é uma defesa inconsciente que evita o resgate e a reprodução da dor emocional... Normalmente as experiencias com alta carga emocional ficam disponíveis para serem lidas e gerarem milhares de novos pensamentos e emoções. Uma ofensa não-trabalhada pode estragar o dia ou a semana. Uma rejeição pode encarcerar uma vida. Uma criança que fica presa num quarto escuro pode desenvolver

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claustrofobia. Um vexame em público pode gerar fobia social [...] (CURY, 2008, p.78)

Oliveira resumiu as criticas ao esporte em duas dimensões são elas:

A primeira dimensão diz respeito a essa relação de exclusividade (sem espaço para outros temas), primazia (propriedade quanto ao tempo e a organização do espaço) ou hierarquia (outros temas tratado em função dele) na organização das aulas de Educação Física. A segunda dimensão da crítica diz respeito a função do esporte na escola, sustentando-se, por um lado, na idéia de que o esporte que acontece na escola está a serviço da instituição esportiva e, por outro lado, na dimensão axiológica, nos valores que ele transmite, perpassa e constrói. (OLIVEIRA, 2005, p.16)

Mais adiante Oliveira mostra creditar que as duas dimensões da crítica “não se

excluem e se articulam” embora estas tenham segundo o autor “problemas de

matrizes diferentes”.

De um lado, verifica-se um problema que é de ordem metodológica, que remete ao trato com o conhecimento esporte baseado em uma determinada perspectiva da Educação Física. Ou seja, são questões decisões no plano da organização e da seleção de conteúdos de ensino, considerando o tempo e o espaço pedagógico e as finalidades da escola. De outro, temos um problema de ordem teórica, no sentido mesmo e explicação e interpretação da realidade, que é a própria caracterização do esporte, a leitura que se faz do seu surgimento e desenvolvimento. (OLIVEIRA, 2005, p.17)

Diante das discussões e polêmicas que cercam o campo da Educação Física e do

esporte OLIVEIRA (2005), apresenta o que ele chama de “pressuposto” de

reinvenção do fenômeno esportivo, enxergando a escola como lócus “privilegiado”

para essa reinvenção, já que esta é um “espaço de intervenção”, onde há a

possibilidade de ser feitas críticas ao modelo vigente.

Esse “novo esporte” ou esse “esporte reinventado” deve apresentar elementos tais

como: “... uma visão crítica em relação aos códigos, valores e sentido do esporte

moderno, valores e sentidos fundamentais da sociedade capitalista... pesá-lo a luz

de um determinado projeto político-pedagógico...” (OLIVEIRA, 2005, p.20)

[...] O pressuposto da possibilidade de reinvenção do esporte, além de fincado na critica ao capitalismo e na compreensão da escola

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como espaço de contradições, conflitos e disputas, articula uma determinada perspectiva teórica, de explicação e interpretação do esporte como dado cultural com necessidade de um trato com esse conhecimento, no âmbito da escola, que seja capaz de promover sua explicação, negação e superação.

A possibilidade de reinvenção como pressuposto é, ao mesmo tempo, impulso fascinante e o limite desafiador este estudo, pois se, em geral, há resistência às mudanças, no caso do esporte predomina uma postura como se tudo fosse passível de ser alterado, exceto ele, tornando-o, assim, algo que, de tão humano, porque competitivo, tornou-se estranho ao próprio homem [...]

Para concluir essa parte da discussão trago as contribuições de Oliveira (2005, p.88)

“... Sem dúvidas, qualquer que seja a abordagem, desde que numa perspectiva

crítica, não há o que discordar do caráter alienante com que o esporte se reveste e

se desenvolve na sociedade industrial.

Sendo assim, espera-se que as contribuições teóricas aqui abordadas permitam

uma análise mais cuidadosa do nosso objeto de estudo, compreendendo-o nas suas

múltiplas possibilidades de se manifestar no meio no qual está inserido.

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4 O MUNICÍPIO, O ESPORTE, O PROGRAMA E SUAS RELAÇÕES HISTÓRICAS

Entendendo que as relações sociais se constituem ao longo da história e que essas

imprimem muitas marcas nas vidas dos sujeitos que delas fazem parte,

influenciando inclusive em suas ações no meio social. É que convidamos o leitor a

fazer um breve mergulho histórico, buscando compreender as relações entre o

município de Entre Rios – BA, o esporte nele desenvolvido e o Programa de Criança

– Petrobras.

Antes de imergirmos em “águas mais profundas” da histórica de Entre Rios – BA

gostaria de descrever o atual quadro social do município, o qual conta hoje com uma

população estimada de 40.524 habitantes segundo dados do IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Sendo que aproximadamente 43% dessa

população é composta por crianças e adolescente. No que tange a ações voltadas a

esse público, estas são escassas e em alguns casos até mesmo inexistente, como é

o caso de programas que viabilizem geração de emprego e renda, acesso a prática

esportiva continuada, dentre outros. Embora o PIB Per capita da população até 2007

tenha sido calculado em R$ 5.728 (cinco mil setecentos e vinte oito reais), boa parte

da população local ainda vive em situação de pobreza ou abaixo da linha desta.

Alguns dos problemas sociais mais freqüentes envolvendo os jovens do município

estão relacionados com os altos índices de criminalidade, que segundo a Polícia

Civil do Município (2010) estes chegam a preocupar devido ao grande número

participação de menores nas ocorrências, configurando entre as infrações mais

praticadas: participação no tráfico de drogas, furtos, roubos, agressão física,

arrombamentos, homicídios, etc.

Outro dado preocupante é a irresponsabilidade de pais no trato com seus filhos (falta

de escola, falta de companhia, falta de alimentação), nos três últimos anos esta tem

sido a queixa que lidera o ranck de denuncia do CT - Conselho Tutelar do município,

seguido de perto pela indisciplina escolar.

Em se tratando do esporte, de acordo com a SECEL - Secretaria de Cultura, Esporte

e Lazer do município, são poucas as ações realizadas hoje no âmbito esportivo,

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estando estas bem mais ligadas a atividades esporádicas, tais como: torneios de

futebol, corridas rústicas, Jipe Cross, doações de material esportivo, dentre outros

Rocha et al (2008) descrevem que os investimentos esportivos deste município

estão mais voltados para construção de espaços para as práticas esportivas e

fomento de campeonatos. De acordo com o Relatório Resumido da Execução

Orçamentária do município, no primeiro bimestre do corrente ano a despesa liquida

com o esporte e lazer corresponde a R$ 14.229,80 (quatorze mil, duzentos e vinte e

nove reais e oitenta centavos).

Embora haja neste poucas ações no âmbito das políticas públicas de esporte que

beneficiem seus munícipes a lei orgânica do município em seus artigos (166, 167 e

168) faz referência ao tema e reconhece o esporte como um direito que deve ser

assegurado pelo município, contudo as poucas ações que mantém um certo grau de

regularidade são oriundas de programas do Governo Federal.

De acordo com Rocha et al (2008, p. 4) em estudo acerca das políticas públicas de

esporte e lazer oferecido à população de alguns municípios do território 18 (agreste

de Alagoinhas):

[...] É possível reconhecer a tecnocracia e o centralismo como tendência hegemônica na gestão pública dos municípios investigados. A partir dos dados coletados e das entrevistas realizadas, foi possível perceber a indisponibilidade de diálogo permanente dos gestores com as comunidades e observar que as ações municipais estão desarticuladas da realidade concreta. Identificou-se também, na maioria das prefeituras a ausência de uma política permanente de financiamento e ações desordenadas referentes aos programas municipais de esporte e lazer... foi possível identificar, ainda, que o processo de participação da comunidade local na elaboração e implementação das políticas é difuso e pontual. Isto remete a uma compreensão de que a participação da população se dá eventualmente, quando chamada pelo poder público local para tratar de questões de interesses específicos e imediatos [...]

Ao longo de seus 139 anos o município de Entre Rios - BA tem dado mostra de

quanto seu povo se identifica com a prática esportiva, seja ela convencional ou não,

este fenômeno se faz presente na vida dos entrerrienses por meio de suas

diferentes dimensões. Na perspectiva do rendimento (amador ou profissional) tanto

no passado quanto na atualidade os atletas locais se destacam em diferentes

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modalidades configurando entre estas: futebol, triátlon, atletismo, natação... tendo

estes representado o esporte local em competições intermunicipais, estaduais e em

alguns casos até mesmo internacionais. Segundo dados da SECEL (2010). No que

concerne o esporte – educacional no município este encontra-se deixado de lado já

algum tempo, sua prática só pode ser vista em duas escolas estaduais, duas

escolas privadas, que funcionam na sede do município, também em um programa

do Governo Federal1 e no Programa de Criança Petrobras, quanto as escolas do

município de acordo com levantamento feito pela SECEL (2009), apenas uma escola

tem aula de “esporte” ou melhor de futebol em suas aulas de Educação Física,

devido a esse ser o único material esportivo disponível para as aulas, embora a

escola disponha da melhor quadra existente no município essa praticamente não

tem sido utilizada nas aulas, quanto as demais escolas se detêm a apenas a aulas

teóricas, ou por falta de material ou por falta de espaço físico, somando-se a essa

questão o fato da inexistência de profissionais de Educação Física na rede pública

municipal de ensino. Há alguns anos atrás o esporte nas escolas de Entre Rios tinha

seu lugar garantido dentro das aulas de educação física onde era comum a

realização de Jogos da Primavera, intercolegiais dentre outros eventos que

costumavam mobilizar a população em torno destes.

É na dimensão da participação que o fenômeno encontra-se melhor disseminado

entre os munícipes, objetivando o entretenimento e o lazer, não é difícil encontrar

algumas modalidades sendo praticadas livremente nos mais diferentes espaços. E é

justamente entre o esporte participação que se configura algumas práticas

esportivas com raízes rurais comumente apreciadas na região tais como:

vaquejadas, rodeios, corridas de argolas, pareia... com tudo é válido ressaltar que

não só a cultura rural que tem dado suas contribuições as práticas esportivas local,

mas também a cultura quilombola e costeira.

Ao longo da historia do município a extração petrolífera destacasse como sendo

uma das principais bases econômica deste, o que por sua vez contribui para a

existência do elo entre a Petrobras e Entre Rios - BA. A importância da exploração

1Este programa (Projovem) no momento encontra com atividades suspensas por falta de estagiário.

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29

do petróleo é tão grande para a economia local que este chega ser exaltado na letra

do hino2 do município composto pelo maestro português Santa Isabel.

[...] É Por isso o que digo e não erroEsta cidade formosa e baiana,Tem petróleo e tudo d’beloE com garbo seu povo se ufana [...]

Tendo sido esclarecido em parte à importância da Petrobras para o município, assim

como a relação da população local com o esporte e as carências gritantes das

políticas públicas no âmbito no seguimento esportivo. É nesse cenário que o

Programa de Criança Petrobras, ganha visibilidade. Sendo assim, adentraremos

agora no universo e na historia deste Programa.

Segundo informações da Petrobras o Programa de Criança Petrobras3 foi implantado

no país em 1983, hoje ele está presente em nove estados brasileiros, dentre os

estados beneficiados está o estado da Bahia. De acordo com a empresa o programa

caracterizasse como um projeto de longo alcance, o qual investe em

“complementação educacional de meninos e meninas carente de idades entre 7 e 14

anos... promovendo atividades esportivas, artísticas, recreativas, além de ministrar

noções de saúde e higiene”. [...] “Trata-se de um projeto preventivo, o que se

pretende é evitar que a criança ingresse na marginalidade”.

Na Bahia o programa tem suas atividades desenvolvidas nos município de:

Candeias, São Sebastião do Passé, Catu, Alagoinhas, Araçás, Entre Rios, Pojuca,

Madre de Deus e mais recentemente em Cardeal da Silva. Segundo informações

concedidas pela Coordenação do Programa de Criança no estado, até o momento o

programa só é implantado em municípios que tem unidades de exploração da

Petrobras. Ainda em consonância a informações fornecidas pela coordenação do

programa, este foi implantado no estado a aproximadamente 19 anos, tendo

2Ano de composição ignorado.

3A empresa ainda é responsável pelo desenvolvimento de programas na região tais como: Jovem Aprendiz, Programa de Criança, Projeto Tamar, dentre outros, além de patrocinar algumas manifestações culturais.

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chegado a Entre Rios há 11 anos. O programa oferece suas atividades duas vezes

por semana no contra-turno escolar, é também de responsabilidade do programa a

disponibilização de material didático, fardamento, bem como alimentação e

transporte.

Por meio do programa a empresa já beneficiou um universo de “aproximadamente

5.000 crianças” em nove estados e “aposta no programa para retirar as crianças das

ruas, fazendo com que elas descubram suas potencialidades, através das aulas”.

Segundo informações da Coordenação no Estado, somente no ano passado o

programa atendeu aproximadamente cerca de 1020 crianças em seus 8 pólos

espalhados pelo estado, sendo que entre estas 100 foram atendidas na unidade de

Entre Rios – BA.

No município de Entre Rios – BA segundo informações concedidas pela

Coordenação. O programa funciona duas vezes por semana (terça e quinta),

atendendo atualmente o número 100 alunos, sendo que 50 no turno da manhã e 50

no turno da tarde, os quais são selecionados obedecendo às seguintes condições:

ter oito a dez anos de idade no ano de ingresso no programa, está devidamente

matriculado e freqüentando a escola e ser considerado de baixa renda. Para tão

somente após esse processo ter acesso atividades como: apoio pedagógico, artes,

horticultura e esporte. Os participantes podem fazer parte programa até

completarem os treze anos, após atingirem essa idade devem deixar o programa

para possibilitarem o ingresso de novos participantes.

Os planos de aulas dos facilitadores das atividades devem estar embasados de

acordo com planejamento maior que ocorre uma vez por mês no Clube de

Empregados da Petrobras - CEPE no município de Catu - BA. Onde reunisse os

professores de todos os pólos que funcionam no estado, juntamente com

coordenação do programa, para discutir e planejar as atividades do mês.

Na busca de obter um controle do desenvolvimento corporal das crianças estas

costumam ser pesadas e medidas a cada ciclo do programa, ou seja, em seu

ingresso, na saída para o recesso e no retorno das atividades.

Quanto à infra-estrutura que o programa de Entre Rios dispõem para as aulas de

esporte, atualmente esta é composta por uma sala de aula e uma quadra

poliesportiva, quadra esta que se encontra em péssimas condições de conservação

(com fissuras no piso, mato em alguns pontos, além de não dispor de cobertura nem

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arquibancada). Contudo é válido ressaltar que segundo o professor de esporte em

breve o programa ganhará a construção de uma piscina ampliando dessa forma a

estrutura esportiva.

Portanto, é nesse cenário que se dão as atividades do Programa de Criança

Petrobras, que serão objeto de análise dos nossos estudos. Espera-se entretanto,

que as interpretações oriundas deste estudo, contribuam para refletirmos e quem

sabe intervirmos de maneira mais qualificada no programa, para que este atinga

efetivamente seus objetivos.

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5. O MÉTODO

O presente estudo foi desenvolvido na unidade do Programa de Criança Petrobras

no município de Entre Rios - BA. O programa é considerado importante por ser um

dos mais abrangentes da cidade no uso do fenômeno esportivo, por apresentar

regularidade em suas atividades e atender um número significativo de crianças.

Trata-se de uma investigação de campo e se configura como uma pesquisa

qualitativa, por possibilitar uma análise do comportamento humano, levando em

consideração sua subjetividade e as influências por esses sofridas em interação com

o meio (MOREIRA, 2002).

O método adotado foi o estudo de caso, que Triviños (2007, p. 103) define como

sendo “uma caracterização para designar uma diversidade de pesquisas que

coletam e registram dados de um caso em particular ou de vários casos a fim de

organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência”. De acordo com o

autor caracteriza-se ainda como um Estudo de Caso Observacional, já que o foco

para análise pode ser uma organização, sendo que não será esta como um todo que

interessa ao estudo, mas sim uma parte.

A coleta de dados se deu por meio da técnica de observação, na qual nos detivemos

tão somente a ser um participante observador. Para tanto Moreira (2002) salienta

que é necessário que se tenha uma autorização previa dos sujeitos os quais se

deseja observar onde estes sejam conhecedores do nosso papel enquanto

pesquisador. Utilizamos ainda a entrevista estruturada, a qual foi feita ao

coordenador e ao professor de esporte do programa. Este tipo de entrevista

segundo Triviños (2007) possibilita ao investigador desvendar informações por meio

de perguntas, as quais supostamente dão conta de elucidar o assunto, sendo que

estas são feitas a indivíduos aptos a respondê-las. Contudo, devemos ressaltar que

a entrevista realizada com a coordenação foi feita por meio eletrônico em virtude da

impossibilidade de fazê-la presencialmente por incompatibilidade de horários da

coordenação.

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Nesse estudo também realizamos a coleta de dados por meio da análise

documental, a qual foi utilizada junto a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do

município que serve de sede para o programa investigado, o que possibilitou a

construção de parte do referencial teórico que retrata o município de Entre Rios - BA

e sua relação com o esporte, esta ainda seria utilizada na busca de maximizar a

compreensão acerca da concepção de esporte desenvolvida no Programa de

Criança, contudo essa técnica acabou sendo restringida pela Coordenação do

Programa, que alegou que esta feria as diretrizes de segurança da empresa.

Outro instrumento utilizado foi o questionário, por ser uma técnica que segundo Gil

(1987) possibilita atingir um número maior de pessoas durante uma investigação,

além proteger a identidade do pesquisado. Tendo os questionários sido aplicados

junto a um grupo de 34 alunos o que representa 34% de participantes do programa.

A amostra selecionada para aplicação do referido instrumento foi feita a partir dos

alunos que participavam das aulas de quinta feira pela manhã, por ser esse o único

dia e horário permitido pela coordenação para a realização da investigação.

No que diz respeito ao trato com os dados coletados foi utilizado a análise de

conteúdo, já que segundo Berelson (1952, p. 13) citado por Gil (1987, p. 163) trata-

se de “uma técnica de investigação que, através de uma descrição objetiva,

sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por

finalidade a interpretação destas mesmas comunicações”. Já Minayo (1994, p.74)

diz que:

[...] através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipótese). A outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que esta sendo comunicado [...]

Portanto, a organização metodológica do trabalho permitiu alcançarmos as

finalidades da pesquisa de maneira criteriosa e estruturada, buscando discutir o

objeto a partir de diferentes olhares dos sujeitos envolvidos no processo. Dessa

forma, esperamos ter contribuído para o aprofundamento de discussão.

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6. DESCORTINANDO O PROGRAMA

Após coleta de dados foi possível chegar a informações que colaboram para

descortinar a concepção de esporte desenvolvida pelo o Programa de Criança

Petrobras no pólo de Entre Rios – BA. Para tanto criamos três categorias que nos

ajudarão a compreender nosso objeto de estudo, são elas: Concepção do Esporte,

Abordagem Metodológica e Processo de Elaboração e Execução, por meio das

quais ordenamos as proposições encontradas nos discursos.

6.1 O Programa aos Olhos da Coordenação

Em se tratando da concepção de esporte desenvolvida pelo programa na visão da

coordenação, não é difícil perceber que esta concebe o fenômeno esportivo

vislumbrando a saúde física dos seus educandos. Isso pode ser comprovado

quando essa diz: ”o projeto oferece atividade esportiva, objetivando melhoria na

saúde física das crianças, sem pretensões competitivas”. Demonstrando por sua vez

uma aparente limitação na percepção dos benefícios sócio-educacionais que podem

ser alcançados por meio de atividades esportivas.

Compreender que o esporte moderno está estreitamente ligado ao capitalismo e aos

avanços tecnológicos torna-se imprescindível para potencializar seus benefícios,

requerendo dos sujeitos envolvidos no processo disseminação do esporte, uma

visão dinâmica e macro acerca do fenômeno esportivo, para que dessa forma seja

possível alargar o alcance deste no meio social.

Em relação à categoria abordagem metodológica, a fala da coordenação se

aproxima das abordagens higienista e militarista, já que ambas apóiam-se em um

discurso médico para justificar a importância da atividade física. Discurso este o

qual pode ser percebido quando a coordenação responde: “Temos também

indicadores de melhor desempenho escolar e melhoria na saúde das crianças”.

Elementos como a saúde dos educandos são utilizados para mensurar o

desempenho do programa.

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O período higienista dentro da Educação Física foi marcado segundo Soares et al

(1992) pela busca dos cuidados físicos do corpo, onde era necessário propagar

noções de higiene como: tomar banho, lavar mãos, escovar dentes, dentre outros.

Os cuidados com o corpo nesse período é visto como cuidar de uma sociedade em

construção.

Já o período militar de ensino dentro da Educação Física, foi fortemente marcado

segundo Soares et al (1992) por meio de um projeto que buscava disciplinar o

homem tornando-o respeitador da estratificação social. Tendo como auge desse

método de ensino a ditadura militar.

Ao confrontarmos a concepção de esporte da coordenação, com a proposta da

Petrobras para Programa de Criança, podemos perceber que esta pode esta

sofrendo inferências do discurso posto pela empresa. A qual almeja por meio do

programa ofertar atividades educacionais complementares e noções de higiene

para, seus participantes.

Contudo, é válido recordar que este programa foi criado em 1983 e, portanto,

desenhado para atender as necessidades e demandas do grupo de vulnerabilidade

social do período supracitado. Sendo assim, cabe questionar se as propostas de

intervenção social do programa estão dando conta de atender as necessidades do

novo cenário social moldado ao longo desses 27 anos.

Na categoria processo de elaboração e execução, o discurso da coordenação é que

o desenvolvimento social e o desenvolvimento escolar dos alunos têm igual

relevância e que, portanto estes devem ser priorizados dentro Projeto Pedagógico e

no Plano Anual.

O que por sua vez traz o entendimento de que por ser o objetivo do programa

segundo a Petrobras ofertar ao público beneficiado por este, atividades

educacionais, por meio das quais almeja evitar que os educandos ingressem na

marginalidade. Sendo assim, seu processo de elaboração é feito ancorado na busca

por tais desenvolvimentos, para através desses chegar aos objetivos desejados pela

empresa.

O planejamento das ações pedagógicas conforme já citado anteriormente

acontecem uma vez por mês no CEPE do município de Catu – BA, onde todos os

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36

educadores sociais dos oito pólos do programa se reúnem para planejar atividades

futuras que serão executadas.

Ao termino de cada ano é realizada a avaliação do desempenho do programa, por

meio da qual é possível constatar se os objetivos têm sido alcançados. A avaliação é

composta por: reunião com os pais dos educandos, preenchimento de formulários e

indicadores do desempenho escolar dos alunos.

6.2 O Programa Pela Ótica do Educador Social

Ao realizar a análise da categoria concepção do esporte, conjecturas como: “o

esporte serve para ocupar o tempo ocioso, é vida, socialização, rendimento do aluno

e esporte como fuga dos problemas”. Aparecem repetidas vezes na fala do

professor, surgem ainda expressões como: “interação social, desvincula das drogas

e chamar a atenção pelo esporte”.

Diante de tais ocorrências torna-se notório que a concepção de esporte do professor

encontra-se impregnada pelo senso comum, o que por sua vez influência

diretamente sua prática pedagógica.

Na busca de explicar o aspecto de recompensa do esporte Lawther (1973) descreve

este como uma possibilidade de fugir do tédio, sendo, portanto o esporte uma

espécie de subterfúgio, onde através do envolvimento do individuo com o jogo é

possível desprender-se de irritações, e problemas do cotidiano.

Contudo, o que não podemos é restringir os benefícios do esporte, sendo assim faz-

se necessário compreender o fenômeno como um elemento histórico e, portanto,

caracterizado por diferentes nuances ao longo da história de diversas culturas, o que

torna imperativo desprendesse de concepções obsoletas, a fim de se ter uma melhor

percepção das contribuições do esporte na sociedade atual.

Ao realizar análise dos dados não foi difícil constatar que falta teor critico ao se

conceber o fenômeno esportivo dentro do programa, tanto por parte da

coordenação, quanto por parte do educador social de esporte.

Kunz (2001) mostra que perceber o esporte por um viés critico, coopera para a

criação de seres livres e emancipados, os quais se tornam capazes de fazer uma

leitura mais clara do meio social, possibilitando a este autonomia em seu agir

cotidiano.

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Em se tratando da categoria abordagem metodológica o professor diz fazer uso do

teórico João Batista Freire para planejar suas aulas, diante desta afirmativa ficaria

fácil constatar que suas aulas estariam ancoradas/apoiadas dentro da abordagem

metodológica construtivista. Contudo, é válido ressaltar que as observações de

campo possibilitaram perceber traços de uma postura profissional permeada por

atos, próximos a metodologias, higienistas, militaristas e tecnicistas, além da já

referida construtivista.

Atentando para a categoria do processo de elaboração e execução do programa,

além dos planejamentos citados pela coordenação, onde o desenvolvimento social é

priorizado, o professor se reporta “aos problemas de cada educando e ao progresso

afetivo destes”. Demonstrando preocupação na busca de contemplar tais variantes

no planejamento de suas aulas, as quais não podem fugir do planejamento maior

realizado no CEPE.

Ao abordar a unidade e diversidade humana Morin (2000) traz a luz o entendimento

de que o educador do futuro deve está atento para as condições que tornam os

homens uno a exemplo do traço biológico da espécie. Contudo, ressalta que existem

particularidades mesmo em tais traços, e que estes também precisam ser

considerados. Mostrando dessa forma que a diversidade não esta tão somente em

questões psicológicas, afetivas, intelectuais e culturais. Já que mesmo “culturas

diferentes” têm pontos em comum que as unem. Portanto, devemos está atentos a

“unidade na diversidade e sua diversidade na unidade”.

6.3 O Programa na Concepção dos Alunos

Tendo sido apresentado o olhar tanto da coordenação quanto do professor, faz-se

necessário também mostrar a visão dos educandos quanto ao entendimento destes

acerca do esporte, sendo assim apresento o olhar dos pequeninos ilustrado por

gráficos tendo em vista facilitar a compreensão e discussão dos dados coletados.

Gráfico 1 - Atividades Preferidas dos Educandos

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Apesar de terem acesso a outras atividades dentro do programa, a maioria dos

alunos prefere as aulas de esportes em detrimento às demais atividades, o que nos

faz compreender que isso aumenta ainda mais a responsabilidade do esporte na

complementação educacional dessas crianças, acarretando também em uma

cobrança maior ao agente educacional de esporte na transmissão dos ensinamentos

de valores sociais e no alcance dos objetivos propostos da empresa.

Gráfico 2 - Concepção de Esporte dos Educandos

Embora 46% dos educando consigam perceber que a prática esportiva lhes traz um

leque de possibilidades de movimento, ao somarmos os alunos que não conseguem

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enxergar o esporte para além da diversão (folguedo) aos que percebem o fenômeno

apenas como vitrine para suas habilidades motoras, é possível notar que mais da

metade dos educandos tem foco de formação esportiva arraigado no senso comum,

onde o esporte teria fim nele mesmo.

Segundo Lawther (1973, p. 47)

Muitas teorias têm sido apresentadas às razões para os folguedos. Visto que muitas das espécies superiores de animais, bem como homens, brincam, pode-se considerar a origem do folguedo como a expressão de alguns impulsos inatos. O homem desenvolve padrões de movimento para satisfazer necessidades vitais, mas também exercita esses padrões para se divertir, expressar o excesso de energia, como expressão franca da alegria de viver [...] A vida é atividade, mas não se precisa de grande parte dessa atividade para satisfazer necessidades ou exigências utilitárias; eis por que é folguedo. Uma hipótese comum sobre o impulso para atividade é que nenhuma outra razão motiva qualquer pessoa a ser ativa, se não a de que está vivo e se tem excesso de energia [...] [...] Além da expressão impulso vitais e do excesso de energia, o folguedo tem sido considerado como um escoadouro para impulsos que, de outro modo, seriam prejudiciais, um impulso para dominar, um treinamento para os aspectos mais sérios da vida, um tipo de realização de desejo e uma imitação do comportamento serio dos adultos.

Sendo assim, mais uma vez percebemos a falta de um trabalho que desenvolva a

visão crítica dos alunos, onde estes sejam capazes de concatenar outras

possibilidades de perceber as diferentes vertentes deste mesmo fenômeno.

Gráfico 3 - O esporte e o aprendizado

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Apenas a menor parte dos educandos consegue perceber que ganhar não é o mais

importante quando se prática um esporte, em contra partida metade acredita que o

maior aprendizado esta na descoberta do prazer de jogar com o colega que jogar

sozinho. Contudo, ao que parece falta relacionar os aprendizados do esporte com o

convívio social, pois as observações de campo possibilitaram ver que tal conjectura

ainda consegue ser feita por parte dos alunos.

Gráfico 4 - O que motiva a ida ao programa

Por se tratar de um programa que atende um público considerado de vulnerabilidade

social, esperava-se que um dos maiores atrativos dos alunos ao programa se

devesse ao fato desses terem acesso duas refeições nos dias de suas atividades,

porém apenas a minoria aponta este como fator motivador. Os resultados aponta

ainda que estes freqüentam o programa por gostarem das atividades e das pessoas

que desenvolvem os trabalhos. Tendo sido possível constatar tal aspecto nas

observações de campo.

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Gráfico 5 - As evasões

A maior parcela dos educandos conhecem alguém que desistiu de ir ao programa, e

quando indagados acerca dos motivos que levaram esses alunos a desistirem de

freqüentar-lo, quase metade dos pesquisados atribuem a evasão de seus colegas,

ao fato dos pais das crianças não gostarem que elas fossem ao programa.

O atual cenário da relação entre pais e filhos do município apresenta sinais de uma

enorme fragilidade na qual está imersa, sendo esta comprovada pelos dados do CT

que mostrando que nos últimos 3 anos a irresponsabilidade dos pais (falta de

escola, falta de companhia, falta de alimentação) tem sido a principal causa de

denuncias registradas em seus livros de ocorrências.

Cury (2008) afirma que bons pais se detêm em educar a parte lógica de seus filhos,

mas que somente pais brilhantes educam a sensibilidade de seus rebentos.

Motivando-lhes em suas metas, nos estudos, nas relações sociais de um nodo geral,

preparando-lhes de tal modo, que estes não tenham medo dos insucessos que por

ventura venham cruzar seus caminhos.

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Gráfico 6 - Motivos das evasões

Gráfico 7 - Conhecem pessoas que gostariam de freqüentar o programa

Os números mostram que a maior parte dos educandos conhecem pelo menos uma

pessoa que gostaria de participar do programa, comprovam ainda, que as atividades

propostas são atraentes aos olhos do público infanto-juvenil, já que metade dos

alunos revelam que essas pessoas gostariam de freqüentar o espaço por também

almejarem ter acesso às atividades oferecidas.

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Gráfico 8 - Fatores que motivam as pessoas a querer participar do programa

Gráfico 9 - Interesse por outros esportes

Embora a maior parte dos alunos tenha demonstrado interesse em praticar lutas, o

programa contemplará brevemente os que têm interesse em atividades aquáticas,

pois já encontra-se em andamento na unidade do programa de Entre Rios – BA o

projeto de construção de uma piscina semi-olímpica.

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Gráfico 10 - Relacionamento entre educandos e funcionários

Diante da expressiva aprovação dos alunos em relação aos funcionários do

programa, torna-se ainda mais evidente a boa relação entre estes e os laços de

afetividade que os unem.

Gráfico 11 - Pedidos dos alunos ao programa

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Nesse ponto da pesquisa foi possível perceber uma aparente discrepância entre o

discurso da coordenação e interesses dos educandos. Em entrevista a coordenação

alega que os alunos deixam o programa ao completarem 13 anos. “em geral as

crianças perdem o interesse quando completam 13 e 14 anos. Nesta idade afloram

outros interesses, inerentes a adolescência”. Contudo, o que percebemos que se faz

necessário pelo menos uma revisão diante desse conceito, já que a maioria dos

pesquisados demonstram interesse em permanecer no programa por mais tempo.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo buscou analisar e discutir a concepção de esporte desenvolvida

na unidade do Programa de Criança Petrobras no Município de Entre Rios – BA,

além de buscar compreender o seu processo de elaboração e execução. Foi

possível alcançar por meio deste os objetivos pretendidos, através dos quais

constatamos que o esporte desenvolvido neste espaço encontra-se fortemente

influenciado por conceitos que emanam do senso comum e de correntes

metodológicas que atravessam a história da Educação Física e do esporte. O que

corrobora para que estejam presentes nas aulas de esporte, um mix de abordagens

metodológicas, muitas dessas acríticas, que por sua vez acabam cooperando para o

desenvolvimento de uma visão reducionista do fenômeno.

No entanto, as atividades propostas se apresentam como atraentes ao público alvo,

configurando-se o esporte como a atividade preferida dos educandos, portanto,

podendo ser utilizado para alcançar as metas de desenvolvimento social propostas

pela empresa por meio do programa.

Neste sentido, pensando em contribuir com o programa entendemos que uma ação

que sem dúvidas irá cooperar para o melhor aproveitamento dos benefícios oriundos

do esporte será o investimento na qualificação profissional do educador social de

esporte, pois dessa forma este conseguirá desvencilhar-se das amarras que limita

sua práxis sócio-pedagógica.

A mesma observação é válida para a coordenação, a qual poderia buscar aproximar-

se um pouco mais não só das concepções que cercam o esporte, mas a educação

como um todo. Essa medida forneceria subsídios que possibilitariam um melhor

administrar/coordenar não só da unidade do programa de Entre Rios – BA, mas dos

demais núcleos implantados no Estado.

Em se tratando do processo de elaboração, embora exista um planejamento o qual

serve de suporte para as ações do professor de esporte e demais profissionais

envolvidos no processo de complementação educacional dos alunos, percebemos a

falta de dialogo entre as atividades propostas pelo programa e a comunidade local, o

que por sua vez pode contribuir para um limitado desenvolvimento social.

Sendo assim, sugerimos que nos planejamentos posteriores o dialogo com a

sociedade entrerriense possa ser uma vertente contemplada dentro do arcabouço

programático, com o intento de potencializar o alcance dos objetivos pretendidos

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pela empresa, já que essa estratégia pode colaborar para que os alunos consigam

relacionar as atividades propostas com o meio onde vivem.

Outra sugestão é que esse processo de delineamento das ações também, possa

trazer em seu bojo estratégias/táticas que visem absorver por mais tempo os

educandos que tenham interesse em permanecer no programa mesmo depois de

completarem os 13 anos de idade. Como por exemplo, que esses possam torna-se

monitores voluntários do programa, auxiliando os educadores sociais nas atividades,

onde passariam a ser colaboradores dentro do processo ensino-aprendizagem,

partilhando com os demais alunos suas experiências e aprendizado. O que sem

dúvidas contribuirá para esmerilar o exercício da cidadania, da auto-estima e do

desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo do aluno.

Podemos dizer que dentro do processo de elaboração há espaço ainda para

discussões acerca da própria proposta de intervenção social do programa, já que

essa pode esta defasada para atender demanda social vigente.

Contudo, diante dos dados levantados torna-se inegável ainda que o processo de

ensino-aprendizagem desenvolvido nessa unidade do programa é fortemente

marcado por um caráter humanizado e humanizante, o que por sua vez acaba

influenciando de forma positiva no gosto das crianças pelo programa.

Por fim, é válido recordar que o Programa de Criança não se constitui somente pelas

atividades de esporte e que o presente estudo, mas que respostas abriram

caminhos para que novas pesquisas sejam realizadas, o que possibilitará um maior

aprofundamento e entendimento do tema discutido.

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APÊNDICE A

Entrevista à Coordenação

1 - Como surgiu a idéia do “Programa de Criança”?

2 - Quais os objetivos deste Programa?

3 - Quantas crianças são atendidas pelo Programa hoje em Entre Rios?

4 - Qual(ais) o(s) critério(s) de seleção das crianças a serem atendidas pelo

projeto?

5 - O que vocês pretendem ofertar as crianças que participam do projeto?

6 - Quem mantém o projeto financeiramente?

7 - Existe algum Projeto Político Pedagógico que sirva de suporte para as atividades

desenvolvidas ou algo similar?

8 - As crianças costumam participar de competições esportivas? Em caso afirmativo

qual a periodicidade de participação nesse tipo de evento? E o que o projeto almeja

ao fomentar a participação em campeonatos?

9 - Existe um controle acerca da evasão das crianças do projeto? Vocês conseguem

identificar quais seriam os motivos dessas evasões?

10 - Como vocês realizam a avaliação do projeto?

Desde já agradeço a habitual atenção!

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APÊNDICE B

Entrevista Para o Professor

1 - Como o Sr. Organiza suas aulas, existe um planejamento para as atividades

propostas?

2 - O Sr. Faz uso de algum referencial teórico para embasar as ações propostas?

Qual (is)?

3 - Qual a sua concepção de esporte?

4 - O Sr. Acredita que o esporte possa causar mudanças na vida das crianças que

fazem parte desse projeto. De que tipo?

5 - O Sr. Acredita que as atividades aqui propostas poderiam ser melhor do que elas

são? E de que dependeria para que elas fossem?

6 - Como o Sr. Ver sua relação com as crianças?

7 - As aulas de esporte dialogam com as outras aulas ministradas aqui no

programa?

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APÊNDICE C

Questinionário Para os Educandos

Idade _______ Sexo: F ( ) M ( )

1 - Das atividades que vocês fazem aqui. Qual você mais gosta?

( ) Horta ( ) Reforço Escolar ( ) Esporte ( ) Outras __________

2 - Pra você o que é esporte?

( ) Uma forma de me divertir

( ) Um meio de apreender a fazer coisas novas com meu corpo

( ) Um meio para fazer novos amigos

( ) É só uma atividade chata onde eu fico suado (a) e cansado

( ) Uma forma das pessoas verem o quanto eu sou “bom”

3 - O que você aprendeu de mais importante na aula de esporte?

( ) a jogar algum esporte que você não sabia

( ) que ganha não é o mais importante quando se joga

( ) as regras dos esportes

( ) que é melhor jogar com os colegas do que jogar sozinho

4 - Porque você vem ao projeto?

( ) porque meus coleguinhas também vem

( ) Porque meus pais querem

( ) porque eu gosto

( ) porque eu gosto do lanche

5 - Você conhece alguém que desistiu de freqüentar o projeto?

( ) Sim ( ) Não

6 - Sabe o que motivou esse coleguinha a sair?

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( ) ele não gostava do Programa

( ) os pais dele não gostava que ele viesse

( ) ele não gostava das pessoas que trabalhavam no programa

7 - Você conhece alguém que gostaria de participar do projeto?

( ) Sim ( ) Não

8 - Sabe por que essa pessoa gostaria de participar?

( ) porque os coleguinhas dela estão participando do programa

( ) porque ela gostaria de fazer as atividade oferecidas pelo programa

( ) porque ela também gostaria de provar do lanche

( ) outros ___________________________

9 - Qual esporte você gostaria de poder fazer aqui que você não faz?

( ) natação ( ) capoeira ( ) karatê ( ) patinação/Skate ( ) Beisebol ( ) outros _______

10 - Você gosta ou não das pessoas que trabalham aqui? Por quê?

( ) sim _______________________________________________________

( ) não _______________________________________________________

11 - Imaginemos que o gênio da lâmpada aparecesse aqui e que você pudesse fazer apenas 1 pedido para o projeto. O que você pediria?

( ) para continuar no programa por mais tempo

( ) para sair do programa

( ) para não ter mais aula de esporte

( ) Outro __________________________________