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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Lemes, Thiago de Manul de inquérito policial militar e auto prisão em flagrante constitucionalizado / Thiago de Lemes – Maringá : Viseu, 2018.

ISBN 978-85-5454-364-8

1. Direito 2. Manual policialI. Lemes, Thiago de II. Título.

340 CDD-303.3

Índice para catálogos sistemáticos:

1. Manual de inquérito policial: Processos sociais 303

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qual-quer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, in-cluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98).

Editor

Thiago Regina

Projeto Gráfico e Editorial

Rodrigo Rodrigues

Revisão

Thiago de Lemes

Copidesque

Jade Coelho

Capa

Tiago Shima

Copyright © Viseu

Todos os direitos desta edição são reservados à

Editora Viseu

Avenida Duque de Caxias, 882 - Cj 1007

Telefone: 44 - 3305-9010

e-mail: [email protected]

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ABREVIATURAS

Adm AdministrativoAmil Auditoria MilitarAPn Ação PenalApm Ação Penal MilitarArt ArtigoAsp Aspirante a OficialCap CapitãoCb CaboCel CoronelCJM Circunscrição Judiciária MilitarCP Código PenalCPM Código Penal MilitarCPPM Código de Processo Penal MilitarCPP Código de Processo PenalCt ConstitucionalDL Decreto-LeiEC Emenda ConstitucionalECA Estatuto da Criança e do AdolescenteGal GeneralHC Habeas CorpusHD Habeas DataInq InquéritoIPM Inquérito Policial MilitarLC Lei ComplementarLCP Lei das Contravenções PenaisMaj MajorMin MinistroMS Mandado de Segurança

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MP Ministério PúblicoMPM Ministério Público MilitarNC Notícia-CrimePA Processo AdministrativoProcA Procedimento AdministrativoPn PenalPrc PrecatóriaPrPn Processual PenalREsp Recurso EspecialRHC Recurso em Habeas CorpusRHD Recurso em Habeas DataRMI Recurso em Mandado de InjunçãoRMS Recurso em Mandado de SegurançaRO Recurso OrdinárioRp RepresentaçãoRvCr Revisão CriminalSTF Supremo Tribunal FederalSTJ Superior Tribunal de JustiçaSTM Superior Tribunal MilitarSum SúmulaTJMMG Tribunal de Justiça Militar de Minas GeraisTJMRS Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do SulTJMSP Tribunal de Justiça Militar de São PauloSAD SindicânciaSd SoldadoSgt SargentoSten SubTenenteTen TenenteTen-Cel Tenente CoronelTRF Tribunal Regional FederalSF Senado Federal

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TERMOS TÉCNICOS E JURÍDICOS UTILIZADOS NO IPM/APF

ABERTURA – Termo que se usa no início do procedimento a partir da feitura do segundo volume do IPM;

ACAREAÇÃO – Técnica jurídica que consiste em se apurar a verdade no depoimento ou declaração das testemunhas e das partes, confrontando--as frente a frente e levantando os pontos divergentes;

AOS COSTUMES – Informação dada ao encarregado se há algum grau de parentesco ou afinidade especial com alguma das partes envolvidas no procedimento ou, ainda, se têm algum litígio contra um dos envolvidos;

APF – Auto de Prisão em Flagrante;

“A ROGO” - É a assinatura que alguém coloca em um documento a pedido de quem não sabe ou não pode assinar seu nome;

ARRESTO – Medida preventiva que consiste na apreensão judicial dos bens do devedor, para garantir a futura cobrança da dívida;

ASSENTADA – Termo lavrado do ocorrido nas inquirições;

ATERMAÇÃO – Trazer ao procedimento todos os escritos dos autos;

AUTOS – Conjunto de peças que formam todo o procedimento;

AUTUAÇÃO – Termo transcrito pelo escrivão no recebimento da por-taria e demais peças que a acompanham que deram origem ao inquérito;

AVALIAÇÃO – Ato de apurar tecnicamente o valor das coisas;

AVOCAÇÃO – Ato de trazer para si a solução de um IPM, desde que não concorde com o encarregado;

BONS COSTUMES – Conjunto de valores determinantes da conduta humana, consoante a moral e as exigências sociais;

BUSCA – Ato de procurar ou pesquisar com vistas a encontrar pessoal ou material;

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CARTA PRECATÓRIA – Ato de pedir a alguma autoridade a audição de pessoa que esteja sob outra tutela;

CERTIDÃO – É o documento passado por autoridade militar, na qual são reproduzidas peças processuais e/ou escritos constantes de suas notas, ou são certificados atos e fatos que ele conheça em razão do cargo exercido;

CFO – Curso de Formação de Oficiais;

CITAÇÃO – chamamento procedimental/processual a participar dos feitos;

COMPROMISSO – Ato de dizer/fazer fielmente o que se sabe/faz den-tro da realidade trazida a baila;

CONCLUSÃO – Ato pelo qual o escriba, faz a entrega dos autos ao en-carregado do inquérito;

CONDUTOR – Responsável pela prisão/apresentação do conduzido à autoridade competente;

CONDUZIDO – Aquele a quem recaí o cometimento de crime e que está sendo preso;

CORPO DE DELITO – Conjunto de elementos materiais ou vestígios que indicam a existência de um crime. O exame de corpo de delito é uma importante prova pericial, sua ausência em caso de crimes que deixam ves-tígios gera a nulidade do processo;

CRIME MILITAR – Crime comum ou militar cometido por militar ou civil nas situações elencadas no art. 9 e 10 do CPM, conforme se preceitua a Lei 13.491/17.

DEGRAVAÇÃO – Ato de transcrever, textualmente, a gravação da fala-da em áudio ou vídeo de 01(uma)ou mais pessoas;

DELEGAÇÃO – Ato de atribuir a outrem os de poderes de polícia judi-ciária militar para a realização do IPM;

DESPACHO – Ato através do qual o encarregado do inquérito determi-na providências a serem tomadas pelo escrivão;

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DETENÇÃO – Consiste em uma medida da restrição de liberdade que pode ser imposta ao investigado, acusado ou sentenciado. Tal reprimenda tem menor gravidade, eis que o condenado a detenção poderá iniciar o seu cumprimento apenas em regime semiaberto ou aberto, no CPPM pode ser medida no curso do IPM;

DIA – Horário compreendido entre as 07:00 e 18:00 horas;

DILIGÊNCIAS – Todas os atos levados a efeito para apuração do fato delituoso que motivou o inquérito e que visam a elucidação das circunstân-cias, autoria e materialidade do delito;

ENCARREGADO – Oficial a quem se atribui ou se destina a portaria para instauração do IPM;

ENTREVISTA – Ato de dialogar informalmente que o encarregado tem com qualquer pessoa, na busca de elementos de convicção;

ESCRIVÃO - Praça ou oficial a quem é determinado executar os traba-lhos de digitação e demais providências determinadas pelo encarregado do IPM, previstas no CPPM. É o responsável pelo estereótipo, acautelamento e cuidados dos autos;

EXAME – Estudo, pesquisa, averiguação do estado de pessoas e/ou coi-sas;

EXUMAÇÃO – Exumação é a forma de desenterrar um corpo sem vida para se realizar exames e perícias nos restos mortais;

GRAU DE SIGILO – Gradação atribuída à classificação de um docu-mento sigiloso, de acordo com a natureza de seu conteúdo e tendo em vista a conveniência de limitar sua divulgação às pessoas que têm necessidade de conhecê-lo;

HOMOLOGAÇÃO – Ato de aprovar a solução apresentada pelo encar-regado do IPM;

IMPEDIMENTO – Situação jurídica preexistente que obsta a participa-ção de determinada pessoa no IPM;

INVESTIGADO/INDICIADO – Pessoa sobre a quem é imputado fato determinado como crime;

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INFORMANTE – Pessoa a qual não se exige compromisso de dizer a verdade em seu depoimento;

INQUIRIÇÃO – Ato de tomar os depoimentos dos envolvidos;

INTERROGATÓRIO – Ato de ouvir e perguntar ao investigado sobre os fatos a ele imputados;

INTIMAÇÃO – Ato de obrigar legalmente a alguém a comparecer pe-rante o encarregado do IPM;

IPM – Inquérito Policial Militar;

JUNTADA – Ato de anexar aos autos determinados documentos de in-teressam ao IPM;

NECRÓPSIA – Exame médico feito no interior do cadáver, para descobrimento da causa da morte;

NOMEAÇÃO – Ato de designar determinada pessoa para o exercício de alguma função no IPM;

NOTA DE CULPA – Instrumento jurídico pelo qual científica o preso ciência sobre os motivos de sua prisão, bem como dizer quem foi o condu-tor e as testemunhas;

NOTIFICAÇÃO – Ato de cientificar algum envolvido sobre a prática de ato procedimental;

OFENDIDO – Pessoa física ou jurídica a quem foi infligida um crime militar;

PERÍCIA – Ato de realizar exame técnico por profissional capacitado, retratado através de laudo pericial;

PERITO – Profissional capacitado para realizar a perícia;

PORTARIA – Documento através do qual autoridade designa e delega competência a um oficial para instaurar um IPM. Indica, também, no caso do IPM, a abertura dos trabalhos, na qual o encarregado dá as primeiras ordens sobre a condução do trabalho;

PRAZO – Tempo delimitado legalmente para determinado ato ou rea-lização de um trabalho;

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PRECLUSÃO – Perda da possibilidade de praticar algum ato procedi-mental;

PRESCRIÇÃO – Perda de um direito em face do não exercício, no prazo legal, da ação que o assegurava;

PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO – Ato de prender o agente estando ele cometendo a infração penal, acabando de cometê-la, é perseguido logo após em situação que faça presumir ser ele o autor da infração ou encon-trado logo após com instrumentos, armas, objetos ou papéis que autorizem aquela presunção;

PRISÃO PREVENTIVA – Ato processual penal militar de medida cau-telar que pode ser decretado pelo Juiz tanto na fase investigatória a pedido, como processual de ofício;

PRORROGAÇÃO – Dilação dos prazos para continuidade dos traba-lhos;

PROVAS – Conjunto de elementos e circunstâncias que virão a conven-cer o julgador da certeza da existência do fato e sua autoria;

QUALIFICAÇÃO – Trazer aos autos todos os dados que individuali-zem uma pessoa, utilizado no início de cada tomada de declarações. De-verá conter: nome completo, nacionalidade, naturalidade, idade, filiação, estado civil, profissão, residência, posto ou graduação e unidade em que serve, se militar;

QUESITOS – Perguntas previstas em legislação para cada caso específi-co além de outras julgadas convenientes pelo encarregado do IPM a serem feitas aos peritos;

RECEBIMENTO – Ato praticado pelo escrivão todas as vezes que rece-ber do encarregado os autos para providências;

RECONHECIMENTO – Ato através do qual se procede a confirmação ou não da identificação de uma pessoa ou coisa;

RECONSTITUIÇÃO – Reprodução simulada dos fatos;

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RELATÓRIO – Documento ao qual o encarregado descreve minucio-samente o fato apurado e faz sua conclusão, cujo nome é “solução, que po-derá ser ou não homologada pela autoridade militar que tenha poder de instaurar o IPM;

REINQUIRIÇÃO – Ato de fazer novas perguntas a uma pessoa já, que deixou alguma coisa a ser esclarecida;

REMESSA – Ato de entrega do inquérito, após o seu término, à autori-dade Judiciária Militar;

RESIDUAL INFRACIONAL – Comportamento humano faltoso, que veio a tona em apuração e que configure uma transgressão disciplinar e não crime;

RESTITUIÇÃO – Devolução do bem ao lesado ou a terceiro de boa fé feita pelo encarregado do IPM, da qual se lavra o respectivo termo;

SEQUESTRO – medida assecuratória que recai sobre os imóveis adqui-ridos pelo investigado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro;

SOLUÇÃO – Conclusão a que chegou o encarregado do IPM na qual se manifesta sobre a existência ou não de crime, contravenção penal ou trans-gressão disciplinar e as providências a serem adotadas;

SUSPEIÇÃO – Situação preexistente que comprometa a imparcialidade do encarregado do IPM;

TEMPO DE INQUIRIÇÃO – Período de tempo consecutivo de inqui-rição permitido por lei de no máximo 04 horas consecutivas por 30 muitos de descanso;

TERMO – Documento que formaliza os atos praticados no curso do IPM;

TESTEMUNHA – Pessoa que saiba dos fatos relacionados ao crime mi-litar;

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CAPÍTULO 1PROCESSO E PROCEDIMENTO

1.1 Processo Penal Militar no BrasilPara nosso introito, devemos ter em mente que não há processo(judicial

ou administrativo)sem o respeito ao ser humano, sem a aplicação correta dos direitos e garantias fundamentais mais basilares, ao contrário do que possa ser pensado, o processo não é mera continuação sequencial de atos ordenados, mas sim um meio eficaz de se alcançar a justiça(NUNES, 2010).

Dentro da legislação pátria em vigor, que rege o direito processual penal militar, Decreto-Lei Nº 1.002, de 21 de outubro de 1969, em suas linhas, já no período do governo militar, veio a introduzir alguns mecanismos pro-cessuais que eram mais garantistas que o próprio código de processo penal comum(CPP) à época, v.g art. 16 do CPPM, onde se tem a possibilidade de vistas ao advogado dos autos do inquérito policial militar(IPM).

Não poderia a comissão(Saudosos Olympio Mourão Filho, Waldemar de Figueiredo Costa, Orlando Ribeiro da Costa, Washington Vaz de Mello, Ivo d’Aquino e João Romeiro Neto)ao elaborar um anteprojeto, se esquecer de que as normas processuais as quais se debruçariam, ditariam os rumos do processo penal militar, e não seriam dirigidas a homens comuns, mas a militares, em que pese, na esfera federal, ser possível o civil ser processado pela justiça militar, o que não ocorre na justiça estadual castrense, mas os militares são a maioria como agentes passivos tanto na fase que antecede ao processo como na fase procedimento do IPM, mesmo na esfera federal.

Não deixou a comissão de antever, que além da processualística esta-riam em prática preceitos caros aos militares e ao militarismo, que, se não positivados, feririam as tradições e os cultos, tais como os costumes e usos militares(DUARTE, 1996), que, devem proteger as bases norteadoras dos princípios da hierarquia e da disciplina, principais requisitos das forças mi-litares, mas, óbvio, com vistas ao ser humano, sendo que, antes de serem militares, seres humanos são.

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James Toner1 citando Anton Myrer, asseverou pelos valores militares humanos que “se você tiver de decidir entre ser um bom soldado e ser um bom ser humano, tente ser um bom ser humano”.

Assim, já na investigação policial militar, que geralmente será o propul-sor de uma ação processual penal militar, devem sempre serem respeita-dos os direitos e garantias fundamentais previstos na constituição de 1988, lembrando que o código de processo penal militar veio a ser recepcionado pela carta magna.

Incessantemente, a busca por uma justa aplicação das leis em casos concretos é o que esperamos dos agentes institucionais, e não como mera maneira de se buscar algo utopicamente, mas que seja uma justiça consti-tucionalizada pelos princípios basilares elencados intrinsecamente ou ex-trinsecamente.

O homem, desde os primórdios bíblicos é um ser gregário que vive em conjunto com outros seres humanos para que haja objetivos em comum, ou não, e dentro destas comunidades surgem as normas(leis, códigos, resolu-ções e etc…)que vão reger todas as formas de vivência para a continuação da paz social, e que não haja ou se instale o caos.

Dentro desta fórmula está o ente Estado, que é o responsável por manu-tenir a todos em segurança, tal como preceitua o art. 144 da CF/88(BRASIL, 1988). É patente, que o Estado, tem sua função precípua em criar preceitos legais que venha a manter a ordem e a paz social. Tais normas, criadas e po-sitivadas, aos homens são ordenações abstratas que quando violadas surge para o Estado o dever de restabelecer a tranquilidade e a paz.

A ordem, ao ser restabelecida pelo Estado, não é feita através de poder autoritário ou abusivo invadindo a vida sem requisitos mínimos positiva-dos, e sem dar aos entes conflitivos o direito de defender amplamente com todas as armas e contraditar em suas ações o que lhe é posto como acusa-ção, e consegue-se através do processo que se dê tal pretensão.

Surge neste ínterim o processo(penal comum, penal militar, eleitoral e etc.), que é, se não, o instrumento adotado pelo poderio Estatal para a aplicação justa da lei, e a perquirição do Jus Puniendi(NUCCI, 2014), o qual

1 TONER, James H. Vida Militar ou Ética, 2003. Disponível em: http://www.au.af.mil/au/afri/aspj/apjinternational/apj-p/2003/4tri03/toner.htm. Acesso em: 08 de julho de 2017.

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é regido por um corolário de normas preestabelecidas para que não sejam os atores processuais surpreendidos.