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Dacumentos N' 90 ISSN0101-2835Junho, 1997

Geração de Tecnologia Agroindustrial,

para o Desenvolvimento do Trópico Umido

Síntese dos Resultados do Projeto

Convênio Embrapa Amazônia Oriental/JICA1990 - 1997

Belém, PA1997

Embrapa Amaz6nia Oriental. Documentos, 90

Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:Embrapa Amaz6nia OrientalTrav. Dr. Enéas Pinheiro, s/nTelefones: (091) 246-6653, 246-6333Telex: (91) 1210Fax: (091) 226-9845Caixa Postal, 4866095-100 - Belém, Pará

Tiragem: 150 exemplares

Comissão Editorial

Coordenação: Dilson Augusto Capucho FrazãoEmmanuel de Souza CruzJosé Furlan JúniorMaria de Lourdes Reis Duarte

Expediente

Revisão Gramatical: Maria de Nazaré Magalhães dos SantosNormalização: Célia Maria Lopes PereiraComposição: Emmanoel Ubiratan de Lima

Raimundo Lira Castro Neto

EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amaz6niaOriental (Belém, PA). Geração de tecnologia agroindus-tria! para o desenvolvimento do trópico úmido: síntesedos resultados do projeto. Belém: Embrapa Amaz6niaOriental/JICA, 1997. 53p. (Embrapa Amaz6nia Orien-tal. Documentos, 90).

Convênio Embrapa Amaz6nia Oriental/JICA

l , Agroindústria - Tecnologia - Brasil - Amaz6nia.I. Título. li. Série.

CDD: 630.720811

@ Embrapa - 1997

APRESENTAÇÃO

A cooperação entre a Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - Embrapa e a Agência Japonesa de CooperaçãoInternacional - JICA sempre buscou, no processo de desenvol-vimento regional, usar estratégias apropriadas para atender aosdiferentes segmentos da sociedade, em proveito do bem-estarsocioeconômico da população.

No encerramento do Projeto Geração de Tecnl!logiaAgroindustrial para o DesenvoMmento do Trópico Umidoapresenta-se, em cumprimento ao estabelecido no ConvênioEmbrapa Amazônia Oriental/JICA, que teve vigência no períodode 1990 a junho de 1997, uma síntese dos resultadosalcançados.

As metas estabelecidas que contemplaram as pesquisasrelacionadas com o controle de doencas e o melhoramentogenético de fruteiras tropicais e da pimente-do-reino, a extraçãode óleo e oleorresina, a obtenção de corantes naturais e aavaliação de plantas medicinais, dentre outras, foramcumpridas.

A realização de treinamento de pesquisadores brasileirosno Japão, assim como consultorias prestadas por peritosjaponeses, e a doação de equipamentos de pesquisaresultantes dessa cooperação, estreitaram o relacionamento efortaleceram o desenvolvimento das ações de pesquisaexecutadas conjuntamente.

Alguns indicadores-chaves revelam o quanto foialcançado durante esse convênio com a geração deconhecimentos e a difusão de tecnologias, além da implantaçãode unidades demonstrativas que permitiram a viabilização degrande parte das pesquisas executadas.

Sendo assim, na expectativa do inicio de um novoProjeto, fica a certeza da grande contribuição que a cooperaçãoEmbrapa Amazônia Oriental/JICA continuará proporcionandopara o desenvolvimento sustentável do Estado do Pará e daAmazônia.

OILSON AUGUSTO CAPUCHO FRAZÃOCoordenador Brasileiro do ConvênioEmbrapa Amazônia Oriental/JICA

TSUYOSHI ElOALíder da Equipe Japonesa do Convênio

Embrapa Amazônia OtíentaVJICA

EMANUEL AOILSON DE SOUZA SERRÃOChefe Geral da Embrapa Amazônia Oriental

SUMÁRIO

Identificação e técnicas de criação de polinizadores deespécies vegetais de importância econômica no Estadodo Pará. M. M. Maués, G. C. Venturieri, L. A. de Souza,J. Nakamura e R. Miyanaga. . 7

Melhoramento de plantas de interesse econômico para a regiãoamazônica através de técnicas "in vitro". O. F. de Lemos,O. A. Lameira, J. C. de Menezes, M. G. da C. Mota, S. Oka,T. Saito, M. Seta, T. Hidaka e S: Kobayashi. 11

Comportamento de germoplasma de pimenta-do-reinoem relação à produtividade e à resistência a doençasem regilJes da Amazônia brasileira. F. C. de Albuquerque,M. de L. R. Duarte, A. M. L. Nunes, R. L. B. Stein, M. C.Poltronieri, R. P. de Oliveira e T. Endo. . 15

Melhoramento genético do cupuaçuzeiro(Theobrome 9randiflorum Schum.) no Estado do Pará.R. M. Alves, J. R. V. Corrêe. M. R. de O. Gomes eG. L. da C. Fernandes. 19

Caracterização bioquímica de germoplasma de fruteiras.C. da S. Martins, M. C. Poltronieri, J. M. D. Gaia,H. Iketani, T. Kajita e H. Yoshioka 25

Levantamento de microorganismos potencialmenteativos contra Fusarium solani f.sp. piperis. R. L. B. Stein,F. C. de Albuquerque, E. Y. Chu, Z. Abe, Y. Veda,S. Yoneyama e T. Endo 27

Extração e caracterização do 61eo e oleorresina dapimenta-do-reino. S. Hühn, C. F. M. de MeIo,W. C. Barbosa, J. Furlan Júnior, K. Asano e T. Ohmura. .. 31

Estudo para a identificação de vegetais produtores decorantes ocotrentes na flora amazônica. R. F. R. de Nazaré,K. Kusuhara, L. J. G. Faria e H. Kurita. .. 35

Biologia e fisiologia de Crinipellis perniciosa docupuaçuzeiro em relação à fisiopatologia. R. L. B. Stein,F. C. de Albuquerque, O. G. da Rocha Neto, H. E. O. daConceição, C. N. Bastos, T. Endo e T. Ito 37

Coleta, propagação e avaliação de plantas medicinais daAmaz6nia. I. A. Rodrigues, S. de M. Alves, O. G. daRocha Neto, E. J. A. de Santiago, C. das G. Caldas,M. S. de Moraes, H. Kamakura, O. Shirota, H. Izumi,T. Watanabe, K. Kawaguchi, A. Takano e A. Yoshida. . 41

Epidemiologia da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzfJÍro. A. M. L.Nunes, F. C. de Albuquerque, R. P. de Oliveira, T. D. de A.Sã, M. A. L. Nunes e O. Shimizu 45

Difusão e transferência de tecnologia com ênfase em P&D noEstado do Pará. A. K. Kato, M. Uchida, T. Ogata, A. J. E.A. de Menezes, F. C. de Albuquerque, M. de L. R. Duarte,M. Hamada, M. Modesto Filho eM. R. de O. Gomes. .. 47

A valiação dos impactos causados pelas tecnologias geradas. ... 49

Investimentos 51

Indicadores-chaves 53

IDENTIFICAÇÃO E TÉCNICAS DE CRIAÇÃO DEPOLINIZADORES DE ESPÉCIES VEGETAIS DE

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA NO ESTADO DO PARÁ

Márcia Motta Meués': Giorgio Cristino Venturierf; LindáureaAlves de Souze": Jun Nekemure" e Ryoichi Miyanaga4

Objetivo

Identificar os poünimdores de quatro plantas nativas deimportância econômice na Amaz6nia Oriental: urucuzeiro,bacurizeiro, cupuaçuzeiro e castanheira-do-brasil e desenvolvertécnicas de criação e manejo dos principais polinizadores, emlaboratório ou no campo, visando ao aumento da polinizaçãonatural.

Resultados alcançados

Em termos de "recompensa ", a flor do urucuzeirosomente oferece pólen aos seus visitantes, o que é uma dascaracterísticas de flores polinizadas por vibração. O pólen dourucuzeiro é classificado como atrativo primário, muito utilizadona alimentação de larvas de abelhas.

Certos atributos apresentados pelas flores do urucuzeirosão típicos de flores polinizadas por abelhas, como por exemploa coloração, o horário da antese, o recurso otertedo e o aroma.Outras características florais como simetria radial, contraste decor, reflexão de ultravioleta e antera de deiscência poricida sãoencontrados em flores polinizadas por vibração.

f Bi61.,M.Sc., Embrapa AmazOnia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém, PA.2 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa AmazOnia Oriental.3 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa AmazOnia Oriental.4 Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency - JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Belém, PA.

Foi comprovado que os insetos que visitam as flores dourucuzeiro sso basicamente abelhas vibradoras, das famíliasApidae e Anthophoridae. Assim, o urucuzeiro é uma planta queapresenta autogamia e alogamia, porém sua produtividade ésuperior quando polinizada por um grupo de abelhas vibradoras,dentre as quais Xylocopa frontalis e Epicharis rustica sêo asmais importantes, em tunção da freqüência de visitas edesempenhá. Não foi detectada ineficiência e/ou escassez depolinizadores na área estudada, entretanto recomenda-se aquem for plantar urucuzeiro deixar áreas de mata ou decapoeira próximas ao plantio, para assegurar a presença dasabelhas. Desse modo, não será necessário desenvolverprogramas de crieção e manejo dos polinizadores.

As flores de bacurizeiro, como "recompense", oferecemaos visitantes néctar e pólen em abundância, o que atrai umagrande diversidade de animais.

Características como néctar em grande quantidade e combaixa concentreção de açúcares; pólen viscoso e abundante;flor grande com estruturas robustas e esclerosadas; cor viva eatraente, geralmente escarlate ou avermelhada; ausência decheiro e guias de nectários e período diurno de disponibilidadedos recursos indicam que a polinização é realizada porpássaros.

Foram encontrados pássaros polinizando as flores debacurizeiro, destacando-se os periquitos, fato inédito dentre osestudos de ecologia da polinização de plantas amazônicas.

O bacurizeiro é uma planta alógama, com síndrome depohrüzeçõo ornitófila, onde os principais agentes polinizadoresno nordeste do Estado do Pará, pertencem à família Psittacidae(Pionites leucogaster leucogaster, Brotogeris chrysopterustuipara e Aratinga leucophtalmus leucophtalmusJ. Empopulações naturais foram encontrados indivíduos debacurizeiro ocorrendo de maneira agrupada, e estasconcentrações provavelmente são formadas por árvores

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geneticamente semelhantes, já que esta espécie possui granderegeneração através de brotações radiculares. Os psitacídeosconstituem-se excelentes polinizadores para esta planta, vistoque possuem grande alcance de vôo e, desta forma, podemefetuar a troca gênica entre populações distantes entre si.

No caso de plantações comerciais para a produção defrutos, deve-se tomar cuidado para que não haja uma totaluniformidade genética no plantio, como por exemplo,utilizarem-se clones oriundos de um só indivíduo ou até mesmode uma só população, o que poderia provocar o insucesso doempreendimento, pois esta planta necessita de polinizaçãocruzada. É também importante preservar áreas de mata aoredor do plantio, habitat natural dos polinizadores.

Em cupuaçuzeiros existem três grupos de insetos VISI-

tantes: a) Pilhadores: aqueles que visitam a flor para roubar osrecursos ofertados, sem contribuir para o sucesso da poliniza-ção (aff. Baris sp., Trigona fulviventris e Trigona fuscipennis);b) Polinizadores eventuais: os que visitam a flor para coleta depólen e, eventualmente, podem transportá-Io para outras plan-tas (Mycotetrus sp., Acanthinus sp., Aparatrigona impunctata eNanotrigona minuta); e, c) Polinizadores efetivos: visitantes deflores para coleta de pólen e néctar, utilizando-as como sítio deacasalamento, entrando em contato com os órgãos reproduti-vos e realizando a transferência adequada do pólen de umaatente para outra (Plaumannita sp., Antityphona thoa,Antityphona spp., Enthomochirus sp. e mais outras três espé-cies de Eumolpinae não identificadas).

O principal atrativo da flor do cupuaçuzeiro é o pólen,porém este recurso está protegido por barreiras físicas de ma-neira que somente um grupo restrito de visitantes pode al-cançá-Io.

Duas síndromes de polinização foram identificadas,cantarofilia e melitofilia. Entretanto, a compatibilidade entre ohorário de disponibilidade de recursos florais e receptividade do

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estigma com a atividade dos visitantes, além do comporta-mento, freqüência, abundância e diversidade dos mesmos, cor-robora à ocorrência da cantarofilia como a síndrome de polini-zação mais adaptada à biologia floral do cupuaçuzeiro.

O aproveitamento dos meliponíneos encontrados neste eem outros estudos pode ser uma alternativa viável em progra-mas de polinização natural, através da multiplicação de ninhose liberaçOo em plantios com deficiência de polinizaçOo.

As colônias de meliponíneos mantidas no laboratórioestão em contínuo crescimento, com atividades de coleta dealimento, postura, limpeza e cuidado com imaturos e recém-emergidos.

A castanheira-do-brasil é uma planta alógama com sín-drome de polinizaçOo melitófila. Os principais polinizadores noEstado do Pará sso abelhas das famílias Apidae eAnthophoridae, destacando-se as espécies Xylocopa frontalis,Epicharis rustica, E. affinis, Bombus úansversalis e B.bfIJviviHus.

Foi detectado em plantios comerciais uma drástica dimi-nuição da população natural de insetos polinizadores, refletindodiretamente na queda da produtividade da castanheira. Odesenvolvimento de programas de criação e manejo de polini-zadores será imprescindível para a expansão do cultivo emlarga escala desta planta.

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MELHORAMENTO DE PLANTASDE IN~ES;;ECONÔMICO PARA A REGIÃO AMAZÔNICA A TRA VÉS DE

TÉCNICAS "IN VlTRO"

Oriel Filgueira de Lemos'; Osmar Alves t.emeire': IImarinaCampos de Menezes"; Milton Guilherme da Costa Mote"; SeibiOke"; Takeo Seito": Masatoshi Sat05

; Tetsushi Hidaka5 e ShozoKobayashr

Objetivo

Desenvolver técnicas de cultura de tecidos que auxiliem,de maneira decisiva, os programas de melhoramento genético ede conservação de germoplasma, assim como sistemaseficientes de micropropagação de espécies frutíferas,medicinais, inseticidas e condimentares,

Resultados alcançados

O estabelecimento de explantes em meio de cultura coma presença de ácido indolacético (AIA) favorece a indução debrotos quando sso transferidos para meio de cultura contendomeio básico de cultura MS (Murashige & Skoog) e 6 -senzilamino purina (BAP), Para o enraizamento de brotos énecessária a presença de uma auxina - ácido naftalenoacético

. (ANA) ou ácido inaotbutldco (AIB) -, A ecümeteçõo dos"plenttets" é eficiente em condições de alta umidade relativa do

, Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970,Belém, PA.

2 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa Amazônia Oriental.3 Téc.-Esp., Embrapa Amazônia Oriental.4 Eng.-Agr., Ph.D., Av. Governador José Malcher 2088, apf1 1002, CEP 66060-

230, Belém, PA.5 Consultor da Japan International Cooperation Agency-JICA Av. Nazaré 272, sala

105, Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, 8elém, PA.

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ar nos primeiros dias e, posteriormente, ocorre odesenvolvimento normal das plantas. A propagação "in vitro"de plantas de pimenta-do-reino é possível. Os segmentos dehipocótilo são mais responsivos à indução de calos do que ossegmentos de folhas. Os embriões zigóticos permitem aformaçlio de calos, mas nso diferenciam em broteções, poisoxidam facilmente. Os calos de segmentos de hipocótilopodem diferenciar broteções e formar "ptenttets",

Para o isolamento de protoplastos, a partir de mesófilofoliar, é necessário o tratamento prévio das folhas com soluçãoanti-oxidante contendo dithiothreitol (DTT). O isolamento de-protoptestos a partir de folhas de pimenta-do-reino é possível,particularmente a partir de folhas de cor verde, e tenras emsolução de enzimas com Pectolyase y-23. Os tecidos depimenta-do-reino são tolerantes à kanamycin, emconcentreções inferiores a 100 mq.t:', porém, não são muitosusceptíveis à infecçlio por Agrobacterium tum6faciens. Aextração e purificaçlio de DNA plasmídio, a partir de E. colí,através da metodologia proposta, foi conseguida com sucesso.

Os embriões zigóticos de sementes maduras aeurucuzeiro, regenerados de plantas via embriogênese somática,constituem explante muito responsivo para ser usado nesteprocesso. O meio de cultura suplementado com auxina ecitocinina induzem calos, que transferidos para meios decultura sem regulador de crescimento ou com uma auxina fracaoriginam embrióides e são convertidos em plântulas. Estes sãoos primeiros resultados de regeneração de plantas deurucuzeiro obtidos por este método no Brasil.

Os emoriões essépticos de açaizeiros, propagaáos viacultura de embrião, são facilmente excisados a partir de fru-tos despolpados e sementes imersas em álcool a 70% poralguns segundos e tratamento com hipoclorito de sódio a2%. Os embtiões zigóticos são excisados intactos de se-mentes e se convertem em plântulas normais, no máximo

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após 30 dias de cultivo em meio de cultura em condiçõesapropriadas. Plântulas "in vitro" são obtidas a partir do cul-tivo de embrião zigótico.

Para a propagação "in vitro" de ipeca, os meios de cul-tura líquido e sólido B5 (Gamborg et aI.) complementadoscom, respectivamente, 6,66 e 13,32 f.JM de BAP são osmais eficientes para a formação de brotos. O alongamentodos brotos ocorre com mais eficiência na presença de0,87 jJM de ácido giberélico (AG3). Para a formação deplântulas, o meio sólido MS suplementado com 4,92 f.lM deAIB, 0,87 jJM de AG3 e 0,1% de carvão ativado é o maiseficiente.

O meio de cultura B5 complementado com 4,52 f.lM de2,4-0 e 5,37 jJM de ANA ou 4,92 f.JMde AIB :t 4,44 f.lM deBAP proporciona a formação de calos friáveis em explantesde ipeca.

Os meios de cultura mais eficientes para a indução eestabelecimento da curva de crescimento de calos de quinasão o MS, complementado com 0,22 J..IMde thidiazuron(TOZ) + 21,48 J..iMde ANA e 10,74 J..IMde ANA e o B5,suplementado com 10,74 f.JM de ANA + 2,32 fJM decinetina e 1 J..IMde 2,4-0 + O,1 f.JMde cinetina + 10% deágua de coco. A curva apresenta cinco fases distintas: log,exponencial, linear, desaceleração e estacionária. O maiorpercentual de crescimento é obtido na fase linear e o menorna fase log.

Para a propagação "in vitro" e formação de calos emcastanheira-do-brasil (Sertho//etía exce/sa H.B.K.), o meio decultura "vvood Plant Medium" (WPM) complementado com2,68 J..iMde ANA + 11,10 J..iMde BAP é o mais eficientepara induzir a brotação em meristemas. Os tratamentosmais eficientes para a indução de calos nesta espécie são4,52 f.JM de 2,4-0 + 2,32 f.JM de cinetina e 2,85 J..iMdeAIA + 6,66 J..iMde BAP.

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COMPORTAMENTO DE GERMOPLASMA DEPIMENTA-Da-REINO EM RELAÇÃO À PRODUTIVIDADE E À

RESISTÊNCIA A DOENÇAS EM REGIÕES DA AMAZÔNIABRASILEIRA

Fernando Carneiro de Albuquerque': Maria de Lourdes Reisõuerte': Angela Maria Leite Nunes'; Ruth Linda Benchimol

Stein': Marli Costa Pottronieri': Raimundo Parente deOlivelre" e Tadamitsu Endo4

.

Objetivo

A valiar as características de cultivares de pimenta-do--reino visando à exploração econômica dessa cultura no Es-tado do Pará; determinar isolados do fungo Nectriahaematococca t.sp. piperis quanto às características de pa-togenicidade e compatibilidade heterotálica; e, avaliar a re-sistência do sistema radicular de espécies de Piper nativasda Amazônia e a compatibilidade de algumas dessas espé-cies com a pimenta-do-reino.

Resultados alcançados

A análise do comportamento de cultivares de pimenta--do-reino em áreas de ocorrência de fusariose mostrou queKottanadan 1, Kuthíraval/y e Apra foram as mais produtivas,em período de cinco anos de avaliação da produtividade emkg/ha de pimenta preta.

1 Eng.-Agr., M.Sc .• Embrapa AmazOnia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém,PA

2 Engl.-Agrê., Ph.D., Embrapa AmazOnia Oriental.3 Eng.-Agr., M.Sc., Trav. Bar60 do Triunfo 2558, casa 61, CEP 66087-280, Be/ém, PA4 Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency-JICA, Av. Nazaré 272, sala 105.

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Be/ém, PA

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Todas as cultivares testadas foram suscetíveis àfusariose e os índices de incidência da doença aumentaramapós o terceiro ano de produçêo.

Para a adoção de uma cultivar de pimenta-do-reino nosistema de produção usado no Estado do Pará é necessárioque apresente características benéficas de produtividadeeconômica, maturação precoce dos frutos e tolerância àfusariose e à seca.

A cultivar Guajarina, embora suscetível à fusariose, porter apresentado produtividade econômica e frutos de matu-ração precoce, vem sendo utilizada em algumasmicrorregiões para exploração comercial.

A identificação correta do patógeno N. beemetococce(F. solani t.sp. pipBrisJ pode ser obtida através de ensaios deinoculação em plantas sadias e de cruzamentos com clones-teste deste fungo.

Na obtenção de mutantes resistentes, através de radi-ação gama, não foi detectada a presença de fusariose empimenteiras com até três anos de idade. Após as produçõesiniciais é esperado que a doença comece a se desenvolver ese propagar com índices acentuados, o que possibilitará arealização de avaliações para a seleção de tolerância dosdiferentes genótipos.

Utilizando-se a técnica de enxertia de garfagem detopo em tecido meristemático, com proteção do enxertocom saquinho de plástico transparente, foram obtidos índi-ces de pegamento acima de 90%. Avaliaram-se os acessosKottanadan 1, Kuthiraval/y, Apra, Cingapura, laçará 1,Karimunda e Balankotta.

Em pequenos canteiros, a técnica de enxertia foi ade-quada como elemento auxiliar para conservação, propagaçãoe enriquecimento do Banco Ativo de Germoplasma de

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Pimenta-do-reino, em período de dois a três anos após oplantio.

Em pimenteiras enxertadas com 16 a 20 meses deidade foram obtidos, por planta, rendimentos de 15 a 20estacas de propagaçDo de dois nós, de ramos de cresci-mento herbáceo ou próximo à maturidade. No entanto, asrebrotações dos ramos ortotrópicos das pimenteiras enxer-tadas, após o terceiro corte, tornaram-se enfraquecidas,devido ao desenvolvimento do processo de incompatibilidadetardia na região de contato do enxerto com o porta-enxerto.Essas rebrotações originaram ramos de diâmetro reduzidoque não se prestaram para a produção de estacas na forma-ção de mudas.

O curto ciclo de vida de pimenteiras enxertadas em P.colubrinum tornou desfavorável a formação de plantios emáreas maiores. Outra característica prejudicial à utilizaçãodessa espécie, em áreas de campo, foi a intensa e sucessivabrotação do porta-enxerto que concorreu para onerar a ma-nutençêo do plantio, devido ao aumento da mão-de-obranecessária para as desbrotas.

As espécies P. aduncum e P.· hispidinervium utilizadascomo porta-enxertos apresentaram rendimentos em quanti-dade de estacas, nos limites idênticos aos obtidos com pi-menteiras propagadas por enxertia em P. colubrinum. O des-envolvimento da incompatibilidade tardia em P. aduncum eP. hispidinervium foi mais lento, porém o inconveniente debrotações sucessivas do porta-enxerto tornou-se mais acen-tuado.

Devem ser desenvolvidas novas técnicas de enxertiavisando reduzir os prejuízos causados pela incompatibilidadetardia. As rebrotas sucessivas do porta-enxerto poderiam serminimizadas através da seteção de práticas culturais eficien-tes para reduzir o desenvolvimento de gemas na parte docaule próximo ao solo.

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As espécies P. aduncum, P. .hispidinervium e P.colubrinum utilizadas como porta-enxertos de acessos depimenta-do-reino apresentaram, no início, compatibilidadefavorável, porém dois a três anos após a enxertia desenvol-veram a incompatibilidade dos tecidos na região do enxerto,prejudicando o desenvolvimento das pimenteiras.

A técnica de enxertia em Piper spp. nativas pode serutilizada em canteiros pequenos, com solo infestado deFusarium solani f.sp. piperis para a conservação e propaga-ção de acessos de pimenta-do-reino, durante um período dedois a três anos.

As espécies de Piper avaliadas apresentaram elevadaresistência ao fungo patogênico em relação ao processo deinfecção no sistema radicular. Podem ser incluídas em pro-gramas de melhoramento genético da cultura da pimenta--do-reino e, dependendo da compatibilidade, serem utilizadascomo porta-enxertos, visando ao controle da fusariose, emárea de solo infestado.

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MELHORAMENTO GENÉTICO DO CUPUAÇUZEIRO(Theobroma grandiflorum Schum.) NO ESTADO DO PARÁ

Rafael Moysés Atves'; João Roberto Viana Corree'; MarioRodrigo de Oliveira Gomes' e Guilherme Leopoldo da Costa

Fernendes'

Objetivo

Desenvolver atividades de melhoramento genético como cupuaçuzeiro, tendo a finalidade de disponibilizar materiaiscom características de uniformidade e alta produção de fru-tos, resistência às principais enfermidades, especialmente àvassoura-de-bruxa e qualidade de polpa com os padrões tec-nológicos exigidos pelo mercado.

Resultados alcançados

Dos 36 clones pesquisa dos no Banco A tivo de Germo-plasma de Cupuaçuzeiro, em Belém, PA, oito (174, 186,215, 220, 286, 618, 622 e 624) ainda se mantêm livres dadoença vassoura-de-bruxa.

A perda de frutos imaturos, além da forte influênciaambiental que envolve o estado fisiológico da planta, aliadaa fatores de déficit hídrico, parece ter um componente gené-tico importante. Clones como 618, 434 e 514 tiveram per-das superiores a 20 frutos em média por planta. Por outrolado, dos clones estudados, onze não apresentaram esseienômeno. Porém, em termos de intensidade, os clones com

1 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amaz()nia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém,PA.

2 Assist. Pesq., Embrapa Amaz()nia Oriental, Km 6 da Estrada JAMIC, CEP 68682-000,Quatro Bocas, Tomé-Açu, PA.

3 Téc. Esp., Embrapa Amaz()nia Oriental.

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maiores produções de brácteas florais foram os que tiveramas maiores perdas de frutos. Isto indica que a capacidadefisiológica das plantas para retenção de frutos foi atingida eo excedente descartado.

Observou-se grande variabilidade para o brix, de 7% a12%. O pH não sofreu grandes variações, oscilando de 3,0a 3,9. As variáveis acidez, umidade e sólidos totais forameficientes para discriminar os materiais, acreditando-se quepoderão, também, serem escolhidas como descritores.

O clone 186 foi o que apresentou a melhor taxa médiade vingamento de frutos (91,1 %), porém, dos nove cruza-mentos em que atuou como receptor de pólen, em cinco,essa taxa foi de 100%, demonstrando a alta potencialidadedesse clone para produção de frutos. Vale destacar, tam-bém, os clones 286, 174 e 624 com taxas de 81,1%;80,0% e 80,0%, respectivamente.

Como doadores de pólen, os destaques foram os cto-nes 186, 554, 174 e 215 que, na média de seus cruzamen-tos, apresentaram as seguintes taxas de vingamento defruto: 91,2%; 81,4%; 78,6% e 78,6%, respectivamente.

Os cruzamentos 174 x 215, 286 x 434, 434 x 620 e513 x 624 foram os que apresentaram as menores taxasmédias de vingamento (média entre o cruzamento e recí-proco) com 5%; 5%; 10% e 20%, respectivamente. Osdemais cruzamentos apresentaram taxas numa amplitude de60% a 100%, demonstrando boa compatibilidade.

Os clones 1074 e 620, por apresentarem baixa flora-çõo, foram os mais utilizados como fornecedores de pólen.

Nas auto-polinizações, os clones tiveram taxas de 0%,caracterizando forte alogamia. Não foram realizadas autofe-cundações nos clones 624 e 1074, por falta de flores.

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No Banco A tivo de Germoplasma de Cupuaçuzeiro, emTomé-Açu, PA, a produção de botões florais senescidos pre-cocemente foi bastante variável, tanto entre, como dentrodas progênies, porém n30 foram registradas amplitudes damagnitude do ensaio de Belém. O total produzido na quadrafoi de 1.580 botões, com média de 7,1 por planta. As pro-gênies 7, 37 e 49 foram as que mais produziram e, das 49progênies do ensaio, oito (16,3%) não produziram botões.

A produção de flores senescidas variou de zero(progênies 12, 21 e 22) a 469,7 flores em média por planta,novamente da progênie 7. Progênies como a 4, 49, 38, 48,18 e 3 produziram mais de 200 flores, em média, porplanta. Ao contrário do BAG de Belém, não foi observadoque as progênies mais produtoras de botões eram as quemais produziam flores. Em termos globais foram produzidas13.225 flores, com a média de 26,6 por planta e desviopadrão significativamente alto de 56,4 flores.

Por se tratar de uma região com déficit hídrico mar-cante no segundo semestre, a perda de frutos imaturos tor-nou-se uma variável importante na cerecterizeçõo dos mate-riais. Verificou-se a queda de 679 frutos no experimento.Observou-se que sete progênies não tiveram perda precocede frutos e destas, três não produziram flor. As demaisapresentaram variação de 0,3 a 20,3 frutos, em média, porplanta. Um fato significante observado foi que sete pro-gênies perderam, em média por planta, mais de dez frutos,enquanto a média do ensaio ficou em 3,2 frutos.

Dentre os materiais avaliados na safra de 1995/1996destacaram-se, quanto ao número médio de frutos porplanta, as progênies 45, 43, 48, 46 e 44, com mais de 13frutos por planta. Porém este caráter foi bastante variável,havendo progênies com apenas um fruto em média porplanta. Acredita-se que tanto o número de frutos como opróprio desempenho das progênies deverão variar durante os

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próximos anos, ocorrendo, portanto, a necessidade de secoletarem informações nas próximas safras. No tocante aocomprimento de frutos, a variabilidade também foi bastantesignificativa, variando de 267,6 mm (progênie 9) a 107,5mm ( progênie 39). Observou-se que, de uma forma geral, otamanho dos frutos desse experimento não atingiu ainda otamanho normal. As progênies 9 e 21 destacaram-se notocante ao caráter peso de fruto, com 1.430g e 1.344g,respectivamente. Os valores de rendimento de polpavariaram de 21,4 % (progênie 12) a 45, 1 % (progênie 21).As progênies 21, 11, 47, 23, 5 e 34 foram tambémdestaque para esse caráter, com valores superiores a 41 %.

Em Tomé-Açu identificaram-se 351 plantas com boascaracterísticas, distribuídas nas propriedades visitadas, asquais receberam um número seqüencial, cuja etiqueta ficoupresa à planta, visto que a avaliação prolongar-se-á porcinco safras consecutivas.

Foram coletadas informações gerais da propriedade eespecíficas da quadra onde cada planta foi identificada.

Com base nessas informações preliminares foi reali-zada a seleção das 50 matrizes mais interessantes. Estasforam clonadas e para avaliação em dois locais, no municí-pio de Tomé-Açu.

Em uma primeira análise realizada com 306 plantasidentificadas, verificou-se que a média de produção da safrade 1994/1995 foi de 17 frutos, havendo plantas com 46 eoutras com cinco.

O potencial médio de produção (frutos imaturos + fru-tos maduros) da safra de 1995/1996 foi de 43 frutos, comuma planta tendo a excepcional carga de 174 frutos e outraque apresentou o menor valor, com sete frutos. O dado maisimportante, entretanto, refere-se ao número de frutos emdesenvolvimento na planta, na safra de 1995/1996, acredi-

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tendo-se que teriam formação normal até a queda. Em mé-dia, as plantas apresentavam 24 frutos com essa caracterís-tica, à exceção de uma com 66 frutos.

Observou-se nas plantações visitadas uma grande va-riabilidade para as diferentes características da plantacomo: formato da copa (baixa como a de um guaranazeiro;frondosa como a de uma mangueira; aspecto de um jam-beiro etc ... I, tamanho e forma de folhas, tolerância a pragase doenças, principalmente vassoura-de-bruxa e Phomopsis,porém onde se visualizou grande variabilidade foi quanto àforma, tamanho, cor e textura dos frutos. Essa variaçãopôde ser observada tanto dentro como entre as proprieda-des visitadas, havendo casos específicos de pequenos plan-tios, cujo material original teve base genética restrita, istoé, para a formação das mudas foram colhidas sementes depoucos pés, observando-se a maior ocorréncis de um de-terminado material, tendo o fruto como indicador.

Em fevereiro de 1996 realizou-se uma segunda avalia-ção das plantas seleciona das, pois constatou-se que emanos anteriores algumas plantas produziam a maior carga defrutos em dezembro/janeiro, consideradas precoces e outrastardias, com maior carga em fevereiro/março.

Nessa avaliação foram incorporadas outras 45 plantasque apresentavam características interessantes de produçãoe vigor.

Definidas as 351 plantas para a pesquisa e com basenas avaliações procedeu-se a seleção das 50 plantas maispromissoras, as quais foram clonadas para acompanha-mento em uma localidade do município de Tomé-Açu.

Em Belterra, PA, foram visitadas as propriedades de35 moradores, sendo identifica das 62 matrizes. Destas,selecionaram-se para a primeira fase 45 matrizes que, jun-tamente, com outros cinco materiais escolhidos em Belém,

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mas oriundos de Belterra, comporão o ensaio clonal de ava-liação das matrizes, instalado neste município.

Das 62 matrizes foi observado que a maioria era sus-cetível à vassoura-de-bruxa.

Destas plantas identificadas selecionaram-se 33 quesomadas a uma oriunda de Belterra e mantidas no BA G deBelém, comporão um ensaio clonal na segunda fase do pro-jeto.

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CARACTERIZAÇÃO BIOQuíMICA DE GERMOPLASMA DEFRUTEIRAS

Garfos da Silva Mertins'; Marli Gosta Pottronieri'; José MariaDemétrio Gele": Hyroyuri tketeni": Tadashi Kejite" e Hiroto

Yoshioke"

ObjetivoDefinir metodologias de análise de eletroforese de iso-

enzimas para as principais culturas de interesse regional(pimenta-do-reino, urucuzeiro, cupuaçuzeiro, guaranazeiro ecastanheira-do-brasi/) e caracterizar, através de marca doresisoenzimáticos, as coleções de germoplasma destas cultu-ras.

Resultados alcançadosOs resultados utilizando-se folhas jovens mostraram

que dos cinco sistemas de enzimas adotados, somente asenzimas menadione redutase (MNR) e málica (ME) apresen-taram bons resultados. Em pimenta-do-reino ocorreu bande-amento nas dez amostras estudadas, com ambas as enzi-mas; no urucuzeiro somente houve bandeamento para duasamostras em ME; enquanto que o cupuaçuzeiro não apre-sentou bandas.

Pode-se concluir que os procedimentos utilizados fo-ram eficientes para a obtenção de bandas enzimáticas emduas espécies de interesse regional (pimenta-do-reino e uru-cuzeiro), servindo para caracterizar e separar indivíduos den-tro de coleções de germoplasma.

1 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa AmazOnia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém,PA.

Z Bolsista do CNPq/Embrapa AmazOnia Oriental.3 Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency-JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Belém, PA.

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o sistema MNR poderá ser utilizado com sucesso paraa maioria das espécies testadas na obtenção de bandas en-zimáticas, permitindo também a caracterização e diferencia-ção de indivíduos.

Os resultados permitem concluir que quatro sistemasenzimáticos, malato desidrogenase (MDH), Shikimato desi-drogenase (SDH), 6-fosfogluconato desidrogenase (6PG) efosfoglucose isomerase (PGI) podem ser utitizedos. para ca-racterização genética de germoplasma de pimenta-do-reino,pois apresentaram bandas polimórficas, enquanto que ME eisocitrato desidrogenase (IDH) apesar de apresentarem ban-das, estas foram monomórficas e não servem para discrimi-nar diferenças genéticas entre acessos.

A través da caracterização de cultivares de urucuzeiropela análise de isoenzimas em gel de poliacrilamida pode-seconcluir, com base nas freqüências alélicas, que existe umagrande semelhança entre as populações Piave Vermelha e0097-Capitão Poço; isto faz sentido, considerando que a0097-Capitão Poço é uma cultivar melhorada genetica-mente, obtida a partir de seleção em Piave Vermelha, o quecomprova a eficiência da metodologia utilizada.

Por meio da caracterização genética do Banco A tivo deGermoplasma de Pimenta-do-reino, através de eletroforesede isoenzimas em gel de poliacrilamida, foi possível concluirque a maioria dos sistemas enzimátlcos apresentaram bompadrão de bandas, sendo que cinco puderam ser interpreta-das geneticamente. Este método juntamente com o do gelde amido pode ampliar as informações obtidas sobre a estru-tura genética das espécies de interesse.

Os resultados obtidos permitiram viabilizar a implanta-ção do Laboratório de Genética de Plantas na EmbrapaAmaz6nia Oriental, com tecnologia para análise de isoenzi-mas, em dois métodos (gel de amido e gel de poliacrilamida).Esta técnica permitirá a análise da estrutura genética de es-pécies tropicais de interesse regional.

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LEVANTAMENTO DE MICROORGANISMOS POTENCIALMENTEA TIVOS CONTRA Fusarium solani f.sp. piperis

Ruth Linda Benchimol Stein'; Fernando Carneiro deAlbuquerque'; Elizabeth Ying Chu'; Zenzaburo Abe'; Yasuo

ueae': Shingo Yoneveme" e Tadamitsu Endo'

Objetivo

Selecionar microorganismos que possam combaterFusarium solani f.sp. piperis, em casa de vegetação e nocampo, através de antibiose, competição, proteção cruzadae fungos micorrízicos arbusculares.

Resultados alcançados

A inibição do crescimento micelial de F. solani f.sp.piperis, em meio de cultura, foi maior na presença do anta-gonista E-15, cujes substãncias antagônicas produzidaspermaneceram ativas por 14 dias e foram difundidas a umadistância de até 4 cm da colônia.

Alguns dos antagonistas testados apresentaram ape-nas ação fungistática em relação ao patógeno, paralisando ocrescimento micelial enquanto ativos, mas sem mete-to.Após retomar o crescimento na ausência dos antagonistas,F. solani f.sp. piperis foi capaz de provocar infecção em es-tacas de pimenta-do-reino.

Observou-se que os antagonistas E-15, E-14, 1-7 e 0-12 inibiram a esporulação do patógeno "in vitro" em 66%,

f Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amaz6nia Oriental, Caixa Postal4B, CEP 66017-970, Belém,PA.

2 Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency - JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,Ed. Clube de Engenharia, CEP 6603~170, Be/ém, PA.

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58%, 37% e 25%, respectivamente. Alguns microorganis-mos estimularam a produção de esporos.

A germinação de esporos de F. solani f.sp. piperis foiinibida por substéncies antag6nicas produzidas por E-15 e E-14 e difundidas em meio de cultura à disténcie de até 3 emda colônie dos antagonistas.

Na primeira etapa (1991/1993), dos 166 microorga-nismos isolados e testados, a bactéria E-15 (Pseudomonasaeruginosa) se destacou com ações fungistática e fungicida,em três meios de cultura, inibindo o crescimento micelial, aesporulação e a germinação de esporos do patógeno em78%, 66% e 100%, respectivamente.

A ocorrência de fusariose em "seeatinçs" de pimenta--do-reino atingiu 100%, quando a inoculação do patógenofoi feita com suspensão contendo 5,4 x 1(J5 esporos/mt,após sete, 12 e 19 dias.

Quatro meses depois da bacterização com 82 e plantioem sacos contendo solo inoculado com F. solani f.sp.piperis, 60% das plantas de pimenta-do-reino permaneceramsem sintomas de fusariose, sendo essa bactéria promissoracomo agente de controle biológico.

De 19 amostras de ramos sadios de pimenteiras, cole-tadas em nove municípios do Estado do Pará, foram obtidos569 isolados de Fusarium spp., dos quais 93% foram não-patogênicos à pimenta-do-reino e estão sendo testadoscomo agentes de proteção cruzada contra F. solani f. sp.piperis.

Das amostras de solo coletadas em oito municípios doEstado do Pará foram encontrados os gêneros Acaulospora,Glomus e Gigaspora de fungos micorrízicos, com a popula-ção variando de 5 a 1.467 esporos/50g de solo.

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Em solo fumigado, entre os isolados de fungos micorrí-zicos arbusculares testados, IP-38 e MA-122 foram os maisefetivos em promover o crescimento das plântulas depimenteira-do-reino, varo Guajarina.

A inoculação com fungos micorrízicos arbusculares re-duziu em 50% a 80% a incidência de fusariose em solofumigado, sendo Scutellospora gilmorei a espécie maispromissora como agente de controle biológico de F. solanif.sp. piperis.

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EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO EOLEORRESINA DA PIMENTA-DO-REINO

Sebastião Hõnn'; Célio Francisco Marques de Me102; Wilson

Carvalho Barbosa3; José Furlan Júnior"; Kenichi Aseno" eTetsuo Ohmure"

Objetivo

Otimizar o processo da extração, em usina-piloto doóleo essencial e da resina, em cultivares de pimenta-do--reino, a fim de se obter produtos de alta qualidade para autilização em indústrias de alimentos e de cosméticos.

Resultados alcançados

Os rendimentos obtidos nas extrações do óleo essen-cial, da resina e do oleorresina da pimenta-do-reino do tipopreta chocha foram superiores em relação aos demais tiposestudados.

A vantagem de se utilizar a pimenta-do-reino do tipopreta chocha em relação aos tipos ASTA e Brasil é devido amesma ser um subproduto do beneficiamento durante o pro-cesso de peneiramento e ventilação.

Além do preço da pimenta-do-reino tipo preta chochaser inferior aos demais, após o processo de extração fornece

1 Qufm. Ind., M.Sc., Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970,Befém, PA.

2 Qulm. Ind., M.Sc., Rua dos Tamoios 1276, CEP 66025-540, Be/ém, PA.3 Quim. Ind., M.Sc., Conjunto Médice li, Rua Baião 95, CEP 66620-070, Be/ém, PA4 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amazônia Oriental.S Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency-JICA. Av. Nazaré 272, Sala 105,

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170 Bel{jm, PA.

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óleo essencial e resina com alto rendimento, padrão de qua-lidade confiável e de fácil comercialização.

Os teores de óleo essencial, resina e oleorresina dapimenta-da-reino obtidos nas amostras das cultivares e dostipos estudados não diferiram daqueles encontrados na lite-ratura internacional.

As extrações de oleorresina realizadas com os solven-tes acetona, álcool etílico, hexano e dicloroetano demonstra-ram que o álcool foi mais eficaz em relação aos demais sol-ventes. Além de se obter maior rendimento, o preço domesmo é bem inferior aos demais solventes, com facilidadede compra, em virtude de ser produzido em larga escala pe-las usinas alcooleiras brasileiras.

Este resultado é muito importante, em virtude do sol-vente álcool ter preço mais baixo que os demais, além deser facilmente encontrado ou adquirido no mercado.

Os teores de piperina encontrados no oleorresina, re-sina e em grãos das cultivares estudadas mostraram percen-tuais médios semelhantes aos conhecidos internacional-mente.

A perda do óleo essencial observada em dados percen-tuais antes do ajuste no coletar de óleo foi de 67% em rela-ção ao processo de coobação. Entretanto, a modificação ouajuste no coletar permitiu a redução na perda de óleo essen-cial no processo por arraste de vapor úmido de 49,71 %, ouseja, a perda diminuiu de 67% para 17,29%.

Em termos econômicos esses resultados são muitoimportantes, não só para os empresários como para osfabricantes desses equipamentos, que em função dessasobservações deverão redelinear seus aparelhos, a fim deotimizar os coletores de óleos de modo a reduzir perdas queinfluenciam nos rendimentos da maioria dos destiladores deóleos essenciais.

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o oleorresina vem sendo utilizado na forma em que éobtido, ou seja, um líquido viscoso de coloração verde-o/ivaa verde-escuro. Existe a possibilidade de ser transformadoem pó, o que permite melhor homogeneização com produtos Vde umidade intermediária e em produtos secos ou desidrata-dos.

o oleorresina em pó, na forma de "Absorbed Powder",implica na utilização imediata do produto, enquanto que oobtido em "Sprev dryer"apresenta-se bem mais estável. L/Contudo, a goma arábica utilizada como agente emulsifi-cante deverá ser substituída por outro produto, devido aoseu elevado preço no mercado nacional.

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ESTUDO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE VEGETAISPRODUTORES DE CORANTES OCORRENTES NA FLORA

AMAZÔNICA

Raimunda Fátima Ribeiro de Nezere'; Keiko Kusunere'; LénioJosé Guerreiro Faria3 e Hirokazu Kurite'

Objetivo

Investigar na flora amazônica espécies possuidoras decorantes naturais, com possibilidades de se tornaremsucedâneos dos sintéticos e avaliar a aplicação dos corantesobtidos para colorir produtos alimentícios e outros.

Resultados alcançados

Em 78,9% das amostras de sementes de urucuzeiroprovenientes do município de Tracuateua, PA, constataram--se teores de bixina entre 3% e 5% e em 61,8% das deCapitão-Poço, PA, entre 3% e 4%. Conclui-se que todos osmateriais, cujas amostras apresentaram esses teores, sãoapropriados à comercialização.

Os dados obtidos resultantes da irradiação de luz emsementes de urucuzeiro indicam que o processo defotodegradação da bixina segue o modelo linear e independeda radiação utilizada, na faixa de tempo estudada. Este fatoindica que os compostos de degradação formados nãoatuam como catalizadores da reação.

1 Farm. Bioq., M.Sc., Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48,CEP 66017-970,Belém, PA.

2 Consultor da Japan International Cooperation Agengy-JICA, Av. Nazaré 272, sala105, Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-1 70, Belém, PA.

3 Ouim. lnd., M.Sc., UFPA, Rua Augusto Corrêa " CEP 66075-900, Belém, PA.

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A radiação infravermelho atua de forma mais intensana degradação do corante. Para afastar a possibílídade deinfluência de outros fatores é necessário um estudo isolandoas variáveis, temperatura e presença de oxigênio.

A temperatura do ar no interior da câmara deirradiação e a temperatura do sólido da amostra não sofremalterações com a incidência da luz incandescente, Quando seutiliza o sistema de exaustão.

Pela análise dos extratos de açaí usando-se HPLC(croma togra fia líquida de alta eficiência) e TLC(cromatografia de camada delgada) foram detectados doiscompostos responsáveis pela pigmentação do açaí. Estescompostos são antocianinas com RF 0,34 e 0,57.

Os corantes de açaí podem ser utílízados para conferira coloração púrpura, com diferentes nuances, a balas (tipo"hard cenaies") e gelatinas.

O melhor processo de extração do corante é utilizando--se solução de etanol a 10% acídificada, com O, 1% de HCI,durante 48 h, na proporção de 1:2 (fruto: sotvente).

Os frutos de açaí apresentam melhores rendimentos eQualidade em corantes no período compreendido de agosto anovembro. Alta concentração de corantes foi verifica da nomês de janeiro de 1996, o Que não ocorreu em janeiro de1997, acreditando-se Que tenha havido interferência dosfatores presença e ausência de chuvas, respectivamente,nas zonas produtoras.

O extrato de cará-roxo possui um composto coranteQue apresenta RF 0,47 e pertence à classe das antocianinas.Este composto corante pode ser usado em balas e gelatinas.

Os frutos verdes de ienipepo, quando tratados comágua ou com solução de NaOH 0,1%, possibilitam aobtenção de um extrato de coloração azul com testepositivo para geniposídeo.

O extrato de frutos maduros possui Quantidade degeniposídeo mais elevada, entretanto, até o momento, nãofoi conseguida a conversão da coloração amarela para a azulescura.

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SIOL OGIA E FISIOLOGIA DE Crinipellis perniciosa DOCUPUAÇUZEIRO EM RELAÇÃO À FISIOPA TOLOGIA

Ruth Linda Benchimol Stein': Fernando Carneiro deAtbuauerque': Olinto Gomes da Rocha Net02

; HeráclitoEugénio Oliveira da Conceição 1

; Cleber Novais sestos":Tadamitsu End04 e Tsutae It04

Objetivo

-Estuder a biologia de Crinipellis perniciosa, seu com-portamento no campo e as alterações provocadas em plan-tas com sintomas de vassoura-de-bruxa em relação a plan-tas sadias.

Resultados alcançados

A caracterização morfológica de Crinipellis perniciosade Theobroma spp. mostrou em relação ao tamanho dobasidiocarpo que o diâmetro do píleo variou de 4,81mm a1',60mm e o comprimento do estipe, de 2,20mm a4,80mm. Os basidiosporos de C. perniciosa são elipsóides,com comprimento variando de 5,40Jl a 7,97Jl e largura de10,11 Jl a 10,96Jl.

A comparação morfológica entre isolados foi obser-vada em meio de batata-dextrose-ágar (BOA). O cresci-mento em diâmetro de colônias também foi visto em regimede escuro contínuo a 25 ± 1°C, durante 21 dias. Foi detec-

1 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém,PA.

2 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa Amazônia Oriental.3 Eng.-Agr., Ph.D., CEPLAC, Rod. Augusto Montenegro, Km 7, Caixa Postal 1801, CEP

66635-110, Belém, PA.4 Consultor da Japan Intemational Coorporation Agency - JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Belém, PA.

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tada grande variabilidade no comportamento das diferentescolônias de isolados de C. perniciosa, não sendo possível,através das metodologias usadas, estabelecer característi-cas morfológicas diferenciais entre as mesmas. Naverificação da compatibilidade somática observou-se que osmicétios de C. perniciosa de cupuaçuzeiro e de cacaueiromostraram-se incompatíveis. Nos testes realizados, apenaso isolado de C. Perniciosa proveniente de Castanhal, PA, foicompatível com o isolado de cacaueiro.

No teste de patogenicidade, os isolados de C.perniciosa do cupuaçuzeiro não provocaram sintomas devassoura-de-bruxa em "seedlings Ir de cacaueiro, quando ino-culados na gema apical. O isolado de C. perniciosa do ca-caueiro, proveniente de Belém, PA, provocou sintomas devassoura-de-bruxa no hipocótilo de "seedlings" de cupuaçu-zeiro.

Dos sete isoledos de C. perniciosa do cupuaçuzeirotestados bioquimicamente, para efeito de caracterização,todos reagiram negativamente ao teste do ácido ferrúlico epositivamente ao teste da peroxidase. Houve variações nasreações aos testes da polifenol-oxidase e da vanilina, desdenegativa até positiva forte, indicando a necessidade de umatécnica em nível molecular para diferenciar os isolados entresi.

A produção de basidiocarpos em vassouras destaca-das, sob telado, pode ser obtida o ano inteiro, com aumentosignificativo a partir de maio e pico em julho.

O estudo da biologia do C. perniciosa do cupuaçuzeiromostrou que no campo, a precipitação pluviométrica muitoalta ou muito baixa inibe a produção de basidiocarpos. Omaior número de basidiocarpos foi observado nos meses dejunho, julho e agosto.

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Na produção artificial de besidiocerpos de Crinipellisperniciosa do cupuaçuzeiro, após 70 dias da trensterénciedas culturas do patógeno do laboratório para o telado, veri-ficou-se 87 basidiocarpos com basidiosporos infectivos, porum período de até 157 dias.

As avaliações fisiológica, bioquímica e de crescimentode plantas de cupuaçuzeiro, sadias e infectadas porCrinipellis perniciosa, indicaram que o crescimento inicial élento em condições semicontroladas (telado de sombrite,com interceptação de luz de 50%). Em mudas com cincomeses de idade, a emissão de folíolos é intermitente, pas-sando por cinco fases bem distintas entre o início da emis-são e o completo amadurecimento. As plantas apresentaramcrescimento de 17,20 em em altura, exibindo, em média,quatorze folhas.

"Os resultados mostram um distúrbio metabólico geral

nas folhas de cupueçuzeiro atacadas por C. perniciosa. Éprovável que, devido a um reduzido teor de clorofila, a to-tossíntese seja afetada nessas folhas e, conseqüentemente,também o nível de carbohidratos.

Os resultados do controle biológico de C. perniciosa docupuaçuzeiro permitiram concluir que a ação antagônica deG/ioc/adium roseum contra C. perniciosa foi parcial e nãopermanente, uma vez que esse antagonista não protegeu100% das mudas tratadas e a sua ação foi limitada a umperíodo de 75 dias.

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COLETA, PROPAGAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PLANTASMEDICINAIS DA AMAZÔNIA

Irenice Alves Rodriçues': Sérgio de Mello Atves"; OlintoGomes da Rocha Neto"; Edson José Artiaga de Sentieqo";

Cleusa das Graças Cetdes": Marlene Silva de Morees";Hiroyuri Kemekure"; Osamu Shirote": Hiromasa tzumt":

Takashi vvetenebe": Kiichiro Kawaguchl; Akihito Takano eAya vosniae"

Objetivo

Selecionar, coletar, propagar, conservar e estudar plan-tas da Amazônia com tradição fito terapêutica visando a suautilização como insumo à indústria farmacêutica nacional.

Resultados alcançados

As amostras coletadas de ipeca (CephaB/isipecacuanha (Brot) A. Rich ou Psychotria ipecacuanha tsrot)Stokes) e de jaborandi (Pilocarpus microphy/lus Stept.) estu-dadas cobriram as principais áreas de ocorrência natural dasduas espécies seleciona das na Amazônia brasileira.

Os melhores resultados de propagação para a ipece fo-ram obtidos da forma assexuada, através do enraizamentode segmentos de rizomas ou caulículos subterrâneos. Para ojaborandi, a propagação sexuada foi a forma mais eficiente.

1 Farm. Bioq., M.Sc., Embrapa AmazOnia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970,Be/ém,PA.

2 Quim. Ind., M.Sc., Embrapa AmazOnia Oriental.3 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa AmazOnía Oriental.4 Eng.-Agr., Embrapa AmazOnia Oriental.5.Farm. Bioq., M.Sc., UFPA, Rua Augusto Co"éa 1, CEP 66075-900, Belém, PA.6 Consultor da Japan Intemational Cooperation Agency - JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,

Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Be/ém, PA.

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As coleções dos Bancos A tivos de Germoplasma - BAGde Ipeca e de Jaborandi estão estabilizadas, cerecterizedesmorfologicamente, conservadas e sendo avaliados os princí-pios ativos para seleção de matrizes mais promissoras, asquais serão utilizadas para multiplicação em campo e "invitro", fornecendo material para estudo de domes tice cão.- ..........- -

Foram adaptadas metodologias para a avaliação fito-química da emetina e da pilocarpina, princípios ativos daioece e do jaborandi, respectivamente.

Os primeiros resultados indicam que os canteiros co-bertos com palhas ou estabelecidos sob cobertura com plan-tas trepadeiras (ex. maracujá) são os melhores meios parapropagação de ipeca, obtendo-se, após doze meses, um vo-lume radicular só conseguido aos 24 meses nos plantios emsub-bosques, tendo ainda facilitado a coleta das raízes quenão se entrelaçam com outras, provocando a perda detempo e de material.

As observações fenológicas tanto de plantas em sub--bosque como em canteiros mostraram a ocorrência de tto-rescimento em mais de uma época do ano, com maior inci-dência no período chuvoso, registrando-se a produção desementes após cerca de 150 dias do início da floração.

Os resultados obtidos mostraram que as sementesapresentam germinação extramamente lenta e com acentu-ada desuniformidade, iniciando a emergência das plântulasaos 130 dias após a semeadura e estabilizando-se por voltade 560 dias, quando a percentagem de germinação atingiu66%. É possível que o duro e espesso endocarpo que en-volve as sementes seja a causa da dormência verifica danesse espécie.

Estacas de jaborandi foram utilizadas em testes de en-raizam ento, sendo tratadas com fitohormônio (ácidoindolbuttrico), porém, apresentaram taxa de enraizamento

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muito baixa (20%). As mudas das plântulas foram envivei-radas e as mais uniformes utilizadas em testes de respostasa diferentes níveis de luminosidade, observando-se que asmelhores taxas de crescimento foram constatadas em plan-tas sob sombrite a 50%.

Plantas de jaborandi estabelecidas tanto em área desub-bosque como em área de céu aberto têm mostradocomportamento de trutiticeçéo e de ttoreção quase o anotodo, ocorrendo maior incidência de floração no período deoutubro a janeiro e ode trutittceçso. de julho a agosto, pro-longando-se até outubro.

Além das duas espécies estudadas, também foi esta-belecida no campo, a céu aberto, uma coleção de 70 espé-cies medicinais mais utilizadas pela população. Foi realizadoum "screeninç fitoquímico" na maioria das espécies e prepa-radas exsicatas que estõo depositadas no Herbário IAN.

Resultados analíticos de amostras de ipeca da coleçãoda Embrapa Amazônia Oriental mostram variação percentualde emetina de 0,55% a 0,96%.

Amostras de caule e de folhas de jaborandi analisadasindicaram que a pilocarpina encontrava-se exclusivamentenas folhas. Utilizando-se a técnica de cromatografia emcoluna de sílica gel foi possível isolar o alcalóide com graude pureza superior a 95%, sendo, porém, este método muitooneroso e demorado.

Os estudos agronômicos e fisiológicos de plantas me-dicinais nativas da Amazônia, em processo de domestica-çso, revelaram que o mais apropriado método de irrigaçãopara a ipeca é o gotejamento planta a planta.

A consolideção das informações sobre plantas medici-nais nativas da Amazônia, geradas durante a vigência doProjeto, resultará na elaboração de um Guia de Plantas Me-dicinais Nativas da Amazônia.

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Algumas ações conjuntas entre a JICA e a EmbrapaAmazônia Oriental foram implementadas, tais como, os le-vantamentos bibliográfico, fotográfico e de herbário. Comoresultado desse trabalho estão disponíveis parte dos slidesde plantas, além da compilação de uma série de informaçõesem fase de processamento.

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EPIDEMIOLOGIA DA VASSOURA-DE-BRUXA DOCUPUAÇUZEIRO

Ângela Maria Leite Nunes 1; Fernando Carneiro deAtbuouerque': Raimundo Parente de Oliveira2

; Tatiana Deanede Abreu Sá3; Marco Aurélio Leite Nunes" e Osamu Snimtzu"

Objetivo

Estudar os parâmetros epidemiológicos e o controle davassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro fTheobroma grandiflorumSchum.)

Resultados alcançados

Determinou-se que a concentração ideal debasidiosporos de C. perniciosa para inoculação artificial emmudas de cupuaçuzeiro é de 5 x 1as basidiosporoslml desuspensão contendo Tween 20% a 0,01%. Este resultadoé indicado como o melhor para estudos de parâmetros epide-miológicos em condições controladas e em casa de vegeta-ção.

Estudos sobre a disseminação de basidiosporos de C.perniciosa no processo de infecção mostraram, preliminar-mente, ser o mês de julho o período de ocorrência de maiornúmero de basidiosporos dispersos no ar.

, Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amazónia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970,Belém, PA.

2 Eng.-Agr., M.Sc., Tv. Barão do Triunfo 2558, casa 61, CEP 66087-280, Belém,PA.

3 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa Amazónia Oriental.4 Eng.-Agr., M.Sc., Faculdade de Ciências Agrárias do Pará-FCAP, Caixa Postal

917, CEP 66077-530, Belém, PA.5 Consultor da Japan International Cooperation Agency-JICA Av. Nazaré 272, Sala

105, Ed. Clube de Engenharia, CEP 66036-170, Belém, PA.

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A análise da relação entre as condições climáticas e oprogresso da doença, após 18 meses, mostrou o mês deagosto apresentando a maior quantidade de vassouras-de--bruxa verde e outubro com maior freqüência de vassouras--de-bruxa secas, as quais se desprenderam das plantas commais intensidade em maio, ocasião do início da produção debasidiocarpos.

Também foi estabelecido o esboço preliminar do ciclode vida de C. perniciosa, recomendando-se a poda fitossani-tária nos meses de outubro/novembro e março/abril.

O controle da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro foirealizado com eficiência usando-se o fungicidaTebuconazole.

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DIFUSÃO E TRANSFERÊNCIA DE TÉCNOLOGIA COMÊNFASE EM P&D NO ESTADO DO PARÁ

Armando Kouzo Keto'; Makoto Uchide'; ToshioOçste'; Antonio José Elias Amorim de Meneies": FernandoCarneiro de Atbuquerque"; Maria de Lourdes Reis Duerte';

Masahiro Hemede"; Moisés Modesto Filh06 e Mário Rodrigode Oliveira Gomes'

Objetivo

Testar em campo e divulgar os principais resultados depesquisa do Projeto.

Resultados alcançados

Foram criados e instalados dois Campos de Demons-tração, um em Belém, na sede da Embrapa Amazônia Orien-tal, com 4 ha, e outro no Campo Experimental do INATAM,em Tomé-Açu, com 2 ha.

Em Belém, foram instaladas quatro unidades demons-trativas de 1 ha cada, compreendendo os sistemas: a) culti-vares de pimenta-do-reino em sistema de produção com tu-tor morto consorciadas com abricozeiros; b) cultivares depimenta-do-reino em sistema de produção com tutores vivosde nim e gliricídia; c) clones de cupuaçuzeiros em sistema de

1 Eng.-Agr., Ph.D., Embrapa Amaz6nia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66017-970, Belém,PA.

2 Consultor de Japan Intemafional Cooperafion Agency-JICA, Av. Nazaré 272, sala 105,Ed. Clube de Engenharia, CEP 66035-170, Be/ém, PA.

3 Tec. Esp., Embrapa Amaz6nia Oriental.4 Eng.-Agr., M.Sc., Embrapa Amaz6n;a Oriental.S Eng.-Agr., ConvEJnio Embrapa Amaz6nia OrientaVJICA.6 Assisf. Pesq., Embrapa Amaz6nia Oriental.7 Assist. Pesq., Embrapa Amaz6nia Oriental, km 6 da Estrada JAMIC, CEP 68682-000,

Quatro Bocas, Tomé-Açu, PA.

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produção consorciados com maracujazeiros e com diferentesformas de cobertura do solo; e, dl c/ones de cupuaçuzeirosem sistema de produção consorciados com maracujazeiroscom diferentes níveis de adubação química.

Em Tomé-Açu, foram implantadas três unidades de-monstrativas, com 0,5 ha cada, constando dos sistemas: a)clones de cupuaçuzeiros em sistema de produção consorcia-dos com maracujazeiros sob diferentes formas de adubação;b) cultivares de pimenta-da-reino em sistema de produçãocom tutor morto consorciadas com abacateiros; e, c) culti-vares de pimenta-do-reino em sistema de produção com tu-tores vivos de nim e gliricídia. Todos os sistemas de produ-ção foram consolidados no campo em março de 1997.

Foram efetuadas ações de difusão e transferência detecnologia, compreendendo treinamentos de técnicas emmanejo de pimenta-do-reino e propagação vegetativa denim, além da realização de dia-de-campo em Tomé-Açu so-bre os sistemas implantados.

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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS CAUSADOS PELASTECNOLOGIAS GERADAS

• Socioflconômico

O projeto procurou desenvolver tecnologias e obter co-nhecimentos sobre produtos florestais não-msdetreiros eoutros trabalhados pelos agricultores regionais.

Foram obtidos conhecimentos sobre espécies que po-dem gerar novos e maiores ingressos que os produtos ma-deireiros, atendendo grandes mercados, como as plantasmedicinais e as produtoras de corantes.

A preocupação foi trabalhar para desenvolver sistemasde produção economicamente viáveis e manejar, de maneirasustentável, os bosques, de modo a obter maior renda commínimo impacto ambiental.

Também foram tomados cuidados quanto à domes ti-cação de plantas medicinais, procurando-se entever .que oestabelecimento de um novo mercado poderá aumentar ademanda, passando esta a ser maior que a oferta, causandoa destruição do recurso.

Colocou-se ainda, quando do incentivo de plantaçõescomerciais, através de unidades de demonstração, dias decampo e outros meios que os benefícios trazidos como ageração de empregos, melhoria de infra-estrutura e serviçossociais merecem como retorno a melhoria e a qualidade devida dos empregados.

No setor agroindustrial, a tecnologia gerada pelo Pro-jeto poderá viabilizar, a curto prazo, o aproveitamento desubproduto, transformando matéria-prima inferior em pro-duto de alta qualidade, padrão confiável e grande rentabili-dade.

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-Ambiental

As pesquisas desenvolvidas tanto nos sistemas agrí-colas como no aproveitamento agroindustrial proporcionaramresultados, mostrando que suas aplicações não causarãoimpactos ambientais negativos tal como, a abertura de no-vas áreas, que pode causar a perda de recursos naturais,erosão, desaparecimento de espécies e quebra de equilíbrioproporcionado pelo ecossistema existente.

Também o efeito da intensificação da produção emáreas já trabalhadas, com a implantação de sistemas deprodução, onde podem ocorrer compactação e efeitos preju-diciais pelo uso de biocidas, não oferecem sérios riscos, umavez que se propõe o uso de consórcios com espécies flores-tais e a preservação de áreas de matas ao redor de cultivospara produção e sobrevivência de espécies polinizadoras.

Quanto ao uso da tecnologia agroindustrial gerada,previne-se quanto à escolha da localização adequada daplanta industrial, tendo-se o cuidado com a descarga de re-síduos (água servida e derramamento de sotventes).

Os resíduos sólidos podem ser transformados em com-posto (adubo orgânico), não havendo perigo dos deietos setransformarem em habitat para vetores de doenças.

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INVESTIMENTOS

Os recursos utilizados na imptementeção do Projetoatingiram o montante de US$13,754,864.00 (treze milhões,setecentos e cinqüenta e quatro mil e oitocentos e sessentae quatro dólares), sendo a parte brasileira aplicadabasicamente em custos operacionais, instalações, pessoal eobras civis (construção e reforma), enquanto que a japonesafinanciou principalmente a aquisição de equipamentos,treinamentos, consultorias, pequenas obras, suplementaçãode custos locais e o envio de missões técnicas.

A Fig. 1 demonstra que os valores empregados naparceria tiveram paridade conforme a proposta inicial deexecução do Projeto.

1800

16001400

~ 1200~.•.•.. 1000fi!oe! 800:::,

~ 600

400

200

o90 91

[JJICA

• Embrapa

92 93 94Ano

95 96 jun/97

FIG. 1.Distribuição anual da aplicação de recursos pelas instituiçõesconvenentes.

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Vale ressaltar que, dos recursos investidos no Projeto,foram aplicados pelo governo japonês, cerca deUS$3, 101,000.00 (três milhões, cento e um mil dólares) emnovos e modernos equipamentos entre os queis, aparelho deressonância nuclear magnética, microscópio eletrônico devarredura, cromatógrafo a gás, cromatógrafo analítico lí-quido de alta performance, esterelizador de solo, etc.

Os equipamentos se encontram devidamente instala-dos nos diversos laboratórios da unidade, tornando-os maiseficientes e possibilitando a obtenção de resultados maisabrangentes e seguros.

Esses benettctos permitiram também a viabilização doLaboratório de Cultura de Tecidos e a instalação de casa devegetação para trabalhos de propagação vegetativa, entreoutros.

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INDICADORES-CHA VES

Período 1990 a junho de 1997Convênio Embrapa Amazônia Oriental/JICA

Atividade UiI. 1900 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997. TotalSubprojetos qtid. 5 3 2 1 1 12

Experimentos/Ações de pesqutse qtid. 7 10 22 17 26 24 25 25 156

Obras civis novas m' 230 200 100 530ObrBS civis - retorms m' 920 920Treinamento no Japão qtid, 6 5 6 4 4 2 27Treinamento no pais qtid. 2 2 2 1 7Consultoria de curto prazo qtid. 1 3 2 9 6 4 5 2 32

Consultorie de longo prazo qtid. 2 1 1 3 2 1 10Dis-de-cempo qtid. 2 1 3Unidade de observação qtid. 2 5 4 4 4 4 24

Unidade de demonstração qtid, 1 2 2 2 9 9 25Mestrado qtid, 1 1 2

Doutorado qtid. 1 1

Cursos e treinamentos qtid. 2 2 2 2 3 6 17

Consulta técnica qtid. 5 19 32 51 38 40 67 11 263

Painéis qtid. 1 1 7 10 6 14 1 40Excursões técnices e visítss qtid. 3 4 4 5 6 6 13 45Visita de pesquisadores em qtid. 2 5 14 11 8 38 24 102propriedades ruraisVeiculação de matérias qtid. 17 19 13 12 16 12 26 19 134

Folder qtid, 1 1 1 3Público atingido qtid. 13 77 169 196 65 726 285 1531

Bolsistas qtid. 2 4 5 7 10 9 13 11 61

Estagiários qtid, 2 2 1 7 3 11 13 10 49

Trabalhos publicados qtid. 3 12 19 22 17 32 13 118Promoção de eventos

Reunião técnica qtid, 4Seminário nacional qtid. 2Seminário internacional qtid, 1

Simpósio qtid. 1 1

MeSB redonda qtid. 1 1Workshop qtid 3 4

Psrticipação em eventosReunião técnica pesfl. 3 5 5 j 7 7 9 2 45

Seminário nacional pesfl. 3 2 5 5 6 3 24

Seminário internacional pesfl. 1 1 11 14

Simpósio pesfl. 2 3 5Workshop pe5q. 9 6 15

Congresso pesg . 5 3 5 6 22• atéjunhounid. = unidade, qtid, =quantidade, m' =metro quadrado e pesq. =pesquissdor

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f

~BrasilEM ACAO