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Da Revolução Mexicana à Ortodoxia Neoliberal: Um Estudo de Caso sobre a História Econômica Mexicana 1 Gabriel de Ferreira Lopes Lira ([email protected]) Larissa Fernandes Catão ([email protected]) Lucas Ribeiro de Belmont Fonseca ([email protected]) Maíra Leite Villarim Dias ([email protected]) Nathalia Maira Martins Lira ([email protected]) 2 Universidade Federal da Paraíba RESUMO Em cerca de um século, o México evoluiu de uma economia agroexportadora com uma indústria incipiente para um pujante centro comercial; passou por momentos revolucionários e por reformas neoliberais segundo o mercado internacional. Tido hoje como um modelo para os países em desenvolvimento, o México é uma promessa para o futuro e pode ser um farol para os demais emergentes, pois se encontra em uma situação vantajosa: simultaneamente é um dos maiores países latinos e divide a América do Norte com as únicas potências do continente; é sincronicamente um dos pilares da integração latino-americana, a exemplo da CELAC, e daquela alinhada aos EUA, como a Aliança do Pacífico e o NAFTA. O México tanto tem a aprender com os seus vizinhos como a ensinar-nos que possibilidades a América Latina pode aproveitar em busca da industrialização. Para isso, precisamos entender a História mexicana desde a sua Revolução até o período crítico de 2008 e o que o futuro guarda para esse emblemático país. O presente trabalho é dividido em dois capítulos: o primeiro com um enfoque histórico, onde a Revolução Mexicana, a Crise de 1929, a Guerra Fria e a Crise da Tequila são destacadas, eventos de extrema importância para o entendimento da atual conjuntura socioeconômica do México; no segundo capítulo, buscar-se-á analisar a economia e as relações comerciais mexicanas, expondo os principais parceiros, como os EUA e a União Europeia. Além disso, o processo de integração regional do México será salientado, estabelecendo um maior enfoque nas relações com o NAFTA. Palavras-chave: México; neoliberalismo; desenvolvimento. 1 Trabajo presentado en el Quinto Congreso Uruguayo de Ciencia Política, “¿Qué ciencia política para qué democracia?”, Asociación Uruguaya de Ciencia Política, 7-10 de octubre de 2014 2 Os autores deste artigo são graduandos em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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Da Revolução Mexicana à Ortodoxia Neoliberal:

Um Estudo de Caso sobre a História Econômica Mexicana1

Gabriel de Ferreira Lopes Lira ([email protected])

Larissa Fernandes Catão ([email protected])

Lucas Ribeiro de Belmont Fonseca ([email protected])

Maíra Leite Villarim Dias ([email protected])

Nathalia Maira Martins Lira ([email protected])2

Universidade Federal da Paraíba

RESUMO

Em cerca de um século, o México evoluiu de uma economia agroexportadora com uma

indústria incipiente para um pujante centro comercial; passou por momentos revolucionários e

por reformas neoliberais segundo o mercado internacional. Tido hoje como um modelo para os

países em desenvolvimento, o México é uma promessa para o futuro e pode ser um farol para os

demais emergentes, pois se encontra em uma situação vantajosa: simultaneamente é um dos

maiores países latinos e divide a América do Norte com as únicas potências do continente; é

sincronicamente um dos pilares da integração latino-americana, a exemplo da CELAC, e

daquela alinhada aos EUA, como a Aliança do Pacífico e o NAFTA.

O México tanto tem a aprender com os seus vizinhos como a ensinar-nos que

possibilidades a América Latina pode aproveitar em busca da industrialização. Para isso,

precisamos entender a História mexicana desde a sua Revolução até o período crítico de 2008 e

o que o futuro guarda para esse emblemático país.

O presente trabalho é dividido em dois capítulos: o primeiro com um enfoque histórico,

onde a Revolução Mexicana, a Crise de 1929, a Guerra Fria e a Crise da Tequila são destacadas,

eventos de extrema importância para o entendimento da atual conjuntura socioeconômica do

México; no segundo capítulo, buscar-se-á analisar a economia e as relações comerciais

mexicanas, expondo os principais parceiros, como os EUA e a União Europeia. Além disso, o

processo de integração regional do México será salientado, estabelecendo um maior enfoque nas

relações com o NAFTA.

Palavras-chave: México; neoliberalismo; desenvolvimento.

1 Trabajo presentado en el Quinto Congreso Uruguayo de Ciencia Política, “¿Qué ciencia política para

qué democracia?”, Asociación Uruguaya de Ciencia Política, 7-10 de octubre de 2014 2 Os autores deste artigo são graduandos em Relações Internacionais pela Universidade Federal da

Paraíba (UFPB).

1. MÉXICO NO SÉCULO XX

No alvorecer do século XX, o México vivia uma situação comum a todos os

países latino-americanos, na qual uma elite política oligárquica e latifundiária mantinha

o controle do aparelho do Estado através da repressão e do autoritarismo e fomentava o

liberalismo econômico, a fim de, em conluio com o capital estrangeiro, exportar as

matérias-primas produzidas nas fazendas dos grandes produtores rurais. (Womack Jr.

2012)

De acordo com Eduardo Galeano, em seu livro “Veias abertas da América

Latina”, mesmo depois da independência política dos países latino-americanos, as

relações Colônia-Metrópole permaneceram, visto que não houve um processo de

independência econômica. Na realidade, a emancipação política favoreceu as

Metrópoles europeias, que já haviam desenvolvido sua indústria. “A independência

abriu completamente as portas à livre concorrência da indústria já desenvolvida da

Europa” (Galeano, 2012, p. 196)

O Governo de Porfírio Díaz foi responsável por abrir a economia mexicana ao

investimento externo, concedendo-lhe grande atuação na economia nacional, nos setores

ferroviário, agrícola, bancário, petrolífero e industrial. Dessa forma, as fontes de renda

nacional foram alijadas, e as propriedades rurais pertencentes a comunidades

tradicionais foram incorporadas aos latifúndios agroexportadores, gerando um êxodo

rural em direção às cidades e crises de desabastecimento, o que fez com que os preços

inflacionassem.

A nascente indústria mexicana não tinha capacidade de absorver a mão de obra

vinda do campo, fazendo com que esses ex-camponeses se aglomerassem nas cidades

sem emprego, terra ou renda. Como resultante do projeto econômico de aliança ao

capital estrangeiro, concentração de renda, desemprego, miséria e desigualdade foram

consequências quase naturais, visto que a classe política dominante não tinha o menor

vínculo com as demandas das camadas populares.

Além disso, é válido ressaltar que a intensidade com que tais elementos

ocorreram foi maior na América Latina, uma vez que, segundo Galeano, com o processo

de liberalização, as indústrias nacionais tiveram suas relevâncias reduzidas. As

indústrias que, em certo momento, ensaiaram algum impulso, foram talhadas. “O norte

e o sul enfrentavam dois mundos opostos, dois tempos diferentes historicamente, duas

antagônicas concepções de destino nacional.” (Galeano, 2012, p. 225)

A insatisfação com a condução política e econômica de Porfírio Díaz permitiu

que setores da burguesia nacional não representada, do proletariado explorado e do

campesinato revoltoso o retirassem do poder e colocassem Francisco Madero em seu

lugar. Liderando os exércitos de camponeses ao Norte e ao Sul, estavam

respectivamente Pancho Villa e Emiliano Zapata, os quais apoiaram Madero a princípio.

No entanto, as elites mexicanas que se haviam unido em torno de Madero temiam que

os anseios revolucionários do campo se voltassem contra eles, enquanto Villa e Zapata

perceberam que apenas mudar o governante não traria as mudanças necessárias para o

povo; era preciso transformar o sistema, e assim houve a primeira ruptura da Revolução.

Madero, contudo, não conseguiu estabilizar o seu controle sobre o país e foi

assassinado por um de seus generais, Victoriano Huerta, com a proposta de retomada do

Porfiriato. Huerta também foi incapaz de dominar as revoltas domésticas e foi

derrubado pelo revolucionário Carranza, também questionado pelos líderes camponeses

Villa e Zapata, por ter exigido a entrega das armas e declarado o fim da Revolução.

As etapas posteriores da Revolução Mexicana se resumiram a um embate entre

as forças federais de Carranza e Obregón e os revolucionários camponeses de Villa e

Zapata, em uma guerra civil marcante da História latino-americana. O conflito só teve

fim, quando os Estados Unidos, com claros interesses econômicos no México,

resolveram intervir e apoiar o exército de Carranza. Isso colocou as tropas de Villa

contra os estadunidenses, chegando a um confronto direto em território estrangeiro e

levando à invasão do México pelos EUA em busca da captura de Pancho Villa.

Enquanto isso, Carranza procurou aliar-se a Zapata contra a invasão americana e

prometeu-lhe a distribuição de terras aos campesinos, mas o encontro entre os dois

serviu apenas de pretexto para a realização de uma emboscada que resultou na morte de

Zapata. Obregón, até então, aliado de Carranza, viu o assassinato de Zapata como uma

traição à Revolução, levantou-se contra o Governo e declarou-se Presidente. Com a

morte de Zapata, de Carranza e posteriormente de Villa, Obregón conseguiu a

estabilidade do México e autorizou algumas das reformas pedidas pelo povo mexicano e

garantidas pela Constituição de 1917, findando a Revolução Mexicana, mas sem que

seus objetivos fossem alcançados completamente, como a reforma agrária.

Anos depois, a favorável situação em que se inseria a economia global se

encontrava ameaçada pela grande depressão que assolaria a economia global entre os

anos de 1929 e 1934 e que talvez tenha sido a mais profunda recessão econômica já

vivenciada até os dias atuais. Seu anúncio se deu ainda em 1928, com uma queda

generalizada nos preços dos insumos agrícolas no mercado internacional. Contudo, o

fator mais marcante foi a crise financeira resultante da quebra da Bolsa de Nova Iorque,

onde se negociavam as ações das grandes companhias.

A repatriação de capitais norte-americanos, associada à repentina redução das

importações pelos Estados Unidos, repercutiu fortemente na Europa, gerando uma crise

industrial e financeira nunca antes vista, além do aumento nas taxas de desemprego. Tal

problema é recorrente no capitalismo e foi observado por Carlos Eduardo Martins, que

recorreu a outros autores, como Theotônio Dos Santos, Orlando Caputo e Ruy Mauro

Marini, para explicar que

O capital estrangeiro somente tem altas de reinvestimentos em uma região se

as pressões competitivas lhe impuserem isso. Do contrário, esse capital prefere elevar suas taxas de lucro e repatriar-se, remunerando seus

proprietários não residentes. Os países dependentes, ao possuírem estruturas

econômicas subordinas ao capital estrangeiro e de baixa competitividade,

tendem a ter fluxos de capital negativo com o exterior3. (Martins, 2011, p.

327)

Assim, tem-se que uma das principais consequências da depressão, a médio e a

longo prazo, foi uma intensificação generalizada da prática de intervenções e do

planejamento estatal da economia, visto que “o poder do Estado tem sido usado com

frequência para resgatar empresas ou evitar fracassos financeiros” (Harvey, 2008, p.

83). Isso passou a vigorar não somente nos Estados Unidos, mas também nos países

europeus e latino-americanos.

Nesse contexto, é importante destacar os efeitos da crise na América Latina, cuja

base produtiva era basicamente agroexportadora, com um incipiente grau de

industrialização. A região sofreu com a retração nos investimentos estrangeiros e a

redução das exportações de matérias-primas, acarretando a queda da renda e do

emprego, mais agravadas em países cujo setor minerador era relevante, como o México,

o Chile e a Bolívia. Atílio Boron afirmou ser primordial para o desenvolvimento que o

país construa seu mercado interno, visando a não permanecer tão vulnerável às

mudanças no mercado externo. “Nenhum país tem crescido nem tem se desenvolvido

sobre a base do crescimento das exportações” (Boron, 2010, p. 70)

Assim, notam-se diversas reações na região. Países como o Equador, a Venezuela e

quase toda a América Central e o Caribe fizeram nada ou muito pouco, mantendo-se

3 Como era o caso do México e outros países da América Latina.

atrelados ao dólar, somente modificando sua forma de ação de governo e de política

econômica muito depois dos demais. Enquanto isso, outros como o México, o Brasil, a

Argentina, o Chile e a Colômbia reagiram mais rápido. De acordo com Cano,

Seja por revoluções, golpes ou eleições, mudaram radicalmente a condução

política e econômica de seus países: abandonaram o padrão-ouro e o livre

câmbio; instituíram fortes controles de câmbio e de comércio exterior;

elevaram tarifas; desvalorizaram o câmbio, praticaram moratórias na dívida

externa, etc. Acima de tudo, deram início à construção de um estado

intervencionista, de uma embrionária política de desenvolvimento, da

formação de quadros técnicos na burocracia estatal e do sistema de

planejamento. Dessa forma, todos avançaram, industrializando e urbanizando

nossos países (Cano, 2009, p. 605)

No desenrolar da Segunda Grande Guerra e nos anos seguintes, o México deteve

como interesse primordial o progresso de sua indústria. No México, assim como os

demais países citados, o que ocorreu foi o processo de substituição de importações,

caracterizado pelo aumento da produção interna e diminuição das suas importações.

Desse modo, os países também adotam políticas protecionistas. A lógica do processo é

primeiramente produzir bens de consumo não duráveis, a posteriori, passar para a

produção de bens intermediários e de consumos duráveis, para, finalmente, chegar aos

bens de capital. Como afirmou Eric Hobsbawm,

Os Estados mais ambiciosos [...] exigiam o fim do atraso agrário

através da industrialização sistemática, fosse com base no modelo soviético de

planejamento centralizado, fosse pela substituição de importação. Ambos de

modos diferentes, dependiam da ação e controle dos Estados [...] queriam eles

próprio controlar e desenvolver seus recursos naturais (Hobsbawm, 2012, p.

343).

A economia mexicana desdobrou-se no fomento da indústria de petróleo, na

nacionalização das firmas de mineração e no desenvolvimento da infraestrutura. A

substituição de importações fez com que uma sociedade predominantemente agrária

ganhasse ares de sociedade industrial e deu forças para o estabelecimento dos espaços

urbanos-industriais. Contudo, o modelo não se concretizou por completo, por diversas

circunstâncias; entre elas, está o fato de que a produção agrícola, que era considerada

peça chave, entrou em crise, na década de 60.

Outro momento marcante no cenário internacional foi a Guerra Fria. Após duas

grandes guerras, o mundo encontrava-se dividido entre os chamados Primeiro Mundo,

Segundo Mundo e Terceiro Mundo. Nesse período também, foi instaurada uma nova

ordem internacional. O mundo estava ideologicamente dividido entre o lado dos

Estados Unidos e o da União Soviética. Ambos detinham armamentos nucleares, e

existia um medo generalizado de outra guerra de proporções tão grandes. Contudo,

destaca-se que o próprio nome “Guerra Fria” deve-se ao fato de que nenhum único tiro

foi disparado. Houve apenas disputas indiretas entre os dois Estados à procura de um

predomínio militar, político e ideológico.

Entre os países do considerado Terceiro Mundo, encontrava-se o México. Este

não deteve um papel marcante na Guerra Fria, entretanto foi afetado nos âmbitos social,

econômico e político. Isso se deve, em parte, ao fato de que, nesse intervalo, os países

do Terceiro Mundo tiveram que se submeter, nesses campos, ao lado capitalista ou ao

socialista. Entre as escolhas apresentadas, o México ofereceu apoio aos capitalistas.

Devido a esse apoio ao bloco capitalista, o México conseguiu consolidar, manter

e até intensificar suas relações diplomáticas com diversos Estados, apesar de fechar-se

adentrando no processo de substituição de importações, como anteriormente

explicitado. Destaca-se que, durante os anos 70, o Estado mexicano conseguiu obter

crescimento econômico notável – superior ao da América Latina no mesmo período –,

como apresenta a Tabela 1 (vide anexos), embora a economia internacional já

apresentasse indícios de crise.

Contudo, houve déficit na balança de pagamentos em virtude da redução das

exportações nacionais e da elevação das suas dívidas externas, derivada da necessidade

de efetuar empréstimos no exterior, para financiar o déficit, o que teve relação com os

dois choques do petróleo, em 1973 e 1979. Estes foram grandes contribuições para a

crise que iria eclodir posteriormente e também para a instabilidade da economia do país.

Outro agravante foi provocado pela política cambial existente, a qual não é considerada

adequada. Ocorreu uma revalorização do peso mexicano, o que resultou no aumento das

importações e prejudicou a capacidade de competição com outros países.

O México elevou mais o seu déficit, ao realizar o pagamento dos juros da dívida.

Toda essa situação fez com o que o país entrasse em uma crise financeira e decretasse

sua moratória em 1982. “Houve um momento de verdadeiro pânico no início da década

de 1980, quando, começando com o México, os grandes devedores latino-americanos

não mais puderam pagar” (Hobsbawm, 2012, p. 412). A reação do governo foi

desvalorizar o peso mexicano, diminuir os gastos nacionais e elevar o controle das suas

importações.

Com o fim da Guerra Fria, somado à crise das dívidas, passou-se a disseminar a

ideia de que era necessária uma política econômica baseada na busca pela estabilidade e

aberta ao investimento estrangeiro. Assim, diversos países em desenvolvimento, que

ainda se encontravam repleto de dívidas e queriam aliviar-se de algumas de suas

pesadas obrigações financeiras, “não tiveram outra opção além da de se entregar aos

braços acolhedores, porém severos, do Consenso de Washington” (Naím, 1999, p. 4).

Para isso, deveriam realizar um pacote de reformas em suas economias, baseadas,

principalmente, na liberalização dos mercados.

O Consenso de Washington tornou-se extremamente popular. Recebeu esse

nome em 1989, por John Williamson, e consistia em uma relação de pontos necessários

para a reforma:

Disciplina fiscal; priorização do gasto em saúde e educação; realização de

uma reforma tributária; estabelecimento de taxas de juros positivas;

apreciação e fixação do câmbio para torna-lo competitivo; desmonte das

barreiras tarifárias e paratarifárias para estabelecer políticas comerciais

liberais; abertura à inversão estrangeira; privatização das empresas públicas;

ampla desregulamentação da econômica; e proteção à propriedade privada

(Martins, 2011, p 318-319)

O nome deve-se ao fato de que parecia haver um consenso a respeito de que

essas medidas eram necessárias, para mudar a situação dos países em desenvolvimento.

Vale salientar que o Consenso de Washington contou com o apoio de instituições como

o FMI e o Banco Mundial, os quais passaram a realizar seus empréstimos apenas

mediante a implantação das reformas. Essa imposição apresentou resultados, pois, de

acordo com David Harvey, “como o grau de neoliberalização estava sendo cada vez

mais considerado pelo FMI e pelo Banco Mundial uma medida de bom clima de

negócios, houve um incrível aumento da pressão sobre todos os Estados para que

adotassem reformas neoliberais” (Harvey, 2008, p. 100).

Apesar de todas as excelentes promessas, muitas vezes, os resultados passaram

longe delas, gerando efeitos desastrosos em alguns países. Atílio Boron é um crítico do

neoliberalismo e do Consenso De Washington e assegurou:

Seu fracasso é evidente em toda parte [...] Ali onde se impôs fracassou em

promover o crescimento econômico. E se a sua capacidade de gerar um padrão

de crescimento autossustentável foi mínima, as consequências sociais de sua

hegemonia foram desastrosas em todos os países, sem exceção. Produziu

sociedades mais desiguais, com mais iniquidades, com maiores índices de

exclusão social e marginalidade” (Boron, 2010, p. 49).

Esse foi o caso do México. O país vislumbrou, no Consenso de Washington, a

melhor forma, para alavancar sua economia, e assim pôs, em prática, suas

recomendações. No início do ano de 1994, houve a oficialização do NAFTA (Acordo de

Livre Comércio da América do Norte). “O Nafta havia sido a confirmação final de que

as reformas de mercado funcionam e possibilitam um país pobre a iniciar sua

caminhada para juntar-se ao grupo dos países mais desenvolvidos”. (Naím, 1999, p. 5).

No mesmo dia da criação do NAFTA, 1º de janeiro, houve um protesto liderado

pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional no estado de Chiapas, para resistir à

privatização das áreas incorporadas no sistema ejido – direito à terra e a seu uso coletivo

assegurado aos indígenas na constituição de 1917 – realizada pelo Presidente Salinas.

Tal revolta surpreendeu o Presidente Carlos Salinas e todos aqueles que se beneficiavam

com as reformas pró-mercado do México. Foi um fato importante, pois corroborou a

ideia de que todas as reformas macroeconômicas executadas não levariam o México à

prosperidade e que poderiam encontrar resistência de parte da população.

O Consenso de Washington não adicionou um mecanismo, para que os países

em desenvolvimento que estavam abrindo sua economia naquele momento não

sofressem consequências negativas da globalização, principalmente, presentes no

âmbito financeiro. Por conta disso, os anos 90 assistiram a diversas crises financeiras

nesses países.

Diversos elementos foram incorporados na explicação das crises desses

países: as expectativas autorrealizáveis dos investidores residentes e não-

residentes; a influência de um espectro mais amplo de fundamentos, que condicionam a decisão de desvalorizar ou não dos governos, como

fragilidade do sistema bancário, o papel das variáveis externas, sobretudo a

política monetária dos países desenvolvidos; e o efeito contágio (Prates,

2005, p. 366-367).

O peso mexicano fora atrelado ao dólar, contudo, devido ao aumento da inflação,

houve uma valorização gradativa da moeda do país, chegando a uma supervalorização.

Assim, a abertura do mercado com a moeda sobrevalorizada gerou um aumento

expressivo das importações em comparação com as exportações, causando déficits na

balança em conta corrente. Para sanar os desequilíbrios comerciais, muitos dólares

tiveram que ser comprados pelo Banco Central, e o mercado de títulos foi aberto para os

investidores externos.

A possibilidade de desvalorizar o câmbio, para reverter o quadro, foi

inicialmente descartada pelo Governo, visto que poderia gerar uma perda de confiança

dos investidores ou mesmo do povo mexicano. Além disso, “a fragilidade do sistema

bancário, expressa no volume expressivo de créditos em atraso e liquidação nos

portfólios dos bancos, teria impedido a autoridade monetária de praticar uma política

monetária restritiva, a qual teria evitado a evasão das reservas ao longo de 1994”.

(Prates, 2005, p. 368). Tal fragilidade do sistema bancário deve-se ao processo de

liberalização e de assimilação dos fluxos de capitais.

Apesar das escolhas iniciais, em dezembro de 1994, a situação tornou-se

insustentável, a paridade com o dólar deixou de existir, o peso passou a flutuar e logo

caiu drasticamente. Com a desvalorização, os capitais fugiram mais intensamente e

quem se prejudicou foram os cidadãos do México.

Veio então, cumulativamente, o desmoronamento brutal do “mercado

financeiro emergente”, [...] abrindo, em menos de um mês, uma recessão que

foi se aprofundando a cada mês. O ano de 1995 registrou uma queda de 5%

no PIB e uma taxa de inflação de quase 50%. O desemprego alcançou 25%

da população ativa, enquanto os salários sofreram uma perda do poder

aquisitivo de ordem de 55%, e mais de dois milhões e meios de pessoas

caíram abaixo do limite de “pobreza extrema”. (Chesnais, 1996, p. 31)

A crise foi, na realidade, uma crise de liquidez do México, escassez das reservas

do Banco Central. Esperava-se que o Governo não teria condições de cumprir com seus

compromissos financeiros, e assim ocorreu o ataque especulativo. “A moratória

unilateral do México marcou o início de uma nova fase na atuação do FMI para impedir

que a crise mexicana contagiasse outros países da América Latina e acabasse abalando o

sistema financeiro dos países desenvolvidos, especialmente o setor bancário dos EUA.”

(Assis, 2001, p. 2)

Contudo, os esforços financeiros não foram suficientes, e, graças ao

“comportamento de manada” intensificado por um contexto de globalização, a crise

mexicana contagiou outros países em desenvolvimento, principalmente devido ao

desencadeamento de desconfiança com relação a todo o mercado emergente. Esse

processo recebeu o nome de “Efeito Tequila”. “A Crise da Tequila que atingiu o

México em 1995, por exemplo, espalhou-se de maneira quase imediata, com efeitos

devastadores no Brasil e na Argentina, mas suas reverberações também foram sentidas,

em algum grau, no Chile, nas Filipinas, na Tailândia e na Polônia” (Harvey, 2008, p.

105)

2. RELAÇÕES COMERCIAIS MEXICANAS

O “Efeito Tequila” se deu na época em que o México aderiu ao NAFTA. Apesar

dos entraves causados pelos efeitos da crise, o México se manteve no NAFTA e

posteriormente obteve ganhos, ainda que em restritas vertentes econômicas e sociais.

O acordo configura-se como uma zona de livre comércio, o qual, em um prazo

de 15 anos, previa a eliminação das tarifas alfandegárias entre os países membros: o

Canadá, os Estados Unidos e o México. “O acordo significa a integração dos mercados

desses países, que, em 1993, representavam um PIB de aproximadamente US$ 7

trilhões e uma população de quase 400 milhões de habitantes”. (Moreira, 2004, p. 25)

Pode-se observar o aumento expressivo das exportações entre os membros do NAFTA,

entre 1993 e 1999, conforme o Gráfico 1 (vide anexo).

É importante destacar que o bloco não tinha o objetivo de aprofundar as relações

nos âmbitos social e institucional, mas se restringia a uma maior liberalização das

economias dos membros. Com isso, os fluxos comerciais tenderam a aumentar,

mormente, em direção ao México, já que a produção local pode ser considerada menos

competitiva, quando comparada aos EUA e ao Canadá.

O NAFTA representou, para os Estados Unidos, a criação de mecanismos de

proteção aos investimentos feitos pelas empresas estadunidenses no México e a

utilização pelas empresas americanas de mão de obra abundante e com baixos salários,

assim como a maior fiscalização da imigração e do tráfico de drogas na fronteira

mexicana. Para o México, ainda são incertas as consequências desse acordo, porém um

dos fatos inegáveis é a expansão considerável do seu comércio exterior com os Estados

Unidos. (Moreira, 2004, p. 27)

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte trouxe grandes expectativas

ao Estado mexicano, principalmente, pela oportunidade de recuperação econômica do

país que sofria com os efeitos da “Crise da Tequila”.

O NAFTA, assim como a ajuda financeira e os ajustes feitos pelo Governo

mexicano, pode ter sido responsável pela recuperação da economia mexicana nos anos

seguintes. Esse acordo, além de aumentar o comércio entre seus membros, facilitou o

fluxo de investimentos, principalmente no setor de serviços. (Moreira, 2004, p. 34)

No início do bloco, era possível observar que os membros possuíam interesses

distintos, sobretudo, os EUA e o México. O Estado mexicano procurava, na tentativa de

integração do NAFTA, uma maior liberalização de seu mercado e consequentemente

uma maior participação na divisão internacional do trabalho, ajudando a redução dos

déficits econômicos e sociais (Niemeyer e Costa, 2012). Os EUA, por sua vez,

procuravam a redução dos custos de sua produção por meio da instalação de linhas de

produção no México, obtendo mão de obra mais barata.

Os efeitos proporcionados pela tentativa de integração de cunho neoliberal, na

economia mexicana, foram diversos. Juntamente com o controle da inflação e com a

desvalorização cambial, foi possível dar maior estabilidade macroeconômica ao país.

Conforme pode ser observado na Tabela 2 (vide anexo), o país tornou-se mais estável

após o ano de 1996.

Os fluxos comerciais da economia mexicana têm sido altamente influenciados

pelo NAFTA e por acordos pontuais com demais blocos pelo mundo, conforme

demonstrado na Tabela 3 (vide anexo). O saldo da balança comercial mexicana com a

zona do NAFTA salta de US$ -3.283 milhões para US$13.057 milhões entre 1994 e

1995, o que demostra a influência do bloco sobre os fluxos comerciais mexicanos.

Apesar da evolução das exportações, principalmente com o NAFTA, é possível

observar o saldo negativo corrente na balança comercial do México. Isso ocorre, acima

de tudo, devido à pauta de exportações, cujos termos de troca têm-se deteriorado ao

longo do tempo. O país passou de um grande exportador de petróleo nos anos 80 – 60%

de suas exportações – para exportador de manufaturas. A participação do petróleo caiu

para 10% em 2000 (UNCTAD, 2007, p. 71). Nesse contexto, vale salientar que os

principais importadores de manufaturados mexicanos são os Estados Unidos.

Embora se possa argumentar que os efeitos da liberalização econômica, nas

últimas três décadas, tenham sido majoritariamente positivos para o México, crescem

preocupações com questões como desemprego, deslocamento social, desigualdade de

renda, exploração de trabalhadores e degradação ambiental. Ao utilizar a análise de

David Harvey para o caso do México, é possível afirmar que aceitar tal regime

neoliberal no país, com livre comércio intensificado pela existência do NAFTA,

“equivale a aceitar que a única alternativa é viver sob um regime de interminável

acumulação do capital e de crescimento econômico quaisquer que sejam as

consequências sociais, ecológicas ou políticas” (Harvey, 2008)

O PIB e o PIB per capita no período 1988-1997 foram relativamente baixos, se

comparado a períodos de crescimento anteriores. O crescimento foi de 2,6% e 1,1%

respectivamente. Os efeitos da integração neoliberal do NAFTA foram refletidos na

sociedade: o desemprego cresceu, o salário real diminuiu, a pobreza acentuou, e a

distribuição de renda piorou. (Freitas, 2008)

Isso pode ser observado, especificamente, na questão de fábricas maquiladoras,

as principais produtoras dos manufaturados mexicanos, que consistem em empresas

estadunidenses que se instalam na fronteira entre os dois países em busca de mão de

obra barata e de maiores incentivos fiscais. Essas indústrias têm sido as principais

exportadoras do México, além de importarem boa parte dos insumos para a produção.

Os EUA fornecem até 50% de todos os insumos para as maquiladoras do México e

empresas de montagem, o que representa mais de US$ 41 bilhões em vendas anuais

(U.S. Embassy – Mexico City, 2013a).

Nesse contexto, torna-se imprescindível destacar o papel das relações entre

México e Estados Unidos, países intimamente ligados - política, econômica,

demográfica e geograficamente. Além de compartilharem uma fronteira marítima e

terrestre na América do Norte, os países assinaram diversos tratados bilaterais, como a

Compra Gadsden4, e multilaterais, como o NAFTA.

Ainda, a questão demográfica é de suma importância, visto que o México é a

maior fonte de imigrantes para os Estados Unidos. Embora suscitem diferenças entre os

Estados em questão, temáticas relativas à imigração ilegal e ao tráfico de drogas e de

armas de fogo vêm, cada vez mais, fomentando a cooperação entre os países.

Em se tratando do âmbito econômico, os Estados Unidos são os maiores

parceiros comerciais do México. Este, por sua vez, é o 3º maior parceiro dos EUA,

ficando atrás apenas do Canadá e da China. É relevante apontar que, desde 1994, as

exportações do México para os EUA têm-se mantido em um patamar de 78% a 88%,

conforme demonstrado no Gráfico 2 (vide anexo), o que revela a importância do

comércio entre ambos os países.

De acordo com o U.S. Census Bureau, em 2012, os EUA exportaram para o

México US$ 216 bilhões em mercadorias – um aumento de 9% em relação a 2011, e de

4 Em 1853, os EUA compraram do México uma área de aproximadamente 77.770 km2, atualmente

situada no sul dos estados do Arizona e Novo México

31,9%, a 2010, conforme o Gráfico 3 (vide anexo), As importações mexicanas para os

EUA, por sua vez, corresponderam a US$277,5 bilhões – 5% a mais que em 2011 e

20% a mais que em 2010.

Ainda em 2012, cerca de 77,5% de todas as exportações mexicanas foram para

os Estados Unidos. Nesse mesmo ano, quase 50% de tudo que o México importou veio

dos EUA, enquanto apenas 15% vieram da China e 11% da União Europeia. Com isso,

pode-se observar que o comércio entre ambos os países é vital para suas respectivas

economias.

Desde a implementação do NAFTA em 1994 até 2011, as exportações dos EUA

para o México cresceram cerca de 330%, enquanto as exportações mexicanas para os

EUA cresceram aproximadamente 485%, de acordo com a Tabela 4 (vide anexo). Isso,

mais uma vez, demonstra o impacto que o bloco teve nas economias de ambos os

países.

Do mesmo modo, a parceria estratégica com o Canadá, outro membro do

NAFTA, é de grande relevância para a análise da pauta comercial mexicana. O avanço

do comércio bilateral, as frequentes reuniões parlamentares, além da cooperação

regional e internacional em importantes foros, são fatores que tornaram os dois países

relevantes parceiros estratégicos.

A maior parte do comércio mexicano ocorre com os seus parceiros comerciais

preferenciais, entre os quais se encontra o Canadá. Nos dias de hoje, mais de 2500

empresas canadenses atuam em território mexicano. Ademais, o Estado do México

situa-se entre um dos países prioritários na Export Development Canada, que é uma

agência de crédito à exportação que opera desenvolvendo o comércio do Canadá.

De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio, no ano de 2010,

até o mês de agosto, 67,5% do comércio do país foi com o Canadá e com os Estados

Unidos. O Estado canadense é também aqui evidenciado, visto que, por exemplo, no

ano de 2011, foi o terceiro maior parceiro comercial do México – como consta na

Tabela 5 (vide anexo).

A União Europeia é um bloco que também detém um acordo de livre comércio

com o México, o qual entrou em vigor no ano de 2000 - para mercadorias - e no ano de

2001 - para serviços. O objetivo desse tratado é estabelecer uma liberalização

preferencial e bilateral do comércio de produtos exportados e serviços.

Atualmente, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do México,

ficando atrás somente dos Estados Unidos. Ela é também a terceira maior fonte de

importações, depois dos Estados Unidos e da China. Tais constatações tendem a ser

mais sólidas, uma vez que as importações e exportações entre o Estado mexicano e a

União Europeia crescem cada vez mais (vide Gráficos 4, 5 e 6, em anexo).

Os produtos primordiais exportados da UE para o México são as máquinas e os

equipamentos elétricos, produtos minerais, equipamentos de transporte e produtos

minerais. Em termos de exportações de serviços advindos da UE para o México,

encontram-se, principalmente, o transporte marítimo, as viagens, o transporte aéreo e os

serviços de informação e de computação.

Por fim, é relevante analisar a relação comercial do México com a maior

potência econômica da América Latina, o Brasil. Por serem os dois principais países da

região no quesito econômico, as oportunidades existentes para integração são imensas,

mas ainda pouco aproveitadas. De acordo com o Gráfico 7 (vide anexo), que mostra os

principais destinos das exportações do México nos anos de 2005 e 2010, o Brasil

correspondia inicialmente a apenas 0,42% e apresenta um aumento para 1,27%. E no

Gráfico 8 (vide anexo), que exibe as principais origens das importações do México nos

dois mesmos períodos, o Brasil representava 2,37% e decresce para 1,44%.

Analisando tais dados, evidencia-se uma maior quantidade de trocas comerciais

do México com países da Ásia e da União Europeia do que com a América Latina,

especificamente, o Brasil. Uma das explicações para isso é a carência de acordos de

integração econômica entre os dois países, e, como já supracitado, essas parcerias são

significativas para o comércio mexicano e para seus empresários.

Entre os poucos acordos existentes, encontra-se, de acordo com o Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Acordo de Complementação

Econômica nº 53, que foi firmado em 2002, entre ambos os países, e se refere ao

estabelecimento de preferências tarifárias fixas para aproximadamente oitocentos

produtos. Além disso, assinaram, no mesmo ano, o Acordo de Complementação

Econômica nº 55, que é voltado para a regulação e para a intensificação do comércio de

automóveis.

Ainda assim, o fluxo comercial poderia aumentar consideravelmente, se mais

compromissos fossem firmados. “Contudo há forte resistência de alguns setores da

economia mexicana, especialmente os relacionados às atividades agrícolas, os quais

percebem o Brasil como um produtor tradicionalmente muito eficiente, de custos baixos

e com grandes volumes.” (APEX Brasil, 2012, p. 10).

De fato, a relação comercial entre esses dois países latinos é marcada pela

predominância de saldos positivos para o Brasil, como mostra o Gráfico 9 (vide anexo),

chegando a alcançar, no ano de 2004, um superávit relativo de quase 70%. A partir daí,

passou a declinar um pouco devido ao crescimento das compras de produtos mexicanos

pelo Brasil, contudo, ainda assim, o saldo comercial relativo foi positivo, com exceção

dos anos de 2009 e 2010, os quais apresentaram déficits relativos para o Brasil.

Os principais produtos exportados do Brasil para o México são as fabricações de

automóveis, caminhonetas e utilitários, seguidos de peças e acessórios para veículos e

automotores, que juntos somaram 35,2 % das exportações em 2010, de acordo com a

Tabela 6 (vide anexo). Já a Tabela 7 (vide anexo) apresenta os principais produtos

importados pelo Brasil do México. Em primeiro lugar, com 33,9% de participação nas

importações totais, em 2010, também se encontrava a fabricação de automóveis,

caminhonetas e utilitários, seguida da fabricação de produtos químicos orgânicos, com

8,53%.

Ao analisar as Tabelas 6 e 7 (vide anexo), é possível perceber que o comércio

entre os dois países é fundamentalmente de produtos manufaturados, e nota-se que são

produtos similares. Sendo assim, exportam e importam produtos dos mesmos setores.

Com a percepção do subaproveitamento do potencial da relação entre Brasil e

México, os Presidentes Dilma Rousseff e Enrique Peña Nieto, reunidos em janeiro de

2013, na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC),

assentaram a promoção de uma maior aproximação entre os empresariados dos dois

países. No encontro, “os chefes de Estado concordaram em explorar janelas de

oportunidade para estreitar os laços econômicos e comerciais, de tal forma que ambas as

nações sigam um caminho comum de desenvolvimento”. (BRASIL E MÉXICO....2013)

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neoliberalismo, crise de 2008 e alternativas pós-

crise

Após o boom do comércio internacional durante a década de 90, alavancado pelo

que se considerava a era da Pax Americana, poucos previam que, em poucos anos, a

maior potência do globo entraria em recessão e atrairia grande parte do mundo

desenvolvido para a decadência socioeconômica, mas foi isso o que aconteceu em fins

de 2008, quando o banco estadunidense Lehman Brothers declarou o seu colapso. “A

fenomenal crise desencadeada nos EUA pelas hipotecas sub-prime está começando a

demonstrar onde reside realmente a falha geológica do sistema financeiro internacional,

e não é precisamente no Terceiro Mundo onde ela se situa.” (Boron, 2010, p. 56)

A reestruturação econômica que acontecera décadas atrás, sintetizada pelos

ideais do Consenso de Washington, apenas agravou os efeitos de uma crise que poderia

ter sido evitada, caso os Estados tivessem se libertado das amarras neoliberais enquanto

havia tempo. Em especial, a desregulação financeira, a primazia da ganância individual

em detrimento do bem-estar coletivo e a conexão do sistema bancário como resultado

da financeirização do capital foram determinantes, para que a crise se espalhasse em

pouco tempo e tivesse efeito sobre a Europa, por exemplo.

É interessante notar como a teoria e a prática se coadunam, ao analisarmos o que

David Harvey escreveu em 2003, isto é, antes da crise:

As crises financeiras que precedem tão frequentemente a invasão predatória

de economias estatais inteiras por potências financeiras superiores costumam

se caracterizar por desequilíbrios econômicos crônicos. Os sinais

característicos são déficits orçamentários internos que disparam e se tornam

incontroláveis, uma crise do balanço de pagamentos, rápida depreciação da

moeda, instabilidades na valorização dos ativos internos (por exemplo, nos

mercados imobiliários e financeiros), inflação crescente, aumento do

desemprego acompanhado de queda no nível dos salários e fuga de capitais. Entre esses sete indicadores principais, os Estados Unidos têm hoje a

distinção de uma alta taxa nos três primeiros e sérias preocupações com o

quarto. A atual ‘recuperação sem empregos’ e a estagnação do nível de

salários sugerem problemas incipientes com o sexto.

(Harvey, p. 203, 2008)

Ao ver o que é defendido por Harvey em “Neoliberalismo: história e

implicações”, é inegável que a defesa das finanças tenha-se tornado o objetivo e própria

razão de ser do Estado atual, seja pelo resgate aos investidores à beira do abismo –

como a estatização da General Motors – ou pela ação repressiva às parcelas da

sociedade que saíram prejudicadas com a crise, em especial, as classes mais baixas. O

abandono às camadas populares é ainda mais visível, quando levamos em consideração

que cerca de dez trilhões de dólares já foram gastos “para salvar bancos da crise”,

enquanto o combate à fome, ao desemprego e à pobreza é marginalizado nas discussões

de políticas públicas. De acordo com Harvey, “são as pessoas comuns que sofrem,

padecem inanição e mesmo morrem durante crises do capitalismo” (Harvey, 2008)

Tendo em vista o grau de interdependência entre as economias mexicana e

estadunidense, não se poderia esperar, portanto, que o México conseguisse escapar dos

efeitos nefastos da crise de 2008.

Após a implementação do NAFTA e a adoção da cartilha neoliberal como guia

de ação governamental, os efeitos sobre a economia e a sociedade mexicanas foram

imediatos e, muitas vezes, assemelham-se ao que ocorreu alhures, onde o

neoliberalismo também foi imposto pelas exigências do Fundo Monetário Internacional

e do establishment financeiro internacional: perda de emprego, repressão policial,

aumento da desigualdade de renda, degradação ambiental, migração rural forçada,

flexibilização dos direitos sociais, fragmentação do poder de atuação estatal.

(Hogenboom, 1998)

No México, a assinatura do NAFTA fez com que o comércio intrarregional

alcançasse patamares extraordinários e deu fôlego à instalação de empresas

multinacionais na fronteira com os Estados Unidos, gerando, ainda que insuficientes,

emprego e renda. (Toledo, 2003) Contudo, teve como resultado inerente o aumento da

dependência em relação aos Estados Unidos nos mais diversos aspectos, retirando do

próprio Estado mexicano a sua capacidade de ação soberana frente à iniciativa privada.

(Soria, 2007) Uma vez que a crise de 2008 teve início, tornou-se, para o México,

impossível fugir das suas consequências negativas, em distinção ao que ocorria ao Sul,

onde o Brasil e seus vizinhos, assim como as novas potências emergentes, tornaram-se a

força locomotora da economia e do comércio internacionais. (Reyno, 2005)

Por outro lado, ainda que o México, tenha avançado no processo de

internacionalização de sua atividade comercial -traduzida pela assinatura de

trinta e um acordos de livre-comércio- a participação dos Estados Unidos no

total das importações vindas do México é de 90%, das quais 80% são de produtos manufaturados, o que torna a economia mexicana extremamente

vulnerável aos ciclos de expansão e reversão da economia norte-americana.

(Guimarães apud Camargo, 2004).

Talvez isso seja explicado pelos diferentes caminhos políticos seguidos pelos

países da América do Sul e pelo México (Taddei, 2002). Embora as manifestações de

insatisfação tenham sido generalizadas por toda América Latina, no período de

adaptação aos ditames neoliberais – a exemplo da Argentina, da Bolívia e do próprio

México –, nem todos os países conseguiram romper com a ortodoxia neoliberal pela via

das urnas, e mesmo alguns daqueles países em que partidos de esquerda tenham

ascendido ao poder não foram capazes de quebrar a hegemonia neoliberal, como o

Brasil (Oliveira, 2004). Na Venezuela, por outro ângulo, o advento do bolivarianismo

ceifou as raízes do imperialismo estadunidense que usufruíam as riquezas naturais do

país, embora a elite nacional tenha tentado, em aliança com o capital financeiro

internacional, retirar Hugo Chávez pelo uso da força, da ruptura democrática e do

autoritarismo.

Las reformas de mercado y las adaptaciones normativas o institucionales que

se han llevado a cabo en la región afectan no sólo a la posición y a la

reputación internacional de los gobiernos de América Latina sino también a

las condiciones de vida y trabajo de sus ciudadanos. Sin embargo, hoy en día

éstos últimos son los principales críticos de estas adaptaciones y compromisos. Ante el aumento del desempleo, la creciente pobreza, la

ampliación de las desigualdades y la baja de las rentas reales en muchos

países de la región, cada vez más ciudadanos ponen en entredicho los costes

económicos y sociales de las reformas adoptadas durante los diez últimos

años. Estos ciudadanos están representados por nuevos dirigentes políticos

que aun sin predicar una vuelta a las medidas populistas de los años setenta,

rechazan la rigidez del marco de intervención impuesto por el mercado y

hace énfasis en el coste humano de las políticas económicas adoptadas

últimamente.

(Alain, 2005)

O caso particular do México não pode ser arrolado entre aqueles em que os

protestos anti-neoliberais tiveram respaldo na ascensão de partidos populares de

esquerda ao poder, tendo em vista a proximidade – geográfica, comercial, política –

com os Estados Unidos e a força com que as diretrizes ortodoxas neoliberais se

arraigaram na elite do país. (CLACSO, 2001)

Para ter mais clareza sobre como o Estado mexicano comporta-se frente às

circunstâncias nacionais e internacionais, saber como a elite trata essas questões é

essencial, visto que, desde a Revolução Mexicana, a consolidação do Partido

Revolucionário Institucional, representante da classe burguesa nacional, foi responsável

por atender às demandas dos capitalistas nativos e por absorver as reivindicações

populares, seja pela via populista ou pelo autoritarismo antidemocrático. (Womack Jr.,

1970).

O padrão de ações tomadas pelo Governo “revolucionário” era guiado pelo

favorecimento da burguesia mexicana, ainda que medidas como a nacionalização do

petróleo tenham certo apelo popular. A aliança entre o Estado e a iniciativa privada

gerou crescimento econômico e concentração de renda, cujos efeitos são notáveis até

hoje, e desviou a Revolução de parte de seu intento inicial, como o combate à

desigualdade.

Quando analisamos que aspectos da Revolução se mantêm nos dias atuais, como

ela influencia a política mexicana contemporânea e quais as perspectivas futuras

tomadas em comparação com o passado revolucionário, não se pode ser otimista, afinal,

nesse caso, otimismo se aproxima da utopia.

A volta do PRI ao poder, em tempos recentes, trouxe indubitavelmente

mudanças significativas, como as reformas trabalhista, midiática, educacional e fiscal,

trazendo bem-estar à população e com resultados a serem vistos no crescimento

mexicano futuro, mas nada disso pode assemelhar-se a uma volta ao período

revolucionário, em que os ideais zapatistas inspiravam os campesinos a pegar em armas

e lutar pela justiça social; em verdade, as reformas conduzidas por Peña Nieto são tidas

como necessárias para o fortalecimento das relações com os dois parceiros do NAFTA,

assim como para garantir ao México maior capacidade de atuação no comércio

internacional, tendo em vista a criação da Aliança do Pacífico e da Parceira Trans-

Pacífica, principais blocos deste século. (O'Neil, 2014)

Em relação à ruptura neoliberal, Carlos Eduardo Martins afirma que, se América

Latina, como no caso do México, permanecer com esse mesmo padrão de

desenvolvimento pelos próximos anos, o risco é bastante elevado. Portanto,

torna-se, pois, necessário construir um novo padrão de desenvolvimento que

rompa com a superexploração do trabalho; que distribua a renda e o acesso

aos instrumentos de gestão publica e privada; que priorize o crescimento

econômico e o compatibilize com o equilíbrio ecológico; que se articule com

o mercado internacional, mas considere o mercado interno e a integração

regional prioridades (Martins, 2011, p. 341).

Contudo, ainda que a crise de 2008 tenha mostrado que o capitalismo financeiro

é o verdadeiro inimigo a ser combatido – embora tenha sido o maior beneficiário da

crise –, o establishment financeiro internacional tem influência gritante sobre os Estados

nacionais, e a saída bolivariana ou de terceira via são cada vez menos tangíveis no

México. O rompimento com o modelo ortodoxo neoliberal depende da vontade política

dos líderes nacionais e da coalizão das forças populares, para afastar a capacidade de

influência do lobby capitalista no processo eletivo e decisório; do contrário, apenas a

alternativa extremista torna-se possível, como já o foi na década de 30 e parece estar de

volta nestes anos.

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ANEXOS

Tabela 1 – Taxa de crescimento do PIB real no México e na América Latina, 1971-

2006.

Gráfico 1 – Exportações entre os membros do NAFTA, em bilhões de US$, 1993 e

1999.

Fonte: Banco Central do México

Tabela 2 – Vulnerabilidade macroeconômica do México, 1990-2002.

Fonte: Moreira, 2004

Tabela 3 – Saldo da Balança comercial do México por regiões, em milhões de US$,

1992-2002.

Fonte: Banco Central do México e CEPAL

Gráfico 2 – Exportações entre EUA e México, em %, 1994-2012.

Fonte: U.S. Embassy—Mexico City

Gráfico 3 – Exportações dos EUA para membros do NAFTA, em bilhões de US$,

1994-2012.

Fonte: U.S. Embassy—Mexico City

Tabela 4 – Comércio dos EUA com Canadá e México no NAFTA, em milhões de

US$.

Fonte: U.S. Embassy—Mexico City

Tabela 5 – Características do comércio entre México e países com os quais tem um

acordo comercial

Fonte: OMC

Gráfico 4 – Comércio entre União Europeia e México, em milhões de euros, 2003-

2012.

Fonte: EUROSTAT

Gráfico 5 – Comércio de bens entre União Europeia e México, em bilhões de €.

Fonte: EUROSTAT

Gráfico 6 – Comércio de serviços entre União Europeia e México, em bilhões de €.

Fonte: EUROSTAT

Gráfico 7 – Principais destinos das exportações do México, 2005 e 2010.

Fonte: UN Comtrade

Gráfico 8 – Principais origens das importações do México, 2005 e 2010.

Fonte: UN Comtrade

Gráfico 9 – Saldo comercial entre Brasil e México, 2000-2010.

Fonte: MDIC

Tabela 6 – Dez principais setores exportadores do Brasil para o México, 2005 e

2010.

Fonte: MDIC

Tabela 7 – Dez principais setores importados do México pelo Brasil, 2005 e 2010.

Fonte: MDIC