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DA PSIQUIATRIA AO COMUNISMO: A TRAJETÓRIA DA ALAGOANA NISE DA SILVEIRA NO RIO DE JANEIRO Gracinéia Rodrigues Lima 1 (autora) Vanuza Souza Silva 2 (orientadora) INTRODUÇÃO Nise da Silveira, médica alagoana, de forte personalidade, humanitária, rebelde e que de forma revolucionária modificou os métodos psiquiátricos utilizados no Brasil durante o século XX. Essas são algumas das referências utilizadas para se referir a essa grande mulher, que ganhou renome internacional. Explanar sobre a vida e trabalho de Nise da Silveira enquanto mulher, médica, psiquiatra que se dedicou a terapia ocupacional é ao mesmo tempo fácil, por ser uma história interessante, emocionante, revolucionária, humanitária e envolvente, como também, é difícil analisar esse contexto tão diverso que vai da psiquiatria ao comunismo, e que traz para o debate a situação de gênero da qual ela se inclui. Principalmente no que se refere ao início do século XX, onde as mulheres eram preparadas para o matrimônio, para o lar e a maternidade. O espaço do trabalho, da faculdade, das profissões e da política era totalmente voltado para o universo masculino. Perceber a força de uma mulher em insistir em seus objetivos e não desistir perante as dificuldades impostas é algo importante, principalmente quando é possível trazer para dentro da história a participação e a contribuição feminina em diferentes contextos. A história de Nise vai além da rebeldia, contempla a sensibilidade em se preocupar com o próximo, esteja ele no ápice da loucura ou mesmo da lucidez. Nise revolucionou a psiquiatria, modificando os métodos tradicionais utilizados nos tratamento aos portadores de transtornos 1 Graduando em História Licenciatura Plena - UFAL - Campus do Sertão; Bacharel em Serviço Social - UNOPAR; Pós-Graduada em Gestão da Política de Assistência Social; Assistente Social na Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social no município de Água Branca – AL. 2 Docente na UFAL – Campus do Sertão. Doutora em História (UFPE), mestre em sociologia (UFCG), Licenciada em História (UFCG) e bacharel em comunicação social (UEPB). Atua na área de História e gênero e história das mulheres, ensino de história, história, subjetividades e cultura

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DA PSIQUIATRIA AO COMUNISMO: A TRAJETÓRIA DA ALAGOANA NISE DA SILVEIRA NO RIO DE JANEIRO

Gracinéia Rodrigues Lima1 (autora)

Vanuza Souza Silva2 (orientadora)

INTRODUÇÃO

Nise da Silveira, médica alagoana, de forte personalidade, humanitária, rebelde e que

de forma revolucionária modificou os métodos psiquiátricos utilizados no Brasil durante o

século XX. Essas são algumas das referências utilizadas para se referir a essa grande mulher,

que ganhou renome internacional.

Explanar sobre a vida e trabalho de Nise da Silveira enquanto mulher, médica,

psiquiatra que se dedicou a terapia ocupacional é ao mesmo tempo fácil, por ser uma história

interessante, emocionante, revolucionária, humanitária e envolvente, como também, é difícil

analisar esse contexto tão diverso que vai da psiquiatria ao comunismo, e que traz para o

debate a situação de gênero da qual ela se inclui. Principalmente no que se refere ao início do

século XX, onde as mulheres eram preparadas para o matrimônio, para o lar e a maternidade.

O espaço do trabalho, da faculdade, das profissões e da política era totalmente voltado para o

universo masculino. Perceber a força de uma mulher em insistir em seus objetivos e não

desistir perante as dificuldades impostas é algo importante, principalmente quando é possível

trazer para dentro da história a participação e a contribuição feminina em diferentes contextos.

A história de Nise vai além da rebeldia, contempla a sensibilidade em se preocupar com o

próximo, esteja ele no ápice da loucura ou mesmo da lucidez. Nise revolucionou a psiquiatria,

modificando os métodos tradicionais utilizados nos tratamento aos portadores de transtornos

1 Graduando em História Licenciatura Plena - UFAL - Campus do Sertão; Bacharel em Serviço Social - UNOPAR;

Pós-Graduada em Gestão da Política de Assistência Social; Assistente Social na Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social no município de Água Branca – AL. 2 Docente na UFAL – Campus do Sertão. Doutora em História (UFPE), mestre em sociologia (UFCG), Licenciada

em História (UFCG) e bacharel em comunicação social (UEPB). Atua na área de História e gênero e história das mulheres, ensino de história, história, subjetividades e cultura

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mentais. Ela buscou interpretar as imagens do inconsciente dessas pessoas chamadas de

esquizofrênicas ou doentes mentais. Através da arte - enquanto terapia ocupacional - as

pessoas conseguiam transmitir um pouco das suas singularidades, do seu inconsciente. Estes

novos métodos iam de encontro com os métodos tradicionais, sendo alguns deles o choque

elétrico ou insulínico. Os novos métodos terapêuticos foram essenciais para se modificar a

visão tradicionalista de perceber o outro diante da considerada loucura.

Outro importante contexto em que Nise está incluída é o político, onde envolve as suas

ideias e pensamentos voltados para o comunismo. Essa sua ligação com esse sistema social

provocou a sua prisão, além do afastamento da profissão. O contato com diversas

personalidades como Laura Brandão, Otávio Brandão, Graciliano Ramos, entre outros,

envolve esse contexto, no auge da ditadura de 30, onde pessoas que tivessem algum tipo de

ligação com o comunismo eram exiladas, presas ou excluídas de determinados espaços. As

amizades feitas por ela a auxiliou na sua formação enquanto pessoa e profissional, já que

estava em volta de grandes pensadores da literatura, da política e da psiquiatria.

Pesquisar, conhecer e compreender a história de vida de Nise da Silveira é meu

objetivo enquanto aluna do último período de história – licenciatura da Universidade Federal

de Alagoas – Campus do Sertão. Esta pesquisa não só faz parte do meu Trabalho de

Conclusão do Curso, como também, do Projeto Ser/tão Alagoana do qual sou participante. No

nosso Estado – Alagoas – na maioria das vezes é dada prioridade aos estudos e pesquisas

sobre as grandes elites envolvidas com os engenhos de açúcar, com referências ao gênero

masculino. Embora Nise da Silveira tenha tido o merecido reconhecimento

internacionalmente, a sua história é pouco conhecida no seu próprio Estado, em especial no

sertão de Alagoas. Trazer a discussão sobre o contexto histórico dessa grande médica é

necessário e fundamental para que as pessoas conheçam não somente a força e contribuição

feminina, como também, a pessoa que saiu do Estado de Alagoas, que desafiou a sociedade, e

que com sua sensibilidade e humanismo conseguiu revolucionar os tratamentos psiquiátricos

no Brasil. No presente artigo será desenvolvida a trajetória dessa alagoana no Rio de Janeiro.

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DA PSIQUIATRIA AO COMUNISMO: A TRAJETÓRIA DA ALAGOANA NISE DA SILVEIRA NO RIO DE JANEIRO

Antes mesmo de adentrar na trajetória de Nise no Rio de Janeiro, se faz necessário e

importante conhecer um pouco sobre sua infância, adolescência e formação em medicina.

Nise da Silveira nasceu em Maceió – AL, em 15 de fevereiro de 1905. Filha de Maria

Lídia e Faustino Magalhães da Silveira. A mãe era pianista e o pai professor e jornalista.

Diante dos relatos feitos por Nise á Bernardo Horta em seus biografemas, ela considera que

sua formação enquanto pessoa se deu graças a seus pais. Filha única recebia além de carinho e

atenção, todos os cuidados e orientações por parte da sua família.

A família Magalhães da Silveira tinha grandes embates com grupos políticos de

Maceió, em destaque a família Malta. O pai e tio de Nise da Silveira fundaram um jornal em

Maceió, com o propósito de atingir seus opositores políticos através de matérias que

criticavam o governo Malta. O conflito existente entre as referidas famílias ocasionou

diversas mortes. Nise, mesmo pequena, conviveu em meio ás brigas políticas. Mas, ela teve

também contato com um ambiente construtivo, onde a arte foi grande influenciadora na sua

construção pessoal, ouvindo as melodias musicais tocadas por sua mãe no piano, e os poemas

de Castro Alves citados pelo seu avô, além do aprendizado que a mesma obteve com o seu

pai, jornalista e professor. A família de Nise tinha forte ligação com os principais grupos

intelectuais e políticos de Alagoas.

Bernardo Horta ao desenvolver os biografemas em “Nise arqueóloga dos mares”,

apresenta relatos da própria Nise, que descrevia momentos da sua vida, da sua família e da

sua formação pessoal. Ao fazer referência ao governo alagoano, a mesma lembra-se de

Euclídes Malta, um ditador que juntamente com a família impedia a realização de eleições em

Maceió, somente os Maltas governavam. Tal governo caiu com a ajuda da família Magalhães

da Silveira, onde Clodoaldo da Fonseca – pertencente à família de Deodoro da Fonseca que

foi Presidente da República – se torna governador do Estado.

Na infância Nise desenvolveu forte ligação e apreço pelos animais, como não tinha

com que brincar, realizava tais atividades com os bichos, pelos quais aprendeu a ter carinho e

cuidado. Mais tarde, essa ligação com os animais não se tornaria apenas uma forte relação de

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amizade, Nise desenvolveria o trabalho com os animais, tendo estes a função de co-

terapeutas.

Antes de ingressar no curso de medicina, Nise tentou aprender a tocar piano como a

sua mãe desejava. Mas, logo percebeu que não tinha o talento para a música, o que se tornou

uma de suas grandes frustrações. Esta jovem alagoana, que recebeu como apelido Caralâmpia,

o qual aparece até mesmo na obra de Graciliano Ramos, era determinada e não se deixava

abater pelas dificuldades, mas sentia grande tristeza quando não conseguia desenvolver uma

determinada atividade.

Nise prestou vestibular juntamente com seus primos, na Faculdade de Medicina da

Bahia, com apenas 15 anos de idade. Foi aprovada no curso de Medicina, algo que a deixou

muito feliz. Embora Nise não considerasse ter grande afinidade para com a profissão, a

mesma não desistiu do referido curso. Pela pouca idade que possuía para cursar medicina, foi

necessária a realização de outro documento alterando a data de nascimento, deixando Nise um

ano mais velha, já que a Faculdade exigia a idade mínima de 16 anos.

Ainda adolescente, ao frequentar a biblioteca do seu pai, Nise conheceu obras do

fisósofo Baruch Spinoza, e ao se encantar por tal fisólofo e suas obras, ela buscou entrar em

contato com o mesmo, onde mais tarde Nise escreveria um livro intitulado “Cartas a

Spinoza”.

Em março de 1921 Nise dá início ao curso de medicina na cidade de Salvador,

juntamente com seus primos. Um deles, Mário Magalhães se torna - no decorrer dos anos -

seu companheiro, em um casamento que durou cerca de 60 anos, até a morte de Mário. Na

Faculdade a jovem estudante enfrentou grandes dificuldades, o primeiro era o fato de ser a

única mulher a estudar medicina naquela instituição, como ela mesma descreve em uma

citação feita por Bernardo Horta:

“Como vocês sabem, eu era a única aluna mulher naquela faculdade onde só estudavam homens... Na foto da minha formatura, pode-se ver: 157 rapazes e uma moça – eu. Guardo ainda o retrato da turma, onde apareço sozinha no meio de todos eles. Ás vezes, me perguntam se os rapazes me incomodavam. Não... Na Faculdade de Medicina nunca fui assediada pelos alunos. Até porque eu era muito brava. Não exatamente brava... Era séria, sobretudo uma lutadora.” (HORTA, 2009, p.133)

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A partir deste depoimento da própria Nise, percebemos que ela não se deixava

intimidar por ser única mulher a estudar numa faculdade, cercada por rapazes. Embora, no

período o patriarcalismo era determinante na condução das famílias. As mulheres eram

geralmente preparadas para o lar, Nise rompeu com esse tradicionalismo, de início, se torna a

primeira mulher alagoana a se tornar médica. Além de ser a única estudante do curso de

medicina do sexo feminino, era também a única mulher a residir num pensionato. Fato este

que também não a deixava intimidada. Conforme depoimento de Nise: “O convívio com os

professores e colegas não me intimidava... O que mais incomodava era o fato de não haver

banheiro feminino na faculdade. Mas você sabe... Naquela época, mulher era tida como anjo -

não mijava... Tiveram de providenciar um banheiro pra mim.” (HORTA, 2009, p. 132).

Em certo momento Nise ainda tentou largar a faculdade, mas no decorrer de sua

insistência em avisar ao pai a sua decisão e o fato de não conseguir, fez com que a mesma

repensasse nessa escolha, voltando atrás na decisão e resolvendo por concluir o curso. Nise

antes mesmo de conhecer o trabalho de Carl Gustav Jung e a psicologia analítica, já se

orientava com base em sentimentos, sensações e principalmente nas suas intuições, foi essas

sensações que a fizeram não desistir do curso. No decorrer das leituras percebe-se que as

escolhas feitas por Nise ocorreram diante das circunstâncias, e não de um planejamento. As

coisas aconteciam de acordo com a sincronicidade. Nise se formou em 1926, na turma de 157

alunos, era a única mulher, defendeu a tese “Ensaio sobre a criminalidade da mulher no

Brasil”.

(Nise da Silveira na turma de 157 alunos da Faculdade de Medicina da Bahia)

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Logo após sua formatura Nise retorna para Maceió. Em 1927 sua vida é marcada por

algo que provocou grande trauma pra ela e Dona Lídia, a morte do seu pai, onde a causa foi

um provável infarto fulminante. Foi então nesse momento que Nise resolveu se mudar para o

Rio de Janeiro. Sem a presença do pai, e com dificuldade em conseguir trabalho, pelo fato de

se uma médica mulher, ela resolve então buscar oportunidades em outro Estado.

Ao chegar ao Rio de Janeiro Nise foi morar no bairro de Santa Tereza, Rua do

Curvelo, onde conheceu Manuel Bandeira. O poeta residia na casa em frente à pensão em que

Nise morou por uns tempos. Manuel Bandeira na época já se encontrava doente de

tuberculose, o mesmo vivia de forma discreta e reservada, embora ele fosse uma das

principais figuras do movimento modernista naquele período. Enquanto Nise, ainda

desconhecida, lutava para sobreviver na referida cidade. Nise, por influência de amigos feitos

na nova capital e também de conterrâneos, passou a frequentar círculos literários e reuniões

políticas. No período o Brasil passava por grandes transformações, depois que a Velha

República havia acabado, surgiu movimentos com ideários modernistas, que provocariam

transformações tanto para a arte, como para os intelectuais. Grandes personalidades se

destacavam a partir de 1929, como Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto

Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, entre outros. Diante desse contexto, Nise conviveu com

escritores, intelectuais e artistas da época, como Di Cavalcante e Raquel de Queiroz. E é

nestes círculos de conversa que ela dá início as suas ideias marxistas.

Naquele bairro de Santa Tereza, entre as amizades feitas por Nise da Silveira, se

encontra um casal que ganhou a admiração e o carinho daquela jovem doutora. Ao saber que

naquele bairro morava uma família cuja origem era alagoana, Nise não se conteve e buscou

logo conhecer. Tratava-se do farmacêutico e pensador Otávio Brandão e sua esposa Laura,

além das três filhas do casal. A família residia em uma casa humilde e carente, o que mostrava

a simplicidade da família socialista e revolucionária. Dos encontros entre Nise e a família

Brandão surgia uma grande e bonita amizade. Otávio que havia se afiliado ao Partido

Comunista, apresentou algumas ideias de grandes pensadores, como Nietzsche e Tolstoi para

Nise, além de conversar sobre esses escritores, eram feitas discussões sobre o hinduísmo e

sobre Cristo. Nesse período em que o Brasil vivia entorno de sonhos de transformação, eram

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discutidas ideias para uma possível revolução no Brasil. Aumentavam-se as ações culturais e

políticas. E diante das discussões e ideias do Brasil se tornar socialista, é que Nise começa a

participar das Reuniões do Partido Comunista. No final da década de 20 Laura e Otávio foram

presos durante manifestações. Diante da atuação política que a família tinha, os mesmos

foram deportados pelo Governo de Getúlio Vargas para a Alemanha, mas logo se mudaram

para a União Soviética. Nise foi uma das poucas pessoas a ir se despedir dos Brandão no cais

do Rio de Janeiro.

O período de 1930 e 1940 foi marcado por tempos difíceis, com a perseguição contra

os revolucionários e adeptos das ideias comunistas, ocorreram muitas prisões, torturas e

mortes. Onde, até mesmo a jovem médica alagoana seria presa e logo forçada a viver em

situação de ostracismo.

No início de 1930, Nise da Silveira passou a frequentar a clínica de neurologia da

Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, realizando trabalho com o seu ex-professor

Antônio Austregésilo. De início, como estagiária não recebia nenhuma remuneração, tinha

como objetivo era aprender, com o então psiquiatra. Foi a partir deste trabalho que Nise teve

seus primeiros contatos com os loucos. A mesma pretendia realizar especialização em

neurologia, mas por indicação e apoio de Austregésilo que á inscreveu num concurso federal

para psiquiatras, e diante das circunstâncias e da necessidade de Nise em conseguir emprego,

a mesma realizou o concurso no qual foi aprovada.

Antes da realização do concurso Nise se mudou para o Hospício de Praia Vermelha,

com o objetivo de se preparar para a prova de psiquiatria. O Hospício ficava localizado no

Bairro da Urca. A mudança do Bairro de Santa Tereza, não influenciou para que Nise

esquecesse as amizades feitas ali. Continuou a frequentar o bairro e visitar os amigos.

Ao passar a conviver com aqueles que eram denominados loucos, Nise começou a

questionar as práticas e as próprias aulas de medicina e de psiquiatria. Percebia que a

realidade era bem diferente do que era estudado nos livros. Conforme o relato de Nise, “Eu

morei num hospício. Lá dentro... E a primeira experiência que eu tive, me levou a romper

completamente com a psiquiatria convencional.” (HORTA, 2009, p.153). Diante dos relatos

da Senhora das Imagens, os internados naquele hospício eram tratados e expostos de forma

fria, o que a deixava incomodada, além dos mesmos serem tratados como pessoas limitadas,

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incapazes de aprender ou de expressar os seus sentimentos e pensamentos inconscientes.

Como na maioria das vezes os esquizofrênicos eram tratados.

“Havia diferenças sensíveis entre os procedimentos dos psiquiatras que moravam no hospício e os dos que não moravam. Nos livros, lia-se que os esquizofrênicos não possuíam afetividade. Fiquei muito desconfiada... Morando no hospital, compreendi que não havia nada disso. Eu vi e senti que eles possuíam sensibilidades – o problema era como vir à tona.” (HORTA, 2009, p. 155)

O referido depoimento de Nise está relacionado a uma das internas, de nome Luiza. A

mesma foi se tornando amiga de Nise, ao ponto em que, passou a levar café da manhã pra ela

no quarto. Diante das opiniões dos médicos e psiquiatras que a consideravam ‘uma completa

idiota, imprestável’, a interna demonstrava afeto e carinho através das suas atitudes. Tanto é

que, a própria Nise relata que quando foi presa em março de 1936, por conta da denuncia feita

por uma enfermeira do Hospício, logo que Luiza soube do acontecido deu uma grande surra

na referida enfermeira. Percebe-se daí que, Nise diferentemente dos outros médicos e

psiquiatras demonstrava a sua sensibilidade em enxergar os internos para além da

classificação de esquizofrênico ou louco.

Como foi relatado, em 26 de março de 1936 Nise foi presa pela ditadura de Getúlio

Vargas, sendo acusada de subversão. A denúncia teria partido de uma enfermeira – já

mencionada anteriormente -, onde foram mostrados os livros que Nise possuía sobre o

Marxismo. A médica passou um ano e quatro meses presa na Sala quatro – que foi a primeira

prisão política feminina no Brasil – na Casa de Detenção Frei Caneca. Entre as presas que

estavam nesse espaço Nise se encontrava Olga Benário Prestes, a mesma estava grávida, e

logo mais seria enviada para Alemanha Nazista e morta em um campo de concentração. Foi

na prisão que ela também conheceu seu conterrâneo Graciliano Ramos, e viu pessoalmente as

marcas psicológicas e físicas que a amiga Elisa Berger adquiriu através das torturas. Quando

ficou em liberdade, o medo de ser presa novamente fez com que Nise se ausentasse do Rio de

Janeiro por uns tempos. Foi para o Norte e Nordeste, acompanhando seu marido Mário

Magalhães. De forma discreta, ela usou esse período de sete anos de ostracismo para se

aprofundar nas leituras e nos estudos, em especial aos trabalhos de Spinoza. Conforme citação

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abaixo, logo após esse período ela retorna a profissão, passando a trabalhar no Hospital Pedro

II:

“Em 17 de abril de 1944 foi reintegrada ao serviço público, sendo lotada no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Engenho de Dentro, subúrbio do Rio de Janeiro. Nise sentia-se inapta para exercer a tarefa de psiquiatra, pois, era ferozmente contra os choques elétrico, cardiazólico e insulínico, as camisas de força, o isolamento, a psicocirurgia, e outros métodos da época que considerava extremamente brutais e recordavam-lhe as torturas do Estado Novo aplicada aos dissidentes políticos, e que ela conhecia tão bem.” (http://www.museudapsiquiatria.org.br/ , acessado em 20/04/2014)

Partindo da citação a cima, podemos analisar o retorno de Nise as atividades no

Hospital, e nessa volta ela se depara com as novidades nos métodos de tratamento usados na

psiquiatria, com os quais a médica não concordava:

Paramos diante da cama de um doente que estava ali para tomar eletrochoque. O psiquiatra apertou o botão e o homem entrou em convulsão. Quando o outro paciente ficou pronto para a aplicação do choque, o médico me disse: - Aperte o botão. Eu respondi:- Não aperto! Aí começou a rebelde. (Gullar, apud Cruz Júnior, 2009, p.14)

Ao se recusar a realizar os métodos de tratamentos utilizados pelos médicos da época,

Nise da Silveira é indicada a trabalhar num setor considerado subalterno diante das áreas de

atuação da profissão. Mesmo assim ela aceitou o desafio de atuar na Terapia Ocupacional,

principalmente pelo fato de não concordar e nem aceitar métodos tão violentos de tratamentos

para com os internos. As oficinas propostas por Nise a serem realizadas, fariam com se

originassem a Seção de Terapia Ocupacional. Onde os indivíduos aprendiam e praticavam

diversas atividades, se expressavam e mostravam suas criatividades. O propósito de Nise não

era utilizar tais atividades como passatempo, mas sim como um método terapêutico que

auxiliaria no tratamento daquelas pessoas. Os ateliês de pintura e de modelagem ganharam o

principal destaque neste contexto da criatividade. O material confeccionado por cada

indivíduo se tornava uma fonte de estudo para compreender um pouco da mente e do

inconsciente de cada um. Essa prática trouxe um importante retorno para a psiquiatria da

época. Pois mostrava que determinados tratamentos tradicionais e violentos eram

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desnecessário, em vista das possibilidades tão simples que a pintura e a modelagem

proporcionavam, além dos bons resultados. Através das artes feitas pelos internos, Nise

começou a provar - com base em algumas teorias e nas práticas do dia-a-dia - que aqueles

indivíduos sentiam, pensavam, imaginavam e podiam se expressar e demonstrar um pouco do

que se passava em suas mentes. Com as diversas pinturas criadas pelos internos, Nise logo

teve a ideia de criar um espaço pra expor as obras e as pinturas, criando assim um espaço para

exposição dos objetos produzidos, onde a Drª Nise contou com a ajuda do jovem artista Almir

Mavignier. Os trabalhos realizados nos ateliês foram implantados numa pequena sala no

próprio Hospital, mas logo que se percebeu a quantidade e qualidade das obras criadas

ganhou um espaço maior, onde recebia um número maior de visitantes que se tornavam

grandes admiradores daquelas artes e dos artistas, que antes eram chamados de loucos e

incapazes. Estes acontecimentos logo atraíram a atenção de artistas e críticos relacionados

com o mundo das artes, entre eles estava Leon Degand, primeiro diretor do Museu de Arte

Moderna de São Paulo, havia sido convidado por Mário Pedrosa para conhecer as Imagens

produzidas pelos Internos da Seção de Terapia Ocupacional. A visita dele ocasionou a

exposição das obras de nove artistas do Engenho de Dentro no Museu de Arte Moderna. Mais

tarde, várias obras confeccionadas nos ateliês da Seção de Terapia Ocupacional foram levadas

para exposição no I Congresso Internacional de Psiquiatria, realizado em París.

Em 1952 é fundado o Museu das Imagens do Inconsciente por Nise da Silveira, espaço

reservado para a exposição das obras e trabalhos dos artistas do Engenho de Dentro. Quatro

anos mais tarde Nise cria a Casa das Palmeiras, que foi a primeira clínica em regime de

externato no Brasil, contanto com a ajuda de outras pessoas que auxiliaram para que esse

novo espaço ganhasse visibilidade e reconhecimento como utilidade pública pela lei 176 de

16 de outubro de 1963. A Casa das Palmeiras funciona até os dias atuais, e foi com base nesta

Instituição que surgiram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), existentes em todo o

país com o objetivo de substituir o modelo de asilo psiquiátrico ou manicômios.

Já no ano de 1955 Nise forma um grupo de estudos C. G. Jung, com o propósito de

estudar e discutir sobre a psicologia analítica que era defendida pelo referido psiquiatra, assim

como analisar as práticas na terapia ocupacional e na psiquiatria como forma de melhorar os

tratamentos e a forma de tratamento para com as pessoas que possuem esquizofrenia. Foi com

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base na psicologia analítica de Carl Gustav Jung que Nise se orientou na construção do seu

método de tratamento. Além de seguidora desse psiquiatra, Nise teve a oportunidade de

conhecê-lo pessoalmente, apresentar os trabalhos realizados pelos internos do Engenho de

Dentro, subúrbio do Rio de Janeiro, como também se tornou amiga do referido suíço. Alguns

dos assuntos referidos nos estudos de Jung estão relacionados ao Arquétipo, mito, símbolo,

sombra, inconsciente coletivo, entre outros. Nise aprendeu com Jung, na oportunidade que

teve em estudar com ele, a desenvolver interpretações e compreensão a cerca da imagem

desenvolvida na psique humana e as suas relações externas, com base nos trabalhos realizados

por indivíduos portadores de esquizofrenia. Desse modo, a influência da psicologia analítica

de Jung foi de fundamental importância para o trabalho desenvolvido por Nise, em prol de um

tratamento mais humano para as pessoas.

A criação do Museu das Imagens do Inconsciente surgiu de forma espontânea:

As modestas origens do Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado numa pequena sala do hospício de Engenho de Dentro, em 20 de maio de 1952, não deixavam antever a trajetória de crescimento contínuo que ele passaria a ter desde então. Quatro anos mais tarde o Museu seria transferido para um espaço mais amplo, onde também foram reunidas várias oficinas da Terapêutica Ocupacional. A partir de então, Museu e oficinas não mais se separariam. (Cruz Júnio, 2009, p. 16)

Como já foi mencionado, e considerando a citação o Museu não somente deu certo,

como também foi ampliado para poder receber tanto as oficinas de Terapia Ocupacional,

como também os participantes dessas oficinas, e assim expor cada obra plástica. Sendo que o

objetivo do Museu não era apenas o de reunir coleções de obras de arte, mas também ser um

centro de estudos tanto para a Drª Nise, como também para seus colaboradores que tinham o

interesse de conhecer melhor e compreender o universo da mente de um esquizofrênico.

Pesquisas que após o encontro de Nise com Jung, teve um maior apoio do mesmo na busca

pelos estudos e compreensão da mente humana.

Buscando base e fundamento para a sua compreensão sobre a psiquiatria e sobre a

loucura, e o fato de Nise da Silveira estudar obras e pesquisas de Carl. G. Jung inspiro-me na

História da loucura de Michel Foucault para pensar a (dês)construção que faz nise sobre o

lugar do louco no século XX. Michel de Foucault em sua obra “História da Loucura na Idade

Clássica” contextualiza a forma como os indivíduos taxados pela sociedade como “loucos”

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são tratados. Ao refletir entorno da questão da loucura, Foucault possui uma visão diferente

da visão que as estruturas tradicionais mantinham. Considerando o estudo que o mesmo

realiza sobre as diferentes formas de compreensão sobre a loucura, com base no período que

parte do Renascimento até a modernidade. Analisa como se chegou a tal classificação de

loucura como doença mental. Para compreender melhor a questão da loucura e da construção

dos pensamentos Foucault tem como base os pensamentos de Friedrich Nietzsche. Foucault

enquanto pensador rompe com a razão filosófica que defende a verdade absoluta. Questiona a

subjetividade que se baseia na razão como característica fundamental na construção das

sociedades.

E é com base no discurso defendido por Foucault que, busco compreender como Nise

fundamenta o seu rompimento com a tradicional classificação de loucura. Defendendo os

indivíduos enquanto pessoas que possuem nas suas subjetividades um mundo próprio que

precisa ser compreendido, e não tratado com métodos violentos e desumanos.

Em 1975, Nise já tinha 70 anos de idade quando se deu a aposentadoria compulsória,

isso provocou grandes mudanças na sua vida. Primeiramente pelo fato de que Nise não queria

deixar o seu trabalho, no entanto era obrigada devido à aposentadoria. Em 1986 com o

falecimento do seu esposo Mário Magalhães, uma fratura na perna e a cadeira de rodas

modificaram a dinâmica das atividades realizadas pela doutora, impedindo a mesma de visitar

com maior frequência algumas das instituições fundadas pela mesma. No mesmo ano em que

foi aposentada contra sua própria vontade, foi realizado um evento em comemoração ao

Centenário de C. G. Jung no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, na ocasião foram

expostas algumas obras plásticas do Museu de Imagens do Inconsciente. Com as dificuldades

existentes Nise teve que modificar algumas das suas atividades, tempo esse em que ela se

dedicou as leituras e a escrita. Em 1987 dois importantes eventos divulgaram ainda mais o seu

trabalho, com a exposição de “Os inumeráveis estados do ser” e “Imagens do inconsciente”,

este último é uma trilogia cinematográfica feita por Leon Hirszman. Onde o reconhecimento

do seu trabalho crescia cada vez mais a nível internacional. Nise em seus relatos afirmava não

possuir domínio e nem interesse sobre as tecnologias do século XX, tinha acesso ao telefone,

mas outros maquinários como computador, fax, gravador, a mesma rejeitava, considerava

estes objetos como “um atentado contra a privacidade das pessoas” (Horta, 2009, p.52).

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Na década de 1970 Nise teve problemas na visão, o que quase lhe custou a cegueira.

Tal situação lhe causou grande sofrimento, pois isso poder impedir de realizar uma das coisas

que ela mais gostava de fazer, ler. A mesma precisou realizar uma cirurgia, se livrando assim

da cegueira. Foi nesse período difícil que Nise escreveu uma de suas maiores obras, o livro

“Imagens do Inconsciente”.

Pintura sem título, Emygdio de Barros 1968, Museu de Imagens do Inconsciente (http://oglobo.globo.com

acessado em 18/04/2014)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nise Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 30 de outubro de 1999. Mas antes disso

acontecer, essa grande médica alagoana revolucionou o universo da psiquiatria buscando

novos métodos para o tratamento de pessoas com esquizofrenia. Utilizou a arte e os animais

enquanto co-terapeutas, e com seus conceitos de afeto catalisador e de emoção de lidar

conseguiu mudar a forma como as pessoas consideradas loucas, esquizofrênicas eram

tratadas.

Possuía como base de estudos a psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Tinha como

características o humanismo e a sensibilidade para enxergar o outro para além dos rótulos de

loucura que eram dados. Enquanto mulher ela também revolucionou o espaço da

subjetividade feminina que vivia a sombra da atuação masculina. Primeira mulher alagoana a

se formar em medicina, única mulher na Faculdade de Medicina na Bahia. Rompeu com

questões políticas, criando laços e amizades com diversas personalidades durante período de

grandes conflitos no Brasil, em que a ditadura perseguia os ideários comunistas. Nise também

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rompeu com as tradições e alguns valores da época, ao morar com seu companheiro Mário

Magalhães não sendo casados formalmente, como eram realizados por muitas famílias no

período.

Este artigo de forma breve e resumida buscou apresentar e explanar sobre a história

dessa grande médica, revolucionária e humanitária Nise da Silveira. Embora, se faz necessário

abranger ainda mais o estudo e a pesquisa. Percebendo que a trajetória dela vai bem além do

que foi apresentado e compreendido.

Nise da Silveira (www.google.com.br acessado em 15/04/2014)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ JUNIOR, Eurípedes Gomes da. O Museu de Imagens do Inconsciente: das coleções

da loucura aos desafios contemporâneos / Eurípedes Gomes da Cruz Junior, 2009. xiii,

183f.

FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. Tradução de José Teixeira

Coelho Netto. 1. Ed. São Paulo: Perspectiva, 1978. 551 p. (Estudos, 61)

HORTA, Bernardo Carneiro. Nise: arqueóloga dos mares / Bernardo Carneiro Horta. –

2.ed., reimpr.. – Rio de Janeiro: Aeroplano, 2009. Il.

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TORRE, Eduardo Henrique Guimarães. “Michel Foucault e a História da Loucura”: 50

anos transformando a história da psiquiatria. Eduardo Henrique Guimarães Torre, Paulo

Amarante. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, ISSN 1984-2147, Florianópolis, V.3, n.6,

p.41-64.

http;//www.google.com.br (acessado no período de 15/06/2013 à 16/05/2014)

http://www.ccms.saude.gov.br/ (acessado em 15,16,20 de abril de 2014)

http://www.museudapsiquiatria.org.br/ (acessado em 20,21,22 de março de 2014)

http://casadaspalmeiras.blogspot.com.br/ (acessado em 08 e 09 de janeiro de 2014)

http://www.psiquiatriageral.com.br/ (acessado em 06 e 07 de maio de 2014)

http://institutonisedasilveira100anos.blogspot.com.br (acessado em 14 e 15 de janeiro de 2014)

http://spagnuolopsicanalise.blogspot.com.br (acessado em 07 de maio de 2014)

http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/ (acessado em 15 e 16 de janeiro de 2014)