militarização na capitania e sergipe del rei: as...

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IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64 Militarização na capitania e Sergipe del Rei: as ordenanças no século XVII 1 Luís Siqueira Introdução Este artigo faz parte da pesquisa que venho realizando sobre a militarização 2 da capitania de Sergipe del Rei na segunda metade do século XVII e primeira do seguinte, e o papel que os capitães mores exerceram quando estiveram no exercício do cargo. As principais fontes utilizadas são provenientes do Arquivo Histórico Ultramarino, informações de cronistas e Documentos da Biblioteca Nacional, que se encontram publicados. O objetivo consiste em dialogar com a historiografia local acerca do lugar ocupado pela capitania sergipana no sistema colonial, e apresentar as ações militares determinadas pela dinastia de Coroa portuguesa para a localidade. O limite temporal compreende o reinado de D. João IV e o de D. Afonso, por serem os momentos importantes para a militarização do território sergipano. 3 Os estudos sobre a capitania sergipana no século XVII e início do seguinte ainda são raros na historiografia sergipana. As afirmações destacadas por Felisbelo Freire e 1 Doutorando do curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal da Bahia. E-mail: [email protected] 2 Chamo de militarização a capacidade e condição e capacidade que a Coroa portuguesa teve de transformar a população da colônia em soldados em estado de defesa contra inimigos externos e internos. 3 D. João IV reinou de 1640 a 1656. No caso de D. Afonso, seu reinado se estendeu de 1656 a 1675.

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

Militarização na capitania e Sergipe del Rei: as ordenanças no século

XVII

1Luís Siqueira

Introdução

Este artigo faz parte da pesquisa que venho realizando sobre a militarização2da

capitania de Sergipe del Rei na segunda metade do século XVII e primeira do seguinte,

e o papel que os capitães mores exerceram quando estiveram no exercício do cargo. As

principais fontes utilizadas são provenientes do Arquivo Histórico Ultramarino,

informações de cronistas e Documentos da Biblioteca Nacional, que se encontram

publicados. O objetivo consiste em dialogar com a historiografia local acerca do lugar

ocupado pela capitania sergipana no sistema colonial, e apresentar as ações militares

determinadas pela dinastia de Coroa portuguesa para a localidade. O limite temporal

compreende o reinado de D. João IV e o de D. Afonso, por serem os momentos

importantes para a militarização do território sergipano.3

Os estudos sobre a capitania sergipana no século XVII e início do seguinte ainda

são raros na historiografia sergipana. As afirmações destacadas por Felisbelo Freire e

1Doutorando do curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal da Bahia. E-mail:

[email protected]

2Chamo de militarização a capacidade e condição e capacidade que a Coroa portuguesa teve de

transformar a população da colônia em soldados em estado de defesa contra inimigos externos e internos. 3D. João IV reinou de 1640 a 1656. No caso de D. Afonso, seu reinado se estendeu de 1656 a 1675.

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Maria Thetis Nunes se fazem ecoar como memória, principalmente quanto ao lugar

ocupado por Sergipe del Rei no contexto da colônia brasileira.4 No caso do tema da

militarização, ainda é pouco explorado pelos estudiosos locais e as pesquisas existentes

são rarefeitas, resumindo-se a citar nomes de militares que atuaram em cargos de

mando.5 Nessa perspectiva, ainda não existe trabalho que analise o papel desempenhado

pelas ordenanças em Sergipe Colonial. Essa instituição teve papel decisivo para a

manutenção, defesa e fiscalização do território como se mostrará ao longo deste artigo.

As fontes que se apresentam para o estudo das ordenanças ainda se encontram

inexploradas pelos historiadores sergipanos. No geral, são documentos que relatam e

apresentam a capitania e sua função no contexto do sistema colonial, comunicação entre

os agentes locais e os metropolitanos portugueses, patentes, alvarás, provisões, dentre

outras, que em conjunto revelam os sujeitos e as estratégias dos governantes da dinastia

de Bragança para Sergipe.

Para realizar a contextualização da capitania sergipana no período seiscentista

tomo de empréstimo as considerações referentes ao “sentido da colonização” de

Fernando Antônio Novais. Segundo esse autor, a colonização que se projetou no Novo

Mundo, em especial o Brasil, teve características próprias como estar voltada para o

fornecimento de riquezas para sustentar a metrópole. Essa situação estava estruturada

politicamente em dois polos, sendo que na condição de centro de decisão estava a

metrópole e, no outro, as colônias, como locais subordinados; relações essas que

estabeleceram o quadro institucional para que a vida econômica metropolitana fosse

dinamizada. Nesse sentido, entendo e situo a capitania no enquadramento paulatino do

4 Faço referência às obras História de Sergipe, de Felisbelo Freire; Sergipe colonial I e Sergipe colonial

II, de Maria Thetis Nunes. 5LIMA Jr. Francisco de Carvalho. Capitães mores de Sergipe (1590-1820). Aracaju: Segrase, 1985.

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sistema colonial, caracterizado pela política mercantilista da época.6Assim, seguindo a

linha interpretativa de Novais, a capitania sergipana ao longo do século XVII foi se

estruturando para melhor atender as necessidades políticas, econômicas, geopolíticas e

militares de Portugal, sob o governo da dinastia de Bragança.

Esboçar o lugar de Sergipe del Rei no contexto do sistema colonial exige que se

faça primeiro uma breve contextualização do momento antes da colonização do

território, passando pelo período da invasão holandesa no nordeste açucareiro até o

momento de reestruturação para se evidenciar a estratégias militar adotada pelo rei de

Portugal para a capitania.

Na historiografia brasileira o tema da história militar ainda se encontra mal

explorado pelos historiadores, principalmente quando se trata do século XVII.

Provavelmente, esse abandono esteja na dificuldade de acesso as fontes desse período e

na relação que havia entre história militar e história política, pois os estudos acabaram

sendo mera descrição de batalhas e biografias dos grandes homens.

Em Portugal e no Brasil, o tema da história militar voltou à tona, principalmente

no campo da história social. Segundo Arno Wehling, essa revigoramento de deve ao

diálogo que os estudiosos da história política vêm travando com a sociologia, a

antropologia, a filosofia, a psicologia social, a economia, o direito, cujas inspirações são

oriundas das reflexões de Max Weber e Michel Foulcaut.7 Assim, o foco da questão

militar passou a ser redimensionado na problemática e na metodologia, entre outros

aspectos, sendo direcionado para discussão do problema do poder e não apenas do

6NOVAIS, Fernando Antônio. A colonização e sistema colonial: discussão de conceitos e perspectivas.

In.: Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosacnaify, 2005. p. 27. Portugal e

Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). 6 ed. São Paulo: Hucitec, 1995. Nessa obra, o

autor expõe a dinâmica e estrutura do Antigo Sistema Colonial, explicitando que as relações entre

metrópole e colônia se dão em dois níveis: na legislação e no comércio. 7WEHLING, Arno. A pesquisa da história militar brasileira. In.: Da cultura, ano I, n. I,p. 35-41., jan/jun.

2001. Disponível em > http://www.funceb.org.br/images/revista/11_5q3t.pdf>. Acessado em 14/04/2013.

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Estado. O que se tem como proposta é uma nova história militar com olhares e

propostas diferenciadas.8

No seio da história militar está o tema das ordenanças que pouco a pouco vem

despertando interesse de historiadores do período colonial. O estudo da militarização na

colônia vem sendo realizado com discussões que apontam para uma releitura de obras

clássicas como a de Caio Prado Júnior e Nelson Werneck Sodré. Os resultados obtidos

apresentam o Estado português com um exército mal formado, mas insistente em

defender seus domínios a partir do contingente populacional das capitanias brasileiras,

seja através de recrutamento forçado ou da institucionalização das ordenanças.9

A capitania de Sergipe del Rei

A região que compreende a capitania de Sergipe del Rei é cortada pelos rios São

Francisco, o rio Vasa-Barris, o rio Real, o rio Sergipe e afluentes que foram

importantes para a metrópole portuguesa porque permitia a comunicação, fluxo de

gente, de mercadorias e metais preciosos da colônia brasileira, articulando, dessa

forma, os centros produtores de açúcar, a exemplo de Pernambuco e a Bahia, centro

administrativo do Estado do Brasil na época. Esses rios mesmo antes da efetiva

colonização no século XVI já tinham sido relatados por religiosos, como o padre

8Exemplo claro dessa nova investidas são as obras Nova história militar de Portugal, dirigida por Manuel

Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira; e Nova história militar brasileira, organizada por Celso

Castro, Vitor Izeckson e Hendrik Kraay. 9SILVA, Kalina Vanerlei. O miserável soldo e a boa ordem da sociedade colonial: militarização e

marginalidade na capitania de Pernambuco dos séculos XVII e XVIII. Recife: Fundação Cultura Cidade

do Recife, 2001.

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Gabriel Soares de Sousa, quando percorria as localidades do que depois passou a ser a

capitania, na tentativa de estabelecer bases evangelizadoras e povoadoras, registrando

em seus escritos e chamando atenção para a presença de piratas europeus que visitavam

com frequência a costa litorânea.10

Da mesma forma que o cronista Gabriel Soares de Sousa descreveu sobre as

condições espaciais, Frei Vicente do Salvador narrou o acontecimento acerca do

processo da Conquista do território que ocorreu no período da União Ibérica.11 Outra

testemunha de época foi Ambrósio Fernandes Brandão, alertando que a capitania

sergipana era real.12 Após essa fase, o território foi tomado dos grupos indígenas, foi

parcelado em sesmarias e doado aos que fizeram parte do grupo de Cristóvão de

Barros13.

No início do povoamento de Sergipe del Rei, a partir de 1590, a economia

estabelecida na capitania foi a pecuária, voltada para abastecer o mercado interno. Nesse

momento, no Brasil, já existiam dois núcleos importantes que estruturava o sistema

colonial, a exemplo de Pernambuco, que estava em processo de expansão da cultura da

cana de açúcar e a Bahia, centro administrativo da colônia brasileira. A intenção da

Coroa portuguesa com as atividades pecuaristas era também promover a contiguidade

territorial da colônia estabelecendo condições para rotas terrestres e comerciais com a

criação de gado.14 Nessa condição, já se pode perceber o lugar e o sentido atribuído pela

10SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Typographia

Universal de Laemmert. 1851. p. 43-46. 11SALVADOR, Frei Vicente do Salvador. História do Brasil. 5 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. p.

301-303. 12BRANDAO, Ambrósio Fernandes. Diálogos das grandezas do Brasil. São Paulo: Melhoramentos,

1977. p. 53. 13 Cristóvão de Barros, que a mando do governador geral Luís de Brito, empreendeu a conquista da

região. 14MELLO, Astrogildo Rodrigues de. O Brasil no período dos Filipes. In.: HOLANDA, Sérgio Buarque

de. História geral da civilização brasileira. Época colonial. Tomo I. Rio de Janeiro,: Bertrand Brasil,

1997. pp. 176-189.

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metrópole a capitania sergipana dentro do sistema colonial estruturando o território com

objetivos de estar voltado para abastecer o mercado interno e servir como elo de ligação

intercapitania.

A economia do gado começou a prosperar de forma rápida em Sergipe del Rei.

Em 1611 Gabriel dos Campos Morenos atestou essa realidade, além de informar sobre o

quadro populacional e a presença da capital São Cristóvão, que já se constituía com foro

de cidade. As informações desse cronista revelaram o desenvolvimento rápido dessa

atividade econômica com pouco contingente populacional residente e um incipiente

aparelho administrativo que contava com a presença de juízes, vereadores, almoxarife e

milicianos organizados em regime de ordenanças.15

No momento da invasão holandesa no nordeste açucareiro, a quantidade de gado

chamou atenção dos soldados e serviu para alimentar as tropas beligerantes que usavam

a capitania como local para espoliação. Cientes da importância dessa economia para as

tropas inimigas, os soldados holandeses saquearam, incendiaram e devastaram o que

havia de atividade econômica, de vida social e de paisagem urbana existente.

A guerra holandesa deixou danos irreparáveis para Sergipe, pois a presença dos

soldados desestruturou a pecuária na capitania. A estratégia utilizada pelos soldados

consistia em atingir o inimigo baiano destruindo o território que servia como espaço de

abastecimento de carne e couro das capitanias produtoras de açúcar, desarticulando

assim as relações comerciais que havia entre elas. O resultado foi de destruição total e

fuga dos moradores para capitanias vizinhas como evidenciou Gaspar Barleus.16

15 MORENO. Diogo de Campos. Livro que dá Razão ao Estado do Brasil. In.: Revista de Aracaju,

Aracaju, v. 2, 1944. p. 257. 16BARLEUS, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil e noutras

partes sob o governo do ilustríssimo João Maurício o conde de Nassau. Rio de Janeiro: Ministério da

Educação, 1940. p. 65-66.

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

A restruturação da capitania de Sergipe del Rei começou assim que a União

Ibérica teve fim e a dinastia de Bragança ascendeu ao trono de Portugal sob o governo

de D. João IV. Esse momento foi importante para o Brasil porque o século XVII marcou

definitivamente a virada do domínio português para o Atlântico e, como tal, para

colônia brasileira.17 Em consequência da queda de metal precioso na Europa, em

especial prata da América Espanhola; das guerras em diversos flancos como na África,

no oceano Índico e no nordeste brasileiro, fez Portugal se voltar para o Brasil. Assim,

depois da expulsão dos holandeses, em 1654, da crise geral europeia, e da queda dos

preços do açúcar resultante da concorrência antilhana, as finanças de Portugal como da

colônia brasileira ficaram precárias. Para sair da situação de crise algumas medidas

foram importantes como a criação de companhias de comércio, a proibição de

arrematação de engenhos de açúcar e estímulo oficial à busca de metais preciosos no

interior, o incentivo à colonização, vigilância das capitanias contra a presença de piratas

inimigos, dentre outras. Essas ações tendiam a fixar, de uma vez por todas, a

administração portuguesa em terras brasileiras.

Na capitania de Sergipe del Rei o rei D. João IV nomeou como capitão mor

Baltazar de Queirós, em 1648. O objetivo era reestruturar Sergipe del Rei do ponto de

vista militar econômico e social. As preocupações podem ser notadas a partir da atuação

do novo governador geral, o conde de Castelmelhor que em carta destinada ao capitão

mor deixou claras as intenções para com a capitania.

Desejando eu que essa cidade se a reedifique e a capitania se aumente de

maneira que brevemente se restitua a seu antecedente ser, e felicidade, e

respeitando as causas que VM. me representou para não ser conveniente a

17WEHLING, Arno, WEHLING, Maria José C. de. Formação do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1994. p. 105.

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este meu intento, o praticar-se o bando que mandei lançar, com as pessoas

que tiveram praça, e estão casadas nessa capitania; me pareceu fazer-lhes

favor continuem em sua fazendas.18

O interesse em desenvolver a capitania sergipana começava pelas condições

materiais, com a reedificação da cidade de São Cristóvão que fora destruída pelos

holandeses quando estiveram em Sergipe. Na mesma carta, o governador pediu ao

capitão mor que passasse informação pormenorizada de tudo, relatando a infantaria, o

número de moradores e quantos seriam capazes de tomar armas, as fortificações, e se

havia companhia de ordenanças e se poderia fazer planta da cidade, dentre outros. Essa

tarefa era urgente porque a capital sergipana necessitava ser reedificada e guarnecida de

soldados. Ao nomear o capitão mor Baltazar de Queirós para administrar, o governador

geral expressava, de forma clara, essa necessidade. Na sua ótica, seria importante essa

tarefa porque afastaria o inimigo. Em consequência dessa fragilidade foi designado, em

junho de 1650, quinze soldados para fazer defesa da mesma localidade.19 Cinco meses

depois, o Conde de Castelmelhor agraciou a cidade com o envio de artilharia, contando

com duas peças de bronze.20

A organização das ordenanças e tropas auxiliares

18CARTA para o capitão mor da capitania de Sergipe Del Rei Baltazar de Queirós em 01/06/1650. In.:

Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (1648-1661). Vol. III da Série I. p. 61. 19CARTA para o capitão Garcia D’Ávila em 09/06/1650. In.: Documentos Históricos da Biblioteca

Nacional (1648-1661). Vol. III da Série I. p. 66. 20CARTA para o capitão mor da capitania de Sergipe del Rei 10/11/1650. In.: Documentos Históricos da

Biblioteca Nacional (1648-1661). Vol. III da Série I. p. 85.

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A ordenança fora criada em Portugal em 1570, no reinado de D. Sebastião e

refletia o momento cultural de atividade bélica porque passava o exército português e a

Coroa para manter suas colônias no além-mar, cujo reflexo vinha de uma lei anterior, a

Leis das Armas.21 Segundo Fernando Dores Costa, a proposta de criação desse tipo de

companhia não era a guerra, mas a guarnição temporária de fronteiras a partir de

trabalho de particulares, ou seja, de moradores da localidade. 22

As ordenanças eram um tipo de organização militar que se diferenciava das

tropas pagas e das recrutadas na colônia porque não serem remuneradas. A Sua

composição era de homens, na faixa etária de 18 a 60 anos de idade, abastados, de

diversos setores econômicos. Era uma tropa fixa, não podendo se deslocar como as

demais.23 Em Portugal, era um tipo de organização convocada em casos de urgência,

mas acabou por se tornando permanente em Sergipe del Rei.

A organização das ordenanças partiu de Portugal para as colônias e foi instituída

através do Regimento dos capitães mores de 1570.24 De acordo com os artigos 10, 11 e

12 desse corpo militar legal, cada companhia de ordenança seria formada de 250

homens composta de um capitão, um alferes, um sargento, um meirinho, um escrivão e

dez cabos. Esse agrupamento maior era dividido em dez esquadras de vinte e cinco

“soldados” cada uma. Caso ocorresse que não tivesse o número de homens suficiente na

21COSTA, Fernando Dores. Milícia e sociedade. In.:BARATA, Manuel Themudo, TEIXEIRA, Nuno

Severiano. Nova História Militar de Portugal. V. II. Lisboa: Círculo de Leitores, 2004. p. 71. 22 Idem. p. 71. 23 PRADO Jr, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense/Publifolha, 2000. p. 320. 24REGIMENTO dos capitães mores, e mais capitaes, e oficiais das companhias de gente de cavalo, e de

pé, e de ordem que tem que se exercitarem. Disponível em:

<http://www.iuslusitaniae.fcsh.unl.pt/verlivro.php?id_parte=115&id_obra=74&pagina=228-250 >Acesso

em 23/03/2013.

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

localidade, o artigo 14 determinava que pelo menos se organizasse uma esquadra com

cem homens.25

A escolha dos militares que ocupavam os postos mais altos nas ordenanças, a

exemplo do capitão, alferes e sargentos mores, ocorria por eleição nas câmaras de

vereadores, como determinava o referido Regimento de 1570.26 No caso de Sergipe del

Rei, como só havia a Câmara de São Cristóvão, cabia a esse senado escolher os sujeitos

para ocuparem tais cargos. Os sujeitos escolhidos tinha que ser os considerados

“pessoas de valor” ou os “melhores da terra” que após serem escolhidos, juravam com a

mão na Bíblia defender os povos locais e só fazer guerra com a autorização real.27

De acordo com os artigos 18 e 19 do Regimento de 1570, o treinamento ou

“exercício” militar ocorria a cada oito dias da semana e sempre aos domingos e dias

santos, que era comum as tropas a pé. Entre as tropas a pé havia prêmio para cada

atividade bem realizada, como o melhor tiro, a melhor lança arremessada, entre outros

No caso das “gentes” de cavalo o exercício ocorria uma vez por mês, ocorria com os

cavalos correndo e “escaramuçando.”28

Em Sergipe del Rei, a historiografia local, a exemplo de Felisbelo Freire, afirma

que a institucionalização das ordenanças data de meados da década de 1660 como

consequência da divisão da capitania em distritos militares29. No entanto, o cronista

Diogo de Campos Moreno informou que desde quando São Cristóvão fora fundada com

status de cidade já existia ordenança guarnecendo as barras dos rios.30 Outras fontes

pesquisadas informam que tanto o parcelamento em distritos militarizados quanto a

presença dessa instituição no período após a expulsão dos holandeses do nordeste

25 Idem. 26Idem. 27 Idem. Artigo 7º. 28 Idem. 29 FREIRE, Felisbelo. História territorial de Sergipe. 30 Diogo de Campos Moreno. Livro que dá Razão. Op. Cit. p. 257.

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

açucareiro, ocorreram no inicio da década de 1650, como se pode ver a partir da tabela

construída a partir das provisões das patente dos cargos militares.

Tabela 01

Infantaria das ordenanças

Nome Distrito/local Cargo/ patente Ano

Francisco Nunes Vassalo Rio Real e Piauí Capitão da ordenança 165031

Vicente Murim Passos Praça de São

Cristóvão

Capitão da ordenança 165032

Belchior da Costa Cotinguiba Capitão de infantaria 165033

Agostinho Pinto de Mattos Rio Real a Inhabupe

pela parte do sertão

Capitão de infantaria da

ordenança

165134

Antonio das Neves Ferro Rio Sergipe ao rio São

Francisco

Capitão de infantaria da

ordenança

165135

Thomé Nunes Cidade de São

Cristóvão

Sargento mor de

infantaria da ordenança

165136

João de Almeida Pestana Cotinguiba Capitão de infantaria 165837

31PATENTE de capitão de infantaria da ordenança dos distritos de Rio Real e Pyaguhy provido na

pessoas de Francisco Nunes Vassalo. Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (1650-1693).

Provisões, Patentes e Alvarás. vol. XXXI. p.74-75. 32PATENTE de capitão de infantaria da ordenança da Praça de Sergipe del Rei provido na pessoas de

Vicente Murim Passos. Idem . p.74-75. 33PATENTE de capitão da Cotenguiba provido na pessoa de Belchior da Costa. Documentos Históricos

da Biblioteca Nacional (1650-1693). Provisões, Patentes e Alvarás. vol. XXXI. p.274-275. 34PATENTE de capitão de infantaria da ordenança dos distritos de Rio Real até o Inhambupe provido na

pessoa de Agostinho de Pinto Mattos. Idem. . p.75-76. 35PATENTE de capitão da ordenança do districto de Sergipe del Rei ao rio São Francisco. Idem p. 110-

111. 36PATENTE de sargento maior da ordenança da cidade de são Cristóvão até Campos do rio Real. Idem.

p. 92-93.

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

Francisco Correa Fialho Itabaiana Capitão de infantaria 166138

Domingos de La Penha Lagarto Capitão de infantaria 166439

Fonte:. Dados extraídos pelo autor a partir das patentes militares dos Documentos Históricos da

Biblioteca Nacional, n. XXXI.

De acordo com a tabela acima, pode-se inferir que na reestruturação da capitania

de Sergipe os administradores portugueses perceberam a incapacidade de garantir a

defesa e a condição de governabilidade da terra, logo, aconselharam o Rei D. João IV a

recorrer a forças particulares nas capitanias, como as ordenanças, dividindo o território

em zonas ou distritos militar.

A atitude da Coroa portuguesa em tornar obrigatória as ordenanças em Sergipe

del Rei coincidiu com o que a historiografia militar portuguesa recente vem afirmando

acerca da insistência dessa dinastia bragantina em defender fronteiras.40 Aliado a isso,

fazia-se necessário marcar o território como domínio português, afastando a tentativa de

invasão dos espanhóis, pois eles poderiam reclamar por direito aposse da terra, uma

vez que os dois reinos estiveram unidos sob um só governo.

Como se disse, as ordenanças eram tropas organizadas para defenderem

fronteiras, mas em caráter de urgência, de acordo com as necessidades locais. No

entanto, na capitania sergipana esse tipo de companhia militar se tornou perene. Essa

condição coloca Sergipe del Rei como um território totalmente militarizado.

Provavelmente, a localização e a situação socioeconômica foram condições essenciais

para a existência dessa instituição na capitania.

37PATENTE de uma companhia da ordenança da capitania de Sergipe del Rei provida na pessoas de João

de almeida Pestana. Idem. p. 230-231. 38 Patente de capitão da companhia da ordenança da capitania de Sergipe del Rei provido na pessoa de

Francisco Correia Falleiro. Idem. p. 269-270. 39PATENTE de capitão da ordenança da dos districtos de Lagarto da capitania de Sergipe del Rei provido

na pessoas de domingos de La Penha. Idem. p. 351-352. 40 Fernando Dores Costa. Op. Cit. p. 71.

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A estratégia de estabelecer ordenanças nas localidades sergipanas tinha como

objetivo a eliminação de mocambos que iam se formando no interior, garantir a defesa

das fronteiras contra inimigos externos, afastar a presença de piratas europeus,

estabelecer segurança das estradas/caminhos que ligavam a capitania da Bahia a de

Pernambuco, e assegurar que os impostos cobrados fossem bem guarnecidos nessas

travessias, estabelecendo assim condições para o desenvolvimento econômico e

comercialização intercapitania. Além disso, as forças militares locais supria a carência

do contingente militar profissional português, que na época era insuficiente.

Na capitania sergipana, a institucionalização das ordenanças pode ser

considerada como um negócio vantajoso tanto para os colonos quanto para os

administradores coloniais. Para os moradores abastados da capitania, participar dessa

instituição garantiria poder, prestígio, status, riqueza sem precisar se deslocar para

outras capitanias ou parte das possessões portuguesas como as demais tropas militares.

Ainda para esses colonos, servindo ao rei, era uma oportunidade de se conseguir mercês

com o acúmulo de funções e serviços prestados, como o hábito da Ordem de Cristo e

sesmarias, podendo ser considerado como “homem bom” e, ao mesmo tempo, estaria

zelando pelos interesses particulares sem sair de suas propriedades. Para a Coroa

portuguesa, resolvia-se a carência de um exército eficiente, garantindo vigilância das

fronteiras e das vias terrestres por onde se trafegava o gado, a produção de gêneros

alimentícios e “drogas do sertão”, não necessitando de gastos do erário público por não

estarem os soldados das ordenanças numa instituição bélica do tipo burocrático.

Há que se destacar que a metrópole não só contou com a institucionalização da

ordenança e soldados pagos na capitania de Sergipe del Rei, mas também com

companhias especiais formadas de acordo com a necessidade local. Por exemplo, a que

foi criada na década de 1680 na cidade de São Cristóvão para proteger as atividades

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comerciais.41 E outra criada quando da notícia da presença de holandeses em costas

sergipanas. A primeira tropa o governador Geral Alexandre de Souza Freire determinou

a condição de ser provida a comerciante e forasteiro cuja graça em 1668 caiu na pessoa

de Mathias Leal42 e a segunda recebeu o nome de Terço de Gente Escolhida e teve

como militares as pessoas consideradas de “valor” pelos administradores

metropolitanos, como se pode ver na nomeação de José Rebello.

Por quanto convem prover o posto de capitão de uma das companhias do

Terço da gente escolhida da Infantaria da Ordenança da capitania de Sergipe

de El-Rei de que é coronel Matheus Marinho Falcão que ora mandei vir em

socorro desta praça pelo aviso que tive de Sua Magestade de poder vir a ella

a armada hollandeza, e que seja em pessoa de valor, pratica de disciplina

militar e muita experiência da guerra. 43

A provisão de José Rebello reforça o que se tinha dito antes a respeito da

utilização de contingentes particulares assumindo funções militares, pois a criação do

Terço de Gente Escolhida acaba por revelar que Sergipe del Rei se configurava como

uma capitania altamente militarizada. A utilização do termo “pessoa de valor” presente

no documento revelou também a forte presença de sujeitos abastados como sinal de que

o desenvolvimento econômico começava a entrar em funcionamento. Desse modo, se

41CARTA patente do posto de capitão da Companhia dos homens de negócio da capitania de Sergipe del

rei provido na pessoa de Matias Leal. Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (1675-1709).

Provisões e correspondência dos governadores gerais. Vol. XI da série IX. p.416-417. 42Idem. p. 416. 43CARTA Patente do posto do Troço(Terço) da gente escolhida da Infantaria da ordenança da Capitania

de Sergipe de El Rei deu que é coronel Matheus Marinho Falcão provido na pessoa de José Rebello.

Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (1650-1693). Provisões, Patente, Alvarás e Mandados.

vol. XXXII. p.5.

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fazia necessário um poder de polícia para defender as atividades econômicas e garantir

tranquilidade e boa rearticulação do sistema colonial.

Considerações

O estudo sobre as ordenanças no século XVII em Sergipe del Rei revelou uma

forte militarização na capitania. Como se pode perceber a partir dos poucos exemplos

que se mostrou neste artigo, a teve importância estratégica para a Coroa portuguesa que

via a administração do território como salutar para o desenvolvimento do sistema

colonial, pois estava situado entre dois polos importantes da colônia, Pernambuco e

Bahia. Nessa condição, tronava-se imprescindível a manutenção da posse territorial e

defesa das fronteiras contra perigos iminentes de negros fugidos e piratas europeus. E

ainda ao se evidenciar as determinações metropolitanas, suscita-se a necessidade de se

rediscutir algumas verdades afirmadas sobre o passado colonial sergipano, a exemplo do

que afirmou Felisbelo Freire quando pintou um cenário de desordem, falta de leis e

desgoverno para a capitania.

A estratégia da Coroa portuguesa de criar o corpo de ordenança, dividir a

capitania em distritos militares e instituir outras tropas similares revela a capitania como

território militarizado, e organizado para atender as características da política

mercantilista da época, tais como o protecionismo. O que em Portugal era usado de

forma emergencial e se desfazia com o afastamento do perigo, na capitania sergipana as

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ordenanças acabaram sendo permanentes até o século XIX.44 Sem essa condição de

perenidade militar local, talvez o sistema colonial fosse um projeto ineficiente.

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44 Até o século XIX existem documentos do Arquivo Histórico Ultramarino que atestam essa afirmação.

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