da legalidade ao golpe de 1964. o espírito santo no contexto da guerra fria legalidade ao golpe...

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Da Legalidade ao Golpe de 1964

Copyright © 2018, Francisco José dos Santos.Copyright © 2018, Editora Milfontes.Rua Santa Catarina, 282, Serra - ES, 29160-104.Compra direta e fale conosco: https://editoramilfontes.com.brDistribuição nacional em: [email protected]

Editor ChefeBruno César Nascimento

Conselho EditorialProf. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU)

Prof. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP) Prof. Dr. Arthur Lima de Ávila (UFRGS)

Prof. Dr. Cristiano P. Alencar Arrais (UFG) Prof. Dr. Diogo da Silva Roiz (UEMS)

Prof. Dr. Eurico José Gomes Dias (Universidade do Porto) Prof. Dr. Hans Urich Gumbrecht (Stanford University)

Profª. Drª. Helena Miranda Mollo (UFOP) Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (UFES)

Prof. Dr. Júlio Bentivoglio (UFES) Prof. Dr. Jurandir Malerba (UFRGS)

Profª. Drª. Karina Anhezini (UNESP - França) Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (UFES)

Prof. Dr. Marcelo de Mello Rangel (UFOP) Profª. Drª. Rebeca Gontijo (UFRRJ)

Prof. Dr. Ricardo Marques de Mello (UNESPAR) Prof. Dr. Thiago Lima Nicodemo (UERJ) Prof. Dr. Valdei Lopes de Araújo (UFOP)

Profª. Drª Verónica Tozzi (Univerdidad de Buenos Aires)

Francisco José dos Santos

Da Legalidade ao Golpe de 1964:

O Espírito Santo no contexto da Guerra Fria

Editora MilfontEs

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação digital) sem a

permissão prévia da editora.

Revisão

Sob a responsabilidade exclusiva dos organizadores

Coordenação Técnica:

Rozimery Baptista F. Nascimento

Projeto Gráfico e Editoração

Cristhian Fontana Mattiuzzi

Impressão e Acabamento

GM Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SA237l SANTOS, Francisco José dos. Da legalidade ao golpe de 1964. O Espírito Santo no contexto da Guerra Fria/ Francisco José dos Santos. Serra: Editora Milfontes, 2018. 224 p. : 20 cm

Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-94353-20-7

1. Espírito Santo 2. Legalidade 3. Golpe de Estado I. Santos, Francisco José dos II. Título.

CDD 981.063

A João Manoel, que tem muito a trilhar pela longa estrada da vida,

À companheira e colaboradora para assuntos pertinentes, Carolina Júlia

Francene Constantino e Renata Constantino

Heitor Francisco e àqueles que acreditam nas transformações.

O Brasil tem uma historicidade de golpes, a questão porém, é transformá-lo: da quantidade para a qualidade.

“Os homens fazem a sua própria História, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, em circunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas”.

Karl Marx

Lista de Siglas

ABERT- Associação Brasileira de Rádio e Televisão;

ALES - Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo;

APEES - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo;

BPES – Biblioteca Pública do Espírito Santo;

CODEC - Conselho de Desenvolvimento Econômico;

DCN - Diário do Congresso Nacional;

ESG - Escola Superior de Guerra;

FPN - Frente Popular Nacionalista;

FU- Frente Única;

IBAD- Instituto Brasileiro de Ação Democrática;

ICL - Instituto Carlos Lindenberg;

IJSN - Instituto Jones Santos Neves;

IRD - Information Research Department (Departamento de Pesquisa e Informações);

IPES - Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais;

IPM - Inquérito Policial Militar;

MTR - Movimento Trabalhista Renovador;

PCB - Partido Comunista Brasileiro;

PDC - Partido Democrata Cristão;

PDS - Partido Democrático Social;

PDT - Partido Democrático Trabalhista;

PEI - Política Externa Independente;

PL - Partido da Lavoura;

PP - Partido Progressista;

PP - Partido Proletário;

PR - Partido Republicano;

PRC- Partido Republicano Construtor;

PRP - Partido da Representação Popular;

PRT - Partido Republicano Trabalhista;

PSD - Partido Social Democrático;

PSP - Partido Social Progressista;

PTB - Partido Trabalhista Brasileiro;

PTN - Partido Trabalhista Nacional;

SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste;

UDN- União Democrática Nacional;

UNE - União Nacional dos Estudantes.

Aqui apareceu as siglas dos partidos, mas no texto não.

SumárioApresentação .........................................................................15

Prefácio ..................................................................................19

Capítulo I

O alvorecer da Guerra Fria ...................................................21As intervenções norte-americanas .............................................21

Apresentação da Guerra Fria na América Latina ....................26

Ações político-econômicas do governo Kubitscheck .............32

Quadro Partidário do Período Democrático (1946-1964) ....35

Aspectos do governo de Jânio Quadros ....................................62

O governo de Jânio Quadros: relações político-econômicas.63

Capítulo II

O panorama político do Espírito Santo (1945-1961) ..........73Análise do quadro político capixaba: lideranças políticas e principais partidos ........................................................................73

Os Governos capixabas no período democrático: o fim do Coronelismo? .................................................................................85

Capítulo III

Campanha da legalidade (1961) ...........................................103O manifesto de Brizola e sua repercussão nacional ................103

Repercussões locais: o ano de 1961 no Espírito Santo ............108

Renúncia de Jânio Quadros e seus reflexos no Espírito Santo: a reação da bancada capixaba ........................................................113

A renúncia de Jânio Quadros e a entrada de Jango na presidência da República pela bancada federal capixaba .......116

O acirramento das disputas: o resultado do plebiscito no Espírito Santo e a imprensa antiChiquinho .............................118

Acusações a João Goulart e o Governo de Chiquinho ...........123

O Estado do Espírito Santo, situação econômica. ...................126

Os embates entre o governo de Francisco Lacerda de Aguiar e a oposição ..........................................................................................139

Preparando o terreno para o golpe: manifestações do anticomunismo no Espírito Santo ..............................................144

Capítulo IV

Conspiração e o golpe de 1964: o contexto ..........................153O ano de 1964 e o Espírito Santo ................................................154

Preparativos para o comício ........................................................155

Comparações dos principais periódicos sobre João Goulart.160

Visão de golpe de estado, de acordo com Moniz Bandeira ...161

O golpe de estado de 1964 na historiografia ............................164

Breve nota sobre o oficial Olympio Mourão Filho ..................174

O golpe civil-militar de 1964 e seus reflexos no Espírito Santo: atuação de chiquinho ....................................................................176

Relato conciso sobre o inquérito contra Chiquinho ...............180

O golpe de 1964 na memória política capixaba: senador Eurico Rezende ...........................................................................................180

O golpe de 1964 na memória política capixaba: o deputado Carlos Alberto Cunha ..................................................................190

O golpe de 1964 na memória política capixaba: o senador João Calmon ............................................................................................191

A imprensa capixaba e as notícias sobre o golpe de 1964: o jornal A Gazeta ..............................................................................193

Assembleia Legislativa: registro nas atas de 1964 ....................196

Os documentos recebidos do Governo Estadual ....................197

Os empresários capixabas saúdam o movimento militar ......200

A resistência ...................................................................................202

Perly Cipriano: um depoimento .................................................202

O deputado Mário Gurgel: voz solitária ....................................203

Novamente o anticomunismo e sua propaganda: uma justificativa? ....................................................................................204

Considerações finais ..............................................................209Para onde vamos? ..........................................................................209

Referências .............................................................................219

Francisco José dos Santos

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Apresentação

O estudo aqui exposto é uma adaptação da minha dissertação de mestrado intitulada Da legalidade ao golpe de 1964. O Espírito Santo no contexto da Guerra Fria, defendida em agosto de 2013. Enceta-se a pesquisa analisando a dominação imperialista dos Estados Unidos, no ensejo da abertura da Guerra Fria por Sir Winston Churchill quando à época (05 de março de 1946), o ex-chanceler britânico pronunciou um discurso nos Estados Unidos, como observou Edgard Barros, Churchill prontamente havia iniciado – em público – a Guerra Fria.1

Não obstante, adentraremos em temas concernentes ao Brasil, objeto primordial em questão, sobre a década de 1960, isto é, anos iniciais, com o governo de Jânio Quadros e sua tão debatida (ou combatida) Política Externa Independente (PEI); seu atribulado governo, de crises políticas, resultou em sua renúncia e na assunção de seu vice, João Goulart, de forma inédita no Brasil, que governou em regime parlamentarista; veremos minuciosamente a deposição de João Goulart em 1964, pelos militares, apoiados por grupos civis, na estrutura edificada do complexo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e de seu “irmão gêmeo” Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD).

É importante salientar, com convicção de historiador, para tais estudos são necessárias fontes imprescindíveis num trabalho de grande envergadura. Aqui são mencionados diversos nomes cujos trabalhos foram essenciais para a realização dessa obra. Nomes como os dos historiadores brasileiros Carlos Fico e o de Gustavo Bezerra, o do uruguaio René A. Dreifuss, e o pesquisador Moniz Bandeira, o italiano Antonio Gramsci com suas reflexões acerca do mundo e o 1 Cf. BARROS, Edgard Luíz. Discutindo a história: a guerra fria. 6 ed. São Paulo: Atual, 1988.

Da legalidade ao golpe de 1964

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fazer político, assim como, as observações do historiador britânico, Eric J. Hobsbawm.

Por conseguinte, para redefinir e compreender os fatos que levaram o presidente João Goulart, um governo civil e democraticamente eleito, a ser deposto por militares implantando no país um regime militar durando vinte e um anos (1964-1985). O aspecto hipotético reside em entender que o golpe de Estado de 1964 teve um caráter civil-militar, pois a conspiração contra o governo de João Goulart contou com a participação de setores da sociedade civil e elementos das Forças Armadas. No estado do Espírito Santo representantes da sociedade civil apoiaram ativamente o golpe civil-militar de 1964.

Tomar a filosofia, isto é, apropriar-se dela, é ter uma orientação, um caminho a ser percorrido com um categórico zelo, e com isso, deve-se fazer uso, ou melhor, um usufruto dela, cabe dizer neste trabalho, com certa narrativa aprazível, a noção de que, “uma estrada de ferro não trafegada, que, portanto, não usada, ‘consumida’, é uma estrada de ferro apenas potencialmente, não efetivamente”.2

Para pensarmos na possibilidade da efetivação dos interesses de uma classe dominante e a permanência dessa classe no poder ou pelo menos representada, o golpe de Estado de 1964 consumou tais perspectivas? Com prerrogativas de arguição anticomunista, combate à corrupção e promoção da moralização da Nação, resultando em um estado de exceção e concretizando o sonho da burguesia e dos setores conservadores da sociedade brasileira maioria de militares, Igreja Católica e outros segmentos estavam alardeados pela hipótese de o Brasil tornar-se uma República Sindicalista liderada por João Goulart ou estavam se submetendo aos ditames estadunidenses?

No decorrer do segundo capítulo, o estado do Espírito Santo, isto é, suas principais lideranças políticas, assim como, os seus respectivos partidos políticos, serão postos em evidência.3 Para

2 MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011, p. 46.3 Ficou salientado, por orientações na qualificação do projeto de mestrado, fazer um

Francisco José dos Santos

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o terceiro capítulo, a análise de como a bancada federal e estadual capixabas comportaram-se mediante os fatos políticos ocorridos na Nação brasileira, e como os setores do empresariado e dos sindicatos absorveram os episódios da renúncia de Jânio Quadros, como também da posse de João Goulart (por vezes rechaçada pelos opositores). Quanto ao quarto capítulo, trata de discutir o golpe de Estado que derrubou João Goulart com abrangência ao Estado do Espírito Santo e seus principais articuladores golpistas.

Como advoga Fernando Achiamé, dissertações e teses não deveriam ser publicadas, isso porque vêm carregadas de termos técnicos, e o intuito é na verdade, apresentar um trabalho mais próximo possível da população em geral.4 Na ânsia do leitor querer saber de como foi o movimento de março/abril de 1964 no estado capixaba, acaba tendo que encontrar muitas notas de rodapé, menções de nomes de vários autores, entre outros. Por vezes também, algum desfalque nas referências bibliográficas. Entretanto, a obra aqui foi fruto de laboriosa pesquisa.

Sabe-se, contudo, como afirma Carlos Fico, que o trato com a história não tem acesso garantido à verdade.5 Nesse sentido, aqui dependeria das fontes e o rigor aplicado a elas. Entretanto, cabe-nos trazer luz sobre as mais profundas inquietações dos últimos tempos: o lugar da História em sua legitimidade investigativa. Quiçá, no limite entre a Ciência e a Filosofia.

Francisco Santos, setembro de 2018.

trabalho que abordasse os principais partidos políticos, assim como suas lideranças e suas atividades. O plano não seria apenas o nacional, mas também o local. Foi necessário buscar alguns elementos informativos, 1930 a 1950, dentre os quais fugiram do foco do período aqui estudado: 1961 a 1964.4 Cf. ACHIAMÉ, Fernando. O Espírito Santo na era Vargas (1930-1937). Elites políticas e reformismo autoritário. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010.5 Cf. FICO, Carlos. O grande irmão. Da operação Brother Sam aos anos de chumbo, o governo dos Estados Unidos e a ditadura militar brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.