da exposição riso, realizada no museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas...

28

Upload: vutram

Post on 09-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,
Page 2: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

Este livro foi publicado por ocasiãoda exposição Riso, realizada no Museu da Eletricidade, Lisboa, entre 19 de outubrode 2012 e 17 de março de 2013.

This book has been published to markthe inauguration of the exhibition LaughTER,on display at the Electricity Museum in Lisbonfrom october 19, 2012 to March 17, 2013.

Page 3: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

Riso: uma exposição a sérioLaughter: a serious exhibition

O Riso: modo de usarLaughter: a user’s manual

Rir por tudo e por nada. O quotidianoLaughing about everything and nothing. Daily life

Muito riso… O corpoLoads of laughter… The body

Ri-te, ri-te… Sexogo ahead, laugh! sex

O riso na ponta da língua. A linguagemLaughter on the tip of the tong. Language

Rir contra. O poderTaking the mickey out of the system. authority

Pagar para rir. O espetáculoPaying to laugh. showbiz

Primeiro Salão dos Humoristas Portugueses (Lisboa, 1912)The First salon of Portuguese humorists (Lisbon, 1912)

Índice de autoresList of authors

Índice de imagensList of works

Agradecimentosacknowledgements

11

21

45

97

151

185

217

257

295

303

355

398

Page 4: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

A vida é demasiado importante para se falar dela a sério.

–Oscar Wilde

A vida é cousa tão séria, os seus problemas são tão graves, que a ninguém assiste o direito de rir. Quem ri é estúpido – de momento, pelo menos. A alegria é a forma comunicativa da estupidez.

–Fernando Pessoa

Life is too important to be taken seriously.–oscar Wilde

Life is so serious and the problems so grave that no ‑one is entitled to laugh. People who laugh are stupid – at least at the present time. happiness is a communicative form of stupidity.

–Fernando Pessoa

Page 5: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

9

Page 6: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

10 11

Prosseguindo e enriquecendo uma progra-

mação que tem feito de grandes exposições

temáticas um dos seus principais centros, a

exposição RISO, pela ambição, pelo âmbito,

pela perspetiva e pelos meios, tem um sentido

que o momento que vivemos torna ainda mais

atual e mesmo agudo.

Para esta exposição, programada há três

anos, a Fundação EDP convidou as Produções

Fictícias para uma parceria que se consolidou

num diálogo criativo intenso. As PF têm uma já

longa atividade na produção de conteúdos de

humor em Portugal (televisão, imprensa escrita,

livros, internet) e trazem a esta iniciativa o seu

património de prestígio, competência e experi-

ência. Contamos ainda com a preciosa colabo-

ração da RTP, depositária do mais valioso arqui-

vo sonoro e audiovisual existente no nosso país.

Pensar este grande código físico, psicoló-

gico, social e cultural é dar à arte, à filosofia, à

literatura, à ciência, ao cinema, ao teatro, à te-

levisão um lugar numa exposição que quer ter

um olhar contemporâneo e plural sobre aqui-

lo que, embora com diversidades e variações,

atravessa todos os tempos e todos os lugares.

A universalidade do riso é feita de marcas

e expressões particulares que, no confron-

to umas com as outras, nos dizem aquilo que

nelas é comum e aquilo que é diferente. É aqui

que podem ser procuradas algumas respostas

a algumas perguntas que, ao longo dos séculos,

foram sendo feitas por filósofos, escritores, ar-

tistas, cientistas.

Esta exposição é acompanhada de várias

publicações e ciclos de iniciativas que têm o

riso, o humor e o cómico como temas. Con-

vidámos especialistas de várias disciplinas e

práticas a darem o seu contributo para aqui-

lo que mais nos motiva: propiciar a investiga-

ção, a produção de conhecimento, o debate,

Laughter is both an enhancement and a continu‑

ation of large ‑scale exhibitions that have been

centred on a range of themes. its broad scope,

ambitious aims, plus the unique perspectives

it conveys and the means employed give the

show a currency and urgency that are especial‑

ly meaningful in these challenging times.

Three years in the making, the exhibition

is the result of a partnership between the EDP

Foundation and Produções Fictícias (PF) that

involved an intensely creative exchange of ide‑

as. PF have had years of experience writing hu‑

morous content for TV, the print media and the

internet and have brought to the project their

experience, skill and prestige. We were also

fortunate to have the priceless collaboration

of the RTP, home to the most valuable audio‑

‑visual archive in the country.

Embodying the great physical, psychologi‑

cal, social and cultural cipher that is laughter

means giving art, philosophy, literature, sci‑

ence, cinema and TV enough display space for

viewers to get a contemporary, multi ‑faceted

view of the world of laughter which, though di‑

verse and changeable, has spanned the con‑

fines of time and space.

The universality of laughter comes from

those particular features and expressions

which, when compared, reveal how they are

alike and how they are different. it is in explor‑

ing these comparisons that we can find the

answers to questions that have been posed

by philosophers, writers, artists and scientists

throughout the ages.

accompanying the exhibition are a num‑

ber of publications and initiatives focused

on laughter, humour and comicity. We also

cordially invite researchers and practition‑

ers to contribute to the goal that motivates

us the most: to encourage research, further

Page 7: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

12 13

a comunicação de ideias. O nosso veemente

desejo é o de conseguir que a exposição dei-

xe, para além do tempo em que está patente,

uma memória que perdure e que seja capaz

de gerar novas curiosidades, novas pesquisas,

novos entusiasmos e novos projetos que con-

tinuem o que agora fazemos.

Numa época vertiginosa, em que tudo se

torna ainda mais rápido e complexo, as coisas

acontecem e muitas vezes nem temos consciên-

cia desse acontecer e das suas consequên-

cias e efeitos. Por isso, desejamos que esta

iniciativa contribua para dar à nossa socieda-

de instrumentos de reflexão e de análise.

Queremos agradecer calorosamente a to-

dos os que nela colaboraram e participaram,

tornando possível este grande projeto: comis-

sários, artistas, arquitetos, designers, produto-

res, técnicos, autores, editores. Expressamos

também, com muito reconhecimento, a nossa

viva gratidão às instituições e colecionadores

que generosamente nos emprestaram obras

ou confiaram direitos.

A Fundação EDP, no cumprimento da mis-

são para que foi criada, tem orgulho em rea-

lizar um projeto cultural com esta dimensão

e alcance. Estamos certos de que o público,

que é o grande destinatário do nosso traba-

lho, saberá responder ao nosso convite para

vir ao encontro dos que nos fizeram ou fazem

rir, descobrindo ainda novos motivos para rir.

E, ao mesmo tempo, pensar qual é o significa-

do do riso na vida individual e coletiva.

Num tempo tão exigente, desejamos que

esta exposição e o RISO que ela evoca, invoca,

convoca e provoca sejam um símbolo de con-

fiança na capacidade que temos para vencer

obstáculos, aprendendo a ver claro para além

do escuro e olhando o futuro com mais otimis-

mo do que aquele que o dia -a -dia nos suscita.

A EDP e a Fundação EDP fazem da confian-

ça e da responsabilidade dois dos seus valores

fundamentais. Eles também estão presentes

em RISO – UMA ExPOSIçãO A SÉRIO.

A FUNDAÇÃO EDP

knowledge and discussion of the topic, and

share ideas. our deepest desire is that long

after the show has closed, its memory will

endure and continue to generate curiosity,

further research, renewed enthusiasm, and

new projects that will continue what we have

started.

in a dizzying era where things are more

rapid and complex, we are often not aware

of the events occurring around us, or of their

impacts and consequences. That is why we

hope that this initiative will provide the com‑

munity with an opportunity for reflection and

discussion.

We extend our deepest gratitude to all

the collaborators and participants who have

brought this project to fruition: curators, art‑

ists, architects, designers, producers, tech‑

nicians, authors and editors. our heartfelt

gratitude also goes out to the institutions and

individual collectors who generously lent out

their works for display or allowed us to use

copyright material.

Carrying out the mission it has been en‑

trusted with, the EDP Foundation is proud to

hold a cultural initiative of this size and scope.

We are confident that our target audience, the

general public, will accept our invitation to vis‑

it and see, firsthand, what made and makes us

laugh, while also discovering new sources of

laughter. We also hope our visitors are encour‑

aged to explore the significance of laughter in

their own lives and in society.

Times are challenging. That is why we hope

this exhibition and the laughter that it evokes

and provokes will show the trust we have in

people’s capacity to overcome obstacles, see

clearly beyond the darkness, and face the fu‑

ture with a greater optimism than we are expe‑

riencing today.

EDP and the EDP Foundation have made

trust and responsibility two of their most

cherished values. They are also values that

are patent throughout LaughTER: a sERious

EXhiBiTioN.

EDP FouNDaTioN

Page 8: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

14 15

Page 9: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

16 17

Page 10: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

19

Page 11: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

20 21

O que é rir? O que mostra e o que esconde o

riso? E o que nos diz o riso de quem ri, daquilo

de que ri, do tempo em que ri e do modo como

ri? O que há de comum entre uma cara de pa-

lhaço, o sorriso da Gioconda, uma anedota de

café, um enredo de comédia, um boneco das

Caldas, uma blague de salão, o D. Quixote de

la Mancha, o Contrainformação, um urinol a que

um artista chamou obra de arte, uma peixeira-

da num restaurante, uma piada da “revista à

portuguesa”, um diálogo de um filme de Woody

Allen, um cartoon de jornal, o riso repetitivo de

um louco, uma sitcom da televisão?

Destas perguntas (e de outras) se faz esta

exposição, mapa de um território sem mapa.

Percorrer os seus possíveis e improváveis ca-

minhos é andar e parar, achar e perder, lembrar

e descobrir, ver e viver, rir e pensar.

O homem sabe rir e sabe fazer rir, diz Bergson,

acrescentando que não há cómico fora do hu-

mano: quando um animal (um macaco, um cão,

um papagaio) ou um objeto (um chapéu, uma

caraça, uma corneta) nos faz rir, é porque des-

cobrimos aí uma semelhança, uma comunica-

ção, uma afinidade humana. Darwin aproxima

a expressão das emoções nos homens e nos

outros animais, fazendo corresponder ao riso do

homem o som reiterado dos macacos antropoi-

des. Fala -se do riso da hiena e do chacal. Há

quem reconheça o riso no relinchar do cavalo.

Já se disse, por isso, que o riso mostra o animal

no homem e reflete o homem no animal.

Para Homero, o riso é cósmico e divino: após

o banquete diário, os deuses riem para mostrar

a exuberância da sua alegria celestial, e o seu

riso é a voz do universo. Mas é Dioniso, o mais

misterioso dos deuses, que põe o riso no centro

da tragédia humana. Baudelaire afirma que “o

riso é humano, porque é satânico”. Com ele, o ho-

mem desafia os deuses, desobedecendo -lhes.

What is laughter? and what are the things

that reveal and conceal it? What does it tell

us about ourselves, what we laugh about and

when and how we laugh? and what do a clown’s

face, the seductive smirk of the gioconda, a

bawdy joke, the plot of a side ‑splitting movie,

a pratfall, a sophisticated quip, Don Quixote, Jon

stewart’s show, a bedpan labelled as art, a bar‑

room brawl, a vaudeville act, a Woody allen dia‑

logue, a newspaper cartoon, a madman’s repeti‑

tive cackle and a TV sitcom have in common?

These questions lie at the core of this ex‑

hibition, which is the roadmap to an uncharted

territory. it is a journey that takes us along likely

and unlikely paths, as we stroll then stop, find

the thread – just to lose it again, reflect, laugh

and relive.

Bergson remarked that man has both the

ability to laugh and make others laugh, add‑

ing that comicity only dwells within humanity.

When an animal (a monkey, dog or parrot) or

an object (a hat, a mask or a trumpet) makes

us chuckle, it’s because we have discovered a

similarity, made a link or established an affinity

with the human condition. Yet Darwin equates

the emotional expressiveness of humans with

that of other animals, drawing a simile between

human laughter and certain repeated vocaliza‑

tions of the anthropoid ape. The word laughter is

used when describing the hyena and the jackal;

and some discern laughter in the neighing of a

horse. That is why some have said that laughter

is a sign of the animal in man and the mark of a

man in the animal.

homer saw laughter as a manifestation of

the cosmic and divine: after their daily ban‑

quet, the gods laughed to vent their celestial

joy, and their laughter became the voice of the

universe. But Dionysus, the most mysterious of

the gods, set laughter at the centre of all human

Page 12: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

22 23

Para ele, o riso é a voz de Prometeu quando rou-

ba o fogo sagrado.

Embora se diga que o Deus judaico -cristão

não ri, Milan Kundera recorda um provérbio ju-

deu segundo o qual “o homem pensa, Deus ri”,

para comentar: “Inspirado por esta frase, gos-

to de imaginar que François Rabelais ouviu um

dia o riso de Deus e que foi assim que a ideia

do primeiro grande romance europeu nasceu.”

Para o autor de O Livro do Riso e do Esquecimen-

to, o romance está na fundação dos tempos

modernos: “A sabedoria do romance é diferen-

te da filosofia. O romance nasceu não do espí-

rito teórico, mas do espírito de humor. Um dos

fracassos da Europa é nunca ter compreen-

dido a arte mais europeia – o romance.” Kun-

dera lembra que Rabelais chamou “agelasta”

àquele que não ri, o que não tem sentido de

humor. E conclui: “Não há paz possível entre o

romancista e o agelasta.” Para George Steiner,

o mais verdadeiramente humano não é o riso,

é o sorriso e o seu mistério, que abrigam feli-

cidades e tristezas insondáveis. Fala de Dante

e do seu moto spirituale, aquele movimento de

alma que se exprime no sorriso. Evoca o sorri-

so da Virgem, que sorri ao menino que lhe sor-

ri, em Giotto, Bellini e Rafael. Lembra a infinita

tristeza alegre dos sorrisos de Watteau. Refere

o terrível sorriso de Iago, em Shakespeare, e

de Mephisto, em Goethe, esse especialista dos

sorrisos. Fala ainda dos sorrisos que se adivi-

nham nos quartetos de Haydn e nas partituras

de Satie.

Relâmpago na noite humana, o riso atra-

vessa a vida, a arte, o mundo, o tempo, alcan-

çando todas as potências e todos os limites.

O riso dessacraliza e sacraliza, afronta e con-

solida, erotiza e deserotiza, mata e morre. Já foi

comparado à posse, ao orgasmo, à rebelião, à

blasfémia, à destruição, à loucura, à traição, ao

crime, à perdição. E também à criação, à obra-

-prima, ao sublime, à salvação.

Código físico, psicológico, social, cultural,

individual e coletivo, a sua história mostra -nos

a permanência e a mudança do riso como sig-

no, ritual e representação. Se atravessarmos

essa história, por entre gargalhadas, vozes,

momices, guinchos, piadas, pantominas, in-

sultos, manguitos, máscaras, bobos, palhaços,

bufões, farsantes, histriões, comediantes, fa-

los, fobias, flatulências, caricaturas, cabriolas,

detritos, humores, escatologias, deformidades,

carnavais, orgias, bacanais, festas, palcos,

ecrãs, vemos o corpo do homem a contorcer -se

tragedy. Baudelaire stated that “laughter is hu‑

man because it’s satanic”. By laughing, man de‑

fies the gods, displaying his disobedience. For

the French author, it was laughter that marked

the voice of Prometheus when he stole the sa‑

cred fire.

although it has been said that the Judeo‑

‑Christian god does not laugh, Milan Kundera

used the substance of a Jewish proverb that

says, “Man thinks, god laughs” to comment,

“inspired by that adage, i like to imagine that

François Rabelais heard god’s laughter one day,

and thus was born the idea of the first great

European novel”. For the author of the Book of

Laughter and Forgetting, the novel lies at the

core of the modern era. “The novel’s wisdom

is different from that of philosophy. The novel

is born not of the theoretical spirit but of the

spirit of humour. (…) one of Europe’s failures is

never having understood the most European of

arts – ‑ ‑ the novel”. Kundera reminds us that it

was Rabelais who coined the word “agelast” to

describe someone who doesn’t laugh or have a

sense of humour and opines that no peace can

be struck between the novelist and the agelast.

For george steiner, the most genuinely human

trait is not the laugh but the smile, the human

feature whose mystery harbours unfathomable

happiness and despair. he talks of Dante and his

moto spirituale – the movement of the soul that

is expressed in a smile – and evokes the smile

that the Virgin Mary bestows on the infant Jesus,

who smiles back at her in the works of giotto,

Belllini and Rafael. he cites the infinitely sad

merriment of the smiles in the works of Watteau

and the sinister smirk of shakespeare’s iago and

goethe’s Mephistopheles, that master of smiles.

he also speaks of the smiles the listener per‑

ceives in haydn’s quartets and satie’s scores.

Like a lightning bolt flashing across the dark

night of mankind, laughter shoots across life,

art, the universe and time, touching the outer

limits. Laughter desanctifies and sanctifies, pro‑

vokes and consolidates, eroticizes and neuters,

kills and dies. it has been likened to possession,

orgasm, rebellion, blasphemy, destruction, mad‑

ness, treason, crime and perdition. But it has

also been likened to creation, the sublime and

salvation.

as a physical, social, cultural, individual and

collective code, throughout history laughter has

both remained and morphed as a sign, a ritual

and an element of representation. if we journey

though its history – amid the guffaws, mimicry,

Page 13: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

24 25

e distorcer -se, o seu rosto a figurar -se e a

desfigurar -se, olhando -se no espelho dos ou-

tros e olhando os outros no seu espelho.

O homem sempre riu, mas não riu sempre

das mesmas coisas, nem da mesma maneira,

nem com os mesmos efeitos. Em todas as cul-

turas, embora de maneiras diferentes, o riso

tem sido vivido, pensado, interrogado, estuda-

do, representado, provocado, prescrito, pros-

crito, mitificado (o riso dos deuses gregos),

sacralizado (o silencioso e sereno riso de bea-

titude do Buda), diabolizado (o riso estridente e

pecaminoso das feiticeiras, dos iconoclastas,

dos hereges).

Na cultura ocidental, de Platão a Aristóte-

les (cujo tratado sobre a comédia se perdeu),

de Hobbes a Kant, de Hegel a Nietzsche, de

Bergson a Freud, o riso, o cómico e o humorísti-

co têm sido um tema filosófico e uma questão

antropológica, muitas vezes vistos como de-

safio impertinente ou enigma irritante. É que,

quando o pensamento quer dar ao riso uma

definição, fixá -lo num conceito, numa catego-

ria, numa classificação, numa sistematização,

numa taxonomia, numa lei, é como se o riso

se risse disso, fazendo pouco desse falhado

esforço da razão. O riso tem em si um paradoxo

e uma aporia: quem pensa o riso deixa de rir e

quem ri deixa de pensar.

Tema filosófico constante desde os gre-

gos antigos, o riso também tem sido um gran-

de tema literário e artístico. De Aristófanes a

Woody Allen, de Cervantes a Almodovar, de Ra-

belais a Proust, de Brueghel a Bordalo Pinhei-

ro, de Molière a Beckett, de Laurence Sterne

a Chaplin, de Shakespeare a Duchamp, de Eça

aos Monty Python, o riso está no centro de

grandes obras da cultura e da civilização. Hoje,

é também um grande tema das ciências. O riso

tem uma filosofia, uma fisiologia, uma psico-

logia, uma antropologia, uma sociologia, uma

história, uma literatura, uma arte, uma ideolo-

gia, uma economia, uma mediologia. E muitas

das outras culturas veem o riso com uns olhos

que nos são diversos e com uma sabedoria

que acrescenta a nossa.

Interrogar o riso1 – os seus mecanismos, as

suas simbolizações, as suas metamorfoses – é

perguntar por nós: pelo que fomos, pelo que

somos, pelo que seremos. É perguntar como

fomos vendo o que fomos sendo. É perguntar

como olhamos e como somos olhados.

Rimos de quê? De nós e dos outros, da vida

e da morte, do bem e do mal, da felicidade e

squeals, jokes, pantomimes, insults, masques,

clowns, buffoons, comedians, phalluses, phobi‑

as, flatulence, caricatures, cartwheels, litter, lev‑

ity, scatology, carnivals, festivals, bacchanals,

orgies, stages and screens – we see the human

form contorted and distorted, faces that deform

and take form, mirrored in the faces of others,

while mirroring others’ faces.

humankind has always laughed. But it has

not always laughed at the same things, or the

same way, or with the same effect. in all cul‑

tures, though in different ways, laughter has

been experienced, imagined, questioned, stud‑

ied, represented, provoked, prescribed, pro‑

scribed, mythologized (the laughter of the greek

gods), sanctified (the silent, serene, beatific

laughter of the Buddha) and demonized (the

strident, evil cackle of witches, iconoclasts and

heretics).

in Western culture, from Plato and aristo‑

tle (whose treatise on comedy has been lost),

to hobbes and Kant, hegel and Nietzsche, and

Bergson and Freud, laughter, comedy and hu‑

mour have been the subjects of philosophi‑

cal musing and an anthropological issue often

viewed as either an impertinent challenge or an

irritating enigma. The trouble is that when think‑

ers set about trying to define laughter, label it,

pigeonhole it, classify it, systematize it or make

it square with a taxonomy or a law, laughter it‑

self lets out a hearty laugh, making fun of the

failed attempt at reasoning. in the end, laughter

is both the seat of a paradox and an aporia: the

person who thinks about laughter stops laugh‑

ing and the person who laughs stops thinking.

a constant philosophical topic since the time

of the ancient greeks, laughter has also loomed

large in literature and the fine arts. The never‑

‑ending list that includes such timeless yet di‑

verse luminaries as aristophanes, Woody allen,

Cervantes, almódovar, Rabelais, Proust, Breugel,

Bordallo Pinheiro, Molière, Becket, Laurence

sterne, Charlie Chaplin, shakespeare, Duchamp,

Eça de Queiroz and the Monty Python crew, is

ample proof that laughter is at the centre of

civilization’s great cultural creations. But today

laughter is also the subject of science, and can

boast of a philosophy, physiology, anthropology,

sociology, history, literature, art, ideology, econ‑

omy and mediology of its own. and many other

cultures view laughter quite differently and with

a wisdom that can only serve to augment ours.

To question laughter1 – its mechanisms,

symbols and metamorphoses – is to question

Page 14: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

26 27

da desgraça, da autoridade e da anarquia, dos

deuses e dos demónios, da terra e do céu.

Rimos como? Com a mente e com o corpo,

com o som e com o silêncio, com alegria e com

tristeza, com generosidade e com agressão,

com compreensão e com intolerância, com

inteligência e com estupidez, com bondade e

com maldade, com subtileza e com grosseria,

com oportunidade e sem ela.

Rimos porquê? Porque queremos ser supe-

riores àquilo de que rimos, porque queremos

que a nossa inferioridade resista à superiori-

dade dos outros, porque queremos vingar -nos

do que nos fizeram, porque queremos afirmar

poder e saber, porque queremos mostrar indi-

ferença ao que não nos é indiferente, porque

queremos que reparem em nós, porque que-

remos criticar, porque queremos castigar o

que achamos mal, porque queremos disfarçar,

porque queremos esconder, porque não te-

mos palavras para dizer o que queremos dizer,

porque nos fazem cócegas, porque estamos

nervosos, porque estamos carentes, porque

temos medo, porque temos vergonha, porque

queremos mudar de assunto, porque achamos

graça, porque queremos ter graça, porque so-

mos loucos, porque estamos felizes.  

O que provoca o riso, ou o sorriso, é o reco-

nhecimento ou o desconhecimento. É reconhe-

cer o familiar no estranho, a regra na exceção,

o normal no anormal. E vice -versa! Uma criança

sorri ao reconhecer a mãe; depois ri quando

a mãe faz uma careta e a desconhece nisso;

a seguir, a mãe sorri, e é nesse sorriso que a

criança a reconhece de novo, voltando a sorrir.

O humor joga -se nesses reconhecimentos

e nesses desconhecimentos, numa deslocação

de sentidos. Nas suas múltiplas formas e varia-

ções, sobrepõe tipos diferentes de informação

e de perceção, gerando novos sentidos que se

corporizam num riso. Se a pele é o lugar onde os

corpos se tocam (“O mais profundo é a pele”, diz

Valéry), é na pele do humor que as linguagens

se tocam (“A minha linguagem é uma pele. Eu

esfrego a minha linguagem contra a do outro”,

diz Barthes).

Os seres humanos sempre tiveram vontade

de rir. A literatura e o teatro, o cinema e a músi-

ca, com ou sem palavras, foram sempre lugares

de riso: motores dele ou da sua representação.

Nas belas -artes, o riso apareceu como um re-

gisto discreto: de beatitude sagrada (nos rostos

idealizados dos santos), ou de realismo profa-

no (nos elegantes retratos das encomendas

ourselves: what we were, what we are, what we

will be. it involves questioning the way we were

through the lens of what we have become. it in‑

volves questioning how we see things and how

we are seen.

What do we laugh at? ourselves and others,

life and death, good and evil, happiness and

misfortune, authority and anarchy, gods and

demons, heaven and earth.

how do we laugh? With our minds and our

bodies, with sound and silence, with joy and

sadness, with kindness and aggressiveness,

with understanding and intolerance, with intel‑

ligence and stupidity, with goodness and evil,

with subtlety and crassness, when the laughter

is warranted and when it’s not.

Why do we laugh? Because we want to feel

superior to what we’re laughing at, because we

want our inferiority to withstand the superior‑

ity of others, because we want to get back for

what others have done to us, because we want

to assert our power and knowledge, because we

want to look indifferent when something is not

indifferent to us, because we want to be noticed,

because we want to criticize, because we want

to punish, because we need to hide something,

because we can’t find the words to say what

we want to, because they tickle us, because

we’re nervous, needy, scared or ashamed, be‑

cause we want to change the subject, because

we think something’s funny, because we want

to be funny, because we’re crazy and because

we’re happy.

What makes us laugh or smile is recognition

or the unknown. it’s recognizing the familiar in

the unfamiliar, the rule in the exception, and the

normal in the abnormal, and vice ‑versa. a baby

smiles when he recognizes his mother then

laughs when she pulls a face that makes her

unrecognizable. Then she smiles, the child rec‑

ognizes her and smiles again.

humour is played out in this realm of recog‑

nition and lack of recognition, in the shifting of

perceptions. With its multitude of varieties and

forms, it juxtaposes different kinds of informa‑

tion and awareness, generating new percep‑

tions that culminate in a laugh. if the skin is the

place where bodies touch (“What is most deep

is the skin,” Valéry stated), then languages touch

each other with the skin of humour (“Language

is a skin: i rub my language against the other, as

if i had words instead of fingers,” Barthes said).

 human beings have always felt the desire

to laugh. Literature and the stage, the movies

Page 15: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,
Page 16: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

40 41

eu-EuEu-outronatureza-culturapessoa-mundopalavra-imagemcorpo-máquinanecessidade-contingêncialiberdade-automatismoretórica-dialéticasom-silêncioprivado-públicopresença-ausênciamorte-vidadia-noitesono-vigílianu-vestidohomem-animalfeminino-masculinosagrado-profanointerior-exteriordireito-avessoversão-inversãoação-inaçãorealidade-imaginaçãopoesia-prosaato-moralreal-idealverdade-mentiracerteza-dúvidaacerto-erroconcordância-discordânciaformação-deformaçãovirtude-pecadorazão-loucurainteligência-estupidezuma lógica-outra lógicanome-númerocongruência-incongruênciacoerência-incoerênciaescassez-abundânciaconhecimento-ignorânciahabilidade-inabilidadecivilização-barbárie

bondade-maldadesignificado-insignificantesuperioridade-inferioridadeexclusão-inclusãointegrado-desintegradoarticulação-desarticulaçãoorganizado-desorganizadoforma-conteúdometonímia-metáforacomunicação-incomunicabilidadeuma língua-outra línguasolene-informalestável-instávelteoria-práxisliteral-figuradovisual-acústicomovimento-ritmoinércia do movimento-inércia do repousosimetria-assimetrialimitado-ilimitadocriação-destruiçãocontinuidade-ruturaigual-diferenteobra-críticaliberdade-opressãohistória-atualidadeanatomia-fisiologiaespírito-matériaortodoxia-heterodoxiapoder-anarquiapaz-guerraprazer-dorafirmação-negaçãopergunta-respostaaceitação-recusaprincípio-fimantecipação-atrasoganho-perdatriunfo-derrotacoragem-cobardiajuventude-velhiceantigo-modernocélebre-desconhecido

vontade-impotênciamemória-amnésiacheio-vaziorico-pobrefeio-beloalto-baixosubida-quedagrande-pequenogordo-magroforte-fracofrio-quentevertical-horizontalfrente -trazsemelhante-diferentevoluntário-involuntárioindividual-coletivoproibido-permitidoútil-inútillonge-pertoafinado-desafinadocôncavo-convexoem baixo-em cimaquadrado-redondoagudo-gravecor-incolorleve-pesadomole-durovisível-escondidooriginal-cópiainvenção-repetiçãounidade-pluralidadeaceleração-paragemmuito-poucoesperado-inesperadosublime-horrívelelevado-abjetoelegante-grosseirofeliz-infelizobediente-desobedientesaudável-doenteaberto-fechadodito-não dito.

1 O riso está em todos os hífenes que ligam, em junção, sobreposição, oposição, contraste ou tensão,os pares:

i‑Myself

i‑others

nature‑culture

the individual‑the world

word‑image

body‑machine

necessity‑contingency

freedom‑automatism

rhetoric‑dialectic

sound‑silence

private‑public

presence‑absence

life‑death

day‑night

slumber‑wakefulness

naked‑clothed

man‑animal

feminine‑masculine

sacred‑profane

interior‑exterior

face up‑face down

straight‑inverted

activity‑inactivity

reality‑imagination

poetry‑prose

act‑morality

real‑ideal

truth‑falsehood

certainty‑doubt

correctness‑error

concord‑discord

formation‑deformation

virtue‑vice

reason‑madness

intelligence‑stupidity

one rationale‑another rationale

name‑number

congruence‑incongruity

coherence‑incoherence

scarcity‑abundance

knowledge‑ignorance

ability‑inability

civilization‑barbarism

kindness‑meanness

significance‑insignificance

superiority‑inferiority

exclusion‑inclusion

integrated‑disintegrated

articulation‑disarticulation

organized‑disorganized

form‑content

metonym‑metaphor

communication‑incommunicability

one language‑another language

solemn‑informal

stable‑unstable

theory‑practice

literal‑figurative

visual‑acoustic

movement‑rhythm

movement inertia‑ resting state inertia

symmetry‑asymmetry

limited‑unlimited

creation‑destruction

continuity‑hiatus

same‑different

opus‑critique

liberty‑oppression

historical‑current

anatomy‑physiology

spirit‑matter

orthodox‑heterodox

power‑anarchy

peace‑war

pleasure‑pain

affirmation‑negation

question‑answer

acceptance‑rejection

beginning‑end

beforehand‑belated

win‑lose

triumph‑defeat

courage‑cowardice

youth‑old age

ancient‑modern

fame‑obscurity

will‑impotence

memory‑amnesia

full‑empty

rich‑poor

pretty‑ugly

tall‑short

rise‑fall

great‑small

fat‑thin

strong‑weak

hot‑cold

horizontal‑vertical

front‑back

similar‑different

voluntary‑involuntary

individual‑collective

permitted‑prohibited

useful‑useless

near‑far

in tune‑out of tune

concave‑convex

above‑below

square‑round

acute‑grave

coloured‑colourless

heavy‑light

hard‑soft

visible‑concealed

original‑copy

invention‑repetition

unity‑plurality

acceleration‑stoppage

a little‑a lot

expected‑unexpected

sublime‑appalling

exalted‑abject

elegant‑crass

happy‑unhappy

obedient‑disobedient

healthy‑sick

open‑closed

said‑unsaid.

1 Laughter is inherent in all of the hyphens that link and form a connection, an overlay,

an opposition and a contrast between the pairs:

Page 17: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

43

Page 18: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

Laughingabout everything

and nothing

Daily life

Page 19: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

48 49

atirar -se continuadamente contra uma parede

ou tentar deslocar com um esforço hercúleo

estátuas colossais que se descobre serem

de esferovite. Irresistível é quando o absurdo

toma conta das situações banais: um hambúr-

guer no pão serve de calço para uma cómoda

ou uma coisa muito grande é metida à força

dentro de outra muito pequena. E como evitar

o riso perante uma matilha de cães de louça

kitsch balouçando uns contra os outros até

se transformarem em cacos? E de tudo o que

acontece em casa de cada um de nós e dos

nossos amigos: entre filhos, pais, tios, avós?

As perguntas das crianças, os percalços com

os animais, as tias malucas, os tios tarados.

E como não rir das cenas em que aquele em-

pregado se engana e carrega nos botões er-

rados, ou em que o outro dança de modo es-

tranho ou confunde o chefe com um colega,

metendo -se numa grande alhada? JP/NC

styrofoam. Laughter is also provoked when the

absurd appropriates the mundane: when a ham‑

burger is used to steady a chiffonier, or when

someone tries repeatedly to stuff an oversized

object into a tiny space. We hold our sides when

a pack of embattled dogs smashes to smither‑

eens a prized collection of kitschy knick ‑knacks

on a tottering sideboard.

Everything that happens in our own

homes, our friends’ homes, between parents

and children, uncles, aunts and grandparents

can be side ‑splittingly funny: kids who say

the darndest things, the antics of pesky pets,

the aunt who’s bonkers and the curmudg‑

eony uncle. how can you keep from stifling a

smile when the onscreen servant mistakenly

presses a bunch of call buttons, does a dorky

dance, or mistakes the lord of the manor for a

lowly delivery man and gets himself into hot

water? JP/NC

Page 20: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

46 47

vida quotidiana é permanentemente

inundada por sorrisos, risos, garga-

lhadas, em registos mais ou menos

altos, mais ou menos estridentes, mais ou me-

nos entre dentes, estúpidos ou inteligentes. Rir

não tem lugar próprio ou hora marcada, pode

contagiar tudo e todos: um riso inesperado

e involuntário que, na maior parte das vezes,

surge sem razão esperada ou motivo certo, e

acontece a qualquer um. Desde as situações

mais sérias e graves, até às mais banais e co-

muns, tudo e todos podem dar vontade de rir.

Sabe -se que rimos quase todos os dias e de

quase todas as coisas: do que nos acontece

e do que acontece aos outros. Das pessoas

que caem na rua ou tropeçam nas escadas,

daquelas que, vítimas da grande partida da

vida, escorregam numa casca de banana. Mas

não são só os desastres pessoais que são hi-

lariantes, os desastres urbanos também. Como

não rir de um automóvel preso nos carris do

comboio com a locomotiva a aproximar -se ve-

lozmente? Ou de um automóvel elevado por um

potente esguicho de água? E da fachada de

uma casa que cai em cima de alguém sem que

“vítima” se aperceba?

Também nos rimos de quem tenta “vestir”

uma cadeira e fica com o corpo deformado e

se transforma em homem -cadeira e de alguém

que, atrás de um caixote do lixo, se torna cai-

xote do lixo. Depois, certos objetos caseiros

lembram formas inesperadas: uma vassoura

passa a espingarda num programa de limpe-

za doméstica, ou uma chávena cuja asa sur-

ge inesperada do lado de dentro. E há sem-

pre aquelas pessoas a quem um copo a mais

entre amigos transforma numa grande piada.

Finalmente, há quem vista roupas estranhas

e passe a homem -pano -do -pó ou quem insis-

ta em fazer coisas totalmente sem sentido:

Nada é tão engraçado como a desgraça.

–samuel Beckett

verybody’s daily life is constantly per‑

meated by smiles, laughter and guf‑

faws that may be loud or soft, strident

or discreet, open or muffled, dumb or smart.

There’s no set time or place to laugh; hilarity

can grab anyone at any time. usually, an un‑

witting smile takes hold without any rhyme or

reason. in the most serious and solemn cir‑

cumstances or in the most banal and mun‑

dane, something can tickle your funny bone.

People laugh every day and at practically

everything: whether the thing happened to us

or someone else. someone stumbles on the

street, takes a dive on the stairs or – victimized

by life’s greatest sight ‑gag – slips on a banana

peel. But not only personal mishaps provoke

peals of laughter; urban scenarios do too, like

those consigned to comic history by the silent

screen: a car caught on the train tracks before

an oncoming locomotive, an auto borne aloft

by the blast from a fireman’s hose, the façade

of a house that falls on a hapless bystander

who cluelessly stands unharmed where an

open window was.

also laugh ‑provoking is the goofball who tries

to “wear” a chair, then gets so hopelessly entan‑

gled that he becomes a chair ‑man; or the guy

who hides so long behind a garbage can that

he morphs into a human waste bin. There’s the

comedic ploy of the household item that takes

an unexpected form: the broomstick that be‑

comes a rifle while someone does their chores,

a cup where the handle suddenly appears on

the inside. There’s the timeless gag of the fellow

who’s falling ‑down drunk at a gathering of sober‑

‑sided snobs; the ragamuffin who gets mistaken

for a dust cloth; the weirdo who, for no apparent

reason, keeps hurling himself against a wall; the

schlemiel who makes a herculean effort to lift

colossal statues that end up being made out of

Nothing is as funny as unhappiness.–samuel Beckett

Page 21: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

50 51

Page 22: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

52 53

Page 23: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

54 55

Page 24: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

56 57

Page 25: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

pág./pages

pág./pagesÍndice de imagens Índice de imagenslist of works list of works

Listof works

Page 26: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

356 357

pág./pages

pág./pagesÍndice de imagens Índice de imagenslist of works list of works

1. Buster KeatonSafety Last!, 1923Directed by Fred C. Newmeyer and Sam TaylorScript by Hal Roach, Sam Taylor, Tim Whelan, H. M. WalkerJean C. Havez and Harold Lloyd.

João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Acrylic glass, aluminium and iron44.92 m2From the artist’s collection© João MirandaInstallation at the Electricity Museum, Lisbon

João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Detail of the installation

João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Preliminary studies

Cristina SampaioUntitled, undatedCartoon

Pedro CasqueiroWhew, 2001Acrylic on canvas162 x 130 cmCourtesy of the artist and Filomena Soares Gallery

1. Andy WarholPortfolio N. 4 – Peter Malatesta & Monique van Vooren, Washington D.C., 1980Black and while photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-889Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

2. Andy WarholPortfolio N. 4 – Henry Kissinger & Elisabeth Taylor, Washington D.C., 1980Black and while photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-895Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

3. Andy WarholPortfolio N. 4 – Bianca Jagger, Liza Minnelli & Jacqueline Onassis in Liza’s Dressing Room, N.Y., 1980Black and white photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-613Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

Nicolas-Antoine TaunayReturning from a Wedding, 1801-1815 Oil on canvas47 cm in diameterInv. 1695 PintCollection of the National Museum of Early Art © José Pessoa and the General Directorate for Cultural Heritage / Documentation Communications and Computer Division

Pieter BoutInside a Tavern, 1664 Oil on oakwood36.5 x 34.5 cmInv. 539 PintCollection of the National Early Art Museum© Carlos Monteiro e and the General Directorate for Cultural Heritage / Documentation Communications and Computer Division.

João OnofreEvery Gravedigger in Lisbon (Ajuda Cemetery, Alto São João Cemetery, Benfica Cemetery, Carnide Cemetery, Lumiar Cemetery, Olivais Cemetery, Prazeres Cemetery), 2006Digital c-printSet of 764.8 x 71. 8 cm (each)Courtesy of Cristina Guerra Contemporary Art, Lisbon

The Adams Family (1964-1966), ABC

1. Modern Family (2009), with Ed O’Neill, Sofia Vergara, Julie Bowen, Ty Burrell, Jesse Tyler Ferguson and Eric Stonestreet

2. Mork and Mindy (1978-82), with Robin Williams and Pam Dawber.

3. I Love Lucy (1951), with Lucille Ball and Desi Arnaz

1. The Simpsons (1989), by Matt Goening

p. 9

pp. 14-5

pp. 16-7

pp. 18-9

p. 28

p. 43

p. 50

Buster KeatonSafety Last!, 1923Realizado por Fred C. Newmeyer e Sam TaylorArgumento de Hal Roach, Sam Taylor, Tim Whelan, H.M. Walker, Jean C. Havez e Harold Lloyd

João LouroA Casa De Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Vidro acrílico e alumínio e ferro44,92 m2Col. do artista© João MirandaVista da instalação no Museu da Eletricidade, Lisboa

João LouroA Casa de Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Pormenor da instalação

João LouroA Casa De Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Estudos

Cristina SampaioSem título, s.d.Cartoon

Pedro CasqueiroWhew, 2001Acrílico sobre tela162 x 130 cmCortesia do artista e da Galeria Filomena Soares

1. Andy WarholPortfolio N. 4 – Peter Malatesta & Monique van Vooren, Washington D.C., 1980Fotografia a preto e branco32,4 x 43,4 cmUID 102-889Col. Museu Coleção Berardo© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

2. Andy WarholPortfolio N. 4 – Henry Kissinger & Elisabeth Taylor, Washington D.C., 1980Fotografia a preto e branco32,4 x 43,4 cmUID 102-895Col. Museu Coleção Berardo© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

p. 51

p. 52

p. 53

p. 54

p. 55

p. 56

p. 57

3. Andy WarholPortfolio N. 4 – Bianca Jagger, Liza Minelli & Jacqueline Onassis in Liza’s Dressing Room, N.Y., 1980Fotografia a preto e branco32.4 x 43.4 cmUID 102-613Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012

Nicolas-Antoine TaunayRegresso da Boda, 1801-1815 Óleo sobre tela47 cm diâmetroInv. 1695 PintCol. Museu Nacional de Arte Antiga© José Pessoa e Direção-Geral do Património Cultural / Divisão de Documentação, Comunicação e Informática

Pieter BoutInterior de Taberna, 1664 Óleo sobre madeira de carvalho36,5 x 34,5 cmInv. 539 PintCol. Museu Nacional de Arte Antiga© Carlos Monteiro e Direção-Geral do Património Cultural / Divisão de Documentação, Comunicação e Informática.

João OnofreEvery Gravedigger in Lisbon (Cemitério da Ajuda, Cemitério do Alto São João, Cemitério de Benfica, Cemitério de Carnide, Cemitério do Lumiar, Cemitério dos Olivais, Cemitério dos Prazeres), 2006Digital c-printConjunto de 764,8 x 71, 8 cm (cada)Cortesia Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa

The Adams Family (1964 – 1966), ABC

1. Uma Família Muito Moderna (2009), com Ed O’Neill, Sofía Vergara, Julie Bowen, Ty Burrell, Jesse Tyler Ferguson e Eric Stonestreet

2. Mork and Mindy (1978-82), com Robin Williams e Pam Dawber

3. I Love Lucy (1951), com Lucille Ball e Desi Arnaz

1. Os Simpsons (1989), de Matt Goening

Page 27: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

398 399

Afonso ArnaldoAlexandre AlmeidaAlexandre RamosAlfredo Maria GonçalvesAndré CarrilhoAndré GuedesAndré RuivoAntónio AntunesAntónio CarrapatoAntónio OlaioAugusto CidBela SilvaBenoît van Innis BESart Colecção Banco Espírito

SantoBiblioteca Nacional Bruno PachecoCAM CAMBCarla Filipe Carlos Bessa PereiraCasa das Histórias Casa -Museu Dr. Anastácio

Gonçalves Casa -Museu Medeiros e Almeida Colecção Berardo Cristina Sampaio Eduardo Rosa SilvaEllipse Foundation Emília NadalEspino Sánchez -GrandeFaianças Artísticas Bordallo

Pinheiro Fernando PêraFLAD – Fundação Luso Americana

para o Desenvolvimento Fundação Arpad Szenes – Vieira

da Silva Fundação Cupertino de Miranda

Fundação PLMJ Gabriel AbrantesGaëtanGaleria 111Galeria Alecrim 50 Galeria Cristina Guerra Galeria Fernando Santosz

zGaleria Filomena Soares Galeria Graça BrandãoGaleria Miguel Nabinho Galeria Nuno Centeno Galeria Pedro Oliveira Herdeiros Manuel de Brito ImaginArte Producciones S.L.U.Jérôme Bell Joana Vasconcelos João Louro João Pedro ValeJorge BrilhanteJorge MolderJosé BandeiraJosé LoureiroJosé Maria TallonJuan Munoz Estate Júlio Pomar Lidija KolovratLúcio CoelhoLuís AfonsoLuís RamosLuís Sáragga LealLuís Torgal Ferreira Luísa CunhaManuel Baptista Manuel BotelhoManuel João VieiraMário Teixeira da SilvaMuseu Bordalo Pinheiro Museu do Azulejo Museu do Caramulo

Museu Nacional de Arqueologia Museu Serralves Pedro Cabrita Reis Rui Calçada BastosRui OchoaSão Roque AntiguidadesSusanne ThemlitzVera Cortês Art AgencyE ainda a:Alexandra CondeAlexandra PinhoAlexandra Serôdio GomesAna Cristina RamosAna Isabel Palma SantosAna VasconcelosAndreia PoçasAndy OrdonezAnnamaria CocchioniAntónio GonçalvesCarlos EliasCatarina AlfaroCristina GuerraCristina IglesiasDaniela SiragusaDuncan HayesEdward ZimmermanElliot LedermanElliott RootseyFernando SantosFilomena SoaresFrances Quashie -IdunFrancisco GraveFrancisco SoaresGiovanni MorettiHazel LevyHelena AbreuHelena de FreitasHelena NunesHugo Aragão Correia

A Fundação EDP agradece a todos os colec-cionadores particulares e institucionais que tornaram possível esta exposição:

The EDP Foundation would like to thank all the private collectors and institutions that have made this exhibition possible:

Inês TeixeiraIrwin J. TenenbaumIsabel AlvesIsabel CarlosJeremy LottJoana Ferreira GomesJoão FernandesJoão MirandaJoão SilvérioJosé Alberto RibeiroJosé BerardoJosé Manuel Costa AlvesJosé Mário BrandãoJulie HodgeLarry McCallisterLídea KolovratLouise AllcockLuís ErlangerLuís Raposo Luís Sáragga LealLuís TeixeiraLuísa GuerreiroManuel SantosMargarida CarvalhoMargarida PaesMaria Antónia Pinto de Matos

Maria Arlete SilvaMaria BurmesterMaria de Fátima RibeiroMaria Inês CordeiroMaria João PachecoMaria José OliveiraMaria Olinda Loureiro da Silva

ManolitoMaria Teodora MarquesMariana Caldas de AlmeidaMariana GasparMarina Bairrão Ruivo e Sandra

Brás SantosMário Cabral DomingosMário GouveiaMário RoqueMegan BradfordMiguel FerreiraMiguel Gonçalves MendesMiguel NabinhoMiguel ProençaNathalie ChalomNorman LearPatrícia RosasPaula AparícioPaula Fernandes

Paula LeitãoPaulo ArantesPaulo PrantoPedro Bebiano BragaPedro LapaPilar Norton dos Reis Rita LougaresRita MarquesRobi LublinerRoger SaundersRui BritoSandra FeioSandro GrandoSérgio GatoShane MurphySophie EnderlinStephanie MolloyTati LongoTeresa VilaçaThiago Lima SilvaTiago EnviaTiago Patrício GouveiaValesca ValeVasco AraujoVera CortêsVítor Gonçalves

Page 28: da exposição Riso, realizada no Museu da fileque podem ser procuradas algumas respostas a algumas perguntas que, ao longo dos séculos, foram sendo feitas por filósofos, escritores,

FUNDAÇÃO EDP Conselho de Administração/Board of Directors: António de Almeida António Mexia Sérgio Figueiredo  Diretor Cultural/Cultural Director: José Manuel dos Santos                Diretor do Museu da Eletricidade/ Electricity Museum’s Director: Eduardo Moura Diretora de Comunicação/Communication Director: Catarina Seixas   EXPOSIÇÃO/EXHIBITION  Comissários/Curators:         José Manuel dos Santos João Pinharanda Nuno Artur Silva Nuno Crespo  Assistentes de Comissariado/ Assistant Curators:Joana Simões Henriques José Machado  Design Exposição/Exhibition Design:António Pedro Louro Gonçalo Prudêncio Pedro Ferreira Rita João  Assessor Cultural/Culture Adviser:António Soares         Produção/Production:Margarida Almeida Chantre Aires Duarte Fernando Ribeiro Pascal Carvalho  Conservação e Registo/Conservation and Register:Joana Simões Henriques Margarida Almeida Chantre  Gestão e Assistência Jurídica/ Management and Legal Assistance:António Guimarães Verdial  Comunicação/Communication:Elisabete SáInês Rebelo Pereira Mádia Fuso Matilde Paiva Raposo Rosa Amaral  Tradução e Revisão/Translation and Proof -Reading:José Gabriel Flores 

Kennis TranslationsAmeriConsulta 

Design Gráfico/Graphic Design:Vera Tavares   Construção/Construction:Eurostand  Montagem/Setting:Museu da Eletricidade SET UP  Audiovisuais/Audio -visuals:Museu da Eletricidade Bazar do Vídeo

Seguradora/Insurer:Hiscox  Transporte/Transport:Artshuttle  Serviço ao Visitante/Visitor Service:Raquel Eleutério (Coordenação) Ana Cachado Jorge Batista Maria José Dantas  Programa Educativo/Education Programme:Joana Simões Henriques (Coord.):Andreia Dias Carolina Silva Maria João Pacheco Maria Remédio Renato Santos Susana Anágua Produções Fictícias (PF Formação):Fátima Ferreira Isabel Costa Rita Bonifácio Sónia Aragão  

CATÁLOGO/CATALOGUE* Coordenação/Editing: Nuno Crespo  Textos/Texts:                                                                                 Joana Simões Henriques João Pinharanda José Machado José Manuel dos Santos Pedro Faro Nuno Artur Silva Nuno Crespo  Tradução e Revisão/Translation and Proof -Reading:Kennis Translations AmeriConsulta

Design Gráfico/Graphic Design         Edições Tinta -da -china Edição/Edition:Edições Tinta-da-china www.tintadachina.pt Pré -impressão, Impressão e Acabamento/Prepress, Printing and Binding:Guide, Artes Gráficas

ISBN:978-989-671-138-2  1.ª Edição/ 1st Edition 

Exemplares/Copies:1500 Depósito Legal/ Legal Deposit:349797/12  © Fundação EDP 

Todos os direitos reservados. Esta obra não pode ser reproduzida, no todo ou em parte, por qualquer forma ou quaisquer meios electrónicos, mecânicos ou outros, incluindo fotocópia, gravação magnética ou qualquer processo de armazenamento ou sistema de recuperação de informação, sem prévia autorização escrita dos editores.  All rights reserved. No part of this publication may be printed or used in any form or by any means, including photocopying and recording, or any information or retrieval systems, without permission in writing of the publisher.  

 

PRODUÇÕES FICTÍCIAS

Parceria

Apoio

*Este livro não reproduz a totalidade das obras apresentadas na exposição RISO. This book does not reproduce all the works presented at the exhibition LAUGHTER.