da escola pÚblica paranaense 2009 · divisões celulares para a manutenção e continuidade da...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
GOVERNO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
CADERNO PEDAGÓGICO
ENSINO DA BIOLOGIA CELULAR ALIADO AOS RECURSOS DIDÁ TICOS,
METODOLÓGICOS E TECNOLÓGICOS DA ESCOLA
NATALINA AKEMI KOGUISSI Produção Didático-Pedagógica desenvolvida como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação, na área de Biologia, sob a orientação da Professora Dra. Lucia Giuliano Caetano.
LONDRINA
2010
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IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: NATALINA AKEMI KOGUISSI
ÁREA PDE : BIOLOGIA
NRE: LONDRINA
IES: UNIVERSIDAD ESTADUAL DE LONDRINA
PROFESSOR ORIENTADOR: Profa Dra LUCIA GIULIANO CAETANO
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: COLÉGIO ESTADUAL SAGRADA FAMÍLIA -
LONDRINA
PÚBLICO ALVO : 1ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: MECANISMOS BIOLÓGICOS
APRESENTAÇÃO
A produção didático-pedagógica deve ser considerada como material didático
a ser utilizado pelo Professor PDE no momento da implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola, além disso, destina-se também aos professores
da rede, servindo como subsídio ao seu trabalho.
O presente caderno pedagógico constitui um material composto por três
unidades relacionadas ao conteúdo Biologia Celular, aplicáveis em diferentes
escolas conforme a disponibilidade de recursos didáticos, metodológicos e
tecnológicos.
A Unidade 1 - CÉLULA: organização e estruturas - apresenta a célula
como unidade organizacional, suas estruturas formadoras, bem como as diferenças
básicas entre células animais e vegetais. Atividades são sugeridas com o intuito de
aproximar a teoria e a prática e ainda estimular o aluno a associar a realidade dos
seus conhecimentos empíricos/prévios com os conceitos científicos.
A Unidade 2 – CITOPLASMA E SEUS CONSTITUINTES - sugere conhecer
os componentes do citoplasma, sua organização estrutural bastante complexa,
constituída por um sistema de endomembranas e por uma matriz citoplasmática, que
são fundamentais no funcionamento da célula. Algumas atividades são
apresentadas com objetivo de superar obstáculos comuns no estudo das estruturas
microscópicas.
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A Unidade 3 – NÚCLEO CELULAR - propõe um conhecimento mais
detalhado do núcleo celular, expondo a importância do material genético e das
divisões celulares para a manutenção e continuidade da vida. As atividades
propostas têm a finalidade de promover a sistematização dos conteúdos.
Um dos objetivos principais deste caderno pedagógico é buscar a
aprendizagem significativa dos alunos através da aplicação de diferentes
metodologias de ensino como aulas experimentais, utilização de imagens, confecção
de modelos e aplicação de jogos.
Moreira (1999) coloca que, para Ausubel, aprendizagem significativa, consiste
no processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto
especificamente relevante da estrutura do conhecimento do indivíduo, ou seja, este
processo envolve a interação da nova informação com uma estrutura de
conhecimento específica, conceito subsunçor, existente na estrutura cognitiva do
indivíduo. A aprendizagem significativa acontece se a nova informação ancora-se
em conceitos ou proposições relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva do
aprendiz.
É importante também, dentro do ensino de Biologia, conforme as Diretrizes
Curriculares Estaduais (DCE) de Biologia (PARANÁ, 2008), aplicar o método da
prática social, que confronta os saberes do aluno com o saber elaborado, visando a
apropriação da concepção científico-filosófica da realidade social, se fundamentado
no referencial teórico da pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos.
O conteúdo estruturante Mecanismos Biológicos privilegia o estudo dos
mecanismos que explicam como os sistemas orgânicos dos seres vivos funcionam.
A Biologia celular é então contemplada para que possa compreender e ampliar a
discussão sobre a organização dos seres vivos, analisando o funcionamento dos
sistemas orgânicos nos diferentes níveis de organização destes seres - do celular ao
sistêmico (PARANÁ, 2008)
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UNIDADE 1 - CÉLULA: organização e estruturas
1.1 A célula como unidade básica
A célula é a unidade estrutural e funcional fundamental que constitui os seres
vivos. Nos seres unicelulares, a célula é isolada, mas nos seres multicelulares forma
arranjos ordenados, os tecidos, que constituem o corpo (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2005).
De acordo com a presença ou não de núcleo, as células podem ser divididas
em dois tipos principais: as células procarióticas , que não apresentam um
envelope nuclear e as células eucarióticas , que têm um núcleo, no qual o material
genético fica separado do citoplasma (COOPER, 2002).
As outras diferenças entre estes dois tipos de células são: o citoplasma das
células procariontes em geral não apresenta outra membrana além daquela que
separa do meio externo (membrana plasmática); o citoesqueleto é ausente nos
procariontes; pobreza de membranas nos procariontes. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2005).
O citoplasma e o núcleo são duas partes morfologicamente distintas
presentes nas células eucariontes. Entre elas transitam constantemente moléculas
diversas. Ambas são envoltas por membranas, a membrana plasmática, que envolve
o citoplasma e o envoltório nuclear, que envolve o núcleo (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
A observação de estruturas biológicas apresentava certas dificuldades devido
ao tamanho muito pequeno e à transparência da maioria das células. Porém com os
avanços da microscopia, o aumento do poder de resolução e a utilização de técnicas
que diminuem a transparência das células aumentando o contraste de suas
estruturas, inúmeros estudos puderam ser realizados (De ROBERTIS; HIB, 2001).
O estudo microscópico de células pode ser feito utilizando células vivas
(preparação a fresco) ou usando o preparado permanente (lâmina permanente), no
qual as células ficam preservadas, isto é, fixadas e coradas, possibilitando uma
melhor demonstração de seus componentes (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
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SUGESTÃO DE ATIVIDADE
PREPARAÇÃO DE LÂMINAS PERMANENTES
Esta atividade tem como objetivo obter lâminas permanentes de diferentes
órgãos, como coração, rim, fígado e estômago de rato para observação dos
diferentes tipos celulares.
Material:
■ rato
■ éter etílico
■ algodão
■ tesoura
■ pinça
■ solução salina 0,9%
■ fixador Bouin
■ copo de Becker
■ alcóois absoluto, 95% e 70%
■ xilol
■ estufas 20ºC, 37ºC e 60ºC
■ parafina
■ forma de alumínio
■ taco de madeira
■ micrótomo
■ banho-maria 45ºC
■ gelatina incolor
■ lâmina
■ lamínula
■ cesto de vidro
■ água destilada
■ corante hematoxilina
■ corante eosina
■ bálsamo do Canadá
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Procedimento:
1) o animal deve ser sedado com éter;
2) retirar diferentes órgãos como coração, rim, fígado e estômago, cuidando para
não pressioná-los com a pinça, a fim de preservar os órgãos (Figura 1A);
3) colocar os órgãos retirados em solução salina (soro fisiológico) para “limpar” (tirar
o excesso de sangue);
4) colocar no fixador Bouin e deixar por 3 horas (Figura 1B);
5) antes de fragmentar os órgãos em pedaços menores, retirar o excesso de
gordura e tecidos adjacentes, em seguida, colocar os fragmentos no fixador limpo
por cerca de 24 horas;
6) passar o material fixado para a desidratação no álcool 95%, fazendo a troca por 4
vezes, a cada 30 minutos;
7) colocar agora no álcool absoluto, trocando-o por mais 4 vezes, a cada 30
minutos;
8) deixar no xilol para a diafanização, fazendo a troca por 4 vezes, a cada 30
minutos;
9) deixar na parafina a 60ºC para a impregnação, em estufa e fazendo a troca por 4
vezes, a cada 30 minutos;
10) colocar parafina na forma de alumínio, mergulhar o material para a inclusão e
aguardar a solidificação (Figura 1C);
11) retirar o bloco de parafina da forma de alumínio e colar no taco de madeira –
taqueamento (Figuras 1D e 1E);
12) no micrótomo realizar o corte (microtomia) do material usando a navalha bem
afiada, o corte do será numa espessura de 7 µm (Figura 1F e 1G);
13) colocar os cortes no banho-maria, contendo água e gelatina incolor a 45ºC,
para que distender o material;
14) com a lâmina deve-se “pescar” o material; retirar o excesso de água e deixar a
lâmina na estufa 20ºC para secar, por aproximadamente 24 horas;
15) colocar as lâminas de maneira uniforme na cesta de vidro para fazer a
coloração (Figura 1H);
16) mergulhar a cesta com as lâminas no xilol I por 10 minutos e depois passar para
o xilol II durante 5 minutos;
17) passar pelo álcool absoluto por duas vezes para a desparafinização, fazer a
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troca a cada 5 minutos;
18) deixar no álcool 95% por 5 minutos;
19) passar para o álcool 70% para a hidratação, durante 5 minutos;
20) colocar na água destilada por 5 minutos;
21) mergulhar no corante hematoxilina a fim de corar o núcleo durante 1 minuto e
em seguida, lavar com água corrente em abundância – viragem – por cerca de 10
minutos(Figura 1I);
22) colocar no corante eosina para corar o citoplasma durante 10 segundos e deixar
lavando em água corrente (Figura 1I);
23) passar para o álcool 70% por 5 minutos;
24) colocar no álcool 95% durante 5 minutos;
25) deixar no álcool absoluto fazendo a troca 2 vezes, a cada 5 minutos;
26) passar para a solução álcool-xilol durante 5 minutos;
27) colocar no xilol para a diafanização por 5 minutos;
28) por último, deixar no xilol para a montagem, durante 5 minutos;
29) sobre a lamínula, pingar uma gota de resina - bálsamo do Canadá, virar a
lâmina sobre a lamínula com resina para a sua adesão, cuidar para não formar
bolhas de ar (Figura 1J);
30) manter na estufa a 37ºC por 30 dias para a secagem da resina.
Figura 1 – Etapas da preparação de lâminas permanentes. A. Rato dissecado para retirada de
diferentes órgãos; B. Órgãos extraídos e imersos no fixador Bouin; C. Inclusão dos materiais na parafina; D. Blocos de parafina solidificados; E. Taqueamento; F. Micrótomo; G. Microtomia; H. Lâminas dispostas na cesta de vidro para fazer a coloração; I. Cubas com corantes hematoxilina e eosina; J. Lâmina corada e coberta com lamínula.
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Informações complementares:
I) prepara-se o fixador Bouin com 75 ml de solução saturada de ácido pícrico, 25 ml
de formol e 5 ml de ácido acético. A atuação química dos fixadores é complexa e
variável, podem coagular ou precipitar as proteínas celulares e impedir
modificações posteriores do material biológico, assim, possibilita o material a se
manter semelhante ao tecido vivo. O tempo de fixação depende do tipo de material
a ser preparado. Os materiais fixados se conservados em álcool 70%, poderão ser
guardados por vários anos;
II) os banhos de alcoóis de concentração crescente (álcool 95% e álcool absoluto)
fazem a desidratação, retirada da água;
III) a diafanização torna o material translúcido por substituir o álcool etílico por um
solvente orgânico (xilol), o qual é miscível em parafina;
IV) a inclusão é a impregnação do material pela parafina, isso torna-o mais
resistente e possibilita o corte no micrótomo;
V) o taqueamento consiste em colar o bloco de parafina em taco de madeira, para
servir de suporte no momento dos cortes no micrótomo. Os blocos de parafina
contendo o material podem ser guardados por vários anos;
VI) a coloração aumenta o contraste dos diferentes componentes celulares, já que a
maioria dos tecidos é incolor. Existem diversos tipos de corantes, porém a mais
comumente usada é a combinação hematoxilina-eosina (HE). A hematoxilina cora
em azul ou violeta o núcleo da célula e outras estruturas ácidas e a eosina, cora em
rosa o citoplasma e estruturas básicas. OBS: O tempo de coloração pode variar
conforme o tempo de uso dos corantes, ou seja, se recém preparado ou já em uso
por repetidas vezes. No nosso caso, a hematoxilina já estava em uso há algum
tempo, portanto, tivemos que deixar por 1 minuto, sendo que o tempo comum é de
apenas 10 segundos.
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A visão geral das lâminas ao serem observadas no microscópio é:
Figura 2 – Micrografias dos diferentes órgãos do rato. A. Coração - corte transversal (coloração HE;
aumento 1000X). B. Rim (coloração HE; aumento 400X). C. Fígado (coloração HE; aumento de 400X). D. Estômago (coloração HE; aumento de 100X).
1.2 Diversidade morfológica das células eucariontes
O organismo multicelular apresenta células com formas e estruturas variáveis
e se diferenciam conforme suas funções específicas nos diferentes tecidos (De
ROBERTIS; HIB, 2001).
A forma de uma célula depende de suas adaptações funcionais, do
citoesqueleto presente em seu citoplasma, da ação mecânica exercida pelas células
adjacentes e da rigidez da membrana plasmática (De ROBERTIS; HIB, 2001).
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
FORMAS CELULARES
O objetivo desta atividade é identificar as formas variáveis das células.
Material:
■ lâmina permanente de corte de fígado de rato, corada com HE.
■ folha de samambaia (Nephrolepis polypodium)
■ lâmina de barbear
■ lâmina
■ lamínula
■ escama de peixe
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Procedimento:
1) observar a lâmina permanente de corte de fígado de rato e identificar a sua forma
celular. Use a objetiva de 10, 40 e 100 X;
2) retirar a epiderme inferior da samambaia com o auxílio da lâmina de barbear;
colocar sobre a lâmina; pingar uma gota de água; cobrir com lamínula e observar na
objetiva de 10 e 40X;
3) retirar a escama do peixe, colocar sobre a lâmina; pingar uma gota de água;
cobrir com lamínula e observar na objetiva de 10X.
As formas celulares observadas em cada um dos materiais são:
Figura 3 – Variação das formas celulares nos diferentes seres vivos. A. Células do fígado de rato-
células cúbicas (corte longitudinal; coloração HE; aumento 1000X). B. Células da epiderme inferior da samambaia – células irregulares (aumento 200X). C. Melanóforo presente na escama de peixe – células estrelares (aumento 200X).
1.3 Diferenças entre células eucariontes vegetais e animais
As células dos vegetais superiores (plantas) são eucariontes e apresentam
em sua estrutura básica, semelhanças com as células animais. Uma delas é a
presença de citoesqueleto, que se estende por todo o hialoplasma e relaciona-se
com processos da divisão celular, manutenção da forma e movimentos celulares.
Porém, as principais diferenças consistem na presença de uma parede celular rígida,
desenvolvimento de um grande vacúolo e presença de plastídeos (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
A parede celular exerce inúmeras funções: impede a mobilidade das células,
promove a aderência e a interação com as células vizinhas, influencia no
crescimento, na nutrição, na reprodução e na defesa, auxilia na manutenção da
integridade osmótica da célula, constitui barreira protetora contra lesões e infecções,
oferece sustentação, determina o formato celular e a forma da própria planta
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
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O vacúolo é a organela mais evidente na célula vegetal devido ao seu amplo
tamanho, é preenchido de fluido comumente chamado de suco celular. Desempenha
inúmeras funções como: acúmulo de nutrientes, metabólitos e catabólitos; depósito
de substâncias específicas como proteínas, ópio, látex e, além disso, de substâncias
venenosas ou de gosto desagradável, que atuarão como mecanismo de defesa da
planta contra seus predadores, sejam insetos e animais herbívoros (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
Os plastídeos ou plastos podem ser de diferentes tipos conforme a cor e a
função. Os leucoplastos são plastídios incolores e participam do armazenamento do
amido; os cromoplastos são plastídios com pigmentos. Os cloroplastos são os mais
importantes, apresentando o pigmento verde chamado de clorofila (De ROBERTIS;
HIB, 2001).
Nos cloroplastos ocorre a fotossíntese, processo no qual as plantas obtêm a
energia da luz e juntamente com a água e o gás carbônico, sintetizam compostos
orgânicos aproveitados como alimento e que servem também para alimentar os
organismos heterótrofos (De ROBERTIS; HIB, 2001).
As células vegetais apresentam um sistema de transporte intracelular próprio
adequado ao grande vacúolo central e ao tamanho longo das células. Os
movimentos constantes do hialoplasma, chamados de ciclose , deslocam as
organelas e partículas num movimento circular em torno do vacúolo central. Esta
corrente citoplasmática aumenta a troca de materiais entre organelas, entre
membrana e organelas e entre células. Ainda através da ciclose, pode-se ter um
melhor aproveitamento da quantidade de luz que as células vegetais recebem, ora
dispersando os seus cloroplastos ora agrupando-os no hialoplasma (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
SUGESTÃO DE ATIVIDADES
ESTRUTURAS DE CÉLULAS ANIMAIS E VEGETAIS
Esta atividade tem como objetivo observar as estruturas diferenciais entre
as células animais e vegetais.
Material:
■ folha de Tradescantia sp
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■ células da mucosa bucal
■ lâmina
■ lamínula
■ palito de sorvete
■ azul de metileno
Procedimento:
1) dobrar a folha de Tradescantia e retirar a epiderme inferior; colocar sobre a
lâmina; pingar uma gota de água; cobrir com lamínula e observar na objetiva de 10
e 40X;
2) usando um palito de sorvete, raspar a parte interna da bochecha; esfregar o
palito sobre a lâmina; pingar uma gota de azul de metileno, cobrir com a lamínula;
observar nas objetivas de 10X e 40X.
As estruturas celulares presentes em cada um dos tipos de células são:
Figura 4 – Diferenças entre célula animal e vegetal. A. Célula animal – mucosa bucal (coloração
azul de metileno; aumento 400X). B. Célula animal – mucosa bucal, em destaque a célula com o seu limite celular (setas), ressaltando que a membrana plasmática não é visível ao microscópio óptico; citoplasma (C) e núcleo (N) - (coloração azul de metileno; aumento 400X). C. Célula vegetal - Tradescantia sp (Vac= vacúolo contendo o pigmento antocianina; PC= parede celular, indicadas pelas setas) - (aumento 100X). D. Estômato presente na célula vegetal - Tradescantia sp – os pontos verdes indicados pelas setas evidenciam os cloroplastos (Clo) - (aumento 200X).
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MOVIMENTOS CELULARES EM VEGETAIS
Nesta prática o objetivo é observar a ciclose em folhas de Elodea sp
Material:
■ folha de elódea
■ lâmina
■ lamínula
Procedimento:
1) destacar uma folha da Elodea e colocar sobre a lâmina;
2) pingar uma gota de água e cobrir com a lamínula;
3) observar no microscópio na objetiva de 10 e 40X.
Através da sequência das imagens pode-se perceber o deslocamento dos
cloroplastos:
Figura 5 – Cloroplastos da folha de Elodea. A. Células epidérmicas – visão geral (aumento de 400X).
B. A seta indica a posição dos cloroplastos no momento 1 (aumento 1000X). C. Através da posição da seta, momento 2, percebe-se a ciclose (aumento 1000X). D. Acompanhamento da ciclose no momento 3 (aumento 1000x).
1.4 A membrana plasmática separa o meio intracelula r do extracelular
A membrana plasmática ou celular separa o meio intracelular do extracelular
e controla a entrada e saída de substâncias da célula (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2005).
Todas as membranas celulares são constituídas por lipídios, proteínas e
hidratos de carbono, sendo duas camadas lipídicas fluídas e contínuas, onde estão
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mergulhadas as moléculas proteicas constituindo um mosaico fluido (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
As membranas celulares constituem verdadeiras barreiras permeáveis
seletivas que controlam a passagem de íons e de pequenas moléculas, isto é,
solutos. Desta forma, impede a troca indiscriminada dos componentes da organela
entre si e dos componentes extracelulares com aqueles da célula (De ROBERTIS;
HIB, 2001).
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
PERMEABILIDADE SELETIVA DA MEMBRANA PLASMÁTICA
O objetivo desta atividade é de observar o comportamento da membrana
plasmática em relação a sua permeabilidade seletiva diante o efeito do calor.
Material:
■ tubos de ensaio
■ solução de vermelho Congo a 1%
■ fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae)
■ lâmina
Procedimento:
1) identificar cada um dos dois tubos de ensaio, como tubo 1 e 2;
2) colocar em cada um dos tubos, 5 ml da solução de vermelho Congo;
3) adicionar em cada um dos tubos, 5 ml de suspensão de fermento;
4) deixar o tubo 1 à temperatura ambiente;
5) aquecer o tubo 2 até levantar fervura durante 5 minutos;
6) pingar uma gota do material do tubo 1 sobre a lâmina e observar no microscópio;
7) fazer o mesmo com o tubo 2 e observar as diferenças.
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As imagens mostram o efeito do calor sobre a permeabilidade seletiva:
Figura 6 – Efeitos do calor sobre a permeabilidade da membrana plasmática de leveduras - fungos
Saccharomyces cerevisiae. A. Visão geral das leveduras mantidas em temperatura ambiente, o corante vermelho Congo não atravessou a membrana plasmática (aumento 400X). B. Leveduras em destaque, mantidas em temperatura ambiente, evidenciando a não absorção do corante (aumento 1000X). C. Visão geral das leveduras da solução aquecida, o corante vermelho Congo atravessou a membrana plasmática, corando o conteúdo citoplasmático (aumento 400X). D. Em destaque, leveduras da solução aquecida, indicando a absorção do corante (aumento 1000X).
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UNIDADE 2 – CITOPLASMA E SEUS CONSTITUINTES
2.1 Sistema de endomembranas
A célula eucarionte em interfase – período em que a célula não está em
divisão – encontra-se composta por três componentes principais, o núcleo ,
compartimento separado, limitado pelo envoltório nuclear, o citoplasma , que está
envolvido pela membrana plasmática . Cada um deles contém vários
subcomponentes ou subcompartimentos que atuam de alguma forma no
funcionamento celular (De ROBERTIS; HIB, 2001).
O citoplasma apresenta dois grandes compartimentos: um contido dentro do
sistema de endomembranas e o outro, a matriz citoplasmática ou citosol, que fica
fora dele (De ROBERTIS; HIB, 2001).
No sistema de endomembranas incluem as seguintes organelas: o retículo
endoplasmático , o complexo de Golgi , os endossomas e os lisossomas .
O retículo endoplasmático é a parte mais extensa neste sistema de
endomembranas, sendo composto por sacos achatados e túbulos. A superfície
externa do retículo endoplasmático pode estar coberta por ribossomos – retículo
endoplasmático rugoso (RER) ou ergastoplasma – onde os ribossomos sintetizam as
proteínas destinadas ao sistema de endomembranas e à membrana plasmática ou
pode não apresentá-los – retículo endoplasmático liso (REL) – participando da
síntese de diversas moléculas (De ROBERTIS; HIB, 2001).
O pâncreas é uma glândula mista, constituída por uma parte exócrina e outra
endócrina. Na porção exócrina, as células especializadas na síntese, acúmulo e
secreção de grânulos de natureza protéica, dispõem-se em ácinos. É na região
basal destas células exócrinas que há abundância de RER (CARNEIRO, 2005).
Difusas na parte exócrina do pâncreas, as ilhotas pancreáticas (ilhotas de
Langerhans), constituem a porção endócrina, produzindo hormônios – insulina e
glucagon, principalmente – que regulam a taxa de glicose no sangue. Quando a
insulina não é produzida de forma suficiente, ocasiona a diabetes.
O complexo de Golgi, formado por pilhas de sacos achatados, túbulos e
vesículas, processa as moléculas oriundas do retículo endoplasmático, as quais são
incorporadas ou secretadas para fora da célula (De ROBERTIS; HIB, 2001).
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A localização do complexo de Golgi depende do tipo e da função celular.
Geralmente, situa-se entre o retículo endoplasmático e a membrana plasmática, com
os endossomas e os lisossomas situados entre estes (De ROBERTIS; HIB, 2001).
Uma das funções do complexo de Golgi é de produzir glicoproteínas, portanto
no epidídimo há presença abundante desta organela, uma vez que tais substâncias
químicas promovem a maturação dos espermatozóides.
Os endossomas são organelas que recebem as enzimas hidrolíticas
provindas do complexo de Golgi, bem como o material incorporado na célula por
endocitose (De ROBERTIS; HIB, 2001).
Os lisossomas resultam da soma dos conteúdos dos endossomas, são
responsáveis pela digestão de substâncias incorporadas na célula por endocitose e
também pela autofagia (De ROBERTIS; HIB, 2001).
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ORGANELAS DO SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS
Esta atividade tem o objetivo de visualizar as imagens capturadas das
organelas retículo endoplasmático e complexo de Golgi.
Figura 7 – Micrografias do pâncreas e do epidídimo de rato. A. Pâncreas – visão geral – (Ac= células
acinosas e Ilh= Ilhotas de Langerhans) - (coloração Galocianina; aumento 100X). B. Pâncreas – a região mais corada na base das células acinosas representam o ergastoplasma (Retículo Endoplasmático Rugoso) – (coloração Galocianina; aumento 1000X). C. Epidídimo – visão geral dos túbulos - (Impregnação com Nitrato de Prata; aumento 100X). D. Epidídimo – as estruturas azuladas/roxeadas são os núcleos e no ápice de cada um deles, os pontos “oxidados” indicados pela seta evidenciam o Complexo de Golgi; na luz do tubo, presença de Espermatozóides (Esp) - (Impregnação com Nitrato de prata; aumento 1000X).
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2.2 Matriz citoplasmática
Na matriz citoplasmática encontram-se outras organelas e diversas classes de
moléculas relacionadas com as diferentes atividades metabólicas.
Uma delas são as mitocôndrias , componentes celulares pequenos, com
forma variando de arredondada a de bastonetes, que convertem a energia em forma
facilmente aproveitável pelas células, a partir dos alimentos, portanto células que
utilizam muita energia são ricas nestas organelas (CARNEIRO, 2005).
As células musculares estriadas, caracterizadas pelo alto metabolismo
energético, apresentam grande número de mitocôndrias, localizadas entre os feixes
de miofibrilas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Os plastídeos são também organelas com importância fundamental no
processo metabólico das células, exclusivos dos vegetais. Conforme já discutimos,
os cloroplastos possuem a clorofila, que participa da produção dos compostos
orgânicos.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ORGANELAS DA MATRIZ CITOPLASMÁTICA
O objetivo desta atividade é de visualizar as imagens capturadas das
organelas mitocôndrias.
Figura 8 – Micrografia de tórax de abelha. Detalhe das fibras musculares, os pontos azulados
presentes entre as miofibrilas evidenciam as mitocôndrias (coloração Regaud; aumento 1000X).
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UNIDADE 3 - NÚCLEO CELULAR
3.1 O núcleo armazena o material genético
A presença do núcleo permite distinguir uma célula eucarionte de uma
procarionte. O núcleo é responsável pelo armazenamento da maior parte da
informação genética (DNA) da célula, além do controle do metabolismo celular pela
transcrição do DNA nos diferentes tipos de RNAs (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Com algumas exceções, o núcleo está presente em todas as células
eucariontes (De ROBERTIS; HIB, 2001). As hemácias ou eritrócitos são as células
vermelhas do sangue, constituídas principalmente por hemoglobina, que participa no
processo de troca gasosa (oxigênio x gás carbônico). A redução da quantidade de
hemácias e do teor de hemoglobina caracteriza a anemia. As hemácias dos
mamíferos são exemplos de células anucleadas.
O núcleo, geralmente, é único e localiza-se no centro da célula. As células
hepáticas e a fibra muscular estriada esquelética são tipos celulares onde o núcleo
não é único; as primeiras apresentam um núcleo ou dois núcleos e a última possui
várias dezenas de núcleos. Em relação à localização do núcleo, algumas das
variações são: nas células que armazenam material de secreção (células acinosas
do pâncreas e as células caliciformes do intestino), o núcleo tem posição basal; nas
células vegetais, como o vacúolo citoplasmático é grande, o núcleo fica na periferia
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Em geral, há relação entre as formas do núcleo e da célula; nas células
esféricas, cúbicas e poliédricas o núcleo é normalmente esférico; nas células
cilíndricas e fusiformes é elipsoidal (De ROBERTIS; HIB, 2001). Os leucócitos são
as células brancas do sangue e exercem função de defesa do organismo contra
agentes estranhos. O núcleo dos leucócitos apresenta formas variadas.
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SUGESTÃO DE ATIVIDADES
PRESENÇA OU NÃO DE NÚCLEO NAS CÉLULAS
O objetivo desta atividade é verificar as imagens capturadas das células
sanguíneas.
Figura 9 – Esfregaço sanguíneo A. Sangue humano – hemácias anucleadas – no centro, a única
célula corada em rosa é um leucócito (coloração Leishman; aumento 1000X). B. Sangue de ave – hemácias nucleadas (coloração Leishman; aumento 1000X).
VARIAÇÃO DO NÚMERO DE NÚCLEO NAS CÉLULAS
O objetivo desta atividade é observar células que apresentam número
variado de núcleo.
Material:
■ lâmina permanente de corte transversal de coração de rato, corada com HE.
■ lâmina permanente de corte de fígado de rato, corada com HE.
Procedimento:
1) observar a lâmina permanente de corte transversal de coração de rato;
2) observar a lâmina permanente de corte de fígado.
A variação do número de núcleos observadas nos diferentes materiais é:
Figura 10 – Micrografias do coração e do fígado de rato. A. Células musculares multinucleadas do
coração - núcleos periféricos (coloração HE; aumento 1000X). B. Células hepáticas mono e binucleadas (coloração HE; aumento 1000X).
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POSIÇÃO DO NÚCLEO NAS CÉLULAS
O objetivo desta atividade é verificar as imagens capturadas dos pâncreas e
do rim.
Figura 11 – Posição dos núcleos em pâncreas e rim de rato. A. Pâncreas – células acinosas com
núcleo basal (coloração Galocianina; aumento 1000X). B. Rim – células com núcleo central (coloração HE; aumento de 1000X).
VARIAÇÃO DA FORMA DO NÚCLEO CELULAR
O objetivo desta atividade é verificar as imagens capturadas do sangue
humano.
Figura 12 - Diferentes formas do núcleo dos leucócitos humano (coloração Leishman; aumento
1000X). A. Quatro leucócitos com diferentes formas nucleares. B, C, D, E e F. Leucócitos com formas nucleares variadas.
Durante a interfase, o material genético presente no núcleo recebe o nome de
cromatina. Na divisão celular (mitose ou meiose), a cromatina torna-se altamente
compactada, constituindo os cromossomos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
O grau de condensação máxima dos cromossomos ocorre na fase da divisão
chamada metáfase, portanto os cromossomos metafásicos permitem os estudos da
estrutura cromossômica (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
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Os cromossomos metafásicos são constituídos por dois filamentos chamados
cromátides , estas são unidas pelo centrômero (De ROBERTIS; HIB, 2001).
O centrômero tem função importante na separação das cromátides irmãs
durante a divisão celular, no momento da anáfase. A presença do centrômero divide
as cromátides em dois braços. Conforme a posição do centrômero, os cromossomos
podem ser classificados em três grupos: metacêntricos , submetacêntricos e
acrocêntricos . Os cromossomos metacêntricos possuem centrômero central,
dividindo os cromossomos em dois braços com tamanhos iguais; os
submetacêntricos apresentam centrômero longe do ponto central, deixando um
braço curto e um longo; nos cromossomos acrocêntricos o centrômero localiza-se
próximo de uma das extremidades, de forma que um dos braços é bastante curto
(De ROBERTIS; HIB, 2001).
Toda espécie animal e vegetal tem um cariótipo, complemento cromossômico
característico. O cariótipo é o conjunto de características constantes dos
cromossomos da espécie, quanto a número, tamanho e morfologia (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
SUGESTÃO DE ATIVIDADES
OBTENÇÃO DE CROMOSSOMOS METAFÁSICOS A PARTIR DE MED ULA ÓSSEA
O objetivo desta atividade é preparar lâminas permanentes de
cromossomos metafásicos de rato.
Material:
■ rato
■ éter etílico
■ algodão
■ tesoura
■ pinça
■ seringa
■ copo de Becker
■ tubo de centrífuga
■ pipeta Pasteur
■ lâmina
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■ estufa 37ºC
■ centrífuga 1200 rpm
■ colchicina
■ solução hipotônica KCl 0,75 molar
■ fixador de Carnoy
■ solução de Giemsa
Procedimento:
1) aplicar com a seringa, na cavidade peritoneal do animal, 0,5 ml de colchicina a
0,025% para cada 100g de peso e esperar 2 horas;
2) anestesiar o animal com éter, dissecá-lo e retirar os fêmures. Descarnar e limpar
completamente os fêmures, desarticular da tíbia e cortar na altura da virilha (Figuras
13A e 13B);
3) cortar os fêmures, na região das epífises e injetar 10 ml de solução hipotônica.
Usando uma seringa, retirar a medula, coletar num becker e homogeneizar (Figuras
13C e 13D);
4) transferir o conteúdo do Becker, com o auxílio de uma pipeta Pasteur, para um
tubo de centrífuga e levar na estufa a 37ºC por 25 minutos (Figura 13E e 13F);
5) centrifugar a 1200 rpm por 10 minutos (Figura 13G);
6) descartar o sobrenadante usando a pipeta e adicionar cerca 8 ml de fixador de
Carnoy;
7) ressuspender o material e centrifugar novamente a 1200 rpm, por cerca de 5
minutos (Figura 13H);
8) repetir os dois últimos itens por duas vezes. Depois da última centrifugação,
eliminar o sobrenadante, adicionar cerca de 1 ml de fixador e ressuspender bem o
material.
9) pingar 3 ou 4 gotas da suspensão obtida em diferentes regiões de uma lâmina
bem limpa e conservadas em água quente, inclinando-as levemente;
10) deixar secar ao ar;
11) corar com solução de Giemsa diluída a 5% em tampão fosfato (pH=6,8),
durante 7 a 8 minutos;
12) lavar a lâmina com água destilada ou água corrente e deixar secar ao ar.
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Figura 13 – Etapas da obtenção de cromossomos metafásicos. A. Rato dissecado para retirada de
fêmures; B. Fêmur sendo descarnado e limpo; C. Medula óssea sendo retirada com auxílio de uma seringa; D. Homogeneização da medula em solução hipotônica; E. Transferência do conteúdo do Becker para o tubo de centrífuga; F. Material mantido em estufa a 37ºC; G. Centrífuga; H. Ressuspensão do material.
Informações complementares:
I) a colchicina interrompe a divisão celular na metáfase por ser uma droga alcalóide
que impede a formação do fuso;
II) para preparar o fixador de Carnoy usam-se 3 partes de metanol para 1 parte de
ácido acético glacial;
III) o material ressuspenso, no item 8, poderá ser guardado em freezer por vários
anos se acondicionado em pequenos frascos do tipo “Eppendorf”.
OBSERVAÇÃO DE CROMOSSOMOS METAFÁSICOS
Esta atividade tem como objetivo visualizar cromossomos metafásicos de
rato, fazer a contagem do número de cromossomos desta espécie, estabelecer o
seu número diplóide de cromossomos (número modal) e bem como identificar os
tipos cromossômicos presentes
Material:
■ lâmina permanente de medula óssea de rato, corada com Giemsa.
Procedimento:
1) observar a lâmina permanente de medula óssea de rato e visualizar o conjunto
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de cromossomos (“metáfase”). Use a objetiva de 10X;
2) usar a objetiva de 100X (imersão) para contar o número de cromossomos que
constituem este conjunto cromossômico. Para estabelecer o número modal da
espécie devem ser contados vários conjuntos cromossômicos;
3) visualizar os tipos de cromossomos e identificá-los como metacêntrico,
submetacêntrico, acrocêntrico e telocêntrico.
As imagens das metáfases são:
Figura 14 – Cromossomos metafásicos de rato. A. Metáfase entre alguns núcleos (coloração
Giemsa; aumento 1000X). B. Visualização de três metáfases entre vários núcleos (coloração Giemsa; aumento 1000X). C. Metáfase entre os núcleos, nas quais os cromossomos estão bem condensados (coloração Giemsa; aumento 1000X). D. Em destaque, uma metáfase contendo cromossomos com a sua forma bem definida (coloração Giemsa; aumento 1000X).
MONTAGEM DE CARIÓTIPO
O objetivo desta atividade é montar o cariótipo do rato formando os pares
cromossômicos de acordo com o seu tamanho e tipo.
Material:
■ conjunto de cromossomos metafásicos de rato capturado no fotomicroscópio e
impresso em folha sulfite;
■ tesoura
■ cola
■ folha sulfite
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Procedimento:
1) recortar cada um dos cromossomos metafásicos que compõe o conjunto;
2) formar os pares de acordo com o tamanho e o tipo cromossômico;
3) colar os pares na folha sulfite conforme a classificação e ordem decrescente de
tamanho.
O cariótipo montado apresenta-se da seguinte maneira:
Figura 15 – Cariótipo de rato. O número diploide é igual a 42 cromossomos, sendo 18 cromossomos
do grupo metacêntrico-submetacêntrico (M-SM) e 24 cromossomos do grupo acrocêntrico (A).
3.2 Ciclo celular e meiose
O ciclo celular compreende os processos que acontecem desde a formação
de uma célula até sua própria divisão em duas células-filhas, idênticas entre si
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Durante o ciclo celular uma das etapas é aquela entre duas divisões
sucessivas chamada de interfase , onde a célula cresce e se prepara para nova
divisão; a outra etapa é a da divisão propriamente dita, na qual resultam duas
células-filhas e que se caracteriza pela divisão do núcleo, denominada cariocinese
ou mitose , seguida pela citocinese , divisão do citoplasma (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2005).
MITOSE
A mitose é um tipo especial de divisão celular que ocorre nas células
somáticas e permite o crescimento de um tecido, de um órgão ou de todo um
organismo pluricelular devido à multiplicação do número de suas células. É
responsável também pela reposição de células mortas e pela regeneração de partes
danificadas de tecidos ou órgãos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
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Na mitose o número diplóide de cromossomas (2n) é mantido nas células
somáticas ao longo de toda a vida do indivíduo. Nela geram-se núcleos-filhos com o
mesmo número de cromossomas; logo as células-filhas são idênticas uma às outras
e às suas antecessoras. Para facilitar seu estudo, a mitose é subdivida em quatro
etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase (De ROBERTIS; HIB, 2001).
Durante a interfase a cromatina se duplica, ocorre a condensação gradual
das fibras de cromatina, até formar cromossomos. Com a desorganização do
envoltório nuclear, os microtúbulos do fuso se prendem nos cinetócoros, na altura
dos centrômeros, são eles que irão direcionar os cromossomos para a região
equatorial da célula; o nucléolo também se desorganiza, todos estes eventos
caracterizam a prófase (Figuras 16A e 16B).
Na metáfase , os cromossomos atingem o grau máximo de condensação
(Figuras 16C e 16D) e formam a placa metafásica devido ao alinhamento dos
cromossomos na região equatorial da célula.
Na anáfase , ocorre a separação dos centrômeros e a migração das
cromátides para os pólos opostos. As cromátides passam a receber o nome de
cromossomos-filhos.
Na telófase , os cromossomos-filhos alcançam os respectivos pólos. Ocorrem
a reconstituição dos núcleos e a citocinese, formando as células-filhas.
Figura 16 – Diferentes estágios de condensação do material genético: A. núcleo interfásico (coloração
Giemsa; aumento 1000X). B. Cromossomos em início de espiralização (coloração Giemsa; aumento 1000X). C. Cromossomos pré-metafásicos (coloração Giemsa; aumento 1000X). D. Cromossomos metafásicos, apresentando o grau máximo de espiralização (coloração Giemsa; aumento 1000X).
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MEIOSE
A meiose é o outro tipo de divisão celular e ocorre apenas nas células
germinativas. Caracteriza-se pela redução do número de cromossomos por meio de
duas divisões nucleares sucessivas – a primeira e a segunda divisão meiótica –
acompanhadas por uma única duplicação cromossômica, portanto as células-filhas,
gametas, possuem número haplóide (n) de cromossomas (De ROBERTIS; HIB,
2001, p.15).
A prófase da primeira divisão meiótica, ou prófase I, caracteriza-se pelo
pareamento dos cromossomos homólogos. Tal pareamento garante a posterior
disjunção dos cromossomos homólogos e permite a troca de segmentos entre os
cromossomos homólogos, chamada como recombinação genética, permuta ou
crossing-over. A prófase I é uma fase longa, sendo subdividida nas seguintes fases:
leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese.
No leptóteno, a cromatina começa a se condensar resultando em
cromossomos; no zigóteno, os cromossomos aproximam-se e pareiam, formando a
sinapse; no paquíteno, os cromossomos permanecem pareados; no diplóteno inicia-
se a separação entre os cromossomos homólogos, porém esta separação não é
total, formando os quiasmas, locais onde os homólogos permanecem ligados e
pontos onde ocorreu a permuta. Na última fase, diacinese, os cromossomos
homólogos sofrem repulsão, ocorrendo o deslocamento dos quiasmas para as
extremidades dos cromossomos; além disso, aumenta a condensação
cromossômica, ocorre a ruptura do envoltório nuclear e as fibras do fuso se ligam
para migrar os cromossomos para a placa equatorial.
Na metáfase I, os dois cromossomos homólogos dispõem-se na placa
equatorial. Na anáfase I, os cromossomos homólogos são levados para os pólos
opostos da célula e as cromátides-irmãs de cada cromossomo permanecem juntas.
Na telófase I, ocorre a descondensação cromossômica e reorganização dos dois
núcleos-filhos. Cada célula tem um número haplóide (n) de cromossomos, portanto a
meiose I é considerada divisão reducional.
A segunda divisão meiótica, meiose II é semelhante à mitose normal. É uma
divisão equacional do material genético, havendo a distribuição equitativa do
conteúdo de DNA entre os núcleos-filhos. Na anáfase II ocorre a disjunção das
cromátides-irmãs que migram para os pólos opostos da célula. Na telófase II, ocorre
a citocinese e resultam quatro células haplóides.
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SUGESTÃO DE ATIVIDADES
OBSERVAÇÃO DAS FASES DA MITOSE
Esta atividade tem o objetivo de observar e identificar as 4 fases da mitose
em raiz de cebola.
Material:
■ cebola
■ copo com água
■ tubo de ensaio
■ lâmina
■ lamínula
■ lâmina de barbear
■ papel de filtro
■ fixador etanol-ácido acético 3:1
■ ácido acético 45%
■ lamparina a álcool
■ corante orceína aceto-clorídrica
Procedimento:
1) deixar a cebola num copo com água, de modo que o bulbo fique mergulhado na
água.
2) coletar as raízes que se desenvolveram e alcançaram cerca de 1 a 2 cm e
colocar no fixador etanol ácido-acético por 24 horas;
3) transferir as raízes para um tubo de ensaio com o corante orceína aceto-
clorídrica e aquecer, repetindo este processo por mais duas vezes;
4) escolher uma raiz e colocar sobre a lâmina;
5) pingar uma gota de ácido acético 45% e cobrir com lamínula;
6) esmagar o material, batendo suavemente sobre a lamínula com o auxílio da
ponta de um lápis;
7) cobrir a lâmina com um pedaço de papel de filtro e pressionar o material com o
polegar;
8) observar a lâmina no microscópio e identificar as diferentes fases da mitose.
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Informação complementar:
I) se quiser conservar o material, após o procedimento do item 2, pode-se colocar
no álcool 70% e guardar na geladeira.
As fases da mitose visualizadas no microscópio na objetiva de 100X são:
Figura 17 – Fases da mitose. A. Prófase – início da condensação do material genético B. Metáfase –
posicionamento dos cromossomos na região equatorial da célula. C. Anáfase – migração das cromátides para os pólos opostos. D e E. Telófase – cromossomos-filhos nos pólos celulares. F. Citocinese – divisão do citoplasma. Coloração Orceína aceto-clorídrica; aumento 1000X.
OBSERVAÇÃO DAS FASES DA MEIOSE
A atividade sugerida tem o objetivo de observar as diferentes fases da
meiose na antera de milho.
Material:
■ inflorescência de milho
■ pinça
■ lâmina
■ lamínula
■ lâmina de barbear
■ papel de filtro
■ bastão metálico
■ lamparina a álcool
■ corante carmim propiônico
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Procedimento:
1) coletar a inflorescência de milho e colocar no fixador Carnoy;
2) com a pinça, retirar algumas anteras e colocar sobre a lâmina;
3) cortar a parte basal das anteras para facilitar a retirada de todas as membranas e
tecidos, deixando apenas a massa celular;
4) cortar o material em pedaços bem pequenos usando a lâmina de barbear;
5) pingar uma gota de corante carmim propiônico e macerar com o bastão metálico
por alguns segundos;
6) colocar um prego em contato rápido com o material macerado para promover a
oxidação do corante e facilitar a visualização;
7) colocar a lamínula com cuidado, não deixando formar bolhas de ar;
8) cobrir a lâmina com pedaço de papel de filtro e pressionar o material com o
polegar;
9) observar a lâmina no microscópio e identificar as diferentes fases da meiose.
Informação complementar:
I) se quiser conservar o material, após o procedimento do item 1, pode-se colocar
no álcool 70% e guardar na geladeira.
As fases da meiose I visualizadas no microscópio na objetiva de 100X são:
Figura 18 - Fases da meiose I. A. Leptóteno. B. Zigóteno. C. Paquíteno. D. Diplóteno. E. Diacinese.
Estas subdivisões visualizadas anteriormente fazem parte da Prófase I. F. Metáfase I – cromossomos homólogos na região equatorial da célula . G. Anáfase I – Separação dos cromossomos homólogos . H e I.Telófase I – reorganização dos dois núcleos-filhos. Coloração carmim propiônico; aumento 1000X.
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As fases da meiose II visualizadas no microscópio na objetiva de 100X são:
Figura 19 – Fases da meiose II. A. Prófase II – reaparecimento das fibras do fuso. B. Metáfase II –
posicionamento dos cromossomos no plano equatorial da célula. C. Anáfase II – separação das cromátide-irmãs. D.Tétrade- quatro células-filhas haplóides.
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REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular: um introdução à biologia molecular da célula. Tradução de Ana Leonor Chies Santiago-Santos et al. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 757p. COOPER, G. M. A célula : uma abordagem molecular. Tradução de Itabajara da Silva Vaz Junior et al. Porto Alegre: Artmed, 2001. 712p. De ROBERTIS, E. M. F; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular . Tradução de Telma Maria Tenório Zorn (Superv.) 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 418p. JORDÃO, B. Q. (Org.). Práticas de biologia celular . Londrina: Editora UEL, 1998. 163p. JUNQUEIRA, L. C. U. Biologia estrutural dos tecidos : histologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 225p. JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular . 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 332p. MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 195p. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes curriculares da educação básica - Biolog ia. Curitiba, 2008.