da escola pÚblica paranaense 2009 · anexo b - ata – pré-conselho dos professores ... anexo g -...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
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SÃO JOÃO DO IVAÍ
2010
MARISTELA BERNINI QUEIROZ
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SÃO JOÃO DO IVAÍ
2010
DEDICATÓRIA
Dedico este Material Didático Pedagógico a todos os professores do 2o ano do Curso de Formação de Docentes, e aos demais profissionais da Rede Ensino, que assim como eu almejam que a educação encontre caminhos que proporcionem cada vez mais um ensino de qualidade para nossos alunos. Que estes possam ter vez e voz no processo educacional, através da participação em todos os contextos que lhes permitam crescer como sujeitos e cidadãos ativos em busca da sua autonomia. Ao desenvolver este trabalho, coloquei minhas expectativas em vocês, professores membros de uma realidade que pode sofrer mudanças significativas em prol do ensino e da aprendizagem. A Gestão Democrática ainda está aquém daquela que desejamos, mas, se cada um de nós fizer a sua parte com tenacidade e comprometimento, todos seremos beneficiados, e conseguiremos dizer que somos “educadores” e fazemos diferença na educação. Dedico ainda todo meu esforço e busca por maiores conhecimentos à minha Orientadora Maria José Ferreira Ruiz, que soube com muita paciência e eficiência conduzir todas as etapas deste processo de construção.
Minha sincera gratidão.
Maristela Bernini Queiroz
“Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira com que respondemos ao desafio. Somos combatentes, idealistas, mas plenamente conscientes. Porque o ter consciência não nos obriga a ter teoria sobre as coisas; só nos obriga a sermos conscientes. Problemas para vencer, liberdade para provar. E no enquanto acreditarmos no nosso sonho, nada é por acaso.”
(Henfil)
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 5 2 PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................................................... 8 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 9 3.1 TEXTO 1 GESTÃO DEMOCRÁTICA ....................................................................... 10 3.2 TEXTO 2 CONSELHO DE CLASSE ........................................................................ 16 3.2.1 ESTRUTURA DO CONSELHO DE CLASSE ........................................................... 21 3.3 TEXTO 3 PARTICIPAÇÃO: A BUSCA PELA INTERAÇÃO NA COMUNIDADE ESCOLAR ... 28 4 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 32 4.1ROTEIRO ANALÍTICO DOS FILMES E DOCUMENTÁRIO ............................................. 32 5 QUESTIONÁRIO ............................................................................................... 36 5.1 PRÉ-CONSELHO DOS ALUNOS E PROFESSORES .................................................. 36 5.2 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO ............................................................... 37 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 39 APÊNDICES ........................................................................................................ 41 APÊNDICE A - Questionário Professores ............................................................... 42 ANEXOS .............................................................................................................. 43 ANEXO A - Ata de Pré-Conselho dos Alunos - 2º Ano Normal .............................. 44 ANEXO B - ATA – Pré-Conselho dos Professores ................................................ 48 ANEXO C - ATA - Conselho de Classe Participativo.............................................. 52 ANEXO D - Sinopse e Comentário – Escritores da Liberdade .............................. 56 ANEXO E - Sinopse e Comentários – Entre os Muros da Escola ......................... 60 ANEXO F - Sinopse e Comentário – Documentário Pro Dia Nascer Feliz ............. 64 ANEXO G - Texto Complementar .......................................................................... 68
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1 APRESENTAÇÃO
COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO E.F.M.P.N.
Local de Implementação do Projeto Pedagógico PDE Conselho de Classe Participativo: Possibilidades e Dificuldades de Interação entre
Professores, Alunos e Equipe Pedagógica.
ste material compõe um Caderno Pedagógico que objetiva aprofundar os
temas abordados no Projeto de Intervenção Pedagógica, propondo uma
fundamentação teórica sobre o Conselho de Classe, Gestão Democrática e
Participação. A partir dos estudos realizados na oportunidade que nos é dada,
através do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, a escola em questão
poderá praticar uma das vias de democratização escolar, mediante a atuação do
Conselho de Classe Participativo com a efetiva inserção de alunos, no intuito de
poder valer-se de um dos princípios da Gestão democrática, que é a participação
coletiva.
E
6
Espera-se que esse processo leve a uma participação crítica, constante e
transformadora dos sujeitos da escola (professores, alunos, direção e equipe
pedagógica), ampliando o espaço de debate como uma oportunidade a mais na
formação política dos alunos, provocando mudanças e causando melhoria na
qualidade do ensino. Isso só será possível se todos os envolvidos no processo de
ensino e de aprendizagem tiverem a consciência de que é por meio do trabalho
coletivo que iremos atingir a meta de democratizar a escola pública. O trabalho
coletivo é uma das possibilidades de crescermos como sujeitos políticos, críticos e
atuantes e, não deixarmos que nosso trabalho se faça de maneira irrefletida,
individualizada e isolada.
Em termos gerais este Caderno Pedagógico está estruturado da seguinte
forma:
A princípio, será apresentada a discussão bibliográfica sobre os temas
abordados no projeto de intervenção na escola, quando refletiremos
sobre os fatores que foram norteadores deste trabalho, a saber:
Gestão Democrática, Conselho de Classe e Participação. A seguir, no
encaminhamento metodológico, coloco as ações que realizaremos
juntos durante este período de seis meses que iremos implementar
(executar) esta experiência:
O Questionário, a que vocês responderão, trará subsídios para
organizar o Conselho de Classe Participativo, e dará uma visão do que
pensam a respeito da inserção de alunos neste espaço colegiado.
Antes de iniciarmos o primeiro pré-conselho será exibido um filme para
os professores e um filme para os alunos, como motivação para abrir
os trabalhos referentes ao Conselho de Classe, levando tanto os
professores quanto os alunos a refletirem sobre os assuntos abordados
neles. Apresento, neste material, as questões que nortearão as
discussões e debates sobre os filmes.
Com o intuito de verificar como se dá (está acontecendo) o processo
de ensino e aprendizagem na sala de aula do 2o ano do Curso de
Formação de Docentes, elaborei “Fichas” que serão utilizadas na
efetivação dos pré conselhos dos alunos e professores e também do
Conselho de Classe Participativo, procurando levar a reflexão sobre a
7
possibilidade de uma outra conduta durante a realização do Conselho
de Classe. É do conhecimento de todos que, até o presente momento,
nosso Conselho de Classe foi realizado com o objetivo de discutir
“notas” e comportamentos (indisciplina) dos alunos.
Nos anexos apresento o modelo das fichas, questionário, comentário
dos filmes e um texto complementar muito interessante para subsidiar
as discussões sobre o Conselho de Classe.
Espero que este material possa trazer aos envolvidos, clareza a respeito do
que pretendemos realizar durante a efetivação deste Projeto na escola e,
consequentemente, e do que esperamos alcançar com a participação e empenho de
todos. Este Caderno Pedagógico foi elaborado com muito esforço, embora seja um
material simples. Almejo conseguir com ele que todos os professores desta turma,
equipe pedagógica e gestores, usem o que está exposto, para que juntos
alcancemos uma mudança, mesmo que pequena, no fazer do nosso Conselho de
Classe, e posteriormente possamos divulgar os avanços por todos conquistados
8
2 PROBLEMATIZAÇÃO
Caros alunos e colegas de trabalho, desde que o Curso de
Formação de Docentes foi implantado nesta instituição, a coordenação e a equipe
pedagógica desejam que seja implantado um Conselho de Classe diferenciado com
a participação de alunos, para subsidiar os momentos de discussões, reflexões e
direcionar as ações. Como toda mudança gera insegurança e conflitos, a
coordenação decidiu iniciar o processo lentamente, a princípio desenvolvendo o pré-
conselho com os alunos, fato que gerou vários incômodos e resistências entre os
professores, mas com o passar do tempo os problemas foram-se amenizando.
A proposta de inserir a participação do aluno no Conselho de
Classe, maior do que aquela que já acontecia no pré-conselho, sem dúvidas
ocasionará novas angústias e expectativas em todos os envolvidos neste processo.
Logo, julgo relevante buscar resposta, de forma coletiva, para a seguinte questão
que norteará as nossas discussões aqui na escola:
Esse será o novo desafio
e, consequentemente, fará
valer o que se espera de
uma instância
verdadeiramente
democrática!
Quais as dificuldades e possibilidades
encontradas para inserir a participação
de alunos no Conselho de Classe?
9
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta fundamentação teórica apresenta uma breve aproximação dos
temas que abordaremos no trabalho de intervenção para análises e reflexões,
facilitando a compreensão dos assuntos que irão nortear o funcionamento do
Conselho de Classe participativo. São eles:
Gestão Democrática
Conselho de Classe
Participação
Espero que estes textos nos ajudem a repensar a prática que
desenvolvemos em nossa escola.
Alunos do 2o ano do Curso de Formação de Docentes
10
a área da educação, o termo
gestão tem sido amplamente utilizado
como forma de administrar a escola na
perspectiva empresarial. Porém,
percebe-se a necessidade de superar o
enfoque desta forma de administração e
ressalta-se a importância de
mobilização coletiva em prol da
democratização da gestão escolar.
Professores da turma do 2o
ano - Curso de Formação de Docentes, Equipe Pedagógica e Gestores.
Nesta perspectiva, ao termo gestão acrescenta-se a adjetivação
democrática. A gestão democrática incentiva a participação da comunidade escolar
nas tomadas de decisões sejam elas financeiras pedagógicas ou sociais.
O conceito de gestão abrange o significado de administrar e
gerenciar. No Dicionário Aurélio gestão é “Ação de gerir / Gerência, administração.
Gestão de negócios, diz-se quando uma pessoa administra os negócios de outra,
por eles se responsabilizando solidariamente, mas sem autorização legal”.
Como se pode notar, o termo gestão está intimamente ligado à
prática da administração. A administração sob o enfoque escolar sofreu mudanças
N
Qual a relação entre gestão e
escola?
11
significativas que acompanharam o desenvolvimento social, cultural e econômico do
país.
No inicio do século XX, as escolas, impulsionadas pelos modelos de
administração de empresas, tiveram como fundamento o modelo de administração
científica, que tinha como principio uma organização hierarquizada e centralizadora.
Devido ao modelo econômico industrial da época, esse conceito de administração
caracterizava-se pela organização e divisão de tarefas dentro da empresa com o
objetivo de obter o máximo de rendimento e eficiência com o mínimo de tempo e
atividade.
Bordignon e Gracindo (2001, p. 15) afirmam:
Não são poucos os que situam as organizações educacionais como empresas e advogam que as mesmas devem ser administradas como tal. Sob esse enfoque, a gestão assume o modelo burocrático e a centrabilidade das questões gerenciais é ocupada pela técnica, pela racionalidade burocrática.
Nessa perspectiva, as atividades pedagógicas não permitiam os
questionamentos, os desafios, o levantamento de hipóteses, mas garantisse uma
uniformidade, um padrão a ser seguido. Para avaliar o resultado do trabalho foram
feitas classificações enfatizando-se o tecnicismo.
As características do diretor, ou seja, do dirigente da escola eram
definidas pelos princípios de autoridade, poder e competência técnica. Seu
compromisso baseava-se em manter a eficácia da organização do seu ponto de
vista ou do ponto de vista do governo.
Dessa forma, influenciados pela Revolução Industrial, os conteúdos
ensinados eram aqueles ligados ao saber técnico, pautados nas palavras de ordem,
eficiência e padronização a serviço da economia cultivado pelo taylorismo (SILVA,
2004).
Essa concepção de ensino separava a teoria da prática. Com o
aspecto pedagógico fragmentado, a escola, seguindo os princípios do taylorismo,
obedeceu às demandas de disciplina do mundo do trabalho capitalista.
Percebe-se, ainda hoje, que cada vez mais a escola vem se
adequando ao modelo econômico contemporâneo, ou seja, ao modelo capitalista.
Numa empresa capitalista o objetivo é o acumulo do capital. Nessa concepção, “a
função da administração é organizar os trabalhadores no processo de produção,
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com a finalidade de ter o controle das forças produtivas, do planejamento à
execução das operações, visando a maximização da produção e dos lucros”
(DOURADO, 2006, p. 15).
Segundo Dourado (2006, p. 17), na perspectiva do taylorismo, a
escola tem sua organização fundamentada nas seguintes ideias:
Quanto mais dividido for o trabalho em uma organização, mais eficiente será a empresa; b) Quanto mais o agrupamento de tarefas em departamentos obedecer ao critério da semelhança de objetivos, mais eficiente será a empresa; c) Um pequeno número de subordinados para cada chefe e um alto grau de centralização das decisões, de forma que o controle possa ser cerrado e completo, tenderá a tornar as organizações mais eficientes; d) O objetivo da organização é centrar-se mais nas tarefas do e nos homens. Dessa forma, ao organizar, o administrador não deverá levar em consideração problemas de ordem pessoal daqueles que vão ocupar a função.
Para opor-se a essa forma de organização administrativa, estudos
liderados por Mayo (1927) tentaram corrigir a tendência de desumanização do
trabalho.
Na escola de relações humanas, o homem é visto como um ser
racional e essencialmente social. Nos estudos com grupos foram considerados os
sentimentos, as relações interpessoais, as atitudes, observando-se os estilos de
liderança e a tomada de decisão.
Entretanto, segundo Dourado (2006), é oportuno dizer que a escola
estruturalista busca o equilíbrio entre empresa e trabalhador, focaliza-se o problema
entre as organizações formais e informais. Ressalta-se a importância de buscar
soluções conjuntas, sem um favorecimento da administração nem do trabalhador.
Entre os representantes da teoria estruturalista encontramos Robert.
K. Merton, Max Weber, Alvin Gouldner e Amitai Etzioni. Outra escola de
administração que apresenta uma teoria de organização é a escola behaviorista que
tem como principais representantes Herbert Simon, Chester Bernard, Elliot Jacques
e Chis Argyris (DOURADO, 2006, p. 19).
A escola behaviorista caracteriza-se por considerar as necessidades
humanas para compreender o comportamento humano e a partir disso, utilizar
técnicas para motivação. A motivação é o ponto de partida para melhorar as
atividades produtivas. A liderança exercida por este tipo de trabalho leva em
consideração um estudo para a aceitação das normas e regras a partir de um
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fenômeno psicológico e não apenas legal, as relações de autoridade passam a
depender dos motivos pelos quais os indivíduos aceitam as decisões e ordens
superiores (DOURADO, 2006, p. 19).
Com base nessas discussões observa-se que a escola acaba
tomando como modelo de administração o aspecto político e econômico sem
perceber suas especificidades.
A gestão democrática vai além da administração. Ela deve assumir
um caráter histórico-crítico, e situar os sujeitos da escola sobre a co-
responsabilidade que precisam assumir no processo educativo. Ela tem o seu papel
social, considerado como um exercício amplo e constante que possibilite a
organização da sociedade a partir das questões coletivas, não das individuais. A
permanência dos alunos no processo educativo é um reflexo da qualidade do ensino
ofertada por meio da democratização da educação.
Refere Dourado (2006, p. 28):
A gestão, numa concepção democrática, efetiva-se por meio da participação dos sujeitos sociais envolvidos com a comunidade escolar, na elaboração e construção de seus projetos, como também nos processos de decisão, de escolhas coletivas e nas vivências e aprendizagens de cidadania.
Por outro lado, existem algumas críticas em relação a esse modelo
de gestão na escola, principalmente na escola pública. Para Viriato et al. (2001, p.
175) “[...] „gestão democrática‟, ou seja, tais categorias são concebidas no sentido de
efetivar a transferência da manutenção das carências pedagógicas e financeiras das
Escolas, para a Comunidade Escolar”.
O que pode implementar o papel dos sujeitos na gestão democrática
é a participação e a autonomia. Nesse sentido, Viriato (2001, p. 176) ressalta que “a
participação pode ser utilizada, tanto por aqueles que lutam por uma sociedade mais
justa, quanto por aqueles que utilizam o poder como um meio para fortalecer e
manter sua hegemonia”.
A participação será efetivada quando a escola criar e incentivar
ações que permitam uma articulação das informações e necessidades dos sujeitos.
Sendo assim:
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[...] a participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um sem-número de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos requisitos básicos e preliminares para aquele que se disponha a promovê-la é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades (PARO, 2008, p. 16).
Muitas questões estão envolvidas com a participação. Entre elas há
os interesses particulares de determinado grupo da escola que deve ser superado,
porém, sem se desconsiderar a qualidade da educação. Num espaço onde haja a
relação democrática, há de se considerar as particularidades dos sujeitos em
consonância com o objetivo que o grupo deseja atingir.
Gracindo (2007, p. 12) esclarece que a gestão democrática da
educação “trabalha com atores sociais e suas relações com o ambiente, como
sujeitos da construção da história humana, gerando participação, co-
responsabilidade e compromisso”.
No Projeto Político-Pedagógico1 do Colégio Estadual Arthur de
Azevedo - EFMP de São João do Ivaí (2009, p. 48), no qual será desenvolvido o
Projeto de Intervenção, a democratização da gestão da educação tem como objetivo
permitir que a sociedade exerça seu direito à informação e à participação no
processo de formulação e avaliação da política de educação e na fiscalização de
sua execução.
Lück ressalta ainda que direito e dever não são conceitos fixos e
estabelecidos a serem adotados e seguidos, como participação na gestão
democrática, “mas, sim ideias que se desdobram e se transformam continuamente
pela própria prática democrática que, por si, é criativa e dinâmica” (LUCK, 2008, p.
55).
Além da participação, a autonomia é outro aspecto da gestão
democrática. A autonomia está relacionada à forma que a escola se organiza na
prática e às decisões tomadas por meio da participação coletiva. A autonomia é
conquistada a partir da mobilização interna e externa da escola, numa relação
1 Projeto Político-Pedagógico é a construção coletiva da identidade da escola pública, popular, democrática e de
qualidade para todos. Em sua estrutura textual contempla três marcos: MARCO SITUACIONAL: descreve e situa a escola no atual contexto da realidade... Explicita seus problemas e as necessidades. MARCO CONCEITUAL: expressa uma utopia social e educacional, explicitar aonde se quer chegar e os fundamentos teóricos que o embasam; MARCO OPERACIONAL: delineiam a luta e as esperanças, as mudanças significativas a serem alcançadas. (PROF
a.: MARIA MADSELVA F.FEIGES.UFPR/DEPLAE/APP.1998-2003).
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dialética entre a autonomia escolar e a autonomia dos sujeitos sociais (ARAÚJO,
2000 apud GRACINDO, 2007).
Viriato et al. (2001) considera que a autonomia é uma forma de
descentralizar o autoritarismo. O autor salienta que é preciso analisar esses
conceitos do ponto de vista político, isto é, não diminuir o papel do Estado como
mantenedor das políticas sociais, encobrindo os objetivos de uma característica
neoliberal. Além disso, faz-se necessário observar que a descentralização não é
sinônimo de democracia, pois a:
[...] democracia só se efetiva por ações e relações que se dão na realidade concreta, em que a coerência democrática entre o discurso e a prática é um aspecto fundamental. A participação não depende de alguém que “dá” abertura ou “permite” sua manifestação. Democracia não se concede, conquista-se, realiza-se (HORA, 1998, p. 133).
Portanto, a autonomia deve ser exercida dentro das possibilidades e
limites apresentados pela própria política de governo por meio dos mecanismos de
participação e decisão da gestão democrática.
Hora (1998, p. 49) esclarece:
A gestão democrática em educação está intimamente articulada ao compromisso sociopolítico como os interesses reais e coletivos, de classe, dos trabalhadores, extrapolando as batalhas internas da educação institucionalizada [...].
Dessa forma, a escola pode desenvolver espaços de participação e
tomada de decisões (autonomia) que atendam às novas expectativas da
comunidade escolar onde atuamos, tendo o Conselho de Classe Participativo como
um desses espaços. Este é o assunto sobre o qual trataremos a seguir.
Entendendo o Conselho de Classe...
16
A educação escolar é uma prática social em
transformação e tem a finalidade de transmissão do conhecimento científico
acumulado pela humanidade. A escola é um ambiente formal de educação, e
desenvolve métodos e procedimentos para difusão e elaboração
do conhecimento. Esta constante transformação afeta,
direta e indiretamente, toda a comunidade escolar,
seus conhecimentos, valores e expressões. Dessa
forma, percebe-se que o trabalho do profissional da
educação deve ser um compromisso coletivo para que as decisões sejam tomadas
como vistas a contemplar a formação intelectual e moral dos alunos em todos os
atos do trabalho educativo.
Em seu livro, Rocha (1986, p. 18) relata que, embora o Conselho de
Classe tenha tido sua origem na França em 1945, foi somente quando dez
educadores brasileiros estagiários em Sèvres, em 1958, vivenciaram a reunião do
Conselho de Classe entres eles, Laís Esteves Loffredi e Myrthes de Lucca Wenzel
que se buscou implantar a ideia do Conselho de Classe no Colégio de Aplicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro por causa das discussões e críticas que, na
época, já se faziam sobre a avaliação tradicional. Naquele momento todos
acreditavam que havia necessidade de um trabalho interdisciplinar na educação. Foi
assim que nasceu o Conselho de Classe, que se subdividia em três momentos:
Conselho de Classe (dirigido à turma), Conselho de Orientação (dirigido à escola) e
Conselho Departamental de Orientação (de maior abrangência). Os três tinham a
função de orientar as habilidades do aluno para as modalidades de ensino que eram
oferecidas; além disso, o Conselho de Classe se fundamentava numa avaliação de
caráter classificatório que decidia a carreira escolar do aluno.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei
4.024/61 – trazia a ideia de um trabalho escolar voltado para uma avaliação mais
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abrangente sobre o desenvolvimento escolar de cada aluno, porém não mencionava
explicitamente o Conselho de Classe (ROCHA, 1986). Mais tarde, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, nº 5.692/71, reformulou alguns itens da Lei LDB
4024/61, porém não criou propriamente o Conselho de Classe, antes, possibilitou
que ele fosse institucionalizado em nível nacional; no entanto, o Conselho de Classe
acontecia nas escolas de forma espontânea, sem importância pedagógica definida.
É importante ressaltar que essa LDB 5692/71 possuía cunho
autoritário e tecnicista, que visava a profissionalização do educando, pois foi
idealizada em um momento de ditadura militar no Brasil, esteve ligada aos
interesses do setor econômico da época e ao mercado de trabalho e procurou
atender apenas a sociedade industrial que se expandia e necessitava de mão-de-
obra qualificada (BRASIL, 1971).
Dalben (1996) observa que o Conselho de Classe surge embasado
no pressuposto de que, num processo coletivo em que existem diferentes ideias dos
diversos profissionais, é possível que, por meio da soma dessas ideias, conseguir o
maior conhecimento daquilo que se quer avaliar, para obter, dessa forma, tomadas
de decisões mais acertadas.
No Brasil o Conselho de Classe passou a ser
amparado por meio de lei aprovada, tendo
assim, como Base Legal a LDBEN/ 9394/96 –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional:
Artigo 3º- Incisos VIII e X, Artigo 12 - Incisos
I, IV, V e VI, Artigo 13 - Incisos I, II, III, IV,
Artigo 24 – Incisos V, Deliberação 007/ 99 –
Avaliação Escolar Artigo 7º - Indicação
001/1999. (PARANÁ, 2009).
18
[...] ao Conselho de Classe caberia o papel de aglutinar as diferentes análises dos diversos profissionais, além de possibilitar o seu desenvolvimento, na sua própria capacidade de análise do aluno, do trabalho docente como um todo, numa perspectiva de auto-desenvolvimento de novas metodologias para o atendimento do discente. Portanto, o Conselho de Classe teria como papel fundamental dinamizar o processo de avaliação, por intermédio da riqueza das análises múltiplas de seus participantes, e estrutura os trabalhos pedagógicos seguindo essas análises coletivas, permitindo-se um fazer coletivo (DALBEN, 1996, p. 112).
Dalben diz, ainda, de que forma deve ser a avaliação, que deve
possibilitar-se pelos parâmetros das avaliações quantitativas e qualitativas.
É uma concepção que implica a consideração do aluno como um todo, a percepção de seu crescimento como pessoa e, ainda a análise de dados variados, na tentativa de obter informações em diversos níveis, recolhendo evidências ligadas a habilidades, atitudes, interesses e necessidades dos alunos. Esse tipo de avaliação sugere uma observação sistemática do aluno, individualmente e em grupo, que acompanhe continuamente no trabalho escolar, conhecendo-o em todos os aspectos (DALBEN, 1996, p. 115).
O Conselho de Classe deve ser uma ação coletiva de educadores
envolvidos nos processos escolares, e que realizem um trabalho de análise
compartilhada em que são consideradas as várias percepções sobre o aluno e o
processo de ensino e de aprendizagem.
Para Dalben (2004), o Conselho de Classe está presente no trabalho
da escola, no qual a reunião entre os vários professores das diversas disciplinas e a
equipe pedagógica têm o objetivo de refletir coletivamente e avaliar o desempenho
pedagógico dos alunos.
Em consonância com o exposto pela autora, o Regimento2 do
Colégio Estadual Arthur de Azevedo (2008, p. 13), no qual esse projeto se efetivará,
em seu artigo 24 diz: “A finalidade da reunião do Conselho de Classe, após analisar
as informações e dados apresentados, é a de intervir em tempo hábil no processo
2 O REGIMENTO ESCOLAR, enquanto documento administrativo e normativo fundamenta-se nos
propósitos, princípios e diretrizes definidos na PROPOSTA PEDAGÓGICA da escola, na legislação geral do país e, especificamente, na legislação educacional. Disponível em <www.conteudoescola.com.br>. Acesso em 08 de jul. 2010
19
ensino-aprendizagem, oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se
dos conteúdos curriculares estabelecidos”.
Afirma Dalben (1996, p. 194):
O objeto de trabalho do conselho de classe é a avaliação da aprendizagem, que sendo analisada segundo critérios amplos, discutidos criticamente, considerando as suas inúmeras contradições poderá atingir o questionamento dos aspectos ligados ao papel social da escola e as implicações políticas de seus processos de decisão na formação do homem, ser social e político. Afirma-se isso, porque o processo de avaliação é um processo dialético, que implica, intrinsecamente, o processo de gestão de novas ações.
De acordo com Dalben (1996), o Conselho de Classe tem como
característica principal, a forma de participação direta de todos os membros da
comunidade escolar que atuam no processo pedagógico, uma organização
interdisciplinar, pois nela estão presentes as diversas disciplinas e ela tem como
foco de trabalho a avaliação dos alunos. Para tanto o Colégio Estadual Arthur de
Azevedo menciona em seu Regimento Escolar (2008, p. 13) no artigo 27 que “o
Conselho de Classe é constituído pelo diretor(a) e ou diretor(a) auxiliar, pela equipe
pedagógica, por todos os docentes e pelos alunos representantes que atuam numa
mesma turma e/ou série/ano.”
No Conselho de Classe a avaliação deve basear-se nas
experiências adquiridas em sala de aula. Segundo Dalben
(2004), a avaliação é construída de acordo com
necessidade e a oportunidade de rever a prática
pedagógica desenvolvida em sala de aula pelos
professores. Nessas ocasiões os professores e a equipe pedagógica refletem sobre
as dificuldades encontradas em sala de aula, tanto pelos alunos como pelos
professores, e juntos procuram, por meio de reflexões, elencar algumas sugestões,
visto que o centro das discussões é o aluno e o instrumento é a troca de
experiências entre professores e equipe pedagógica.
Dalben (1996), ao buscar a origem do Conselho de Classe no Brasil,
constata que sua implantação aconteceu por causa da necessidade que a
comunidade escolar vinha sentindo. Poderia a discussão sobre a prática pedagógica
trazer subsídios ao processo avaliativo levando em conta a necessidade de maior
conhecimento do aluno. Com isso, as diferentes análises e avaliações dos diversos
20
profissionais participantes no Conselho de Classe possibilitariam reflexões sobre o
aluno e os trabalhos desenvolvidos bem como, sobre o redirecionamento dos
trabalhos pedagógicos.
Em contraposição, pesquisas desenvolvidas por Dalben (1996), por
sua vez, verificaram que os Conselhos de Classe contribuem para a análise das
notas, discutindo a avaliação escolar como base nas medidas de quantidade, sendo
o aluno considerado portador de problemas relacionados à falta de interesse, pelas
matérias, pelos estudos e falta de assiduidade. Dalben (2004, p. 39) entende que os
critérios e instrumentos de avaliação utilizados no Conselho de Classe são poucos
ilustrativos e assim “perde-se de vista a riqueza da perspectiva educativa presente
nas áreas de conhecimento, em seus conteúdos, em suas metodologias e nos
mecanismos de avaliação discente nelas produzidos.”
Para Cruz (2005, p. 11):
O conselho de classe é um dos espaços mais ricos de transformação da prática pedagógica e, talvez, dos mais mal aproveitados nas escolas, pois se transformou em instância de julgamento dos alunos, sem direito a defesa e em espaço de críticas improdutivas sobre a prática pedagógica.
Nesse sentido, é importante destacar que a análise dos critérios e
instrumentos de avaliação utilizados durante o Conselho de Classe são essenciais,
pois são eles que irão mediar a avaliação. É importante fazer do Conselho de Classe
um momento para permitir a análise crítica da realidade educacional, por meio da
resolução dos problemas que vão surgindo pelo entendimento de que a avaliação é
uma forma de atingir novos objetivos ao longo do processo educativo, pois...
AA ssoocciieeddaaddee eessppeerraa ddaa eessccoollaa uumm aatteennddiimmeennttoo
vvoollttaaddoo àà iinncclluussããoo ssoocciiaall,, mmaass ttaammbbéémm eessppeerraa
qquuee aa eessccoollaa pprrooppoorrcciioonnee mmeeiiooss ppaarraa oo
ddeesseennvvoollvviimmeennttoo ddooss aalluunnooss,, ooppoorrttuunniizzaannddoo
ssuuaa rreeaall iinnsseerrççããoo ccoommoo ssuujjeeiittoo aattiivvoo..
21
3.2.2 ESTRUTURA DO CONSELHO DE CLASSE
Conselho de Classe deve caracterizar-se pela ação, bem
como pela atuação coletiva de educadores envolvidos no trabalho pedagógico, para
um momento de análise compartilhada dos instrumentos e critérios de avaliação em
que são consideradas as várias percepções sobre o aluno e sobre todo o seu
processo de ensino aprendizagem.
Expõe Dalben (1996, s/p):
Previa-se para os Conselhos de Classe uma função de cunho essencialmente pedagógico, na perspectiva de auxiliar o processo avaliativo. Partia-se da necessidade de maior conhecimento do aluno e do pressuposto de que o processo coletivo de avaliação é qualitativamente superior ao individual, isto é, um processo de avaliação que englobasse as diferentes óticas dos diversos profissionais viabilizaria um julgamento mais criterioso, garantindo melhor atendimento pedagógico e, consequentemente, maior acerto nas tomadas de decisões.
Vê-se que a autora resgata algumas funções do Conselho de Classe
que foram esquecidas pelas práticas das escolas as quais, ao longo dos tempos,
vêem utilizando o Conselho de Classe apenas para aprovação ou reprovação do
aluno, e entendendo que o processo avaliativo deve ser essencialmente quantitativo,
e levar em conta somente a “nota”.
O
Alunas do 2o ano do Curso de Formação de
Docentes do Colégio Estadual Arthur de
Azevedo, em campanha pela democratização do
Conselho de Classe!
22
Segundo Rocha (1986, p. 29):
Ao Conselho de Classe constitui em primeiro lugar o momento de interação do professor: é o momento em que ele se encontra com seus pares, numa situação propriamente profissional, oportunidade quase inexistente antes da instituição do Conselho de Classe, quando o professor desenvolvia suas atividades profissionais numa situação de isolamento desconhecida em outras profissões, mas peculiar ao magistério. Torna-se, portanto, o Conselho de Classe um importante instrumento para a conscientização do professor enquanto profissional.
Para que se possam cumprir as finalidades do Conselho de Classe é
preciso que haja um processo crítico e isso implica o envolvimento e compromisso
de todos os envolvidos na escola.
De acordo com a SEED (PARANÁ, 2009), o conselho de classe se
estrutura a partir de três etapas:
O Pré-conselho de Classe: Ele faz o levantamento dos
problemas enfrentados pelos professores e alunos durante o
processo de ensino-aprendizagem. Os dados coletados serão
postos à apreciação de todos os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem, que é um espaço de diagnóstico, mediado pela
equipe pedagógica, junto com os alunos e professores, e que se
disponibiliza em momentos diferentes, mas não se caracteriza em
ações privativas, e sim pela busca de decisões que serão tomadas
pelo grupo/coletivo escolar.
O Conselho de Classe: é a reunião propriamente dita, na qual
serão retomadas as decisões anteriormente tomadas pelo pré-
conselho. É durante essa reunião que se reflete acerca da prática
pedagógica e do papel do aluno. Para que as decisões sejam
efetivadas é preciso que se compreenda como e quais metodologias
deverão ser modificadas, para que se possa estabelecer uma nova
forma de avaliar o aluno, sem que se deixe de levar em conta suas
necessidades.
O Pós-Conselho de Classe: As decisões tomadas
coletivamente, no Conselho de Classe, a partir das discussões dos
problemas elencados no pré-conselho, bem como no próprio
Conselho de Classe, transformam-se, nesse momento em ações
23
como, por exemplo, conscientização tanto dos alunos sobre o
processo de aprendizagem, bem como dos pais. Acredita-se que
estes esperam da escola, além do boletim, explicações sobre o
aproveitamento educacional de seus filhos, particularmente daqueles
que necessitam de intervenções especiais. No pós-conselho de
classe, os professores redirecionam estratégias metodológicas e
pedagógicas principalmente no que diz respeito à avaliação, pois
percebe-se que um dos grandes problemas enfrentados pelo
professor nem sempre está em sua metodologia, mas sim no ato de
avaliar. Serão também colocados em prática os encaminhamentos
acordados entre as partes. É importante ressaltar que todo este
processo deverá estar devidamente registrado em ata.
Alguns critérios são necessários para que o Conselho de Classe
seja realizado nas três etapas citadas, tendo como meta a qualidade de ensino e de
aprendizagem e não apenas os aspectos quantitativos.
Toda essa organização é parte do
trabalho da equipe pedagógica da escola, cujo objetivo é
organizar, bem como mediar as discussões durante o
conselho de classe, realizando os registros formais e
propondo novas situações para reflexão cujo o foco
principal é a aprendizagem.
O Conselho de Classe deve ser visto pelos membros da escola
como uma possibilidade de enriquecimento pedagógico, como um espaço para
refletir sobre as diferenças, as dificuldades e as ansiedades, porém isso não é
possível se, durante a reunião, os participantes se mantiverem no isolamento e
individualismo, caso contrário, o Conselho de Classe não passará de um amontoado
de registros feitos apenas para o cumprimento burocrático.
O Conselho de Classe permite a discussão do trabalho pedagógico
em sua especificidade, ao refletir sobre o aluno, o professor e o conteúdo,
analisando e tomando decisões para que o processo de ensino e aprendizagem se
efetive. “É uma relação imediata, direta, que orienta novas relações próximas e
futuras”, como afirma Dalben (1996, p. 178).
24
A reflexão/avaliação da prática pedagógica, estruturada num processo dialógico e interativo, permite verificar os resultados da avaliação do desempenho do aluno, pela diferença e divergência de olhares, explorando referenciais diversos, clarificando significados e sentidos pedagógicos, comparando parâmetros reais e idéias, compartilhando subjetividades e oferecendo uma dimensão qualitativa, na medida do desempenho do aluno, do professor e da escola. [...] Tendo como objetivo de estudo a avaliação da aprendizagem do aluno, a ação efetiva dessa instância se dá na reflexão desses resultados para o desenvolvimento de um outro nível de reflexão, mais global e integrador, situado na reflexão e produção de um conhecimento sobre o ensino, sobre a aprendizagem e sobre a escola como um todo. Isso significa a importante possibilidade de o Conselho de Classe reunir em sua prática de reflexão/avaliação a produção de propostas de intervenção inovadoras, na construção dos projetos pedagógicos coletivos das escolas, apresentando-se ainda como instância capaz de permitir a formação em serviço do profissional reflexivo (DALBEN, 2004, p. 75).
O melhor instrumento de trabalho do professor é a reflexão sobre a
aprendizagem, por quanto a reflexão permite ao professor um repensar sobre o
trabalho docente. Desta forma, o professor constrói novas metodologias e conceitos
sobre a aprendizagem de seus alunos. Ele passa a ser um investigador de seu
próprio trabalho pedagógico, avaliando-se de forma crítica, com autonomia para
futuras tomadas de decisões. Essa atitude do professor redirecionará as práticas do
Conselho de Classe, deixando-o de apresentar como um instante em que os
profissionais envolvidos “constroem uma fotografia da turma”, como afirma Dalben
(1996, p. 112):
Passam-se em revista todos os alunos, verbalizam fatos e notas desconexos entre si, como se estivessem dando conhecimento e satisfação a si mesmos e a seus pares daquilo que está acontecendo, especialmente com relação ao rendimento pedagógico das turmas com as quais trabalham. Cada professor já tem o seu resultado numérico registrado nos diários de classe e afirmam já terem feito análise de outros instrumentos de avaliação para cada aluno.
Expõe Dalben (2004, p. 16) “[...] o Conselho de Classe guarda em si
a possibilidade de articular os diversos segmentos da escola e tem por objeto de
estudo a avaliação da aprendizagem e do ensino, eixos centrais do processo de
trabalho escolar.”
A autora ressalta a importância do Conselho de Classe quando fala
da articulação dos diversos segmentos da escola, porém é necessário que todos se
sintam responsáveis na busca de soluções, pois na reunião do Conselho de Classe,
mesmo que com caráter inovador e participativo, o assunto continua sendo as
dificuldades, entre as quais as do aluno que não está em condições de aprender
25
num dado momento. É aí por exemplo que está o diferencial de um Conselho de
Classe Participativo: Buscar coletivamente os meios para o pleno desenvolvimento
do ensino e da aprendizagem. Portanto, uma nova relação deve ser constituída
entre os profissionais, fundamentada no diálogo com o outro para que o Conselho
de Classe se transforme passando de um espaço de discussão pedagógica para um
espaço de reflexão pedagógica coletiva e participativa.
Dalben (2004, p. 73) afirma que:
É nesse contexto que emerge a importância do Conselho de Classe como espaço de diálogo entre diferentes posturas e posicionamentos dos diferentes profissionais, possibilitando que os pontos de vista sejam relativizados, diminuindo, assim, os erros de avaliação que tanto tem prejudicado os alunos – especialmente aqueles das camadas populares – e permitindo a produção de conhecimentos mais próximos do real.
Pela reflexão se vê a necessidade de acabar com a prática de levar
resultados prontos para serem discutidos formalmente pelo Conselho de Classe. Os
resultados prontos devem subsidiar a proposição de mudanças para cuja efetivação
se levem em consideração as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos
alunos e se acolham e executam as propostas que o coletivo reunido pode
apresentar.
Tendo os membros da comunidade escolar os mesmos objetivos
que é a busca de solução dos problemas, é necessária a plena descentralização do
poder decisório, para que se possam considerar os interesses e as necessidades da
escola e atendê-las por meio da ação coletiva, da busca e criação de novos métodos
e da organização do trabalho pedagógico.
Para que o Conselho de Classe Participativo se efetive é preciso dar
oportunidade de participação a todas as pessoas envolvidas. Os critérios a serem
avaliados devem ser discutidos numa linguagem clara que seja compreendida por
todos, para que o aluno, centro da atenção do Conselho de Classe não fique à
margem, mas participe das discussões que dizem respeito à sua aprendizagem. Um
Conselho de Classe Participativo pretende que todos os envolvidos tenham a
oportunidade de refletir sobre a aprendizagem e o processo de ensino.
Ele deve discutir avaliar, examinar para conhecer melhor o aluno e o
trabalho docente, num momento de reflexão coletiva sobre o trabalho que está
sendo realizado, e assim criar um novo fazer pedagógico, favorecendo mudanças de
26
ações, para atender os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, e
possibilitando a análise dos pontos positivos e negativos, e suas vivências do dia- a-
dia, e que tudo isso seja levado em consideração na avaliação final.
Professores do 2o ano do Curso de Formação de Docentes, Equipe Pedagógica e Direção
do Colégio Estadual Arthur de Azevedo.
A EQUIPE ESTÁ MOBILIZADA!!!
27
O Conselho de Classe Participativo não se forma de um dia para outro. Ele
começa a se formar quando todos tomam consciência de que se trata de um
espaço de formação reflexiva. A conscientização constitui-se fator primordial
para o processo de mudança tanto para a prática pedagógica quanto
consequentemente, para a aprendizagem dos alunos.
Dessa forma, a qualidade de ensino da escola pública será ainda maior e
todos estarão desafiados para as transformações necessárias e em constante
busca de novos aprendizados para terem a oportunidade de crescer
profissionalmente. Assim possibilitarão o aperfeiçoamento das práticas
pedagógicas.
Portanto, num Conselho de Classe Participativo busca-se, uma nova postura
dos docentes, da equipe pedagógica, da direção e dos alunos para uma
atuação embasada em propósitos de avaliação do próprio trabalho, tendo em
vista a qualidade de ensino da escola pública e uma aprendizagem eficaz de
toda a comunidade escolar para que todos venham a usufruir das mudanças
positivas que advirão dessa forma de avaliar o trabalho da escola como um
todo.
28
Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce sabendo participar. A participação é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa. Isto é, as diversas forças e operações que constituem a dinâmica da participação, devem ser compreendidas e dominadas pelas pessoas (BORDENAVE, 1994, p. 46).
Ao fazermos uso do termo participação, somos levados a pensar em
interação, em fazer parte de um todo, ou seja, em estar a par e interar-se de fatos,
acontecimentos e situações do cotidiano, no âmbito familiar, escolar, operacional ou
social. Pois, dispor de meios de crescimento pessoal é um direito adquirido há
tempo, porém muitos ainda não se dão conta desta conquista que os ajuda a operar
mudanças no meio em que se encontram inseridos. “Como nenhum homem é uma
ilha e desde suas origens o homem vive agrupado com seus iguais, a participação
sempre tem acompanhado - com altos e baixos - as formas históricas que a vida
social foi tomando” (BORDENAVE, 1994, p. 11). Para este autor, o homem sempre
fez parte de um núcleo de participações, não importando os tempos e contextos
diferentes em que está inserido. Mas, na realidade, muitos ainda são alienados a
este respeito.
Encontramos no convívio familiar a primeira demonstração de
participação quando, em tomadas de decisões coletivas das coisas simples do dia-a-
dia, são apontadas, por todos os sujeitos da família, formas para solucionar algo
pendente, através do diálogo. Entendamos melhor a força do diálogo como
finalidade participativa:
Ora, a maior força para usar a participação é o diálogo. Diálogo, aliás, não significa somente conversa. Significa se colocar no lugar do outro para compreender de seu ponto de vista; respeitar opinião alheia; aceitar a vitória da maioria; pôr em comum as experiências vividas, sejam boas ou ruins; partilhar a informação disponível; tolerar longas discussões para chegar a um consenso satisfatório para todos (BORDENAVE, 1994, p. 50-51).
29
Em vista disso, o segundo passo para uma participação interativa é
a escola. É importante primeiramente um bom alicerce familiar, para que o ingresso
na escola possa dar continuidade às ações interativas. Mas quando um indivíduo
passa a participar ativamente de uma comunidade maior que o seu núcleo familiar,
ele deve ser orientado para não ficar perdido com as possíveis tomadas de decisões
deste novo meio. Outrossim, é imprescindível que ambas, família e escola, mostrem-
lhe como participar e interagir de acordo com a sociedade também em particular
como em conjunto e disponham de métodos apropriados que o auxiliem na
formação pessoal e social.
A partir do momento em que esse filho passa a ser aluno, a ele é
transmitido um novo contexto de convívio social, e por isso ele precisa se sentir
seguro, condição para a formação de um cidadão crítico e coerente em suas
tomadas de decisão em situações problemáticas com que se deparar. Ainda
segundo Bordenave (1994, p. 12), “a participação facilita o crescimento da
consciência crítica da população, fortalece seu poder de reivindicação e a prepara
para adquirir mais poder na sociedade”. Para o autor, participar significa, para o
indivíduo, estar atento a tudo que o cerca, significa saber selecionar aquilo que
possa acrescentar-lhe como conhecimento, significa discernir o certo do errado, e
ser seguro e coerente no segmento do que é certo para atingir, plenamente a
maturidade participativa e interativa.
GESTÃO
DEMOCRÁTICA
CONSELHO DE
CLASSE
PARTICIPATIVO
ESCOLA
Teorizar a respeito do assunto é
a parte fácil do processo, no
entanto, que meios usar para
que realmente família e escola
fundam-se no mesmo contexto
participativo?
30
Não existe uma cartilha metódica que ensine o correto e o errado
para interagir, mas é possível sugerir alguns passos, quais sejam: os pais devem ser
informados sobre como a escola procede nas atividades do cotidiano, em situações
comuns, ou inusitadas e se ela está sendo capaz de solucionar possíveis problemas;
os pais, também necessitam manter diálogos com seus filhos, mostrando-se sempre
interessados a respeito do que a escola ensina; eles devem buscar agir em comum
com as normas estabelecidas pela escola; é muito importante que não interfiram em
todas as decisões do filho, deixando que ele também decida, pois é necessário que
ele aprenda a decidir por si em alguns momentos; isso é fundamental, e se torna um
convite à liberdade de pensar e se expressar.
Gestores do Colégio Estadual Arthur de Azevedo
Estimular a participação sociopolítica dentro da escola é uma forma
de suscitar a formação de sujeitos políticos que interajam na vida socioeconômica
conscientes das suas responsabilidades como cidadãos críticos. Em nossa
sociedade, pautada em princípios neoliberais, ser cidadão, na maioria das vezes, é
sinônimo de ser consumidor. A sociedade tem dificuldades de compreender que a
cidadania vai além do sufrágio universal. Sendo assim, é importante estimular, na
escola, práticas de participação social.
Nesse sentido, difundir a participação não é suficiente, é preciso
fazê-la acontecer na prática, pois, como já mencionado anteriormente, muitos são os
caminhos que devem ser percorridos, o que não quer dizer que eles sejam fáceis.
Então, nada mais importante para aprender do que ser participativo. Para Heloísa
Lück (2008, p. 63): “A participação é um princípio a permear a todos os seguimentos
(sic), espaços e momentos da vida escolar e dos processos do sistema de ensino,
de acordo com os postulados democráticos, orientadores da construção conjunta.”
Gestores: contribuindo para efetivação da Gestão Democrática na escola, através do Conselho de
Classe Participativo!
31
A autora ressalva que todos precisam envolver-se efetivamente, e
completa:
[...] pela participação a escola se transforma numa oficina de democracia, organizando-se como instituição cujos membros se tornam conscientes de seu papel social na construção de uma instituição verdadeiramente educacional, e agem de acordo com esta consciência (LÜCK, 2008, p. 66).
De acordo com a autora, a participação aumenta com a interação da
escola e se ela age em benefício da formação de pessoas conscientes do que vem a
ser participar. A escola deve possibilitar aberturas, prover espaços participativos
para a comunidade em geral. Não obstante parecer este objetivo um grande desafio,
ele é possível; basta ousar, inovar e implantar a consolidação de direitos e de
deveres, assim, “a própria organização da escola deve caminhar para a participação
de todos” (ROCHA, 1986, p. 47).
Como a família e a escola são imprescindíveis para a formação do
indivíduo, é evidente que ambas necessitam oferecer meios e condições que
favoreçam a interação. A escola prospera com a participação de todos. A partir do
momento em que pessoas conhecem sua realidade, refletindo a respeito de
problemas e encontrando soluções, ficará claro que elas atingiram seu objetivo.
Logo, vê-se que a educação propicia bases para uma maturidade participativa.
Mesmo assim, cabe a todos continuar fazendo valer seus direitos, acreditando que
mudanças são possíveis. Através de pequenas mudanças, pode-se contribuir para
uma transformação estrutural da sociedade atual, tão fortemente marcada pelo
individualismo, pela competição e pela meritocracia. Afinal a história não é imutável!
Portanto, a escola que há tempos dedica-se a
socializar o ensino, vem buscando novas maneiras
de transmitir informações. Através desta busca,
procura interagir com todos os seguimentos da
comunidade escolar, viabilizando um maior
comprometimento destes membros para a
democratização do ensino.
32
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 ROTEIRO ANALÍTICO DOS FILMES E DOCUMENTÁRIO
amos assistir juntos aos filmes Entre os Muros da Escola e o Documentário:
Pro dia Nascer Feliz, para, a partir deles, repensar as ações de nossa escola com
vistas de um maior aproveitamento didático-
pedagógico. Discutiremos os roteiros analíticos a fim de
aguçar a nossa reflexão sobre a prática educativa em
diversas situações da realidade sociocultural de
diferentes instituições de ensino.
Os alunos também assistirão ao filme Escritores da
Liberdade, tendo a oportunidade de refletir sobre a conduta do professor perante as
dificuldades deles no contexto escolar, bem como no meio social em que vivem.
Sinopse e comentário dos Filmes (Anexos D, E e F).
ROTEIRO ANALÍTICO
Filme: Entre os Muros da Escola
1) Qual sua opinião sobre as questões levantadas durante a primeira reunião
realizada nesta escola.
2) Como você vê a participação dos representantes de pais nesta reunião?
V
33
3) Comente sobre a atitude do professor como “Diretor da Turma” (responsável
pela turma) ao chamar os pais após o Conselho de Classe.
4) Observando o comportamento das alunas, representantes da turma
(delegadas), durante a realização do Conselho de Classe, como você
descreveria o perfil do aluno ideal para exercer esta função?
5) Quais as comparações que se pode fazer em relação ao Conselho de Classe
do filme e o Conselho de Classe de que você participa?
6) Qual é a verdadeira função do representante de turma no Conselho de
Classe? As alunas que faziam parte desta reunião agiram corretamente.
Justifique.
7) Cite alguns dados da cena do filme comum a nossa realidade.
8) Na sua opinião o que quer dizer o Título do Filme: “Entre os Muros da
Escola”?
9) De acordo com o filme, podemos perceber que o sistema educacional está
em crise, sem apontar culpados. Você concorda com esta posição? Por quê?
10) Você percebe positividade no Conselho de Classe Participativo? Concorda
com ele? Por quê?
11) Como educadores que lições podemos tirar das situações apresentadas no
filme?
12) Comente sobre as relações entre os personagens: aluno/professor,
13) Aluno/aluno, professor/professor e professor/pais.
34
ROTEIRO ANALÍTICO
Documentário Pro Dia Nascer Feliz
1) Relate a postura dos professores no Conselho de Classe quanto a aprovação
do aluno em questão (Douglas).
2) Comente sobre a atitude do aluno ao saber que foi aprovado pelo Conselho
de Classe. Esta atitude é comum entre nossos alunos?
3) Como fica a aprendizagem (requisitos básicos) do aluno quando é
aprovado pelo Conselho de Classe? Qual sua opinião a respeito dessa
autonomia do Conselho de Classe?
4) Segundo a professora Celsa do Rio de janeiro, há um abismo muito
grande entre professor e aluno. Você concorda com esta afirmação?
Justifique.
5) Como é sua relação com os alunos em sala de aula? Comente.
6) Analisando tudo que foi apresentado pelo Documentário Pro Dia Nascer
Feliz faça um paralelo entre a Educação Pública e a Educação Privada.
35
ROTEIRO ANALÍTICO:
Filme: Escritores da Liberdade
1) A atuação do professor na sala de aula reflete sua conduta no Conselho de
Classe?
2) De acordo com o filme, qual era a visão da Coordenadora de Departamento
em relação aos alunos da classe 203?
3) Na sua opinião como a Professora Erim Gruwell apresentaria seus alunos no
Conselho de Classe?
4) Você acredita que o professor pode influenciar nas mudanças de
comportamento dos alunos a partir do convívio em sala de aula? Justifique.
5) A relação professor/ aluno é primordial para que haja bom desempenho no
processo de ensino e aprendizagem? Por quê?
6) Na sua opinião alguns daqueles alunos poderiam participar do Conselho de
Classe. Justifique sua resposta.
7) Qual a mensagem do Filme para você?
36
5. QUESTIONÁRIO
Por essa estratégia os professores responderão a algumas questões
referentes à participação dos alunos nesta instância, colaborando para o
encaminhamento do Conselho de Classe, de modo que este levantamento
apresente quesitos básicos para este tipo de participação. A partir do levantamento
das opiniões dos professores serão escolhidos provavelmente três alunos para que
representem a turma no Conselho de Classe Participativo. Os alunos e professores
serão preparados antecipadamente pela Coordenação do Curso, para esclarecer
objetivos e metas do Conselho de Classe Participativo, de modo que a participação
coletiva e a inserção dos alunos sejam um momento de muito proveito durante o
Conselho de Classe (Apêndice A).
5.1 PRÉ- CONSELHO DOS ALUNOS E PROFESSORES
O Conselho de Classe Participativo se reunirá a partir das
conclusões extraídas do pré-conselho. O mesmo acontecerá com todos os alunos
da turma, uma ou duas semanas antes do término do bimestre. Neste momento, os
alunos colocarão as dificuldades relacionadas à aprendizagem, respondendo a
algumas questões relacionadas ao desempenho didático-pedagógico de cada
professor em sua disciplina de atuação (Anexo A). É importante ressaltar que os
alunos passarão por um processo formativo que os capacite a entender que o que
está em avaliação são os aspectos didáticos e pedagógicos das aulas. Esses dados
serão sistematizados para que os representantes da turma possam apresentá-los ao
Conselho de Classe.
No período das horas atividades, os professores também farão o
pré-conselho individualmente, avaliando questões necessárias para o bom
desempenho dos alunos durante o processo de ensino e de aprendizagem (Anexo
B). Esses dados, assim como os dos alunos, serão sistematizados pela
coordenação do curso para serem expostos e analisados coletivamente durante o
Conselho de Classe.
37
Serão realizados dois pré- conselhos e dois Conselhos de Classe
Participativos num período de seis meses. Os dados coletados no Pré-Conselho
serão apresentados e debatidos nos Conselhos de Classes pelos professores,
alunos, equipe pedagógica e direção.
5.2 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO
Análise Diagnóstica da Turma: O Conselho de Classe iniciará
com a apresentação dos dados levantados pelos professores
durante o Pré-Conselho (Anexo B), sistematizados pela
coordenação do curso e equipe pedagógica. A partir da
apresentação do diagnóstico feito pelos professores, os
representantes dos alunos colocarão também os problemas
levantados no pré-conselho dos alunos (Anexo A). O objetivo
dessa participação será expor as dificuldades da turma como um
todo em relação à aprendizagem, não a conduta do professor, do
aluno ou a própria. Em seguida farão a reflexão coletiva sobre os
relatos elencados nos pré-conselhos ou fora deles.
Análise de casos mais relevantes da turma: Nesta etapa o
Conselho de Classe, analisará os problemas mais relevantes que
prejudicam ou que estão prejudicando o aprendizado da turma
como um todo, bem como de algum aluno em especial que
necessita de uma intervenção mais condizente com o problema
(caso exista). Em seguida, destaca que o problema os
participantes julgam mais premente.
Proposta de práticas concretas: Após a análise diagnóstica da
turma e análise dos casos mais relevantes, todos os envolvidos
se empenharão em encaminhar propostas de soluções para os
problemas levantados, levando em consideração, nesta etapa, os
casos mais relevantes da turma. Os encaminhamentos terão
como objetivo as possibilidades de melhorar a aprendizagem dos
alunos que se encontram com alguma dificuldade evidenciada
durante o pré-conselho e o Conselho de Classe, bem como
38
encontrar estratégias que possam solucionar as dificuldades
expostas pelos professores e alunos para que juntos consigam
que o sucesso seja de todos em favor de uma educação mais
democrática e comprometida com o êxito do processo de ensino e
aprendizagem (Anexo C).
39
REFERÊNCIAS
A IMPORTÂNCIA da parceria família e escola. Disponível em: <http://www.educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/a-importancia-parceria-familia-escola.htm>. Acesso em: 1 abr. 2010.
BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é participação. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, Naura; AGUIAR, Márcia (Org.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. MEC, 1996.
BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/l5692_71.htm>. Acesso em: 1 abr. 2010.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Carta aos professores coordenadores pedagógicos: dilemas da prática cotidiana. São Paulo: Secretaria Estadual de Educação, 1999. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memoria/uploads/F263_036-05-00001%20carta%20aos%20professores%20coordenadores%20pedag%F3gicos.pdf >. Acesso em: 1 abr. 2010.
COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO. Projeto Político Pedagógico. São João do Ivaí, PR, 2009.
COLÉGIO ESTADUAL ARTHUR DE AZEVEDO. Regimento Escolar. São João do Ivaí, PR, 2008.
CRUZ, C. H. C. Conselho de classe: espaço de diagnóstico da prática educativa escolar. São Paulo: Loyola, 2005. v. 7.
DALBEN, Angela Imaculada Loureiro de Freitas. Trabalho escolar e conselho de classe. 4. ed. Campinas: Papirus, 1996.
DALBEN, Angela Imaculada Loureiro de Freitas. Conselhos de classe e avaliação. 3. ed. Campinas: Papirus, 2004.
DOURADO, Luiz Fernandes. Gestão da educação escolar. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de Educação a Distância, 2006.
ESCOLA de todos - prática escolar: inclusão, saúde e participação. Disponível em: <http://www.escoladetodos.net/blog>. Acesso em: 6 abr. 2010.
GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão democrática nos sistemas e na escola. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola. 4. ed. Capinas: Papirus: 1998.
40
IMAGENS. Disponível em <www.dominiopublico.gov.br >. Acesso em 05 maio de
2010.
LÜCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 4. ed. Petrópolis. RJ: Vozes, 2008. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Eu acompanho a avaliação escolar do meu filho, e você? Curitiba: SEED, 2009. (Material de Apoio).
PARANÁ. Secretaria de estado da Educação. Orientações para encerramento do ano letivo: o papel do pedagogo na mediação do conselho de classe. Material de Apoio. Curitiba: SEED, 2009.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2008.
QUEIROZ, Maristela Bernini. Todas as fotos utilizadas nesse material foram tiradas pela autora desse trabalho.
ROCHA, Any Dutra Coelho, Conselho de classe: burocratização ou participação? Rio de Janeiro: F. Alves, 1986.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
VIRIATO, Edaguimar Orquizas et al. A gestão democrática educacional na redefinição do papel do estado. In: NOGUEIRA, Francis M. Guimarães (Org.). Estado e políticas sociais no Brasil. Cascavel: EDUNIOSTE, 2001.
41
APÊNDICES
42
APÊNDICE A
Questionário Professores
PROJETO: Conselho de Classe Participativo: Possibilidades e Dificuldades de Interação
entre Professores, Alunos e Equipe Pedagógica
PROFESSOR PDE: Maristela Bernini Queiroz
TURMA: 2o Ano do Curso de Formação de Docentes
PESQUISA: Professores do 2o Ano do Curso de Formação de Docentes
QUESTIONÁRIO – PROFESSORES
1) Quais as possibilidades e dificuldades encontradas para inserir a participação de alunos no
Conselho de Classe?
2) Qual sua opinião quanto à participação de alunos no Conselho de Classe?
3) Quantos alunos você pensa que poderiam fazer parte do Conselho de Classe?
4) Quais os critérios que devem ser utilizados para escolher os alunos representantes da
Turma?
5) Faça sugestões para tornar o Conselho de Classe Participativo um ambiente onde todos se
sintam parte responsável pelo processo de ensino e aprendizagem.
6) Como poderia ser a participação dos alunos nas decisões do Conselho de Classe?
7) Você acha que a participação dos alunos no Conselho de Classe poderá melhorar o
rendimento escolar da turma, e o seu comprometimento dos mesmos durante o processo
de aprendizagem? Comente.
8) Na sua opinião o Conselho de Classe poderá melhorar sua dinâmica na busca de soluções,
com a efetiva participação dos alunos nas discussões com professores, coordenação,
direção e Equipe Pedagógica?
9) Você concorda que o levantamento de problemas discutidos pelos alunos no pré-conselho,
poderá vir a ser de grande valia para os encaminhamentos de soluções durante o Conselho
de Classe?
10) Na sua opinião como os alunos representantes da turma transmitirão os assuntos que
forem acordados no Conselho de Classe?
11) Como professor, comprometido com a democracia da escola, você está disposto a fazer o
possível para que o Conselho de Classe Participativo tenha êxito na turma do 2o ano do
Curso Normal?
43
ANEXOS
44
ANEXO A
Ata de Pré-conselho dos alunos – 2º ano Normal
Aos _________dias do mês de_______________do ano de dois mil e_____reuniram-se os
alunos do 2º ano normal do período________________, com o objetivo de tratar das
dificuldades de aprendizagem encontrada por eles.
Questões referentes ao trabalho do professor na turma:
Como estimula a participação dos alunos nas aulas
Como se relaciona com o grupo (professor/alunos)
Como organiza a aula (metodologia, uso de diferentes recursos didáticos,
cumprimento de horário e de combinados com a turma)
Como lida com as conversas paralelas
Como se faz encaminhamentos, esclarecimentos da proposta, correção e avaliação de
trabalhos/pesquisas
Domina o conteúdo da disciplina que ministra
Consegue comunicar-se ao transmitir conteúdos (se faz entender com clareza).
Na avaliação/Recuperação (deixa claro o que e como irá avaliar, formula as questões
das avaliações com clareza, dá a devolutiva do rendimento da turma e do aluno)
Outras questões relevantes sobre o encaminhamento da disciplina. Quais?
Língua Portuguesa: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Matemática:_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Filosofia: ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
História: ____________________________________________________________________
45
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Biologia: ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Sociologia: _________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Educação Física: ____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Fund. Sociologia da Educação: _________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Fund. Hist. Políticos da Educação Infantil: ________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Org. do Trabalho Pedagógico: __________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Concepções Norteadoras da Educação Especial: ____________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Trabalho Pedagógico da Educação Infantil: ________________________________________
46
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Estágio Supervisionado: _______________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Análise:
a) Conceito da turma na autoavaliação (1 à 10). Justifique____________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
b) Situação Especial que necessita de intervenção urgente. ___________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
c) Cite alguns aspectos positivos ocorridos na turma que mereça destaque (aulas, atividades e
outros). ____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
d) Solicitações: ______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
e) Sugestões: _______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________
Representantes da turma
47
ATA – PRÉ CONSELHO DOS PROFESSORES
48
ANEXO B
ATA – Pré Conselho dos Professores
Na _______ semana do mês de __________________ do ano de dois mil e dez, a coordenação do curso de Formação de Docentes reuniu
individualmente os professores do 2º ano do Curso de Formação de Docentes do período vespertino, durante a sua hora atividade, com o objetivo de
tratar das dificuldades dos alunos no processo de ensino e aprendizagem em sua disciplina de atuação.
Questões que avaliam o processo de aprendizagem do aluno
a) Apresenta dificuldades de aprendizagem;
b) Apresenta dificuldades de atenção no momento das explicações;
c) Não realiza tarefas de casa ou classe;
d) Não participa das aulas e demonstra pouca organização;
e) Tem dificuldade de relacionamento com a turma ou com o professor;
f) Conversas paralelas; Outros;
Outras dificuldades apresentadas na turma:______________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Medidas já tomadas:
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Sugestões: __________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
___________________________________________________________
Assinatura dos Professores:
Português F. S. Educação
Matemática F. H. P. E. I
História C. N. E. E
Biologia O. T. P.
Sociologia T. P E. I.
Filosofia Estágio
Ed. Física Coordenação
49
Aluno Português Matemática Geografia História Biologia Sociologia Filosofia
A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G
Andressa
Angélica
Bruna
Daniele
Jaine
Josiane
Josilene
Junia
Letícia
Lucas
Luzinete
Mariana
Micheli
Nádia
Nicole
Simone S.
Simone W.
Suelen
Thamiris
Valeria
Vera
50
Aluno Ed. Física Fund. Soc. Educ. Fund. H. P. E. Inf. Org. Trab. Ped. C. N. E. Especial T. P. E. I Prat. Formação
A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G
Andressa
Angélica
Bruna
Daniele
Jaine
Josiane
Josilene
Junia
Leticia
Lucas
Luzinete
Mariana
Micheli
Nádia
Nicole
Simone S.
Simone W.
Suelen
Thamiris
Valeria
Vera
51
ATA - CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO
52
ANEXO C
Ata - Conselho De Classe Participativo
Aos__________ dias do mês de________________ do ano de dois mil e dez reuniram-se os professores e alunos do 2º ano do Curso de
Formação de Docentes, período vespertino, juntamente com os coordenadores, equipe pedagógica, com o objetivo de tratar das dificuldades de
aprendizagem e encaminhamentos de problemas.
* Análise Diagnóstica da Turma:
g) Apresentação dos dados levantados pelos professores e alunos no pré-conselho de classe, sistematizado pela Coordenação do Curso.
h) Reflexão coletiva sobre os relatos evidenciados no pré-conselho de classe ou fora deles.
* Análise dos casos mais relevantes da turma:
a) Citar os problemas mais relevantes que prejudica o aprendizado da turma como um todo, bem como de algum aluno em especial que
necessita de uma intervenção mais adequada ao problema (caso exista).
* Proposta de Práticas Concretas:
a) Apresentação de sugestões para realização das medidas de intervenção, referente a problemas levantados no pré-conselho e conselho de
classe.
b) Combinação coletiva das ações a serem colocadas em prática.
53
CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO
Pré-Conselho/ Conselho de Classe Conselho de Classe
Problemas Apresentados Encaminhamentos
54
Assinaturas:
Português F. H. P. E. I
Matemática C. N. E. E
História O. T. P.
Biologia T. P E. I.
Sociologia Estágio
Filosofia Coordenação
Ed. Física Direção
F. S. Educação Eq. Pedagógica
55
SINÓPSE E
COMENTÁRIO
ESCRITORES DA LIBERDADE
56
ANEXO D
Sinópse e Comentário – Escritores da Liberdade
3.2 Título Original: Freedom Writers
País de Origem: Alemanha / EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2007
ESCRITORES DA LIBERDADE
Baseado em fatos reais, o filme Escritores da Liberdade relata
a respeito de uma jovem professora de Língua Inglesa e Literatura estreante
numa escola que passa por muitos conflitos. Ela é de classe média, educada,
habituada a costumes diferentes da periferia. Inicia suas aulas numa sala com
jovens adolescentes criados no meio de tiroteios e agressividade. O filme
aborda de modo direto o desafio da educação num contexto social
problemático e violento. No entanto, a história dá ênfase ao papel do educador
inovador que quer realmente resgatar o contexto perdido das palavras: direitos
e educação, ambas como um mecanismo necessário de transformações
individuais e comunitárias, respeitando cada aluno e possibilitando que através
de suas histórias de vida, conflitos sociais e pessoais, seja reservado a eles a
oportunidade de se expressar e viver.
57
COMENTÁRIO
Análise do filme
Excelente filme! Com certeza cada aluno compromissado que a
ele assistir perceberá as situações de conflitos existentes no interior das
escolas as quais evidenciam a luta de um professor que com toda sua
esperança e perseverança crê no valor do ser humano.
A professora chega à escola com muita esperança de realizar
um bom trabalho. Depara-se com uma classe de alunos totalmente
desinteressados e sem perspectiva de vida. Os professores da escola não
acreditam em seus alunos, esperando que eles se evadam no decorrer do ano.
Entre os alunos há disputa de gangues, problemas familiares, o que torna a
violência algo comum entre eles.
Os alunos da classe da professora Gruwell desafiam-na
achando que ela, por ser branca, é como todos os outros que os ameaçam e
os aterrorizam. A professora percebe que é inútil começar suas aulas com
conteúdos que não “dizem nada” para aqueles alunos, e começa a mudar sua
estratégia, porque seus alunos sempre foram alvo de discriminação, violência,
vivendo num contexto de disputa de territórios.
Erim Gruwell propõem que seus alunos escrevam um diário. Ali
eles começam a escrever sobre sua vida violenta, miserável e sem
esperanças. A partir disso, ela tem contato com a realidade daquela juventude
que é assustadora e passa a empenhar-se em transformar o mundo dos seus
alunos não medindo esforços e tendo cada um deles como um bem maior e
precioso que acaba por ocupar o primeiro lugar na sua vida.
Ela começa a incentivá-los através da leitura, acreditando na
capacidade e inteligência deles, não encontrando apoio dos dirigentes da
escola, tendo ela mesma que comprar os livros. Para adquirir esses livros, ela
precisa trabalhar em outros estabelecimentos, aumentando sua jornada de
trabalho, sem medir consequências sobre sua vida particular. A professora
mergulha de cabeça em seus objetivos e ideais, acreditando que seus alunos
58
têm potenciais e merecem ter oportunidades iguais às dos outros alunos das
classes “superiores” (brancos) desta mesma escola.
Assim, através deste filme é possível enfatizar a persistência,
coragem, amor e determinação de um professor para com seus alunos, o qual
mostra que inovar é possível mesmo quando se têm obstáculos. Logo, cabe ao
professor empreender ações que visem uma transformação humana para que
o aluno seja construtor de sua própria história. Evidentemente, os alunos, que
assistirem a este filme, serão inspirados com momentos de reflexão sobre a
conduta docente e o comportamento humano, adéquam-se a novos meios e
interagem produzindo e ampliando seus conhecimentos e respeitando todo e
qualquer cidadão.
59
SINÓPSE E
COMENTÁRIO
ENTRE OS MUROS DA ESCOLA
60
ANEXO E
SINOPSE E COMENTÁRIOS – ENTRE OS MUROS DA ESCOLA
3.3 Filme: Entre les Murs
Gênero: Drama
Duração: 128 min.
Origem: França
Direção: Laurent Cantet
Ano de Lançamento: 2009
SINÓPSE
Entre os Muros da Escola
Um professor francês (François Marin) das séries finais do
ensino fundamental trabalha numa escola onde as diferenças raciais e culturais
são fonte de vários conflitos na sala de aula,mas mesmo assim, ele tenta
estimulá-los, mostrando de maneira tradicional e autoritária a realidade da vida
dentro e fora da escola, mas ele não consegue adentrar completamente o
mundo dos alunos. Enfrenta sérios problemas de falta de respeito e interesse
de aprender. Durante o ano letivo, François enfrentará muitos desafios para
ensinar a turma, pois está inserido num contexto de raças e culturas diferentes,
os adolescentes são rebeldes e sentem-se no direito de desafiar a todos que
imponham autoridade (inclusive o professor). O destaque fica por conta da
difícil relação entre alunos que desafiam e professor que mesmo com falhas,
busca priorizar a educação. Desprovido da pretensão de apontar soluções para
o cotidiano escolar o filme mostra que os problemas educacionais podem ir
muito além das queixas de dificuldades de acesso ao ensino, falta de opções
ou qualificações... O desafio é enorme, é preciso acreditar e investir na
construção de uma educação contextualizada para todos.
61
COMENTÁRIO
Análise do filme
A realidade educacional, demonstrada no filme Entre os muros
da escola, choca por estar inserido no contexto da França, um país
extremamente tradicional. Além deste fator, ele leva os educadores a refletir a
respeito de situações divergentes de grande importância nos moldes da
educação.
O docente que assistir a esta obra identificará algumas das
situações apresentadas que são vividas por ele no seu cotidiano escolar, e
fazendo comparações entre as suas dificuldades e as vividas por François,
perceberá que a realidade deste não é nada diferente da realidade das escolas
públicas do Brasil. Os problemas são os mesmos, assim como os debates e
discussões entre o corpo docente e os gestores da escola que não chegam a
um consenso.
As cenas num contexto geral são fortes, vivas, contundentes e
perturbadoras. Isso leva a constatar que “os muros da escola” não são os
únicos que separam professor do aluno, existem outras situações camufladas,
que podem ser denominadas como: desrespeito entre as etnias e o contexto
social em que elas acorrem; falta de entrosamento profissional; teimosia e
divergência nas opiniões; conselho de classe participativo totalmente sem
estrutura, pois os alunos não interagem; abuso de autoridade; falta de respeito
mútuo entre aluno e professor; falta de domínio de sala, onde é necessário ter
autoridade sem ser autoritário e principalmente, para alguns professores, como
exemplificado em trechos da obra, falta garra e amor à profissão. Enfim,
inúmeras situações que são encontradas em nossas escolas.
Portanto, é importante que cada educador respeite a
singularidade e o tempo de cada aluno, ou seja, deixa transparecer seus
direitos de professor, mas também aceita os direitos deles. Pois, é fato que no
decorrer da sua vida escolar o adolescente passará por transformações, tendo
dificuldade em discernir a respeito de desenvolvimento e formação. Cabe,
então, ao professor adaptar-se ao contexto de mudanças dos seus alunos,
62
ultrapassando barreiras e vencendo desafios, sem fórmulas mágicas ou
encantos, apenas respeitando os alunos.
É importante ressaltar que neste filme podemos perceber as
dificuldades de interação entre professor, aluno e direção durante o conselho
de classe. A partir das cenas que retratam a participação de alunos nesta
instância, é possível questionar qual a sua verdadeira função destes durante a
realização do Conselho, bem como a postura dos alunos representantes
durante e após esta reunião. Este filme vem ao encontro da proposta do
Conselho de Classe Participativo, no qual o corpo docente da turma escolhida
para realização desta experiência poderá perceber quais as dificuldades e
possibilidades desta ação democrática para assegurar o bom desempenho dos
alunos.
63
SINÓPSE E
COMENTÁRIO DOCUMENTÁRIO – PRO DIA NASCER FELIZ
64
ANEXO F
Sinopse e Comentário – Documentário Pro Dia Nascer Feliz
3.4 Título Original: Pro Dia Nascer Feliz (2006)
Gênero: Drama
Duração: 1 h 28 min
Direção: João Jardim
Ano de lançamento: 2004
SINÓPSE
DOCUMENTÁRIO: PRO DIA NASCER FELIZ
Pro Dia Nascer Feliz, documentário sobre as diferentes
situações que adolescentes de colégios e classes sociais distintas enfrentam
no seu cotidiano. Foram ouvidos alunos de escolas da periferia e de colégio
renomado nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Os
depoimentos apontam para as desigualdades existentes entre uma famosa
escola paulista de classe alta e outras com realidade bem diferente de
situações precárias e indignas de escolas de periferia e longínquas do
Nordeste brasileiro. Ressaltam-se os diversos conflitos que estudantes,
adolescentes brasileiros enfrentam dentro da escola, lutando contra:
precariedade, preconceito e violência, mas alguns continuam sonhando e
mantendo a esperança nesta fase tão própria de formação. Professores
também expõem seu cotidiano profissional indo da paixão pela profissão ao
medo e insegurança, já que a escola também se tornou sinônimo de violência.
65
COMENTÁRIO
Análise do filme
É justo um jovem estudante cheio de sonhos deparar-se com
uma realidade cruel e sem perspectivas de melhora para sua tão almejada
educação? Evidentemente, não. O Documentário Pro Dia Nascer Feliz retrata a
dura disparidade econômica existente no Brasil, refletida de maneira categórica
na educação.
Ao analisar esta obra em todo seu contexto, educadores terão
uma oportunidade de fazer uma profunda reflexão sobre o sistema educacional
brasileiro, sob vários aspectos, que incluem desde: políticas de acesso à
educação, estruturas precárias dos estabelecimentos de ensino, desigualdades
econômicas e professores desacreditados. Pois, os fatos apresentados
desencadeiam parâmetros nada distantes de muitos ambientes escolares
espalhados pelo Brasil, tais como: falta de subsídios na educação, desânimo
dos alunos por conviverem com a pobreza em tudo que os cerca, falta de
meios de transporte para chegar à escola (o que torna tudo mais difícil),
professores desmotivados pela falta de interesse dos alunos, realidade com as
drogas e o crime (adolescente entram nesse mundo por acharem que vão
adquirir status ou não há impunidade por ser menor ), professores obrigados a
passar o aluno de ano através do Conselho de Classe, por pressão do sistema,
por opção de não deixar o aluno em DP porque acredita que não há resultado
satisfatório nessa dependência, entre muitos outros fatores.
Entretanto, como nem tudo está perdido, o documentário
mostra outro lado bem interessante da vida de alguns adolescentes, e este
deve ser bem analisado e se possível copiado por outros alunos, como, por
exemplo, a participação em uma banda da comunidade, debates sobre
conflitos e opções sexuais, entre outros assuntos. Mostra também a
importância do professor quando consegue manter um vínculo com o aluno e
compartilhar mais que conteúdos. Mesmo que esses passos pareçam
pequenos, eles refletirão em grande escala na vida do aluno, e ele se sentirá
participativo, acolhido, respeitado e valorizado, as relações entre professor e
66
aluno se estreitarão e com isto a criminalidade deixará de parecer tão
interessante.
O modelo de Conselho de Classe apresentado nos lembra
muito a nossa realidade, onde os debates giram em torno dos maus
comportamentos dos adolescentes, não há participação de alunos, pais e/ou
comunidade escolar. Tratando-se de Conselho Final, percebe-se que a postura
dos professores do documentário assemelha-se também à conduta de vários
profissionais da educação diante de casos semelhantes.
Passando-se a outro ponto da reportagem, é preciso chamar a
atenção de pais e educadores, quanto ao fato de que tanto o aluno da escola
“rica” como o aluno da escola “pobre” têm medos, dúvidas, dores, conflitos
emocionais e existenciais, ou seja, no seu “conteúdo de adolescente” as
aflições são parecidas, o que mudam são os rótulos. Muitos deles têm seus
direitos desrespeitados e são tratados com indiferença, de outros, os pais estão
tão preocupados em aumentar o poder aquisitivo que nem se lembram que são
pais e têm filhos que precisam deles. Aluno, adolescência... Isto não escolhe a
classe social e o meio em que viver, os adolescentes existem e necessitam de
total respaldo para solucionar seus conflitos existenciais. Nessa problemática
entram a família e a escola, as verdadeiras bases que poderão consolidar a
formação dos cidadãos do futuro. Educador, faça a diferença! Auxilie seus
jovens alunos a encontrarem sentido na educação, faça-os perceber que,
através dela, será possível interagir no contexto sócio-histórico de cada um
deles e, assim, ampliar seus horizontes, contribuindo para uma sociedade
crítica como formadores cônscio de opinião.
67
TEXTO COMPLEMENTAR
68
ANEXO G Conselho de Classe ... de agosto de 1998. i. Paraíso, ... de agosto de 1998. Amiga Clarice, Como tem passado? Já resolveu aquele problema da sua casa? Fiquei preocupada com você, porque sei o quanto é difícil a "vida de inquilino": um dia se mora num lugar e, no outro, já se está de malas na mão, em uma perfeita bagunça. Mas não se preocupe. Logo você encontrará um lugar só seu, onde tudo ficará organizado de acordo com seu gosto e necessidades... E o trabalho, como vai? Você se inscreveu para o Encontro de Educadores que vai acontecer em Campinas? Acho que vai ser muito bom! Quem sabe nos encontramos por lá! ...E, falando em trabalho, ainda bem que a gente pode "trocar figurinhas" sobre nosso cotidiano como CP. Gostaria de estar conversando um pouco com você sobre Conselho de Classe. Não gostei nada do Conselho das 5°s séries do noturno que realizamos no último bimestre e estou pensando em rever muitas coisas para os próximos. Os Conselhos das classes do diurno até que foram produtivos, apesar dos problemas que sempre enfrentamos em reuniões como estas. Entretanto, com o noturno, especialmente com as 5°s séries foi um desastre... Justo estas classes nas quais os índices de retenção são maiores e temos sérios problemas de disciplina. Cartas aos Coordenadores Pedagógicos Pra começar, 3 dos 10 professores não compareceram, apesar de termos feito a convocação com antecedência e procurado articular os horários de todos. Além disso, foi a primeira vez que contamos com a participação dos alunos e eu estava preocupada com a reação dos professores. Sabe o que aconteceu? Os alunos ficaram num canto, pouco à vontade, com dificuldade para falar; até porque a maioria dos professores estava pouco cordial: um deles, inclusive, explicitou sua discordância com a presença dos alunos, deixando claro que não gostava de interferências no seu trabalho, especialmente se vindas destes... Queria tanto ter contado com a participação da minha Diretora que, além de ser uma pessoa envolvida com as questões dos alunos, certamente teria me ajudado no encaminhamento da reunião. Entretanto, mal havíamos começado as discussões e ela foi chamada para atender a uma mãe. Ao longo da reunião, apesar de ter insistido para que o grupo discutisse sobre os problemas de aprendizagem que os alunos estavam apresentando e os encaminhamentos
69
que os professores davam ao seu trabalho, eu não consegui eco, mesmo quando começamos a analisar os gráficos de aproveitamento por disciplina no bimestre. A discussão sempre retornava para problemas de comportamento em sala de aula. Outra situação difícil que enfrentei foi a reclamação dos professores quanto às informações sobre os alunos que tiveram que trazer para a reunião. O professor de História apresentou apenas os resultados de uma prova bimestral anotados em seus diários, alegando o tempo todo que, por estar lecionando em muitas classes, mal conhecia seus alunos. A professora de Ciências trouxe pastas das suas turmas contendo diferentes trabalhos realizados pelos alunos, só que disse que foi impossível analisar tudo e chegar a uma síntese, motivo pelo qual ela acabou se baseando mesmo no resultado da prova. O professor de Português também reagiu contra os registros, dizendo: "Não vamos aprovar todo mundo esse ano? Por que tanto trabalho, tanta anotação, tanto registro?" Nessa hora, felizmente, a professora de Educação Artística retrucou, lembrando que já havíamos discutido sobre isso na HTPC e que, para ela, já havia ficado claro o que é a "Progressão Continuada"... Percebi que o pessoal precisava retomar essa discussão, mas não naquele momento. A maior parte das informações que os professores trouxeram sobre os alunos eram superficiais e padronizadas, como "não traz material", "falta de pré-requisitos", "falta de habito de estudo", "faltoso" etc. Sobre o "grupo classe", também ninguém apresentou nada. É, amiga, eu não consegui que fossem discutidas as questões a respeito das dificuldades dos alunos (individualmente e no grupo) e da atuação dos professores. Mesmo quando o representante da 5° C fez um comentário sobre as aulas do professor de Matemática (alegando que os alunos não entendiam suas explicações), a discussão, que poderia ser boa, não deu em nada. Além disso, você não pode imaginar o que aconteceu com esse aluno! Na semana seguinte, ele veio me dizer que não participaria mais do Conselho pois, em classe, quando errava algum exercício, esse professor falava: "Está vendo, menino? Você não presta atenção, por isso não tem o direito de ficar reclamando de mim no Conselho". Sabia que essa reunião ia ser difícil, pois era a primeira vez que reuníamos professores e alunos no Conselho. Mas não esperava encontrar tantos problemas!... Os professores se sentem mal por serem avaliados em público, ainda têm equívocos sobre avaliação em processo, não vêem a função de registrar a aprendizagem dos alunos, o seu trabalho em sala de aula... Acho que não preparei devidamente nem professores nem alunos para essa reunião. Além disso, acabei falando muito durante o Conselho, tentando fazer sínteses e propondo encaminhamentos, pois sentia que a reunião não ia dar em nada. Você acredita que o grupo não conseguiu fazer nenhuma proposta de trabalho para melhorar a situação das 5s s séries? Não saíram sugestões nem por disciplina, quanto mais integrando áreas. Pensando bem, creio que nem ficaram claros os principais problemas das classes. Sei que vou ter que retomar e avaliar tudo isso com o grupo de professores, só que ainda não sei como. Você teria algumas dicas?
70
Aguardo logo sua resposta. Um beijão, Emilia P.S.: Ah, se você for ao Encontro de Educadores, que tal dividirmos um quarto no hotel? Campos do Serrano, ... de setembro de 1998. Oi, Emilia, Como tem passado? Eu estou indo muito bem! Ainda procurando casa, mas bastante animada com o trabalho aqui na escola... Veja que coincidência: na semana em que recebi a sua carta contando sobre o Conselho de Classe com a participação de alunos, nós aqui na escola estávamos realizando o nosso segundo Conselho de Classe participativo com o Ensino Médio noturno, que, por sinal, foi muito positivo! Os alunos e os professores, até os que de início resistiram à idéia, estão gostando da experiência, vendo que vale a pena atuar desta forma. Vou te contar como estamos conseguindo... No começo não foi fácil! Era uma novidade que ao mesmo tempo fascinava e assustava, pois mexia demais com concepções e práticas avaliativas há muito arraigadas. Além disso, punha frente a frente os principais atores do "drama" da avaliação: o professor e o aluno. Você já reparou no fato de que, há muito tempo, as reuniões de Conselho de Classe tratam o aluno como um "objeto de avaliação", sem ouvir suas opiniões sobre as suas dificuldades ou avanços? Por que só a visão do professor deveria prevalecer, se o aluno também faz parte do processo de avaliação? Aliás, como já discutimos no PEC, o Conselho Bimestral é um momento privilegiado de análise coletiva dos trabalhos tanto do professor quanto do aluno. E verdade, também, que só o fato de juntarmos professores de diferentes áreas que trabalham com a mesma classe favorece a instauração de uma visão menos fragmentada do trabalho pedagógico e dos alunos. Um dos nossos professores de Matemática, que veio de uma escola em que o Conselho de Classe com alunos já vinha acontecendo há algum tempo, foi quem trouxe a discussão pra cá. A surpresa foi geral! Enquanto alguns professores se mostraram receptivos à idéia, outros (a maior parte), resistiram bastante, acharam quase absurdo termos alunos no Conselho. Entretanto, este professor contou ao grupo sua experiência e defendeu a importância de envolver os alunos no processo de avaliação, o que fez o grupo de professores refletir sobre a proposta antes de descarta-Ia. Colocar isso em prática deu um trabalhão! Tivemos que discutir a questão com os professores e os alunos com muita antecedência, até chegarmos a um consenso sobre se teríamos ou não o Conselho de Classe participativo. Os alunos, de início, também ficaram surpresos! Ao mesmo tempo que gostaram da idéia, ficaram preocupados, pois vislumbraram a possibilidade de haver conflitos com alguns professores: temiam perseguições, resistências. Achamos então importante que tudo ficasse bem claro para eles e para nós. Assim, discutimos com os alunos: • Quais eram suas expectativas sobre sua participação? • Que questões achavam importante levar para o Conselho?
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• Quem seriam os representantes de cada classe a participar do Conselho e como seriam escolhidos? • Em que momentos discutiriam as questões a serem levadas para o Conselho e como seria dado o retorno para a classe? Os professores-coordenadores de classe ajudaram os alunos a pensar sobre suas dificuldades e avanços na aprendizagem, assim como sobre os problemas enfrentados em classe com o professor. Estas informações seriam levadas ao Conselho. Já com os professores, discutimos os seguintes pontos: • Como deveria ser feita a avaliação da aprendizagem dos alunos? Que aspectos do seu desempenho seriam levados em consideração? • Que informações sobre o aluno e sobre o seu trabalho o professor deveria levar para a reunião? Para responder a estas questões, os professores perceberam que era necessário clarear os objetivos de sua proposta de trabalho e quais os meios utilizados para concretizar suas intenções. Discutiram então as seguintes questões: • O que pretendiam com sua proposta de trabalho (nas diversas áreas e séries)? • Como desenvolveram esta proposta? • Que resultados obtiveram com o seu trabalho junto aos alunos? • Quantos e quais alunos apresentaram problemas em sua área? Que hipóteses levantaram sobre as possíveis causas desses problemas? • Que medidas propuseram para o bimestre seguinte acerca de seu trabalho (replanejamento)? Como seria a recuperação/ reforço dos alunos? Os professores colocaram suas dúvidas, deram suas opiniões. O consenso foi difícil, mas, finalmente, a maioria se colocou favorável à experiência, acreditando que seria benéfica para o trabalho. Combinamos, com antecedência, quais aspectos seriam registrados sobre os alunos e levados para o Conselho. As diversas formas de registrar estes aspectos ficou por conta de cada professor. O primeiro Conselho deixou todo mundo com frio na barriga, mas, conforme a reunião foi se desenvolvendo, os animes se acalmaram, pois todos tiveram garantido o direito de se colocar de forma a serem ouvidos. Por enquanto, esta experiência está sendo feita apenas com o Ensino Médio do noturno, mas já está começando a dar frutos... Depois da primeira experiência, até os mais resistentes aderiram à proposta, pois perceberam seus resultados nasala de aula. Professores e alunos têm se relacionado melhor, tanto que, no segundo Conselho, as observações dos professores sobre comportamento e disciplina dos alunos já não apareceram tanto (mesmo porque as questões disciplinares, em alguns casos, estão sendo discutidas diretamente com os alunos, nas classes). Tem havido também muita troca de experiências entre os professores das diversas áreas a respeito das formas de avaliar, havendo inclusive aqueles que passaram a levar suas anotações sobre os alunos para o Conselho. Por essas e por outras, Emília, é que ando tão entusiasmada. Você não imagina como tenho aprendido com esta experiência. Mesmo que ela ainda não ocorra na escola como um todo, já percebemos seus benefícios em relação à mudança de concepção de alguns professores quanto à avaliação. As coisas não são perfeitas. Ainda temos muito que
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avançar, mas este grupo de professores do noturno tem feito a escola toda repensar a avaliação. Bem, minha amiga, acho que já falei demais. Também, não é para menos... Um grande abraço, Clarice PS.: Ainda não sei se vou poder ir ao Encontro de Educadores. Estou um pouco assoberbada com a procura de casa e o trabalho na escola. Mas, se eu for, é claro que topo dividir as despesas do hotel com você. Até o final da semana te dou a resposta, OK? SITUAÇÃO Emília descreve a realização deu uma reunião de Conselho de Classe de 5°- série. Esse é um momento de Intersecção do trabalho pedagógico dos professores das diversas disciplinas, em que se avalia e se replaneja coletivamente. Esta é a primeira vez que a escola enfrenta a questão da participação dos alunos neste Conselho. PROBLEMA O Conselho de Classe do 2° bimestre realizado com as 5°-s séries do noturno (classes em que o índice de retenção é bastante alto e os problemas de indisciplina dos alunos são vários não transcorreu bem: os alunos se sentiram constrangidos, alguns professores não concordaram com a participação dos alunos, a discussão sobre os problemas de disciplina dos jovens sobrepujou a discussão sobre questões de ensino e de aprendizagem e os professores reclamaram da necessidade e da forma de registrar informações sobre os alunos. A CP avalia que participou inadequadamente e lamenta que não tenha surgido nenhuma proposta concreta para melhorar o rendimento dos alunos de 5°- série. ENCAMINHAMENTOS • Para que ocorram mudança de práticas instaladas há multo tempo, é necessário que se planeje com atenção os passos da realização desta nova proposta, como é o caso da participação dos alunos no Conselho Bimestral; • Cabe à escola discutir com os alunos suas expectativas e formas de participação neste Conselho, de modo que a opinião da maioria seja garantida na voz dos representantes de classe e que esta participação seja produtiva A intervenção de um professor-coordenador de série pode ser de grande valia para organizar a discussão dos alunos; • Pensando em uma processo avaliativo contínuo, os professores devem ter também um momento preparatório, anterior à reunião do Conselho, para discussão dos critérios que orientam a avaliação: quais são os objetivos que esperam alcançar na sua disciplina, quais são os meios para conseguir alcançá-los, quais foram os resultados obtidos. É importante que haja consenso entre os professores sobre quais as informações sobre os alunos e sobre seu trabalho devem ser levadas à reunião; • Essa troca de experiências entre profissionais de diferentes áreas é fundamental para o aperfeiçoamento da prática educativa.