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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
AQUECIMENTO GLOBAL E AS CONCEPÇÕES SOBRE QUESTÕES
AMBIENTAIS GLOBAIS E LOCAIS EM ALUNOS DA SÉTIMA SÉRIE
Maria Solange Aparecida Conrado1
Prof.Dr. Mauro Parolin2
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo mostrar os resultados obtidos com a aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica, desenvolvido durante o Programa de Desenvolvido Educacional – PDE, o qual trabalhou as diferentes concepções sobre o aquecimento global. Investigou-se como esse tema vem sendo abordado tanto pela mídia quanto pela ciência. Para isso, estabeleceu-se até que ponto a discussão sobre o aquecimento global faz com que o educando perca a noção dos problemas ambientais locais. Assim foi aplicado aos alunos da 7ª série do Colégio Antonio Teodoro de Oliveira - Campo Mourão - PR, os seguintes procedimentos: a) aplicação de uma redação sobre o tema; b) análise e quantificação das redações; c) estudo do tema com enfoque nas várias correntes de estudo; d) aplicação de questionário; e) aplicação de uma segunda redação; f) análise e quantificação da segunda redação. Os resultados mostraram que os alunos, a princípio, tinham somente a visão transmitida pela mídia, mas após os estudos e discussões realizadas passaram a questionar as informações veiculadas pela mídia de modo mais critico e ativo. Também foi detectado o não correlacionamento com as questões locais.
Palavras-chave: educação ambiental, efeito estufa, meio ambiente, mudanças
climáticas.
1
Professora de Geografia. Colégio Estadual Prefeito Antonio Teodoro de Oliveira – EFM e Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz- EFM. Graduada em Geografia pela Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM. Campo Mourão–PR. Especialista em Supervisão, Gestão e Orientação Educacional pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. Integrante da Terceira Turma do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – da Secretaria de Estado da Educação. Governo do Estado do Paraná. 2 Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão.
1 INTRODUÇÃO
Um dos temas mais discutidos no meio científico e na mídia é o aquecimento
global. Entendido como o aumento da capacidade da atmosfera de reter calor do
Sol. Tal aumento seria originário da atividade antrópica, ou seja, pelo Homem, na
medida em que gera gases de efeito estufa como, por exemplo, carbono, metano,
óxido nitroso entre outros. No entanto, o relativo consenso que parece haver quanto
à questão do aquecimento não é verdadeiro. Há um grande número de
pesquisadores alegando que o Homem não participa desse processo, outros ainda
indicam não haver aquecimento. De acordo com alguns estudiosos, o efeito estufa é
um processo natural da Terra que cria as condições ideais para o surgimento da
vida e evita que radiação do sol escape novamente em forma de calor. Com isso, a
temperatura da Terra oscila em torno de 15ºC. Essa temperatura é ideal para a
existência de água líquida e dos seres vivos. Sem o efeito estufa natural, a
temperatura da Terra seria de 18ºC negativo. Segundo Molion (2009), em entrevista
ao Canal Brasil (2009), o carbono é importante, pois é o gás da vida, o homem não
produz seu próprio alimento, retira-o das plantas que, por sua vez, retira do carbono
através da fotossíntese. Ele não é o vilão, não controla o clima, a temperatura sobe
e depois o CO2 acompanha. Na mesma entrevista, Molion contrapõe a concepção
de aquecimento global divulgada na mídia. Segundo ele, não existe o aquecimento
global, pois já ocorreram no passado períodos mais aquecidos que agora, por
exemplo, no período dos anos de 800 dC a 1200 dC, chamado de quente medieval
a temperatura era mais elevada que agora e o homem não liberava CO2 na
atmosfera. Neste período, os Vikings saíram da Escandinava e foram colonizar o
norte do Canadá e sul da Groenlândia que hoje são áreas geladas. Entre 1925 e
1946, houve um aquecimento expressivo que corresponde a 70% do total do
aquecimento dos últimos 150 anos. Naquela época, houve um aumento de 0,4°C na
temperatura, isso ocorreu porque houve uma intensificação na atividade solar, e não
ocorreu nenhuma erupção vulcânica nesse período. Os cientistas céticos
compartilham da opinião de que o aquecimento global é um processo natural do
planeta, visto que isso já ocorreu no passado e é historicamente comprovado.
Diante do exposto, o estudo abriu a possibilidade da discussão deste tema
tão divulgado na mídia hoje (geralmente de maneira alarmista).Também possibilitou
a investigação das hipóteses sobre aquecimento global, ou seja, se é um problema
de escala mundial, ou apenas mera especulação que visa atrair investimentos
financeiros. O estudo também forneceu informações para uma discussão dos alunos
das 7ª séries, para que eles entendessem melhor a discussão sobre este tema. O
desenvolvimento da pesquisa forneceu um olhar sobre o local, porém sem
detrimento da discussão global. Sabendo das diversas correntes teóricas sobre
aquecimento global, o estudo teve o propósito de fazer com que essa discussão
viesse à tona, enfatizando principalmente a percepção que o aluno tem da questão
ambiental global e a sua percepção dos problemas locais. Buscou-se entender entre
outras questões: como essa problemática é repassada ao educando? Até que ponto
nós como educadores estamos abordando este assunto de maneira científica? Até
onde vai o conhecimento dos nossos educandos sobre os problemas ambientais que
estão presentes na sua localidade? Como os problemas locais são abordados? A
preocupação com as questões globais tem prioridade de discussão em detrimento
das questões locais?
2 AS DIVERSAS CONCEPÇÕES
Eerola (2003) apresenta um ponto de vista geológico quanto à questão do
aquecimento global. Para ele, durante a história geológica, essas mudanças naturais
têm provocado efeitos catastróficos, mas ao mesmo tempo também consequências
positivas. A evolução da vida, provavelmente, não seria possível sem essas
mudanças. E com ela ocorre à adaptação das espécies.
Livros e artigos científicos foram lançados recentemente questionando o
aquecimento global entre eles: Aquecimento Global: A solução é você de Antonio
Carlos Matarazzo (2007) que apresenta uma visão pessimista do aquecimento
global, associando a essa polêmica como resultado da ação humana. Compartilha
dessa mesma ideia Sergio Túlio Caldas em seu livro Terra sobre pressão: A vida na
era do aquecimento global (2008).
Outras obras criticam a hipótese apresentada pelo IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas) das causas do aquecimento global,
entre elas estão: Aquecimento global: frias contendas científicas de José Eli da
Veiga (2009), Aquecimento Global? Shigenori Maruyama (2009), A Fraude do
Aquecimento Global de Geraldo Luís Lino (2009). E Luiz Carlos Baldicero Molion da
Universidade Federal de Alagoas escreveu vários artigos entre eles: Aquecimento
global: Natural ou Antropogênico? de (2008), Desmistificando o Aquecimento global
de (2007), Variabilidade e Alterações Climáticas de (2008), Aquecimento Global:
Uma Análise Crítica de (1998) e Aquecimento Global, El Niños, Manchas Solares,
Vulcões e Oscilação Decadal do Pacifico de (2006).
Segundo Molion (2007), a hipótese do aquecimento global está alicerçada
em três pilares básicos: a série de temperatura média global do ar observada nos
últimos 150 anos, o aumento observado na concentração de gás carbônico e os
resultados obtidos com modelos numéricos de simulação de clima. Ainda segundo o
mesmo autor, todos esses aspectos apresentam deficiências e conclui que o
conhecimento atual sobre o clima global não justificam a transformação da hipótese
do aquecimento global antropogênico em fato científico consumado.
De acordo com Eerola (2001), com as incertezas apresentadas, não
sabemos ao certo se o aquecimento global é provocado pelo homem, ou se estamos
vivendo em um período de aumento de temperatura natural de um período
interglacial, entretanto devemos pensar de maneira otimista sobre a ameaça do
efeito estufa. Enfatiza ainda, que pode ser uma ótima oportunidade de aprendermos
a atuar de maneira econômica e solidária e adaptarmos às novas condições.
Segundo Conti (2005), a questão das mudanças climáticas precisa passar
por uma apreciação mais refinada a fim de que possa determinar com maior
consistência o papel da natureza e o da ação humana no processo, mesmo porque
as duas esferas podem atuar de forma solidária e intercambiar influências.
Para Eerola (2001), percebe-se ainda que a forte carga ideológica presente
no debate sobre as emissões de dióxido de carbono é influenciada pelo capitalismo,
melhor dizendo pelo interesse capitalista. Assim, além da forte influencia do capital
para o desenvolvimento econômico, há a transformação da natureza. Desse modo,
há de se considerar as ações naturais, que estão no palco de discussão de várias
ciências entre elas a geologia.
Eerola (2001) afirma que o clima oscila e muda naturalmente, as causas
disto são geológicas e estas mudanças fazem parte da dinâmica natural da Terra.
Segundo eles, as mudanças climáticas envolvem um dinamismo mais complexo do
que a simples elevação da média térmica, mesmo porque o clima não se define só
pela temperatura.
Para Conti (2005), a partir da década de 70, a preocupação com os danos à
atmosfera ganhou consistência, quando a comunidade internacional foi alertada
pelos estudiosos, sobre a destruição da camada de ozônio, que protege o planeta da
ação letal da radiação ultravioleta. De acordo com o autor, os gases responsáveis
pela destruição da camada de ozônio são também produzidos por processos
naturais. Afirma ainda que pairam suspeitas sobre o Protocolo de Montreal. Caso
contrário, não teria sido estimulado por grandes empresas interessadas em produzir
gases alternativos aos Cfcs (cluoforcaboneto).
Portanto, para Conti (2005), o acordo se fez em torno do chamado Protocolo
de Kyoto, lançado durante a conferência da Convenção do Clima, realizado naquela
cidade japonesa, em 1997, porém posto em vigor, efetivamente, só a partir de 2005,
propõe aos países industrializados, restrinjam suas emissões em 5,2%, até 2012,
com base nos níveis de 1990.
Conti (2005) continua demonstrando sua preocupação quando comenta o
relatório divulgado pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas)
em 2005, indicando que a elevação da temperatura atinge diferentemente as
diversas regiões do planeta. Em alguns pontos vêm se registrando o oposto, ou seja,
uma tendência negativa das médias térmicas ao longo de décadas, provavelmente,
em função de fatores locais.
Eerola (2001) afirma que se tratando de um tema conflitante e amplo, a
variabilidade de definições sobre a questão climática, acabaram por gerar muitas
teorias defendidas por grupos heterogênicos, isso resulta em frequentemente
projeções unilateralmente catastróficas. Segundo o autor, estas “histeria” é aceita
facilmente pela mídia que a alardeia. Infelizmente, à mídia não interessa discutir
complexos fatores e incertezas científicas relacionadas com a questão. Estas
preferem simplificar a questão para lado mais emocionante sensacionalista, ou seja,
catastrófico.
Para Eerola (2001), os estudos indicam que além da tectônica de placas, o
clima é influenciado pela composição química da atmosfera, especialmente pelo teor
de gases de efeito-estufa. Estes gases formam um “cobertor” em torno do planeta,
que impede o escape do calor ao espaço. A temperatura diminui, quando grandes
quantidades de dióxido de carbono são eliminadas da atmosfera e dissolvidas nos
oceanos.
Entretanto, as previsões sobre as mudanças climáticas têm problemas: são
baseadas em suposições e não conhecemos todos os fatores e interações que
influenciam o clima. Existem várias incertezas científicas sobre a questão da
mudança climática atual. Por exemplo, não se sabe ao certo qual é o papel do vapor
d’ água e da vegetação no ciclo do carbono, dissipação do calor e reflexão da
radiação solar. (EEROLA, 2003.)
Para Blüchel (2008), “[...] o vapor de água, é o gás-estufa mais importante,
absorve radiação infravermelha nas faixas de 5 a 8 micrometros, assim como de 20
a 1000 micrometros, desta maneira causa 60% do efeito-estufa total”.
Molion (2007) afirma que o clima da superfície terrestre é determinado por
uma gama de interações complexas entre a atmosfera, oceano e continentes que
envolvem processos físicos, químicos e biológicos e que a estabilidade do clima
global depende basicamente do equilíbrio radiativo do sistema terra-atmosfera-
oceano, ou seja, o fluxo de radiação solar, ou radiação de ondas curtas (ROC),
absorvido pelo Planeta deve ser igual ao fluxo de radiação infravermelha térmica, ou
radiação de ondas longas (ROL), emitida pela superfície e atmosfera para o espaço
exterior. Nesse sentido, o professor Molion (2007) tece uma variada gama de
condições que viabilizam corroborar que a questão do aquecimento global é
resultado de fenômenos naturais.
Para Caldas (2008), o maior responsável pelas mudanças climáticas, e entre
elas o aquecimento global, é o homem, em resposta ao rápido desenvolvimento
econômico.
Molion (2007) critica a hipótese do aquecimento global antropogênico,
demonstrando que ela carece de bases científicas sólidas, e que as projeções
catastróficas elaboradas pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas) foram baseadas em resultados de modelos de clima (MCG), ou seja, as
projeções futuras dos MCG, resultantes de cenários hipotéticos, são meros
exercícios acadêmicos.
Ferreira (2007), apoiado na vertente antropogênica, associa as causas do
aquecimento global aos fenômenos naturais, mas também antrópicos, ou seja, a
sociedade atual, pautada predominante num modelo economicamente capitalista, é
fortemente influenciada pelo consumismo desenfreado.
Segundo Ferreira (2007), o aquecimento Global é fruto do aumento de um
fenômeno natural chamado “efeito estufa”. Cabe ressaltar que tal fenômeno é
primordial para a manutenção da vida em nosso planeta. Como afirma Blüchel
(2008), “somente o dióxido de carbono possibilita a vida neste planeta”.
Ferreira (2007) salienta que precisamos nos dar conta de que fazemos parte
de um sistema e que as nossas atitudes repercutirão não só em âmbito local, mas
de forma planetária. Educação ambiental vem ao encontro da necessidade de
trabalharmos com a cultura, hábitos e atitudes em relação ao meio ambiente, uma
vez que esses representam os fatores cruciais para a produção, o reconhecimento e
a resolução dos problemas ambientais.
Para Conti (2005), cenários de catástrofes, frequentemente, apresentados
na mídia, de forma simplista, devem ser descartados, o planeta não está
caminhando para o colapso. O autor afirma que há uma propensão nítida de
mudança na matriz energética mundial, tendendo os combustíveis fósseis, acusados
de responsáveis pelo efeito estufa, a ocupar lugar mais modesto, em favor de
energias limpas e renováveis. Importantes investimentos vêm sendo feitos por
iniciativa empresarial e na esfera das políticas públicas.
3 METODOLOGIA
O Projeto de Intervenção Pedagógica foi desenvolvido no Colégio Estadual
Prefeito Antonio Teodoro de Oliveira em duas turmas de 7ª série do Ensino
Fundamental do período vespertino. Uma das turmas avaliadas tinha como
característica ser participativa nas aulas, porém, há um grupo de alunos com
dificuldades de aprendizagem, problemas de faltas e de comportamento. Já a outra
turma não é tão participativa, no entanto, assídua. Também tendo alguns alunos
com dificuldades de aprendizagem e de comportamento. Essa turma praticamente
não tem interação com os professores durante a explicação dos conteúdos e
durante a realização das atividades de sala.
O trabalho foi organizado seguindo as seguintes fases: a) no início, foi feito o
estudo das diversas concepções de aquecimento global e de como a mídia aborda
esse tema; b) depois do estudo foi elaborado o Material Didático que consistiu em
um vídeo sobre o tema que mostra as duas hipóteses sobre o aquecimento Global o
antrópico e o natural; c) na sequência, foi aplicada para os alunos de ambas as
turmas uma produção de texto que foi de caráter diagnóstico, sobre o tema
Aquecimento Global. Nesse trabalho, foi solicitado para que mencionassem todas as
informações que possuíam até aquele momento. A redação foi elaborada sem que
os mesmos tivessem aulas ou mesmo leituras sobre o tema; d) avaliação das
produções textuais estabelecendo um padrão quantitativo dos principais termos
utilizados pelos alunos. Tal avaliação permitiu identificar as concepções dos alunos
sobre o tema e se as informações contidas nas produções estavam embasadas no
senso comum ou no conhecimento científico.
As discussões com os alunos foram pautadas nas diversas correntes
científicas que discutem o tema, bem como, o tratamento do assunto na mídia. O
material didático pedagógico elaborado consistiu numa produção multimídia e em
estudos de textos. Além das explanações, textos e vídeos, também foram realizadas
pelos alunos pesquisas sobre o tema no laboratório de informática da escola.
Depois de todas as atividades já descritas, os alunos responderam um
questionário, sobre diversas questões ambientais (Quadro 1).Nesta fase, contou-se
com a participação de estagiários do curso de geografia da Faculdade Estadual de
Ciências e Letras de Campo Mourão.
Quadro 1 – Questões aplicadas aos alunos após a discussão dos conteúdos
Ao término das análises e discussões sobre o tema, uma nova produção de
texto foi solicitada aos alunos, que novamente foram quantificadas seguindo-se o
mesmo padrão da primeira produção de texto
4 RESUTADOS E DISCUSSÃO
Primeira Produção de texto
De acordo com o levantamento quantitativo realizado na primeira produção de texto,
percebeu-se que as informações sobre o Aquecimento Global que os alunos
possuem eram bastante confusas no que diz respeito a certos conceitos, como por
exemplo: O que é o aquecimento global? O que realmente o causa? As produções
de textos tanto a inicial quanto a final foi tabelada como mostra a tabela 1. Na
primeira produção de texto participaram 57 (cinquenta e sete) alunos, nos textos
produzidos foram relacionadas ao Aquecimento Global trinta e sete palavras.
Como mostra a Tabela 1, as palavras mais relacionadas foram: poluição (45);
homem (48); geleiras (41); planeta (23); mares /oceanos (34); queimadas (31);
enchentes (25); mundo (19); calotas polares (8); efeito estufa (21); matas /árvores
(32); animais (15). A utilização destas palavras indicou os seguintes resultados:
predomínio das informações veiculadas pela mídia com poucas bases científicas
sobre as causas do Aquecimento Global.
Verificou-se também que a percepção da complexa problemática do
Aquecimento Global está limitada à relação do homem com a natureza: que o
homem polui o meio ambiente e é o único responsável pelo Aquecimento Global e,
por isso, está destruindo o planeta. Destacam-se nas produções fenômenos
distantes de sua realidade, como por exemplo, o derretimento de geleiras do Pólo
Norte e inundações de cidades costeiras pelo aumento do nível do mar. A maioria
dos textos analisados relaciona o homem como o causador do Aquecimento Global
devido aos desmatamentos e queimadas das florestas causando a extinção de
várias espécies de animais. E, também, o responsável pelo aumento das emissões
do CO2 na atmosfera, pelo uso de combustíveis fósseis, que causa poluição e estas
aumentam o efeito estufa. Não relacionam o aquecimento Global com as mudanças
climáticas.
Tabela 1. Resultados quantitativos das produções de texto realizadas
Palavras/Termos Ocorrências Texto 1 Ocorrências Texto 2
Alterações Climáticas 2
Animais 15 2
Antrópico 13
Biodiversidade 1
Brasil/Cidades 7
Calotas Polares 8
Camada de Ozônio 8
Céticos 9
Cidades Litorâneas 5
Clima 11
CO2 6 42
Combustíveis Fósseis 8 8
Córregos/Lagos 3
Desastres Ambientais 4
Desmatamento 16 2
Destruir 10
Doenças 3
Efeito Estufa 21 15
Enchentes 25
Energias Renováveis 3 12
Floresta Amazônica 4
Florestas 5 2
Fumaça 23 1
Furacões/Terremotos 6
Gás da Vida 9
Gases Tóxicos 4 1
Geleiras 41
Homem 48 13
Iceberg 4
IPCC 20
Lixo 18 7
Mares /Oceanos 34 6
Matas/ Árvores 32
Molion 17
Mundo 19
Nossa Cidade 5
ONU 3
Parque do Lago 1
Planeta 23
Plantações 1
Plataforma Política/Econômico 1
Pólo Norte 3
Poluição 45 1
Problema Ambiental 1
Processo Natural 20
Queimadas 31 6
Quintal de Casa 1 2
Resfriamento 6
Sol 8 16
Urso Polar 2
Além dos termos citados, nos textos apareceram outros com relevância
menor mais que deixa claro que se o homem não diminuir a destruição ocorrerão
consequências catastróficas para o planeta. Conforme se verifica na tabela 1.
Após as análises dos textos, o material áudio visual produzido foi mostrado.
Alguns slides do material utilizado estão dispostos na figura 1.
Figura 1. Visão de parte do Material Didático. Este material está disponível em: Parte I:
http://www.vimeo.com/13764527 .Parte II: http://www.vimeo.com/13766307
Pesquisa com os alunos
Para saber o nível de entendimento dos alunos diante das questões
ambientais, optou-se em aplicar o questionário3 a 21 alunos, 11 de uma sala e 10 da
outra. Em relação à primeira questão, 17 alunos acertaram e 4 responderam que o
tempo atmosférico não é composto de uma situação passageira (Figura 2- A) . Na
segunda questão, 14 responderam que não, e 7 responderam que sim ( Figura 2- B).
Na terceira questão, 16 alunos responderam que sim, e 5 que não ( Figura 2- C). Na
quarta questão, a maioria dos alunos, ou seja, 17 acertaram e 4 responderam que
não e erraram ( Figura 2- D).
Na quinta questão, 11 acertaram dizendo que as tsunamis não estão
relacionadas às mudanças climáticas e 10 erraram dizendo que estão relacionadas
(Figura 2- E). Na sexta questão, dos 21 alunos que participaram da pesquisa 19
acertaram a questão, apenas 2 erraram não concordando que nome dado à
retenção de calor na atmosfera é efeito estufa ( Figura 2- F).
Na sétima, 14 colocaram que o terremoto não está relacionado com as
mudanças climáticas e 5 que está relacionado ( Figura 3 - G).
Nas perguntas referentes às Mudanças Climáticas Naturais, o aluno deveria
responder conforme a visão da corrente que atribui as mudanças climáticas à
própria dinâmica do clima. Um erro muito comum dos alunos dizia respeito aos
eventos como Tsunamis e Terremotos, que por meio das notícias televisivas, eram
atribuídos ao aquecimento global. Antes da aplicação dos questionários, houve uma
explicação sobre esse assunto, foi enfatizado que esses eventos não devem ser
confundidos com mudanças climáticas.
Na questão oito, dos alunos pesquisados 15 acertaram a questão e 6
erraram (Figura 3 - H). Na questão nove, a maior parte dos alunos, (19)
responderam afirmativamente a esse questionamento, enquanto 2 negaram essa
afirmação (Figura 3 - I). Com relação à questão 10, dos alunos pesquisados, 20
afirmaram que não, pois o gelo já ocupa um espaço e se derreter vai continuar a
ocupar esse mesmo espaço. No que tange às questões referentes à teoria do
aquecimento global antropogênico, o desempenho dos alunos melhorou muito como
mostra os resultados apresentados na figura 3 - J.
3 Questionário detalhado na metodologia.
A O tempo atmosférico é composto por
uma situação passageira?
B O clima é calculado a partir de uma média de 40 anos?
C O clima é uma sucessão de tempos atmosféricos?
D Fatores como, correntes marítimas, latitude e altitude, podem influenciar no clima?
E As Tsunamis estão relacionadas com as mudanças climáticas?
F O efeito estufa é o nome dado à retenção de calor na baixa atmosfera da Terra, causado pela concentração de gases de diversos tipos?
Figura 2. Resultado de 6 questões aplicadas aos alunos, nas duas turmas avaliadas.
G O terremoto que ocorreu no Haiti,
neste ano, está relacionado com as mudanças climáticas?
H Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), ao longo do século XX a temperatura diminuiu 1,2º C?
I Segundo o IPCC, até 2100 a
temperatura média do planeta deve aumentar entre 3 e 5 graus centígrados?
J O derretimento do gelo das calotas polares pode aumentar o nível do mar em 60 cm?
Figura 3. Resultado de 4 questões aplicadas aos alunos, nas duas turmas avaliadas.
Para as questões abertas, foi solicitado aos alunos que comentassem
algumas propostas de mudanças de atitudes sobre a utilização de novas fontes de
energia e a utilização dos recursos naturais.
Seguem algumas das respostas dadas à questão aberta:
- “O aquecimento global antropogênio (causado pelo homem) é conhecido como desmatamentos, poluição etc., pois dizem que são as pessoas que fazem com que isso aconteça. E o aquecimento global natural (causado pela natureza) é mais conhecido como: os vulcões, pois eles são naturais”. A. C. O. 7ª Série “B”.
“O aquecimento global causado pelo homem, pela poluição dos carros e fábricas e grande sim, mas grande sim é também o causado pela própria natureza como os vulcões, por exemplo,”. - “Com a utilização de energia eólica,
solar, marítima etc isso ajudaria, mas com o pouco apoio dos governos quase são inexistentes para as famílias mais pobres”. J. G. D. 7ª Série B.
Segunda Produção de Texto
Ao término das análises e discussões em torno do tema Aquecimento
Global, foi solicitada aos alunos uma nova produção de textos para verificar se
houve melhora na apreensão das questões que envolvem a problemática. Nesta
segunda produção, muitos alunos se recusaram a realizar, pois já estava nos últimos
dias do ano letivo, por esse motivo só 21 alunos participaram e foram levantados e
quantificados 32 termos ou palavras relacionadas ao aquecimento Global. Como
mostra a tabela 1.
De acordo com a segunda produção de texto, percebeu-se que as
informações sobre o Aquecimento Global que os alunos tiveram não mais
predominavam aquelas que são veiculadas pela mídia. As produções apresentaram
maior conhecimento científico e crítico em comparação às produções elaboradas no
início da pesquisa. Dos textos analisados, os termos que mais apareceram foram:
CO2 (42); IPCC (20); Molion (17);Processo natural(20); Energias Renováveis (12);
Antrópico (13) Sol (16); Efeito Estufa (15) ; Homem (13); Céticos (09); Clima (11);
Gás da vida (9) e em menor relevância: Poluição; Lixo; Combustíveis Fósseis;
Nossa Cidade; Desastres Ambientais; ONU entre outras que tiveram de oito a uma
referência.Conforme a tabela 1.
De acordo com o levantamento, ocorreu uma mudança na concepção dos
alunos em relação ao tema Aquecimento Global. O CO2 agora, não é mais o vilão e
sim o gás da vida, que sem ele, nós os seres humanos, não teríamos como nos
alimentar, pois é do CO2 que as plantas produzem seu alimento e nós nos
alimentamos delas. Que existem hipóteses do aquecimento Global, aquela ligada
ao IPCC e as dos Céticos, defendida pelo Prof. Dr. Luis Carlos Baldicero Molion,que
diz ser um fenômeno natural da Terra e que ela já passou por períodos quentes e
outros períodos frios, e que o controlador do clima não é o homem, mas sim o Sol
,pois ele é a nossa fonte de energia . E o efeito estufa não é causado pelo homem e
sim causado pela nossa fonte energia o Sol.
Os conhecimentos adquiridos com esse estudo levaram os alunos a terem
uma visão mais crítica. E com isso, um conhecimento mais científico que aquele
que a mídia passa.
A seguir, apresentam-se alguns trechos dos textos dos alunos:
“Segundo o Profº Dr Luis Carlos Baldicero Molion o CO2 não é o vilão do aquecimento global sabe por quê? Porque o CO2 produz a vida sem o CO2 não existiria vida nem dos seres humanos nem dos animais”...Efeito estufa na maioria das vezes não é homem que causa o CO2 ,o é sim causado pela fonte de energia do Sol os raios infravermelhos refletidos pela superfície da terra” N.P.J 7ª série C “ O IPCC fala que o aquecimento global é antropogênio porque é causado pelo homem.Pois o homem produz o efeito estufa que faz o CO2, mas o professor Molion diz que não. Ele fala que é natural, pois é mudança normal do clima e quem controla o clima é os oceanos. E defende o CO2 fala que o CO2 não é vilão ao contrario é gás da vida,pois quando aumenta faz a produtividade de alimentos crescer.” “De acordo com os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas)... a temperatura vem aumentando na média entre 0,3ºC e 0,6 º C parece pouco mas pode modificar o clima como por exemplo fazendo ocorrer desastres ambientais. Eles acreditam que o Aquecimento Global é causado pelo homem.” M. C. d. M. 7 ª série C
“Mas os céticos discordam, o meteorologista Molion é um deles e acredita que o Aquecimento Global é processo natural e que em vez de ocorrer um aquecimento pode ocorrer um Resfriamento Global. Ele diz também que o CO2
não é um vilão e sim que ele ajuda no processo da fotossíntese das plantas e nós precisamos delas para sobreviver.” F.F.d.S. 7ª série C
“ Existe uma teoria que diz que o aquecimento global é causado pelo homem e outra que diz que é um fenômeno totalmente natural...Aquecimento global natural essa teoria diz que a Terra passa por fases climáticas diferentes de tempos em tempos por exemplo no inicio a Terra era um planeta super aquecido, cheio de vulcões e gases tóxicos, tempos depois passou pela era o gelo, um tempo frio e congelado e agora está quente mais Molion diz que vai resfriar ao contrario do aquecimento global antropogênio do IPCC . Molion acha que o CO2 é o gás da vida. Essa teoria do IPCC diz que o aquecimento global é causado pelo homem que poluiu os céus com fumaça de carros e fábricas o que faz com que esses gases se acumulem em grande quantidade na atmosfera esquentando a Terra ,esse processo se chama efeito estufa. Entre os gases poluidores o de maior quantidade é o CO2, gás vilão segundo o IPCC.” R. F 7ª série C.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No início do processo e de acordo com os resultados da primeira produção de
texto, os alunos mostraram que possuíam apenas a visão de que o Aquecimento
Global é causado pelo homem. Após a aplicação do material didático, as pesquisas,
as discussões pautadas nas duas teorias, o Aquecimento Global Antrópico e a dos
cientistas céticos que defendem e comprovam de acordo com seus modelos um
Aquecimento Global tendo como causas os fatores naturais. Os alunos
demonstraram ter uma nova visão. Na segunda produção, após o trabalho
realizado, apresentaram maior conhecimento científico e crítico em comparação às
produções elaboradas no início da pesquisa. Além disso, passaram a questionar os
dados veiculados pela mídia.
Espera-se que os dados expressos nesta pesquisa possam constituir tópicos
de reflexão acerca das discussões e experiências sobre as hipóteses do
Aquecimento Global, uma vez que as reflexões e práticas promovidas não são só
específicas desse campo de estudo. Nesse sentido, os estudos sobre a mudança na
matriz energética e a necessidade da tomada de consciência da população, a fim de
que o homem possa usufruir dos recursos naturais sem agredir o meio ambiente em
que vive, são essenciais.
A experiência foi desafiadora, pois propôs discutir um tema polêmico no
meio científico e na mídia. E que também deve ser discutido nas escolas. Sem
nenhuma intenção de esgotar as reflexões sobre o tema apresentado, esse estudo
pretende ser um ponto de partida para novas discussões que envolvam o processo
de compreensão da questão ambiental global e a sua percepção dos problemas
locais.
6 REFERÊNCIAS
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