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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
JOGOS E BRINCADEIRAS: alternativa de um trabalho pedagógico
Autor: Zulmara de Fátima Ribeiro Antunes1
Orientador: Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior2
Co-orientador: Ms. Celso Bilynkievycz dos Santos3
Resumo
O presente estudo tem como principal objetivo apresentar a avaliação referente a evolução da coordenação motora em escolares do Colégio Estadual Senador Correia, no município de Ponta Grossa, no segundo semestre do ano de 2010 para alunos da 5ª série, desenvolvido semanalmente por meio de jogos e brincadeiras. A faixa etária dos participantes variou de 10 a 13 anos e 11 meses, totalizando 23 crianças. Para a execução do objetivo aplicou-se o teste Korper Koordinationstest Für Kinder (KTK), que consiste em quatro fases. Na primeira etapa foi aplicado um pré-teste e depois da aplicação de jogos e brincadeiras por um período de quatro meses, cujo conteúdo foi embasado na Abordagem Crítico-Emancipatória e repetiu-se o teste. Constatou-se que durante a execução do projeto a maioria das crianças mostrou grande interesse em participar, possuem um repertório considerável de brincadeiras e jogos, apresentam facilidade de assimilação e compreensão quando inseridas novas regras e que após o período em que as crianças vivenciaram várias formas de jogos e brincadeiras os coeficientes motores indicaram uma melhora significativa quanto ao processo de coordenação motora, permitindo inferir que as atividades auxiliam muito na busca da melhora da coordenação, sendo essencial explorá-las como conteúdo nas aulas de educação física.
Palavras-chave: Educação. Educação Física. Jogos. Brincadeiras.
1 Secretaria de Estado de Estado da Educação (SEED).
2 Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
3 Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Universidade Tecnológica Federal de do
Paraná (UTFPR). Centro Universitário Claretiano (CEUCLAR)
2
INTRODUÇÃO
A cada início de ano letivo, novos alunos são matriculados no ensino
fundamental da rede estadual de ensino. Percebe-se, no entanto, que a grande
maioria destes discentes, advém de escolas públicas da rede municipal de
educação, cuja grade curricular não contempla aulas de educação física com
profissionais graduados. As aulas de 1ª a 4ª séries são ministradas pelas
professoras regentes que obtiveram formação em nível médio, por meio da
qual as disciplinas relacionadas à Educação Física são tratadas de forma
superficial. Salvo engano, apenas uma disciplina relacionada à educação física
escolar consta no currículo do curso de Magistério.
Face a esta realidade, observa-se a dificuldade de algumas crianças
em realizar movimentos relacionados ao que é considerado como movimentos
naturais. Entre esses movimentos podemos descrever os atos de correr, saltar,
lançar, trepar, mudanças de direções, paradas bruscas, rolamentos, entre
outros. Considera-se também os chamados movimentos complexos, ou seja,
movimentos que combinam formas de deslocamentos e ao mesmo tempo
tenham que manipular algum objeto. Em se tratando de modalidades
esportivas pode-se exemplificar como o ato de segurar, lançar, recepcionar
alguma bola (de diversos tamanhos e pesos). Usando o exemplo da ginástica,
pode-se exemplificar o manuseio de massas, cordas, bambolês, bastões, entre
outros.
Considerando a realidade descrita acima, é necessário um meio para
que se exercite o corpo com objetivos específicos. Para que se possa trabalhar
com os alunos superando o quadro relatado em relação aos mesmos e para
que se contribua com o desenvolvimento dessas crianças, a utilização de
brincadeiras e jogos tradicionais seria uma alternativa.
Pressupõe-se que as brincadeiras e os jogos são assimilados e aceitos
coletivamente sem muitas resistências, pois são atividades transmitidas de
uma geração a outra. Essa transmissão pode ser considerada positiva, por
vários motivos. No entanto, entende-se como positiva pelo fato de que essas
crianças, mesmo não tendo educação física regular, utilizaram de brincadeiras
e jogos populares fora dos muros escolares. O que permite relativizar o quadro
descrito acima. Por mais que as crianças não passaram por aulas sistemáticas,
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elas trazem uma determinada experiência. Experiências que se denomina cultura
corporal. Não obstante essa cultura, o problema de não possuírem fluência em
movimentos descritos anteriormente é patente.
Nesse contexto, resgatar jogos e brincadeiras populares e sistematizá-las
como conteúdo para o ambiente formal pode ser um forte aliado no desenvolvimento
do trabalho motor, pelo qual as crianças potencializem seus repertórios e vivências
motoras enriquecendo seu desenvolvimento motor.
O presente projeto parte da situação em que crianças provenientes de
escolas públicas no Paraná que se inserem na quinta série não apresentam
condições motoras necessárias para o desenvolvimento de atividades previstas para
essa série. Um dos fatores de estranhamento nesse novo ciclo de estudos para as
crianças seria o cenário diferente daquele que estavam inseridas: vários professores
que entram e saem a cada 50 minutos.
Os alunos tinham uma única professora que ensinava todas as disciplinas do
currículo da educação básica, inclusive educação física, pois a maioria das escolas
municipais não possui este profissional, e a regente da classe, cujos conhecimentos
adquiriu no curso de Magistério, é responsável por aplicar atividades físicas para
seus alunos.
Aparentemente as poucas aulas de educação física ministradas pelas
regentes não contemplaram um programa que permitisse a essas crianças
atividades físicas que enriqueçam seu vocabulário motor. Esse fato, conhecido e
debatido no meio acadêmico é um fator preocupante, visto que muitos alunos
apresentam certas dificuldades em realizar atividades físicas como as descritas
anteriormente.
Frente a esse quadro, algumas perguntas surgem: como estruturar um
programa de trabalho que resgate as vivências corporais dessas crianças fora dos
muros escolares? Como articular esse trabalho para desenvolver uma prática lúdica
e participativa com esses alunos? Como verificar se essas práticas permitem
considerar um avanço nas capacidades coordenativas desses indivíduos?
Brincadeiras e jogos populares, resgatados da cultura popular proporcionariam
novas vivências corporais e aumentaria o vocabulário motor dos alunos?
Com a leitura de Freire (1992) teve-se a inspiração para lançar as questões
apresentadas acima, uma vez que esse autor questionava quais seriam os motivos
pelos quais os jogos e brincadeiras eram relegados a segundo plano no ambiente
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escolar, sobretudo nas aulas de Educação Física. Freire (1992, p. 24) amplia essa
angústia quando afirma que “talvez não se tenha atentado para o fato de que jogos,
como amarelinha, pegador, cantigas de roda, têm exercido, ao longo da história,
importante papel no desenvolvimento das crianças."
Neste contexto, pergunta-se se as questões elencadas acima possibilitam
verificar se será possível minimizar as dificuldades dos alunos com relação as
dificuldade motoras.
Para responder as questões elencadas, apresenta-se a metodologia utilizada
em todo o projeto. Na sequência o referencial teórico que permitiu compreender a
importância de se brincar e jogar. Em seguida o material didático elaborado para
aplicação prática será exposto. Por fim, os dados coletados serão apresentados e
analisados.
METODOLOGIA
O projeto “Jogos e Brincadeiras – alternativa de um trabalho pedagógico” foi
aplicado no Colégio Estadual Senador Correia, com alunos da 5ª série do ensino
fundamental, com idade entre 10 a 13 anos, no período de 16/08 a 09/12 de 2010.
A primeira etapa do projeto foi exibir recortes do filme “menino maluquinho”
que apresenta cenas onde os personagens participam de algumas brincadeiras na
rua onde moram. A partir da identificação dessas atividades, houve um breve relato,
pelos alunos, de algumas brincadeiras que eles praticaram ou vivenciaram, em
seguida, os alunos levaram um questionário para ser respondido por um de seus
familiares, o qual continha perguntas relativas às brincadeiras que executavam na
infância.
Exemplo:
1 – Quais os tipos de brincadeiras você costumava vivenciar em seu tempo livre?
( ) amarelinha
( ) elástico
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( ) queimada – caçador
( ) bicicleta
Outras brincadeiras:
2 – Onde costumava brincar?
( ) na rua
( ) no campinho
( ) no quintal de casa
Em outros lugares (quais?)
3 – Com quem brincava?
( ) irmão – irmã
( ) primos
( ) amigos
Com outras pessoas (quem?)
De posse dessas informações, escolheram algumas das brincadeiras para a
realização na escola. Foram elas: amarelinha, pular corda, pular elástico e pai
(pega-pega).
Antes da aplicação das brincadeiras foi realizado o teste motor KTK nas
crianças envolvidas no projeto que visa a análise da coordenação corporal para a
verificação da eficiência do trabalho proposto nesse projeto. Esse teste apresenta
dificuldades crescentes, porém diferenciadas por idade facilitando ao aluno chegar
ao seu rendimento máximo. Antes de realizar os testes, as crianças podem passar
previamente pelos exercícios, para que se habituem ao material.
O referido teste possui quatro tarefas descritas a seguir:
Primeira tarefa: Trave de Equilíbrio (EQ)
Objetivo: estabilidade do equilíbrio em marcha para trás sobre a trave.
Material: Foram utilizadas três traves de 3 m de comprimento e 3cm de altura,
com larguras de 6, 4.5 e 3 cm. Na parte inferior, são presos pequenos travessões de
15 X 1,5 X 5 cm, espaçados de 50 em 50cm. Com isso, as traves alcançam uma
altura total de 5 cm. Como superfície de apoio para saída, coloca-se à frente da
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trave uma plataforma medindo 25 X 25 X 5 cm. As três traves de equilíbrio são
colocadas paralelamente.
Segunda tarefa: Saltos Monopedais (SM)
Objetivo: Coordenação dos membros inferiores, energia dinâmica/força.
Material: São usados 12 blocos de espuma, medindo cada um 50 X 20 X 5cm.
Execução: A tarefa consiste em saltar um ou mais blocos de espuma
colocados um sobre os outros, com uma das pernas.
Terceira tarefa: Saltos Laterais (SL)
Objetivo: Velocidade em saltos alternados.
Material: Uma plataforma de madeira (compensado) de 60 X 50 X 0.8 cm,
com um sarrafo divisório de 60 X 4 X 2cm e um cronômetro.
Execução: A tarefa consiste em saltitar de um lado a outro, com os dois pés
ao mesmo tempo, o mais rápido possível, durante 15 segundos.
Quarta tarefa: Transferência sobre Plataformas (TP)
Objetivo: lateralidade; estruturação espaço-temporal.
Material: Um cronômetro e duas plataformas de madeira co 25 X 25 X 1,5 cm,
em cujas esquinas encontram-se aparafusados quatro pés com 3,5 cm de altura.
Execução: A tarefa consiste em deslocar-se sobre as plataformas que estão
colocadas no solo, em paralelo no solo, uma ao lado da outra, com um espaço de
cerca de 12,5 cm entre elas. O tempo de duração será de 20 segundos, e o
indivíduo terá duas tentativas para a realização da tarefa.
Para a aplicação das atividades do conteúdo Jogos e Brincadeiras, verificou-
se a importância de uma abordagem pedagógica que atendesse os objetivos
propostos e para tal, optou-se pela abordagem crítico-emancipatória.
Idealizada por Elenor Kunz, tem por objeto de estudo o corpo humano. Nessa
abordagem, procura-se valorizar a compreensão crítica sobre o homem, sociedade,
mundo e também as relações sociais, sem transformá-los por meio escolar,
pretensiosamente. A proposta de Kunz é que os temas jogos, esportes, dança,
ginástica e capoeira, sejam ensinados por meio de uma seqüencia de estratégias
denominadas “transcendências de limites”, contendo as seguintes fases: encenação,
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problematização, ampliação e reconstrução coletiva do conhecimento. (SALLES
FILHO, 2009)
Darido (2005, p.14 e p.15) explica que a encenação manipula e explora
diretamente as possibilidades e propriedades dos recursos didáticos e a própria
capacidade dos alunos em “descobrir” e “inventar” diferentes estratégias. A
problematização confronta e discute as diversas situações levadas a efeito pela
encenação e a ampliação faz o levantamento de dificuldades das ações e também
na apresentação de subsídios que ampliem a visão dos temas vivenciados, por fim a
reconstrução coletiva que atribui novo significado ao conteúdo, utilizando de análises
e discussões das etapas anteriores, proporcionando emancipação e transcendência
ao aluno em face do conteúdo trabalhado.
Jogos e Brincadeiras Populares na perspectiva da Abordagem
Crítico-emancipatória.
Pular corda
Essa sequência didática promove a abordagem de conteúdos relacionados ao
ritmo, coordenação e a expressão corporal, ou seja, saltar (com 1 ou 2 pés),
agachar, girar, equilibrar-se, sendo essas, qualidades físicas necessárias para a
realização da atividade, além de resgatar e valorizar uma brincadeira que faz parte
da cultura popular.
Material
Corda coletiva (6 metros), batidas por 2 crianças.
Espaço Físico
Sala, quadra, pátio, rua.
Desenvolvimento da Atividade
Por existir uma grande diversidade de brincadeiras de pular corda em nosso
país, o princípio geral é o mesmo, ou seja, movimentos executados em torno da
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corda em movimento (saltos, giros), acompanhando as músicas cantadas pelos
participantes durante a brincadeira.
1 – Encenação: Alguns alunos conseguem executar a tarefa de pular corda com
muita facilidade, inclusive a entrada com a corda em movimento, onde a criança
coordena a ação de pular com a freqüência das batidas da corda e isso acontece
respeitando as características de cada um.
2 – Problematização: Durante a brincadeira é possível verificar a dificuldade de
algumas crianças na realização da atividade, que pode ocorrer, por exemplo, já no
início com a corda em movimento.
3 – Ampliação: Quando a criança não consegue fazer a sequência de movimentos e
continuar pulando corda, devemos fazê-la observar qual é o melhor momento para a
execução, pois o tempo das batidas da corda é importante para a ação. Nesse
momento é imprescindível que a criança vivencie os movimentos para que possa
desenvolver algumas das qualidades físicas como a coordenação e o equilíbrio.
4 – Reconstrução coletiva do conhecimento: No momento em que o aluno enfrenta
as dificuldades descobertas nas brincadeiras, passa a encarar situações conflitantes
com maior confiança, responsabilidade e respeito em relação aos outros, pois
reconhece que suas limitações também podem acontecer com os demais, e isso é
fator positivo quando forem tomadas decisões com opiniões diferentes e contrárias.
Nessa brincadeira, a velocidade, regularidade rítmica e coordenação temporal
são as habilidades solicitadas, sendo que os saltos envolvem a resistência e a força
da criança nesse movimento.
Elástico
É uma brincadeira que pode ser executada em qualquer espaço, necessita de
material de baixo custo e as crianças se divertem participando ativamente. No
desenrolar da atividade, podemos observar que diferentes maneiras de saltar são
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empregadas na ação, possibilitando a criação de novas combinações de
movimentos, o que demonstra o aumento gradativo da complexidade da mesma.
Material
Elástico (5 metros), não muito estreito, amarrado nas pontas.
Espaço Físico
Sala, quadra, pátio, rua.
Desenvolvimento da atividade
Duas crianças colocam o elástico entre os tornozelos, com as pernas
afastadas, mantendo o elástico estendido em linhas paralelas. Outra criança começa
a executar a sequência de movimentos pré-determinados e a dificuldade será
aumentada com a elevação do elástico: começa no tornozelo, sobe até a metade da
perna (panturrilha), em seguida no joelho e por fim, na altura do quadril, perfazendo
um total de 4 estágios. Ganha a brincadeira quem executar toda a sequência de
movimentos sem enroscar ou deixar escapar o elástico. Pode-se combinar um
sistema de trocas, para que as crianças que estão segurando o elástico também
participem.
1 – Encenação: Explique aos alunos que o aumento gradativo do elástico é uma das
situações que enfrentarão, além disso, a sequencia de saltos deverá ser executada
obedecendo a ordem estabelecida.
2 – Problematização: Haverá aqueles que não encontrarão dificuldades no
desenrolar da brincadeira, porém os que apresentarem, deverão descobrir novas
formas de executar os movimentos, para que garantam sua permanência no jogo.
3 – Ampliação: A interferência do professor deverá ser como questionador: como
chegou a essa forma para executar os movimentos que garantiram ou não sua
permanência na brincadeira, ou ainda haverá novas combinações para facilitar ou
dificultar o jogo?
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4 – Reconstrução coletiva do conhecimento: Fazer perguntas como: gostaram da
brincadeira? Foi fácil executá-la? Podem brincar em casa com seus colegas e
irmãos? Quais cuidados devo ter quando brincar? Também podemos relacioná-la
com esportes que conhecem, exemplo: quais movimentos vocês fizeram? Existe
algum esporte que necessite utilizar esses movimentos? Cite alguns.
Cabe ao professor perceber a real aplicação das discussões em torno da
brincadeira, visto que muitas situações poderão surgir no decorrer da aula.
Pegador (pega-pega)
Brincadeira tradicional, em que uma criança é escolhida para “pegar” outra, o
que possibilita a utilização dos seus recursos motores a fim de se esquivar do
“pegador”, ou facilitar a captura de um colega.
Material
Nenhum.
Espaço Físico
Pátio, quadra.
Desenvolvimento da atividade
Pede-se aos alunos para que escolham quem será o pegador. As outras
crianças ficam espalhadas pela quadra, fugindo do “pega-pega”, que, quando
capturar um colega, esse assume o papel de “pegador” (Freire, p.132 a 134)
1 - Encenação: A brincadeira de “Pega-pega” é conhecida entre as crianças, que
participam alegremente, pois esquivar-se ou capturar um colega é garantia de
satisfação pessoal, mas a decepção em relação a um colega mais veloz também se
faz presente no decorrer da brincadeira.
2 – Problematização: Nota-se que a preocupação maior de todos é escapar ou
pegar aquele que é veloz.
3 – Ampliação: O desafio entre os alunos é poder desenvolver sua velocidade de
maneira a ludibriar o colega, quando foge ou tenta pegá-lo, gerando nessa ação, um
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recurso motor mais eficiente para que tenha sucesso na brincadeira, que somente
ocorrerá quando participar ativamente.
4 – Reconstrução coletiva do conhecimento: Ao entender que a velocidade e
atenção são fatores que influenciam seu desempenho na brincadeira, a criança
poderá relacionar sua ação em outras atividades ou em outros esportes, podendo
levá-la a uma reflexão sobre outras qualidades físicas que podemos desenvolver no
simples ato de brincar.
JOGOS E BRINCADEIRAS
Brincar e jogar ocupa muito tempo de uma criança. Por meio dessas
atividades ela se envolve e passa horas, ás vezes sozinha, brincando com bonecas,
carrinhos ou até mesmo com um amigo imaginário. Essas brincadeiras são
transmitidas pela família, amigos, vizinhos que estão presentes no seu dia-a-dia.
Algumas dessas ações são antigas, como o brincar de casinha. Por meio delas é
que as crianças representam com riquezas de detalhes o cotidiano de um lar. Então
se constata que jogos e brincadeiras fazem parte da vida dos seres humanos desde
a Antiguidade, e estão presentes em todas as civilizações, acompanhando a
evolução histórica (DARIDO, 2005).
Quando joga, (brincar e jogar são sinônimos), a criança satisfaz a sua
necessidade de “ação”. Também é “fator de desenvolvimento”, pois estimula o
exercício do pensamento, levando-as a agir independentemente do que ela vê.
(COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Durante a infância, a criança pratica muitas atividades que acabam
desenvolvendo a consciência corporal “que é adquirida no momento em que
podemos processar as informações recebidas pelo corpo todo”, permitindo assim um
desenvolvimento harmonioso do corpo, tornando-se fundamental para a auto-
imagem construída pela criança (MARINHO et al, 2007, p. 47).
O simples ato de brincar ou jogar é importante no desenvolvimento humano,
pois “a criança tornar-se-á um adulto muito mais equilibrado física e
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emocionalmente, suportará, muito melhor as pressões das responsabilidades
adultas e, terá maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgirem”
(VELASCO, 1996, p.43).
Quando brinca, a criança recria seu cotidiano a fim de enriquecer sua visão
de mundo. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE, 2008, p.54)
enfatizam que ao vivenciar jogos e brincadeiras a criança estabelece conexões entre
o imaginário e o real, passa a refletir sobre seu papel nas relações em grupo e
valorizar sua comunidade.
As atividades tão antigas trazem inúmeros benefícios, pois, com a leitura de
Freire (1992, pp.112-114) constatou-se que os jogos e as brincadeiras aperfeiçoam
o acervo motor para a construção de conhecimentos e saberes de modo prazeroso e
motivador.
Por meio de jogos e brincadeiras, a criança estabelece conceitos
“favorecendo a comunicação e a inteligência, daí o pensamento e a aprendizagem
virem como resultado importante desse brincar” (VELASCO, 1996).
Se brincar e jogar faz parte da vida das crianças, então se pode trazê-los para
dentro dos muros escolares a fim de que sejam explorados como conteúdos de
Educação Física, colaborando com a aquisição de conhecimentos e saberes,
pois possibilita à criança uma aprendizagem através de vivências corporais, por meio dos quais pode experimentar sensações e explorar as possibilidades de movimento do seu corpo e do espaço, adquirindo um saber globalizado a partir de situações concretas. (MARINHO et al, 2007, p.83)
Darido (2005, pp.158-159) afirma que os jogos, quando considerados como
conteúdos escolares, apresentam maiores facilidades de aplicação, pois não são
desconhecidos das crianças, podem ser praticados em qualquer idade e são
divertidos e prazerosos.
Freire (1992, pp.118-119) corrobora com a compreensão anterior
apresentando a idéia de que quando se envolvem brincadeiras na escola, pode-se
ter uma importante ferramenta para o aperfeiçoamento motor, bem como ampliar as
relações sociais, afetivas e culturais.
Apresentar diversas oportunidades educativas na fase de escolarização
torna-se prioridade para que as crianças tenham um desenvolvimento harmonioso,
aumentando a vivência motora, pois seu corpo experimentará novas possibilidades
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de movimento. De Marco (1995, pp. 41-42) enfatiza isso propondo que a
aprendizagem sempre é vista como fator de desenvolvimento, pois educando suas
habilidades motoras, o homem pode expressar-se. Ele exemplifica que para
escrever, chutar, arremessar entre outras coisas, o homem precisa ter habilidade
para realizá-la, a qual, através da educação promoveria o desenvolvimento de tal
habilidade.
Na fase de escolarização é importante um desenvolvimento motor adequado,
pois a criança terá novas ações que farão parte de sua vida escolar, como escrever.
Segundo Morais (2006, p.137) a escrita é uma atividade motora complexa que
mobiliza diversas partes do corpo exigindo um desenvolvimento motor que permita a
realização do ato de escrever de forma rápida, precisa e legível.
Ainda de acordo com esse autor, a criança interage com o mundo por meio de
seu corpo, formando assim a imagem corporal que é indispensável para qualquer
tipo de aprendizagem, pois torna seu corpo um ponto de referência estável que
contribuirá para a aquisição de conceitos importantes para a alfabetização como: em
cima e embaixo; na frente e atrás; direita e esquerda; alto e baixo. Também permitirá
o desenvolvimento do equilíbrio e o freio inibitório que permite a criança dominar
seus atos motores. (2006, pp. 26-29)
Freire (1992, p.192) também faz considerações sobre as atividades motoras
que trabalham com a inteligência corporal, na medida em que, através do arranjo
que faz de suas coordenações motoras, o sujeito dá conta dos problemas surgidos
nas diversas situações, tanto quanto na sala de aula.
Para uma aprendizagem efetiva, trabalhar com as crianças de modo que
utilizem seu próprio corpo poderá ser significativo na conquista de novas
experiências corporais, possibilitando aprimorar aquelas que já a acompanham
desde pequenas como coordenação motora, equilíbrio, velocidade do movimento,
agilidade e força explosiva.
A coordenação motora é definida por Gallahue (2008, p. 88) como
capacidade de integrar sistemas motores separados por estruturas sensoriais e
articuladas em movimento eficiente, e de acordo com o Currículo Básico para a
escola Pública do Paraná (1990), para reconhecer seu corpo é necessário que a
criança realize exercícios de coordenação com o corpo todo, buscando harmonia e
controle de movimentos.
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Para reforçar a questão conceitual, outro autor que dá uma definição sobre
coordenação foi Kolyniak Filho (2008). Para esse autor a coordenação motora é a
capacidade de integrar ações musculares (contrações, descontrações,
alongamentos) simultânea e sucessivamente, produzindo movimentos (ou sequência
de movimentos) com eficiência e economia de esforço.
Voltando em Gallahue (2008, p.88), pode-se aprofundar no entendimento
sobre a coordenação. Ele afirma que o equilíbrio é uma aptidão motora complexa
que exige a participação da visão, ouvido, cerebelo e proprioceptores (terminações
nervosas) que se encontram nos músculos, ligamentos e tendões. Enfatiza ainda
que por se tratar de um aspecto básico de todo o movimento, é importante que essa
capacidade seja desenvolvida desde cedo nas crianças.
Ainda utilizando Gallahue como referência, a velocidade do movimento é
definida como “capacidade de se mover de um ponto a outro no menor tempo
possível” e a força explosiva é usada para executar um “esforço máximo em um
curto período de tempo”. Já a mudança de direção de todo o corpo rapidamente, de
um ponto a outro, com exatidão, ele denomina “agilidade” (2008, p. 88).
Como forma alternativa de trabalho pedagógico, jogos e brincadeiras quando
inseridos no cotidiano escolar, vão de encontro à necessidade de movimentação das
crianças e também estimulam a sua criatividade e a imaginação, contribuindo para
que possam explorar seus limites.
As experiências motoras que o ser humano desenvolve durante a sua vida,
principalmente na infância são adquiridas em suas brincadeiras em casa. Então a
escola pode aproveitar-se desse recurso para buscar novas maneiras de ensinar-
brincar, pois Freire (1992, p. 119) considera que no contexto escolar, o jogo não é
descomprometido com a formação do aluno para cumprir seu papel de criança e
mais tarde de adulto e sim como forma de ensinar conteúdos transformando-se num
meio de ensinar, num “instrumento pedagógico”.
Quando transformado em conteúdo nas aulas de Educação Física, a alegria e
satisfação se fazem presente e as crianças sentem-se motivadas a participar, porém
o professor deverá dar atenção especial ao enfocar essas atividades na sua prática,
pois Freire (1992, p. 134) adverte que não se pode priorizar a diversão, mas o
desenvolvimento de uma habilidade motora e sua interação com o meio ambiente,
provocar conhecimentos para resolver novas situações e só assim ela realmente
passará a ser uma aprendizagem significativa na vida daquelas crianças.
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Ao chamar a atenção para esse fato, Freire (1992, p.191) reforça o papel do
professor que, a partir do conflito, desequilíbrio, cria condições para que o aluno
possa solucionar os problemas com o instrumental existente (motor ou mental),
estabelecendo ligações ente o conhecido e o desconhecido, o velho e o novo e
também com a situação atual e a anterior. Afirma que, as habilidades motoras
podem ser desenvolvidas por meio de jogos e brincadeiras, as quais fazem parte do
universo infantil, pois poderão ser trabalhadas a partir do conhecimento que já
possuem. Lembra-nos que a amarelinha, pegador e as cantigas de roda têm papel
fundamental no desenvolvimento da criança, podendo inclusive garantir um bom
desenvolvimento das habilidades motoras, e enfatiza “lamentável é o fato de que
não tenham sido incorporados ao conteúdo pedagógico das aulas de Educação
Física”. (1992, p. 24)
Outro autor que enfatiza a importância do brincar seria Marinho (et al, 2007, p.
91). Para ele, a criança quando experimenta o brincar relaciona o ato vivido com
tudo em sua volta, facilitando a aprendizagem.
Então, Jogos e Brincadeiras podem ser inseridos no contexto escolar para
que haja uma aprendizagem sem caráter rígido, de forma alegre e espontânea,
aprimorando habilidades e contribuindo para a formação de sujeitos participativos.
MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO E AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS
A execução do projeto no Colégio Estadual Senador Correia foi bem aceita
pela clientela estudantil, pois se constatou que muitas das atividades desenvolvidas
eram conhecidas pela maioria das crianças. Os alunos consideraram fácil a
execução das brincadeiras e notou-se que participavam com alegria e entusiasmo.
No transcorrer das aulas, as crianças queriam mostrar suas habilidades e
esforçavam-se para superar algumas dificuldades que porventura apareciam.
Começamos as brincadeiras com a “amarelinha”, que desenhada da maneira
tradicional foi executada por todos e logo após, formaram-se grupos e cada um
deveria montar sua própria sequência, culminando na formação de um circuito de
amarelinhas, por onde todos deveriam passar. Tentar errar o mínimo possível era a
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meta, uma vez que tinham que decorar mentalmente a sequência para em seguida
executar os movimentos exigidos na atividade.
Visualizou-se a explosão de criatividade que ocorreu na atividade. Houve
vários tipos de desenhos geométricos: os tradicionais quadrados e retângulos,
combinações de triângulos e círculos e até corações para realizar o desafio proposto
pelo professor de “inventar” uma amarelinha.
Eles deveriam variar movimentos como: pé direito e esquerdo, os dois pés
num mesmo desenho, intercalar saltos com mudança de direção, palmas ou até
mesmo voltar em determinado ponto.
A segunda atividade foi pular corda. Várias maneiras de pular aconteceram no
decorrer das aulas. O tradicional “um homem bateu em minha porta...” era bem
conhecido e logo foi substituído por “passa zerinho”, “foguinho” e outros. Mas o
obstáculo maior foi tentar pular com duas cordas, batidas ao contrário, tanto para
ensiná-los a bater como pular. Acredito que esta brincadeira foi a que mais chamou
a atenção, pois a execução é bem difícil e todos tentaram passar por ela.
Dando sequência ao projeto, incluiu-se a brincadeira de “elástico”. A princípio
os alunos seguiram as sugestões da professora para depois construírem suas
próprias combinações, que foram executadas pelos alunos em forma de desafio, só
passariam para a próxima etapa se não houvesse erros. A participação foi alegre e
animada, montaram sequências interessantes e criativas. As aulas foram repletas de
saltos e saltitos.
Ressaltando que a brincadeira de Pai, ou pega-pega com variantes como:
Pai-cola, Pai-ajuda..., foi muito utilizada no início das atividades, como aquecimento
ou simplesmente para incentivar e motivar a participação das crianças.
A superação de limites ficou evidente durante todo o período trabalhado com
os alunos que demonstravam interesse em participar. Muitos começaram com
movimentos tímidos, às vezes contidos, e, ao final, estavam participando
alegremente. Pode-se notar o descompromisso com a perfeição dos movimentos e a
real vontade de realizar a brincadeira, vencendo os desafios surgidos em cada etapa
do projeto, independentemente da maneira que encontravam para tal.
Através desse projeto pode-se visualizar que realmente a participação nos
jogos e brincadeiras é significativa, pois a medida que alguns se entregavam ao
clima de alegria, conseguiam contagiar outros que também passaram a fazer parte
do grupo.
17
Outro fator importante foi observar as dificuldades em realizar determinados
movimentos, a princípio. Gradativamente foi superada por eles, devido a
solidariedade que em determinados momentos da aula surgia e muitos queriam
ajudar ou palpitar para incentivar aqueles que não conseguiam alcançar seus
objetivos.
Optou-se pela realização dos testes motores pré e pós - aplicação do projeto
por entender que seria necessário uma maneira objetiva de demonstrar que
realmente Jogos e Brincadeiras podem colaborar com a melhoria do vocabulário
motor dos alunos, o que efetivamente ocorreu quando comparamos as duas
avaliações.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Neste tópico serão apresentadas as características dos dados coletados a
partir das atividades descritas anteriormente.
A amostra apresentava as seguintes características:
N = 23;
Série: 100% alunos da 5ª Série;
Sexo: 52,17% feminino e 47,83% masculino;
Idade média: 10,98 anos;
Peso médio: 39,57 Kg;
Estatura média: 1,48m.
Os dados dos Testes de KTK foram coletados em dois momentos diferentes,
antes da inferência (aplicação das atividades propostas) e pós inferência. Em
seguida, seus resultados foram transformados em uma escala centesimal, para
melhor entendimento e representação gráfica, utilizando-se a fórmula a seguir,
proposta no estudo de Santos et.al (2009).
EO
ED iEO) - (EO + iED = ED
onde:
18
ED é escala desejada; EO é escala original; i é o inicio da escala; é a variação da escala
A seguir serão apresentados os resultados individuais nas baterias de
testes, organizados no sentido crescente dos resultados obtidos a partir do 1º. Teste.
A Figura 1 apresenta os resultados do 1º. e 2º.Testes de Equilíbrio na Trave
(QM1).
Figura 1 – Resultados do 1º. e 2º.Testes de Equilíbrio na Trave (QM1)
A partir Figura 1, observa-se expressivo progresso no 2º. Teste de Equilíbrio
na Trave da grande maioria dos avaliados.
Na Figura 2, a seguir, serão apresentados os resultados do 1º. e 2º.Testes
de Salto Monopedal (QM2).
19
Figura 2 – Resultados do 1º. e 2º.Testes de Salto Monopedal (QM2)
A partir Figura 2, observa-se significativa melhoria no 2º. Teste de Equilíbrio
na Trave da maioria dos indivíduos analisados.
A seguir (Figura 3), serão apresentados os resultados do 1º. e 2º.Testes de
Salto Lateral (QM3).
Figura 3 – Resultados do 1º. e 2º.Testes de Salto Lateral (QM3)
20
A partir Figura 3, pode-se observar avanço significativo no 2º. Teste de Salto
Lateral realizado.
Na Figura 4, a seguir, serão apresentados os resultados do 1º. e 2º. Testes
de Transferência de Plataforma (QM4).
Figura 4 – Resultados do 1º. e 2º.Testes de Transferência de Plataforma (QM4)
A partir Figura 4, pode-se observar evolução no 2º. Teste de Transferência
de Plataforma de todos os alunos avaliados.
Finalizando a apresentação dos scores individuais, a Figura 5, representa
os resultados do Quoficiente Motor da 1º. e 2º. Bateria de Testes.
21
Figura 5 – Quoficiente Motor da 1º. e 2º. Bateria de Testes
A partir da Figura 5, resultante das Baterias de Testes, observa-se melhoria
no Quoficiente Motor da maioria dos alunos, após inferência com as atividades
propostas neste trabalho.
Após, a análise individual, os dados do grupo formam analisados resultando
na Tabela 1 que apresenta a estatística descritiva da amostra.
22
Tabela 1 – Estatística Descritiva
Teste
Equ
ilíbrio
Salto L
ate
ral
Quoeficie
nte
Moto
r
Tra
nsfe
rência
de
Pla
tafo
rma
Qu
oefi
cie
nte
Mo
tor
Numero 1º. 2º. 1º. 2º. 1º. 2º. 1º. 2º. 1º. 2º.
Esta
tística D
escritiva
Média 45,68 56,78 56,02 62,81 72,44 80,45 50,81 70,56 48,99 60,17
Erro padrão 2,80 2,45 4,15 3,79 2,27 2,32 2,79 2,89 4,68 3,90
Mediana 46,68 59,68 53,76 62,76 73,62 83,62 46,14 71,14 46,67 62,67
Modo 35,68 49,68 72,82 84,82 73,62 85,62 42,14 66,14 57,33 44
Desvio padrão 13,44 11,73 19,88 18,19 10,87 11,14 13,38 13,87 22,46 18,68
Variância da amostra 180,58 137,53 395,35 330,91 118,18 124,06 179,13 192,26 504,24 349,12
Curtose -0,65 0,06 -0,41 -0,72 1,40 0,04 -0,35 -0,92 0,54 0,89
Assimetria -0,02 -0,52 0,08 0,25 -0,51 -0,76 0,79 -0,16 0,83 0,23
Intervalo 49,84 48,33 80,58 66,58 49,00 44,00 47,08 48,46 81,33 81,33
Mínimo 17,84 27,68 16,76 35,76 43,76 53,76 33,14 46,14 18,67 18,67
Máximo 67,68 76,01 97,34 102,34 92,76 97,76 80,22 94,60 100,00 100,00
Soma 1050,62 1305,83 1288,43 1444,59 1666,10 1850,37 1168,56 1622,78 1126,68 1383,99
Contagem 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23
Através da Tabela 1, observa-se que a média dos testes, varia de 45,68% a
80,45% da escala máxima possível.
A seguir são apresentadas as médias dos diferentes testes e a diferença
(variação) entre o primeiro e segundo.
23
56,78
11,10
56,02
6,79
72,44
50,81
70,56
11,19
80,45
62,81
45,68
8,01
48,99
19,75
60,17
0,0
12,5
25,0
37,5
50,0
62,5
75,0
87,5
100,0
1o
. T
este
2o
. T
este
Va
ria
çã
o
1o
. T
este
2o
. T
este
Va
ria
çã
o
1o
. T
este
2o
. T
este
Va
ria
çã
o
1o
. T
este
2o
. T
este
Va
ria
çã
o
1o
. T
este
2o
. T
este
Va
ria
çã
o
Equílibrio Salto Monopedais Salto Lateral Transferência de
Plataforma
Quoeficiente Motor
Figura 6 – Escores dos Testes em Escala Centesimal
A partir da Figura 6, observa-se que houve melhoria em todos testes, após
as inferências propostas, e que no Teste de Transferência de Plataforma apresenta-
se a maior evolução (19,75).
Para verificação da significância entre as diferenças das médias dos testes,
utilizou-se o Teste de Variância Paramétrico T para dados pariados.
Através deste teste observaram-se diferenças significativas entre as médias
dos primeiros e segundo teste, conforme os valores de p apresentados na tabela a
seguir (Tabela 2).
Tabela 2 – Valor de p a partir do Teste T Paramétrico
Testes Valor de p bicaudal
Equilíbrio na Trave 4,51 x 10-4
Salto Lateral 6,73 x 10-5
Quoeficiente Motor 4,50 x 10-5
Transferência de Plataforma 2,44 x 10-8
Quoeficiente Motor 2,43 x 10-3
Observa-se a partir da Tabela 2 que os valores de p são menores que 0,05
indicando a existência de diferenças significativa entre as médias.
24
A partir da Figura 7, observa-se melhoria no QM, após inferência com as
atividades propostas nesse trabalho.
Figura 7 - Mudança de Classe após o 2o. Teste
Comparando os dois testes, observa-se que 52,18 % (69,57 - 17,39) dos
alunos obtiveram melhorias quanto à classificação do seu QM, partindo de
“Coordenação Normal” para “Boa Coordenação ou “Muito Boa Coordenação”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que se possa fechar o presente relato, metodologicamente, convêm
retomar as questões centrais propostas ao final da introdução.
Naquele momento foram perguntadas as seguintes situações: como
estruturar um programa de trabalho que resgate as vivências corporais dessas
crianças fora dos muros escolares? Como articular esse trabalho para desenvolver
uma prática lúdica e participativa com esses alunos? Como verificar se essas
práticas permitem considerar um avanço nas capacidades coordenativas desses
indivíduos? Brincadeiras e jogos populares, resgatados da cultura popular
proporcionariam novas vivências corporais e aumentaria o vocabulário motor dos
alunos?
25
Para responder os dois primeiros questionamentos: como estruturar um
programa de trabalho que possa resgatar as vivências corporais das crianças
envolvidas e também desenvolver uma prática lúdica, houve a preocupação em
conhecer as brincadeiras vivenciadas no seu dia a dia e no ambiente familiar. Esses
dados contribuíram para o planejamento das atividades escolhidas coletivamente
dentro de uma abordagem que permitisse a participação dos alunos e da construção
de novos conhecimentos a partir da bagagem que já possuíam.
Os avanços nas capacidades coordenativas dos participantes, preocupação
do terceiro questionamento, foram mensurados através de testes motores (KTK),
aplicados antes e depois da intervenção, que realmente constatou uma melhora
significativa no vocabulário motor dos alunos.
E por fim, as aplicações, de maneira lúdica, de jogos e brincadeiras,
ofereceram novas vivências corporais e consequentemente aumentaram seu
repertório motor, pelo conhecimento ou facilidade de execução das atividades.
Durante a aplicação das aulas, ficou evidente o interesse em participar das
brincadeiras, mas a realização de movimentos perfeitos e pré-determinados não são
fatores dominantes na maneira em que brincam, e isso ressalta a importância que
jogos e brincadeiras, quando inseridos no contexto escolar , podem contribuir
significativamente no aprendizado motor das crianças, e, consequentemente
desencadear novas propostas de trabalho a partir desse conteúdo.
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26
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