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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

História da África: Proposta Preliminar de Atlas

Professor PDE: Jairo de Carvalho

Orientador: José Henrique Rollo Gonçalves

Área: História

NRE: Maringá

Escola: Colégio Estadual Santa Maria Goretti

Disciplina: História

Produção Didática: Atlas Histórico

Implementação: Professores de História e outras disciplinas

MARINGÁ – PR

2010

- 1 -

ÍNDICE

INTRODUÇÃO: Uma justificativa ......................................................................... 2

HISTÓRIA DA ÁFRICA: PROPOSTA PRELIMINAR DE ATLAS ......................... 5

Egito ................................................................................................................ 6

Kush ................................................................................................................ 7

Cartago ........................................................................................................... 8

Axum ............................................................................................................... 9

Berberes ......................................................................................................... 10

Expansão do Islã ............................................................................................ 11

Império dos Almorávidas ................................................................................ 12

Gana ............................................................................................................... 13

Rotas de comércio .......................................................................................... 14

Navegações portuguesas ............................................................................... 15

Ocupação europeia antes da Conferência de Berlim ..................................... 16

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 17

- 2 -

INTRODUÇÃO: Uma justificativa

No dia 9 de janeiro de 2003, o Presidente da República sancionou a Lei 10639, de

autoria da deputada Esther Grossi, cujo teor trata da obrigatoriedade do ensino de

História da África e história e cultura afro-brasileira [nas escolas públicas]. A

aprovação dessa lei atendia a uma antiga reivindicação do movimento negro

organizado que enxergava nos conteúdos escolares uma preferência quase

exclusiva por temas europeus, desprezando o conhecimento referente às outras

vertentes que tiveram participação na formação da sociedade nacional.

Reconhecia-se assim, a importância do estudo sobre as sociedades africanas

anteriores à colonização do continente pelos europeus, como parte da estratégia de

valorização da população descendente do grande contingente de pessoas que

chegaram ao Brasil na condição de escravas. Era mais um elemento no combate à

discriminação racial, pois auxiliava na desconstrução da ideia distorcida e

preconceituosa, porém amplamente difundida, de que a África não produziu história,

já que a sua população não desenvolveu essa capacidade, por ser atrasada e

selvagem.

A implementação da Lei deveria promover uma grande mudança no trabalho dos

profissionais de educação, pois eles, assim como as demais pessoas, em geral

desconheciam os conteúdos que deveriam ministrar aos seus alunos, já que

praticamente não tiveram oportunidade de ver a História da África nos cursos

universitários que concluíram. Apesar dos esforços individuais de alguns na procura,

muitas vezes desorientada, por informações que pudessem preencher a lacuna

deixada na sua formação acadêmica e de variadas iniciativas das autoridades

educacionais, o contato com os professores tem revelado que por não saber o que

deve ser ensinado, o ensino de História da África não tem sido abordado como

estava previsto na Lei 10639.

Os professores que saíam em busca de materiais que pudessem subsidiar a

preparação de suas aulas sobre a História da África, em um primeiro momento ainda

se deparavam com outro problema: a insuficiência de material disponível para

consulta. Depois, como era de se esperar, o fato de uma lei como essa estar em

- 3 -

vigor acaba por gerar demanda e tem início a corrida pela produção de materiais que

abasteçam o mercado. Rapidamente aumentou a oferta de livros que versam sobre

a temática, bem como de vídeos e sítios na internet. Inclusive, os manuais didáticos

adotados pelas escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio foram, na

maioria, reformulados e tiveram inseridos alguns novos capítulos para se adequarem

à exigência da lei e, por consequência, à necessidade do mercado. Portanto, já é

possível, para aqueles profissionais mais interessados, ter acesso com relativa

facilidade a materiais razoáveis e dar conta de preparar suas aulas sobre a História

da África.

Essa proposta de produzir um Atlas de História da África que estamos apresentando,

acaba por se somar à relativamente abundante oferta de materiais didáticos que, por

sua natureza, pretendem facilitar a compreensão dos processos civilizatórios

africanos. Ele se compõe de uma sequência de mapas acompanhados de

explicações sucintas sobre cada uma das questões representadas nas onze páginas

dessa versão preliminar. Muitos aspectos e momentos da História do continente

africano não estão sendo abordados agora, mas podem ser acrescentados

obedecendo a esse formato. Para atender minimamente a uma explicação dos

principais fatos da História da África, ainda que sinteticamente, será necessário

apresentar o dobro da quantidade de mapas mostrados nessa versão preliminar de

atlas. Além de outros, não pode faltar em um atlas que se proponha a demonstrar os

acontecimentos mais significativos na existência desse continente, os fatos que

relaciono a seguir: A evolução da espécie humana; o Império do Mali; o Império

Songai; a expansão dos bantos; as cidades-Estado iorubas; as cidades-Estados

suaíles; o tráfico de cativos africanos; o Grande Zimbábue e o Império Monomotapa;

o reino do Congo; os reinos dos zulus; a partilha da África pelos europeus, a África

colonizada, o processo de independência e a formação dos países atuais.

Para realizar essa versão que apresentamos aqui denominada “História da África:

Proposta Preliminar de Atlas”, foi utilizado o vetor de um mapa do continente,

disponível na internet para uso livre. Com os recursos do software Corel Draw, foi

inserido primeiramente uma camada de cores que pudesse representar os grandes

ecossistemas africanos. Assim as partes amarelas de tonalidade mais clara

representam as paisagens de deserto como o Saara e o deserto da Namíbia,

- 4 -

contrastando com esses ambientes as áreas verdes representam as regiões em que

predominam as florestas tropicais. Já, as regiões de savana e as de transição entre

deserto e floresta são representadas por cores intermediárias. Sobre essa base, foi

sobreposta uma outra cor aleatória para destacar a área em que ocorreu o processo

histórico abordado.

Uma parte dos textos que acompanham os mapas teve por base um artigo que

publiquei a algum tempo atrás intitulado “Questão negra, História da África e

currículos”. Outros, assim como os mapas, resultaram da consulta a uma grande

quantidade de obras. Serviram como fonte de informação e de inspiração

especialmente os livros de Alberto da Costa e Silva, Elikia M’Bokolo, Eduardo David

de Oliveira, Leila Leite Hernandez, Jean-Marie Lambert, Kabengele Munanga e

Nilma Lino Gomes, além da coleção organizada por Joseph Ki-Zerbo. Também

tiveram grande utilidade, pelo fácil acesso, inúmeros sítios da internet, vários deles

hospedados em servidores norte-americanos, europeus e africanos.

Produzir mapas que abordem as questões mencionadas acima, e que não tratadas

aqui, é uma empreitada possível. Para que seja concluído de forma satisfatória,

bastam os mesmos recursos empregados na produção dessa Proposta Preliminar e

um pouco mais de tempo. Outra maneira de implementar a continuidade do que está

agora sendo apresentado, é conseguir a contribuição de outras pessoas.

Atualmente, com a interatividade que a internet possibilita, é provável que apareça

gente disposta a contribuir com um projeto coletivo. Para isso, basta disponibilizar o

material em um sítio da rede e fazer a divulgação junto a militantes do movimento

negro e a professores e estudantes de História, tanto do Paraná quanto de outros

estados. Depois disto, o trabalho será o de administrar as contribuições ao atlas. É

essa a Proposta Preliminar de Atlas da História da África.

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5 555

Proposta Preliminar de Atlas

Proposta Preliminar de Atlas

Proposta Preliminar de Atlas

Proposta Preliminar de Atlas

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6 666

EEggii ttoo ((33115500 aa.. CC.. –– 3300 aa.. CC.. ))

De todas as civilizações africanas, a dos egípcios é a mais conh

ecida.

O fato de seus governantes, os faraós, terem

sido respon

sáveis pela

edificação de grand

es obras arquitetônicas, as pirâmides, é a

principal referência na mentalidade das pessoas sobre o Egito

Antigo. Tam

bém é amplam

ente aceita a ideia de que o Egito

faraôn

ico contribuiu muito para a form

ação da civilização ocidental,

embora pou

cos reconheçam que esta era um

a civilização africana.

Porém, ainda é incomum

, inclusive para historiadores, reconh

ecer a

civilização dos egípcios com

o africana e constituída por pessoas

negras.

O restabelecimento do Egito com

o civilização negro-africana foi

motivo de intenso debate historiográfico na década de 1970, no

qual se destacaram

os argu

mentos de Cheick Anta Diop e Theoph

ile

Obeng

a. Utilizando procedimentos metodológ

icos rigorosam

ente

de acordo com os parâmetros históricos de referência, eles

defend

iam a tese de qu

e o Antigo Egito foi uma civilização form

ada

a partir dos influxos de civilizações do interior d

o continente e com

o tal só poderia ser uma sociedade negro-africana.

História da África

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7 777

KKuuss hh [[NNúúbbii aa]] (( 11007700 aa.. CC.. –– 335500 aa.. CC.. ))

Desde a época em que o Egito foi unificado

, os faraós queriam

explorar os recursos do território ao sul do Império. A Baixa Núb

ia

(da primeira à segun

da catarata do

Nilo), resistiu às expedições

egípcias por cerca de dois séculos até ser con

quistada e con

vertida

em fornecedora de matérias-primas e de ou

ro. Em uma das

campanh

as militares contra Kush, por volta de 1950 a.C., foram

construídas fortificações com

o objetivo de assegurar o dom

ínio que

se manteve por cerca de um

século, quand

o os núb

ios se libertaram

e transformaram

Kerma (ao sul da terceira catarata) em capital de

seu reino.

Arquitetada sob o com

ando do faraó Thutmose III, N

apata surgiu

aproximadam

ente em 1450 a.C. na margem ocidental do Rio Nilo e

tornou-se a capital. Séculos depois seus reis con

quistaram o Egito e

form

aram

a 25ª dinastia (770 a.C. – 657 a.C.). Meroe, na margem

leste do rio Nilo, foi a capital do reino entre o século VII a.C. e o

século IV da no

ssa era. Durante essa fase, os nú

bios inventaram

um

a escrita própria, chamada pelos estudiosos de “escrita

meroítica”. Esse reino teve fim em 350 d.C., quando foi invadido e

tomado pelos axum

itas.

História da África

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8 888

CCaarr ttaaggoo ((ss éécc uull oo IIXX aa.. CC –– sséécc uull oo IIII aa.. CC.. ))

Essa cidade-Estado foi originariamente uma colônia fenícia, fund

ada

no século IX a.C.. Ela se tornou uma potência com

ercial e

dissem

inou várias colônias em diferentes regiões da costa do mar

Mediterrâneo. Por con

ta disso, dispu

tou com Rom

a o controle do

comércio. Dessa dispu

ta originaram

-se as três Guerras Pún

icas

(derivado de poeni, nom

e dado pelos ro

manos aos fenícios) entre

264 e146 a.C., após as quais Cartago

foi destruída. A cidade foi

arrasada até os seus alicerces e no

chão foi espalhado

sal para qu

e nada nele crescesse. A derrota da principal rival e a anexação de

seus dom

ínios sign

ificou um

salto decisivo na efetivação da

hegemon

ia ro

mana no Mediterrâneo, o qual foi chamado de mare

nostrum (nosso mar).

História da África

História da África

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9 999

AAxxuumm ((ss éécc uull oo VV aa.. CC.. –– sséécc uull oo XXII IIII dd.. CC.. ))

O Reino

de Axum foi formado em

uma região muito fértil por o

nde

passavam

algum

as das mais importantes rotas comerciais do

mun

do, ligando a África à Arábia e à Índia. Por con

trolar essas ro

tas,

a sua capital, Aksum

, e os portos de Adu

lis e Matar no Mar

Vermelho

, acumularam

muita riqueza e influência e atraíam

imigrantes de diferentes origens. Núb

ios, egípcios, cristãos, jud

eus, e

até bu

distas con

viviam

em suas cidades. Esse estado cun

hava a sua

própria moeda e tornou-se um

império com

ercial marítimo muito

forte, cuja conseqüência foi a expansão de suas fron

teiras já no

século II. Con

quistou o no

rte da Etiópia, adq

uiriu o direito de

receber tributos de estados da Península Arábica e por volta do ano

350 conq

uistou o reino meroítico de Kush.

Os axum

itas criaram o seu próprio alfabeto no século III, cham

ado

ge'ez. Em 325, o rei Ezana con

verteu-se ao cristianism

o e Axum,

aind

a antes de Rom

a, se tornou o prim

eiro Estado cristão do

mun

do.

A sua decadência decorreu da expansão do Islã que lhe barrou o

acesso ao mar, m

as a sua influência perdurou por muito tempo na

região.

História da África

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10101010

BBeerr bbeerr eess

Durante um certo período, os povos nô

mades que viviam no no

rte

do Saara foram dom

inados pelos ro

manos. Esses foram respon

sáveis

pela introdução dos cam

elos nessa região. Esse elem

ento facilitou

o

comércio de long

a distância, permitind

o qu

e caravanas pudessem

atravessar o deserto, levando além de mercadorias, influência

cultural. Esses povos qu

e sempre se rebelaram diante das tentativas

de dom

inação estrangeiras (rom

ana, bizantina, árabe), tinham

relações com

erciais com os povos do Sud

ão ocidental. Eram

as

caravanas do

s berberes que ligavam o Sahel ao Mediterrâneo,

levand

o o ouro de Gana até a Europa em troca de sal, arm

as

ornamentais e outras mercadorias.

Quand

o a dissem

inação do islamismo alcançou os berberes

(núm

idas, getulos e mouros) do Magrebe, com

o resultado

da

atividade proselitista de mission

ários e comerciantes árabes e

principalmente das sucessivas investidas militares na época de Ali, o

quarto califa, ou sucessor de Maomé, os berberes opuseram feroz

resistência retardando a con

quista, num

prim

eiro mom

ento.

Posteriorm

ente opuseram-se ao poder central árabe, adotand

o doutrinas religiosas cism

áticas, até que a dinastia dos Almorávidas

uniu a África do

Norte sob sua autoridade.

História da África

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11111111

EExxppaannss ããoo ddoo IIss llãã

A con

versão dos povos do no

rte da África ao islamismo teve início

com as conq

uistas dos prim

eiros califas, sucessores de Maomé, ainda

na prim

eira metade do

século VII. O Egito, a Líbia e a Tripolitânia,

foram incorporados ao Império Árabe. Até o no início do século VIII,

a dinastia Omíada já havia con

quistado também o Magrebe e

convertido grand

es con

tingentes de berberes. Estes, ao chegarem

à

África Ocidental cun

haram

a expressão Bilad-es-Sud

an (Sud

ão), isto

é, país do

s negros.

A crescente con

versão ao Islã, e seu discurso de afirmação de um

a verdade ún

ica, alterou o equilíbrio do diálog

o cultural que havia

entre os povos africanos. O

s novos crentes assum

iam a ideologia da

superioridade cultural e ro

mpiam

antigas relações. Além disso, para

muitas etnias africanas a islamização era a form

a de escapar à

escravização im

posta aos infiéis que acabavam sendo levados

através do deserto para a Arábia.

Mas, nas costas do Mar Vermelho e do Oceano Índico e nos vários

outros pon

tos on

de o Islã se instalou, o seu triunfo decorreu muito

mais da atividade do

s comerciantes do que das con

quistas do

s gu

erreiros através da jihad, ou gu

erra santa. Em geral, nesses

primeiros tempos, as conversões que obteve assumiram uma feição

muito caracteristicam

ente africana ou se restringiam

a algun

s mem

bros das elites, que adotavam a nova fé com

o símbolo

superficial de status, já que inicialmente esta não am

eaçava às

religiões tradicionais com

as quais coexistia.

História da África

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12121212

II mmppéérr iioo ddooss AAll mmoorr áávvii ddaass (( 11005555 -- 11115577))

O islamismo já era a religião do

s povos do

norte da África desde o

século VII. No início do século VIII, sob a autoridade da dinastia

Omíada, um exército de árabes e berberes cruzou o estreito de

Gibraltar e derrotou as forças cristãs do

s visigo

dos estabelecend

o seu domínio também na Península Ibérica (Al-And

alus).

A dinastia seguinte não foi capaz de exercer autoridade política nem

religiosa sobre o con

junto de seus súditos e a un

idade do Im

pério se

fragmentou. Além do Em

irado

, e depois Califado de Córdoba, do

qual o Magrebe era parte, formaram

-se estados rivais com sedes em

Toledo

, Sevilha, Badajós e Granada.

A reabilitação da ortod

oxia islâmica na região era o objetivo inicial

dos berberes que con

trolavam

o Saara ocidental. A sua

cong

regação, era con

hecida com

o os almorávidas. D

epois do

Magrebe, con

segu

iram se apoderar de Sijilmasa e Aud

agost, do

is

dos mais importantes centros de com

ércio do

ouro proveniente do

Sudão. Anexaram toda a Espanha, e form

aram

um Im

pério cuja

extensão ia do rio Senegal até o rio Ebro. Porém

, em 1140 outros

berberes descontentes declararam

guerra aos almorávidas. Eram os

Almóadas, outra vertente fanática do

islamismo, que derrotou os

Almorávidas e decretou o fim

do seu Império.

História da África

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13131313

GGaannaa ((775500 –– 11007766))

Gana já existia por volta do século IV, quando povos sedentários

instituiram, a partir da tributação a um exército son

inqu

e, um Estado

centralizado com origem

na cidade de Kumbi Saleh. O

utros povos

manding

as

os maninque e os sossoe na cond

ição de vassalos

dos soninques, tam

bém participaram

da form

ação do Império de

Gana. Desde sua origem

, esse estado sud

anês negocia com

os

comerciantes berberes o transporte do ouro para além

do Saara

abastecend

o o Mediterrâneo e a Europa em

troca do sal e de

mercadorias de luxo, com

o seda e arm

as ornam

entais.

Gana teve seu apogeu entre os séculos VIII e XI e a sua decadência

se deveu em grand

e parte à rivalidade com o islâmico Império dos

Almorávidas, a partir de 1050. O

Império de Gana, que acabou por

sucumbir em, aproximadam

ente, 1076 — quand

o ocorre a queda de

Kumbi Saleh — sobreviveu aind

a até o século XIII apenas como

tributário a reinos vizinho

s e com sua extensão redu

zida. O

seu

território acabou dividido em pequenos reinos, cujos governantes

acabaram

por se converter ao islamismo, interessados na sua

integração ao comércio, com

andado pelos muçulmanos.

História da África

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14141414

RRoott aass ddee ccoomméérr ccii oo

O com

ércio foi atividade presente na existência de grande parte das

sociedades africanas. Foi determinante para a existência das

cidades-Estado

s suaílis da costa oriental com

o Sofala, Q

uiloa e

Mog

adíscio. Tam

bém teve grand

e importância nas cidades-Estados

iorubás de Benin, O

yo e Ife. O Reino

do Con

go, o Im

pério

Mon

omotapa e o Grand

e Zimbábu

e e praticam

ente todas as

estruturas estatais anteriores à penetração dos europeus no

interior

do con

tinente mantinham intensas relações com

erciais inter-

region

ais. Além das mercado

rias, as relações mercantis também

possibilitavam o intercâm

bio cultural.

O desenvolvimento do comércio foi a causa do surgimento de

importantes mercado

s em

todo o con

tinente. M

uitas cidades ao

long

o dos rios tiveram

sua origem

em feiras. Beneficiadas pela sua

posição privilegiada em

meio às ro

tas, elas controlavam parte

sign

ificativa do com

ércio que se processava entre os reinos da

região da floresta e os da savana. Era grand

e a quantidade e a

variedade de gêneros à vend

a: gado, marfim

, jóias, pimenta,

algo

dão, miçangas, perfumes, drogas medicinais, cerâm

ica, noz de

cola, sal, tecidos, frutas, sem

entes, ferram

entas e outros artigos de

ferro ou cobre.

Havia ro

tas por toda a região sub

saariana e mesmo através do

Saara, percorridas por grand

es caravanas que ligavam os

entrepostos do Sahel aos estabelecimentos do Mediterrâneo. Estas

atravessavam

o deserto levand

o produtos africanos para os árabes e

europeus, e vice-versa. As cidades-Estados da costa oriental

realizavam

negócios com árabes, chineses e indianos, através do

Mar Vermelho

e do Oceano Índico.

História da África

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15151515

NNaavveeggaaçç õõeess ppoorr ttuugguueess aass

Os portug

ueses foram os primeiros europeus a se aventurar p

elo

Oceano Atlântico, tocand

o em

algun

s pontos a costa ocidental do

continente africano. Depois da con

quista de Ceuta em 1415,

portug

ueses alcançaram

o Cabo Bo

jado

r em 1434 com Gil Eanes.

Muitas viagens se sucederam

até que em 1488 Bartolom

eu Dias

ultrapassou o que ele deno

minou Cabo das Torm

entas (cujo no

me

foi posteriorm

ente alterado para Cabo da Boa Esperança), abrindo

caminho

para Vasco da Gam

a e depois para Pedro Álvares Cabral.

Estabeleceram feitorias em

vários lugares, con

form

e realizavam

o

périplo africano. E, o fizeram movidos pelo interesse de obter

grandes lucros no comércio de produ

tos qu

e a África já fornecia à

Europa através dos berberes e suas ro

tas transaarianas. Buscavam as

fontes do ouro.

Descreveram

a região banhada pelos rios Casam

ance e Gâm

bia

como área abu

ndante em produ

tos agrícolas, com

belos cam

pos de

algo

dão e vastos arrozais e belas florestas. D

epois iriam

con

hecer

também algun

s do

s mercados dessa região e ficaram

impression

ados com

a organização político-adm

inistrativa, a

prosperidade e a riqueza dos reinos banhados por esses rios.

Quanto mais se avançam

para o sul, mais o sentimento de

superioridade advind

o da fé cristã vai cedendo lugar à ambição, no

dizer d

e Niane (1988, p. 33).

Na sua primeira viagem, Vasco da Gam

a e seus hom

ens ficaram

muito adm

irado

s com o alto nível de desenvolvimento das cidades-

Estado

s suaílis de Moçam

bique, Mom

baça e Melinde. N

essa última,

encontrou o piloto árabe que o con

duziu até Calicute, na Índia.

História da África

História da África

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16161616

OOcc uuppaa ççãã oo eeuurr ooppee iiaa aa nntt eess ddaa CCoonnff eerr êênncc iiaa ddee BBee rrll ii mm

Desde o início das grand

es navegações, os europeus já se

interessavam

pela África. A ocupação do con

tinente tem início

aind

a no

século XV

, com

a chegada dos portugu

eses aos

arquipélagos de Cabo Verde e São Tom

é e Príncipe. Log

o a segu

ir, a

ocupação alcança o litoral de Ang

ola e Moçam

bique. A instalação

de feitorias em

vários pontos da costa tem o objetivo de garantir o

comércio de escravos. A alta lucratividade auferida pelo tráfico

atraiu a con

corrência de outras nações europeias que também se

instalaram

na costa atlântica da África.

Posteriorm

ente, no século XIX, a Inglaterra ocupou partes da atual

África do Sul, do Egito, do Sudão e da Som

ália. Partes do Senegal e

da Tun

ísia foram ocupadas pela França e a Itália tomou a Eritréia.

Até 1880, o dom

ínio dos europeus na África estava restrito a

algu

mas áreas costeiras e o interior d

o continente permanecia ainda

descon

hecido para eles. Aproximadam

ente 80%

do território

africano se mantinha sob con

trole da população local. Os ún

icos

ocidentais a penetrar n

o interior d

o continente, antes da divisão em

colônias europeias, era um redu

zido núm

ero de aventureiros,

biólog

os, botânicos e mission

ários.

-17-

BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, Jairo de. Questão negra, História da África e currículos. Cadernos de

Apoio ao Ensino, Maringá: PEN/UEM, n.3, 1997, p.58-80, dez. 1997.

HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula: Visita à História

Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

LAMBERT, Jean-Marie. História da África Negra. Goiânia: Kelps, 2001.

KI-ZERBO, J. (Coord.). História Geral da África I: metodologia e pré-história da

África. São Paulo: Ática/UNESCO, 1982.

M’BOKOLO, Elikia. África Negra: História e Civilizações - Tomo 1 (até o século

XVIII). São Paulo, Salvador: Casa das Áfricas, Edufba, 2009.

MUNANGA, Kabengele. e GOMES , Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São

Paulo: Global, 2006. (Coleção para entender)

NIANE, Djibril Tamsir. Introdução. In: UNESCO. História geral da África: a África

do século XII ao século XVI. São Paulo: Ática, 1988. v. 4.

OLIVEIRA, Eduardo David. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma

filosofia afrodescendente. Fortaleza: LCR, 2003.

SILVA, Alberto da Costa e. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses. 3ª

ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

http://www.4shared.com/document/-Bt1X9iC/MAP_-_Africa.htm