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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: MEMÓRIA E IDENTIDADE

Autor: Ildo Borsoi1 Orientador: Marcos Luis Ehrhardt2

RESUMO

O Projeto Educação Patrimonial busca integrar comunidade e escola através da catalogação e análise de documentos, fotos, objetos, construções e depoimentos relacionados à história do lugar, facilitando aos alunos o ensino de História e valorizando os saberes acumulados. É uma oportunidade de aprendizado do processo cultural que pode despertar no aluno o interesse em resolver questões significativas para a sua vida pessoal e coletiva, levando-o a querer conhecer sempre mais sobre o patrimônio histórico e o ambiente no qual está inserido. Além do conhecimento teórico, o patrimônio cultural envolve práticas transformadoras da comunidade escolar.

PALAVRAS-CHAVE: patrimônio; memória; identidade.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente a educação formal se confronta, na formação intelectual dos

alunos, com muitos fatores exteriores à escola, como a criminalidade, a corrupção, a

violência e, principalmente, a mídia que, ao invés de auxiliar a educação de crianças

e adolescentes, acaba se tornando sua “rival” ao exibir programas como reality

shows, novelas, filmes, entre outros, que incentivam ainda mais a violência e o

consumismo. Os meios de comunicação de massa atrapalham, de certa forma, o

1 Professor PDE do Colégio Estadual Naira Fellini, formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras D. Bosco. Pós-graduado em história pela Universidade Salgado de Oliveira. 2 Doutor em história pela UFPR, professor adjuvante do Curso de História da UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon.

processo de construção da consciência crítica das comunidades em geral, ficando

assim aquém a construção de saberes oriunda dessas mesmas comunidades.

Tal situação é reforçada por ideologias capitalistas, uma vez que o

neoliberalismo priva o ser humano de suas responsabilidades levando-o a não ter

compromisso com a cultura local, os saberes, as tradições, a memória e a ecologia,

ou seja, com a preservação do patrimônio material, imaterial e natural. Motivado por

este descaso cultural, o projeto Educação Patrimonial objetiva contribuir no sentido

de frear esse processo de alienação, pois tem um papel relevante na comunidade

escolar que possui seu acervo patrimonial deixados pelas pessoas que a

antecederam como costumes, saberes, documentos, entre outros aspectos da

identidade local.

2 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

A escola contemporânea é uma das instituições que está em crise. Muito se

tem divulgado, pelos meios de comunicação, problemas educacionais relacionados

à evasão escolar, brigas, até mesmo assassinatos. Tais situações acabam se

tornando comum, pois a própria comunidade escolar se omite ou não encontra

caminhos adequados para resolvê-las. Todavia, constata-se que os problemas

apontados são de origens históricas, isto é, são reflexos do imperialismo que

agravou a discriminação racial, cultural, econômica e política, pois a sociedade

brasileira estruturou-se através de um processo histórico capitalista, portanto, a

solução desses problemas não estaria simplesmente no meio escolar, mas no seio

da sociedade. De acordo com Orso (2008), para mudar a educação é preciso mudar

a sociedade.

Falar de educação numa sociedade de classes, numa sociedade capitalista, significa dizer que ela está voltada à conservação do status quo e à legitimação das estruturas sociais vigentes. Se quisermos ter outro tipo de

educação não nos resta outra alternativa senão lutar pela transformação da sociedade.(ORSO, 2008 , p. 95).

Diante desse processo histórico capitalista, a escola é um dos meios

eficazes onde se pode vivenciar valores culturais como o conhecimento, a cidadania,

a ética, a amizade, o diálogo, a preservação do patrimônio, etc., de tal modo que ela

pode contribuir para a transformação da sociedade, sem que esta a transforme em

um local de violência, competição e destruição. Portanto, a transformação da

sociedade é possível no seio da escola, sem descartar os meios políticos, as igrejas,

a tecnologia, entre outros.

Sabe-se que os problemas educacionais atingem também o patrimônio

cultural de uma nação, ou seja, o esvaziamento da memória coletiva revelada

através das gerações e tradições. Descartam-se documentos representativos de um

dado momento do passado, os quais auxiliavam historiadores e cientistas sociais a

escrever a história a respeito do processo histórico. Aquilo que em outras gerações

foi suor, sangue e vida, é desprezado. Até mesmo as escolas, que são patrimônios

vivos, não são preservadas pela comunidade escolar. O mundo inteiro entrou na

“dança” da mundialização, da democratização, da massificação e da mídia, ou seja,

os meios tecnológicos estão presentes em quase todos os lugares incentivando o

consumo para que alguns obtenham lucro e muitos sofram como consumidores. Há

uma falsa ilusão de que todos os seres humanos devem ser solidários, mas, na

realidade, existe um grande abismo entre ricos e pobres e um país que possui a

hegemonia sobre os demais. Nora (1993) questiona tal estruturação social nos

seguintes dizeres:

Fim das sociedades memória, com todas aquelas que asseguravam a transmissão dos valores, igreja ou escola, família e estado. O fim das ideologias memórias, como todas aquelas que asseguravam a passagem regular do passado para o futuro. Ajuda mais é o modo da percepção histórica que, com a ajuda da mídia, dilatou-se prodigiosamente,

substituindo-se uma memória voltada para a herança de sua própria intimidade pela película efêmera da atualidade. (NORA, 1993, p. 8).

Neste sentido, deve-se procurar maneiras mais atraentes de conquistar e de

educar efetivamente os discentes. Para tanto, torna-se necessária a busca de novos

critérios e metodologias, uma vez que os avanços tecnológicos vão se tornando

mais atrativos, interessantes. Talvez, ao desenvolver projetos como este ora

proposto e através de conhecimentos especializados, o processo

ensino/aprendizagem poderá ser mais acessível aos alunos.

Os conhecimentos históricos são fundamentais para que haja mudanças na

sociedade contemporânea, isto é, conhecer o passado, erros e acertos para que se

possa construir uma sociedade condizente com os verdadeiros valores humanitários,

tais como: a consciência patrimonial (preservar o meio ambiente e a identidade

cultural), a igualdade social (distribuição de renda, educação para todos e

participação política), e o sentido da vida (valorizar-se, valorizar o outro e buscar a

verdade).

A Educação Patrimonial é um meio de alfabetização cultural que estimula

crianças e adultos a valorizar e preservar o patrimônio cultural e natural. Neste

sentido, Horta (1999) traz a sua contribuição com a seguinte definição:

É um processo permanente e sistemático de educação dos indivíduos e da coletividade. Busca levar crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, capacitando-os para um melhor uso da herança cultural, e proporcionando novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. É um instrumento de alfabetização cultural que possibilita ao indivíduo fazer leitura do mundo que o rodeia, levando-o a compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-cultural em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira compreendida como múltipla e plural. (HORTA, 1999, p. 6).

Segundo informações divulgadas pela UNESCO, é amplamente

reconhecida a importância de promover e proteger a memória e as manifestações

culturais representadas, em todo o mundo, por monumentos, sítios históricos e

paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um

povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas,

nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações, transmitidos oral ou

gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa

porção intangível da herança cultural dos povos, dá-se o nome de patrimônio cultural

imaterial.

São importantes, para o entendimento de educação patrimonial, alguns

conceitos como o de identidade, memória e patrimônio.

O conceito de identidade abrange a cultura e a pessoa em sua totalidade

física, psíquica e intelectual, que são características diferentes ou semelhantes em

relação aos indivíduos, ou seja, a identidade é a prática da cultura, como uma “raiz”

que nos faz fortes, nos valoriza e nos eleva como seres humanos verdadeiros.

O conhecimento de outras culturas não pode substituir nossa própria

identidade para que não se torne alienação. Primeiro, devemos saber nossa própria

língua, comer nossas comidas, respeitar nossos costumes, nossas tradições; saber

de nossas danças, dos nossos cantos, depois, por cultura, conhecer os diversos

idiomas, os outros costumes, tradições e outras histórias.

Não podemos orgulhar-nos de culturas, saberes, idiomas alheios e fazê-los

nossos, pois são outras culturas. Imitação não é cultura; podemos mudar o

ambiente, o sistema, a educação, etc., porém partindo de nós. Como mudar ou

transformar, já que sabemos tão pouco de onde viemos e apenas um pouco do que

somos? Neste sentido, são importantes os conhecimentos e saberes adquiridos

junto à comunidade. A perda da identidade significa o fim de uma cultura produzida.

A partir do conceito de identidade, concebe-se o conceito de memória, pois

um povo que mantém sua identidade cultural é um povo com memória. São assim

ingredientes fundamentais de interação social, presentes em quase todos os seus

domínios. Conforme Bezerra (2009, p. 94), “a identidade e memória garantem a

produção e reprodução da vida social, psíquica e biológica. Dão suporte a um eixo

de atribuições de sentido sem o qual a vida se fragmentaria num permanente salto

no escuro”.

Nesse processo de formação da identidade é importante a participação da

família, da escola e da comunidade na educação das crianças para que elas

encontrem ou percebam o sentido de viver, e, ao estudar sua própria cultura,

tornam-se mais críticas diante das influências externas que nos descaracterizam

como seres culturais.

Portanto, fazem-se necessários “lugares de memória” como os museus, os

arquivos, os monumentos, um hino, uma bandeira, um livro, qualquer artefato que

represente uma época e valores, para as pessoas possam conhecer a história de

seu povo. Nora (1993) refere-se aos ”lugares de memória” para recordar e preservar

o que foi em um determinado momento cultural histórico e a partir disso construir o

novo. Segundo o referido autor:

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos, e nesse sentido ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente, ela se alimenta de lembranças vagas, sensível a todas as transformações. A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto na imagem, no objeto. (NORA, 1993, p. 09).

Assim, o museu é memória e parte integrante da Educação Patrimonial,

lugar do passado, mas que propõe, no presente, perspectivas futuras de que a

existência é um constante caminhar em busca da felicidade, se no passado foi

tristeza; de justiça, se foi opressão, ou uma continuidade daquilo que no passado foi

exemplar.

Os conceitos de memória e identidade aproximam-se do conceito de

patrimônio e complementam-se. Conforme Lemos (1982), “o Patrimônio abrange três

categorias de elementos significativos da memória social de um povo ou de uma

nação”.

A primeira categoria engloba os elementos da natureza e do meio ambiente.

Este legado, patrimônio da humanidade, sofre transformação de ordem natural ou

ainda pela ação irresponsável humana que ao tratá-lo como objeto, o utiliza e o

descarta, sem se importar. Tal situação remonta o caso do cacique Seattle ao

manifestar a sua preocupação, em uma carta enviada ao presidente norte

americano, quando este demonstra interesse em comprar as terras indígenas:

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. Trata a sua mãe, a terra, e seu irmão o céu, como coisas que possam ser comprados, saqueados, vendidos como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. (SEATTLE, 1853).

Esta ligação indígena a terra é uma lição para a “cultura” atual e faz

repensar atitudes humanas em relação ao planeta e a todos os seres vivos, pois

tratar a terra como mãe ou irmã é algo de natural no pensamento indígena. O ser

humano é simplesmente mais uma das criaturas, depende das demais, pois “há uma

ligação em tudo”. Seattle alerta sobre o comportamento do homem com o meio

ambiente.

Neste sentido, diante das consequências devastadoras do aquecimento

global, entre outros casos, é necessário educar e mobilizar para a sustentabilidade,

ou seja, “a ética do cuidar” como lembrou Leonardo Boff em seu DVD “As Quatro

Ecologias”. Se a humanidade não apreender a preservar o meio ambiente de forma

“sustentável”, talvez não tenha futuro.

Um exemplo de patrimônio natural é o Parque Nacional do Iguaçu, onde se

localizam as Cataratas do Iguaçu, e, por isso, atrai turistas do mundo inteiro. Está

localizado no extremo-oeste do estado do Paraná. Sua área total é de 185.262,2

hectares e, em 1986, recebeu o título, concedido pela UNESCO, de Patrimônio

Mundial.

A Educação Patrimonial poderá contribuir para a preservação do Patrimônio

Natural, aproximando o aluno da natureza, levando-o a uma prática consciente e

responsável, a exemplo do cacique Seattle.

A segunda categoria representa a produção intelectual, o acúmulo do

conhecimento, do saber pelo homem no decorrer da história, ou seja, o patrimônio

imaterial. Pelegrini (2008, p. 27) define a imaterialidade como “a impossibilidade de

tocar, o inatingível”.

O patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega a sua própria

história. A filosofia, os valores e formas de pensar refletidos nas línguas, tradições

orais e diversas manifestações culturais constituem o fundamento da vida

comunitária. Em um mundo de crescentes interações globais, a revitalização de

culturas tradicionais e populares assegura a sobrevivência da diversidade de cultura

dentro de cada comunidade, contribuindo para o alcance de um mundo plural.

A produção imaterial quase sempre não é reconhecida pelas elites e pela

história oficial que valoriza a história dos heróis colonizadores, por exemplo, ou da

cultura capitalista em seu sentido pragmático, isto é, aquilo que é útil e produz lucro.

Porém, através do olhar da imaterialidade, é possível constatar registros da

prática de saberes oriundos de camadas menos valorizadas da sociedade brasileira,

como o que está registrado no livro dos saberes: o frevo, o queijo do Serro, ofício

das paneleiras de Goiabeiras (ES), arte Kusiwa, pintura corporal da população

indígena Wajãpi (AP), entre inúmeros outros que fazem parte do patrimônio

imaterial.

A terceira categoria é caracterizada pelo patrimônio cultural material,

resultante da ação humana junto ao meio ambiente, bem como de sua vivência

histórica. Pode-se dizer que o ser humano tem a capacidade de transformar o meio

em que vive, como já o fez. Exemplos disso são as pirâmides do Egito; igrejas

medievais; as ruínas incas ao redor de Cuzco e Machu Picchu; a capital do império

inca, Cuzco com seus templos, prédios e igrejas deixadas pelos colonizadores; uma

cidade histórica como Ouro Preto (Minas Gerais); Roma, com seus túmulos

etruscos, templos imperiais, palácios renascentistas e basílicas barrocas; objetos

como uma machadinha ou ponta de flecha utilizada pelos guaranis no Oeste do

Paraná e outros artefatos ou monumentos que passaram a fazer parte do patrimônio

cultural material.

3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

A implementação do Projeto Educação Patrimonial: memória e identidade,

no Colégio Estadual Naira Fellini, buscou obedecer aos seguintes passos:

3.1 PLANO DE AULA 01: Memória coletiva

3.1.1 Objetivo:

Vivenciar a memória acumulada pela comunidade – que são as lembranças

passadas de pais para filhos, objetos que representam muito para uma determinada

família ou comunidade e saberes –, muitas vezes, não registrada, pode fazer parte

do acervo no colégio local.

3.1.2 Estratégias de ação:

- Organização de grupos;

- Entrevista com pessoas experientes da comunidade;

- Coleta de objetos, saberes na comunidade;

- Relatos e experiências coletivas de pessoas da comunidade.

3.1.3 Conceito de memória coletiva:

São as lembranças, os saberes e os objetos representativos de uma

determinada comunidade, que podem ser relembrados e catalogados pelo

historiador com a colaboração de sábios que prezam e zelam por tal comunidade.

Dança indígena Dança gaúcha Torre Gêmeas Guerra de Canudos

3.1.4 Atividades:

- Entrevista com primeiros moradores do bairro pelos alunos através do seguinte roteiro:

1. Nome do entrevistado;

2. Há quantos anos mora no bairro;

3. Onde morava antes;

4. Relato sobre a origem e formação do bairro;

5. Objeto, documento ou fotografia que representa o bairro ou o lugar onde morava antes;

6. Que lembranças boas, referentes ao bairro, permanecem na memória;

7. Quais as lembranças semelhantes àquelas, que se tem hoje, sobre o passado do bairro.

3.1.5 Avaliação:

- Apresentação à classe da entrevista, a qual foi apresentada em cartazes, fotos, gravações ou filmagens dos entrevistados.

- Fotos da comunidade ou da família (CÓPIA OU ORIGINAL DOADO) guardadas em um baú com a devida identificação.

- Maquete representando a escola.

- Pesquisa bibliográfica e entrevista sobre a história do Colégio Naira Fellini seguindo o roteiro:

1. Biografia da professora Naira Fellini;

2. Ano de fundação da Escola Naira Fellini;

3. Primeiro diretor da escola e mais cinco professores dessa época;

4. Nomes de professores envolvidos para que a implantação da antiga e nova escola fosse possível;

5. Nomes de cinco alunos de cada série que estudaram no primeiro ano da escola antiga;

6. Entrevista com um desses alunos para saber de suas experiências como um dos primeiros estudantes da antiga escola (professor que mais lembra, o que foi bom, o que não gostou, etc.).

3.2 PLANO DE AULA 02: O que é patrimônio?

3.2.1 Objetivo:

Conhecer o que é patrimônio e mobilizar os alunos para uma atitude de

sustentabilidade e zelo pelo patrimônio.

3.2.2 Estratégias de ação:

- Coleta de objetos, saberes, documentos e fotos oriundos da comunidade escolar;

- organização de um mini museu;

- Visita a um patrimônio natural e material;

- Apresentação de vídeos mostrando exemplos de patrimônio: As ruínas dos Sete Povos das Missões e Machu Picchu, Parque Nacional do Iguaçu, dança do frevo, entre outros;

- Apresentações artísticas: cantos, danças, etc.;

- Maquetes, desenhos, documentários, outros.

3.2.3 Conceito de patrimônio

Conjunto dos bens identificados pelo homem a partir de suas relações com o

meio ambiente e com os outros homens e a própria interpretação que ele faz dessas

relações. Portanto, o patrimônio abrange três categorias de elementos significativos

de memória social de um povo ou de uma nação: a primeira categoria refere-se a

tudo que faz parte do meio ambiente ou a natureza que deve ser preservada de

modo sustentável, ou seja, utilizar-se do meio ambiente sem destruí-lo, pela ética do

cuidar. A segunda categoria representa a produção intelectual, o acúmulo de

conhecimento, do saber produzido pelo homem no decorrer da história que é o

patrimônio imaterial. São exemplos: as danças, os cantos, os símbolo, entre tantos

outros saberes que passaram a fazer parte do patrimônio imaterial. A terceira

categoria é caracterizada pelo patrimônio cultural material, resultante da ação

humana junto ao meio ambiente, bem como de sua vivência histórica. Exemplo disso

são as ruínas incas ou das missões jesuíticas, monumentos e cidades históricas,

dentre muitos outros.

3.2.4 Atividades:

Observação de figuras:

a) Identificação do que pertence ao Patrimônio material, Imaterial e ao Patrimônio natural.

b) Pintura da legenda de acordo com cada patrimônio identificado:

Verde: Patrimônio natural

Vermelho: Patrimônio material

Azul: Patrimônio imaterial

Legenda:

Patrimônio Natural

Patrimônio Material

Patrimônio Imaterial

3.2.5 Atividade em grupo sobre patrimônio:

a) Pesquisa e identificação, em jornais e/ou revistas, de figuras que representam o Patrimônio Natural, Material e Imaterial.

b) Apresentação das figuras pesquisadas e, posteriormente, coladas em cartolinas com a identificação do tipo de patrimônio.

Exemplo:

Natural Material Imaterial

3.3 PLANO DE AULA 03: “O lugar da memória”

3.3.1 Objetivo:

Conhecer “Os lugares de memória” (museus, arquivos, monumentos ou

cidades históricas) onde estão registrados os saberes e os objetos históricos

relevantes, vividos e utilizados pela coletividade.

3.3.2 Estratégias de ação:

- Pesquisa dos alunos em museus;

- Filmagens e fotografias, quando permitido;

- Ilustrações e recortes em jornais e revistas;

- Organização de estudo em grupo da pesquisa realizada.

3.3.3 Conceito de “Lugares de memória”

Como a própria denominação sugere, “lugar de memória ” é o local onde se

faz presente o passado histórico através de objetos, monumentos, cidades, lutas

sociais e saberes que permanecem vivos em nossa memória porque foram

importantes em um determinado período da história de uma comunidade ou país e

devem ser lembrados, pois podem contribuir para as transformações atuais.

Observar sempre que a memória é coletiva evitando assim os heróis da história

oficial.

Peças de museu Fotografia Peça antiga: barril de água

Sete povos das missões Líder das missões Pirâmides do Egito

3.3.4 Atividade de fixação:

- Organização de grupos e apresentação da pesquisa aos demais colegas do que mais chamou atenção no “Lugar da memória”, através de ilustração em cartolina, fotos e depoimento do grupo.

- Registro, no quadro, sobre mudanças e permanências vivenciadas no lugar da memória. Exemplo:

PASSADO PERMANECE MUDOU

O CABO DE MADEIRA

4 CONCLUSÃO

O projeto Educação Patrimonial: memória e identidade atingiu seu objetivo

principal no que tange ao conhecimento e ao conceito de Patrimônio. Os alunos

envolvidos participaram ativamente das atividades no decorrer do desenvolvimento

do projeto, sendo que tomaram ciência da necessidade de estudar e manter viva a

memória e identidade cultural que são partes integrantes das realizações humanas

de um tempo e lugar historicamente acumuladas.

A pesquisa dos objetos realizada pelos alunos envolvidos trouxe presente as

experiências vivenciadas pelas pessoas que os antecederam e proporcionou

mudanças significativas no modo de viver e construir a cultura e identidade. O dia de

lazer oportunizado aos alunos pelo colégio junto aos ambientes ecológicos do

município de Medianeira reafirmou a teoria da “ética do cuidar”.

Embora tenha um tempo determinado de implementação, o projeto é um

processo que precisa de continuidade para que todas as atividades propostas sejam

realizadas, pois, no colégio, deu-se início a implantação de um mini museu cultural.

Percebeu-se, através desta oportunidade, a mobilização dos alunos no combate às

ideologias capitalistas neoliberais; isto é, a valorização da cultura e identidade local

acima de qualquer imposição. É nesta perspectiva que o patrimônio material e o

imaterial permanecem na consciência de seu grande idealizador, o ser humano, com

exceção do patrimônio natural que tem como arquiteto o poder da natureza.

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