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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

1

A TOTALIDADE CORPORAL: UMA REFLEXÃO PARA SUPERAR A ESPORTIVIZAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, POR MEIO DA

CULTURA CORPORAL

Marlene Vitória Biscaro1

Mara Peixoto Pessôa2

Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP

_________________________________________________________________

RESUMO

O presente trabalho prioriza a cultura corporal como conteúdo a ser seguido pela Educação Física Escolar, procura demonstrar o processo histórico que a Educação Física perpassou, com a finalidade de constatar que ainda carrega resquícios da sua história. Aulas baseadas em conteúdos do esporte, vazias de significados, sem produção teórica, a prática pela prática, sem discutir e refletir a cultura corporal emanada no cotidiano do aluno. A metodologia desenvolvida nesta pesquisa pauta-se pelo método histórico, comparativo e estatístico. A pesquisa é qualitativa e participativa por tratar-se de uma pesquisa de investigação social, na qual buscou a participação da comunidade escolar para análise da realidade de como se encontra o conhecimento do aluno em relação aos conteúdos da cultura corporal, a fim de melhorar a qualidade do ensino da Educação Física como um processo de apropriação dos elementos culturais de transformação dessa realidade. Com o intuito de refletir a prática pedagógica da Educação Física, realizamos um grupo de estudos para Professores da Rede Pública Estadual e Acadêmicos de Educação Física, objetivando a compreensão e análise de elementos reflexivos da prática pedagógica.

Palavras-chave: Cultura Corporal, Educação Física, Prática Pedagógica.

1 Professora de Educação Física da rede pública estadual do Paraná, participante do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) –2009/2010. 2 Orientadora, Professora Doutora do Centro de Letras, Comunicação e Artes da Universidade

Estadual do Norte do Paraná (UENP).

2

ABSTRACT

This work gives priority to body culture as a content to be taught by school Physical Education. It attempts to demonstrate the historical process that Physical Education has passed by in order to evidence that it still carries vestiges of its history. Classes based upon contents from sports, meaningless classes without theoretical production as well as just practice by itself without discussing and reflecting the body culture emanated in students routine are examples of meaningless classes. The methodology developed in this present work is guided by historical, comparative and statistical method. The research is qualitative and participative since it deals with social investigation with school participation in analyzes of what the students understand concerning contents of body culture. It will improve the quality of Physical Education classes as a process of appropriation of cultural elements for the transformation of this reality. Aiming at reflecting upon the pedagogical practice of Physical Education we promoted Group Study for State Public School teachers as well as undergraduate Physical Education students so as to understand the analyses of reflexive elements in the pedagogical practice.

Key words: Body culture, Physical Education, Pedagogical Practice

_________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado dos estudos desenvolvidos desde o segundo semestre

de 2009 até segundo semestre de 2011, através do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, sustentado pelo Governo do Estado do Paraná. Tem como

objetivo subsidiar a prática pedagógica do Professor e, em conseqüência, a melhoria

do ensino desenvolvido na escola, por meio de propostas de intervenção com a

finalidade de que todo o conhecimento adquirido neste estudo chegue até o aluno.

Diante disso, tomamos como base o caminho percorrido pela Educação

Física que nem sempre foi desenvolvido como uma via de acesso ao conhecimento

produzido histórica e socialmente. A identificação dos elementos culturais e

conteúdos clássicos3 que deveriam ser assimilados foi se perdendo com a própria

história da Educação Física,

As aulas de Educação Física, na maioria das vezes, tornam-se um caminho

vazio, aulas sem significados, pobres de conteúdos; por outro lado, as aulas se

resumem apenas à prática esportiva, ou seja, a prática pela prática, principalmente

com relação aos esportes coletivos como futsal e voleibol. O ensino desses

conteúdos varia de escola para escola, é determinado na maioria das vezes por

3 - Conteúdo clássico “aquilo que se firmou como fundamental, como essencial” Saviani (1991, p.21)

3

aquilo com que o Professor mais se identifica, limitando a produção do

conhecimento corporal e cultural do aluno. Essa tendência de desenvolvimento de

modalidades desportivas no âmbito da Educação Física Escolar é utilizada como

única forma de transmissão do conhecimento do ensino que reforça a

competitividade, na qual considera que todo o corpo responde sempre da mesma

forma.

Para constatar que as aulas de Educação são pautadas no esporte, negando

o conhecimento dos conteúdos clássicos, realizamos uma pesquisa com alunos de

5ª e 8ª séries do Colégio Estadual Vandyr de Almeida – EFM de Cornélio Procópio,

com a seguinte problematização: por que a ação pedagógica da Educação Física

ainda refere-se à dimensão instrumental que evidencia a “prática” com enfoque no

esporte e na competição? Quais estratégias podem ser utilizadas para mudar essa

cultura?

Vislumbrando responder os questionamentos lançados, realizamos um grupo

de estudos com Professores da Rede Pública e Acadêmicos de Educação Física. O

estudo procurou, primeiramente, fazer uma breve discussão sobre a Educação

Física na Escola, seus aspectos preconceituosos, que ainda predominam e separam

os melhores durante as aulas. Também foi discutido como re-significar a prática

docente por meio dos conteúdos da cultura corporal4 , que correspondem ao objeto

de estudo da Educação Física, expresso nas Diretrizes Curriculares do Estado do

Paraná.

1 CARACTERIZANDO O CAMINHO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Em decorrência da situação em que a Educação Física se encontra hoje, em

algumas escolas, como uma disciplina voltada para o esporte, cuja aula se resume

num jogo com bola para que, ao final, o aluno se sinta cansado, ou então rotina de

exercícios físicos mecânicos, ilusórios, que vão em um passo de mágica promover

saúde, tudo de tal maneira sem significado, faz-se necessário ampliar o campo

de estudo, que enfatize a importância de uma prática pedagógica mais significativa,

4 - A cultura corporal pode ser entendida como o conjunto de práticas corporais que se tornaram

patrimônio da humanidade (como o esporte, a ginástica, o jogo, a dança, a luta, entre outras), as quais foram sendo construídas pelo ser humano com determinados significados conferidos por diferentes contextos histórico-culturais (AYOUB, 2001).

4

com um nível de conhecimento teórico que vá além da prática específica de

atividades esportivas ou, simplesmente, jogar com bola ou se movimentar. Para

tanto, é necessário atitude, desejo de mudança. Mudar exige uma nova forma de

conceber e gerir o conhecimento, tanto na perspectiva teórica quanto na prática,

[...] é preciso que se operacionalizem os conteúdos da EF em

atividades de nível prático e em atividades de nível teórico. Ambas devem ser dispostas numa visão de unidade, sem que isso signifique uma descaracterização da disciplina, a perda de sua identidade...A prática pedagógica da EF na escola, fundamentalmente, materializa-se na forma de aula. Por ser aula, possui atividades de nível teórico e de nível prático que interagem entre si. Então, as atividades são, na verdade, teóricas-práticas. São práxis da EF (JEBER, 2003, p. 113).

É preciso considerar a importância do trabalho pedagógico com todos os

conteúdos da Cultura Corporal como evidenciam as Diretrizes Curriculares

Estaduais da Educação Física e o livro Metodologia do Ensino de Educação

Física, que abordam a cultura corporal como uma forma de o Professor de

Educação Física diversificar suas aulas, pois,

[...] a Educação Física é uma prática pedagógica que no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, dança, ginástica, esportes, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES 1992, p. 50).

Diante desse contexto, não há como continuar reforçando os conteúdos que

imperam o biologicismo, tecnicismo, códigos do esporte, competição, e

produtividade que centralizam a cultura dominante, usando a Educação Física para

reproduzir, no interior da escola, esse sistema de classes dominante e dominado,

como réplica da sociedade capitalista. É preciso respeitar e aceitar as diferenças, é

preciso libertar o aluno para o belo, para cidadania5 numa perspectiva que

fortaleça a reflexão crítica “entre o velho e o novo” (COLETIVO DE AUTORES,

1992, p. 50).

5 - A LDB no seu art. 2º fomenta a educação cidadã quando expressa os princípios de liberdade,

ideais de solidariedade humana, o pleno desenvolvimento do educando, sendo um preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho (BRASIL, Lei nº. 9394/96).

5

Concordamos com Bracht (2003), quando afirma que a Educação Física é um

componente importante na construção da cidadania, na medida em que seu objeto

de estudo é a produção cultural da sociedade, da qual os cidadãos têm o direito de

se apropriar; portanto, a Educação Física deve ser entendida e compreendida como

elemento essencial que introduz e integra o aluno nessa área da cultura.

No contexto referido, entende-se a Educação Física como uma área de

conhecimento da cultura corporal que pode configurar como capacidade de auxiliar

na formação dos sujeitos que vão produzir, construir e transformar a sociedade,

para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em

benefício da formação humana, ou seja, de uma cultura que aproxima o humano de

tudo aquilo que é mais humano, no exercício crítico da cidadania em relação ao

meio social onde habita. Isso quer dizer que a Educação Física reúne elementos

imprescindíveis à construção de uma sociedade melhor e mais humana.

Assim, com o objetivo de transformar a realidade que se apresenta, a

Educação Física Escolar deve ser considerada parte da escolarização, devendo,

portanto, se articular os seus conteúdos estruturantes e a diversidade que cada um

apresenta, como um princípio que se aplica à construção dos processos de ensino e

aprendizagem. Visar e ampliar as relações entre os conhecimentos da [...] “cultura

corporal e sua complexidade, ou seja, na relação com as múltiplas dimensões da

vida humana, tratadas tanto pelas ciências humanas, sociais, da saúde e da

natureza” (PARANÁ, 2008, p. 50).

Erigir esse conhecimento sobre a cultura corporal, implica oportunizar ao

indivíduo vivenciar de maneira crítica, participativa e, acima de tudo reflexiva, a

diversidade da cultura corporal em seus conteúdos estruturantes, básicos e

específicos, tendo como exemplo as danças, jogos, recreação, esporte, ginástica e

lutas. Pelas relações que o indivíduo organiza entre essas vivências e dessas com

outros saberes que adquire, torna-se capaz de apropriar-se da cultura corporal a ser

desenvolvida no dia-a-dia da prática pedagógica escolar.

Para Vaz,

A educação física escolar reúne apenas uma parte do conjunto de técnicas corporais e cuidados com o corpo em ambientes educacionais esses de extrema importância. Onde essas técnicas e cuidados precisam ser analisados de forma conjugada, com olhar interdisciplinar e pensá–los de forma ampla numa direção contrária do que nos é apresentado (VAZ, 2002, 0. 92).

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Consequentemente, pensar na reestruturação de sua prática pedagógica

requer do Professor a busca incansável por uma formação continuada bem como o

seu compromisso e empenho à melhoria qualitativa das práticas corporais.

Enfim, cabe também ao Professor de Educação Física em seu campo de

trabalho, repensar sua prática pedagógica, refletir sobre a renovação de seus

métodos, mais especificamente, ao focalizar os outros conteúdos (novos para o

aluno) da cultura corporal em sua aula, como conteúdo e conhecimento a ser

desenvolvido no ambiente escolar. Além de considerar a bagagem cultural trazida

pelos alunos, como aborda o livro Coletivo de Autores (1992, p. 19), em que o

Professor deve “tratar o conhecimento da Educação Física, abordando os conteúdos

da cultura corporal a partir do contexto real de sua escola, de sua cidade, de sua

região”, deve-se realizar reflexão, diálogo e ainda contextualização da realidade de

cada aluno.

A cultura corporal pode ser entendida com uma prática social importantíssima

para a transformação do homem, permitindo aos alunos o conhecimento e a análise

crítica desses conteúdos.

De acordo com Saviani, “A educação é entendida como o ato de produzir,

direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é

produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. (2008, p. 185)

Não há como ignorar o processo histórico que configurou a esportivização da

Educação Física, a qual tomou dimensões constituídas como cultura dos

professores, alunos e sociedade, fato que contribuiu para que se instalasse a crise

de identidade dessa disciplina. A mudança está nas mãos dos Professores em

tomar, segundo Betti & Betti apud Darido (1999, p.30) “consciência da necessidade

de teorização de sua prática para superar a crise”, buscar a tão sonhada

legitimidade da Educação Física. A priori, é pela cultura corporal, conforme “[...]

entendimento de que esta área do conhecimento é parte integrante de uma

totalidade composta por interações que estabelecem na materialidade das

relações sociais, políticas econômicas e culturais dos povos.(PARANÁ, 2006)

Portanto, faz-se necessária a construção de uma teoria à luz da lógica desse

objeto de estudo que se caracteriza na Cultura Corporal e seus conteúdos.

As últimas décadas ficaram marcadas por vários autores: Marinho, (1980);

Castellani Filho, (1988); Ghiraldelli Jr, (1988); Betti (1991); Coletivos de Autores,

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(1992); Bracht (1992) Soares, (1994); Kunz, (2001) e Neira, (2008), responsáveis

por estudos teóricos na tentativa de construir novas concepções contrapondo à

concepção tecnicista esportivista, com finalidade de firmar posições que deveriam

romper e superar com o passado; mas, na verdade, essas concepções insistem em

permanecer presentes na Educação Física. Também foram discutidos os primeiros

elementos, a fim de operar uma crítica à função historicamente esportivizada da

Educação Física no interior da escola. Como relata Caparróz (1997, 2001), o salto

qualitativo no âmbito teórico da área não se tem materializado no dia-a-dia da

Educação Física Escolar, o que dificulta a legitimação da Educação Física nos

currículos escolares. Tal circunstância tem sido constituída sob uma complexa teia

de fatores: as políticas neoliberais, as transformações no mundo do trabalho, fatores

centrais que têm causado impactos na legitimidade da Educação Física Escolar e na

organização coletiva dos Professores da área.

Na perspectiva de organizar o trabalho do Professor, o Paraná proporcionou

entre os anos de 2004 e 2008, grupos de estudos, encontros que envolveram todos

os Professores de todas as disciplinas da Rede Estadual de Ensino, com intuito de

criar um documento único para todo o Estado, as Diretrizes Curriculares Estaduais

(DCEs), que fundamentassem todo o Trabalho Pedagógico, (...) “exigindo domínio

do conhecimento e a possibilidade de sua construção a partir da escola” (PARANÁ,

2008, p. 51) para priorizar os conteúdos estuturantes, considerados de grande

amplitude para seleção de conteúdos do trabalho pedagógico, essencial para a

apreensão do objeto de estudo da disciplina.

As DCEs de Educação Física vincularam como objeto de estudo a Cultura

Corporal, que aponta para uma Educação Física que procura conquistar seu

espaço e sua real importância (a legitimação), pois, a mesma ainda não se

equiparou às demais disciplinas, quando nos referimos a sua relevância no

cotidiano dos educandos.

Mesmo depois de muitos estudos, não é notória a mudança na prática da

Educação Física, carregamos resquícios do processo histório, a desportivização

clara do século XX, com práticas que contribuíram para o analfabetismo dos alunos

com relação a outras práticas corporais, que permanece nos dias atuais.

Necessita-se para tal transformação do eixo educativo, ampla reflexão sobre

as questões sociais e políticas referentes às manifestações da cultura corporal,

mudar da alienação, opressão e docilização dos corpos, para a libertação do ser,

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pois uma educação que não considera a historicidade das práticas corporais, as

contradições e injustiças sociais, ou seja, a contextualização e a compreensão do

cidadão em seu meio e do seu ser cidadão, castra as possibilidades de eles se

tornarem produtores culturais e agentes de seu tempo e de sua história, não

devendo nem ser considerada como educação.

A educação tem atrelado, em suas ações, pressupostos de como devem ser

os homens, a sociedade, as relações sociais; portanto, “[...] a prática educativa é

socialmente determinada, pois responde às exigências e expectativas dos grupos e

classes sociais existentes na sociedade” (LIBÂNEO, 1994, p.120).

É essencial situar a influência histórica da Educação Física para retratar como

essa disciplina se constituiu e como caminhou até o contexto presente da Educação

Física Escolar em seus aspectos legais e quanto às tendências pedagógicas.

Cabe ressaltar que a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 20 de

dezembro de 1961 (Lei nº. 4.024), considerava a Educação Física obrigatória nos

cursos de grau primário e médio; porém, com as mudanças que houve em 1971,

ampliaram a obrigatoriedade a todos os níveis e ramos de escolarização

(CASTELLANI FILHO apud DARIDO, 2005, p.55). Neste mesmo ano, o decreto nº.

69.450/71 que respaldou a divisão em turmas por sexo (COLETIVOS DOS

AUTORES, 1992, p. 54), tornando clara a contribuição que a legislação dava para o

caráter formalista que existe na Educação Física.

A relação entre a LDB e a abordagem pedagógica de Educação Física é

explícita na Lei nº. 5.692/71, em que a Educação Física era considerada atividade

prática, ou seja, apresentava todos os cunhos de uma educação com princípios

tecnicista/esportivista. Entretanto, com a última LDB (Lei nº. 9.394/96), a “Educação

Física passa a ter status de componente curricular obrigatório, integrada à proposta

curricular da escola” (DARIDO 2005, p. 59). De acordo com esta autora, somente em

2001 foi promulgada uma alteração ao § 3º do art. 26 da LDB, fato que inclui o termo

obrigatório após a expressão componente curricular, sendo atribuída a

obrigatoriedade a este componente curricular, como segue especificado:

§ 3º A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

9

§ 3º A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. (Redação dada pela Lei nº. 10.328, de 12/12/2001) § 3o A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua

prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº. 10.793, de 1º. 12.2003), como segue:

I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis

horas; II – maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em

situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de

1969;

V – (VETADO) VI – que tenha prole.

Conforme a LDB 9394/96, a legalidade da Educação Física está garantida, mas

seus incisos deixam uma lacuna, quanto à legitimidade que ainda é um caso a ser

discutido em virtude da sua própria história, que já percorreu várias tendências e

teve vários objetos de estudo, mas nenhum se firmou como sendo legítimo.

Observemos o quadro a seguir:

TENDÊNCIAS FINALIDADES Conteúdos e Procedimentos

Valores, atitudes e normas

Fatos e Conceitos

Ginástica Método Francês

Obediência Respeito à autoridade

Submissão

------------

Método Desportivo Generalizado

Melhora fisiológica, psíquica,

social e moral.

Jogo esportivo Lúdico ------------

Esportivista

Busca do rendimento Seleção Iniciação

esportiva

Esporte Eficiência Racionalidade Produtividade Perseverante

Saber ganhar e perder

-----------

Psicomotricidade Educação Psicomotora

Lateralidade Consciência corporal Coordenação motora

-----------

---------

Construtivista

Construção do conhecimento Resgate da

cultura popular

Brincadeiras e jogos populares

Prazer e divertimento

Mudanças das regras

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Desenvolvimentista Desenvolvimento motor

Habilidades locomotoras

Manipulativas e de estabilidade

---------

----------

Jogos cooperativos Indivíduos mais cooperativos

Jogos Cooperação Solidariedade Participação

---------

Críticas

Leitura da realidade

social

Jogos Esportes Dança

Ginástica Capoeira

Questionador Origem e contexto da

cultura corporal

Saúde renovada

Aptidão física Exercício Ginástica

Indivíduo ativo Informações sobre

nutrição, capacidade

s física

PCNs (3o e 4

o Ciclos) Cidadania

Integração à cultura

corporal

Brincadeiras e Jogos Esportes

Ginásticas Lutas

Atividades Rítmicas expressivas

Conhecimento sobre o próprio corpo

Participação Cooperação

Diálogo Respeito mútuo, às

diferenças Valorização da cultura corporal

Capacidades físicas

Postura Aspectos histórico-sociais

Regras

Figura 1. Os conteúdos nas tendências pedagógicas da Educação Física escolar

6. (DARIDO, 2001)

Utilizando o quadro de Darido (2001) sobre as tendências pedagógicas da

Educação Física Escolar no Brasil, apresentamos na próxima página, numa outra

formatação e dinâmica, o referido quadro acrescentando um breve relato de cada

passagem histórica até os dias de hoje. As Diretrizes Curriculares Estaduais do

Estado do Paraná (2008), com o objetivo de subsidiar o Professor para compreender

a evolução histórica e entender a hegemonia da desportivização, demonstrou o

quanto esta prática contribuiu para o esvaziamento dos conteúdos curriculares nas

aulas de Educação Física por não ultrapassar o âmbito esportivo, prevalecendo a

valorização exacerbada aos esportes como quase que única estratégia, o ensino

de modalidades esportivas e exercícios físicos do grupo seleto como: futsal, futebol

e voleibol. Isso nos remete a pensar no contexto em que as aulas de Educação

Física estão inseridas sem um significado mais relevante para o aluno. Qual o lugar

que a Educação Física ocupa no cenário Escolar? Quais seus limites e

possibilidades?

6 Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v. 2, n. 1 (suplemento), 2001.

11

Figura 2. Quadro apresentado pela autora com base no quadro anterior (DARIDO, 2001).

12

Cada tendência ofereceu respeitáveis argumentos e contribuições que marcou a

história da Educação Física Escolar, mas também esbarrou em seus próprios limites.

Sempre há alguma critica em cada uma das tendências. A que deixou uma

marca maior com muitas críticas foi a tendência desportiva, que imprimiu à

Educação Física fama de alienada adestrada tal qual às práticas específicas de

aprimoramento físico. Neste período, a Educação Física sofreu forte influência norte-

americana, passou a incluir em seu currículo atividades esportivas voltadas para os

esportes como futsal, futebol, basquetebol dentre outros e, ainda hoje, há uma

conotação na competição exacerbada. Pode-se dizer também que a Educação

Física escolar sofre forte influência da mídia, do enfoque que a comunicação de

massa atribuiu aos esportes, em especial ao futebol.

Nas últimas duas décadas, alguns autores como (COLETIVO DE AUTORES,

1992; BRACHT, 1992; DAÓLIO, 2007) vêm salientando a necessidade de construir

uma teoria à luz da lógica desse objeto de estudo que se caracteriza na Cultura

Corporal, com a finalidade de obter um novo espaço, ter um novo olhar e

entendimento, não apenas como disciplinar corpos e mentes por meio de uma

prática padronizada, imposta, nem uma pedagogia da teorização de maneira

conteudista, mas uma Educação Física que caracterize a superação da

esportivização. E, nesse processo, não precisa banir o esporte nem os movimentos,

pois é impossível separar os movimentos, somos um corpo uno, que sente, pensa

e age independente das diferenças sociais, culturais, ideológicas e afetivas.

2 O CAMINHO PERCORRIDO

[...] caminhar na mesma direção de chegar ao conhecimento produzido coletivamente, a um conhecimento global, articulado numa visão de totalidade, superando as especializações (SAVIANI, 1991, p.145).

Com a pretensão de conhecer a realidade da Educação Física escolar e seus

problemas cotidianos, optamos por uma pesquisa qualitativa de investigação social,

à qual buscou a participação da comunidade escolar do Colégio Estadual Vandyr de

Almeida, localizado no Jardim Panorama, no município de Cornélio Procópio. A

pesquisa tem como finalidade a coleta de dados e informações que subsidiem e

norteiem as discussões do grupo de estudos com Professores e Acadêmicos de

13

Educação Física, para que posteriormente seja realizado no mesmo colégio em

forma de implementação do PDE na escola.

A princípio, a pesquisa seria para os alunos da 5ª série, em forma de um

questionário aberto com 10 questões para investigar a aprendizagem do aluno com

relação aos conteúdos da cultura corporal. As questões foram colocadas para

debate com os Professores cursistas participantes do Grupo de Estudos em Rede

(GTR). Por unanimidade os cursistas do GTR deram pareceres de mudanças no

questionário, por se tratar de perguntas abertas, que dificultam a estatística dos

resultados. Sugeriram um questionário objetivo, diminuindo a quantidade de

perguntas, de dez para sete e apresentaram outras sugestões: alterações no

enunciado das perguntas, alternativas para respostas objetivas, pois, se o

questionário fosse de forma objetiva, facilitaria o entendimento dos alunos da 5ª

série; também, propuseram que a pesquisa fosse aplicada aos da 8ª série, podendo

assim, fazer uma comparação do grau de entendimento e da importância da

Educação Física tanto aos alunos que estão iniciando o Ensino Fundamental como

os que estão terminando. Os resultados obtidos na pesquisa poderão serem

usados como parâmetro para as discussões do grupo de estudos,

consequentemente, avaliando a dimensão do ensino e da aprendizagem do aluno.

O grupo de estudos, portanto, deverá ser um momento coletivo o qual poderá

apontar propostas que minimizem os problemas ou possíveis encaminhamentos

que possibilitem enriquecer o conhecimento do aluno.

Todas as sugestões dos participantes do GTR foram acatadas, pois havia

pertinência com o trabalho, tornando mais coesa sua aplicabilidade.

No início do segundo semestre de 2010, com autorização da direção e

acompanhada por uma professora pedagoga do colégio, realizei a pesquisa nas

turmas: 5ª série A e B, 8ª série A e B, todas no período matutino, com registro

escrito pelos alunos participantes da aula.

De posse de todos os registros escritos pelos alunos das duas 5ª séries e das

duas 8ª séries, foi construído para cada pergunta um gráfico com as respectivas

respostas de cada turma, ficando assim, pergunta nº. um (01) com quatro gráficos,

cada gráfico corresponde às respostas de uma turma, assim, sucessivamente até

pergunta nº. sete (07).

14

3 O CAMINHO PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA CULTURA CORPORAL ALÉM DA PRÁTICA

Como citado anteriormente, a implementação do projeto foi realizada por meio

de um grupo de estudos com oito encontros de quatro horas, aos sábados, sendo

três horas presenciais e uma para estudo prévio. Participaram do grupo cinco

Professores de Educação Física da rede Estadual de Ensino e quatro acadêmicos

do curso de Educação Física - Licenciatura, todos em período de estágio curricular.

No primeiro encontro, foram apresentados os objetivos do grupo de estudos,

o cronograma, o resultado da pesquisa e o material didático – Caderno Temático –

elaborado durante o segundo período do PDE, editado na 3ª unidade do GTR para

discussão, colaboração e aprimoramento dos participantes cursistas do GTR.

O material tem a finalidade de contribuir com os Professores de Educação

Física no entendimento do Objeto de Estudos da disciplina como destaca as DCEs,

no sentido de privilegiar todos os conteúdos dessa disciplina de forma a repensar a

Educação Física à luz do seu objeto de estudos, a Cultura Corporal.

O resultado da pesquisa apontou para tornar a aula de Educação Física um

espaço aberto à diversidade de todos os conteúdos considerados clássicos,

conforme afirma Saviani apud Coletivos de Autores (1992, p.31) “o clássico não se

confunde com o tradicional e também não se opõe, necessariamente, ao moderno e

muito menos ao atual, é aquilo que se firmou como fundamental, como essencial”,

ou seja, um espaço inclusivo dos alunos que têm habilidade e dos que não têm, dos

que se identificam com o esporte, que gostam e se destacam e acham que sabem

tudo, espaço dos magrinhos e dos gordinhos com e sem coordenação, dos criativos

e não criativos estabelecendo relações de transformações sociais e culturais, sem a

necessidade de separar os fortes e os fracos.

Os participantes são unânimes em concordar que a Educação Física é um

espaço excludente e alguns não acreditam na mudança, em virtude da

hipervalorização do esporte pela mídia, com reflexo no cotidiano escolar como uma

cultura.

No segundo encontro, trabalhamos com o texto “a Educação Física na Escola:

uma proposta de renovação”. O texto destaca a organização do conhecimento da

Educação Física por diversas épocas: Estado Novo, ditadura Militar, Século XX e

15

primeira década do século XXI e, para cada época há um referencial, uma

concepção diferente sobre aptidão física, aprendizagem motora, formação de

atletas, sendo que, na maioria das concepções, a preocupação é com o “corpo”

apenas físico. Diante da análise do texto e retomando o resultado da pesquisa, a

maioria dos integrantes do grupo constatou que a renovação da Educação Física

está na ação do Professor, que deve ser eficaz como se a cada dia houvesse um

convite à superação das aulas tradicionais, da rotina mecânica do jogo. Enfatizando

sempre uma práxis pedagógica que valoriza a transformação do conhecimento como

condição básica no atendimento das diferentes características e necessidades dos

alunos que compõem sua turma, como uma descoberta do novo, do diferente a cada

dia, a cada aula.

Concordo com Vaz (2002) que diz

As aulas de educação física constituem espaços privilegiados para o ensino de um grande conjunto de técnicas corporais, notadamente os esportes, os jogos, as danças, as ginásticas e as acrobacias, todos os elementos que se configuram como uma linguagem por meio da expressão corporal, lúdica, estética e agonística da cultura humana (p. 93).

Se a ação do Professor seguir o que Vaz diz, dessa forma, quem sabe,

podemos socializar o patrimônio cultural e superar a cultura do esporte imposta

pela mídia escrita e televisiva, que coroa a mentalidade da sociedade desinformada.

No terceiro encontro, assistimos ao filme “Quase Deuses”, na busca da

compreensão do homem e suas relações com o mundo, na tentativa de superar os

preconceitos existentes na nossa área como também a falta de confiança e

persistência no que almeja. Destaco uma fala de um(a) participante do GTR:

[...] “cultura corporal” é sabido que essa concepção está longe de ser hegemônica na proposta educacional do Estado. Portanto, não acredito que isso possa ser superado, por mais que tenham sido intensos os esforços em disseminar essa possibilidade de intervenção no contexto pedagógico (PARTICIPANTE 1).

Assistir ao filme teve a intenção de mostrar que podemos desafiar as regras

como fez o personagem Thomas, o negro e pobre do filme Quase Deuses, que

conseguiu superar os desafios impostos que não foram poucos, tudo por meio de

sua inspiração, de muito estudo e de não desistir do seu sonho.

Fala de um(a) cursista do GTR,

16

[...] na verdade, quando fazemos nosso plano de trabalho, imaginamos os nossos alunos interessados, compromissados, abertos à novas experiências, mas o que encontramos é bem diferente, a maioria dos alunos pensam que a aula de educação física é pra bater papo, ouvir música, não querem suar, não querem se sujar, e além do mais, na maioria das escolas faltam materiais adequados, espaços adequados, o que também acaba por desestimular, os alunos (PARTICIPANTE 2).

Organizar uma aula é essencialmente necessário para construção significativa

da aprendizagem. Assim, não basta preparar bem uma aula, são precisos cuidados

especiais desde o conhecimento da turma, critérios de seleção dos conteúdos,

materiais e métodos, saber mediar o processo e, tudo isso, é de responsabilidade

do Professor, o qual deverá, também, saber sanar qualquer tipo de dificuldade que

venha ocorrer no percurso da aula. Essas decisões didáticas na maioria das vezes,

“dependerá em grande parte a aprendizagem ou não dos alunos” (COLETIVO DE

AUTORES, 1992, p. 111).

Quando os objetivos não forem alcançados, em relação à aprendizagem do

aluno, com certeza o insucesso dessa prática precisa ser revisto, refletido,

reorganizado, com vistas à aprendizagem do aluno, pois o conteúdo que não foi

apreendido, não pode ficar esquecido nem se deve retroceder às práticas

convencionais que não permitem avanços progressivos na construção do

conhecimento. Nós, Professores de Educação Física, devemos nos inspirar em

Thomas (o personagem), não desistindo diante do primeiro obstáculo.

O quarto encontro baseou-se na reflexão do texto “Delimitando os conteúdos

da Cultura Corporal”. A discussão partiu das respostas da terceira pergunta da

pesquisa (Quais conteúdos já foram trabalhados nas aulas de Educação Física?)

Quando aplicamos as perguntas esclarecemos à turma que eram os

conteúdos trabalhados durante todo o processo educacional (todas as séries). As

respostas de ambas as turmas são bem parecidas, pois a maioria dos alunos

assinalaram o esporte, seguido por um percentual bem menor que responderam

jogos e brincadeiras e, dentre essas brincadeiras, a maioria contempla atividades

ligadas ao esporte, brincadeiras “competitivas”. Alguns responderam ginástica, mas,

na conversa informal que tivemos, para eles, ginástica é apenas os exercícios

físicos realizados antes do jogo como alongamento ou “conhecidos exercícios de

fundamentos, que culminam com a prática esportiva, como na utilização de

brincadeiras infantis para a estruturação de uma base psicomotora do esquema

17

corporal” (NEIRA, 2008, p. 241), caracterizando assim, que os alunos não se

apropriaram das diversas manifestações da cultura corporal.

Diante do exposto, fica claro que no Colégio Vandyr de Almeida, não se

trabalham todos os conteúdos da cultura corporal. Conforme discussão do grupo,

em outras escolas não é diferente, em virtude da velha cultura das aulas de

Educação Física. Foi um momento importante e de muita reflexão, percebemos que

algumas pessoas do grupo que resistiam ao trabalho voltado para uma totalidade da

cultura corporal, se sensibilizaram, ficaram mais acessíveis à importância do

comprometimento de desenvolver atividades que levem à apreensão crítica do

conhecimento e de “[...] haver uma diversidade de vivências para que todos os

alunos possam experimentar as amplas possibilidades da Cultura Corporal”

(DARIDO, 2008, p. 35). Dessa forma, o que se pretende é garantir um melhor

resultado na qualidade do ensino da Educação Física para todos.

No quinto e sexto encontros, a discussão foi relacionada em torno das DCEs

e, apesar de muitos estudos, o Professor ainda não trabalha os conteúdos nela

pautados. As DCEs expressam de forma clara os conteúdos estruturantes e

propõem os elementos articuladores que podem fazer nexo com qualquer conteúdo.

Para facilitar o trabalho do Professor, cuidou-se para que fossem anexados às

Diretrizes, alguns conteúdos básicos e específicos.

Os conteúdos devem ser ensinados em todas as séries do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio, de forma gradativa e seu aprofundamento será de

acordo com as características, necessidades e realidade de cada turma, desde que

se respeite o contexto histórico e permita o conhecimento sistematizado.

O exercício da função de Professor é fazer do aluno um ser questionador.

Também o próprio Professor tem que ser questionador, tem que se perguntar se o

que está ensinando é relevante para autonomia do aluno, pois a função do Professor

é “ [...], não é dar aula, mas garantir a aprendizagem do aluno, formulando, ao

mesmo tempo, a necessidade de aprendizagem escolar aqui e agora, e sobretudo a

aprendizagem para a vida, permanentemente” (DEMO, 2000, p. 90).

Apresentamos, em forma de organograma, resumo dos conteúdos explícitos nas DCEs.

18

Figura 3. Os conteúdos estruturantes, básicos e específicos da cultura corporal da Educação Física, organograma

elaborado pela autora, apresentado no NRE Itinerante, 2009.

É essencial que o Professor reveja suas metodologias, reavalie o processo

ensino-aprendizagem pelo qual é o maior responsável, pela sua prática pedagógica,

19

observe a relevância da totalidade de todos os conteúdos da cultura corporal e

estabeleça a dialética no ato pedagógico. Pressupõe, ao professor, uma capacidade

de reconhecer e problematizar sua prática com objetivo de intervir na prática social

inicial do aluno, inclusive na dimensão do seu agir no mundo social em que habita.

Portanto, para que haja uma transformação, ou, melhor, a superação dos modelos

tradicionais que fragmenta o conhecimento evidenciado nas aulas de Educação

Física, faz-se necessário vincular a teoria com saberes da prática. Isso implica

relevância de uma significativa e aprofundada reflexão permanente do processo

educativo e de uma constante pesquisa, de forma que venha realmente beneficiar

os atos docentes e transformá-los.

Um dos caminhos para superação dos modelos tradicionais são as ações

docentes transformadoras da prática pedagógica que, compreenda todo o processo

de ensino.

[...] o conhecimento, a teoria como cultura objetivada, além de seu papel formativo, permitirá que os [...] professores tenham uma ação contextualizada a partir do momento em que os saberes teóricos se articulam com os saberes da prática, `[...] ao mesmo tempo ressignificando-os e sendo por eles ressignificados. Desse modo, o papel da teoria é oferecer `[...] perspectivas de análise para compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade, para neles intervir, transformando-os` (PIMENTA, apud BARBOSA-RINALDI, 2008, p.198).

Fechamos as discussões desses dois encontros com a seguinte conclusão:

operar transformações no cotidiano da Educação Física não é uma tarefa fácil, mas

também não é um desafio impossível. É preciso repensar e sistematizar a prática

docente a partir da realidade escolar, na tentativa de ressignificá-la por meio de

intervenções planejadas pelo professor que caracterize um corpo de conhecimento

teórico que possibilite ao aluno apreensão desse conhecimento.

No sétimo encontro, assistimos a um recorte do filme o “O sorriso de

Monalisa”, com a intenção de mostrar para o grupo que dificuldades vamos

encontrar sempre que resolvemos nos opor às regras estabelecidas.

Mesmo que na Educação Física o esporte seja uma cultura, nós podemos

mudar, pois somos produtores dela. Mas, só conseguiremos isso, quando a iniciativa

partir de nós mesmos. Devemos sair do conservadorismo, encarar a Educação

20

Física como um campo do conhecimento das manifestações culturais de modo a

contribuir para a ressignificação das práticas pedagógicas.

As palavras abaixo foram citadas por um(a) cursista do GTR

Na Educação Física, temos uma situação semelhante, a mídia atrelada ao mundo do consumo utiliza do esporte como forma de seduzir a população, principalmente as crianças e os jovens, e isso reflete intimamente nas aulas da Educação Física, ou seja, nossos alunos, assim como as jovens estudantes do filme, possuem um sonho manipulado, nos alunos no caso, são levados a sonharem em ser um grande esportista, eles são seduzidos pela mídia e pelos ídolos que vem na TV, em especial o jogador de futebol (rico, famoso, com mulheres bonitas e carrão), é como se não tivesse outra forma de vencer as barreiras sociais, de desemprego, pobreza etc., é como se o esporte fosse a única chance de conseguir algo, o importante é jogar bem, ser um bom jogador (PARTICIPANTE 3).

Entendendo a função social da escola como instituição destinada a promover o

conhecimento cientifico e cultural de qualidade, a escola tem como desafio instruir

os discentes de forma sistematizada e contextualizada, levando os mesmos à

reflexão crítica.

De acordo com Libâneo.

Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos (2005, p.117).

A escola é o ponto de encontro com o saber, é preciso que esse saber não

caminhe em descompasso com a época, com as invenções e inovações

tecnológicas, científicas, culturais e outras, objetivando sempre que esse

conhecimento possa atingir a todos.

Assim, de acordo com Libâneo, escola precisa articular a

(...) síntese entre a cultura experienciada que acorda na cidade, nas ruas, nas praças (…) meios de comunicação (…) e a cultura formal (...) a escola fará assim a síntese entre a cultura formal dos conhecimentos sistematizados e a cultura experienciada (LIBÂNEO, 2001, p. 4).

21

Portanto, a escola é um espaço social onde as relações humanas possuem um

papel privilegiado para conhecermos de forma crítica o tempo presente. Entretanto,

este conhecer requer (...) “reconhecer-se como pessoa que tem o que fazer nesse

tempo, para construir o presente e o futuro. Uma escola viva, aberta à pergunta, à

dúvida, ao conflito, à produção de novas ideias, a reinvenção de outras” (VAGO,

1995, p. 21).

A produção de novas ideias nos remete à Educação Física, que tem uma

gama de conteúdos que podem ser disseminados nas aulas, objetivando o

conhecimento, por tratar-se de uma área do conhecimento denominada cultura

corporal.

Segundo Castellani Filho (1997, p.12) cultura corporal é entendida “como uma

totalidade formada pela interação de distintas práticas sociais, tais como a dança, o

jogo, a ginástica, o esporte que, por sua vez, materializam-se, ganham forma,

através das práticas corporais” que possa possibilitar ao aluno atuação na sociedade

para a participação cidadã, que consiste em se apropriar do saber historicamente

construído, ou seja, que ele possa diferenciar o prático do teórico; a cultura popular

da cultura erudita; o saber elaborado do saber tácito; do senso comum ao conteúdo

científico, sendo capaz de julgar os valores associados a cada conteúdo da cultura

corporal, por essa compreensão que o educando seja atuante na sua maneira de

pensar, agir, interagir, adaptar-se e transformar o meio em que vive. Neste

entendimento, (...) “a escola tem por principal tarefa na nossa sociedade a

democratização dos conhecimentos, garantindo uma cultura de base para todas as

crianças e jovens” (LIBÂNEO, 1994 p.127).

Para efetivação desses princípios de transformação, faz-se necessário que o

Professor busque alternativas de intervenções pelo estudo (teórico) de todos os

conteúdos da cultura corporal e apontem na direção da descoberta de novas

propostas diferenciadas de ensino, que possibilitem uma prática pedagógica mais

coerente e flexível. Segundo um(a) cursista do GTR, “Há necessidade de suscitar

em nossos alunos novos propósitos e conhecimentos sobre a cultura corporal de

forma geral, não enfatizando o esporte como único meio de expressão corporal e

sinônimo de Educação Física” (PARTICIPANTE 4). Isso, sem excluir àqueles que,

supostamente não são enquadrados no modelo padronizado de técnicas do

movimento e em atividades que valorizem apenas os melhores (competição). O

conhecimento não é para os considerados melhores, ele não tem distinção, todos

22

devem ter (...) “acesso ao conhecimento produzido pela humanidade que, na escola,

é vinculado pelos conteúdos da disciplina” ( PARANÁ, 2008, p. 14), de modo a

asseverar o real papel da Educação Física na escola para que se superem os

discursos hegemônicos de uma disciplina meramente motriz.

3.1 O ESPORTE: REFLEXÃO PARA UM NOVO CAMINHO

No oitavo e último encontro discutimos a emblemática do esporte “na” e “da”

escola, com ênfase na última pergunta do questionário, em cuja questão os alunos

demonstraram que, no seu último ano do Ensino Fundamental, não sabem

diferenciar Educação Física de Esporte.

Segundo a Constituição Brasileira (1988), em seu artigo 217, o esporte é um

direito de todos, o que revela a importância que ele exerce na sociedade. O esporte

faz parte, de alguma forma, do cotidiano das pessoas que têm buscado por meio

dele lazer, saúde, estética e combate a algumas doenças. O esporte não deve ser

apenas classificado como o maior fenômeno social. Deve ser discutido, conceituado,

caracterizado e refletido como uma atividade que envolve circulação de dinheiro,

movimenta vários setores da indústria como: confecção de roupas e materiais

esportivos de alta tecnologia, turismo, espaço e tempo dedicados pela mídia -

jornais, revistas, internet e canais de televisão, que referenciam o esporte em

tudo. Havendo, ainda, um enorme volume de imagens e informações em programas

específicos de esporte e outras como entrevistas, noticiários, sempre com ênfase

especial ao futebol.

Como relata Castellani Filho (1993, p.13) não é negar o esporte como

conteúdo da Educação Física Escolar, mas rever o esporte "como uma prática

social, resultado de uma construção histórica que, dada à significância com que

marca a sua presença no mundo contemporâneo, caracteriza-se como um dos seus

mais relevantes fenômenos sócio-culturais", embora não seja o único.

Como expressa um(a) cursista do GTR

O esporte é um conteúdo da cultura corporal e não deve ser negado na Educação Física Escolar, principalmente pela riqueza de interpretações, no entanto, o que tem acontecido é que ainda ele é

23

trabalhado com muita intensidade na escola, sem nenhuma espécie de leitura crítica quanto à sua prática. Outra questão, é a limitação de esportes em que se trabalha na escola, empobrecendo ainda mais a prática pedagógica (PARTICIPANTE 5).

Encerramos o grupo de estudos com a intenção de que haja uma relação

dialética entre teoria e prática em torno do acesso ao esporte a partir da seguinte

reflexão: “faz-se necessário desmistificar o esporte espetáculo, inovar, construir

novas formas, experimentar novos modelos, estratégias, metodologias, conteúdos,

para que a prática pedagógica cotidiana da Educação Física siga contribuindo para a

formação integral das crianças e jovens e para a apropriação ou reflexão crítica da

cultura contemporânea, pelas novas maneiras de visualizar o mundo e, portanto,

novas maneiras de visualizar esse fenômeno “sem dúvida um fenômeno da mais

alta qualidade, beleza e encanto” Carvalho (1996, p.78), mas que nas aulas de

Educação Física devem ser enfocadas com novos olhares.

É um desafio a enfrentar, já que o esporte expressa um processo histórico,

cultural e social. “É preciso que a escola diagnostique suas necessidades,

dificuldades, desafios e se fundamente para planejar a ação pedagógica”7

Trata-se aqui de refletir e compreender os pré-requisitos, dificuldades e

consequências das ações práticas. “Não há dúvidas de que o esporte é essencial

para a cultura corporal, sobretudo em se tratando da utilização desse conteúdo

enquanto algo a ser problematizado na escola” (DARIDO, 2008, p. 46).

Diante do que foi exposto, não se justifica a priori a ênfase no esporte como

vem acontecendo em muitas escolas.

7 Semana Pedagógica 2010: As necessidades da escola a partir de seus limites e avanços – construído

pela Coordenação de Gestão Escolar, com a participação da Coordenação de Formação dos Agentes

Educacionais. (CFAE) - (PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA, 2010, p. 11).

24

CONCLUSÃO

Repensar a Educação Física à luz do seu objeto de estudos para superar a

esportivização, significa pensar de novo o nosso trabalho, refletir a nossa prática

pedagógica, retroceder as metodologias ancoradas, imutáveis, convencionais

sustentadas apenas nos aspectos biológicos, a fim de reverter esse ideário

conferido à disciplina de Educação Física.

É óbvia a necessidade de reformular os métodos de trabalho para se libertar

das amarras concretizadas pelo esporte, assim, dando um salto na construção de

novos conhecimentos que, possibilitem outras descobertas tanto para o Professor,

quanto para o educando no contexto da cultura corporal e também pessoal e social.

Essa é a mola propulsora para o resgate e compreensão da Educação Física

como disciplina formadora do conhecimento ,e, portanto, constantemente devem-se

buscar novos caminhos para rever e superar o modelo esportivista da Educação

Física.

O desafio é superar o processo de esportivização, que não é uma tarefa fácil,

demanda tempo e muito estudo. Outrossim, requer mudança na prática pedagógica

de muitos Professores que ainda trabalham numa perspectiva a-crítica8. Esse é um

caminho que necessita ser trilhado de forma diferenciada, com o propósito de

reconstituir a prática pedagógica da Educação Física Escolar.

Na perspectiva de desenvolver um processo de superação da esportivização,

ficou claro na discussão do GTR e também evidenciado pelos participantes do grupo

de estudos, que temos vários professores empenhados na transformação de uma

Educação Física simplista (motriz), para uma Educação Física pautada nos

conteúdos da cultura corporal, que integre o processo de melhoria do ensino e

aprendizagem. Para isso, é imprescindível traçar metas que se articulem a partir do

Projeto Político Pedagógico da escola, em que as decisões sejam de caráter

coletivo, com a participação de todos os envolvidos no processo ensino-

aprendizagem, que todos os sujeitos estejam com os mesmos propósitos, esmerar

mudanças de forma a atender os contextos social, material, cultural, regional,

econômico e político, com objetivos e metas traçadas no Plano de Trabalho

Docente.

8 Para uma melhor compreensão dessas teorias leiam o livro Escola e Democracia de Dermeval

Saviani (1988).

25

Entendemos a precisão desse estudo, porque faz-se necessário que o

ensino da Educação Física supere a prática pela prática, que o saber produzido e

sistematizado interfira no processo educativo de modo responsável, concretizando

uma práxis transformadora.

Dessa forma, o que se pretende é que o aluno seja privilegiado neste

processo, conseguindo identificar seus limites e possibilidades dentro de uma

totalidade, como sujeito pensante, assegurando o exercício da cidadania pelo

conhecimento adquirido no cotidiano escolar, sobretudo na construção e

reconstrução de valores para a transformação de sua própria vida.

26

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APÊNDICES

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AGRADECIMENTOS A Deus, pela iluminação e incontáveis bênçãos em minha vida.

A Secretaria Estadual de Educação, por financiar o Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE), o que contribui para realização do Projeto.

Ao Núcleo Regional da Educação de Cornélio Procópio, em especial a Márcia Tenerelli,

pelas orientações recebidas.

A comunidade do Colégio Estadual Vandyr de Almeida – EFM, em especial a Diretora Ana

Narente por oportunizar espaço a construção desta intervenção pedagógica.

Aos meus pais “Vitor” e “Vilma” pelo apoio recebido em toda a minha vida.

Ao meu querido e amado esposo “Marcio Luis Gervasio da Cunha”, pelo apoio, pela

presença amorosa e compreensão nos momentos ausentes.

Ao amigo Professor Benedito Fernandes Tôrres “Benê”, (in memorian), com quem muito

aprendi e muito me incentivou a participar do PDE, pelo carinho, coragem e dignidade que

sempre marcou sua trajetória e que estará sempre presente em meu coração.

À minha orientadora Profª. Drª. Mara Peixoto Pessôa, pela extrema competência e

colaboração em todos os momentos.

A amiga Lucy Vana Koga, pela amizade sincera.

Aos Professores do GTR, Ana Paula Silvestre dos Santos, Claudeti Matias Catarino,

Dayane Deable Pinto de Oliveira, Eliana Guedes Correia, Ellyn Viera de Souza Saraiva, Eva

Nieratka, Evelize Cristina Volpi, Luzia Aparecida Ferro, Mara Lucia Marcolini, Maria Roseli

Bender, Ferreira Romanzini, Rosane Slaviero, Rubens Tadeu Luiz, Solair Aparecida Longo

da Silva, Wilians James Lucio Chaves, que muito colaboraram com suas experiências nas

discussões enriquecedoras, que contribuíram no resultado deste artigo.

Às amigas companheiras de curso Hellen Mora Haring, Marlene Rivarolli e Zulcimara

Gonzáles, pelos momentos vividos durante esse percurso.

Aos Professores Leandra Aparecida de Carvalho, Mara Lucia Marcolini, Zulcimara

Gonzáles, Claudeti Matias Catarino e Hellen Moura Haring e aos Acadêmicos da

Faculdade Dom Bosco Fernando Pimenta, Leonardo Luiz Cirilo de Oliveira, Julio César da

Costa e Silva e Kátia da Silva de Souza, pela confiança, disponibilidade, coragem e força

que impulsionaram nas discussões do Grupo de Estudos.

Aos alunos Colégio Estadual Vandyr de Almeida – EFM, que participaram da pesquisa.

Enfim, a todas as pessoas que estiveram presentes ao longo desses dois anos, vivenciando

minhas dificuldades, angústias, medos, ansiedades, alegrias e conquistas.

Muito obrigada.

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