da diversidade de vozes em língua inglesa à competência...

18
Da diversidade de vozes em língua inglesa à competência plurilingue Colóquio Internacional “Educação e Línguas Questões de Identidade, Colóquio Internacional “Educação e Línguas Questões de Identidade, Docência e Avaliação” Faculdade de Letras da Universidade do Porto 4 de novembro de 2011 Gillian Moreira (Centro de Línguas e Culturas / Departamento de Línguas e Culturas) Ana Margarida Costa (LALE – Laboratório Aberto para a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras / Centro de Investigação “Didática e Tecnologia na Formação de Formadores” / Departamento de Educação)

Upload: others

Post on 12-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Da diversidade de vozes em língua inglesa à competência plurilingue

Colóquio Internacional “Educação e Línguas – Questões de Identidade, Colóquio Internacional “Educação e Línguas – Questões de Identidade, Docência e Avaliação”

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

4 de novembro de 2011

Gillian Moreira (Centro de Línguas e Culturas / Departamento de Línguas e Culturas)

Ana Margarida Costa(LALE – Laboratório Aberto para a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras /

Centro de Investigação “Didática e Tecnologia na Formação de Formadores” / Departamento de Educação)

� Diversidade e a Língua Inglesa

� O projeto de investigação

Estrutura da comunicação

� O projeto de investigação

� o ponto de partida

� os objetivos de investigação

� o design metodológico

� alguns resultados preliminares

Múltiplas vozes

A língua inglesa

� uma competência partilhada

� uma língua pluricentrica

� um meio de comunicação� um meio de comunicação

� um repertório de pluralidade cultural

It is in this broad sense of intercultural interlocutors that we [speakers of English] have one language, one

medium, and multiple voices.

(Kachru, 1995)

A shift towards Asia

With the growth of the Asia

manufacturing and service industries,

the global prediction that China and

English in the world / the world in English[The] view of global English [as the triumph

of English on the world stage] is altogether

too ethnocentric to permit a broader

understanding of the complex ways in

which the spread of English is helping to

transform the world and in which English,

in turn, is transformed by the world.

Globalization & EmpireThe forces of globalization, empireand English are intricatelyinterconnected.(Kumaravadivelu, in Edge, 2006:1)

the global prediction that China and

India will have the first and third

largest global economies within 30

years, a population that comprises

over 50 per cent of the world’s

people, and massive English language

programmes throughout the region,

it is no surprise that the role of

English has become a major concern.

(Pennycook, 2009: 194)

in turn, is transformed by the world.

(Graddol, 2006)

English & Globalization

English is closely tied to processes ofglobalization: a language of threat, desire, destruction and opportunity. It cannot beusefully understood in modernist states-centric models of imperialism or worldEnglish, or in terms of traditional, segretagionist models of language.

(Pennycook, 2007)

• há mais falantes não nativos de Inglês de que nativos (+3 para cada 1)

• há mais crianças chinesas a aprender Inglês do que existem Ingleses no mundo

• quase um terço da população mundial sabe alguma coisa de Inglês. A maioria destas pessoas não são brancas e vivem em países em desenvolvimentodestas pessoas não são brancas e vivem em países em desenvolvimento

• existe criatividade literária em língua inglesa em todos os continentes

• existem jornais e transmissões radiofónicas em língua inglesa em todas as cidades maiores dos países anglófonos na Ásia e na África

• 200 m indianos utilizam inglês como língua adicional; a indústria cinematográfica indiana é a maior do mundo e faz cada vez mais filmes em Inglês/Hinglish

Where the global importance of languages used to depend on the number and wealth of native

speakers, now the number of people who use it as a second language is becoming a more significant

factor.

(Graddol, 2006)

Even though your anger against Indians is justified given

that you have been bangalored by our sambhar-guzzling

desi geeks Swami and Murty - who earn 1/5th your salary

and ride to work on their pet elephant *Appu* , it is not fair

of you to berate any and every Indian you come across.

(2005, Dr.Sahib.Pandit.Shri.Shri.Rainam Ji Maharaj Ji Ustad, in

soc.culture.indian. Retrieved from

"http://en.wiktionary.org/wiki/Bangalore)

A exploração desta pluralidade na educação em línguas:

� abre portas para as muitas culturas que nos rodeiam;

� potencia contacto com a diversidade social, cultural e linguística;

� enriquece o ensino e aprendizagem de línguas, aproximando-o à

A Língua Inglesa – repositório de identidades e diversidades

� enriquece o ensino e aprendizagem de línguas, aproximando-o à realidade social;

� promove respeito pelo ‘outro’;

� sensibiliza para a complexidade social e cultural;

� apoia o bem-estar e a convivência com respeito em sociedades diversificadas;

� promove competências interculturais e de cidadania;

� contribui para o desenvolvimento da competência plurilingue;

�…

A diversidade da língua inglesa – o ponto de partida para o desenvolvimento da competência

plurilingue*

Programa Doutoral em Didática e FormaçãoPrograma Doutoral em Didática e FormaçãoRamo: Didática e Desenvolvimento Curricular

*Projeto de Doutoramento financiado pela FCT – referência da bolsa: SFRH / BD / 61480 / 2009

Doutoranda: Ana Margarida Costa Orientadora: Profª Doutora Gillian Moreira Coorientadora: Doutora Ana Sofia Pinho

Sintetizando…

No quadro de uma educação plurilingue e intercultural

Escolha do ensino e aprendizagem do inglês como enfoque do nosso projeto…

Papel e estatuto da língua inglesa nas sociedades atuais (lingua franca, língua global…)1 Papel e estatuto da língua inglesa nas sociedades atuais (lingua franca, língua global…)

Posição privilegiada da língua inglesa no contexto deensino e aprendizagem de línguas estrangeiras naEuropa (e em Portugal)

Multiplicidade de “vozes” que a língua inglesa incorpora(diversidade intralinguística e intercultural)

1

2

3

O ponto de partida:

Uma abordagem didática da língua inglesa baseada na diversidade linguística e culturalque incorpora, nas suas ‘múltiplas vozes’, poderá contribuir para o desenvolvimento

Contrariando, desta forma, as perspetivas que tendem a considerar a língua inglesa como um agente dehomogeneização linguística e cultural (imperialismo linguístico - Phillipson, 1992, 2003), uma lingua frankensteinia

(Phillipson, 2008) ou uma killer language (Skutnabb-Kangas, 2004) que ameaça a existência de outras línguas e culturas,

acreditamos que…

que incorpora, nas suas ‘múltiplas vozes’, poderá contribuir para o desenvolvimentodas competências plurilingue e intercultural dos alunos, bem como para a sensibilização

destes para a diversidade linguística e cultural de uma maneira geral.

Questão de investigação central:De que forma poderá uma abordagem didática da diversidade

linguística e cultural da língua inglesa constituir-se como ponto

de partida para o desenvolvimento das competências plurilingue

e intercultural dos alunos

Ob

jeti

vos

de

inve

stig

ação

i)• Compreender o papel e o estatuto da língua inglesa nas sociedades

atuais e nos sistemas educativos, particularmente no português.

ii)• Caraterizar a diversidade linguística e cultural da língua inglesa.

• Analisar o modo como essa diversidade é contemplada nos

Ob

jeti

vos

de

inve

stig

ação

iii)

• Analisar o modo como essa diversidade é contemplada nosdocumentos reguladores do ensino do inglês no 9º ano deescolaridade.

iv)

• Compreender o contributo de uma abordagem didática baseada nessadiversidade para o desenvolvimento das competências plurilingue eintercultural dos aprendentes.

v)• Contribuir para a enunciação de estratégias e práticas de abordagem da

língua inglesa promotoras de uma educação plurilingue e intercultural.

Estudo empírico (estudo de caso)

Fase III

Entrevista (docente de Inglês)

& Questionário (alunos)

De

sign

met

od

oló

gico

do

pro

jeto

Conceção e implementação de um plano de intervenção didática

& Questionário (alunos)

- representações

(diagnóstico/caraterização)

De

sign

met

od

oló

gico

do

pro

jeto

Fase IConstrução e consolidação do quadro teórico e conceptual do projeto

Fase IIAnálise de documentos reguladores do ensino do inglês no 9º ano de escolaridade

Análise de documentos reguladores do ensino do inglês no 9º ano de escolaridade

Os documentos analisados:

Currículo Nacional do Ensino

Objetivos da análise:� descrever a forma como as competências

plurilingue e intercultural são apresentadas e� Currículo Nacional do Ensino

Básico. Competências

essenciais (Ministério da Educação,

2001)

� Programa e Organização

Curricular do Inglês para o 3º

CEB (inglês LE 1 e inglês LE 2) (Ministério da Educação, 1997)

plurilingue e intercultural são apresentadas e

conceptualizadas nestes documentos;

� identificar o modo como a diversidade

linguística e cultural da língua inglesa é

contemplada nestes documentos.

Que possibilidades são incluídas nestes documentospara o desenvolvimento de uma educação plurilinguee intercultural e para a promoção de uma abordagemdidática baseada na diversidade linguística e culturalda língua inglesa?

Análise de documentos reguladores do ensino do inglês no 9º ano de escolaridade

Alguns resultados preliminares…

� o Currículo Nacional do Ensino Básico inclui algumas possibilidades de

desenvolvimento de uma educação plurilingue e intercultural (há, aliás, uma

referência explícita ao conceito de competência plurilingue) – ainda que, por vezes, pareça remeter mais para

um certo biculturalismo (Moreira & Chaves, 2007).um certo biculturalismo (Moreira & Chaves, 2007).

� o Programa de Inglês (LE 1 e LE 2) incorpora elementos que ilustram a preocupação com a integração dacompetência intercultural no processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa, fundamentalmente ao

reconhecer a importância do contacto com outras realidades linguístico-culturais – ainda que, por vezes, este

contacto com a diversidade seja orientado em função das culturas-alvo, particularmente das realidades Anglo-

Americanas (Moreira & Chaves, 2007).

Há “aberturas”, nestes documentos, para considerar o ensino e aprendizagem do inglês comouma porta (“gateway”) para o contacto com outras línguas e culturas e para a interação com umOutro que é linguística e culturalmente diferente.

� a diversidade da língua inglesa, que surge contemplada apenas no programa disciplinar, é concebida,exclusivamente, em termos das variedades britânica (BrE) e americana (AmE).

Plano de intervenção didática:

� concebido pela investigadora e pela docente de Inglês da turma participante no estudo –tendo em consideração o Programa e Organização

Curricular do Inglês para o 3º CEB, as planificações

de escola e da turma, bem como o manual adotado;

� implementado pela docente da turma

Resultados esperados

� construção de

conhecimento

Uma turma do 9º ano de uma escola da cidade de Aveiro

� implementado pela docente da turma

durante o ano letivo 2011-2012 (início em

novembro de 2011);

� constituído por sessões/módulos pedagógico-didáticos baseados na

diversidade intralinguística e intercultural da língua inglesa;

Avaliação da implementação do plano: registos de observação da

investigadora; gravações das sessões; reflexões da docente;

portfolios dos alunos…

conhecimento contextualizado sobre os processos de desenvolvimento das competências plurilingue e intercultural;

� identificação e recomendação de práticas de abordagem da língua inglesa que, no quadro de

uma educação plurilingue e

intercultural, promovam o desenvolvimento das referidas competências.

Plano de intervenção didática:

1as reuniões de trabalho com a docente da turma

Início da conceção do plano de intervençãoInício da conceção do plano de intervenção

Algumas ideias/sugestões de atividades:

� construção das biografias linguísticas dos alunos;

� realização de pesquisas;

� visualização e exploração de vídeos e filmes;

� exploração de publicações em língua inglesa diversas;

� contacto com alunos dos programas Erasmus e/ou Campus Europae da

Universidade de Aveiro;

� constituição de uma “rede” e-pals com falantes de diferentes variedades da língua

inglesa (?)

Obrigada pela atenção!Obrigada pela atenção!

“The global language need not be globalizing. It can and

should be an opportunity for exploring diversity and

realizing interculturality...”

(Moreira, 2006, p. 198)

Referências bibliográficasEdge, J. (2009) (ed) (Re)locating TESOL in an age of empire. London. Macmillan.

Graddol, D. (2006). English Next. London: The British Council

Kachru, B. (1995). The Intercultural Nature of Modern English.

http://www.immi.gov.au/multicultural/_inc/publications/confer/04/speech19a.htm.

Melo-Pfeifer, S. (2010). Intercomprehension between Romance languages and the role of English: a study of multilingual chat-rooms.

(Non published text)

Mendes, L. (2005). A dimensão política da educação em línguas. Aveiro. Universidade de Aveiro.

Ministério da Educação (1997). Programa e Organização Curricular do Inglês. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da

Educação Básica.

Ministério da Educação (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico. Competências essenciais. Lisboa: Ministério da Ministério da Educação (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico. Competências essenciais. Lisboa: Ministério da

Educação/Departamento da Educação Básica.

Moreira, G. (2006). Globality and interculturality in the teaching of English. In R. Bizarro (Ed.), A escola e a diversidade cultural (pp.

190-199). Porto: Areal Editores.

Moreira, G., & Chaves, R. S. (2007). Educar para a diversidade: o contributo do ensino de línguas estrangeiras. In Conferência Ibérica

Educação para a Cidadania (pp. 179-188). Lisboa: Universidade de Lisboa.

Pennycook, A. (2007) Global Englishes and transcultural flows. London: Routledge.

Pennycook, A. (2009) Plurilithic Englishes: towards a 3D model) In Murata, K. & Jenkins, J. (2009) (eds Global Englishes in Asian

contexts. London. Palgrave Macmillan.

Phillipson, R. (1992). Linguistic Imperialism. Oxford. Oxford University Press.

Phillipson, R. (2003). English-Only Europe? Challenging language policy. London: Routledge.

Phillipson, R. (2008). Lingua franca or lingua frankensteinia? English in European integration and globalisation. World Englishes, 27(2),

250-267.

Skutnabb-Kangas, T. (2004). Murder that is a threat to survival. The Guardian Weekly. Retrieved from

http://www.onestopenglish.com/Culture/global/murder.htm (10/10/05).