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Page 1: CVM EM NOTÍCIAS -  · pregos, uma tesoura para cortar chapas de zinco, pregos, uma pá, catana, enxada, uma corda e um rolo de arame. No âmbito da reconstrução pós cheias CVM

Especial

local, estes bens foram d o a d o s p e l a V O D A C O M , u m a empresa de telefonia móvel a operar no país, que para além do m a t e r i a l a t r á s mencionado, também ofereceu 600 mantas, que na mesma ocasião foram distribuídas a 300 famílias.

Entretanto, a cerimónia organizada para a distribuição de bens

Cerca de 325 famílias, vítimas das últimas cheias, acomodadas no Centro de Acomodação do Km 18, em Govuro, p r o v í n c i a d e Inhambane, receberam s e m a n a p a s s a d a , material de construção e ferramentas, numa a c ç ã o q u e v i s a minimizar os efeitos dos estragos causados por aquele fenómeno da n a t u r e z a . A

distribuição dos bens foi feita pela Cruz V e r m e l h a d e M o ç a m b i q u e , e m coordenação com as autoridades locais do Governo e líderes comunitários. No total, foram distribuídos aos contemplados 1467 chapas de zinco, à razão de 6 por família e 1100 sacos de cimento, à razão de 4 por família.

Segundo apuramos no

Edição Nº 04 Julho de 2008

CVM DISTRIBUI MATERIAL DE CONSTRUÇÃO EM GOVURO doados pela VODACOM serviu igualmente para s e p r o c e d e r à distribuição de bens doados por outras instituições, como são os casos da British Ameri-can Tobacco, uma empresa tabaqueira a operar no país, que ofereceu 2,5 toneladas de farinha de milho, igual quantidade de feijão manteiga, 500 litros de óleo de cozinha e mantas.

Por outro lado, foram também distribuídos 300 kits de ferramentas para a construção a igual número de famílias. Estes kits foram doados p e l a O r g a n i z a ç ã o I n t e r n a c i o n a l d e Migração (OIM).

Um kit de ferramenta para a construção é constituído por um serrote, um martelo, pregos, uma tesoura para cortar chapas de zinco, pregos, uma pá, catana, enxada, uma corda e um rolo de arame.

No âmbito da reconstrução pós cheias

CVM EM NOTÍCIAS

Material entregue pela Cruz Vermelha às vítimas das Cheias, em Govuro.

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PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO

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bens, alegadamente porque estão participando no fabrico de tijolos. Aliás, diziam estas pessoas que quando foram mobilizadas para este trabalho fo i - lhes di to que como recompensa seriam os primeiros a receberem os bens a serem distribuídos pela CVM. Portanto, o critério adoptado para a escolha de beneficiários, que no caso vertente são crianças órfãs e v u l n e r á v e i s , i d o s o s desamparados, mães substitutas, entre outras pessoas em situação extremamente difícil, estava sendo posto em causa. A confusão foi de tal ordem que não faltaram ameaças e promessas de, no calar da noite, os prevaricadores se fazerem ao local para retirarem alguns bens, à força. A calma só voltou a reinar quando o administrador do distrito explicou quem eram os potenciais beneficiários neste processo de distribuição.

Entretanto, em conversa

O processo de distribuição dos bens foi dirigida pela Presidente da Comissão Provincial d CVM em Inhambane. O início da distribuição dos bens para a reconstrução pós-cheias tinha sido marcado para as primeiras horas da manhã do dia 18 de Junho corrente, mas tal só veio a acontecer no período da tarde, por razões alheias à Delegação Provincial, o que fez com que o processo não terminasse no mesmo dia. Aliás, a CVM fez tudo para garantir que no dia m a r c a d o a s p o p u l a ç õ e s recebessem os bens prometidos. E, à hora marcada, já tinha os seus voluntários posicionados no terreno.

A população também já tinha começado a chegar ao local munida de recipientes para os

alimentos e acompanhantes para ajudarem a carregar o material de construção que esperava receber.

D E S I N F O R M A Ç Ã O A distribuição dos bens por pouco ficava manchado por c a u s a d e i n f o r m a ç õ e s deturpadas espalhadas durante a f a s e d a p r e p a r a ç ã o do processo. É que no momento em que tudo es tava a postos para o arranque dos t r a b a l h o s , s u r g i r a m pessoas a reclamarem o direito aos

Processo de organização de distribuição dos bens aos beneficiários.

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estes materiais, porque hoje mesmo serão vendidos, dizia alguém da comitiva, alicerçando a sua afirmação no facto de ter vivido situação semelhante em

operações anteriores. Houve momentos de t e n s ã o , c o m a s autoridades a sugerirem que os bens fossem distribuídos na altura em que forem entregues os tijolos. Isto vai fazer com que as pessoas se sintam pressionadas a utilizar o material para erguerem as suas casas, porque já terão tudo reunido para o efeito.

Depois de encontros de concertação de posições e consultas a quem de direito, a Delegação achou não haver motivo para tanta desconfiança, tendo apelado as autoridades no sentido de levarem a cabo um

t r a b a l h o d e sensibilização para desencorajar tais tendências. Aliás, segundo disse a Secretária Provincial d a C V M , e m Inhambane, houve muito trabalho de sens ib i l i z ação a a n t e c e d e r e s t a operação, razão pela qual não vemos m o t i v o s q u e j u s t i f i q u e m a s u s p e n s ã o d a

distribuição dos materiais de

connosco, sobre esta agitação, a Secretária Provincial da CVM, M a r i a G i n a , d i s s e n ã o compreender a razão das reclamações porque nós fizemos um trabalho d e b a s e , e m coordenação com os líderes comunitários, pessoas com muita i n f l u ê n c i a e credibilidade no seio das populações. Fez-se um levantamento de pessoas que nós achamos que são beneficiárias, segundo o nosso critério de classificação e foram elaboradas as listas e entregues as cópias à Acção Social, para garantir a transparência. Só que, infelizmente, já no local, a p a r e c e r a m p e s s o a s e s t r a n h a s , p e s s o a s a p a r e n t e m e n t e n ã o vulneráveis, exibindo s e n h a s d e p r o v e n i ê n c i a d u v i d o s a , p a r a receberem bens.

Na óptica da Secretária de Inhambane, esta situação pode ter contribuído para atiçar a onda de reclamações que se gerou, porque a s p e s s o a s s e c o n h e c e m perfeitamente e sabem q u e m s ã o o s verdadeiros beneficiários.

DESCONFIANÇA

A distribuição de certos bens, mais concretamente dos mater ia is de construção

p r o v o c o u u m a c e r t a “inquietação” por parte das autoridades do distrito que, s e g u n d o m a n i f e s t a r a m , r e c e a v a m q u e a l g u n s beneficiários iriam dar um destino diferente do planeado. Não vale a pena distribuir

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Voluntários da CVM distribuindo comida aos necessitados

Menor recebendo alimentos

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Acção Social não chega para nada. Quando recebo a mesada, que é de 70MT, compro tomate e peixe seco para revender e ainda tenho que deixar algum para

comprar sabão, sal e outras coisas que n e c e s s i t o . Sobrevivo assim mesmo. Agora, com esta ajuda, penso que a minha vida vai mudar. Estou sozinho e hei-de s a b e r c o m o poupar e tentar rentabilizar o meu negócio. É que de momento

não tenho que desviar nenhum tostão para comprar comida.

O nome do João não constava da lista das pessoas que iriam beneficiar do material de construção, apesar de ser um potencial carente, vivendo numa tenda com os dias de vida contados. Confrontada com esta situação, a Secretária Provincial da CVM disse não entender a não inclusão deste cidadão na lista dos necessitados. Foi uma grande falha, disse, tendo prometido interceder junto da Comissão Distrital e das autoridades locais com vista a resolver o problema.

A operação de distribuição dos bens em Govuro contou com a participação de 17 voluntários da

construção. Mais, a Cruz Vermelha guia-se por normas muito claras que não se compadecem com este tipo de procedimento. Esta afirmação foi secundada pela Presidente da Comissão Distrital de Govuro, Carlota Franisse, que disse ter dirigido pessoalmente este trabalho, com a autorização das autoridades locais. Ela voltou a frisar que os beneficiários foram bem identificados, num trabalho profundo feito conjuntamente com os líderes comunitários, pessoas que conhecem bem o seu território. Ela deplorou a confusão que por pouco inviabilizava a operação de distribuição, tendo evitado, por razões óbvias, apontar o dedo acusador seja a quem for.

Á noite, a equipe da CVM reuniu-se para analisar o trabalho realizado e tomar posição em relação à sugestão das autoridades locais, tendo d e c i d i d o d e s c a r t a r a probabilidade de suspender a distribuição dos materiais de construção.

Vamos distribuir o material, mas antes, vamos dar a conhecer a nossa decisão à Administração, determinou a Pres idente da Comissão Provincial da Cruz Vermelha de Moçambique, em Inhambane.

Na manhã do dia seguinte, a e q u i p a d i r i g i u - s e à Administração para dar a conhecer a posição da CVM e as

razões que estão por detrás da decisão. Felizmente, fomos compreendidos e a distribuição foi retomada, até ao fim.

Espera-se que dentro de sensivelmente três semanas as

populações recebam os seus tijolos e ergam as suas casas em zonas já demarcadas, segundo prometeu o administrador do distrito. Valeu o diálogo.

No Centro de Reassentamento do km 18, em Govuro, a alegria das pessoas era indisfarçável, mas quem mais despertava a atenção era João Madeira, um deficiente f í s i c o q u e t a m b é m f o i seleccionado para receber comida. Ele vive sozinho e o que consegue fazer para a sua sustentação, fá-lo com o apoio de pessoas de boa vontade.

Quando recebeu a sua quota de alimentos, ele já não tinha praticamente nada para comer. Se não fosse a Cruz Vermelha de Moçambique, não sei o que seria de mim. O que recebo da

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SE NÃO FOSSE A CRUZ VERMELHA!...