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Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária

ITERRA

Instituto de Edu.cação Josué de Castro

CURSO NORMAL PROJETO PEDAGÓGICO

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Produção: Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa tia Reforma Agrária - ITERRA Coletivo Político Pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro

Elaboração: Equipe de Coordenação do Curso Normal de Nível Médio

Organiza<;ão: Isabcla Camini, Roseli Salete Caldart e Soloá Citolin

Projeco gráfico e diagramação: Zenaide Busanello

Arte tia capa: EgasFrancisco Sampaio de Souza

Todos os direicos reservados ao ITERRA.

Edição: Dezembro de 2004.

ITERRA Rua Princesa Isabel, 373 Cx. Postal 134 95 330 - 000 - Veranópolis - RS Fone/ fax: (54) 441 17 55 Endereço eletrônico: [email protected]

Sumário

Apresentação ............................................................................................................................... 5

Parte 1 Trajetória da construção do Curso Normal ............................................................... 7

O Curso de Magistério .......................................... .. ....... ....................................... 9 Escola e1n Veranópolis ................................. ....................................................... 12 Currículo en1 Movin1ento ....................................................................... ............ 15 Educadores do Curso ......................................................................... ................. 19 Formação Para além do currículo da escola Referências Bibliográficas

Parte 2

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Projeto Pedagógico Atual ............................... ..................................... ...................... 29 Introdução ..................................................................................................... .. ..... 31 Características Gerais do Curso .................................... ........................... ........... 32 Elementos de concepção .................................................................................... 35 Objetivos ......................................................................................................... ..... 38 Perfil Profissional Esperado ............................................................. .................. 39 Eixos de Aprendizado ......................................................................................... 41 Componentes Curriculares e Estratégias Pedagógicas Principais ................. 42 Processo de Avaliação .......................................................................................... 51 Organização do trabalho de educadores e educadoras do curso ..................... 54 Anexos ................................................................................................................... 57

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Apresentação

Este é o décimo Caderno da coleção dos Cadernos do !TERRA e surge

às vésperas do aniversário de dez anos do !TERRA que celebraremos ao

longo do ano de 2005. É expressão do esforço que temos feito em nossa

trajetória para garantir o registro e a reflexão coletiva permanente sobre

nossas práticas. Entendemos que esta tarefa faz parte do compromisso que

assumimos com a garantia de uma educação de qualidade para as famílias

trabalhadoras do campo. É seu direito! E é nosso dever lutar e trabalhar

para que este direito se efetive.

Neste Caderno vamos tratar de uma das práticas de educação média e

profissional desenvolvida pelo Instituto de Educação Josué de Castro, IEJC,

do !TERRA. E o foco está no Curso que trabalha com a formação de

educadores e educadoras para atuação nas áreas de Reforma Agrária.

O Curso Normal de Nível Médio do IEJC é produto da história do

MST e do conjunto das lutas da classe trabalhadora pelo direito à educação.

Com outro nome (Magistério) e em outro lugar (as primeiras 5 turmas

aconteceram em Braga junto à Fundação de Desenvolvimento Educação e Pesquisa da Região Celeiro - FUNDEP) ele já existe desde 1990, estando

hoje, ano de 2004, em sua décima turma. O Curso assume suas raízes e se

pretende ambiente de enraizamento das pessoas nesta história.

Este Caderno foi organizado com o objetivo de socializar as reflexões

que estão sendo feitas pela nossa equipe de coordenação do Normal Médio do IEJC sobre o projeto pedagógico do Curso. Trata-se de um esforço de

sistematização da experiência de formação de educadores desenvolvida em conjunto com o Setor de Educação do Movimento Sem Terra, cujo produto

principal é a projeção do formato que se pretende para o Curso nas turmas cm desenvolvimento no Instituto.

Na primeira parte do Caderno trazemos elementos da trajetória de construção do Curso desde suas primeiras turmas, chamando a atenção para algumas permanências e para transformações que foram acontecendo em cada momento e que culminam com o seu formato atual.

Na segunda parte do Caderno está o documento-síntese do projeto pedagógico atual do Curso. Além de trazer as informações básicas sobre como o Normal está inscrito no sistema oficial de ensino, o documento

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enfaciza a visão do Inscicuco sobre o perfil profissional esperado, sobre os elementos estrucurantes da proposta do Curso e as principais estratégias pedagógicas a serem implementadas para dar conta da formação precendida.

Os cexcos apresentados não esgotam as reflexões feiras. Sua divulgação cem o propósito de ampliar a interlocução sobre um tema tão importante

como é o da formação de educadores, e ainda mais pela novidade de

pensarmos um perfil profissional e um processo pedagógico específico para

formação de educadoras e educadores do campo. Esperamos poder dialogar

com os sujeitos de experiências similares que estão acontecendo em outros

lugares do Brasil de modo a qualificar nossa prática e inseri-la no debate mais amplo da Educação do Campo.

Precisamos avançar na discussão de experiências como essa, pensando na contribuição que Movimentos Sociais, como o MST, estão trazendo para

a formulação de uma política específica para formação de educadores do

campo, na perspectiva da construção, que é urgente, de um sistema de educação do campo em nosso país.

Este mesmo processo de reflexão coletiva está sendo feito sobre cada

um dos Cursos em funcionamento no IEJC: Técnico em Administração de

Cooperativas, Saúde Comunitária, Ensino Médio na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos. Esperamos socializar algumas destas produções em nossos próximos números.

Coletiv,o Político Pedagógico do IE]C.

Veranópolis, dezembro de 2004.

Parte 1 Trajetória da construção do Curso Normal

" ... Pela memória, o passado não só vem à tona das águas

presentes, misturando com as percepções imediatas, como

também empurra, 'descola' estas últimas, ocupando o espaço

todo da consciência. A memória aparece como força subjeciva

ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta

e invasora".

Ecléa Bosi, 2003.

Sabemos que a falta de escolarização da classe trabalhadora no Brasil,

do campo e da cidade, é histórica. No meio urbano houve uma preocupação maior com o acesso à escola por conta da necessidade de mão-de-obra

qualificada (pelo menos saber ler e escrever) para crabalhar nas fábricas. Durante muito tempo o entendimento dos governantes foi (e em alguns

lugares continua sendo) de que não era necessário investir em escolarização

para trabalhar na roça. Essa postura reforçou, de certo modo, um

determinismo histórico, sobre o fim do meio rural. Por isso, não havia

necessidade de construir uma política pública educacional para o campo.

Com esta defasagem histórica as populações do campo passaram a ter

cada vez menos acesso à escola. Com os anos as comunidades foram diminuindo (seus filhos vão tentar a vida na cidade) e as escolas "rurais" foram sendo fechadas, formando assim as famosas "escolas nucleadas", onde

as crianças e os jovens (aqueles e aquelas que conseguem continuar os

estudos) passaram a caminhar o dobro ou o triplo do caminho percorrido anteriormente. A partir desta perspectiva e de tantas outras que marcaram

a vida no campo, foi sendo ampliada uma demanda reprimida de

escolarização. A população camponesa passou a reivindicar escola também através da organização dos seus movimentos sociais. É neste contexto político, econômico e social que nasceu um dos Movimentos Populares forjados na luta em busca de dignidade para o povo do campo.

O período que se inscreve de 1979 a 1984 foi marcado pelo reinício da luta pela terra no Rio Grande do Sul e no Brasil como um todo e demarcado

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através de ocupações e acampamentos, culminando com a fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Desde este momento houve uma preocupação com a educação, primeiro com as crianças

e mais tarde com os jovens e adultos analfabetos, e com todas as pessoas de

pouca escolaridade.

A busca por educação foi sendo construída aos poucos, se dando a partir

da conscientização dos membros do Movimento, que passaram a perceber

esta necessidade na vida de seus filhos e, mais tarde, nas suas próprias.

Esta necessidade foi se incorporando à vida cotidiana, aparecendo nas tarefas

do dia a dia, nos problemas que surgiam e precisavam ser resolvidos. Aos

poucos se percebeu que a educação era capaz de ajudar na construção de

alternativas, no acesso a novas tecnologias, na resolução de alguns problemas.

No início a tarefa de garantir a escolarização era de algumas mães e

educadoras que cumpriram o papel de chamar a atenção para este direito,

já nos primeiros acampamentos. Mas com o surgimento de alguns

assentamentos o debate sobre a escola é retomado com mais abrangência e

vigor pelo conjunto das famílias, pois a escola duramente conquistada para as crianças assentadas por vezes desconsiderava a sua história. Talvez este

tenha sido um dos motivos que levou o Movimento a discutir que projeto de educação queria e que escola seus filhos precisavam ter.

A trajetória c travessias do Movimento Sem Terra demonstram que

para conquistar o direito de ter escola foi percorrido um longo percurso que se inscreveu em um tempo-espaço e se localizou na luta contínua e permanente pela reforma agrária e por educação.

Este movimento da e na realidade estabeleceu, nos contextos e vivências do povo dos acampamentos e assentamentos, um diálogo

permanente sobre suas necessidades, e uma delas era ter educadores para trabalhar com suas crianças.

A descoberta desta necessidade traz consigo um sonho acalentado há muitos anos, ter uma escola de magistério para formação de educadores

que garantisse a educação das crianças· Sem Terra. Para concretizar este

sonho foi necessário que todos e todas se tornassem protagonistas desta construção.

No ano de 1987 teve início a articulação nacional para criação do Setor de Educação. E as perguntas principais de educadoras e educadores desta época eram: O que queremos com as escolas de assentamentos? Como fazer a Escola que queremos?

No Rio Grande do Sul, o Setor de Educação do MST começou a buscar

parcerias para viabilizar um curso que titulasse professores para atuação

nas escolas públicas das áreas de Reforma Agrária.

O caminho foi longo, muitas buscas e tentativas em articular um curso

com alguma instituição educacional e, que não obtiveram êxito. A resposta

veio de outra forma: a criação de uma instituição de educação dos

movimentos populares. Nasceu, desta forma, a FUNDEP (Fundação de

Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro), criada pelos

movimentos sociais do campo, preocupados com a formação e capacitação

de seus sujeitos.

"A FUNDEP foi criada oficialmente em agosto de 1989,

ficando um de seus departamentos, o Departamento de

Educação Rural - DER, o responsável pela viabilização das

demandas específicas dos Movimentos Sociais do Campo. O

Curso de Magistério do MST, à medida que foi um dos

motivadores da criação da fundação, acabou sendo o primeiro

curso formal do DER, tendo iniciado a sua primeira turma em

janeiro de 1990." (CALDART, 1997, p. 63).

O Curso de Magistério

Em janeiro de 1990 iniciaram na FUNDEP, em Braga-RS, as primeiras

duas turmas de Formação de Educadores, sob a responsabilidade do Setor de Educação do MST. Esta iniciativa, corajosa naquele momento histórico,

deu partida para uma caminhada significativa no que diz respeito ao processo

de formação de educadores que temos até hoje. Ao longo desses anos, o

caminho precisou ser alargado, ampliado, porque foram sendo agregados muitos sujeitos educadores vindos de vários estados do país, que mesmo já

atuando na educação, não tinham a formação exigida e necessária.

Esta escola que nascia tinha o projeto de ser diferente daquela escola

que já conhecíamos e que ainda estava forte em no próprio imaginário das famílias assentadas e acampadas. Era necessário, então, construir na prática uma outra visão de escola. Era preciso partir das poucas experiências que já

havia nos assentamentos e acampamentos e ir buscar elementos para além delas, bebendo na fonte da educação popular e nas contribuições das diversas ciências educacionais progressistas. Era preciso manter a coerência entre o que queríamos e o que viria a ser construído/vivido através do curso.

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"Duas preocupações se destacaram nas discussões feitas neste início: 1 ª) sobre como garantir uma coerência entre o discurso pedagógico a ser veiculado pelo curso e a prática concreta de cada professor/a que nele atuasse, de modo que os/as estudantes (também já professores/as) não apenas ouvissem falar mas

efetivamente vivessem uma prática de 'escola diferente'; e 2ª)

sobre a importância do curso garantir o acesso de seus

participantes aos conhecimentos científicos mais avançados,

que lhes permitissem superar posturas meramente panfletárias,

dando-se conta da complexidade da questão educacional e

assumindo-a no papel que pode ter nos processos de

transformação social, sem ufanismos nem fatalismos". (CALDART, 1997, p.73-74).

Com estes cuidados e preocupações o Curso de Magistério iniciou com as turmas compostas de pessoas de acampamentos e assentamentos do Rio

Grande do Sul, e também de algumas redes municipais, a pedido de algumas prefeituras da região de Braga que também tinham carência no seu quadro

de docentes. Uma turma para magistério completo e outra para

complementação pedagógica. O diploma a ser oferecido pelo curso era de

conclusão de Ensino Médio com habilitação em Magistério para as séries iniciais do Ensino Fundamental.

A estrutura do curso trabalhava cqm tempos: tempo escola e tempo comunidade com duração de dois anos. Nas turmas seguintes já passou para

dois anos e meio e aumentando a carga horária presencial. Este tempo anual

dividido em tempos também era subdividido cm etapas: eram seis etapas.

Cada etapa era constituída de um tempo escola e um tempo comunidade.

No tempo escola, geralmente desenvolvido nos meses de férias escolares Uaneiro, fevereiro, julho) aconteciam as aulas e a co-gestão de todos os espaços e tempos presenciais do curso. No tempo comunidade aconteciam as atividades de complementação de estudos e as práticas pedagógicas.

"O curso começou com uma carga horária de 8 horas de aula (sentido estrito) por dia, chegou a ter 9, e (depois) seis. Desde a primeira turma já se afirmava a importância de outras atividades pedagógicas, incluindo a participação das/os alunas/ os em alguma forma de trabalho produtivo ligado à auto­sustentação da escola. Mas, na prática depois de oito nove horas

de aula, de fato não havia condições objetivas para que se

enfatizassem outros tempos ( ... ).

Com o passar das turmas ( ... ) o tempo Escola passou a incorporar na

sua intencionalidade a organização de outros tempos ( ... ).

Tempo comunidade: Nas primeiras turmas era entendido basicamente como atividades complementares aos estudos

desenvolvidos no TE ( ... ) combinadas com ações de utilidade

social comunitária, além das já habitualmente realizadas através

do seu trabalho educacional. À medida que se foi percebendo a

importância deste Tempo no conjunto da formação ( ... ), ele

passou a assumir características um pouco mais complexas e

intensivas. ( ... ) tornou-se, de fato, uma opção metodológica de

formação, bem mais do que uma modalidade de ensino (à

distância)." (CALOART, 1997, p. 101-4)

Segundo os registros citados, no tempo escola das últimas turmas que

aconteceram na FUNDEP já aparecem três eixos fundamentais que são: 1°) o tempo das disciplinas que compunham a base curricular, de 6 horas

diárias, tempo de seminários de estudo ou discussão temática, 2 a 3 horas

semanais, leitura individual ou em grupos, reflexão escrita, e educação física

20 a 30 minutos diários. 2º) Tempos ligados à gestão do curso e à capacitação

em habilidades específicas a partir da experiência de trabalho nos setores ou comissões criadas pelos estudantes para gerir o curso; e 3º) tempos ligados à formação cultural; mística, lazer coletivo e pessoal, acesso a informações

através de noticiários, vídeos, leituras, oficinas de arte, noites culturais, visitas

de estudo, totalizando pouco mais de 8 horas diárias. No tempo comunidade os eixos passaram a ser: 1 º)complementação de estudos, incluindo reflexões

e registros sobre a prática; 2°) práticas pedagógicas nas escolas de 1 ª a 4ª séries e educação de jovens e adultos (formal e informal) e educação infantil;

3º) trabalho de Pesquisa-Ação (hoje chamado de Trabalho de Conclusão do Curso - TCC), chegando à produção de um ensaio monográfico: pesquisar, analisar e escrever um texto a ser apresentado perante banca no tempo escola; 4°) prestação de serviços comunitários, engajamento e compromisso de solidariedade nos espaços orgânicos do MST; 5º) continuidade da organização coletiva iniciada pela turma no seu tempo escola.

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As primeiras turmas de educandos e educandas (até a 4ª) vinham de dois estados, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Havia alguns convites para outros estados, mas poucos. Estas turmas aconteceram na FUNDEP, em Braga-RS. A partir da Turma 5, as turmas passaram a ter abrangência nacional e depois regional, ou seja, participamos do atendimento à demanda de formação de educadores discutida pelo Setor de Educação do MST nos 23 estados do país onde o Movimento atua fazendo a luta pela reforma agrária. A iniciativa do

curso do Rio Grande do Sul incentivou e ajudou a desencadear a abertura de outros cursos e turmas em outros estados do país, em parceria com Universidades e com Secretarias de Educação: ES, PB, SE, MS, BA, PA, MA, PI, RN, PE, ...

Os momentos vividos pelas primeiras turmas têm um elo de ligação

com as turmas atuais; as histórias vividas pelas primeiras turmas foram imprimindo avanços pedagógicos no curso, o que confere um traço de união entre o que aconteceu e o que acontece. Cada turma com suas peculiaridades

e especificidades, a partir da identidade específica dos sujeitos concretamente envolvidos no processo de formação.

A história fez com que construíssemos este curso em travessia, com

seus acertos e desacertos, avanços e rupturas. Mas já nos dizia Guimarães Rosa que o importante não está na saída, nem na chegada. O importante é a travessia. E nós concordamos com ele, pois nossa travessia continuava e continua. No ano de 1997 o Curso de Magistério chegou a Veranópolis, região serrana do Rio Grande do Sul.

Escola em Veranópolis

A partir da turma 6 o Curso já passou a ser desenvolvido em Veranópolis, no Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA que é mantenedora do Instituto de Educação Josué de Castro - IEJC.

O !TERRA foi criado a partir de uma parceria da CONCRAB (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil), e da ANCA (Associação Nacional de Cooperação Agrícola) para dar conta da grande

demanda de formação e capacitação dos seus quadros em várias áreas, tais como gestão e administração de cooperativas, educação, saúde, comunicação.

O curso de Magistério (hoje Normal Médio) prosseguiu depois também com as turmas 7 e 8 já formadas, e as rurmas 9 e 10 que se encontram atualmente em processo de formação no IEJC. 1

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A partir da sua sétima turma o curso passou a contar para sua realiwção com o apoio do Programa

Nacional de Educação na Reforma Agrária, PRONERNINCRA, que existe pela força de articulação

dos Movimencos Sociais do Campo, especialmente o MS1~ desde 1998.

A Turma 7, que se autodenominou "Turma Herdeiros de Zumbi", é a

última turma do !TERRA em formato de "Supletivo de 2º grau" combinado com uma formação pedagógica para os chamados "docentes leigos", jeito encontrado para formalização do curso desde a FUNDEP. A turma vivenciou

também os ajustes do método pedagógico do IEJC, que aparecem

formulados no seu Projeto Pedagógico atual. A partir desta turma passou­

se a dar mais prioridade no curso ao estudo de teoria pedagógica, merecendo

destaque os seminários feitos sobre os Clássicos da Pedagogia. Além de

estudá-los, o desafio feito à turma de Magistério era de apresentar uma

síntese do pensamento de cada autor para o conjunto dos estudantes em

Tempo Escola no Instituto. Foi ficando mais clara a importância do domínio

da própria história da pedagogia para que os educadores consigam analisar

sua prática específica em perspectiva, e também compreender a dimensão

c os vínculos históricos do próprio projeto de educação do MST.

A propósito da necessidade de adequação do curso à nova legislação,

em 2001, junto com o novo batismo da Escola (antes Escola de Ensino

Supletivo Josué de Castro) que passou a ter o nome de Instituto de Educação

Josué de Castro, nasceu o nome e o formato atual do Curso Normal de

Nível Médio do IEJC. Um curso único que combina o ensino médio com a

formação de educadores para os anos iniciais do ensino fundamental,

permitindo ênfases em educação infantil e educação de jovens e adultos. A alteração curricular e a ampliação da carga horária total do curso na verdade formalizaram um conjunto de atividades que já desenvolvíamos, mas que

não compunham a base curricular oficial do curso. O agora chamado Trabalho

de Conclusão do Curso - TCC é uma destas atividades; também as práticas

pedagógicas e os estudos de educação infantil e educação de jovens e adultos

e uma ampliação da formação proporcionada aos estudantes; ampliamos tanto a formação geral como a própria abrangência da formação pedagógica,

que não pode ficar presa somente ao mundo da escola, por mais importante

e desafiante que ele também possa ser.

A turma 8, "Filhos de Roseli Nunes", teve uma ênfase no seu currículo

em educação de jovens e adultos; a 9, "Turma Salete Stronzake", tem uma

ênfase em educação infantil.

A partir da turma 8, o processo de pesquisa, que culmina na elaboração

do TCC, passou a ser desenvolvido a partir de grupos temáticos com orientação específica durante o Tempo Escola. O projeto e a elaboração do trabalho monográfico continuam sendo de cada pessoa, mas os estudos e o processo de orientação passaram a ser nestes grupos. O TCC tem sido visto

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como uma estratégia importante de formação dos educadores; além disso, traz a realidade dos educandos para mais perto da escola, contribuindo para que o conjunto do IEJC conheça e reflita sobre as transformações que vêm ocorrendo nas práticas pedagógicas assumidas pelo Movimento.

Com a reformulação do curso mudou também o perfil dos educandos.

Nas primeiras turmas havia uma exigência de que os estudantes já fossem

professores em exercício nas escolas dos assentamentos ou acampamentos.

No formato atual, que é de um Curso Normal regular, apenas com uma forma diferenciada de organização curricular (alternância entre tempo escola

e tempo comunidade), não há mais esta exigência formal de já ser um

educador em exercício e nem há mais o limite de idade. Na prática então,

as turmas 8 e 9 trouxeram para o IEJC educandos e educandas muito jovens, alguns ainda adolescentes, filhos e filhas de assentados, recém concluintes

do ensino fundamental. Esta nova realidade dos sujeitos tem exigido da

equipe do IEJC reflexões sobre a própria especificidade do trabalho

pedagógico com esta faixa etária, bem como sobre uma necessária

intencionalidade na inserção destes jovens nas práticas e na organicidade

do Movimento. Também nos está fazendo pensar sobre as características específicas da formação de educadores em cursos de nível médio.

Dada nossa preocupação e "vocação" de origem com a educação de jovens

e adultos, fizemos a opção de organizar uma nova turma, é a de número 10,

cujo foco é a "complementação de estudos", prevendo a formação para

educadores que já têm o ensino médio. Esta turma iniciou em agosto de 2004

e é a mais recente no IEJC. Retornaram estudantes com média de idade mais

alta para partilhar suas experiências de vida com os educandos mais jovens que hoje predominam nos diversos cursos que se realizam no IEJC.

Em nossa avaliação, um dos graodes desafios que se coloca desde as primeiras turmas é a garantia de uma equipe permanente de acompanhamento personalizado aos educandos e às educandas de cada

turma, fundamental para a qualificação do processo de formação. Cada

estratégia pedagógica pensada no curso precisa ter sua implementação

acompanhada, o que inclui uma atuação junto ao coletivo da turma, mas

também junco a cada pessoa envolvida no processo. No IEJC isto tem sido realizado combinando a presença da equipe de educadores interna à escola com pessoas que vêm para a tarefa específica do acompanhamento, designadas pelo setor de educação do MST Nem sempre temos conseguido a composição adequada destas equipes e as dificuldades que aparecem em cada turma tem nos exigido uma atenção especial.

Em torno de 300 educadores já concluíram nosso curso. Temos trabalhado com duas turmas de Normal Médio simultâneas no IEJC, geralmente em períodos alternados, convivendo com outros cursos que ali se desenvolvem. Não temos dúvida de que esta iniciativa ajudou a impulsionar a organização

do Setor de Educação do MST, tanto a nível nacional como nos estados. O

grupo foi se qualificando, tomando fôlego e ampliando o debate em torno de

que formação e de perfil de educador precisamos em nossas áreas de

assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária.

Currículo em Movimento

Uma das características que perpassa nosso currículo desde o início é a

gestão participativa do curso. Tudo passa pela mão dos educandos e das

educandas, que são convocados a assumir a condição de sujeitos do seu

processo formativo, coletivamente. Não são eles sozinhos que definem o

formato do currículo, mas na gestão dos espaços, na formação e avaliação

do processo refletem sobre a própria prática, constroem conhecimentos e

contribuem nas transformações do projeto pedagógico do curso, incluída

sua orientação curricular.

O currículo, para nós, é uma prática que se expressa nas funções que

cada um e cada uma desempenha de forma socializada e, mediante a qual,

o grupo assegura a gestão, a aquisição de experiências, os conhecimentos,

social e historicamente acumulados e culturalmente organizados no coletivo

da Escola. O currículo, apresentado desta forma, é uma prática social e

dialógica, organizada nos diferentes tempos escolares, tendo significados sócio-culturais, pedagógicos, éticos e humanos.

"( ... )currículo é, afinal, o modo de organizar a socialização e

a produção da cultura na escola, envolvendo todos os tipos de

práticas sociais, de saberes e de valores que a isso dizem

respeito. Neste sentido, e partindo do princípio de que a escola tem sua essencialidade exatamente na esfera cultural da sociedade, fica clara a importância desta questão sobre 'qual o

currículo que nos interessa', dentro da discussão mais ampla sobre o projeto político e pedagógico a ser assumido pela escola dos trabalhadores" .(CALDART, 1997a, p. l 5)

O processo de construção do conhecimento, para o MST, está

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intimamente ligado à mudança de práticas e de comportamentos que agridem a vida da terra e de todos os seres que nela habitam. Por isso, os

cursos do IEJC trazem uma tônica curricular que é a do sujeito refletir sua

própria prática, de modo que vá se formando na própria ação concreta; precisa

ser capaz de ler além do que está escrito nos livros; precisa saber ler o mundo

e ser capaz de lutar para transformá-lo para melhor.

"Todo o processo pedagógico deve culminar nesta

conscientização que confere ao ser humano, homem e mulher,

um alto significado universal. A partir desta conscientização

fica claro que o valor supremo e global é salvaguardar o planeta

Terra e com ele o universo e garantir aquelas condições que o

cosmos construiu em 15 bilhões de anos de trabalho para que

toda a vida possa manter sua tendência interna que é realizar,

se reproduzir e progredir, especialmente a vida humana". (Boff,

2004, p. 170)

Queremos, enquanto Movimento de homens e mulheres que lutam, a

partir da bandeira da Reforma Agrária, por uma nova sociedade, buscar

através do processo educativo, construir um novo paradigma pedagógico

curricular, que possibilite a todos e todas romper com "a ignorância de um

falso conhecimento científico que tudo agride e destrói". Queremos lutar

por valores ecológicos para reparar danos e cuidar para que as futuras

gerações tenham mais saúde e abundância. Queremos também que

educação e Reforma Agrária caminhem juntas para que o povo camponês

possa contar outra história, a partir da sua própria ação-reflexão-ação, e não

aquela dos fracassos escolares e do caminhar interminável em busca de

terra para plantar.

Este é nosso currículo, que deve se desdobrar em ação concreta na

realidade de cada um e de cada uma, desvelando as contradições do processo

histórico tendo em vista a transformação social. Este é o projeto pedagógico

que queremos e estamos construindo para nossas escolas. Cada educando

e educanda que se forma para ser educador e educadora do campo precisa

levar consigo o símbolo da transformação e contribuir com a comunidade onde estiver inserido em um processo de mudança.

São estruturantes do currículo do nosso curso: os processos de gestão, o trabalho, as práticas pedagógicas e o processo de pesquisa; cada um destes

processos permeado pelo desafio de inserção crescente na dinâmica do

próprio Movimento.

D Gestão da Escola

Em uma organização escolar onde a gestão é democrática a escola se

transforma em um espaço permanente de Úoca de experiências e de

participação ativa por parte dos estudantes. O diálogo é permanentemente

fomentado nos espaços coletivos e a escola torna-se um pólo irradiador de

culturas e de construção e reconstrução de conhecimentos.

No início da experiência deste curso os educandos organizavam sua

participação na gestão a partir de suas equipes de trabalho e desta forma

também davam conta de garantir seu funcionamenro: manter a casa, cuidar

da horta e do jardim, alimentar as galinhas, tirar leite das vacas, fazer os

consertos necessários na casa e, em alguns momentos específicos, ir também

para a lavoura. Havia também grupos encarregados da cultura, da informação,

os que faziam parte da coordenação pedagógica do curso e contribuíam na

tomada de decisões e nos encaminhamentos pedagógicos de cada etapa.

Durante esta trajetória combinamos processos de co-gestão e de autogcstão

dos escudantes, levando em conta as condições objetivas e as discussões do

próprio MST sobre formas cooperativas de gestão.

A autonomia é conquista, é ousadia em experimentar o novo, é confiança

nos coletivos da Escola, é a capacidade das pessoas em resolver os problemas

se desafiando a enfrentá-los; é problematização coletiva das questões do

dia a dia. Esta capacidade de saber se organizar nos diferentes tempos da

Escola, participando ativamente do processo, leva educandos e educadores

a estabelecer novas relações sociais entre si. Para gerir o espaço é preciso

dialogar com os diferentes sujeitos, respeitar as diferenças; e é preciso refletir

e avaliar o processo permanentemente.

Uma gestão democrática não acontece ao acaso, ela é fruto de um longo

processo pedagógico, onde os sujeiros dialogam, refletem sobre suas práticas

e interagem nos diferentes coletivos da Escola. Esta maneira de agir leva

as pessoas a refletir sobre suas práticas e construir a gestão na própria ação.

D Trabalho na ação educativa

O trabalho para nós é um princípio fundante da ação educativa e se

expressa nos tempos da Escola. Por isso, vinculamos educação e mundo do

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trabalho no Projeto Pedagógico da Escola e do Curso, ou seja, queremos valorizar o trabalho e aprender na própria ação. Isto implica construir um processo pedagógico onde educandos e educandas sejam capazes de se transformar a partir do trabalho pedagógico, produzindo-se enquanto produzem as condições objetivas de sua própria existência. (Marx)

Não queremos que os/as estudantes realizem tarefas sem saber porquê.

Há uma preocupação em garantir espaços de reflexões, debates e avaliações

das práticas para que se tornem aprendizagens; estimulando e desafiando

todas as pessoas para que se formem a partir de sua própria ação; colocando

suas hipóteses cm jogo, analisando-as, fazendo relação entre a prática e a

teoria; e para que se envolvam no processo com responsabilidade e

autonomia e possam estabelecer relações entre educação e trabalho.

É a partir do trabalho, da sua organização nos tempos e espaços da

escola, que é balizado o currículo deste curso. Isso tudo, implica a superação

da concepção curricular tradicional, que é a transmissão de saberes e a

repetição de exercícios pela cópia e memorização mecânica. Nesta proposta

metodológica o estudante é parte na ação concreta que constrói e reconstrói,

todos os dias, o "trabalho como um princípio educativo" e tenta no dia a dia

fazer o diálogo pedagógico entre a prática e a teoria, buscando conformá-la

como verdadeira práxis.

D Práticas Pedagógicas

Na trajetória deste curso de for.mação de educadores fomos cada vez

mais enfatizando as práticas pedagógicas por entender que a prática materializa todo o aprendizado construído no tempo escola. Como a prática

pedagógica é parte do processo formativo do curso e, também, se constitui como parte da concepção de educação que temos em um processo de ação­

reflexão-ação, ela passou a ser refletida nos vários espaços pedagógicos dos

diversos tempos educativos. Assim sendo, constituímos no processo diferentes formas de os educandos realizarem suas práticas, tanto no Tempo

Escola como no Tempo Comunidade. O formato atual aparece descrito no

Projeto Pedagógico do Curso.

D Pesquisa - Trabalho de Conclusão do Curso

O processo de pesquisa, tal como o temos hoje, iniciou com a turma 6 de Magistério. O processo é desencadeado e acompanhado através da

disciplina de Metodologia da Pesquisa, que acontece em todas as etapas, a partir da segunda. Aos poucos fomos percebendo a importância pedagógica

deste exercício mais rigoroso de análise de uma realidade concreta em vista da formulação de alternativas para superação de problemas. O objetivo

principal é o da formação de uma postura inquiridora e reflexiva diante das

situações do cotidiano, além de pretender ser um estímulo importante para

atividades de leitura, escrita e aprofundamento teórico.

Desde as primeiras turmas que passaram a realizar no curso esta

atividade fomos construindo alguns princípios básicos deste trabalho, tendo

preseme o projeto mais amplo de formação destes educadores. São eles:

uso social do conhecimento ("conhecer é resolver" ); relação prática-teoria­

prática, combinando procedimentos de pesquisa de campo e pesquisa

bibliográfica, análise da realidade e elaboração de teses propositivas;

seriedade e rigor científico; produção coletiva de conhecimento: a escrita

pode ser uma atividade solitária, mas o processo de elaboração pode e deve

ser partilhado e nascer do diálogo com os sujeitos envolvidos no processo

da pesquisa.

Educadores do Curso

São sujeitos do processo da Escola e do Curso. Buscam contribuir e

crescer neste Projeto Pedagógico que visa transformar homens e mulheres

cm construtores de conhecimentos e de um novo paradigma social. São educadores e educadoras que acreditam na Reforma Agrária, que preparam

suas aulas a partir da orientação deste projeto. São sujeitos autônomos e

livres, integrados no processo para construir o novo conhecimento a partir das vivências trazidas pelos educandos e educandas, respeitando as suas realidades, culturas e diferenças.

São sujeitos com histórias diferentes, que entraram no processo da Escola cm tempos diferentes e de diferentes formas, mas uma coisa é clara, todos e todas ali se encontram porque de uma maneira ou outra têm identidade com

o nosso Projeto de Reforma Agrária e de uma Educação do Campo.

No início de nossa trajetória estes sujeitos que contribuíram no trabalho pedagógico vinham, alguns das universidades, outros das redes públicas e outros ainda já vinculados ao Movimento Sem Terra.

Ao longo do tempo, por conta dos diversos cursos que foram implementados no Instituto, fomos levados a organizar e constituir um corpo fixo de educadores que compõem os vários setores de trabalho do IEJC. Há também um outro grupo de educadores que se vincula ao ITERRA ou

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ao setor de educação do MST e tem atuação específica em cada etapa do

curso, com atividades geralmente vinculadas à coordenação do curso. Um

terceiro grupo continua vindo das Universidades ou das redes públicas para

contribuir no processo de formação dos educandos e educandas,

especificamente no tempo aula ou no acompanhamento de oficinas e de

práticas pedagógicas. Este último grupo vem se constituindo como parceiro

no processo de reflexão sobre o projeto pedagógico dos cursos. São pessoas

que vêm, desenvolvem suas atividades específicas e retornam para as suas

instituições de origem.

Estes educadores e educadoras, que trabalham na formação destes

educandos e educandas do Curso, têm clareza da proposta pedagógica e

metodológica da Escola e do projeto de Reforma Agrária a que ela se

vincula; por isso somente continuam neste processo aquelas pessoas que

acreditam nele.

Formação

Neste caminho, travessia, foi se constituindo um processo de formação de

educadores para trabalhar nas escolas do campo e de constituir pessoas capazes

de se preocupar cm construir um espaço ético e humanizador nas relações

sociais. Nesta perspectiva sempre houve um repensar sobre a prática pedagógica

e a necessidade de se ter um processo permanente e continuado de formação.

" ( ... ) a formação é entendida como um processo através do

qual as educadoras e os éducadores constroem as competências

sociais, políticas e técnicas, necessárias à sua participação

criativa nas ações transformadoras que estão sendo produzidas

pelo (através do ou com o) MS'l~ desde o lugar e o tempo

específico da educação. lsto quer dizer, estar preparada/o para

implantar um projeto/movimento educacional coerente com o

projeto/movimento político-pedagógico que tem sido

produzido na luta pela Reforma Agrária e pela transformação

social em nosso país". (CALDART, 1997, p.109-110).

Sabemos que a formação, processo inacabado que é, exige um repensar

constante e um refletir permanente cm busca da materialização do que

queremos alcançar. Repensar que nos remete avaliar a própria prática individual e coletiva, redefini ndo os rumos e traçando novos desafios e

frentes de trabalho. Ela também é entendida como um processo

permanente, continuado e sistemático de reflexões, debates, buscando na

teoria subsíd io para que sejamos capazes de implementar na prática

pedagógica, a práxis que queremos.

A formação inclui tanto processos de ensino corno de capacitação e, por

isso, se investe em urna formação que seja capaz de gerar permanentemente

a rroca, a reflexão, a avaliação, a pesquisa e a produção de novos

conhecimentos, para que educandas e educandos se sintam envolvidos e

possam contribuir qualitativamente na elaboração e aperfeiçoamento dos

processos educativos, construindo acúmulos individuais e coletivos a partir

das realidades em que estão inseridos, possibilitando a construção coletiva

de um novo projeto de educação do campo.

O processo de formação pedagógica visa propiciar, para estes sujeitos,

uma experiência de organização e gestão do espaço escolar e um debate

conceituai e metodológico que os leve a repensar a escola do campo. Para

isso buscamos concretizar um trabalho pedagógico interdisciplinar (as áreas

de conhecimento dialogando entre si) e que e::steja cm sintonia com a

realidade, a cultura e as vivências/experiências dos mesmos.

Esta formação inclui também a socialização, a produção e o cultivo de

saberes éticos, solidários e humanizadorcs, de comportamentos e valores

que possibilitem a construção de uma consciência social emancipadora e

transformadora da realidade. Isto traz em seu bojo uma implicação

pedagógica necessária, que é a combinação entre a formação recebida e a

ação concreta no espaço social. E esta combinação tem um princípio

metodológico básico que é: formar na ação.

Queremos dizer que a formação tem uma finalidade específica e clara:

ela deve estar impregnada de vivências em um ambiente educativo que

propicie a construção de uma postura ética e humana que avance na

consolidação de um projeto de desenvolvimento para o campo. A própria

concepção de educação professada pelo Instituto de Educação Josué de

Castro nos diz:

" O Instituto tem por filosofia os seguintes princípios: a)

Educação de qualidade social para todos; b)compromisso com

a educação básica do campo; c) educação que ajude a preparar

os sujeitos das transformações sociais; d) educação voltada para

as várias dimensões da pessoa humana; e) educação que cultive

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valores humanistas; f) educação para o trabalho e a cooperação;

g) educação como processo permanente de formação e

transformação humana". (Projeto Pedagógico, 2001)".

As dimensões da formação que são trabalhadas neste curso não se

esgotam cm si mesmas porq uc sabemos da complexidade que é um processo

de formação continuada, sistemática e permanente; mas temos presente

que é necessário e possível desencadear um movimento formativo que

possibilite, nos vários tempos e espaços de educação em que os sujeitos

vivem e convivem, um repensar constante sobre a prática e a teoria fazendo

um entrelaçamento entre ambas para que as pessoas possam avançar na

construção do conhecimento, de forma consciente, solidária e rigorosa. Por

isso fazemos um esforço pedagógico para vincular os trabalhos do tempo

escola com os do tempo comunidade, de modo que não se dicotomize prática

e teoria e, também, para que o conhecimento adquirido não se torne apenas

discurso, transformando-se em prática concreta na vida destes educandos e educandas.

Tentamos, ainda, um esforço maior, o de que o tempo escola não se

constitua somente de estudos teóricos e o tempo comunidade de práticas.

No tempo escola também há práticas e a participação de cada educando e

educanda nos diferentes tempos educativos estimula uma permanente

relação entre teoria e prática. E no tempo comunidade além do trabalho

docente, da grande maioria, há o trabalho com a pesquisa, as atividades de

leitura, a elaboração de relatórios, a coordenação de processos pedagógicos

em conjunto com outras atividades práticas.

A nosso ver estes dois tempos educativos, estabelecidos no processo

de formação, afinam a relação da escola com a realidade de origem dos

educandos. Eles trazem aprendizados de suas realidades e voltam levando aprendizados produzidos no coletivo do IEJC.

Os processos formativos buscam concretizar o desencadeamento de

ações e participação de todos os sujeitos do processo, definindo espaços,

instâncias e tempos pedagógicos com movimentos previamente planejados,

construindo sínteses teórico-práticas, em um processo de socialização das

práticas pedagógicas em espaços próprios de estudo, socialização de

experiências continuadas e permanentes de formação, sistematizações,

avaliações e articulações internas e externas (para além do espaço do IEJC).

Ter uma intencionalidade pedagógica no que vamos ensinar, sobre nossas

relações, nossa postura frente às demandas de formação da classe

trabalhadora camponesa, nossa pertença à organização e o exercício da crítica

propositiva e da autocrítica.

"O IEJC quer ajudar a politizar o cotidiano dos educandos Sem

Terra e trabalhar sua firmeza ideológica, para que consigam

fazer de suas ações e questões do dia a dia, práticas que somem

na luta maior, no projeto maior. Temos um grande desafio de

mais coerência entre o que aprendemos nas grandes lutas e o

que fazemos nos detalhes cotidianos da produção, da educação,

do re lacionamento entre as pessoas, nas famílias, na relação

com os seres da natureza. Politizar o cotidiano quer dizer

aprender a relacionar uma coisa com outra, e em cada atividade

realizar o projeto, a utopia em que afirmamos acreditar, e que

nos move." (IEJC, Projeto Pedagógico, 2001)

Além da preocupação com uma educação que seja de qualidade teórica

há também uma preocupação com uma formação de qualidade humana e,

para isso, se busca a sensibilização dos educandos e educandas para a busca

de valores que humanizam e para o combate aos (anti) valores capitalistas

que desumanizam, destroem e levam à apatia social.

Neste sentido há também o desafio do debate reflexivo sobre o cuidado

com a terra, a água e a vida para preservá-las, aperfeiçoando o nosso

conhecimento sobre tudo que faz parte da natureza. Produzir alimentos

saudáveis, plantar ao invés de cortar, tratar adequadamente o destino do

lixo, combater roda e qualquer prática de agressão à natureza, ser solidário

com as causas sociais, indignar-se contra as injustiças sociais e a exploração

de qualquer espécie. É nosso dever saber cuidar.

" A vontade de tudo dominar nos está fazendo dominados e

assujeitados aos imperativos de uma Terra degradada. A utopia

de melhorar a condição humana piorou a qualidade de vida. O

sonho de crescimento ilimitado produziu o subdesen­

volvimento de dois terços da humanidade, a volúpia de

utilização oprima! dos recursos da terra levou à exaustão dos

sistemas vitais e à desintegração do equilíbrio ambiental. ( ... )

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trabalho e a criatividade, por causa da revolução tecnológica, da informatização, da robotização, são dispensados e os trabalhadores excluídos até do exército de reserva do trabalho explorado. Ambos, terra e trabalhador, estão feridos e sangram perigosamente". (BOFF, 2004, p.23)

É contra este falso progresso que lutamos e construímos espaços de

reflexão e cuidado com a vida em seu sentido mais amplo. É preciso saber

que por trás da ética existe uma mística e precisamos urgente de uma re­

ligação com a natureza sob pena de nada mais restar.

Avaliação

Toda ação educativa requer uma reflexão sobre a prática pedagógica e,

assim sendo, a avaliação cumpre um papel estratégico na construção do conhecimento. É a partir dela que podemos reelaborar e reorientar o

processo, enriquecendo as experiências vividas pelos diferentes coletivos

e nos diferentes tempos educativos. A avaliação quando desempenha este

papel estratégico no currículo, possibilita avanços individuais e coletivos.

E nós enquanto coletivo que integra o IEJC optamos por uma avaliação

emancipadora, onde todos e todas se avaliam e avaliam o processo.

A concepção metodológica de avaliação foi concebida, entendida e vivenciada mediante dois processos que se complementam entre si. De

um lado ela tem o caráter diagnóstico para contribuir com o avanço das aprendizagens dos educandos e educandas e serve para que a interferência

pedagógica junto aos mesmos tenha significado e seja dialogada com os

saberes trazidos por estes trabalhadores e estas trabalhadoras do campo.

De outro lado, a avaliação tem caráter processual e cumulativo, porque se

procura estabelecer relação com as transformações ocorridas, com os

estudantes, no decorrer do processo pedagógico, revendo as práticas, os avanços e construções de cada um e de cada uma .

No início, apesar de estarmos pautados por uma educação que buscava a humanização, o trabalho coletivo, a solidariedade e a emancipação, continuávamos, no final do processo, a usar a nota como conceito final. Mesmo que esta nota não fosse a representação de uma visão única de um só educador, nem tampouco forma de opressão para os estudantes, sabíamos que era necessário mudar, pois historicamente isso simbolizava uma ideologia pedagógica pautada na exclusão social.

E mudamos. Depois de muitos debates, reflexões e ponderações de diferentes pessoas e coletivos chegamos a um consenso: a expressão da

avaliação passou a ser feita através de pareceres e o processo passou a ter como referência principal as metas de aprendizagem, definidas para o curso

e retrabalhadas no planejamento de cada etapa.

A elaboração dos pareceres passa por alguns coletivos: os educadores, a

coordenação do curso, a avaliação dos educandos e educandas entre si, a

auto-avaliação de cada um e cada uma. Esta avaliação permite verificar,

refletir, e analisar se estes estudantes se apropriaram de conceitos,

habilidades, conteúdos e temas trabalhados, se conseguiram atingir as metas

de aprendizado e criar condições de vivência coletiva de solidariedade, ética,

criticidade e autonomia. E, por fim, esta avaliação possibilita reorientar o

processo pedagógico visando superar as insuficiências, as dificuldades e as

contradições.

A avaliação, portanto, é mais do que só um referencial para saber se os

estudantes aprenderam ou não (ação investigativa para identificar as

dificuldades existentes no desenvolvimento das aprendizagens), é também,

um apoio às definições políticas e pedagógicas que concretizamos através

das relações que se estabelecem, coletivamente, nos diferentes espaços e

tempos educativos da Escola. Trata-se da construção de critérios e estratégias

que possibilitam o enfrentamento de situações adversas, visando aprimorar

as práticas, a teoria e a vivência coletiva.

Para além do currículo da escola

As frentes para a escolarização na reforma agrária são muitas; o trabalho a ser construído é imenso e tudo isso exige uma resposta imediata e organizada e, por isso, hoje, levantamos a bandeira por educação e terra

para que possamos garantir o direito inalienável por escolarização dos trabalhadores do campo, desde a educação infantil até a educação universitária, e um pedaço de terra para plantar. Buscando qualificar cada

dia mais o projeto pedagógico que escolhemos ajudar a construir e vivenciar.

Neste contexto histórico vamos caminhando no tempo, desafiando e tecendo histórias e sendo desafiados permanentemente. Vamos criando alternativas para superar a defasagem histórica de escolarização no Movimento, buscando novas formas de inserção na terra e na escola. Não qualquer escola, mas uma escola que assuma o desafio de construir um novo paradigma de educação, que não seja restrito à dimensão técnieo­instrumental, mas que permita a crianças, jovens e adultos se apropriarem

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criticamente do conhecimento científico, produzindo novos

conhecimentos a partir das suas realidades e assim se constituírem como

cidadãos do/no mundo.

Cada turma iniciada e concluída é uma vitória; uma nova conquista.

Exatamente porque esta formação/escolarização é somada ao exercício pleno

da cidadania, que acontece pela participação destes sujeitos na dinâmica

de um Movimento Social que luta pelo sagrado direito à vida, ao trabalho,

à dignidade.

Este Curso, que vem se construindo e reconstruindo ao longo de quinze

anos, nesta fecunda relação com a luta por terra e por reforma agrária cm

nosso país, deve ser capaz de dar sustentação às necessidades de

escolarização, de construção intelectual e social dos camponeses sem-terra

e permitir a estes sujeitos, nascidos e surgidos do e no campo, o direito de

reescrever sua história.

Por isso ele não é só um curso; é um espaço pedagógico de construção

diária das possibilidades efetivas de uma nova sociedade, que seja capaz de

ser inclusiva, que respeite as diferenças e seja humanizada. A saída não é

individual e esta visão integradora deve possibilitar o fortalecimento de um

novo ser humano capaz de, coletivamente, buscar a vivência plena dos valores

que libertam e promovem homens e mulheres a uma vida mais plena.

"A história se faz projetando o futuro a partir das lições do

passado cultivadas no presente. E não há como se manter como

um lutador do povo sem uma perspectiva histórica". (IEJC,

Projeto Pedagógico, 2001)".

Esta frase está colocada no Projeto Pedagógico do IEJC e tem uma

intencionalidade objetiva, a de que não esqueçamos de olhar para o caminho

construído pelos nossos antepassados, de olhos abertos, pés fincados no

chão e coração na luta; fazendo uma leitura micro e macro da realidade,

respeitando a cultura do povo e nos formando na ação concreta e real em

uma perspectiva de transformação histórica.

Nossa história continua porque a humanidade está permanentemente em travessia. Mudam os sujeitos que fazem a história ser dinâmica, ora

com avanços, ora com recuos. Mas esta deve ser a utopia que faz com que o homem e a mulher do campo não parem de caminhar e lutar.

Referências Bibliográficas

BOFI-; Leonardo. Ecologia: Grito da Terra-Grito dos Pobres. Rio de janeiro:

Sextante, 2004.

BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória. Ensaios de psicologia social. São

Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

CALDART, Roseli Salete. Educação cm Movimento. Formação de educadoras e educadores no MST. Petrópolis: Vozes, 1997.

_______ . Formação de educadores/as no MST. Um currículo em

movimento. Porto Alegre: UFRGS, fevereiro de 1997(a). Monografia

apresentada para o Seminário Avançado: "O currículo nos limiares do

contemporâneo" do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de

Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

!TERRA. Instituto de Educação Josué de Castro: Projeto Pedagógico.

Cadernos do !TERRA, ano 1, nº 2, maio de 2001.

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Parte 2 Projeto Pedagógico Atual 2

Elementos básicos

Introdução 1. Características Gerais do Curso

1.1 Modalidades 1.2 Legislação e documentos suporte

1.3 Duração 1.4 Alternância

1.5 A quem se destina

2. Elementos de concepção

2.1 Educação

2.2 Formação de Educadores

3. Objetivos 3.1 Do conjunto das Turmas

3.2 De cada Turma

4. Perfil Profissional esperado

5. Eixos de Aprendizado

6. Componentes Curriculares e Estratégias Pedagógicas Principais 6.1 Tempo Escola

a) Inserção nos processos de gestão e de trabalho do IEJC b) Vivência de diferentes Tempos Educativos c) Estudo a partir de metas de aprendizagem

d) Práticas Pedagógicas Acompanhadas e) Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC f) Processo de avaliação participativo e vinculado às metas de aprendizagem g) Participação em atividades do Movimento fora do IEJC

''fexto elaborado em dezembro de 2001 e revisado durante o segundo semest re de 2004.

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h) Reflexão sobre as vivências do período i) Acompanhamento

6.2 Tempo Comunidade

a) Inserção na organicidadc do MST

b) Atividades de complementação de estudos

e) Práticas Pedagógicas Acompanhadas

d) Pesquisa

e) Reflexão sobre as vivências do período

O Acompanhamento

7. Processo de Avaliação

8. Organização do trabalho de educadores e educadoras do curso

9. Anexos

9.1 Exemplo de construção de quadro de metas de

aprendizagem por etapa.

9.2

9.3

9.4

9.5

9.6

Disciplinas, carga horária e ementas gerais conforme Plano

de Estudos.

Organização das Práticas Pedagógicas do Curso.

Meras para Elaboração do TCC.

Exemplo de quadro de oficinas e seminários por etapa.

Normas de Ingresso e Permanência no Curso - conforme

Regimentos aprovados pelo CEED RS.

Introdução

Este documento sintetiza o Projeto Pedagógico - PROPED do Curso

Normal de Nível Médio do Instituto de Educação Josué de Castro, do

!TERRA Trata-se de um documento de trabalho que serve de orientação

geral para o desenvolvimento do curso em cada turma, para avaliação geral

e final do processo e para a elaboração do Projeto Metodológico - PROMET

de cada etapa. Na dinâmica da escola onde se realiza, ele se combina e

deve ser compreendido na relação e como um dos desdobramentos do

Projeto Pedagógico do IEJC.

Nosso Curso é concebido para não se esgotar em si mesmo. Seus

objetivos e estratégias de formação se definem e redefinem nas relações e

nos processos educativos mais amplos que nem começam nem terminam

nele. Nossas principais raízes de cultivo são as seguintes:

• A organicidade e o movimento da luta e da formação dos sujeitos

do MST.

• A Pedagogia do Movimento.

• O Projeto Pedagógico do IEJC/ITERRA.

• O Movimento Por Uma Educação do Campo.

• O Movimento de construção de um Projeto Popular para o Brasil, e

dentro dele de um Projeto Popular de Desenvolvimento do Campo.

• O Movimento de resistência para construção de um outro mundo possível.

Por isso mesmo a projeção registrada neste documento não pode ser

tomada como absoluta ou inflexível. Ela mesma é fruto de um esforço de

sistematização das experiências desenvolvidas nas primeiras turmas e, como

tal, se coloca em processo. O PROPED deve ser tomado como uma

referência para pensar e repensar, fazer e refazer o curso a cada turma e a

cada etapa, acompanhando o movimento de suas raízes, dos seus sujeitos concretos, da realidade.

Assim como o início de uma nova turma deve provocar uma reflexão

mais demorada sobre o conjunto do projeto pedagógico do curso, o início

de cada etapa de uma turma deve instigar uma reflexão cuidadosa sobre o processo de formação de seus sujeitos. A cada momento destes é preciso se

perguntar com serenidade e coragem: continuamos enraizados no

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Movimento? continuamos ajudando a enraizar as pessoas: em sua coletividade, na história, no movimento da luta? continuamos olhando para nossos educandos e nossas educandas corno sujeitos humanos e sociais?

Da mesma forma para o conjunto dos educadores e educadoras que

trabalham conosco neste curso? já conseguimos conhecê-los bem? Estamos

ajudando através desta nossa prática a construir a Escola do Movimento? a

Escola da Educação do Campo? Um outro projeto de país? O que sabemos

efetivamente dizer sobre cada um dos sujeitos envolvidos no nosso curso e

sobre seu processo educativo? Que profissional da educação e que militante

social estamos ajudando a formar através deste curso? Que estratégias

pedagógicas têm se mostrado mais adequadas aos objetivos da formação

q uc pretendemos?

É importante que cada momento de nossa reflexão sobre o processo, e

especialmente estes momentos mais demorados e profundos, sejam

registrados de modo a servir efetivamente como guia para a continuidade

das ações. Para nós a reflexão e o registro fazem parte da própria concepção

do curso. Sem eles as raízes tornam-se mais frágeis e podem até deixar de

ser notadas, encobertas por uma rotina que tende a deixar de lado o principal:

o Movimento, no sentido mais amplo e profundo desta palavra.

1. Características Gerais do Curso

1.1 Modalidades

Em seu formato legal atual o Curso Normal (de Nível Médio) do IEJC

pode ser c.k:senvolvido nas seguintes modalidades, conforme Parecer de

aprovação nº 723/2001 do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande

do Sul - CEEO RS:

• Formação de professores para atuar na educação infantil e nos quatro

anos iniciais do ensino fundamental. (6 etapas, 3400h, incluindo estágio de

400h)

• Formação de professores que já tenham concluído o ensino médio - complementação de estudos - ênfase nos quatro anos iniciais do ensino

fundamental. (3 etapas, 1600h, incluindo estágio de 400 horas)

• Formação de professores para atuar nos quatro anos iniciais do ensino fundamental e na educação de jovens e adultos - anos iniciais. (6 etapas, 3400h, incluindo estágio de 400 h)

Este Projeta trata do curso como um todo, não chegando a entrar no

detalhamcnto específico de cada modalidade, o que deve ser feito cm reflexão e texto próprios ao planejamento de cada turma.

A escolha da modalidade é feita a cada turma, previamente ao seu início.

Esta definição cabe ao Setor de Educação do MST em conjunto com o JTERRA (mantcnedora do IEJC), a partir de análise coletiva da demanda

prioritária nos estados e características dos educandos e das educandas que

estão sendo indicados para o curso.

1.2 Legislação e Documentos Suporte

O curso está organizado de modo a atender seus objetivos gerais e

específicos respeitando a legislação em vigor, em especial a LOB e a

legislação específica do estado do RS para Ensino Médio e para o Curso

Normal.

Este Projeto Pedagógico se realiza combinado ao que está previsto no

Regimento Escolar do Instituto de Educação Josué de Castro (CEED RS, Parecer 145/2001), no Regimento Parcial para o Curso Normal de Nível

Médio e no seu Plano de Estudos (CEED RS, Parecer 723/2001).

Na execução prática de cada etapa do Curso o Projeto Pedagógico e o Plano de Estudos se desdobram no Projeto Metodológico da Etapa -

PROMET, documento que vai sintetizando os ajustes pedagógicos requeridos pela análise do processo de formação dos sujeitos concretos de

cada turma, bem como pela dinâmica das relações que sustentam a proposta de formação de educadores do campo vinculados ao MST.

1.3 Estrutura do Currículo

O Curso Normal estrutura-se, como todos os cursos que se desenvolvem

no IEJC, em etapas, cada uma constituída de dois grandes Tempos, o Tempo Escola e o Tempo Comunidade.

O Tempo Escola é o tempo de presença direta dos educandos no IEJC para desenvolvimento do conjunto de atividades do Curso e participação

no processo pedagógico geral do Instituto. Este tempo é organizado através de tempos educativos menores conforme estratégia pedagógica definida em cada momento.

O Tempo Comunidade é o tempo de retorno ou de presença direta dos educandos no dia a dia dos acampamentos e assentamentos realizando tarefas delegadas pelo IEJC e ou pelas instâncias do MST responsáveis pelo seu acompanhamento neste Tempo. Combina atividades de escudo com a participação direta nas ações do Movimento, continuando ou iniciando

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a realização das tarefas para ou pelas quais os educandos estão neste Curso específico, e atendendo as demandas específicas de trabalho em cada local. A orientação é que, na medida do possível, se mantenha a organização do

dia em tempos menores, continuando o aprendizado de organização pessoal

desenvolvido durante o Tempo Escola. (PROPED IEJC, 2001)

Na organização dos estudos de cada etapa a orientação é de que se

combinem os focos da formação geral com os da formação profissional

pretendida. A carga horária prevista na base curricular do curso é

desenvolvida predominantemente no Tempo Escola, exceto práticas

pedagógicas e de pesquisa que precisam ser feitas nas comunidades de

origem dos educandos/das educandas.

A estrutura do currículo do Tempo Escola combina tempos e espaços

educativos diversos: aulas, oficinas, seminários, participação nos processos

de produção e de gestão do Instituto, esportes, atividades lúdico-culturais

ou outras, que podem variar conforme as necessidades dos educandos e do

processo pedagógico. Os estudos estão organizados através de disciplinas

que integram a base curricular prevista no Plano de Estudos do Curso e de

atividades complementares planejadas para cada etapa, conforme demandas

do processo de formação.

Cada turma desenvolve uma etapa preparatória, que não integra a base

curricular oficial do curso, de preferência no próprio IEJC, com uma duração

de 30 a 40 dias. São objetivos principais desta etapa: - firmar ou revisar a

opção de fazer o curso; - conhecer a turma e a situação pedagógica e escolar

de cada pessoa; - fazer uma inserção preliminar dos educandos e das

educandas na organicidade do IEJC; - garantir alguns conhecimentos básicos

sobre o trabalho específico de educação nas áreas de Reforma Agrária e

sobre o projeto de educação do MST e do !TERRA.

IA Duração

O Curso Normal de Nível Médio está atualmente organizado para acontecer

num tempo total de três anos, subdivididos em uma etapa preparatória e mais

seis etapas formais de curso, cada uma delas com aproximadamente 60 dias de

Tempo Escola (o que quer dizer aproximadamente SOOh/a por etapa) e 90 a 120 dias de Tempo Comunidade. No caso da modalidade de Complementação de Estudos há uma etapa preparatória mais três ou quatro etapas, totalizando entre quatro e cinco semestres de curso.

1.SA quem se destina

O Curso Normal está organizado para atender priorirar_iamente jovens e

adultos que desenvolvem ou se dispõem a desenvolver atividades de educação nos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária vinculados ao MST; professores cm exercício nas escolas de educação fundamental, classes de

educação de jovens e adultos e ou de educação infantil dos assentamentos

de Reforma Agrária, mas que não possuem ainda a titulação adequada para

tal; militantes do MST com atuação nas áreas de educação e formação. O Curso também poderá atender demandas de formação de professores de

outros movimentos sociais, especialmente os do campo, desde que isto seja definido nas instâncias do MST e do ITERRA.

2. Elementos de concepção

2.1 Educação

O curso se orienta pelas reflexões e a elaboração teórica sobre educação produzidas pelo MST, pela Articulação Nacional Por Uma Educação do

Campo, e pelo próprio IEJC, especialmente nas idéias expressas em seu Projeto Pedagógico.

Entendemos que a grande finalidade da educação é a humanização das pessoas, e que a escola precisa ser trabalhada como um lugar de formação

humana, assumindo a complexidade, o movimento e a incompletude inerentes a esta tarefa. Neste sentido um projeto pedagógico é um projeto

de ser humano, ou seja, uma intencionalidade consciente e explícita em

relação ao ser humano que queremos ajudar a formar, com que valores e

postura diante do mundo, através da nossa prática coletiva de educador, e dos inúmeros detalhes e escolhas que compõem o cotidiano pedagógico da escola. (PROPED IEJC, 2001)

2.2 Formação de Educadores 3

No contexto deste curso a formação é entendida como um processo através do qual as educadoras e os educadores constroem os aprendizados

necessários à sua participação criativa nas ações transformadoras que estão sendo produzidas pelo (através do ou com o) MST, desde o lugar e o tempo específico da educação. Isto quer dizer, estar preparada/o para implementar

(pensar e fazer) um projeto/movimento educacional/escolar coerente com

As idéias deste tópico têm como fontes: CALDART, Roseli Salctc. Educação em Movimento. For­

mação de educadoras e educadores no MST Petrópolis: Vozes, 1997; e !TERRA. Insticuto de Educa­

ção Josué de Castro: Projeto Pedag<Sgico. Cadernos do ITERRA, ano 1, nº 2, maio de 2001.

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o projeto/movimento político-pedagógico que tem sido produzido na luta pela Reforma Agrária e pela transformação social em nosso país. Fazer a leitura destes movimentos e conseguir impulsioná-lo cm outros tipos de

ações educativas, é o grande papel (e, portanto, demanda formativa) de

quem se pretende um/a Educador/a da Reforma Agrária, ou mais

especificamente, do MST.

A formação inclui socialização, produção e cultivo de saberes, de

conhecimentos, de comportamentos, de valores e de afetos, em vista de

ações/transformações da realidade. E, neste caso, não se trata de formar

para qualquer tipo de ação ou para sua possibilidade abstrata. À medida

que se vincula a um movimento social com propósitos definidos e demandas

concretas de ação, trata-se de uma formação comprometida com uma

estratégia mais ampla de transformação.

Esta concepção de formação traz uma implicação pedagógica fundamental:

a necessária combinação entre formação e ação. Quem transforma a prática é o

seu próprio sujeito. E ninguém se prepara para uma ação senão agindo,

transformando. Formar para a ação significa formar na ação.

Por sua vez, esta pedagogia nos tem levado a fazer uma distinção entre

processos formativos que se desenvolvem segundo a lógica do ensino, e

processos formativos que seguem a lógica da capacitação. O ensino está

baseado na relação educador-educando, sendo seu principal objetivo a

socialização (repasse/apreensão) dos conhecimentos que vão sendo

historicamente produzidos e acumulados, de modo que se constituam também

cm saber para os/as educandos/as. J\ capacitação está baseada na relação entre

educando/a e objeto social, tendo o/a educador/a um papel mediador que garante pedagogicamente o fluxo desta relação. Nesta lógica promover a

formação é constituir uma determinada dimensão ou situação dada da

realidade como objeto provocador de ações, que por sua vez geram

necessidades de aprendizados e de reflexões cada vez mais complexas, tanto na sua dimensão prática quanto teórica (exigência de PRÁXIS). Ou seja,

quem comanda o ritmo do processo é o objeto da ação intencionalizada. O

objetivo principal da capacitação é a produção de um saber-agir e de um saber-ser, situados num contexto histórico concreto, e vinculados com uma

determinada concepção de pessoa e de sociedade.

A nossa perspectiva de formação com o Curso Normal inclui tanto processos de ensino como de capacitação, mas tem um acento geral na metodologia da capacitação que, num sentido mais amplo, transforma as questões da realidade da educação nos assentamentos e. acampamentos do

MST em situações objetivas capazes de provocar múltiplos e diversos aprendizados, pessoais e coletivos.4

As dimensões da formação trabalhadas pelo Curso são aquelas refletidas para o conjunto dos cursos do IEJC, com as ênfases e especificidades

necessárias para os objetivos de formação de educadores. São dimensões

especialmente valorizadas: formação política e ideológica, formação de

valores e educação da sensibilidade, cultivo da identidade Sem Terra e de

trabalhador e trabalhadora do campo, cultivo da memória e aprendizado da

história, capacidade de estudo e pesquisa, formação técnica e profissional

específica, formação organizativa, econômica e administrativa, formação

pedagógica, formação para o lúdico e formação para o cuidado com a terra e

com a vida.

1.3 Educação do Campo

Entendemos que nosso projeto específico de formação de educadoras

e educadores para atuação nas áreas de Reforma Agrária tem participado

do debate atual da Educação do Campo. Assumimos a perspectiva/

concepção que vem sendo esboçada para a construção do seu projeto político e pedagógico:

"Nossa proposta é pensar a Educação do Campo como processo

de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e

das trabalhadoras do campo, gestado desde o ponto de vista

dos camponeses 5 e da trajetória de luta de suas organizações. Isto quer dizer que se trata de pensar a educação (política e

pedagogia) desde os interesses sociais, políticos, culturais de

um determinado grupo social; ou trata-se de pensar a educação (que é um processo universal) desde uma particularidade, ou

seja, desde sujeitos concretos que se movimentam dentro de determinadas condições sociais de existência cm um dado

tempo histórico. J\ Educação do Campo assume sua particularidade, que é o vínculo com sujeitos sociais concretos,

e com um recorte específico de classe, mas sem deixar de

• Um aprofundamento sobre este m6todo de formação pode ser encontrado em IEJC: M6rndo Pedal-\Ó-

gico. Cadernos do ITERRA nº 09, 2004. 5

Camponeses entendidos aqui no sentido de diferentes grupos de trabalhadores e trabalhadoras do

campo cujo processo de reprodução so<.:ial se faz na contraposição às relações capitalistas de produção,

ainda que subordinado a elas. Elementos do debate atual sobre o campesinato podem ser encontrados na Coleção Por Uma l'\dueação do Campo.

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considerar a dimensão da universalidade: antes (durante e depois) de tudo ela é educação, formação de seres humanos. Ou seja, a Educação do Campo faz o diálogo com a teoria pedagógica desde

a realidade particular dos camponeses, mas preocupada com a

educação do conjunto da população trabalhadora do campo e,

mais amplamente, com a formação humana. E, sobretudo, trata

de construir uma educação do povo do campo e não apenas com ele, nem muito menos para ele ... " 6

3. Objetivos

3.1 Do conjunto das Turmas

a) Formar professores para os quatro anos iniciais do ensino

fundamental, incluindo ênfase na educação de jovens e adultos

ou na educação infantil, visando uma atuação específica no

campo, em especial nos assentamentos de Reforma Agrária.

b) Formar e titular docentes leigos do meio rural, em especial das

áreas de assentamento e para as Escolas Itinerantes dos acampamentos.

c) Qualificar o trabalho pedagógico desenvolvido por educadores

em exercício nas escolas de educação fundamental, e nas

atividades de educação infantil e de educação de jovens e adultos

dos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária.

d) Formar educadores e educadoras para atuação no conjunto de atividades pedagógicas e organizativas dos acampamentos, assentamentos e setores do MST.

e) Construir coletivamente um método de formação de educadores que sirva como referência prática de um projeto humanista de

desenvolvimento e de educação, e que ajude a formar cidadãos

críticos e criativos.

f) Valorizar e qualificar o trabalho de educação no meio rural, em sintonia com movimentos, sujeitos e práticas sociais que estão

construindo um novo modelo de desenvolvimento para o campo,

"Comribuições para a construção de um projeto de Educação do Campo. Coleção Por Uma Educação

do Campo, nº 5. Brasília/DF: Articulação Nacional "Por Uma Educação do Campo", 2004, texto 1, pág. 17-18.

e discutindo a perspectiva de uma educação básica do campo.

g) Fortalecer nos educandos e educandas do Curso a identidade

Sem Terra e a consciência de classe trabalhadora.

h) Avançar na implementação e reflexão da Pedagogia do

Movimento e da Educação do Campo.

3.2 De cada Turma

A propósito do início de cada turma deve ser feito um esforço de reflexão

que vise desdobrar os objetivos do curso em objetivos específicos da 'l 'urma.

Esta elaboração leva em conta a análise do processo pedagógico da turma

anterior, o momento histórico e a realidade específica dos/as educandos/as

da nova turma, suas características e demandas de formação. Devem ser

aproveitados o diagnóstico feito na etapa preparatória e os dados obtidos

através do acompanhamento do primeiro Tempo Comunidade da Turma

para isso. É importante retomar esta reflexão a cada etapa, em especial no momento de elaboração do PROMET, de modo a ir fazendo os ajustes

necessários. O processo de formação é o guia deste movimento.

A própria Turma é convocada a esta elaboração com acompanhamento

da equipe do IEJC e Coordenação do Curso.

4. Perfil Profissional Esperado

a) Domínio teórico e prático (no sentido de capacidade de

associação com as situações de prática) especialmente dos

seguintes campos temáticos:

D Teorias Pedagógicas que dêem conta da compreensão mais profunda do processo de educação e formação humana e da identidade (em suas

diversas dimensões) de seus sujeitos (educadores e educandos, crianças, jovens e adultos, do campo).

D Teorias de interpretação da história e da realidade brasileira, com um recorte especial para as questões referentes ao desenvolvimento social

do campo, modelo de agricultura, cooperação agrícola e agroecologia.

D Legislação educacional, cm especial sobre as diretrizes curriculares previstas para a educação infantil, o ensino fundamental e a educação de jovens e adultos, e as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do C;mpo (Parecer CNE/CEB 36/2001 e Resolução CNE/CEB 1/ 2002).

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D Experiências e reflexões que vêm sendo produzidas no âmbito

específico dos movimentos sociais do campo, em relação à concepção de

assentamentos e de outras formas de comunidades camponesas, de educação

e de cultura.

b) Domínio de habilidades metodológicas especialmente em torno

dos seguintes campos:

D Pedagogia e didática: saber planejar e desenvolver práticas

educativas com crianças, jovens e adultos; saber conduzir e avaliar processos;

saber ensinar; saber avaliar o desempenho dos educandos e o seu próprio;

saber refletir e sistematizar a prática; saber discernir passos de

implementação de uma proposta pedagógica ou de um plano de estudos;

saber utilizar e produzir recursos didáticos.

D Organização e gestão: saber organizar e coordenar práticas

educativas, incluindo o funcionamento de uma escola; saber organizar e

coordenar reuniões; saber trabalhar em equipe; saber elaborar e arquivar a

documentação de uma escola; saber fazer orçamentos simples, controle de

gastos e prestação de contas; ter noções básicas de informática ...

D Cultura e comunicação: compreender diferentes linguagens;

dominar algumas técnicas de comunicação e expressão oral e escrita; saber

organizar murais; saber elaborar informativos; saber organizar atividades

artísticas e esportivas para a comunidade; saber orientar montagem de

parques infantis alternativos; saber organizar momentos de resgate da

memória coletiva da comunidade; saber contar estórias e histórias; saber

produzir materiais pedagógicos simples ...

D Pesquisa: saber perguntar e ouvir; saber ler e interpretar textos e

realidades; saber diagnosticar problemas e fazer análises; saber argumentar

sobre pontos de vista; saber propor soluções; ser capaz de desenvolver um

processo sistemático de atividades de pesquisa sobre sua realidade de

atuação, que culminem na elaboração de um trabalho monográfico de

conclusão do curso.

c) Capacitação para a realização de projetos coletivos; capacitação

para o trabalho cooperativo: respeito às decisões tomadas pelo

conjunto, postura favorável ao planejamento e à avaliação,

capacidade de pensar e implementar estratégias; execução de

tarefas em equipe, solidariedade com os outros; tomada de posição assumindo implicações das escolhas feitas; capacitação organizativa: capacidade de criar e coordenar grupos, capacidade

de interpretar contradições, capacidade de lidar com situações

de conflito; capacidade de diálogo; comunicação ágil e agradável

com os outros; respeito às diferenças e capacidade de promover

a unidade em um grupo.

d) Cultivo de valores, convicções, sentimentos, hábitos e princípios,

traduzidos em uma postura diante do trabalho, da vida, da

sociedade, das pessoas, centrada no ser humano e no ser humano

educador. São dimensões fundamentais desta postura, à medida

que permitem os desdobramentos da formação pretendida, as

seguintes: disponibilidade pessoal ao processo de formação e

abertura ao novo; humildade; sensibilidade social, humana e

pedagógica; espírito de iniciativa; preocupação com o bem-estar

do coletivo.

5. Eixos de Aprendizado

Uma das estratégias pedagógicas do curso é a organização do trabalho a

partir de metas de aprendizagem. Para facilitar a leitura e a releitura do

processo de formação dos educandos, das educandas, desdobramos e

reagrupamos os tópicos indicados no perfil profissional esperado em alguns

eixos básicos de aprendizado, que consideram e buscam articular a trajetória

necessária à formação do militante de uma organização popular como o MST,

e à formação do profissional da educação ou da formação humana, desde os

focos de trabalho específicos previstos em cada modalidade do curso.

Entendemos por eixos de aprendizado o conjunto organizado e articulado

das meras de aprendizagem definidas a partir da intencionalidade pedagógica

do Curso, e que desdobram e compõem a identidade da formação do militante

e do educador. Estas metas dizem respeito às diversas dimensões desta

formação, e se inscrevem no princípio metodológico mais amplo da

capacitação, conforme descrição feita no Projeto Pedagógico do IEJC.

Em nossa síntese atual os grandes eixos de aprendizado que darão conta

da construção do perfil profissional esperado neste Curso Normal de Nível

Médio são os seguintes:

1) Apropriação crítica básica do pensamento filosófico ou da teoria

do MST, desde as questões gerais da organização até o acúmulo

específico de cada setor, coletivo ou área de atuação do

Movimento, garantindo o diálogo crítico com outras teorias que

permitam uma ampliação de repertório cultural e uma

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compreensão mais profunda e científica de nossa realidade e de nossas concepções.

2) Apropriação crítica básica da teÓria pedagógica do MST e da Educação do Campo, igualmente garantindo estudos de teorias

da formação humana que ajudem na reflexão sobre nossas práticas e teoria de educação.

3) Apropriação e construção prática de métodos de pesquisa, de análise e de intervenção na realidade: desde questões pontuais do cotidiano até questões mais amplas de realidade brasileira e

também de trabalho de base do Movimento.

4) Inserção crítica e criativa na organicidade do MST: desde a capacitação para a realização de tarefas delegadas simples até a

preparação para coordenações de coletivos e participação no conjunto do Movimento, passando pela postura e consciência política e ideológica necessárias à militância.

5) Capacitação política, metodológica e didática para atuação cm

atividades de formação e educação, com ênfase de preparação para o trabalho docente ou de acompanhamento pedagógico às escolas de educação fundamental, incluindo qualificação das habilidades de leitura e escrita, domínio básico de conhecimentos nas áreas necessárias à docência, sensibilidade e algumas habilidades artísticas, e também ampliação do repertório cultural em geral.

6) Domínio de elementos teóricos básicos e capacitação pedagógica para atuação direta com a infância do campo, e em caso da modalidade específica do curso, entendendo a infância também do zero aos seis anos, na perspectiva da Educação do Campo.

7) Domínio de elementos teóricos básicos e capacitação pedagógica para atuação direta com jovens e adultos do campo em atividades de trabalho de base, e especificamente em atividades de alfabetização e pós-alfabetização, na perspectiva da Educação do Campo.

6. Componentes Curriculares e Estratégias Pedagógicas Principais

6.1 Tempo Escola

a) Inserção nos processos de gestão e de trabalho do IEJC

Entre os princípios filosóficos do MST se destacam a "educação para o crabalho e a cooperação" e entre os princípios pedagógicos "a educação para o trabalho e pelo trabalho" e o "vínculo orgânico entre processos educativos e processos econômicos" e , ao mesmo tempo, uma das pedagogias em movimento: "pedagogia do trabalho e da produção".

O IEJC busca exercitar em seu cotidiano pedagógico estes princípios,

garantindo aos estudantes de cada um de seus cursos um vínculo com o trabalho socialmente útil. Durante sua permanência no Instituto (Tempo Escola) cada estudante assume um posto de trabalho (realizando suas tarefas em um tempo específico) e assim contribui diretamente para o funcionamento e a sustentação

de seu curso. E o desafio pedagógico de cada momento é garantir que além da dimensão educativa própria desta inserção nas tarefas diárias se potencialize a formação dos educandos através de uma progressiva qualificação técnica e da

reflexão sobre a organização e o jeito de fazer o trabalho.

A "gestão democrática" é outro princípio pedagógico do MST. E "todos

participando da gestão do processo" é outra das regras de funcionamento do IEJC, que se relaciona diretamente com a inserção no trabalho e que se transforma em estratégia pedagógica de cada um de seus cursos. O Instituto

se rege pela co-gestão entre educadores e educandos, salvaguardando os papéis de cada um, e pela aucogestão da coletividade de cada turma, condicionadas ambas pelo formato do projeto político e pedagógico já

coletivamente acordado. 7

b) Vivência de diferentes Tempos Educativos

Um dos aprendizados importantes que construímos em nossa trajetória diz respeito à organização dos tempos educativos da escola. Ela reforça um importante princípio de nossa pedagogia: escola não é só lugar de estudo em sala de aula. Se a escola é um lugar de formação humana, as várias dimensões da vida devem ter lugar nela, sendo trabalhadas de modo que se

tornem educativas.

Para trabalhar as diversas dimensões da formação humana é preciso planejar outros tempos além das aulas; é preciso ter uma intencionalidade pedagógica em relação a outras práticas educativas ou situações de aprendizado.

A organização de diferentes tempos educativos também visa contribuir no processo de organização (acento maior no tempo escola) e auto-

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Um detalhamenco maior sobre estas estratégias pedagógicas pode ser encontrado em: Método Peda­

gógico. Cadernos do !TERRA nº 9, 2004.

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organização dos educandos (acento maior no tempo comunidade). É um exercício de organizar o tempo pessoal e o tempo coletivo cm relação às tarefas necessárias, aprendendo a gerir interesses às vezes contraditórios, a estabelecer prioridades, a assumir compromissos com responsabilidade.

O Curso Normal segue a orientação pedagógica do IEJC e se insere na sua

definição de tempos que atualmente inclui atividades tais como: apresentação

coletiva para o início do dia, aulas, trabalho nas unidades do IEJC (exemplos:

secretaria de escola, padaria, lavanderia, cultura, horta, ciranda infantil, limpeza,

biblioteca, farmácia, artes ... ), oficinas, seminários, leitura, educação física,

reflexão escrita, noticiário ... Os tempos educativos podem ser diários ou semanais

e estes tempos podem variar de uma etapa para outra em função da análise do

processo pedagógico e da especificidade de cada curso.

e) Estudo a partir de metas de aprendizagem

O que se propõe como uma das estratégias de organização do trabalho

pedagógico do curso é um exercício de reflexão sobre como cada um desses

grandes eixos de aprendizado previstos como ênfase para a formação de

educadores, e articulado às outras estratégias pedagógicas aqui descritas,

se desdobra em aprendizagens principais a serem garantidas a cada etapa.

Esta é uma leitura que precisa ser feita a cada início de etapa, a propósico

da elaboração do Projeto Metodológico - PROMET, levando em conta o

movimento pedagógico dos sujeitos humanos envolvidos, do IEJC, do MST

e da realidade social mais ampla.

Não se pretende através das metas dar conta de todo o processo de formação

humana que o MST e o IEJC poderão desencadear no período ou a propósito

do curso. O objetivo é chamar a atenção, especialmente das pessoas que têm a

tarefa do acompanhamento, para o que de fato nos parece fundamental garantir

através do curso, ou qual a formação básica que se espera ao seu final.8 As metas passam a orientar a focalização de conteúdos das disciplinas, a escolha

das atividades pedagógicas principais, bem como o conjunto do processo de avaliação coletiva e de cada educando/a feita na etapa.9

~Um exemplo tle quadro de metas de aprendizagem, construído a propósito tle uma das 'formas do

Curso Normal do IEJC é um dos anexos deste documento. 9 O quadro de disciplinas (e de suas respectivas ementas) que compõe a base curricular do Curso

Normal do IEJC também foi colocado como um dos anexos deste documento, integrando o Plano tle

Estudos aprovado pelo CEED RS. Estas ementas são uma referência para o planejamento de cada

etapa, devendo ser refletidas de modo combinado com as metas de aprendizado.

d) Práticas Pedagógicas Acompanhadas

Entendemos por Prática Pedagógica Acompanhada o desenvolvimento

de uma ação (real, material) em uma das áreas de profissionalização previstas

pelo curso e com um processo de acompanhamento prévia e coletivamente

organizado. Dependendo do tempo e do espaço onde acontecer, cada prática

poderá assumir características diferenciadas.

A opção metodológica que orientamos para a realização das práticas

pedagógicas acompanhadas no Tempo Escola deste Curso é a das Oficinas

de Capacitação Pedagógica - OCAP's.

A OCAP é um método de formação de educadores criado pelo Setor

de Educação do MST em vista de consolidar processos de transformação

da prática pedagógica em suas diversas dimensões. Desde 1997 temos

introduzido a realização de OCAP's dentro do curso Magistério/Normal, de um lado pela fecundidade formativa já constatada e pelas condições

privilegiadas de realizá-las neste espaço; e de outro lado para suprir a falta de acompanhamento pedagógico direto do curso a cada estudante nos

estágios que realiza em seu Tempo Comunidade, dada a abrangência

geográfica do curso.

Uma Oficina de Capacitação Pedagógica é um espaço/tempo artificial

(no sentido de provocado de fora, neste caso pelo curso) de uma prática

pedagógica real, intensiva e coletiva, em torno da qual se realizam entregas

teóricas e se fazem reflexões coletivas em vista da sua análise e progressiva

qualificação cm relação às metas de aprendizagem específicas e aos objetivos

maiores de formação dos envolvidos. O produto concreto esperado é a

capacitação pedagógica dos participantcs. 10

As OCAP's têm sido realizadas cm acampamentos ou assentamentos de Reforma Agrária. A turma toda de estudantes do curso, mais uma equipe

de acompanhamento específica para esta atividade, se deslocam do IEJC para o local de realização da oficina, permanecendo entre 5 e 10 dias,

conforme o plano de cada OCAP.

O acento ou foco central das OCAP's deste curso deverá estar na capacitação didática e metodológica, trabalhando especialmente as

w Uma descrição mais detalhada da metodologia da OCAP pode ser encontrada em: CALDAR1: Roseli

Salcte. Oficinas de Capacitação Pedagógica: uma opção metodológica para a (re) educação de professo­

res. Revista Espaços da Escola, UNIJUf. ano 4, nº 21, jul/sec. 1996, pág. 47-56.

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habilidades de planejamento, ensino, relação educador e educando, e coordenação de atividades pedagógicas com crianças, jovens e adultos.

O planejamento e o acompanhamento pedagógico das OCAP's será de responsabilidade de uma equipe específica, articulada entre os educadores e educadoras do curso e vinculada ao componente curricular das Didáticas.

Em anexo há um quadro das práticas pedagógicas acompanhadas previstas para cada etapa do Tempo Escola e do Tempo Comunidade,

incluindo as OCAP's.

e) Elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso -TCC

O curso inclui a pesquisa como uma de suas estratégias pedagógicas e prevê a elaboração de um trabalho monográfico a ser apresentado

publicamente na penúltima ou última etapa do curso. A pesquisa e a elaboração da monografia serão atividades do Tempo Comunidade, orientadas durante o Tempo Escola. O trabalho deverá ter alguma forma de orientação personalizada e de intercâmbio em grupos de estudantes por afinidade temática.

O Trabalho de Conclusão de Curso - TCC é visto neste Projeto como um exercício de pesquisa de campo, de estudos bibliográficos, de análise e de elaboração de proposições para intervenção em uma determinada realidade ligada às vivências de cada educando, às necessidades de pesquisa/ solução de problemas da sua organização e aos focos de formação do curso. É um dos requisitos de aprovação no Curso, porque tem se mostrado potencialmente formador e uma das expressões materiais dos resultados do processo de formação vivenciado.

Em anexo há um quadro indicativo das metas previstas para cada etapa em vista da elaboração do TCC.

f) Processo de avaliação participativo e vinculado às metas de aprendizagem

A avaliação vivenciada no IEJC tem como características básicas a participação democrática de todos os sujeitos envolvidos no cotidiano da escola e o foco nas metas de aprendizagem, visando um acompanhamento coletivo permanente da construção do perfil profissional desejado. Em um curso de formação de educadores isto se constitui como uma estratégia pedagógica especialmente importante, à medida que permite discutir sobre avaliação a partir de uma experiência concreta que não apenas se vivencia como educando/a, mas também se aprende a gerir e a ir ajustando conforme novas demandas do processo pedagógico.

No ponto seguinte há uma descrição do processo de avaliação do IEJC.

g) Participação em atividades do Movimento fora do IEJC

Embora a ênfase do Tempo Escola deva estar nas atividades

diretamente relacionadas ao curso, é importante garantir que este Tempo não tire os/as educandos/as da sintonia com sua organização de origem; uma das maneiras de garantir isso é organizando um fluxo de informações sobre os principais acontecimentos de cada momento; outra é a de participar

coletiva e planejadamente de algumas atividades do Movimento fora da escola: pode ser passar alguns dias integrando uma marcha, realizar

campanhas nacionais no município onde está a escola, ou fazer trabalho de base em algum assentamento ou acampamento. Além de materializar e simbolizar o vínculo do curso com o Movimento, estas atividades podem estar relacionadas às práticas educativas que compõem a organização curricular: ao mesmo tempo em que os/as estudantes estão conhecendo a realidade de um acampamento, podem estar realizando ali uma prática pedagógica acompanhada prevista na base curricular do curso, por exemplo.

h) Reflexão sobre as vivências do período

O princípio pedagógico aqui é o da necessidade de refletir sobre a prática

para que ela efetivamente se transforme em aprendizados. No Curso podemos acionar alguns instrumentos para garantir a operacionalidade deste

princípio:

A Reflexão Escrita constituída como um tempo educativo diário onde cada pessoa é chamada a registrar e a pensar sobre os acontecimentos do dia, tomando posição, extraindo lições e preparando-se para novas

intervenções na realidade.

A construção de Sínteses de Aprendizado pode ser um jeito para juntar estas reflexões parciais e organizá-las de modo que cada pessoa vá percebendo seu processo de produção de conhecimento e as diferentes

dimensões envolvidas no processo de formação.

O registro da Memória da Turma é uma oportunidade de reflexão coletiva sobre as situações de aprendizagem vivenciadas a cada etapa, e vai oportunizando a leitura crítica do processo de construção da coletividade, uma das estratégias de formação acionadas pelo curso.

O processo de Crítica e Autocrítica vem da cultura do Movimento e deve integrar cada uma das etapas de todos os cursos que se realizam no IEJC. Consiste em uma análise coletiva das principais contradições

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identificadas na postura de cada pessoa em relação aos objetivos da formação e os princípios e valores que orientam as organizações promotoras do curso.

i) Acompanhamento

O acompanhamento é compreendido no IEJC como uma função

coletiva de orientar e fazer junto com os educandos o seu processo de

formação. Para isso é preciso ter pessoas (educadores) com a tarefa específica

de fazer a leitura permanente do movimento pedagógico e político do

processo educativo da coletividade e de cada pessoa, combinada com a

leitura do movimento do Movimento, para poder criar e dinamizar o

ambiente educativo da escola. Sem acompanhamento não há de fato

processo pedagógico. É preciso acompanhar o desenvolvimento de cada

educando, a realização de cada atividade, o fluir de cada tempo, para que se

possa potencializar a dimensão educativa de tudo o que acontece dentro

ou através da intencionalidade do curso ou do Instituto.

No IEJC a função de organizar e refletir sobre o processo de

acompanhamento cabe a um coletivo específico de educadores, que a partir

do exercício permanente, e também auto-educativo, de fazer a leitura do

movimento pedagógico, se desafia a criar e recriar situações que

impulsionem os aprendizados nas diversas dimensões da formação humana pretendida para os, com e pelos educandos.

Durante o Tempo Escola as tarefas de acompanhamento da coletividade

e de cada educando são distribuídas entre todas as pessoas que no IEJC

assumem tarefas de educadores, o que inclui também os educandos, sempre

que estiverem em tarefas de monitoria e coordenação. (PROPED IEJC, 2001)

6.2 Tempo Comunidade

a) Inserção na organicidade do MST

Organicidade quer dizer coletividade em movimento, relação entre as

diversas partes do todo, entre as tarefas e seus objetivos, entre as pessoas

que participam do processo de construção da coletividade. Implica em fluxo

permanente de informações e de ações. É a dinâmica cotidiana que garante a continuidade de uma organização coletiva.

Faz parte da Pedagogia do Movimento a dimensão do enraizamento das pessoas cm coletividades com memória e com projeto de futuro. Estas coletividades são os acampamentos, os assentamentos, a família Sem Terra, o próprio MST. E este enraizamento acontece através de um método específico

de inserção na dinâmica destas coletividades, ou em sua organicidade. Este método de inserção diz respeito ao desafio pedagógico de ajudar as pessoas a fazer parte de uma organização que já tem objetivos e princípios definidos, que já tem uma história e um acúmulo de experiências que as pessoas que

entram precisam assumir, e logo passar a construir como sujeitos.

O IEJC considera que é elemento fundamental de seu método

pedagógico uma intencionalidade específica na inserção de seus educandos e educadores em sua própria organicidade, bem como na organicidade do

conjunto do MST. Para isso são elementos metodológicos importantes: a

distribuição coletiva das tarefas que dão vida à organização, o acompanhamento e a avaliação das tarefas realizadas, e o processo de crítica

e autocrítica da postura de cada pessoa no processo de construção da

coletividade.

Enquanto existir algum educando fora ou alheio à dinâmica do

Movimento o "sinal de alerta" dos educadores deverá permanecer ligado!

(PROPED IEJC, 2001)

b) Atividades de complementação de estudos

No Tempo Comunidade algumas atividades de estudo devem ter

prosseguimento, exatamente para ir consolidando nos educandos o hábito

de organização deste tempo, mesmo em meio a outras tantas tarefas próprias de sua inserção no Movimento. A orientação é de que não sejam atividades

isoladas, próprias de um ou outro componente curricular, mas atividades

ligadas a processos e que seu conteúdo possa ter um tratamento específico no retorno ao próximo Tempo Escola. Destacamos a importância das

atividades relacionadas à pesquisa, às práticas pedagógicas e ao conjunto

de leituras orientadas pelo curso, complementares aos componentes curriculares trabalhados no curso. Em momentos específicos deve-se avaliar a pertinência de incluir entre estas atividades estudos em preparação aos

concursos públicos de ingresso à carreira do magistério.

e) Práticas Pedagógicas Acompanhadas

No Tempo Comunidade deste curso estão previstos dois tipos de práticas pedagógicas acompanhadas, conforme pode ser observado no quadro anexo ao final deste texto: as práticas de trabalho de base, próprias da dinâmica do Movimento Social a que se vinculam os estudantes, e os estágios previstos na base curricular do curso, cm escolas de anos iniciais do ensino fundamental, e em atividades de educação de jovens e adultos ou de educação infantil, conforme a ênfase escolhida para cada turma.

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O trabalho de base consiste cm uma atividade com as famílias de um assentamento ou acampamento e o seu foco será definido a cada etapa, de acordo com as demandas de formação da comunidade e conforme plano de

ação da organização responsável pelas áreas. O estágio escolar tem foco já

previsto para cada etapa, conforme exigências da base curricular do curso.

O acompanhamento pedagógico destas práticas deverá ser garantido

de duas formas: direto, no próprio local de realização da prática, feito por

pessoas indicadas para esta tarefa nos estados; indireta, pela coordenação

do curso e equipe que fará contatos periódicos e analisará os registros de

cada prática: plano, diário da prática e relatórios.

Pode-se pensar no planejamento de cada etapa sobre a necessidade e

viabilidade de realização de uma OCAP também durante o Tempo

Comunidade, envolvendo educandas e educandos mais próximos, e

articulada a um programa de formação de educadores do próprio Setor de

Educação do MST.

d) Pesquisa

Trata-se da continuidade do processo iniciado no Tempo Escola,

enfatizando neste Tempo a pesquisa de campo, a ida à realidade concreta

com esta nova postura de observar, inquirir, analisar, coletar dados que depois

poderão ser cotejados com os estudos teóricos que cada educando/educanda vai realizando no curso e a propósito da pesquisa específica.

e) Reflexão sobre as vivências do período

O princípio é o mesmo do Tempo Escola, e contraponto ao ativismo

que costuma caracterizar os militantes de organizações de massa. Os instrumentos utilizados: o Diário de Campo, que além de funcionar como

uma espécie de reflexão escrita, pode servir também para anotações mais

detalhadas sobre práticas e situações de aprendizagem, podendo se vincµlar

também ao processo de pesquisa; outro instrumento é o relatório de

atividades, como registro mais formal e também analítico da realização das

atividades. Ambos se transformam em exigência objetiva de parada para pensar no que se está fazendo e no que se está aprendendo através das

atividades e do próprio processo de inserção na organização.

f) Acompanhamento

Durante o Tempo Comunidade as tarefas de acompanhamento à inserção dos educandos na organicidade do MST e à realização das tarefas do curso são assumidas pelos militantes e educadores mais antigos, através

de encaminhamentos feitos pelo IEJC e pelo Setor de Educação do MST e de outras organizações que estejam envolvidas no curso.

1. Processo de Avaliação

O Curso Normal se insere no processo de avaliação em desenvolvimento

no JEJC. A avaliação do InstitutO é feita de forma periódica através de

todas as instâncias que participam da sua gestão: coletivo das turmas de

educandos, coletivos de educadores, coordenações, direção e órgãos

colegiados da Mantenedora.

Na avaliação são considerados rodos os aspectos de funcionamento do

Instituto e a atuação de todos os segmentos na concretização da proposta

pedagógica, mediante dois processos complementares. De um lado, ela tem caráter diagnóstico, que visa fornecer referências para que a intencionalidade pedagógica junto aos educandos tenha significado,

dialogando intensamente com o saber acumulado dos trabalhadores do

campo. De outro, ela tem caráter processual e cumulativo, buscando

incorporar as transformações ocorridas com os/as educandos/as e os/as

educadores/as no decorrer do processo pedagógico, tendo como referencial

o projeto pedagógico da Escola.

A avaliação dos/as educandos/as é um processo sistemático, cumulativo

e participativo de acompanhamento a todos os tempos e espaços educativos que são vivenciados no ambiente escolar.

Esta avaliação abrange aspectos qualitativos de pelo menos três dimensões básicas: (a) crescimento da pessoa como ser humano, formação

de seu caráter, valores, convivência solidária no coletivo, e participação no conjunto das atividades; (b) domínio de conhecimentos gerais,

desenvolvimento intelectual e desempenho nas práticas que integram o currículo; (c) desenvolvimento das metas de aprendizagem construídas a partir da reflexão sobre o perfil profissional esperado cm cada curso.

Os resultados da avaliação são expressos através de Parecer Descritivo. São considerados aprovados em cada etapa os educandos que obtêm parecer descritivo favorável no conjunto das dimensões avaliadas e nas metas de aprendizagem definidas no planejamento da etapa.

Características e funcionamento do processo de avaliação no IEJC 11

O detalhamenco deste processo está em documento específico do IEJC, datado de dezemhro de ZOOl.

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- A avaliação envolve educandos/as, educadores/as e demais pessoas que vivenciam o cotidiano do processo educativo e produtivo do IEJC.

O Processo de Avaliação perpassa todas as instâncias do Instituto e

deve ser permanente.

Para os/as educandos/as a avaliação é por ETAPA, constituída de

Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC).

No processo pedagógico tudo tem uma intencionalidade que pode

ser avaliada. Os aspectos principais são transformados em METAS DE

APRENDIZAGEM.

A avaliação tem por base as metas de aprendizagem indicadas pelo

Projeto Metodológico (PROMET) de cada etapa/curso, e leva em conta o

Projeto Pedagógico do Instituto (PROPED IEJC) e o Projeto Pedagógico

do Curso (PROPED Curso).

Estas meras precisam ser do domínio de todas as pessoas

envolvidas e devem ser rediscutidas especialmente com professores/as e

monitores/as.

O Processo de Avaliação leva cm conta quatro (4) dimensões:

a. Desempenho na Gestão e no Trabalho (DGT) que incide sobre

a inserção na organicidade do Instituto.

b. Vivência Social (VS) que incide sobre aspectos da formação do

ser humano e da militância.

c. Aprendizado nas Disciplinas (AD) que incide sobre as metas de

aprendizagem específicas das disciplinas e demais atividades a

elas vinculadas ou incorporadas, conforme indicação do

PROMET.

d. Verificação de 1 Iabilidades (VH) que incide sobre o domínio do

saber-fazer, das oficinas e demais aprendizados relacionados,

conforme indicação do Projeto Metodológico (PROMET).

Para elaboração do parecer de avaliação adotamos a seguinte

terminologia:

a). Durante o processo (etapa): Apto (a caminho) ou Não Apto.

b). No final da etapa/ curso: Aprovado ou Não Aprovado.

Nas Fichas de Avaliação estão descritas as metas, com um código anterior a cada uma delas. Nas fichas onde há uma planilha são registrados

os códigos das metas não aptas (a caminho) e, se necessário, alguma

observação.

As metas não atingidas devem ser retrabalhadas com cada educando/

a através de diferentes procedimentos discutidos entre educadores/as e o

Coletivo de Acompanhamento Político Pedagógico - CAPP do IEJC .

O Tempo Comunidade inclui atividades gerais do Instituto ou do

Curso, atividades encaminhadas pelo Estado e at ivid ades de

complementação ou de reforço de estudos vinculados a componentes

curriculares.

a. Desempenho na Gestão e no Trabalho (DGT) = É avaliado mediante apresentação do Diário de Campo, Plano de Meras e

Relatório Periódico de Atividades com informações sobre o

andamento do TC.

b. Vivência Social (VS) =É avaliada mediante um Parecer Descritivo

do acompanhamento no Estado.

c. Aprendizagem de Disciplina (AD)= A cada tempo comunidade há trabalhos encaminhados por um dos co mpone n tes

curriculares, mas buscando uma perspectiva interdisciplinar,

definida pelo Instituto. Caso necessário, também são avaliadas

as atividades de reforço de aprendizagem.

d. Verificação de 1 Iabilidade (VH) = São avaliadas as atividades

encaminhadas pelo Instituto: pesquisa, leitura di rigida ...

Para definição da aprovação final em cada etapa é considerado o

desempenho geral do/a educando/a no conjunto das dimensões avaliadas. A decisão de não avanço no curso é tomada pelo CAPP, cm conjunto com a Direção do IEJC e a Coordenação do Curso.

O Processo de Avaliação é coordenado pela educadora responsável pela elaboração do Projeto Metodológico - PROMET que ocupa um posto de trabalho na Unidade Formação.

Para registro do Processo de Avaliação são utilizadas Fichas de Avaliação.

Os registros finais do Processo de Avaliação são feitos através dos seguintes instrumentos personalizados:

PARECER Tempo Escola: enviado para o Estado, com registro de todas as dimensões de aprendizagem e constando as disciplinas cm que o

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educando está com dificuldades, para um melhor acompanhamento local. Será elaborado pelo CAPP.

PARECER ETAPA: elaborado a partir do parecer do TE e do TC

que é enviado para o Instituto, constando todas as metas de aprendizagem

atingidas pelo educando. Fica arquivado na Secretaria do IEJC, na pasta de

cada educando.

PARECER FINAL DO CURSO (histórico): elaborado a partir dos

pareceres anteriores, constando o conjunto de Metas de Aprendizagem

alcançadas e não alcançadas pelo educando em cada etapa, bem como o

parecer final de aprovação ou não aprovação no curso. É organizado pela

Secretaria com acompanhamento da Unidade Ensino e Coordenação do

Curso.

8. Organização do trabalho de educadores e educadoras do curso

São consideradas educadoras no IEJC todas as pessoas que

desenvolvem tarefas ou funções de condução e de implementação deste

projeto pedagógico. Isto inclui: os trabalhadores e as trabalhadoras

permanentes do IEJC, que atuam em suas diferentes unidades de produção

e serviço, e que integram o coletivo responsável pelo acompanhamento do

processo pedagógico; seu quadro de professores e professoras; as pessoas

designadas pelos Setores do MST e pela Mantenedora para

acompanhamento específico de cada curso, e ou do conjunto das atividades

pedagógicas do IEJC; e os educandos e as educandas, sempre que estiverem

no cumprimento de tarefas desta natureza.

São critérios para escolha e permanência dos/as educadores/as no IEJC

especialmente os seguintes: - adesão criativa ao seu projeto pedagógico; -

qualificação em sua área de atuação; e - postura coerente com o perfil de

educador que o IEJC se propõe a formar. (PROPED IEJC, 2001)

Na tarefa específica de condução do processo pedagógico de cada Curso

do IEJC há uma combinação de tarefas distribuídas entre Coordenação do

Curso, Coletivo de Acompanhamento Político e Pedagógico - CAPP e

Equipe Docente. A organização do trabalho pedagógico prevista é a seguinte:

- Trabalho da Equipe de Coordenação do Curso. É a equipe responsável pela montagem da "engenharia social" do curso, ou seja, pela definição prévia dos elementos estruturantes e das estratégias pedagógicas básicas do projeto pedagógico, a partir de leitura da realidade dos sujeitos envolvidos

e das demandas de formação da organização proponente do curso. Tem a responsabilidade de garantir o planejamento específico de cada etapa e a articulação, junto com o Instituto, das demais equipes envolvidas no trabalho

pedagógico do curso. Também deve acompanhar o trabalho das equipes e

prestar atenção na implementação geral do que foi planejado.

_Trabalho do Coletivo de Acompanhamento Político Pedagógico. Esta

é uma equipe que fica no Instituto durante todo o Tempo Escola do Curso;

geralmente é composta de alguns educadores permanentes e de algumas

pessoas chamadas especialmente para esta tarefa, podendo incluir também

educandos/as da turma. É a equipe que deve se constituir como um coletivo

com presença diária e unitária no acompanhamento do processo pedagógico

do curso, garantindo as condições necessárias e os desdobramentos das

estratégias pedagógicas para a concretização das metas de aprendizagem da etapa, além de um acompanhamento personalizado a cada educando/a

em suas diferentes dimensões de formação. Também tem a tarefa de

articular e acompanhar a atuação de todas as pessoas que no Instituto desenvolvem tarefas de educador e que podem ser potencializadas na

perspectiva do acompanhamento específico a cada turma.

- Trabalho da equipe de docentes. Não há um corpo docente fixo no

IEJC, mas sim uma rede itinerante de professores provenientes de

Universidades e outras entidades educacionais amigas e solidárias ao projeto do !TERRA; isto dificulta um trabalho de equipe, mas ao mesmo tempo enriquece o processo com diferentes experiências, olhares e tempos de

inserção nesta prática educacional específica. A articulação entre os

componentes curriculares é garantida pela mediação da coordenação do curso e do CAPP, ao mesmo tempo em que se torna um compromisso de

cada docente. É estimulada a constituição de equipes de docentes por área

do conhecimento ou pelo foco das atividades ou processos do curso (pesquisa, práticas pedagógicas,. .. ) para estudos, planejamento e avaliação

conjunta do trabalho em cada etapa.

Devem ser garantidas reuniões periódicas (antes, durante e depois de cada etapa) entre os envolvidos em cada uma destas tarefas e entre as

equipes tendo em vista garantir a totalidade do processo pedagógico. E tendo presente que estas tarefas não são estanques; necessariamente devem se entrecruzar na realização concreta de cada etapa do curso; por vezes também envolvem as mesmas pessoas em diferentes tempos e tarefas simultaneamente.

Buscamos concretizar um trabalho pedagógico que rompa com a

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fragmentação da formação, que seja significativo e que propicie a educadores e educandos conhecer e aprofundar o processo pedagógico proposto no IEJC. Para que isso aconteça é preciso garantir: a participação coletiva definindo espaços e tempos para que ela aconteça; o respeito ao Projeto Pedagógico da Escola e a caminhada de sua coletividade; diferentes espaços de formação para planejar, socializar e sistematizar as práticas pedagógicas (ação-reflexão-ação); e a interlocução permanente entre as equipes de trabalho.

9, Anexos (incluídos para publicação neste Caderno)

9.1 Exemplo de construção de quadro de metas de aprendizagem por

etapa

Este quadro foi elaborado a propósito do planejamento do trabalho com a turma 8, concluída em 2003. No início de cada etapa estas metas serviam como primeira referência para construção do projeto metodológico, sendo feitos os ajustes necessários a partir da leitura do processo da turma

e das reflexões sobre novas demandas de formação.

Eixo 1: Apropriação crítica básica do pensamento filosófico ou da

teoria do MST

Etapas 1 Metas de aprendizagem

Preparatória 1 Ter uma noção geral sobre o que é, como está organizado e como funciona o MST.

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Sentir a mí stica do MST Identificar estágio de compreensão do MST e da realidade mais ampla.

1 1 Dominar os objetivos, princípios e normas gerais e de disciplina do MST. Dominar os principais fatos e momentos da história do MST e da luta pela terra no Brasil. Compreender o sentido da mística. Compreender momento conjuntural da luta pela RA

2 1 Compreender as linhas polí ticas de cada um dos setores do

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MST Demonstrar habilidades e conteúdos na organização dos momentos de mí stica. Identificar as principais discussões do MST sobre concepção de assentamento. Compreender o processo de formação do Brasil e do povo brasileiro. Compreender a concepção e a agenda de pesquisa do MST.

Compreender o projeto de RA do MST, sabendo diferenciar de outros. Dominar os elementos principais da interpretação marxista da história. Dominar informações básicas sobre os principais momentos da história do Brasil

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• Analisar e debater sobre questões da realidade dos assentamentos e acampamentos do MST.

• Compreender a concepção de cooperação agrícola do MST.

• Compreender teoricamente a questão agrária no Brasil. • Demonstrar perspectiva histórica. • Compreender as principais bases da discussão sobre um

projeto popular para o Brasil. •

• Demonstrar no conjunto de suas atitudes ter a mística da organização.

• Compreender diferentes interpretações sobre o processo histórico brasileiro e as perspectivas de transformação.

• Compreender as principais bases da discussão sobre o desenvolvimento do campo numa perspectiva popular.

• • Demonstrar compreensão e capacidade de debate de

questões gerais do MST e da realidade brasileira. • Compreender princípios oosicos do cuidado com o meio

ambiente e de educação ambiental. •

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Eixo 2: Apropriação crítica básica da teoria pedagógica do MST e da Educação do Campo.

Etapas

Preparatória

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Me tas de aprendizagem

• Ter uma noção geral sobre o que é, como está organizado e em que atua o Setor de Educação do MST.

• Identificar o conjunto de materiais produzidos pelo MST sobre educação.

• Demonstrar interesse em fazer o curso .

.

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Apropriar-se dos principais momentos e fatos da história da educação no MST. Compreender a dimensão educativa da participação no Movimento.

Demonstrar conhecimento dos princípios filosóficos e pedagógicos da educação no MST. Conhecer as linhas de ação do Setor do período. Saber ler e interpretar os principais materiais do Setor de Educação .

Compreender cm que consiste a Pedagogia do Movimento Sem Terra. Demonstrar interesse pelo contato com a obra de alguns clássicos da pedagogia. Compreender a noção de "clássico" e algumas idéias centrais de cada pedagogo estudado. Identificar diferentes concepções de educação ao longo da história. Compreender a dimensão histórica da educação e a relação entre educação, política, economia, cultura, ideologia ... Compreender a relação do MST com a Educação do Campo .

Demonstrar apropriação da concepção de escola do MST. Demonstrar apropriação da concepção de EJA ou de Educação Infantil do MST. Compreender e extrair lições de pedagogia da obra de Makarenko. Compreender a noção do Movimento Social como princípio educativo. Demonstrar informações e capacidade de discussão sobre a realidade educacional brasileira, e em especial a do campo. . ..

Compreender e extrair lições de pedagogia da obra de Paulo Freire. Demonstrar capacidade de reflexão sobre práticas de educação. Compreender a história e os princ1p10s políticos e pedagógicos da Educação Popular e da Educação do Campo . Identificar diferentes correntes do pensamento pedagógico. ... Saber explicar as diversas pedagogias que integram a Pedagogia do Movimento. E labo rar linhas políticas e pedagógicas para um proieco

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Eixo 3: Apropriação e construção prática de métodos de pesquisa, análise e intervenção na realidade.

Etapas

Preparatória

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Metas de Aprendizagem

Demonstrar conhecimento dos tempos e espaços do IEJC . Identificar problemas do seu cotidiano no IEJC. Realizar o diagnóstico da realidade de um assentamento ou acampamento do MST.

Jogar xadrez . Saber ouvir. Demonstrar interesse em ajudar na solução de problemas da coletividade do IEJC.

Saber perguntar. Analisar situações do cotidiano do IEJC e do conjunto do MST.

Planejar desenvolvimento de pesquisa de campo e bibliográfica. Fazer a leitura de fatos e situações do dia a dia do IEJC e ou dos assentamentos ou acampamentos do MST, sabendo interpretar contradições. Saber argumentar sobre um ponto de vista . Saber fazer sínteses .

• Registrar e sistematizar experiências. • •

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• • •

Dominar algumas referências bibliográficas sobre o tema que está pesquisando. Demonstrar rigor e capacidade de leitura da realidade . Analisar a questão da pesquisa e fazer proposições em vista da solução de problemas encontrados nesta realidade específica. Demonstrar iniciativa e capacidade de articulação na solução de problemas enfrentados no dia a dia do IEJC e do MST.

Demonstrar capacidade argumentativa, analítica e pro positiva. Saber fazer sistematizações a partir de referências teóricas.

Demonstrar capacidade de análise das contradições e do movimento histórico de uma realidade específica. (Processo pedagógico vivenciado pela turma no IEJC, por exemplo.) Demonstrar capacidade de intervenção coletiva diante de

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Eixo 4: Inserção crítica e criativa na organicidade do MST.

Etapas

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Metas de Aprendizagem

Realizar tarefas delegadas pelo IEJC.

Respeitar combinações e decisões tomadas no coletivo. Realizar tarefas delegadas pelo IEJC e pelo acompanhamento dos estados. Identificar suas tarefas no MST.

Saber procurar e dialogar com as pessoas responsáveis pelo seu acompanhamento . Demonsrrar disponibilidade e qualificação na realização das tarefas delegadas. Saber trabalhar em grupo.

Demonstrar vínculo orgânico com um coletivo de setor do MST. Demonstrar comportamentos e valores próprios à convivência no coletivo. Ter tarefa ou função definida no MST . Saber fazer orçamentos . Saber fazer prestação de contas .

Demonstrar capacidade de coordenar execução de tarefas . Demonstrar capacidade de iniciativa e profissionalismo na realização das tarefas delegadas.

Demonstrar firmeza ideológica . Demonstrar capacidade de realizar obras coletivas .

Demonstrar nível satisfatório de politização no cnfrentamento das situações.

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Eixo 5: Capacitação polf tica, metodológica e didática para atuação em atividades de formação e educação.

Etapas

Preparatória

2

3

4

5

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Metas de Aprendizagem

Demonstrar capacidade de comunicação básica oral e escrita .

• Ser capaz de expor idéias com clareza. • Compreender o conteúdo do PROMET da etapa. • Produzir textos simples. • • Demonstrar fluência e habilidades didáticas na exposição

oral de trabalhos. • Produzir textos que tenham uma introdução, um

desenvolvimento e uma conclusão. • •

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• •

• • •

Demonstrar capacidade de reflexão sobre o processo pedagógico vivenciado no IEJC. Dominar o sentido do PROMET . Participar da elaboração do PROMET da etapa seguinte. Dominar uso básico do computador. Fazer trabalho de base. Demonstrar conhecimentos básicos sobre a legislação educacional vigente.

Dominar o PROPED do IEJC. Dominar o PROPED do curso . Demonstrar capacidade de diálogo com os educandos e com os educadores. Saber contatar com um assessor de curso ou encontro . Saber participar de um debate . Demonstrar sensibilidade artístico-cultural. Conhecer funcionamento básico de uma secretaria de escola.

Elaborar o PROMET da etapa seguinte. Relacionar o PROPED do IEJC com a Pedagogia do Movimento. Saber organizar o programa de uma atividade de educação . Dominar habilidades de elaboração e organização dos principais registros escolares. Dominar conteúdos básicos das áreas de Linguagem, Matemática. Ciências Sociais e Ciências Naturais, em vista da docência.

Demonstrar algumas habilidades artísticas . Demonstrar ampliação do repertório cultural: saber tratar de temas diversos, ter opinião sobre questões da realidade mais ampla ... Extrair lições de pedagogia do processo de formação vivenciado ao longo do curso.

Eixo 6: Domfnio de elementos teóricos básicos e capacitação pedagógica para atuação direta com a infância do campo.

Etapas

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6 •

Metas de Aprendizagem

Demonstrar habilidade de observação de detalhes do dia a dia de uma escola de educação fundamental. Identificar algumas características das crianças Sem Terra .

Demonstrar sensibilidade em relação ao trato de questões da infância. Compreender características principais da infância desde a realidade concreta de sua atuação. Saber planejar e realizar uma aula para crianças dos anos iniciais da escolarização.

Compreender o processo de desenvolvimento infantil. Saber desenvolver um conjunto de atividades pedagógicas com crianças dos anos iniciais da escolarização . Compreender a concepção do trabalho pedagógico desde os ciclos de formação . Saber identificar necessidades educativas especiais em crianças dos assentamentos ou acampamentos. Saber contar estórias e histórias para as crianças . Demonstrar sensibilidade em relação a crianças portadoras de necessidades educativas especiais. Compreender lugar da família no processo de formação da criança. Saber orientar montagem de parques infantis alternativos .

Compreender como se forma a identidade Sem Terra nas crianças que participam do MST. Demonstrar habilidades didáticas e clareza pedagógica no trabalho com crianças. Levantar questões para o debate do setor de educação sobre a concepção e a formação da infância.

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Eixo 7: Domínio de elementos teóricos básicos e capacitação pedagógica para atuação direta com jovens e adultos do campo.

Etapas Metas de Aprendizagem

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Saber organizar e coordenar uma discussão com jovens e adultos de um acampamento ou assentamento .

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Identificar níveis e formas de relação de jovens e adultos com a cultura escrita. Identificar características e necessidades de aprendizagem de educandos dos programas de EJA. Saber contar estórias e histórias . Identificar níveis de alfabetização e de letramento. Saber planejar aulas . Saber ajudar no desenvolvimento de atividades de alfabetização e ou pós-alfabetização.

Demonstrar sensibilidade em relação a jovens e adultos portadores de necessidades educativas especiais. Compreender como a educação pode ajudar no fortalecimento da identidade Sem Terra entre jovens e adultos dos assentamentos e acampamentos.

• Demonstrar habilidades na prática da alfabetização. • Demonstrar habilidades metodológicas no trabalho de

formação com jovens e adultos. • Saber dar aulas em cursos de pós-alfabetização. • Demonstrar conhecimentos gerais básicos sobre a EJA no

Brasil. • Levantar questões para o debate sobre a EJA no MST. •

9.2 Disciplinas, carga horária e ementas gerais conforme Plano de

Estudos

A cada Turma podem acontecer ajustes em função das necessidades

de aprendizados dos educandos e de alterações na distribuição da carga

horária nas etapas.

Esta indicação tem por base as modalidades de curso completo. A

modalidade de Complementação de Estudos segue outro rol de

componentes curriculares e carga horária, devendo-se fazer os ajustes nas

ementas e focos de conteúdos.

a) Língua Portuguesa e Literatura - LPO (304 h/a)

São metas básicas de formação através deste componente curricular:

leitura oral fluente; produção de textos (orais e escritos) claros e coerentes;

interpretação adequada de textos progressivamente mais complexos; saber

ouvir e fazer anotações simultaneamente; letra legível e boa apresentação

dos trabalhos (na perspectiva da função social da escrita); gosto pela leitura;

sensibilidade para textos literários; habilidade de contar histórias e estórias .

Deverá também fazer uma ponte com o componente Didáticas

(especialmente no foco da Alfabetização) e ajudar na preparação aos

Concursos Públicos, incluindo atividades no Tempo Comunidade.

Conteúdos:

Comunicação oral (oficinas).

Técnica de leitura oral (oficina).

Leitura e interpretação ele textos simples.

Produção de textos simples.

Reflexões sobre a função social da linguagem.

Literatura e poesia: o prazer da leitura .

Leitura, interpretação e produção de textos literários. Correspondências oficiais.

Noções de fonética.

Acentuação gráfica.

Leitura, interpretação e produção de textos dissertativos, argumentativos e literários.

Elaboração de sínteses.

Exposição oral de idéias - dicas a partir de práticas.

Estudo de verbos, concordância verbal e verbos impessoais. Técnica de elaboração de fichas de leitura. Estudo sobre gêneros literários.

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Estudo da crase.

Concordância nominal

Estudos sobre literatura brasileira a partir de leituras feitas.

Revisão de textos produzidos.

Elementos metodológicos do ensino da língua portuguesa.

Estudos de literatura infantil.

D idática de contar estórias e histórias para crianças.

Como trabalhar com produção de textos na escola de educação

fundamental.

E laboração de resenha crítica.

b) Noções de Informática - NI: (56h/a)

A meta deste componente curricular é a capacitação no uso básico da

informática relacionado à educação e aos processos de gestão da escola.

Deverá ser desenvolvida sob forma de oficinas durante todo o Curso. A especificação dos conteúdos e das habilidades será feita a cada turma, tendo

cm vista um diagnóstico dos saberes já construídos previamente pelos

educandos. Em alguns casos deverá iniciar com noções de datilografia.

Conteúdos:

Noções gerais sobre o uso do computador.

Oficina de manuseio orientado.

Oficina de datilografia em tempo complementar, se for o caso.

Noções teóricas sobre programas.

Oficinas orientadas.

e) Matemática - MAT: (208h/a)

A meta de capacitação neste componente refere-se ao domínio prático

dos saberes matemáticos necessários em quatro situações diferenciadas,

mas combinadas entre si: a matemática que precisam para ajudar nos

processos de gestão da Escola; a que precisam para a alfabetização

matemática de crianças e adultos; a matemática que precisam no seu dia a

dia; a matemática que precisam dominar para prestar concursos.

Conteúdos:

Noção de número.

Composição e decomposição de números. Problemas envolvendo as quatro operações com números naturais

e números decimais.

Uso da calculadora (oficina). Porcentagem: cálculo mental e uso da calculadora.

Problemas de custos de produção.

Organização de dados em gráficos.

Reflexão sobre o aprendizado da Matemática através da construção

de problemas. Noções básicas de controles contábeis, elaboração de orçamentos e

matemática financeira.

Exercícios de cálculo mental.

Mérodos de medição de terra.

Relação entre área e perímetro.

Construção de problemas matemáticos sobre medidas.

Métodos de cubagem de macieira.

Volume de sólidos.

Medidas de capacidade e massa.

Reflexões sobre o ensino da Matemática nas escolas de educação

fundamental. Fundamentos teóricos da Emomatcmática, com ênfase no estudo

das dimensões culturais, sociais e políticas da Educação Matemática.

Análise de práticas pedagógicas envolvendo o aprendizado da

Matemática.

Revisão de conteúdos com reflexão sobre a didática da Matemática.

d) Biologia - BIO: (96 h/a)

Este componente combinado com o de Química e de Física, se insere

no campo da formação cultural, que visa principalmente a recuperação/

produção de saberes ligados à busca de qualidade de vida, através de um

adequado relacionamento com o conjunto dos aspectos que compõem o

nosso meio ambiente, possibilitando conhecer o funcionamento do

organismo humano e suas relações. Deverá ser trabalhado de forma

relacionada com o componente de Educação Ambiental.

Conteúdos:

Corpo humano e seus sistemas.

Relação entre alimentação, higiene e ambiente.

Princípios de educação alimentar.

Noções de primeiros socorros.

Cuidados básicos com o corpo, doenças mais comuns e recursos para seu tratamento e ou prevenção.

Sexualidade e reprodução: formação dos gametas, fecundação e

desenvo lvimento embriológico; contro le da natalidade; doenças

sexualmente transmissíveis.

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Estudo sobre sexualidade na infância e adolescência. Concepção de saúde. Projetos de saúde nos assentamentos e acampamentos. Noções sobre medicina alternativa.

e) Química - QUI: (88 h/a)

Este componente, combinado com o de Biologia e Física, se insere no

campo da formação cultural, visando principalmente a recuperação/produção

de saberes ligados à busca de qualidade de vida, através de um adequado

relacionamento com o conjunto dos aspectos que compõem o nosso meio

ambiente. Pretende-se também que estabeleça uma ponte com o

componente Didáticas, tornando sempre presente a preocupação com os

jeitos de aprender e de ensinar estes mesmos saberes.

São metas de capacitação nesta disciplina: desenvolver uma postura

ética e científica diante da natureza e das suas várias dimensões,

demonstradas através de gestos, comportamentos e trabalhos pedagógicos

concretos. Em todas as etapas o foco principal deverá ser a chamada química

do cotidiano, com ênfase nos saberes relacionados a higiene, alimentação,

água e plantas.

Conteúdos: O que é a Química e qual a sua linguagem.

Elementos químicos e sua utilização. Identificação dos elementos formadores do planeta terra.

Combinações e misturas.

Química orgânica e química inorgânica.

As funções da química inorgânica e as reações químicas.

Química orgânica e suas aplicações no cotidiano da vida animal e vegetal.

A Química e os processos produtivos do campo.

f) Física - FIS: (88 h/a)

A Física, junto com as outras áreas das ciências (Biologia, Matemática

e Química) apresenta-se como uma das formas possíveis de compreensão

da realidade. Enquanto um conhecimento historicamente produzido pela humanidade constitui-se em aspecto cultural importante para o ser humano na sua relação com a natureza em suas várias dimensões. Este componente curricular visa possibilitar ao educando a compreensão do conhecimento físico sistematizado, bem como desenvolver aspectos metodológicos do processo de aprendizagem e ensino na área de ciências, relacionando-se

CI) também ao componente Didáticas.

Conteúdos: Fundamentos da Física (visão geral da disciplina)

Medidas Leis de Newton Mecânica Newtoniana: torque, trabalho, energia.

Termodinâmica: motor de combustão interna.

Ondas: som e eletromagnéticas.

Óptica. Eletricidade: instalação predial.

Eletromagnetismo.

g) Hist6ria - HI: (200 h/a)

Uma das principais metas deste componente é a formação ele uma

postura pessoal e coletiva diante da história: entender-se como parte do

processo histórico, respeitar e cultivar a dimensão da memória e o valor

pedagógico e político da história de um povo. Outra meta se refere ao

domínio das informações fundamentais sobre a história do mundo, em

especial sobre a história do Brasil e da América Latina, incluindo domínio

específico da história da luta pela terra e dos Movimentos Sociais

Camponeses.

Conteúdos: Conceitos e concepções de História e Geografia. Diferentes Modos de produção ao longo da 1 listória da humanidade.

História do Brasil Colônia e Império: reflexos sócio-culturais no Brasil contemporâneo.

Elementos da História da África para compreensão do papel dos

negros e da cultura africana e afro-brasileira na formação cio Brasil.

1 Iistória do Brasil Republicano: industrialização e movimentos sociais.

Panorama da História Contemporânea Mundial: grandes revoluções burguesas e proletárias.

História ela América Latina. História e histórias de vida.

h) Geografia - GEO: (160 h/a)

São metas específicas de formação através deste componente curricular: desenvolver a noção (prática) de localização e orientação espacial; ler e Interpretar mapas e estatísticas; confeccionar mapas; ter uma postura de respeito e bom senso na relação com a natureza; preparar-se para o ensino

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de geografia, incluindo em cada etapa exercícios e reflexões nesta

perspectiva.

Conteúdos:

Conceitos e concepções da Geografia e História

Noções de Orientação e localização no espaço.

As transformações do espaço geográfico, com enfoque os diferentes

modos de produção.

Movimentos Populacionais: organização e estrutura populacional

nos acampamentos e assentamentos.

Geopolítica brasileira: estudo e conhecimento dos mapas físico e

político do Brasil.

Estudo e ocupação do campo brasileiro: organização territorial dos

acampamentos e assentamentos.

Estudo dos Continentes, aspectos econômicos, naturais, culturais.

Geopolítica Mundial: Globalização e Blocos Econômicos; América

Latina e Mercosul.

Geopolítica da Fome e Geografia da Fome.

i) Economia Política - EP: (104 h/a)

A meta principal neste componente diz respeito ao domínio de

ferramentas conceituais importantes à compreensão da realidade social,

especialmente de suas questões macroeconômicas. Fazer relação com os

estudos realizados em História.

Conteúdos:

O que é Economia Política e quais seus objetivos.

Conceitos fundamentais de Economia Política e noções básicas

sobre o funcionamento da sociedade e compreensão do modo de produção

capitalista.

Noções de história do pensamento econômico.

Análise do capitalismo brasileiro através do estudo do pensamento

de autores tais como: Caio Prado, Florestan Fernandes, Celso Furtado, Jacob

Gorender e Plínio de Arruda Sampaio Junior.

Análise da conjuntura econômica e política do país.

Análise do capitalismo brasileiro no campo.

Análise da conjuntura econômica e política do país.

Imperialismo e globalização. Bases da construção de um Projeto Popular para o Brasil.

Socialismo.

j) Filosofia - FIL:

As metas básicas neste componente são as seguintes: capacidade de

pensamento e análise dialética da realidade, e domínio de noções básicas

da filosofia, e em especial da interpretação dialética da história.

Conteúdos:

Introdução à história da Filosofia.

Exercícios de discussão filosófica.

Introdução ao estudo do pensamento marxista.

Conceitos e idéias principais da interpretação marxista da história.

Exercícios de discussão filosófica.

Contribuições de Marx à interpretação da realidade. (A partir de

leitura de trechos de obras de Marx)

Marxismo e educação: as idéias de Marx sobre educação; a visão de

educação a partir da interpretação marxista.

Contribuições de marxistas à questão da educação. Gramsci, Lenin ...

k) Sociologia - SO: (104 h/a)

A meta básica neste componente é a capacitação organizativa através

da teoria e das práticas nos processos de produção e de gestão da escola. O

detalhamento da ementa desta disciplina se faz a cada etapa em função das

demandas do processo organizativo da Turma.

Conteúdos:

Orientações e entregas teóricas ao processo de inserção no IEJC.

Elementos de teoria da organização e de gestão de empreendimentos coletivos.

Formas, características e transformações históricas do trabalho

camponês e relação com o processo de formação da consciência.

1) Psicologia - PSI: (72 h/a)

As principais metas de formação neste componente são as seguintes:

postura de equilíbrio emocional e consciência em relação à sua própria

subjetividade; domínio de saberes e atitudes básicas em relação ao convívio

no coletivo e ao comportamento das pessoas; domínio de saberes e atitudes

básicas sobre aprendizagem e desenvolvimento humano de crianças, jovens

e adultos, necessários para o bom desempenho na relação pedagógica. A

primeira meta deverá ser trabalhada junto com os diversos tempos de

formação do curso, e em relação também com o componente curricular

Ética e Relações Humanas. A segunda e a terceira poderão ter um trabalho

combinado com os componentes: Didáticas e Fundamentos da Educação.

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Conteúdos: Formação da identidade pessoal e coletiva. Relação indivíduo­

colctivo, diferenças, conflitos, construção.

Componentes da psique humana e sua relação com a formação humana.

Ciclos do desenvolvimento humano e implicações pedagógicas.

Estudo específico sobre a infância Sem Terra.

Estudo das principais teorias de aprendizagem, com ênfase nas

decorrentes da abordagem de desenvolvimento humano feita por Vigotsky.

Reflexões sobre a aprendizagem nas escolas.

m) Cultura Brasileira - CUL: (56 h/a)

A meta principal neste componente curricular é sensibilizar e

instrumentalizar os educandos para a valorização da dimensão da cultura

no trabalho pedagógico em geral, e no trabalho a ser realizado nos

assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária, em particular.

Conteúdos:

Conceitos de cultura.

O MST e a cultura.

Formação cultural brasileira, incluindo estudos sobre cultura popular.

Estudos sobre cultura camponesa.

n) Educação Física - EF: (80 h/a)

As metas principais de formação através deste componente curricular

são as seguintes: domínio do trabalho corporal e de saberes que permitam

trabalhar esta dimensão com crianças, jovens e adultos do campo. Será

desenvolvida através de tempo específico com ênfase em atividades práticas.

Conteúdos: Reflexão sobre o lugar da educação física na formação humana.

Orientações para atividades físicas diversas.

Realização de atividades físicas em tempo específico. E lementos de didática da educação física com jovens e adulrns

trabalhadores. E lementos de didática da educação física nas escolas de educação

fundamental.

o) Educação Artística - EA: (80 h/a)

Este componente tem sua ênfase na formação cu lrural, visando

especia lmente a sensibilização para a arte e o desenvolvimento de

habilidades e de talentos que possam auxiliar na tarefa da educação. Também relacionada ao componente Didáticas.

Conteúdos:

Exercícios de sensibilização para a linguagem da arre: memória e biografia e seus sentidos na educação.

A educação através da arte: as diversas linguagens integradas. Artes Cênicas.

Como trabalhar o teatro na escola.

Música: sensibilização/audição musical; aulas de canto; oficinas de confecção e manejo de instrumentos musicais simples.

Como trabalhar com educação musical na escola. Dança/corpo: como nos movemos no mundo.

Artes gráficas.

Artes Plásticas.

O olhar na educação: formas, cores, texturas e tessituras.

Leitura e interpretação de expressões artísticas/obras de arte. Como trabalhar a educação artística na escola.

p) Ética e Relações Humanas - ERH: (112 h/a)

Este componente curricular situa-se no âmbito da formação pedagógica e cultural. As principais metas de formação são as seguintes: postura ética no relacionamento interpessoal e no trato das questões da subjetividade e

do convívio humano no coletivo; compreensão dos valores humanistas e de como cultivá-los no dia a dia.

Será desenvolvido prioritariamente através de seminários, reflexões e diálogos coletivos em torno das demandas de cada grupo. Poderá incluir

estudos específicos sobre relações humanas e a dimensão ética do processo pedagógico.

Conteúdos:

Reflexões sobre os comportamentos coletivos e pessoais no cocidiano do IE]C.

Processo de crítica e autocrítica. Conceito de ética.

Virtudes da convivência humana. Processo de crítica e autocrítica. Reflexões desde as vivências no IEJC e MST

Dimensão da militância em um movimento social: ética e relações.

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q) Língua Estrangeira - LES: (120 h/a)

Este componente situa-se no âmbito da formação cultural, visando proporcionar condições de comunicação e intercâmbio com pessoas e

materiais escritos em língua espanhola. A meta é o domínio dos códigos ou

noções básicas necessárias para compreensão da língua falada e escrita, bem

como para fazer conversações.

Conteúdos: Noções de fonética e gramática espanhola, trabalhadas arravés de

audição e leitura de textos literários diversos.

Conversações simples.

Leitura oral de textos.

Interpretação de textos.

Leitura e interpretação de textos.

Práticas de conversação.

Estudo de expressões culturais latinas.

r) Metodologia da Pesquisa - MPE: (72 h/a)

Este componente tem como meta a elaboração do Trabalho de

Conclusão do Curso - TCC, sendo desenvolvido em torno das suas diferentes fases. Em sua maior parte terá a forma de oficina, e em todas as

etapas terá atividades também no Tempo Comunidade.

Sua oferta deverá ser iniciada na segunda etapa do curso e estender-se

até a última, compreendendo desde a discussão sobre pesquisa, a elaboração

de um projeto de pesquisa, até a defesa pública de uma monografia elaborada

em torno do tema pesquisado, que deverá ser de interesse social para a qualificação das práticas pedagógicas relacionadas ao Curso e a seus sujeitos.

Os conteúdos serão escolhidos conforme quadro de metas elaboração

doTCC.

s) Educação Ambiental - EDA: (48 h/a)

Este componente situa-se no campo da formação cultural e técnica

dos educandos, e visa produzir subsídios para o seu trabalho tanto na escola como na comunidade. O enfoque prioritário estará na produção agrícola numa perspectiva de desenvolvimento sustentável, e na educação voltada à sensibilização das famílias do campo para práticas cotidianas de defesa e preservação da vida humana e de seu ambiente. Pelas suas características e objetivos deverá incluir atividades também durante o Tempo Comunidade.

Conteúdos:

Histórico da utilização de agrotóxicos, pesticidas, adubos químicos na água, no solo e na vida humana, e impactos ambientais provocados.

Definição de lixo. Classificação dos tipos de lixo.

A análise das comunidades através do lixo que produzem.

O ritmo de re<.:iclagem da natureza e o ritmo de produção de lixo. Práticas de reciclagem do lixo.

Valores e princípios das chamadas "educação sustentável", "ecopedagogia" e ''pedagogia da terra".

t) Educação Religiosa - ERE: (40 h/a)

J\ ênfase deste componente curricular está na formação para a vivência

e 0 entendimento do fenômeno religioso presente nas diversas culturas, e 0 lugar que ocupa no processo de educação onilateral do ser humano.

Conteúdos:

MST.

Fenômeno religioso.

Pluralismo religioso: abertura ao ecumenismo e diálogo religioso. Religiosidade do povo e consciência social.

Análise da religiosidade nos assentamentos e acampamentos do

Interpretação de textos sagrados e educação religiosa. Reflexões e exercícios práticos de interpretação.

Como desenvolver a educação religiosa com crianças, e com jovens e adultos.

u) Estratégias de Desenvolvimento do Campo - ESD: (88 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é oportunizar aos educandos o estudo e o debate sobre o processo de construção de uma concepção sustentável e popular de desenvolvimento cio campo, com ênfase na discussão sobre os assentamentos de Reforma Agrária.

Conteúdos:

Desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro.

Socialização das discussões atuais do MST sobre assentamentos: organicidade, modelo de produção, modelo tecnológico, projeto de vida no campo ...

Diferentes concepções e estratégias de desenvolvimento do campo na história do Brasil.

Situação da luta pela Reforma Agrária no Brasil.

Elementos de um projeto popular de desenvolvimento do campo.

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Conceito de soberania alimentar.

Discussão sobre as sementes como patrimônio da humanidade.

!\griculcura familiar: escudos sobre situação, alternativas, relação com

um projeto popular de desenvolvimento.

v) Educação Básica do Campo - EBC: (88 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é oportunizar o estudo

e o debate das práticas e reflexões sobre educação que vêm sendo produzidas

pelos sujeitos sociais do campo no Brasil, e que integram o movimento Por

Uma Educação do Campo.

Conteúdos:

Concepção de Educação do Campo e trajetória deste Movimento.

Estudo de textos produzidos a propósito das duas Conferências

Nacionais Por Uma Educação do Campo (1998 e 2004)

História e situação atual da educação no meio rural brasileiro, do

ponto de vista das políticas públicas e da elaboração pedagógica.

Desenvolvimento do campo e educação básica: as reflexões de

organismos internacionais como UNESCO e FAO; as reflexões de entidades

e intelectuais latino-americanos; as reflexões dos Movimentos Sociais no

Brasil.

Projeto Político e Pedagógico da Educação do Campo.

Estudo de práticas pedagógicas que se colocam na perspectiva da

EdoC, incluindo as práticas dos movimentos sociais do campo e também

experiências de educação indígena e quilombola.

Paulo Freire e a educação do campo. Recuperação da matriz dos

movimcnws sociais camponeses no pensamcnw pedagógico de Paulo

Freire.

x) Educação de Portadores de Necessidades Educativas

Especiais - EPN: (40 h/a)

A meta principal de formação através deste componente curricular é

fazer a sensibilização, e iniciar a reflexão, sobre como identificar e tratar as

pessoas portadoras de necessidades educativas especiais, nos assentamentos

e acampamentos onde atuam ou atuarão os educadores formados neste

Curso. Trabalhar com as diferentes linguagens e dar um panorama das

diferentes concepções de trabalho nesta área.

Conteúdos:

O que é educação especial ou de portadores de necessidades

educativas especiais ou de portadores de deficiências.

Quem são e como são as pessoas portadoras de necessidades educativas especiais.

Exclusão/Inclusão: alternativas de atendimento.

Dificuldades de aprendizagem e de ensino.

Diagnóstico da existência de pessoas portadoras de deficiências nos

assentamentos e acampamentos de origem dos educandos (tarefa orientada

para o TC)

Tipos e características das principais deficiências físicas, mentais e

sensoriais.

Participação da família, da comunidade e da escola na cduc'1ção cfas

pesso'1S portadoras de deficiências ou de necessidades educativas cspcci'1is.

y) Fundamentos da Educação - FE: (120 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é ajudar a construir

referenciais teóricos que permitam uma rigorosa, sistemática e fecunda

reflexão sobre as práticas pedagógicas dos educandos e de seus coletivos. J\s

metas específicas de formação dizem respeito basicamente: ao domínio teórico

e argumentativo sobre concepções e práticas de educação e pedagogia; à

capacidade de análise histórica dos processos pedagógicos e de sua própria

prática; ao domínio de questões teóricas relacionadas à construção do projeto

político-pedagógico da escola; e a uma postura coerente, humilde e autônoma

nos diversos tempos e espaços do Curso e fora dele.

Conteúdos:

História da educação no MST e alguns de seus significados.

- História da educação e da pedagogia. Educação nas Comunidades Primitivas. Educação no Mundo Antigo.

- História da educação e da pedagogia. Educação na Época Medieval e na Época Moderna.

Estudo dos princípios filosóficos e pedagógicos da educação no MS' C

História da educação e da pedagogia. Educação na Época Contemporânea. Escola Nova. Pedagogias Socialistas.

- Estudo de clássicos do pensamento pedagógico (visão geral sobre

Comenius, Rousseau, Makarenko, Dewey, Gramsci, Paulo Freire, ... ).

- Estudo de clássicos do pensamento pedagógico. (Aprofundamento Makarenko)

- Concepção de escola do MST e análise de práticas de escolas de assentamento ou acampamento.

- Formas diferenciadas de organização curricular. Estudo específico SObre ciclos de formação.

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História da educação das classes populares e da educação popular no Brasil.

Estudo de clássicos do pensamento pedagógico. (Aprofundamento

Paulo Freire) Ser educador do MST.

Pedagogia do Movimento Sem Terra. Aprofundamento das

pedagogias que formam os Sem Terra a partir da relação com as teorias

pedagógicas estudadas. Projeto Político Pedagógico das escolas e ou outras práticas de

educação. Análise do processo pedagógico vivenciado no LB]C. Sistematização

da experiência formativa a partir dos registros da memória da turma.

z) Didáticas - DID: (176 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é orientar,

acompanhar e avaliar a realização das práticas pedagógicas dos educandos,

proporcionadas pelo Curso, e que visam uma formação integral mais coerente, que se movimenta permanentemente entre prática, teoria e

prática. Incluirá atividades fora do IEJC, tanto durante o Tempo Escola

como durante o Tempo Comunidade.

Coordenará a realização das Oficinas de Capacitação Pedagógica -

OCAP, que é um método de formação utilizado pelo Curso para inserção

pedagógica e didática dos educandos na realidade dos assentamentos e

acampamentos de Reforma Agrária. Seu foco principal será o trabalho em

escolas de educação fundamental, anos iniciais. J\lém das relações já apontadas, deverá relacionar-se de modo especial com o componente

Fundamentos da Educação.

Conteúdos:

Concepção de didática.

Método de diagnóstico da realidade local.

Noções básicas de planejamento escolar. Análise de práticas pedagógicas. Planejamento e acompanhamento de Oficinas de Capacitação

Pedagógica. Estudos sobre mécodos de ensino e de avaliação. Teoria e métodos de alfabetização de crianças. Reflexões sobre como construir o ambiente educativo de uma escola

de educação fundamental. Reflexões sobre possibilidades de organização curricular.

aa) Estrutura e Funcionamento da Educação Básica no Brasil _ EFE: (112 h/a)

A meta principal de formação através deste componente curricular é o

domínio de informações e conhecimentos importantes para a inserção crítica

e criativa no sistema educacional brasileiro, e especificamente no que se

refere à educação básica. Seu foco principal será o processo de construção e

gestão das políticas públicas, de âmbito federal, estadual e municipal.

Conteúdos:

Análise da conjuntura educacional brasileira e mundial.

Estrutura e funcionamento do sistema educacional brasileiro: compreensão geral.

Estudo da legislação educacional brasileira referente à educação básica e especificamente à educação básica nas escolas do campo: conteúdos, processo de elaboração, manejo prático.

Políticas de financiamento da educação básica.

Documentação escolar básica: conteúdos, processo de elaboração. Organização de secretaria de escola.

bb) Educação de Jovens e Adultos: Fundamentos - EJA FE: (96 h/a)

O objetivo principal deste componente é desdobrar e aprofundar os

estudos feitos e as metas de formação pretendidas no componente

Fundamentos da Educação, para as questões específicas do trabalho pedagógico com jovens e adultos.

Conteúdos:

História da EJA no Brasil e América Latina: políticas públicas, movimentos de alfabetização, reflexões pedagógicas, incluindo a trajetória da EJA no MST

Estudos sócio-antropológicos dos sujeitos educandos jovens e adultos do campo.

Identificação de necessidades de aprendizagem em EJA. Alfabetização matemática e letramento.

Reflexões sobre aprendizagem voltadas para os sujeitos jovens e adultos.

MST

Concepção e princípios pedagógicos da EJA no MST Análise de práticas pedagógicas.

Reflexões sobre a identidade do educador de jovens e adultos no

Alfabetização científica; alfabetização em outras linguagens.

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A EJA e o método de trabalho de base inspirado em Paulo Freire. Alternativas de escolarização básica de jovens e adultos do campo.

cc) Educação de Jovens e Adultos: Didáticas - EJA DID: (104

h/a)

O objetivo principal deste componente é desdobrar e aprofundar os

estudos feitos e as metas de formação pretendidas no componente Didáticas,

para as questões específicas do trabalho pedagógico com jovens e adultos.

Conteúdos: Métodos de trabalho com as comunidades assentadas e acampadas.

Métodos de ensino e de avaliação cm EJA.

Análise de práticas pedagógicas.

'teoria e métodos de alfabetização (linguagem escrita, matemática,

ciências naturais e sociais) de jovens e adultos.

Planejamento de aulas em EJA. Planejamento e acompanhamento de Oficinas de Capacitação

Pedagógica.

Reflexões sobre a EJA no MST.

dd) Educação Infantil: Fundamentos - EIN FE: (96 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é desdobrar e

aprofundar os estudos feitos e as metas de formação pretendidas no

componente Fundamentos da Educação, para as questões específicas do

trabalho pedagógico com crianças da faixa etária de zero a seis anos.

Conteúdos:

campo. História da educação infantil no Brasil, incluindo a realidade do

Trajetória da educação infantil no MST.

Concepções de infância e de educação infantil.

J\ infância do campo: situação, desafios políticos e pedagógicos.

Estudo de práticas de educação infantil.

Estudos sócio-psicológico-antropológicos de crianças assentadas e

acampadas. Estudo de práticas de educação infantil. Ser educador infantil do MS'T: Aprofundamento sobre o processo de desenvolvimento e

aprendizagem de zero a seis anos. Gênero e educação infantil. Educação familiar.

ee) Educação Infantil: Didáticas - EIN DID: (104 h/a)

O objetivo principal deste componente curricular é desdobrar e aprofundar os estudos e as metas de formação pretendidas no componente Didáticas, para as questões específicas do trabalho pedagógico com crianças

da faixa etária de zero a seis anos.

Conteúdos: Métodos de trabalho pedagógico com cada idade.

Análise de práticas pedagógicas. Planejamento e acompanhamento de Oficinas de Capacitação

Pedagógica. Organização do ambiente educativo nas cirandas infantis do MST.

!vlétodo de trabalho com as famílias.

ff) Estágio Profissional - EPR: (400 h/a)

Conjunto das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos educandos

durante o Tempo Escola e seu Tempo Comunidade, com acompanhamento

e orientação do Curso, visando a qualificação de sua formação como educador

e docente.

Estas práticas serão coordenadas pelos docentes responsáveis pelos componentes Didáticas, também na sua ênfase em Educação de jovens e

Adultos ou Educação Infantil. O estágio será desenvolvido ao longo do curso, sendo 300 horas destinadas aos Anos Iniciais em Escolas de Educação

Fundamental e 100 horas destinadas à área de Educação de Jovens e Adultos

ou Educação Infantil.

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9.3 Organização das Práticas Pedagógicas e Estágios do Curso

Etapas Práticas Pedagógicas Práticas Pedagógicas Tempo Escola Tempo Comunidade

Preparatória PP 1: Diagnóstico orientado de um assentamento ou

acam oamento 1' PP2: Visita/trabalho com PP3: Trabalho de base "

famílias de um PP4: Escola de Educação acampamento ou Fundamental - anos iniciais:

assentamento (2 ou 3 observação dias)

2· PPS: OCAP 1 "":Anos PP6: Anos Iniciais - Estágio Iniciais (60h/a) (120h/a)

PP7: Trabalho de base 3" PPS: OCAP 2: EJA ou PP9: EJA ou Einf - Estágio

Einf (60h/a) (40h/a) PP 10: T rabalho de base

4' PPll: OCAP 3: EJA ou PP12: Trabalho de base Einf (60h/a)

s· PP 13: OCAP 4: Anos PP14: Apresentação do TCC Iniciais (60h/a) aos sujeitos pesquisados

PPlS: Anos Iniciais - Estágio (120h/a)

6' PP 16: opcional, a <lefinir.

9.4 Metas para elaboração do TCC

A elaboração do TCC se desenvolve vinculada ao componente curricular de Mecodologia da Pesquisa, mas tem metas que envolvem outros tempos. A seguir um quadro resumo das metas a atingir em cada etapa.

Etapa do Me tas Metas Curso TE TC

z• . Compreender o que é . Fazer um exercício de pesquisa. pesquisa de campo. . Conhecer a Agenda de . Discutir escolha do tema Pesquisa do M ST. com seu Coletivo. . Compreender em que . Fazer primeiro co nsiste o TCC. levantamento de

bibliografia sobre o tema. . Fazer levancamcnto de ,1 possíveis orientadores do

TCC. 3' . Aprofundar conhecimento . Definir orientador.

(garantir aulas sobre o que é e como se . Desenvolver pesquisa de em dia s faz uma pesquisa. campo e continuar pesquisa

separados) . Fazer a escolha do tema bibliográfica. do TCC. . Qualificar projeto de . Constituir grupos pesquisa com orientação . temáticos. . Iniciar pesquisa bibliográfica. . Elaborar a primeira versão do oroi eto de p esuu isa.

4ª . Apresentar ve rsão final do . Concluir processo de (garantir aulas projeto. pesquisa com orientação.

em dias . Analisar processo de . E laborar a Monografia com separados) pesquisa de campo em orientação.

andamento. . Fazer uma auto-ava liação . Continuar pesquisa do trabalho . bihliogrHica nos grupos . Ter um Parecer do temáticos. Orientador sobre o trabalho

• Compreender orientações para o IEJC . e passos da elaboração da Monografia. . Defender publicamente a orooosta do TCC.

5ª . Realizar defesa pública do . Refazer ou revisar o texto (3 dias TCC no IEJC perante final do TCC se for o caso.

seguidos) Banca. . Fazer devolução dos resultados para os sujeitos da oesuuisa de camoo.

6' . Se for o caso, entregar . Refazer uma vez mais o versão final do TCC, que TCC, se for o caso. deverá se r lida e avaliada pela professora de MPE e eq uipe do IEJC. . Realizar Seminário sobre o TCC: questões que ficam e lições da prática de pesquisa. . Realizar nova defesa oública, se for o caso.

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9.5 Exemplo de quadro de oficinas e seminários por etapa r Planejamento feito a propósito de uma das turmas e que vai sendo

ajustado no planejamento específico de cada etapa.

Ecaoas Oficinas básicas Seminários . Mística Preparatória . Josué de Castro: vida e • Ensa io de Ca ntos e hino

do MST obra (introdução) . Processo de Avaliação • Plano de Ativ idades Povo e cultura de . . Oficina para Veranópolis e região

preenchimento de . Anál ise de conjuntura corresp ondê ncia. . Avaliação do TE . Informe e Balanço Crítico . • ... . ..

Josué de Castro: vida e . 1' . Xadrez l: colocação do

ohra (aprofundamento) tabuleiro e movimentação • Avaliação do TC d as peças . Gênero I . Oratória 1

Afetividade e sexualidade . . L eitura oral I . Monitoria Educação Fís ica Sobre leituras feitas .

• Elaboração de refle xão Análise de conjuntura • escrita. . Avaliação do TE • El aboração de plano de meta s. . M usical ização . Informática . Violão ou teatro ou desenho e pintura ou artesanato . Preenchimento de c heq ue . Preenc himento de recibo . Oficinas ligadas aos postos de trabalh o e ao processo de gestão . Diário de Campo . ...

2' . Xadrez II . Aval iação do TC . Oficina de M ultim e ios I: . Afetividad e e sexualidade con fecçã o d e lâminas e uso II do retroprojetor. . Gênero II

o . Oratória I 1 . Sohre leituras feitas ~ Corresp ondê ncias ofic ia is: Aná lise de conjuntura ~

. . C> Ofício, carta, mem orando, . Sobre tema da co njuntura 8 ates tado, procuração e • Avaliação do TE o..

g ou tros.

õ' . Elaboração de diário de

f ca mpo. 1 _, . Reg istro de movime nto-<

E ca ixa a: o . Prestação de contas z o . Inform átic a

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1 . Oficinas ligadas aos postos ,_____. .1 de trabalho e ao processo -

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3' . Xadrez III . Oficina de multimeios II: manejo de aparelhagem de vídeo e computador. . R egistros escolares 1: como preencher diário de classe e livro ponto e caderno de chamada

• Elaboração de relatório • Informá tica . Violão ou teatro ou

desenho e pintu ra ou artesanato

• Mural • Acendimento de primeiros

socorros . Oficinas ligadas aos postos

.,tJ' de trabalho e ao processo de ges tã o . . ..

4' • R egistros Escolares II: certifü;ados, diplomas, histórico escolar

• Organização de secretaria de escola

• Confecção de cartazes e faixas . Oficina de multimeios III: uso de mimeógrafo e outros meios al ternativos.

• Informática . Violão ou teatro ou desenho e p intura ou artesa nato

• Jornal Popular • Construção de parques

infantis • Sistematização . Oficinas ligadas aos postos

de trabalho e ao processo de ges tão . ...

s· • Registros Escolares III: Como arquivar documentos (a rquivo físico e vi rtual).

• J n formá cica . Produção de materiais didáticos

• Violão ou teatro ou desenho e pintura ou artesanato

• Avaliação do TC . Afetividade e sexualidade III

• Gênero III . Sobre leituras feitas . Aná li se de conjuntura • Sobre tema da conjuntura • PROPED IEJC • Avaliação d o TE

• Avaliação d o TC . Sobre leituras feitas . Análise de conjuntura . Sobre tema da conjuntura • América L atina . Educação Infantil (se for

modalidade EJA) . EJA (se for modalidade Educação Infantil)

• PROPED Curso • Ava liação d o TE

. Avaliação do TC . Sobre leituras feitas • Aná li se de conjuntura • Sobre tema da conjuntura • Socialismo . Educaçã o na família . Sobre o outro curso que

estiver no IEJC . Avaliação do TE

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9.6 Normas de Ingresso e Permanência no Curso

Conforme Regimento Escolar do Instituto de Educação Josué de Castro e Regimento do Curso Normal, aprovados pelo Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul em 2001:

O regime de matrícula no curso é por etapa.

São critérios de matrícula ou ingresso no curso:

a) indicação por uma comunidade de assentamento ou por uma das entidades que integram a Mantenedora (!TERRA);

b) participação em atividades de preparação aos cursos organizadas e

desenvolvidas pela Mantenedora;

c) comprovação de conclusão do ensino fundamental, avaliação diagnóstica para quem não apresentar comprovantes de educação formal

ou aproveitamento de estudos conforme legislação vigente;

d) comprovação de conclusão do ensino médio, para o caso uc educandos do Curso Normal com aproveitamento de estudos.

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