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Seja bem Vindo!

Curso

coturismo E II CursosOnlineSP.com.br

Carga horári 60a: hs

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Conteúdo:

Ecologia, meio ambiente e ecossistema .............................................................. Pág. 7

Ecologia ............................................................................................................... Pág. 7

Meio ambiente ...................................................................................................... Pág. 20

Ecossistema ......................................................................................................... Pág. 29

Turismo, carreira profissional e Turismo de Aventura .......................................... Pág. 33

Turismo ................................................................................................................ Pág. 34

Carreira profissional ............................................................................................. Pág. 38

Turismo de aventura ............................................................................................ Pág. 42

Ecoturismo ........................................................................................................... Pág. 62

Ecoturismo em desenvolvimento ......................................................................... Pág. 70

Atividades praticadas no Ecoturismo ................................................................... Pág. 78

Bibliografia........................................................................................................... Pág. 94

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1.1– Ecologia Ecologia é uma ciência do ramo da Biologia que estuda os seres

vivos e suas interações com o meio ambiente onde vivem. É uma palavra que deriva do grego, “oikos” significa casa e “logos” significa estudo.

A Ecologia também se encarrega de estudar a fartura e a

distribuição dos seres vivos no planeta Terra. Numa época em que o desmatamento e a extinção de várias

espécies estão em andamento, a Ecologia é uma ciência de extrema importância, pois os resultados de seus estudos fornecem dados que revelam se os animais e os demais ecossistemas estão em perfeita harmonia.

Através das informações geradas pelos estudos da Ecologia, o

homem pode planejar ações que evitem a destruição da natureza, possibilitando um futuro melhor para a humanidade.

5 de junho: Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia

Nas últimas décadas, uma intensa e constante atenção tem sido colocada sobre a questão ambiental e sobre os possíveis riscos que seu agravamento possa acarretar para a sobrevivência da humanidade e suas sociedades, problemas globais como:

- a poluição das águas; - a redução da camada de ozônio; - a extinção de espécies e culturas tradicionais;

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- o efeito estufa; - o crescimento populacional; - o consumo maciço de recursos, entre outros. Soluções têm sido propostas, ações e programas são praticados em

todo o mundo, visando diminuir ou resolver os impactos diversos causados ao ambiente.

Alguns pesquisadores apontam que durante os últimos 40 anos, o

movimento ambientalista vem se desenvolvendo através de diferentes fases, em resposta a crises específicas para uma conscientização de questões mais amplas relacionadas com ética, políticas públicas e valores humanos.

Poucas questões têm sido tão rapidamente incorporadas na

preocupação e ação coletivas quanto à problemática ambiental. Entretanto, quando se pensa em uma elaboração e prática de

propostas e medidas reparadoras para os problemas ambientais, torna-se fundamental um processo profundo e efetivo de Educação Ambiental.

Partindo deste ponto de vista, nosso curso tem como interesse

primeiro tratar dos conceitos fundamentais da ecologia, conceitos estes que formam a base do movimento ambientalista.

O movimento ambientalista tem por objetivo reduzir ou reparar os

danos causados pelos seres humanos à ordem natural e servir de fonte de inspiração para praticamente todos os aspectos da vida pessoal, profissional e familiar.

O mundo não é um relógio mecânico imensamente complicado e

feito de partes separadas. Até o mais imperceptível evento biológico envolve uma teia de influência que interage entre si. A vida no planeta mostra uma interação fascinante de relação ecológica, das quais temos o privilégio de participar.

Para participar delas de forma responsável, precisamos de

conhecimentos básicos de ecologia, mesmo quem já se preocupa com questões ecológicas, sendo por interesse pessoal ou como ativista.

A compreensão de conceitos ecológicos básicos proporciona uma

cultura ecológica mais ampla e próxima da realidade ecológica atual, diferente do que normalmente é divulgado pela mídia em geral.

O conhecimento ecológico revela a nossa complexa relação com o

planeta Terra: a maravilhosa variedade e beleza da vida que dá um prazer infinito, mas que causa sofrimento de ver, devido às atividades industriais, agrícolas e pessoais que são cruelmente destrutivas à vida no planeta.

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Esses conhecimentos tornam-se primordiais a partir do momento em

que se pretende estudar ou praticar Ecoturismo. ÁGUA Visto do espaço, o azul dos mares identifica a Terra como “o planeta

aquário”. Poetas falam das águas, da vida e o ciclo da água é o mais fácil de visualizar entre todos aqueles do nosso planeta.

Temos uma afinidade natural com a água, como se percebêssemos

instintivamente que sem ela não pode haver vida. Adoramos a água, vê-la correndo entre as pedras, os sons dos riachos murmurantes ou o quebrar das ondas no mar.

A química intrincada das células vivas não funciona sem ela. Cerca

de 80% do corpo humano é composto de água. Ela é essencial para a circulação do sangue, digestão, metabolismo, atividade cerebral e movimentos musculares.

A vida originou-se nos mares e até hoje ela só existe com a

presença da água. Em algum estágio de sua vida todos os seres vivos precisam dela.

Todos os seres vivos carregam água dentro do corpo. Alguns

animais peculiares, como o rato-canguru do deserto, não precisam beber água porque conseguem sintetizá-la de sua comida.

Muitas plantas conseguem absorver água diretamente do orvalho.

Mas a maioria dos seres vivos só sobrevive por pouco tempo sem tomar água. Para os seres humanos, esse período é de aproximadamente três dias, embora possamos viver bem mais tempo sem comida.

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Por isso, a maioria concentrações humanas, desde o início da história, ocorre perto de fontes de água.

No ciclo da água, a água limpa que sai de nossas torneiras caiu na

superfície da Terra sob a forma de chuva ou neve. Mas, antes de cair, essa água circulou na atmosfera, às vezes durante milhares de quilômetros, como vapor de água invisível – água em forma gasosa, que só se torna visível como nuvem ou neblina quando se condensa em gotinhas microscópicas.

Quantidades imensas de vapor de água no ar são fornecidas pela

transpiração das folhas das plantas. O resto evapora no ar quando a luz do sol aquece os rios, oceanos ou superfícies de pântanos. As crianças percebem a evaporação pela primeira vez quando jogam um pouco de água numa pedra ou no concreto aquecido pelo sol e veem a rapidez com que ela desaparece.

A transpiração e a evaporação deixam as impurezas para trás, bem como os sinais do oceano.

A maior parte da água que cai e é usada e excretada por animais e

plantas volta para a atmosfera como vapor. Mas é claro que uma parte muito grande escorre para os cursos d’água e retorna ao oceano, recomeçando o ciclo.

Por meio do ciclo da água, a natureza presta serviços essenciais

que para nós, seriam proibitivamente caros em termos de energia e dinheiro se tivéssemos de providenciar tudo sozinhos.

A natureza envia água fresca e pura para a terra em grandes

quantidades, tornando-a disponível para inúmeros organismos dos quais dependemos, bem como para os nossos próprios depósitos de água.

A humanidade vem progressivamente contaminando as bacias

hidrográficas com resíduos domésticos, agrícolas e industriais a ponto de tornar cada vez mais escassas as reservas de água potável. Muitas dessas atividades implicam na interrupção ou desvio dos cursos de água.

A construção de represas para gerar energia elétrica ou fazer

irrigação das lavouras priva os habitantes das margens dos rios do acesso à água e promove a extinção das espécies, a exemplo dos peixes como o salmão, que devido às represas, estão extintos em vários continentes.

Ao derrubar florestas, diminui-se a transpiração. Isso reduz a precipitação de chuvas e cria um clima mais quente, desértico.

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Quando plantamos árvores sedentas e de raízes profundas como cerca viva em áreas secas, diminuímos a quantidade de água deixada no solo para nutrir outras plantas e fornecer água para os córregos.

Essas mudanças interferem no ciclo da água de maneira lesiva para

nós e para outros seres vivos. AR O ar parece tão cristalino que não conseguimos compreender o seu

papel no sistema circulatório global de nutrientes em que pouco se percebe elementos essenciais como carbono, nitrogênio e enxofre, assim como aquele componente universal da vida, a água.

Não é fácil entender como esse elemento leve, invisível e sem cheiro

no seu estado natural pode ser tão essencial à vida. Sabemos que, de alguma forma, o ar sustenta os pássaros e os aviões em voo.

Lembramos a carícia deliciosa de uma brisa de verão em nossa pele

ou frio cortante do ar de inverso abaixo de zero grau que maltrata as vias respiratórias, o nariz e as extremidades. No entanto, ao olhar para uma sala, só percebemos as pessoas ou os objetos que estão ali, não o ar que enche por inteiro o ambiente.

Na verdade, em geral ignoramos o ar, a menos que ele encha os

nossos pulmões de fumaça ou poluição. Esquecemos que sem ar não podemos sequer ouvir uns aos outros, uma vez que é ele que transmite o som.

Respire profundamente e preste bastante atenção ao que ocorre em

seu corpo. Costumamos dizer que “inspiramos” o ar, como se tivéssemos controle sobre esse processo.

Na verdade, o músculo do diafragma expande o peito. Depois, o ar

que nos envolve com uma pressão de mais de 1 quilo por metro quadrado, entra rapidamente.

Sem a existência do ar, só conseguiríamos viver alguns minutos. No

espaço sideral, por exemplo, os astronautas precisam levar ar em suas roupas espaciais.

O ar é uma de nossas ligações fundamentais com as outras formas

de vida da Terra. Quando respiramos bem profundamente, os pulmões absorvem milhões de moléculas de oxigênio.

Cada uma dessas moléculas representa uma contribuição das

plantas verdes, das algas ou das bactérias. Sem esses organismos vivos que produzem o oxigênio, o corpo não “queimaria” o alimento para fornecer

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energia. Alguns micro-organismos vivem respirando enxofre ou nitratos.

Outros não respiram – fermentam sua comida. Existem também micro-organismos para os quais o oxigênio é um veneno letal; eles vivem basicamente na lama ou nos intestinos, onde não há quase nenhum oxigênio presente.

Na ecologia, de alguma forma, todas as relações são recíprocas, ou

seja, interagem igualmente entre si. Sem o dióxido de carbono que nós e outros animais expelimos pela respiração, as plantas, as bactérias e as algas não teriam como absorvê-lo do ar para fabricar suas células e obter alimento para si e para outras formas de vida.

As plantas também extraem água do solo, mas a maior parte do

peso das plantas, se extrairmos a água delas, é constituído de carbono tirado do ar e de compostos de nitrogênio extraídos do solo.

Desse modo, o ato simples e inconsciente de respirar liga-nos de forma total e inevitável, em todos os momentos, ao resto da biosfera.

O ar é o meio circulante essencial para a maioria das transações

mais básicas da vida e quase toda a vida existe na fronteira entre o ar e a terra ou entre o ar e a água.

No entanto, o ar que circunda a Terra –a atmosfera terrestre – é uma

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camada finíssima se comparada ao diâmetro de 5.000 quilômetros do planeta. O ar rarefaz-se rapidamente à medida que subimos e, cerca de 9 quilômetros acima do nível do mar não existe nada além do espaço sem ar.

A atmosfera da Terra é uma mistura de 4/5 de nitrogênio e 1/5 de

oxigênio, associada a pequenas quantidade de outros gases, como o dióxido de carbono, o vapor de água e o metano.

Esse equilíbrio atmosférico não só é essencial à vida, como é

mantido por ela. Vênus e Marte, os planetas mais próximos da Terra, também têm atmosferas, mas, ao contrário da atmosfera terrestre, a deles é constituída principalmente de dióxido de carbono. Somente o argônio é semelhante ao da Terra – um gás inerte sem ligação com a vida.

Nesses planetas ocorrem processos puramente físicos e químicos e,

devido à ausência de plantas, algas e bactérias capazes de realizar a fotossíntese, não há gás oxigênio.

Segundo a TEORIA GAIA, a quantidade de oxigênio, nitrogênio,

dióxido de carbono e outras substâncias do ar, sua temperatura e outros requisitos globais da vida, são mantidos pelo crescimento e pelo metabolismo dos seres vivo.

A Teoria de Gaia foi elaborada pelo britânico

James E. Lovelock, nos fins da década de 60.

Ao lado da norte-americana Lynn Margulis,

estudou a atmosfera dos planetas como forma

de detectar a existência de vida biológica.

O termo “Teoria de Gaia” foi criado em

homenagem à “deusa grega Gaia”.

Segundo esta teoria, a Terra reage

organicamente a todos os atos nela sentido. É

admirável, segundo o cientista, a Terra ainda

estar equilibrada perante os desequilíbrios

causados pelos atos humanos.

O ser humano seria uma espécie de tumor

que a Terra gostaria de expelir, ou

simplesmente convidar para sair, por este não

se adequar e viver ao ritmo orgânico natural do

planeta.

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Se houvesse muito menos oxigênio do que há agora, a vida estaria sob uma tensão enorme, a julgar pela dificuldade que é fazer exercícios vigorosos em altitudes elevadas, onde as moléculas de oxigênio são muito mais escassas.

Os incêndios começariam mais facilmente e até espontaneamente e

se alastrariam com mais violência, consumindo a maioria das substâncias que existem na superfície da Terra.

Os “incêndios” lentos que queimam oxigênio em nossos músculos

ficariam intensos demais para produzir a energia controlada que necessitamos.

Os mecanismos de Gaia regulam também os níveis de dióxido de

carbono. O dióxido de carbono da atmosfera, embora presente apenas em pequenas concentrações é essencial à vida.

Assumindo formas diferentes, o elemento carbono circula pela

atmosfera em quantidades colossais de dióxido de carbono com exploração de depósitos subterrâneos de petróleo, gás natural e carvão.

Quando queimamos combustíveis fósseis nos carros ou na indústria,

liberamos o carbono que vem sendo depositado pela vida desde centenas de milhões de anos.

Isso traz consequências perigosas para o futuro. O dióxido de

carbono, junto com o vapor de água e o metano (que é produzido principalmente por bactérias, tanto as que vivem de forma independente quanto às habitantes dos intestinos de animais, como vacas; e pelos cupins), constitui uma grande “estufa de gás”.

As estufas de gás da atmosfera tornam difícil irradiar novamente

para o espaço parte de energia solar que entrou.

O aumento de qualquer gás aquecido tende a fazer subir a

temperatura média do planeta – causando o aquecimento global Se os seres humanos continuarem liberando dióxido de carbono

com a intensidade atual, é provável que, no próximo século, esse aquecimento venha a derreter as calotas polares, o que provocará o aumento do nível do mar que, por sua vez, invadirá as áreas baixas de muitos países.

Também é provável que ocorram mais tempestades e chuvas no

litoral e um clima mais seco no interior. As plantas, os animais e as outras espécies terão de mudar para regiões mais próximas dos polos a fim de fugir do calor. Nessa migração muitas vão ficar para trás e morrerão.

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As doenças, notadamente as tropicais, se espalharão para novas

regiões: os mosquitos que transmitem a malária irão desfrutar de habitats maiores e as estiagens do interior que restringem o suprimento de água potável causarão mais contaminação por doenças como a cólera. Tanto as terras cultiváveis como as regiões florestais serão afetadas com prováveis reduções drásticas de árvores e de safras, pois os solos próximos dos polos são improdutivos.

No entanto, a vida tanto pode resfriar quanto aquecer. Ela tem

regulado a atmosfera dentro de limites toleráveis há pelo menos 3 bilhões de anos.

As algas dos oceanos produzem compostos de enxofre, que, direta

ou indiretamente, refrescam a Terra, e o carbono é retirado da atmosfera por micro-organismos e plantas. Esses processos podem reduzir a velocidade ou moderar o processo de aquecimento, embora a tendência atual do aquecimento leve-nos a acreditar que isso não será o bastante para evitar efeitos graves para os seres humanos.

A atmosfera também está ligada à vida por meio de uma fina

camada de ozônio em altitudes muito elevadas. Formado há 2 bilhões de anos pela luz do sol que atingia o oxigênio emitido pelas bactérias, o ozônio filtra a luz solar que entra na atmosfera e reduz a ação de seus raios ultravioletas, que são danosos para a vida.

Vazamento de gases compostos de cloro, flúor e carbono,

chamados clorofluorocarbonos (CFCs), empregados em aerossóis, geladeiras e refrigeradores de ar, sobem até a camada de ozônio, onde destroem as moléculas de ozônio.

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Isso reduz a capacidade protetora da camada de ozônio, mais dramaticamente nas regiões polares, mas também em áreas densamente povoadas distantes dos polos.

O alarme mundial diante dos efeitos catastróficos de uma exposição

maior aos raios ultravioleta levou a acordos internacionais para reduzir gradativamente a produção da maior parte dos CFCs, e incluíram novos subsídios para ajudar as nações em desenvolvimento a adotar substâncias menos perniciosas.

No entanto, a redução tem sido pequena e a produção dos

compostos perniciosos ainda é permitida. Os países em desenvolvimento com populações enormes, como a China e a Índia, estão liberando quantidades imensas – e em escala crescente – de CFCs, apesar dos acordos.

Além disso, um composto de 30 a 60 vezes mais lesivo à camada de

ozônio do que os CFCs, o extremamente tóxico brometo de metila, está sendo usado amplamente para fumigar o solo e os produtos agrícolas, e sua produção.

Desse modo, as substâncias liberadas na atmosfera vão continuar

atacando a camada de ozônio durante muitos anos. E ainda não conhecemos todos os efeitos causados por uma exposição maior aos raios ultravioletas.

Ela reduz a população de plâncton – seres minúsculos que flutuam

no mar e constituem alimento para peixes e baleias– além de diminuir as safras de arroz e de soja, os alimentos básicos de bilhões de pessoas.

A destruição da camada de ozônio já está causando uma quantidade

maior de câncer nos seres humanos e em várias espécies animais e tende a aumentar cada vez mais. Uma exposição maior aos raios ultravioleta também pode danificar o nosso sistema imunológico e reprodutivo.

O ar faz o carbono chegar a todos os produtores de oxigênio e traz

seu oxigênio para nós. Bactérias Todo o mundo vivo depende dos micro-organismos – organismos

quase invisíveis, chamados às vezes de micróbios, entre os quais podemos citar: as bactérias, os protistas e, os menores, fungos.

É absolutamente impossível compreender a ecologia dos seres vivos sem conhecer os micro-organismos

Quando você pega uma gota do que parece ser água limpa de um

lago ou de uma poça e a coloca sob um microscópio bem potente, verá uma

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enorme quantidade de seres minúsculos, redondos ou em forma de bastão ou espiralados como saca-rolhas.

Alguns ficam flutuando calmamente, outros se movimentam de

forma abrupta e outros ainda serpenteiam de uma determinada maneira. Os menores de todos eles são as bactérias.

Provavelmente você vai ver micro-organismos maiores, os protistas.

Micro-organismos esverdeados ou amarronzados em geral são algas. Nesse mundo microscópico, não se devem levar em conta as distinções familiares entre planta e animal.

Algumas bactérias vivem de fotossíntese, como as plantas; outras,

de predação, como muitos animais. A maioria vive da absorção de alimento líquido como fungos.

Sem um microscópio, você só consegue ver as bactérias em grupo –

a espuma que se forma na sopa que ficou fora da geladeira ou a substância viscosa da sidra de maçã fermentada, por exemplo.

No entanto, esses seres quase invisíveis são a mais numerosa,

diversificada e fundamental forma de vida que existe na Terra e desempenham um papel em toda a interação ecológica.

Alguns deles encontraram formas de sobreviver no gelo permanente

do topo das montanhas e em águas salgadas ou ácidas onde outras formas de vida não conseguem sobreviver.

Outros florescem em tanques de lixo tóxico e até dentro de reatores

atômicos. As bactérias impregnam o solo das florestas e dos campos, bem como as areias dos desertos.

Habitam os intestinos dos mamíferos e as camadas externas da

nossa pele. São a maioria esmagadora dos seres vivos do planeta Terra. Embora nós prestemos mais atenção às bactérias que causam doenças, às quais damos os nomes de germes, a maioria delas é neutra ou benéfica ao homem.

Elas estão em todo o nosso corpo e no sistema digestivo e só

causam doenças quando o nosso sistema imunológico se debilita. Nos intestinos, as bactérias produzem vitaminas essenciais.

Os vírus, embora possam causar doenças, não são seres vivos como as bactérias.

Apesar de as bactérias serem organismos muito pequenos e não terem núcleo circundado por membrana são seres vivíssimos. Manifestam todas as qualidades fundamentais da vida.

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São seres auto-organizadores, ou autopoiéticos. Mantêm

tenazmente suas formas autodefinidas e consertam ou substituem as partes lesadas. Transferem informações genéticas e se reproduzem.

Pequenas demais para ter estômago ou boca, elas absorvem os

nutrientes de que necessitam e fazem o possível para continuar vivas. Identificam os alimentos e são, portanto, capazes de percepção, como todos os seres vivos.

Elas se movem. Algumas têm minúsculos sistemas motores, que

realizam 15.000 revoluções por minuto. Talvez o mais surpreendente de tudo seja o fato de não morrerem de velhice, embora o calor, a aridez ou um ambiente salgado demais possa matá-las.

As bactérias começaram sua evolução há mais de 3,5 bilhões de anos

e até há 1 bilhão de anos elas eram os únicos habitantes vivos da Terra. Um grupo de bactérias contemporâneas chamadas arquibactérias (ou arqueia) inclui formas que produzem gás natural (metano).

Outras são consideradas sobreviventes da primeira e dificílima fase

da vida da Terra, quando o planeta era vulcanicamente muito ativo, atingido com frequência por meteoritos imensos, tomado por tempestades violentas, bombardeado pelos raios ultravioletas letais da luz solar e a sua atmosfera não tinha oxigênio, mas gases venosos com variações extremas de temperatura.

Algumas arquibactérias ainda se desenvolvem no fundo do mar, perto

de bocas de vulcões que expelem enxofre quente – o gás oxigênio é fatal para algumas delas.

Outras bactérias primitivas sobreviveram ao oxigênio que geravam

como lixo metabólico; elas substituíram as suas antepassadas, na maior revolução biológica da história da Terra, e transformaram gradualmente a atmosfera numa capa protetora que, em última instância, acabou sustentando formas de vida maiores.

Hoje, certas bactérias e protistas fotossintéticas produzem tanto ou

mais oxigênio que as árvores, arbustos e gramas. Além disso, se as bactérias não produzissem amônia para neutralizar os ácidos, as águas e o solo do planeta seriam tão ácidos que apenas uns poucos organismos conseguiriam sobreviver. Embora não tenham ossos, algumas bactérias fabricam minerais duros.

Desse modo, os detritos produzidos por algumas delas podem ser

encontrados como vestígios minerais ou fósseis microscópicos em rochas antigas. Se algum dia existiu vida em Marte ou em qualquer outro planeta, suas rochas também podem conter bactérias fósseis – mesmo que elas tenham se extinguido há bilhões de anos.

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Marte: o planeta vermelho

Os seres humanos, assim como todas as outras formas de vida do

planeta, evoluíram das bactérias, embora pareça inacreditável que alguns de nossos genes remontem, numa linha ininterrupta, a ancestrais pequenos demais para serem vistos a olho nu.

Das bactérias derivaram todos os outros reinos da vida – o dos

protistas, o dos fungos, o das plantas e o dos animais. Há bilhões de anos, bactérias individuais de tipos diferentes fundiram-se.

Quando as bactérias tentavam absorver uma a outra, mas a digestão

era incompleta, elas incorporavam sua presa e, às vezes, apenas alguns de seus genes. Com o transcorrer do tempo, diferentes tipos de bactéria passaram a viver nessas comunidades e tão intimamente integradas que se transformaram em células; e as suas relações cada vez mais complexas tornaram-se permanentes.

Essas associações formaram células com núcleos e outras partes

distintas. Algumas dessas células evoluíram e se transformaram em plantas e animais, que são constituídos de muitas células.

A evolução por simbiose é particularmente óbvia nas plantas. Seus

cloroplastos, órgão internos especializados que realizam a fotossíntese, um dia foram bactérias azul-esverdeadas que produziam oxigênio e tinham vida independente.

Da mesma forma, embora os seres humanos tenham se tornado

seres unificados e conscientes de si, continuamos sendo conjuntos de células que evoluíram a partir das comunidades bacterianas.

Animais grandes como nós, assim como as plantas grandes, podem

ser vistos como formas com as quais conjuntos de bactérias sobreviveram e se reproduziram em nichos ecológicos inacessíveis às bactérias individuais.

Trilhões e trilhões de bactérias habitam a Terra. Até agora

distinguimos e batizamos cerca de 20.000 tipos delas. Classificamos esses

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tipos em grupos, como fazemos com as plantas e os animais, mas as bactérias fogem à classificação normal de espécie, pois muitos de seus tipos são “mestiços”.

As bactérias foram os primeiros seres a dividir os genes; elas trocam

rotineira e rapidamente seus genes entre si.

As bactérias inventaram o sexo – a formação de um indivíduo com genes proveniente de mais de uma fonte

Sem alimentação apropriada, as bactérias que não estão ameaçadas

precisam de sexo para se reproduzir, mas, quando enfrentam situações de risco de vida, todas as bactérias podem sobreviver tomando genes emprestados de tipos às vezes muito diferentes.

Algumas bactérias liberam espontaneamente seus genes no meio

ambiente. Outras bactérias absorvem esses genes e os recombinam com os seus.

Assim, todas as bactérias do mundo têm essencialmente algum tipo

de acesso a um único patrimônio genético e por isso a muitos modos de vida num mundo em transformação ecológica.

Podemos considerá-las um superorganismo, antigo e resistente, de

quase 4 bilhões de anos. Em comparação, a breve história de criaturas humanoides da Terra tem cerca de 3 milhões de anos – um piscar de olhos no tempo do planeta.

Sabe-se que os seres humanos, tal como nos vemos hoje, remontam

há apenas 40.000 anos ou, no máximo, como sugerem descobertas arqueológicas recentes, 90.000 anos.

Portanto, a Terra não pertence às manadas trovejantes de animais

que pastam, nem aos carnívoros que rugem, nem às aves de rapina que voam alto, nem mesmo aos inteligentes e engenhosos seres humanos, mas aos incontáveis número de bactérias que estão aqui desde que a vida começou.

1.2 – Meio ambiente

Neste tópico você aprenderá o que é meio ambiente. O conjunto de condições e leis de ordem física, química e biológica, que permite a existência de vida, é chamado de meio ambiente.

O meio ambiente geralmente chamado apenas de ambiente, envolve

todas as coisas vivas e não vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos.

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O conceito de meio ambiente pode ser identificado por seus

componentes: - Completo: conjunto de unidades ecológicas que funcionam como

um sistema natural mesmo com uma massiva intervenção humana e de outras espécies do planeta, incluindo toda a vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites.

- Recursos e fenômenos físicos universais que não possuem um

limite claro: como ar, água, e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e magnetismo, que não se originam de atividades humanas.

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

celebrada em Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente da seguinte forma:

O meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, estabelecida pela Lei 6938 de 1981, define meio ambiente como:

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O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

O ambiente natural se difere do ambiente construído, que envolve as áreas e componentes que foram fortemente modificados pelo homem. Biodiversidade.

Considera-se Biodiversidade a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida.

A biodiversidade varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo

maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados. Segundo o Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica:

Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

Portanto a diversidade biológica, ou biodiversidade, refere-se à

variedade de vida no planeta terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos. A questão da biodiversidade deve levar em conta outras definições:

- refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias

biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias; e inclui variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade).

- inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos

recursos genéticos, e seus componentes. - é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável

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pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico.

- é à base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e

florestais e, também, a base para a estratégica indústria da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são

ainda pouco compreendidas, muito embora, é evidente que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida.

Imagem: http://mundoverde.com.br/blog/tag/biodiversidade/

A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valor

ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade.

Impactos sobre a biodiversidade Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e

entidades não governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo, e, particularmente nas regiões tropicais.

A degradação biótica que está afetando o planeta encontra raízes na

condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população humana e pela distribuição desigual da riqueza.

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A perda da diversidade biológica envolve aspectos

sociais, econômicos, culturais e científicos Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram

estáveis aumentou significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade.

Biomas estão sendo ocupados, em diferentes escalas e velocidades.

Áreas muito extensas de vegetação nativa foram devastadas no Cerrado do Brasil Central, na Caatinga e na Mata Atlântica.

É necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários habitats

naturais e dos modificados existentes no Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais.

Como resultado das pressões da ocupação humana na zona

costeira, a Mata Atlântica, por exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 10% de sua vegetação original.

Na periferia da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são

encontradas áreas com mais de 500 espécies de plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte, ainda não descritas pela ciência.

Os principais processos responsáveis pela perda da biodiversidade

são:

- Perda e fragmentação dos habitats; - Introdução de espécies e doenças exóticas; - Exploração excessiva de espécies de plantas e animais; - Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas

de reflorestamento; - Contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes; e

Mudanças Climáticas.

As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.

Três razões principais justificam a preocupação com a conservação

da diversidade biológica:

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- se acredita que a diversidade biológica seja uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas.

- se acredita que a diversidade biológica representa um imenso

potencial de uso econômico, em especial pela biotecnologia. - se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando,

inclusive com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas.

O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD (Rio-92), estabelece que o ser humano deve agir já e de forma preventiva, ao invés de continuar acomodado, aguardando a confirmação das previsões para então tomar medidas corretivas, em geral caras e ineficazes.

Riqueza de espécies

O Brasil tem uma área de 8,5 milhões km², ocupando quase a metade da América do Sul. Essa área possui várias zonas climáticas que incluem o trópico úmido no norte, o semiárido no nordeste e áreas temperadas no sul.

As diferenças climáticas contribuem para as diferenças ecológicas

formando zonas biogeográficas distintas chamadas biomas. A maior floresta tropical úmida (Floresta Amazônica) e a maior planície inundável (o Pantanal) do mundo se encontram nesses biomas, além do Cerrado (savanas e bosques), da Caatinga (florestas semiáridas) e da Mata Atlântica (floresta tropical pluvial).

O Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões km² com uma

variedade de ecossistemas que incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.

A variedade de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileiras,

tornando-as as mais diversas do mundo. Muitas das espécies brasileiras são exclusivas no mundo (endêmicas).

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, contando com um número estimado de mais de 20%

do número total de espécies do planeta

Diversas espécies de plantas de importância econômica mundial são originárias do Brasil, destacando-se dentre elas o abacaxi, o amendoim, a castanha do Brasil (também conhecida como castanha do Pará), a mandioca, o caju e a carnaúba.

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O Brasil abriga o maior número de primatas com 55 espécies, o que

corresponde a 24% do total mundial; de anfíbios com 516 espécies; e de animais vertebrados com 3.010 espécies de vertebrados vulneráveis, ou em perigo de extinção.

O país conta também com a mais diversa flora do mundo, número

superior a 55 mil espécies descritas, o que corresponde a 22% do total mundial. Possui, por exemplo, a maior riqueza de espécies de palmeiras (390 espécies) e de orquídeas (2.300 espécies). Possui também 3.000 espécies de peixes de água doce totalizando três vezes mais que qualquer outro país do mundo.

O Brasil é agraciado não só com a maior riqueza de espécies, mas,

também, com a mais alta taxa de endemismo. Uma em cada onze espécies de mamíferos existentes no mundo é encontrada no Brasil (522 espécies), juntamente com uma em cada seis espécies de aves (1.622), uma em cada quinze espécies de répteis (468), e uma em cada oito espécies de anfíbios (516).

Muitas dessas são exclusivas para o Brasil, com 68 espécies

endêmicas de mamíferos, 191 espécies endêmicas de aves, 172 espécies endêmicas de répteis e 294 espécies endêmicas de anfíbios.

Esta riqueza de espécies corresponde a, pelo menos, 10% dos

anfíbios e mamíferos e 17% das aves descritas em todo o planeta. A composição total da biodiversidade brasileira não é conhecida e

talvez nunca venha a ser, tal a sua magnitude e complexidade. Sabendo-se, entretanto, que para a maioria dos seres vivos o número de espécies no território nacional, na plataforma continental e nas águas jurisdicionais brasileiras é elevado, é fácil inferir que o número de espécies, tanto terrestres quanto marinhas, ainda não identificadas, pode alcançar valores da ordem de dezena de milhões no Brasil.

Apesar da riqueza de espécies nativas, a maior parte de nossas

atividades econômicas está baseada em espécies exóticas. Nossa agricultura está baseada na cana-de-açúcar proveniente da Nova Guiné, no café da Etiópia, no arroz das Filipinas, na soja e na laranja da China, no cacau do México e no trigo da Ásia Menor.

A silvicultura nacional depende de eucaliptos da Austrália e de

pinheiros da América Central. A pecuária depende de bovinos da Índia, de equinos da Ásia Central e de capins Africanos. A piscicultura depende de carpas da China e de tilápias da África Oriental, e a apicultura está baseada em variedades da abelha-europa, provenientes da Europa e da África Tropical.

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Essa necessidade está ligada à importância que a biodiversidade ostenta na economia do país. Somente o setor da Agroindústria responde por cerca de 40% do PIB brasileiro (calculado em US$ 866 bilhões no ano de 1997), o setor florestal por 4% do PIB e o setor pesqueiro por 1% do PIB. Produtos da biodiversidade respondem por 31% das exportações brasileiras, destacando o café, a soja e a laranja.

As atividades de extrativismo florestal e pesqueiro empregam mais

de três milhões de pessoas. A biomassa vegetal, contando o álcool da cana-de-açúcar e a lenha e o carvão derivados de florestas nativas e plantadas respondem por 30% da matriz energética nacional e, em determinadas regiões, como o Nordeste, atendem a mais da metade da demanda energética industrial e residencial.

Grande parte da população brasileira utiliza-se de plantas medicinais na solução de problemas corriqueiros de saúde. A diversidade biológica constitui, portanto, uma das características de recursos ambientais, fornecendo produtos para exploração e consumo e prestando serviços de uso indireto.

É importante, portanto, a disseminação da prática da valoração da

diversidade biológica. A redução da diversidade biológica compromete a sustentabilidade do meio ambiente e a disponibilidade permanente dos recursos ambientais.

Cálculos sobre a biodiversidade global, conduzidos por E.O. Wilson,

da Universidade de Harvard, indicavam, em 1987, a existência de mais de 5 milhões de espécies de organismos.

Entretanto, coletas intensivas conduzidas à época, principalmente na

floresta tropical úmida, e com atenção concentrada nos insetos, permitiram projetar valor da ordem de 30 milhões de espécies.

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Novos trabalhos recentemente conduzidos estimaram que a

biodiversidade do planeta pode alcançar valores ainda muito mais elevados, sendo admitida uma amplitude que vai de 10 a 100 milhões de espécies.

A realidade dos fatos, entretanto, é que o número de espécies hoje

conhecido em todo o planeta está em torno de 1,7 milhões, número que atesta o elevado grau de desconhecimento da biodiversidade, especialmente nas regiões tropicais.

Biorregionalismo Biorregionalismo é um sistema político, cultural e ambiental, ou

conjunto de pontos de vista com base em áreas naturalmente definidas chamadas biorregiões ou ecorregiões.

Biorregiões são definidas através de características físicas e

ambientais, incluindo bacia, limites do solo e terreno característicos. O Biorregionalismo salienta que a determinação de uma biorregião é também um fenômeno cultural e enfatiza as populações locais, conhecimento e soluções.

Numa visão geral, o termo biorregião parece ter se originado no

trabalho de Peter Berg e Dasmann Raymond, no início de 1970, e tem sido defendido por escritores como Kirkpatrick Sale.

A perspectiva biorregionalista é contrária a uma economia

homogênea e à cultura de consumo com sua falta de cuidado com o ambiente. Esta perspectiva procura:

- Garantir que as fronteiras políticas coincidam com os limites ecológicos.

- Destacar a única ecologia da biorregião. - Incentivar o consumo de alimentos locais sempre que possível. - Incentivar o uso de materiais locais sempre que possível. - Incentivar o cultivo de plantas nativas da região. - Incentivar a sustentabilidade em harmonia com a biorregião.

Assembleias da América do Norte Biorregional têm ocorrido a cada dois anos, com encontros de biorregionalistas na América do Norte desde 1984 e deram origem a Partidos Verdes.

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Além disso, biorregionalismo gerou o movimento de sustentabilidade. Os princípios da biorregionalismo são muitas vezes utilizados pelos movimentos verdes, que se opõem a organizações políticas cujas fronteiras estão em conformidade com distritos eleitorais existentes.

Este problema é percebido como resultado de representantes eleitos

pelo voto de acordo com seus eleitores, alguns dos quais podem viver fora da biorregião definida e pode ser contrária ao bem-estar da biorregião.

1.3 – Ecossistema

Neste tópico, você aprenderá que Ecossistema é o conjunto

formado por todos os fatores bióticos e abióticos que atuam simultaneamente sobre determinada região.

- fatores bióticos: são os efeitos da atividade dos seres vivos no

ecossistema como a população de animais, plantas e bactérias, entre outros. - fatores abióticos: são todas as influências que os seres vivos

possam receber em um ecossistema como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento.

A alteração de um único elemento costuma causar modificações em

todo o sistema, podendo ocorrer a perda do equilíbrio existente. Todos os ecossistemas do mundo formam a Biosfera (o planeta Terra).

A base de um ecossistema são os produtores, os organismos

capazes de fazer fotossíntese ou quimiossíntese. Produzem e acumulam energia através de processos bioquímicos, utilizando como matéria-prima a água, gás carbônico e luz.

Em ambientes afóticos (sem luz) também existem produtores, mas

neste caso a fonte utilizada para a síntese de matéria orgânica não é luz e sim a energia liberada nas reações químicas de oxidação efetuadas nas células (como, por exemplo, em reações de oxidação de compostos de enxofre).

O processo denominado quimiossíntese é realizado por muitas bactérias terrestres e aquáticas.

Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores,

que juntos formam uma cadeia alimentar. Destacam-se:

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Consumidores primários São os animais que se alimentam dos produtores, ou seja, são as

espécies herbívoras. Milhares de espécies presentes na terra ou na água se adaptaram para consumir vegetais, sem dúvida a maior fonte de alimento do planeta.

Os consumidores primários podem ser desde microscópicas larvas planctônicas ou invertebrados bentônicos (de fundo) pastadores, até grandes mamíferos terrestres como a girafa e o elefante.

Consumidores secundários São os animais carnívoros (que se alimentam de carne) e onívoros

(animais que comem animais e plantas).

Consumidores terciários São os grandes predadores como os tubarões, orcas e leões, os

quais capturam grandes presas, sendo considerados os predadores de topo de cadeia. Têm como característica, normalmente, o grande porte e menores densidades populacionais.

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Decompositores ou biorredutores São os organismos responsáveis pela decomposição da matéria

orgânica e sua transformação em nutrientes minerais que se tornam novamente disponíveis no ambiente.

Os decompositores, representados pelas bactérias e fungos, são o

último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo. A sequência de organismos relacionados pela predação constitui uma cadeia alimentar, cuja estrutura é simples, unidirecional e não ramificada.

Ecossistemas terrestres

- Amazônia - América Latina - Mata Atlântica - Pantanal - Cerrado, Caatinga

- Campos do Sul do Brasil - Mata de Araucárias do Brasil

Região Amazônica

Ecossistemas aquáticos

- Costeiros - Restingas - Manguezais

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Manguezal brasileiro

Os Fatores abióticos afetam a estrutura e as características da

comunidade, mas a comunidade pode também alterar os componentes abióticos do ecossistema.

Já os fatores bióticos afetam as diferentes populações da

comunidade e as trocas de energia e matéria destas com o ambiente. Assim, fatores abióticos e seres vivos estão em permanente ligação sistêmica.

Algumas áreas vulneráveis do mundo

- Floresta Atlântica; - Floresta Amazônica; - Florestas das Ilhas do Pacífico Sul; - Florestas Úmidas de Nga-Manpuri-Chin (em Bangladesh, Índia e

Myamar); - Florestas Úmidas das ilhas Salomão-Vanuatu-Bismarck; - Florestas das Terras Altas de Camarões, Guiné Equatorial e Nigéria; - Mangues do Golfo da Guiné; - Mangues de Madagascar; - Florestas Úmidas de Palawan (Filipinas); - Florestas de Terra Firme do México e Guatemala; - Mangues da África Oriental.

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No Brasil, os ecossistemas podem ser classificados em sete grupos distintos, que são:

- Cerrado; - Floresta Amazônica; - Caatinga; - Restinga; - Mata Atlântica; - Manguezal e o Pantanal.

Cerrado brasileiro

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2.1- Turismo

No ambiente nacional e internacional, o turismo do Brasil vem batendo recordes que evidenciam um crescimento acima da média mundial. Portanto, neste tópico, com base no Plano Nacional de Turismo, você irá aprender quais os programas que auxiliam o desenvolvimento da atividade no Brasil.

O governo, em parceria com as empresa privadas, vem criando um

cenário positivo para o desenvolvimento do turismo no Brasil para os próximos anos, potencializando os resultados obtidos e propiciando as condições necessárias para a consolidação da atividade no país como um importante vetor de desenvolvimento econômico e social.

A execução dos Programas e Ações do Plano Nacional de Turismo

2003/2007, inseridos no Plano Plurianual de Governo 2004/2007, considerando a eficiente execução orçamentária do período e a conjuntura externa favorável, criou as condições para que o país obtivesse, nos últimos anos, excelentes resultados em relação a todo o histórico do setor.

No contexto desses resultados positivos e de bom desempenho

apresentada pela atividade nos últimos anos, o segundo semestre de 2006 foi afetado em função da crise da Varig e da consequente redução na oferta de assentos e voos nacionais e internacionais, particularmente no que se refere à entrada de turistas estrangeiros sem, no entanto, prejudicar a entrada de divisas.

Trata se de uma área estratégica para o desenvolvimento da

atividade, seja em relação ao mercado internacional, seja em relação ao mercado interno, demandando ações de curto e médio prazo para garantia de consolidação e crescimento sustentável da atividade.

Gestão do Turismo A proposta de gestão descentralizada do Plano Nacional de Turismo

vem fomentando a consolidação de uma rede de entidades e instituições, em todo o território nacional, envolvendo o poder público nas três esferas de governo, a iniciativa privada e o terceiro setor.

Esse universo de agentes relacionados ao turismo tem promovido a

realização de diversos fóruns de discussão e deliberação sobre a Política Nacional do Turismo e seus desdobramentos nas diferentes escalas territoriais do país. GIÃO NORT5 316

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UF PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

ACRE 21 63,6 12 36,4 33

AMAZONAS 54 65,9 26 34,1 82

AMAPÁ 40 57,1 30 42,9 70

PARÁ 11 37,9 18 62,1 29

RONDONIA 10 45,5 12 54,5 22

RORAIMA 37 71,2 15 28,8 52

TOCATINS 12 42,9 16 57,1 28

TOTAIS 185 59,5 131 41,5 316

UF PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

DISTRITO FEDERAL 20 43,5 26 58,5 46

GOIAS 27 48,2 29 51,8 56

MATO GROSSO 26 54,2 22 45,8 48

M.GROSSO DO SUL 8 17,8 39 83,0 47

TOTAL 81 41,1 116 58,9 197

UF PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

ALAGOAS 75 75,0 25 25,0 100

BAHIA 38 46,9 43 53,1 81

CE 15 31,3 33 68,8 48

MARANHÃO 44 78,6 12 21,4 56

PARAÍBA 13 48,1 14 51,9 27

PERNAMBUCO 13 37,1 22 62,9 35

PIAUÍ 10 50,0 10 50,0 20

R.G. DO NORTE 11 31,4 24 68,6 35

SERGIPE 10 50,0 10 50,0 20

TOTAL 229 54,3 193 45,7 422

UF PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

ESPÍRITO SANTO 17 38,6 27 61,4 44

MINAS GERAIS 6 26,7 22 73,3 30

RIO DE JANEIRO 18 47,4 20 52,6 38

SÃO PAULO 12 46,2 14 53,8 26

TOTAL 55 39,3 83 60,1 138

UF PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

PARANÁ 16 38,1 26 61,9 42

R.G. DO SUL 32 42,7 43 57,3 75

SANTA CATARINA 51 67,1 25 32,9 76

TOTAL 99 51,3 94 48,7 193

PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

Conselho Nacional

de turismo 26 40,0 39 60,0 65

Fórum Nacional de

Secretários e

Dirigentes do

Turismo 27 100,0 - - 27

TOTAL GERAL PÚBLICAS % PRIVADAS % TOTAL

BRASIL 702 51,70 656 48,30 1.358

MACRORREGIÃO NORTE

MACRORREGIÃO CENTRO-OESTE

MACRORREGIÃO NORDESTE

MACRORREGIÃO SUDESTE

MACRORREGIÃO SUL

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Fonte: MTur. O Quadro acima apresenta a dimensão do universo mobilizado em

todas as regiões brasileiras por meio das instituições representativas do turismo, integrantes do Conselho Nacional de Turismo, do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo e dos Fóruns e Conselhos Estaduais de Turismo nas 27 Unidades da Federação, que vêm participando desse processo da gestão descentralizada, compartilhando experiências e somando esforços para a consolidação do turismo nacional.

No conjunto, essa é uma brigada que envolve 1.358 representantes

diretos com 12.000 indiretos, vinculados às instituições públicas e entidades privadas relacionadas ao turismo em todo o país.

Esse conjunto de atores deve ter cada vez mais ampliados e

fortalecidos seus espaços de discussão e participação no processo de gestão do desenvolvimento da atividade em todo o território nacional.

Fluxos Turísticos Domésticos

A consolidação, de forma sustentável, da atividade turística no Brasil deve resultar do fortalecimento do mercado interno, sem desconsiderar a importância da chegada de turistas estrangeiros, que proporciona a geração de divisas para o país.

É o turismo doméstico que propicia, por meio de ganhos de

competitividade, a musculatura necessária para a inserção da oferta turística nacional no mercado internacional.

E o mercado doméstico se mostra com grande potencial para o

desenvolvimento do setor no país. Segundo dados da pesquisa sobre a Caracterização e o Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil, no ano de 2005 foram realizadas 139,59 milhões de viagens domésticas.

O conceito de viagens domésticas adotado na pesquisa considera

as viagens não rotineiras dentro do território nacional com, no mínimo, um pernoite.

Comparando o número de viagens realizadas pelos domicílios em

2005 com os resultados da mesma pesquisa realizada para 2001, registra-se um crescimento da ordem de 26,5% nas viagens domésticas realizadas no país no período.

Desse número de viagens domésticas realizadas no país, 25% dos

turistas se hospedaram em hotéis, pousadas ou resorts em 2005, gerando um total de 54,87 milhões de pernoites.

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Em 2001 o percentual de turistas que se hospedaram em hotéis, pousadas e resorts foi da ordem de 22,2%, o que indica um aumento na utilização dos meios de hospedagem de turismo nos fluxos domésticos.

Da mesma forma, percebe-se uma melhora na qualidade das

viagens domésticas também com relação à utilização dos meios de transportes. O uso de aviões sobe de 10,8% para 12,1% e de ônibus de excursão de 6% para 8%, entre 2001 e 2005.

É importante destacar, com relação aos resultados acima, que essas

viagens domésticas não incluem as viagens rotineiras realizadas nem as viagens de excursão em que a permanência média é inferior a 24 horas.

Desembarques Nacionais

Nos últimos anos, a utilização do transporte aéreo no Brasil se popularizou e apresentou um crescimento excepcional. De 2003 a 2006 foram registrados 156,7 milhões de desembarques domésticos no país, o que significa um aumento de 23% em relação ao quadriênio anterior (1999/2002).

Em 2006, o desembarque de passageiros de voos nacionais foi de

46,3 milhões, 7,54% acima do verificado no mesmo período do ano anterior, quando o número de passageiros desembarcados foi de 43,1 milhões.

Em 2005, os desembarques de voos nacionais totalizaram 43,1

milhões de passageiros, contabilizando um crescimento de 17,75% em relação aos 36,6 milhões de passageiros desembarcados em 2004.

16,8 19,5 21,3 26,5 27,7 28,5 32,6 33,0 30,7 36,6 43,1 46,1

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

DESEMBARQUE NACIONAIS (em milhões)

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2.2 – Carreira profissional.

Neste tópico, você irá conhecer a profissão de Turismólogo e

conhecer os requisitos mais importantes pra ingressar nesse ramo de atividade.

Turismo/Gestão de Turismo

O objetivo do curso de Turismo ou Gestão de Turismo é, basicamente, planejar, organizar, promover e divulgar as viagens, eventos e atividades de lazer e negócios. Esse bacharel gerencia a organização de viagens, feiras, congressos e exposições.

Em agências, operadoras e sites turísticos, comandam os trabalhos

de venda de passagens, reserva de hotéis e programação de passeios e excursões.

Além disso, o profissional desta área gerencia atividades em hotéis,

empresas de transporte ou de eventos e em empreendimentos de lazer, como parques temáticos, e acompanha grupos de turistas.

Em prefeituras e outros órgãos públicos, o turismólogo coordena a

exploração turística de uma região, promovendo e divulgando as atrações locais.

Há semelhanças entre fazer um curso de bacharelado ou

tecnológico, Ambos têm boa carga de disciplinas voltadas para administração, gestão e marketing e as aulas práticas (eventos, entretenimento e serviços em bares e restaurantes) ganham destaque no currículo.

No entanto, no bacharelado, as matérias da área de ciências

humanas têm destaque no curso. Tanto no bacharelado quanto no tecnológico é preciso atenção no momento de escolher o curso, pois ele pode ser focado em uma área específica, como turismo receptivo (serviços, infraestrutura e atrativos dos destinos turísticos), turismo e hospitalidade, gestão de empreendimentos turísticos e enoturismo (turismo do vinho), entre outros.

O mercado de trabalho O mercado encontra-se bastante aquecido, com a abertura de vagas

tanto para bacharéis quanto para tecnólogos. A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (raztoa-Cobrat) prevê um crescimento de 25% para esse mercado em 2010.

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Com forte demanda, as opções de colocação se diversificaram: além de cargos de gerência e coordenação na área de hotelaria, com crescimento em especial na Região Nordeste, os profissionais têm sido contratados por operadoras para elaborar propostas de produtos turísticos, pensando o roteiro, os custos e a viabilidade.

Os cruzeiros marítimos também oferecem vagas: todo navio que

aporta no litoral do país precisa, por determinação do Ministério do Trabalho e Emprego, ter 25% de brasileiros em sua tripulação.

De acordo com o Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de

São Paulo (julho de 2011), a base de cálculo do salário, junto às Agências de Turismo do Estado de São Paulo, indica o valor médio de R$ 200,00 por hora pelo serviço prestado.

Há muitos cursos de bacharelado no Brasil. Antes do vestibular,

preste atenção no currículo de cada escola, pois alguns currículos dão mais ênfase à administração e outros aos setores específicos, como ecoturismo.

Mas a grande parte é semelhante e busca fundamentos da

administração, da contabilidade e do marketing, além de disciplinas de formação humanística, como história, geografia e português.

As matérias específicas, como planejamento turístico, e as práticas,

organização de passeios e eventos, são responsáveis por boa parte do curso. O estágio é obrigatório a partir do terceiro ano.

O curso de Turismo/gestão em turismo tem duração média de quatro anos.

Área de atuação - Agências de viagens

Organizar roteiros turísticos e ecoturísticos e apresentá-los aos clientes, informando-os sobre meios de transporte, opções de hospedagem e atrações dos locais que serão visitados. Emitir passagens, reservar vagas em hotéis, restaurantes e espetáculos. - Alimentos e bebidas

Atuar em restaurantes, casas noturnas e hotéis na coordenação, gestão e operacionalização da área. - Ecoturismo

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Organizar roteiros ecológicos e guiar turistas. Organizar, desenvolver e apresentar eventos tanto de negócios quanto de entretenimento.

- Hotelaria

Administrar hotéis e supervisionar os serviços oferecidos aos

hóspedes. Negociar com fornecedores de mantimentos. Auxiliar no planejamento da montagem e na organização de novos empreendimentos hoteleiros. - Marketing

Desenvolver análises de mercado, buscando estratégias para

satisfazer as necessidades dos clientes, mantê-los fiéis e captar novos clientes.

Criar projetos de divulgação de um município, um estado, uma região,

uma propriedade ou um produto, de modo a atrair visitantes e investimentos. - Planejamento

Identificar o potencial turístico e elaborar estratégias de exploração nesse segmento em um município, estado ou região.

Analisar o impacto do turismo sobre o meio ambiente e a cultura local,

estimular a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da atividade. - Transporte

Atuar na coordenação e supervisão de serviços de empresas aéreas,

marítimas, rodoviárias e ferroviárias.

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- Turismo de negócios

Organizar viagens e eventos para profissionais, como congressos, feiras e convenções. O perfil profissional de Turismo

O profissional formado em Turismo deve estar preparado para exercer cargos administrativos nas empresas turísticas, em especial atuar no gerenciamento e treinamento de recursos humanos nas áreas de hospedagem, alimentação, lazer, entretenimento e outros empreendimentos similares.

Deverá adquirir, através da construção do seu conhecimento,

capacidades para gestão com espírito empreendedor, para planejar e articular atividades turísticas.

Os profissionais estarão capacitados para atuar em organismos

públicos ou privados de turismo e em especial nas empresas hoteleiras (Hotéis, Motéis, Albergues, SPA's, Estâncias Hidrominerais), empresas ligadas as áreas de alimentos e bebidas, bem como em planejamento e assessoria turística, promoção de eventos, agências de viagens, transporte turístico, congressos e feiras.

O Ecoturismo atualmente é de suma importância para todos

que se preocupam com a conservação ambiental O Turismo de Aventura é uma atividade de grande atração para os

apaixonados por esportes radicais e o Turismo Rural envolve a todos com os atrativos da vida cotidiana do campo. São duas atividades que encerram grandes oportunidades de trabalho.

Perfil do Profissional Formado em Turismo: - Ser empreendedor e criativo;

- Ser capaz de assumir as funções gerais dentro das empresas; - Ser responsável pelos diferentes serviços de hotéis, agências de

viagens, atividades de bordo de companhias aéreas, operadoras e consolidadoras, empresas de aluguel de automóveis, redes de alimentos e bebidas, empresas de eventos, entre outros segmentos voltados para o turismo;

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- Ser um profissional capaz de promover, planejar e organizar atividades relacionadas à área turística;

- Ser ágil e ativo na difusão e criação de uma consciência social de

valores ambientais, de conservação e difusão da tradição cultural e histórica de sua região e do Brasil, compatíveis com o desenvolvimento sustentável.

2.3 - Turismo de Aventura

Neste tópico você irá aprender o que é Turismo de Aventura. O

conceito de Turismo de Aventura fundamenta-se em aspectos que se referem à atividade turística e ao território em relação à motivação do turista.

O Turismo de Aventura pressupõe o respeito nas relações

institucionais e de mercado entre os turistas e o ambiente. Nesse contexto, define-se que:

Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. (http://www.turismo.gov.br)

Embora aparentemente simples, o conceito de Turismo de Aventura

traz em si diversos termos que, quando não compreendidos integralmente, podem levar a errôneos entendimentos relativos ao segmento.

Sob esse ponto de vista é importante o esclarecimento dos

significados dos termos “movimentos turísticos”, “atividades de aventura” e “caráter recreativo e não competitivo”, pois são consideradas expressões fundamentais para a compreensão integral do conceito.

a) Movimentos turísticos São entendidos como movimentos turísticos os deslocamentos e

estadias que presumem a efetivação de atividades consideradas turísticas. No caso do Turismo de Aventura, são geradas pela realização de

atividades de aventura que dão consistência a esse segmento, envolvendo a oferta de serviços, equipamentos e produtos de:

- Hospedagem; - Alimentação; - Transporte;

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Recepção e condução de turistas;

Recreação e entretenimento;

Operação e agenciamento turístico;

Outras atividades complementares que existem em

função do turismo.

b) Atividades de aventura.

A palavra aventura, do latim adventura (o que há por vir), remete ao diferente e ao inusitado. Nesse conceito, consideram-se atividades de aventura as experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafios e que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer e superação, a depender da expectativa, do envolvimento e da experiência do turista, além do nível de dificuldade de cada atividade. Conforme a norma ABNT NBR 15500 – Turismo de Aventura – Terminologia, define-se atividades de Turismo de Aventura como:

Atividades oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das atividades de aventura, que tenham ao mesmo tempo o caráter recreativo e envolvam riscos avaliados, controlados e assumidos.

A prática de atividades de aventura, aqui referidas como atrativo principal, identifica o segmento de Turismo de Aventura e pode ocorrer em quaisquer espaços: natural, construído, rural, urbano, estabelecido como área protegida ou não. Também podem ser abordadas sob diferentes enfoques:

- Como de responsabilidade individual, quando ocorrem sem a interferência dos prestadores de serviços turísticos no que se refere à prática da atividade de aventura.

Por exemplo, um condutor de Turismo de Aventura leva

individualmente e sob sua responsabilidade um cliente para realizar atividades de Turismo de Aventura, sem contratação dos serviços via empresa formalizada (agência ou operadora de turismo);

- Como de responsabilidade solidária, quando conduzidas,

organizadas, intermediadas via prestadores de serviços de operação de agências de turismo que dependem da orientação de profissionais

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qualificados e de equipamentos e técnicas que proporcionem, além da prática adequada, a segurança dos profissionais e dos turistas.

As atividades de aventura pressupõem determinado esforço e riscos

assumidos, que podem variar de intensidade conforme a exigência de cada atividade e a capacidade física e psicológica do turista.

“Riscos assumidos” significam que ambas as partes têm conhecimento e corresponsabilidade

sobre os riscos envolvidos.

Isso requer que o Turismo de Aventura seja tratado de modo

particular, especialmente quanto aos aspectos relacionados à segurança. Deve ser trabalhado, portanto, considerando as normas específicas de segurança na operação do segmento – principalmente as Normas Técnicas de Turismo de Aventura da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) –, regulamentos, processos de certificação e outros instrumentos específicos.

As atividades de Turismo de Aventura podem ser conduzidas em ambientes naturais, rurais ou urbanos e frequentemente têm como uma das suas origens os esportes na natureza.

c) Caráter recreativo e não competitivo Os movimentos turísticos decorrentes da prática de esportes, mesmo

que de aventura, quando entendidos como competições, denominam-se modalidades esportivas e são tratadas no âmbito do segmento Turismo de Esportes.

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As atividades turísticas, mesmo com origem nos esportes de

aventura, são oferecidas comercialmente aos turistas por seu caráter recreativo.

As atividades de Turismo de Aventura variam sob diferentes aspectos,

seja em função dos territórios em que são operadas, dos equipamentos utilizados, das habilidades e técnicas exigidas ou em relação aos riscos que podem envolver.

A partir dessa inter-relação, apresentam as seguintes características: a) Diversidade A variedade de atividades de aventura e de locais onde elas são

realizadas é considerada fundamental na concepção do segmento, exigindo a compreensão de que cada atividade exige esforços distintos, o que implica procedimentos, uso de equipamentos e competência humana específicas.

A diversidade das atividades de Turismo de Aventura tende a

aumentar pela constante inovação decorrente do avanço tecnológico dos equipamentos e da busca contínua de desafios e experiências inusitadas por uma parcela significativa de consumidores e pelo contínuo desenvolvimento da capacidade das empresas de gerenciar riscos.

Assim, essa característica apresenta-se sob dois enfoques: o primeiro

reside no leque de possibilidades de oferta dos produtos, o que pode gerar a consolidação de um destino; o outro se assenta na complexidade do processo de planejamento, gestão e promoção desse tipo de turismo.

b) Gestão de riscos Compreender que as atividades de aventura sugerem exposição a

determinados riscos pessoais e materiais que podem variar de intensidade conforme um grande número de fatores significa entender que a segurança é um dos requisitos imprescindíveis para a realização dessa atividade. Portanto, ao se submeter a um programa de Turismo de Aventura, ainda que assumindo os riscos, esse consumidor espera não enfrentar perdas materiais, psicológicas ou físicas.

Entende-se por risco a combinação entre a probabilidade da

ocorrência de um determinado evento indesejável e suas consequências. Promover um plano contínuo de tratamento e gerenciamento de tais riscos significa adotar e implementar, de forma sistemática, um conjunto de estratégias e ações específicas na busca da melhoria contínua da segurança num determinado produto de aventura, garantindo assim a qualidade da experiência turística.

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Vale destacar que o Ministério do Turismo, junto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), regulamenta a atividade a partir de normas específicas para o Turismo de Aventura, as quais serão abordadas mais adiante.

c) Participação e interação A realização de atividades de Turismo de Aventura favorece o

estreitamento da relação positiva entre os turistas, dos turistas com os profissionais responsáveis pelo atendimento e condução, do turista com o meio (ambiente e comunidade).

A intensa participação do turista como protagonista da vivência o

torna a essência do próprio segmento. Dessa forma, promove-se a troca de experiências, o espírito de camaradagem e até o surgimento de linguagens e estilos peculiares a cada grupo.

Essas características exigem cuidados adicionais na atenção à

aptidão dos clientes, visando o conforto físico e emocional, a segurança, a vivência das possibilidades na natureza com responsabilidade de conservá-la e o prazer da experiência na atividade do Turismo de Aventura.

Principais atividades praticadas

A diversidade de atividades de Turismo de Aventura que materializam esse segmento varia sob diferentes aspectos em função dos territórios em que são operadas, dos equipamentos, habilidades e técnicas exigidas em relação aos riscos que podem envolver e da contínua inovação tecnológica.

Optou-se por agrupar as atividades de Turismo de Aventura mais

conhecidas pelo mercado, utilizando três elementos da natureza (terra, água e ar), cientes de que algumas podem envolver mais de um desses elementos ao mesmo tempo e ocorrer em ambientes diversos, fechados, ao ar livre, em espaços naturais ou construídos. Atividades em terra

- Arvorismo Locomoção por percurso em altura instalado em árvores ou em

outras estruturas. - Bungee jump

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Atividade em que uma pessoa se desloca em queda livre, limitada pelo amortecimento mediante a conexão a um elástico. O elástico é desenvolvido especificamente para a atividade.

- Cachoeirismo Descida em quedas d’água, seguindo ou não o curso d’água,

utilizando técnicas verticais.

- Canionismo Descida em cursos d’água, usualmente em cânions, sem

embarcação, com transposição de obstáculos aquáticos ou verticais. O curso d’água pode ser intermitente.

- Caminhada Percursos a pé em itinerário pré-definido. - Caminhada (sem pernoite) Caminhada de um dia. Também conhecida por hiking. - Caminhada de longo curso Caminhada em ambientes naturais, que envolve pernoite. O pernoite

pode ser realizado em locais diversos, como acampamentos, pousadas, fazendas, bivaques, entre outros. Também conhecida por trekking.

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- Cicloturismo Atividade de turismo que tem como elemento principal a realização

de percursos com o uso de bicicleta, que pode envolver pernoite. - Espeleoturismo Atividades desenvolvidas em cavernas, oferecidas comercialmente,

em caráter recreativo e de finalidade turística.

- Espeleoturismo vertical Espeleoturismo de Aventura que utiliza técnicas verticais. - Escalada Ascensão de montanhas, paredes ou blocos rochosos, com

aplicação de técnicas e utilização de equipamentos específicos.

- Montanhismo Atividade de caminhada ou escalada praticada em ambiente de

montanha. ]

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- Turismo fora-de-estrada em veículos 4x4 ou bugies Atividade de turismo que tem como elemento principal a realização

de percursos em vias não convencionais com veículos automotores. O percurso pode incluir trechos em vias convencionais.

- Cavalgadas Percursos em vias convencionais e não convencionais em montaria,

também tratadas de Turismo Equestre.

- Tirolesa

Produto turístico em que a atividade principal é o deslizamento do

cliente em uma linha aérea ligando dois pontos afastados na horizontal ou em desnível, utilizando procedimentos e equipamentos específicos.

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Atividades na Água

- Boia-cross

CASE

Em São Paulo, homem morre eletrocutado ao praticar tirolesa em hotel.

No dia 11 de Janeiro de 2011, o portal de notícias TERRA, noticiou a morte de um homem de 33 anos de idade, quando praticava tirolesa.

Segundo a reportagem, o homem morreu na tarde de domingo

com uma descarga elétrica quando praticava tirolesa em um hotel fazenda em Itapira, no interior de São Paulo.

Segundo a Polícia Civil, o homem foi eletrocutado quando caiu

no rio. Ele morreu na hora. A reportagem informou, com base na investigação policial, que a descarga elétrica pode ter surgido do equipamento que faz o transporte pelo cabo aéreo.

O hotel fazenda estava fechado há mais de seis meses, mas a

polícia não soube informar como o homem teria entrado no local. Na época, a polícia abriu investigação sobre o caso.

Este tipo de acidente acontece muitas vezes durante o ano, por

isso é importante pesquisar muito antes de escolher o local para praticar ecoturismo.

Reportagem na íntegra: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4881471-EI5030,00.html

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Atividade praticada em um minibote inflável, onde a pessoa se posiciona de bruços para descer o rio, com a cabeça na extremidade frontal da boia e os pés na parte final da boia, já praticamente na água. Também conhecida como acqua-ride

- Canoagem Atividade praticada em canoas e caiaques, indistintamente, em mar,

rios, lagos, águas calmas ou agitadas. - Duck Descida de rios com corredeiras utilizando botes infláveis e remos,

com capacidade para até duas pessoas. - Flutuação /Snorkeling Atividade de flutuação em ambientes aquáticos com o uso de

máscara e snorkel em que o praticante tem contato direto com a natureza, observando rochas, animais e plantas aquáticas. Usualmente utilizam-se coletes salva-vidas.

- Kitesurfe Atividade que utiliza uma prancha fixada aos pés e uma pipa de

tração com estrutura inflável, possibilitando deslizar sobre a superfície da água, e ao mesmo tempo, alçar voos executados sobre superfícies aquáticas, com ventos fracos ou fortes.

- Mergulho Autônomo turístico Produto turístico em que a atividade principal é o mergulho

autônomo e o praticante não é necessariamente um mergulhador qualificado.

- Rafting Descida de rios com corredeiras utilizando botes infláveis.

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By: Mohamed Ibraim - Windsurfe Atividade praticada em ambientes aquáticos, também denominada

prancha a vela, que se serve, basicamente, de técnicas do surfe e da vela.

Atividades no Ar - Balonismo Atividade aérea feita em um balão de material anti-inflamável

aquecido com chamas de gás propano, que depende de um piloto. - Paraquedismo Salto em queda livre com o uso de paraquedas aberto para

aterrissagem, normalmente a partir de um avião. Como atividade de Turismo de Aventura é caracterizado pelo salto duplo.

- Voo Livre (Asa Delta ou Parapente) Atividade com uso de uma estrutura rígida que é manobrada com o

deslocamento do peso do corpo do piloto ou por superfícies aerodinâmicas móveis (asa delta), ou até por ausência de estrutura rígida como cabos e outros dispositivos (parapente).

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A diversidade de práticas de Turismo de Aventura, que muitas vezes estão relacionadas a outros segmentos, varia sob diferentes aspectos em função dos territórios e do tipo de atividades que são praticadas, habilidades e da motivação do turista.

É importante compreender ainda, que tais atividades podem se

somar à oferta turística de destinos que tenham como vocação principal outro segmento, com vistas a agregar valor aos produtos turísticos ofertados.

A combinação de vários segmentos para a formatação de um

produto turístico contribui para a diversificação da oferta, o aumento de permanência do turista na localidade e a diminuição da sazonalidade da atividade.

Para a realização de atividades nesta área do segmento, percebe-se

que, dentre as viagens realizadas pelos brasileiros no país, a beleza natural e a natureza possuem um importante papel, tendo uma relação muito próxima com o Turismo de Aventura, já que muitas atividades são realizadas ao ar livre.

No que diz respeito ao turista internacional que viaja ao Brasil,

segundo o Estudo da Demanda Turística Internacional, dentre os entrevistados do ano de 2008 que vieram ao Brasil a lazer, 22,2% têm na Natureza, no Ecoturismo ou na Aventura a principal motivação de suas viagens.

É possível perceber na tabela a seguir, que neste curto período de

quatro anos, a motivação por esses segmentos relacionados com a natureza cresceu, ganhando espaço de atrativos culturais.

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Características e Motivações das viagens dos turistas internacionais

Características da viagem

Motivo da viagem 2004 2005 2006 2007 2008

Lazer 48,5 44,4 44,1 44,3 42,7

Negócios, eventos 28,7 29,1 28,1 27,4 27,0

e convenções

Outros motivos 22,8 28,5 27,8 28,3 30,3

Motivo da viagem a lazer

sol e praia 52,0 54,09 54,7 60,4 52,3

Natureza, ecoturismo ou 12,8 19,3 15,5 20,9 22,2

aventura

Cultura 30,7 17,2 17 11,7 16,9

Esportes - 1,7 3,3 2,3 3,2

Diversão noturna - 1,5 1,5 1,4 1,8

Viagem de incentivo 0,6 0,7 1,1 0,9 0,7

outros 3,9 4,7 2,9 2,1 2,9

Fonte: MTur e FIPE, Estudo da Demanda Turística Internacional - 2004-2008

%

%

Merecem destaque também alguns dados que não estão no quadro acima: mais de 65,3% dos turistas não vieram ao país pela primeira vez e 95,3% demonstraram intenção de voltar em uma próxima oportunidade, o que evidencia a importância do desenvolvimento de estratégias de fidelização do turista.

A pesquisa mostra que 53,8% ficam hospedados em pousadas,

hotéis e flats e quase 40% utilizam os amigos e parentes como principal fonte de informação para organizar a viagem, o que salienta o impacto da propaganda “boca-a-boca”, além de 27% que fazem uso da internet.

É importante ressaltar, que segundo a pesquisa Hábitos de

Consumo do Turismo Brasileiro, realizado pelo Ministério do Turismo e Instituto Vox Populi, 37% dos entrevistados associaram diversão/entretenimento e belezas naturais/lugares bonitos ao turismo.

No que se refere ao lugar ao qual os clientes atuais mais gostam de

viajar no Brasil, 64,9% preferem praias, 13,5% campo, 12% lugares históricos, 8,1% montanhas. Quanto à próxima viagem dos clientes potenciais, 68,2% desejam ir para praias, 12,8% para o campo, 10,9% para lugares históricos, 5,6% para montanhas.

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Em relação ao principal motivo para a escolha do destino turístico, segundo a pesquisa Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro, no que se refere à última viagem ao Brasil dos clientes atuais, 33,9% optaram por beleza natural, 21,2% praias, 13,2% cultura local e 1% observação de fauna e flora.

Ainda nesta viagem, o aspecto mais marcante do destino turístico

foram as belezas naturais com 33,6%, seguido pelas praias com 17,5%, cultura local e povo, 14,5%, perfil do local 14,4% e gastronomia com 5,8%.

Destaca-se também que a prática do Turismo de Aventura no Brasil

cresceu, se profissionalizou e ganhou visibilidade internacional. O país foi eleito pela revista National Geographic Adventure como o melhor destino para aventureiros e esportistas radicais em 2009.

A revista, que possui mais de 2,4 milhões de leitores no mundo, deu

grande destaque para Fernando de Noronha e também mostrou os destinos mais procurados na Amazônia, Chapada Diamantina, Chapada dos Veadeiros, Chapada dos Guimarães, Estrada Real, Florianópolis, Foz do Iguaçu, Mata Atlântica, Jalapão, Serras Gaúchas, Lençóis Maranhenses e Pantanal.

É nesse contexto que o Turismo de Aventura vem se consolidando

no país, com o surgimento de empresas e profissionais especializados para a operação de atividades de aventura.

Apontar um único perfil para o Turismo de Aventura é uma tarefa

complexa, pois os diversos produtos de aventura atraem públicos distintos. Apresentam, contudo, elementos comuns, como o apreço pela emoção, pelo desafio e por novas experiências e sensações.

Com base nesse pressuposto, podem-se elencar algumas

características gerais do consumidor desse segmento, as quais devem ser reconsideradas dependendo das características de cada produto e seu respectivo mercado-alvo.

Por serem mais recentes e darem maior confiabilidade das

informações, foram utilizados dados da pesquisa Perfil do Turista de Aventura e do Ecoturista no Brasil, realizada pelo Ministério do Turismo e a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) em 2009.

A pesquisa teve a participação de 949 pessoas (homens e

mulheres), com idades entre 18 e 59 anos, residentes nas capitais dos maiores polos emissores do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que viajaram dentro do Brasil nos últimos 12 meses e tinha como objetivo conhecer o perfil do consumidor atual e potencial de Turismo de Aventura e de Ecoturismo, seu processo de compra, satisfação e imagem do segmento de aventura e ecoturismo.

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É importante ressaltar que a pesquisa definiu segmentos de clientes

atuais e potenciais, segundo processo decisório, comportamento de compra e estilo de vida. Nos grupos de turistas que são os responsáveis pela decisão da viagem, foram divididos em:

- Turistas que preferem escolher o que fazer quando chegam ao

destino e preferem comprar as atividades de aventura no próprio meio de hospedagem;

- Turistas que contratam agência e guias de turismo, compram

pacote completo e pagam pelo conforto. Gostam de leitura, arte, cultura, história e adoram comprar. Qualidade é mais importante que o preço. Leem relatos sobre viagens e compram na internet. Planejam antes e quem manda na viagem são os filhos (quando for o caso de já serem pais);

- Turistas que preferem o campo e o sossego e não gostam de

badalação nem de praia planejam antes e quem manda na viagem também são os filhos (quando for o caso de já serem pais);

Em relação ao grupo dos turistas que não são os responsáveis pela

decisão da viagem, foram divididos em: - Os que contratam agência e guias de turismo, compram pacote

completo e pagam pelo conforto. Gostam de leitura, arte, cultura e história. Preferem o campo, sossego e não gostam de badalação nem de praia. Planejam a viagem antes e quem manda na viagem são os filhos (quando for o caso de já serem pais);

- Os turistas que não gostam de guias de turismo, geralmente, são

pessoas mais jovens, estudantes, solteiros e moram com a família.

A Legislação turística A Lei no 11.771, de 17 de Setembro de 2008 (Lei do Turismo) –

Política Nacional de Turismo18 - define as normas sobre a Política Nacional de Turismo, dispõe sobre o Plano Nacional de Turismo (PNT), institui o Sistema Nacional de Turismo, o Comitê Interministerial de Facilitação Turística, trata sobre o fomento de atividades turísticas com suporte financeiro do Fundo Geral de Turismo (Fungetur), das atribuições do Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor turístico.

Entre seus objetivos estão: desenvolver, ordenar e promover os

diversos segmentos turísticos, propiciar a prática de turismo sustentável nas áreas naturais, preservar a identidade cultural das comunidades e populações tradicionais eventualmente afetadas pela atividade turística, propiciar a competitividade do setor por meio da melhoria da qualidade, eficiência e segurança na prestação dos serviços, estabelecer padrões e

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normas de qualidade, eficiência e segurança na prestação de serviços por parte dos operadores, empreendimentos e equipamentos turísticos, entre outros.

Já o Decreto no 7.381,19, de 02 de dezembro de 2010, que

regulamenta a Lei do Turismo (Lei no 11.771/2008) estabelece, entre outros, normas, mecanismos e critérios para o bom funcionamento do Sistema Nacional de Cadastramento, Classificação e Fiscalização dos Prestadores de Serviços Turísticos20 – (SINASTUR).

Define também as infrações e as penalidades administrativas para

os meios de hospedagem, agências de turismo, transportadoras, organizadoras de eventos, parques temáticos e acampamentos turísticos.

Em relação ao Turismo de Aventura, é válido destacar o artigo 22

(que trata da construção, instalação, ampliação e funcionamento dos estabelecimentos e empreendimentos de turismo utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como capazes de causar degradação ambiental) e o artigo 34 (que trata das agências de turismo que comercializam serviços turísticos de aventura).

No que se refere à prestação de serviços turísticos de modo geral,

aplicam se alguns dispositivos legais pertinentes à operação e ao agenciamento turístico emissivo e receptivo, a meios de hospedagem, condução, guiamento, transporte, eventos etc.

Operação do produto turístico O processo de operação de Turismo de Aventura envolve

organização e gestão da atividade a ser vivenciada pelo turista. É necessário definir procedimentos claros de operação e comercialização.

Diante disso, o Decreto no 7.381/2010, dispõe de algumas

informações importantes a respeito de agências de turismo que comercializam serviços turísticos de aventura, tais como:

- Dispor de termo de conhecimento com as condições de uso dos

equipamentos, alertando o consumidor sobre medidas necessárias de segurança e respeito ao meio ambiente e as consequências legais de sua não observação;

- Dispor de termo de responsabilidade informando os riscos da

viagem ou atividade e precauções necessárias para diminuí-los, bem como sobre a forma de utilização dos utensílios e instrumentos para prestação de primeiros socorros;

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- Dispor de termo de ciência pelo contratante, em conformidade com disposições de normas técnicas oficiais, que verse sobre as preparações necessárias à viagem ou passeio oferecido.

Sugere-se também, como recomendação mínima, considerar alguns

aspectos de ordem prática: - Implementação de Sistema de Gestão da Segurança em Turismo

de Aventura;

- Disponibilidade, organização e manutenção de equipamentos

apropriados (como capacetes, coletes salva-vidas etc.) para a realização das atividades de Turismo de Aventura conforme a necessidade da quantidade de turistas a serem atendidos;

- Condutores de Turismo de Aventura qualificados, conforme as

Normas Técnicas da ABNT; - Definição de horários e dias de visitas regulares, levando-se em

conta aspectos como a sazonalidade; - Definição quantitativa dos grupos de turistas com indicação mínima

e máxima de capacidade de atendimento; - Política em caso de condições climáticas desfavoráveis; - Estabelecimento de canais de comunicação, inclusive para

situações de emergência; - Articulação e organização dos contatos da rede de serviços; - Definição de serviços ofertados e elaboração de material com

informações. A Norma Técnica ABNT NBR 15286 – Turismo de Aventura – Informações mínimas preliminares a clientes é uma referência importante que facilita a comunicação ao cliente das características do produto ofertado, previamente à realização da atividade, o que pode prevenir imprevistos tanto para o cliente, como para a empresa que opera comercialmente a atividade de Turismo de Aventura.

A fim de auxiliar o processo de estruturação e operação dos

produtos turísticos, bem como disseminar informações técnicas e empresariais para o desenvolvimento do segmento no Brasil, o Ministério do Turismo e a ABETA desenvolveram Manuais de Boas Práticas de Turismo de Aventura.

Resultados do Programa Aventura Segura e formulados a partir de

Grupos de Trabalho, com especialistas, empresários e profissionais da área,

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foram elaborados 10 Manuais de Boas Práticas relacionados ao Turismo de Aventura, são eles:

1. Gestão Empresarial; 2. Sistema de Gestão de Segurança; 3. Competências Mínimas do Condutor; 4. Arvorismo; 5. Caminhada e Caminhada de Longo Curso; 6. Canionismo e Cachoeirismo; 7. Escalada; 8. Espeleoturismo; 9. Fora-de-estrada; 10. Rafting. Dimensionar a quantidade de turistas que deve compor determinado

grupo é elementar para que se possa traçar a base da operação, a partir dos parâmetros da empresa operadora do produto. Trata-se da definição da quantidade mínima e máxima de pessoas para cada atividade programada, para o que se deve observar:

- Tipo da atividade; - Aspectos de segurança, incluindo o Plano de Atendimento a

Emergências; - Capacidade de carga para minimização de impactos ambientais; - Qualidade do atendimento; - Rentabilidade da operação; - Viabilidade técnica e operacional; - Perfil do cliente; - Condições e recursos de transporte.

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As condições do lugar (características e capacidade de suporte) e as exigências de cada atividade (especificidades e respectivos níveis de dificuldade) influenciam diretamente na qualidade do serviço prestado.

Cabe ressaltar que, para se determinar a quantidade de pessoas por

grupo, deve-se observar vários aspectos sobre o perfil dos integrantes, principalmente:

- Condições de saúde; - Experiência anterior com a atividade; - Equipamentos individuais apropriados e em condições de uso para

a atividade; - Vestimentas adequadas para a atividade; - Deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida; - Faixa etária.

Equipamentos A prática responsável e segura das atividades de Turismo de

Aventura exige, além dos procedimentos corretos, o uso de equipamentos em conformidade com normas nacionais e internacionais, com especificações técnicas e informações sobre origem, fabricação e validade.

Além dos equipamentos individuais e coletivos apropriados para

cada atividade, também se fazem necessários na operação de Turismo de Aventura equipamentos ou suprimentos de apoio que podem variar dependendo das características operacionais, como:

- Recursos de comunicação: mapa, bússolas e GPS - Equipamentos de primeiros socorros; - Água potável para hidratação. Os equipamentos devem ser fornecidos em quantidade suficiente

para o grupo, em condições de uso e que atendam aos requisitos técnicos e de segurança para cada atividade.

O uso de equipamentos incide nos custos da operação, ressaltando,

no entanto, que a economia de recursos não pode incidir na redução da segurança ou qualidade dos produtos.

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São de grande importância o uso, conservação, manutenção e armazenamento adequado dos equipamentos, sendo que estes devem ter manutenção constante e periodicamente serem submetidos a monitoramentos quanto à integridade dos materiais, seu correto funcionamento e outros itens pertinentes que possam afetar a segurança.

3.1- Ecoturismo

A partir da publicação das Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, o “turismo ecológico” passou a ser conceituado assim:

Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.

Entre diversas interpretações e definições para Ecoturismo, a

conceituação estabelecida continua sendo referência no país. A Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES) apresenta uma

conceituação semelhante, que define que “Ecoturismo é uma viagem responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem-estar da população local”.

Para melhor entendimento do conceito adotado pelo Ministério do

Turismo, são esclarecidos alguns termos e expressões que o constituem:

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a) Segmento da atividade turística A segmentação do turismo, embora possa ser identificada por

diferentes elementos e fatores, nesse caso é definida a partir das características da oferta, em função da motivação do turista e em relação à atitude do prestador de serviços, da comunidade receptora e do turista.

Já as atividades turísticas compreendem os serviços que o turista

utiliza e as atividades turísticas que realiza durante sua viagem e sua estadia no destino, tais como: hospedagem, alimentação, transporte, recepção e condução de turistas, recreação e entretenimento, operação e agenciamento, bem como outras atividades complementares que existem em função do turismo.

b) Utilização sustentável do patrimônio natural e cultural O conceito de sustentabilidade, embora de difícil delimitação, refere-

se ao “desenvolvimento capaz de atender às necessidades da geração atual sem comprometer os recursos para a satisfação das gerações futuras”.

Em uma abordagem mais ampla, o Ecoturismo visa promover a harmonia dos seres humanos entre si e com a natureza.

Utilizar o patrimônio natural e cultural de forma sustentável representa

a promoção de um turismo “ecologicamente suportável em longo prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente equilibrado para as comunidades locais”. Exige integração ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando a fragilidade que caracteriza muitas destinações turísticas.

c) Incentivo à conservação do patrimônio natural e cultural e busca

de uma consciência ambientalista pela interpretação do ambiente. Esse tipo de turismo pressupõe atividades que promovam a reflexão

e a integração entre o homem e o meio ambiente, em uma inter-relação vivencial com o ecossistema, com os costumes e a história local. Deve ser planejado e orientado, visando o envolvimento do turista nas questões relacionadas à conservação dos recursos que se constituem em patrimônio natural e cultural.

d) Promoção do bem-estar das populações A distribuição dos benefícios resultantes das atividades ecoturísticas

deve contemplar, principalmente, as comunidades receptoras, de modo a torná-las protagonistas do processo de desenvolvimento da região.

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O estabelecimento desse recorte conceitual diante da amplitude de interações entre meio ambiente, sociedade e turismo é primordial para o direcionamento das políticas públicas integradas entre os setores.

Tal recorte delimita o que se compreende por Ecoturismo, cuja

análise do desenvolvimento teórico e prático ao longo da última década permite tecer considerações fundamentadas em aspectos que se referem à natureza da atividade turística, à sustentabilidade, ao território e à motivação do turista.

Turismo Sustentável e Ecoturismo A diversidade de povos, culturas, paisagens e uma das maiores

faixas litorâneas do mundo tornam o Brasil atraente para o turismo, atividade que vem crescendo nos últimos anos. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) de do Ministério do Turismo, o número de chegadas internacionais no Brasil praticamente dobrou de 1996 a 2006, passando de 2,7 para 5,1 milhões de desembarques de turistas estrangeiros.

O mercado nacional também expandiu em mais de 18% entre 1998

e 2002, segundo estudos da Embratur. Essa atividade, porém, por falta de planejamento adequado, tem deixado rastros de degradação socioambiental: muitas vezes os benefícios econômicos não chegam às populações locais e as reservas ambientais de diversos destinos já estão comprometidas.

A riqueza do patrimônio ambiental brasileiro fez crescer um

segmento do turismo, o Ecoturismo – associado às atividades em ambientes naturais nos quais o visitante se integra harmoniosamente com o meio ambiente, em uma relação sustentável.

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Trata-se de uma atividade promissora para os países ricos em biodiversidade, pois além de ser alternativa de geração de renda, emprego e serviços, pode promover a conservação e a formação de uma consciência socioambiental. Com o crescimento, veio o oportunismo do mercado e o termo ecoturismo vem sendo banalizado.

Muitas vezes está relacionando a qualquer tipo de turismo e

infraestrutura na natureza, seja sustentável ou não. Muitas agências, hotéis e prestadores de serviços o utilizam apenas como estratégia de marketing, sem atender aos princípios básicos que norteiam a atividade.

Resultado: ao invés de uma boa opção para o desenvolvimento

sustentável de regiões com remanescentes florestais de grande importância para a biodiversidade brasileira, como é o caso da Mata Atlântica, a atividade também se configura como uma ameaça ao meio ambiente.

Temos ainda exemplos de iniciativas que se contrapõem a esse

cenário inconsequente. Projetos como o Pólo Ecoturístico de Lagamar, no Vale do Ribeira (sudeste do Estado de São Paulo) e destinos como Vale de Matutu (sul de Minas Gerais) e Maraú (sul da Bahia) são algumas referências.

Eles vêm sendo desenvolvidos de forma planejada, sensibilizando

as comunidades locais e os visitantes para a importância da conservação dos recursos naturais e culturais e otimizando os benefícios da atividade turística.

Ao mesmo tempo, a preocupação com a qualidade, a

responsabilidade socioambiental e a presença de selos de certificação têm sido cada vez mais questionadas pelo consumidor em geral – e claro, também pelo turista!

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Como fazer com que os produtos turísticos brasileiros se destaquem

no mercado internacional evidenciando seu compromisso com as boas práticas para a sustentabilidade no turismo? Como divulgar o Brasil com um destino de qualidade confiável?

A forma mais eficaz discutida atualmente é a de ter o produto

turístico certificado, com um “selo verde” reconhecido. Existe, porém, uma quantidade enorme de selos de certificação nessa área – e como garantir credibilidade?

Desde 2000, entidades ambientalistas brasileiras se somaram aos

esforços de organizações internacionais com o objetivo de criar um selo de certificação internacional único, voluntário e independente.

Em 2002, no evento do Ano Internacional do Ecoturismo em

Quebec, Canadá, esse foi um tema muito discutido em 2007, em Olso, na Conferência Global de Ecoturismo (Quebec +5) e esteve novamente em pauta como um dos melhores caminhos na busca da sustentabilidade no turismo.

Alguns critérios básicos norteiam as atividades do turismo

sustentável e sua relação com o sistema socioambiental envolvido: 1) Respeitar a legislação vigente;

2) Garantir os direitos das populações locais; 3) Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade;

4) Considerar o patrimônio cultural e valores locais; 5) Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos; 6) Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes; 7) Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis da atividade.

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Guia do Turista Responsável 1) Esteja aberto a culturas diferentes, vivenciando e respeitando as

tradições e práticas sociais. 2) Respeite os direitos humanos. Qualquer forma de exploração vai

contra os princípios básicos do turismo. 3) Ajude a conservar o meio ambiente. Proteja a flora e a fauna e

não compre produtos feitos a partir de plantas e animais selvagens. 4) Respeite o patrimônio artístico, arqueólogo e cultural do local que

visita. 5) Contribua para o desenvolvimento local, comprando o artesanato

e outros produtos locais.

Turismo Sustentável e Ecoturismo.

Turismo Sustentável – Toda prática de turismo que promove

o uso sustentável dos patrimônios ambiental e cultural. Além

disso, conserva o ambiente visitado para que as gerações

futuras também possam usufruir dele com os mesmos (ou até

mais) benefícios. Contempla aspectos ambientais, sociais e

econômicos. Segundo o Acordo de Mohonk, Turismo

Sustentável é aquele que visa minimizar impactos ecológicos

e socioculturais, enquanto promove benefícios econômicos

para as comunidades locais e países receptores.

Ecoturismo – o verdadeiro ecoturismo não é apenas praticar

atividades ou estar localizado em ambiente natural (como

montanhas, florestas, rios, cachoeiras), é também a maneira

como os viajantes interagem com o local, de forma a gerar

benefícios para seus moradores, incentivar a preservação e o

desenvolvimento de uma consciência socioambiental. Na

definição brasileira, trata-se por ecoturismo: “segmento da

atividade turística que utiliza de forma sustentável o

patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e

busca a formação de uma consciência ambientalista através

da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das

populações envolvidas”.

Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental.

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6) Antes de viajar, informe-se sobre as condições sanitárias,

atendimento a turistas e a emergências do seu destino. 7) Dedique-se a saber o máximo possível sobre os costumes,

normas e tradições e evite comportamentos que possam ofender as populações do destino.

8) Informe-se sobre a legislação local para não cometer atos ilegais.

Não trafique drogas, armas, antiguidades ou espécies protegidas. Outras dicas → Planeje sua viagem! Pesquise, informe-se sobre o destino e

serviços que pretende contratar. → Ao optar por um pacote turístico, hospedagem ou destino de

ecoturismo, verifique se os princípios básicos estão sendo cumpridos, se a empresa contratada conta com guias, monitores, serviços e produtos locais, se demonstra respeito aos regulamentos e preserva os ambientes das áreas visitadas e se apoia alguma entidade ambiental local.

→ Sempre dê preferência a produtos certificados, orgânicos,

artesanais. → Participe e/ou incentive programas de coleta seletiva de resíduos. → Viaje em grupos pequenos. → Evite viajar para locais mais populares em feriados e férias. → Evite os “guetos” turísticos, valorize o contato com a população

local. → Pratique atividades menos prejudiciais ao meio ambiente:

passeios a pé, a cavalo, de bicicleta, de caiaques... Se for de carro: → Seu carro está regulado? → Dê preferência a veículos a álcool ou gás natural. → No destino, dê preferência ao transporte público local.

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No restaurante: → Prefira os pratos da região. A Gastronomia também é patrimônio cultural. Fonte: Organização Mundial de Turismo. Ecoturismo em terras indígenas

Um dos programas ecoturisticos que mais cresce no Brasil é o

turismo em terras indígenas. O interessado nesta atividade deve saber que um programa oficial, o Proeotur, foi criado em 1996 pelo Ministério do Meio Ambiente para oferecer rotas conceituais que o turista bem intencionado procura:

i) participação da comunidade indígena na gestão das atividades em suas terras;

ii) iniciativa complementar às atividades tradicionais e a outros

projetos da comunidade; iii) geração de renda para melhorar a qualidade de vida da

comunidade indígena; iv) uso sustentável dos recursos naturais deve ser uma prioridade; v) tradição cultural e indígena e seus valores prevalecendo sobre os

interesses comerciais do ecoturismo. Para os índios, por sua vez, o pacote é vendido como panaceia (remédio para todos os males).

Não há etnia que não tenha ouvido ser esta uma alternativa viável.

Enquanto o programa é de papel. O que se observa ao longo desses anos, são alternativas isoladas que respondem a um gesto pragmático de uma comunidade que, por conta própria, dá o seu jeito.

O que merece destaque, atualmente, é a iniciativa da comunidade

Pataxó da Jaqueira, no sul da Bahia. Idealizado e coordenado por Maria das Neves (Nytinawã) Pataxó, mantém um site que orienta o turista com dados sobre o acesso, opções de alojamento e os pressupostos do projeto

Essa iniciativa e outras que não conseguiram ainda se concretizar têm recebido assessoria da Associação Brasileira de Ecoturismo (Ecobrasil), um dos formuladores do Proecotur.

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Os programas de governo sejam federais ou estaduais, todos formulados no final do século XX, não demonstraram qualquer gesto que barre o único roteiro que se mantém presente: o do empresário a montar parques temáticos em torno de eventos ligados ao 19 de abril, dia oficial do índio, quando os interessados tornam-se personagens caricatos de si próprios e o turista ocasional passa a acreditar que essa é a verdade que sobrou do índio no Brasil.

3.2 – Ecoturismo em desenvolvimento

Neste tópico, você irá aprender sobre o desenvolvimento do

Ecoturismo. Para o desenvolvimento do Ecoturismo, existem características importantes para serem observadas e entendidas de forma conjunta e integrada, uma vez que se tornam interdependentes nas atividades do segmento. A seguir são apresentadas algumas delas.

A) Gestão, proteção e conservação dos recursos naturais Um dos aspectos essenciais que caracteriza o segmento consiste

principalmente, na adoção de estratégias e ações para minimizar possíveis impactos negativos da visitação turística por meio do uso de um modelo de gestão sustentável da atividade.

Para tanto é preciso dispor de um conjunto de medidas planejadas,

organizadas e gerenciadas de forma sistêmica, capaz de promover a conservação, recuperação, preservação e manejo da área em questão, em sintonia com as demais atividades no território.

No tocante à proteção e à conservação dos recursos naturais,

destacam-se as Unidades de Conservação, sejam elas de caráter público, ou ainda privado, como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Espaço fundamental de conscientização ambiental, fomento a oportunidades de geração e distribuição de renda local e conservação do patrimônio ambiental.

B) Escala do empreendimento e do fluxo de visitantes O Ecoturismo pode ser caracterizado sob dois aspectos principais,

em função da capacidade de suporte de cada ambiente e da atividade desenvolvida:

- Volume e intensidade dos fluxos turísticos: referem-se à

quantidade de turistas e à frequência da visitação; - Porte dos equipamentos turísticos: diz respeito às dimensões

pequenas, médias e grandes das instalações.

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O Ecoturismo, de modo geral, ocorre em pequenas e médias propriedades, com um fluxo reduzido de turistas. No entanto, independente do porte dos equipamentos, o importante é considerar a capacidade de suporte dos ambientes, ou seja, a capacidade do ambiente em suportar uma quantidade de visitantes, sem que sofra alteração ambiental significativa.

Nesse segmento essa questão torna-se fundamental e se define por

garantir um número de turistas compatível com a sustentabilidade do ambiente utilizado, de forma a garantir, além da conservação ambiental, também a qualidade da visita para os turistas.

Para tanto, existem diferentes metodologias de avaliação e

dimensionamento de potenciais impactos, número de visitantes e frequência de atividades que os ambientes podem suportar periodicamente.

Chapada Diamantina (BA)

Isso vale também em relação ao porte das edificações e dos equipamentos que deve ser proporcional ao número de turistas que os utiliza e o tamanho da área visitada.

C) Paisagem A paisagem, além de ser um recurso turístico por excelência, é um

importante elemento na caracterização do segmento, pois são os locais preservados ou conservados e sua atmosfera que compõem o cerne da motivação dos turistas.

Nesse sentido, a busca por infraestrutura, equipamentos e serviços

adequados visam minimizar a intervenção na paisagem. Na instalação de estruturas físicas pode-se, por exemplo, aproveitar a iluminação e ventilação naturais para as áreas internas e a instalação de equipamentos de aquecimento solar de água pode minimizar o consumo de energia elétrica.

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As edificações devem observar o meio físico em que estão inseridos

(montes, rios, lagos, penhascos, cachoeiras, ilhas e praias), biológicos (flora e fauna) e culturais (ser humano e artefatos em interação), a partir da utilização de elementos que expressem e fortaleçam a identidade local, como artesanatos e comidas típicas.

Aspectos da arquitetura devem ser observados, como autenticidade

dos elementos arquitetônicos e decorativos, contemplando-se o conforto e a qualidade dos serviços.

Os equipamentos turísticos que se destacam no segmento devem

revelar as práticas e técnicas de construção utilizadas nas localidades e regiões, que podem ser conferidas na arquitetura vernacular, respeitando-se os critérios normativos ambientais existentes no Brasil.

Essas técnicas observam a origem dos materiais, aproveitando-se

especialmente os materiais locais. Assim, destacam-se a autenticidade, a simplicidade e a rusticidade dos elementos arquitetônicos e decorativos, primando pelo conforto e qualidade.

Ao se estruturar um empreendimento para o desenvolvimento da atividade ecoturística é preciso considerar que a

infraestrutura deve expressar e fortalecer a identidade do território sem

agredir a paisagem.

A ambientação dos equipamentos e o uso de materiais, artesanato e

gastronomia locais permitem ampliar as possibilidades de interpretação de características importantes do meio ambiente e da cultura em que o ecoturista está inserido.

Além de estimular, fortalecer e resgatar o uso de técnicas

tradicionais na confecção de produtos que geram emprego e renda para as populações locais.

D) Educação ambiental A educação ambiental pode ser entendida como o processo pelo

qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.

É um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito

a todas as formas de vida, afirmando valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a proteção ambiental. Estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas,

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que conservem entre si relação de interdependência e diversidade, o que requer responsabilidade individual e coletiva local, nacional e mundial.

A educação ambiental perpassa as práticas formais (escolares) e

recursos pedagógicos comuns para obter resultados no campo informal – onde estão inseridas as atividades turísticas em áreas naturais.

Assim, o Ecoturismo tem papel estratégico ao privilegiar a educação

ambiental na promoção do contato com o ambiente natural, contribuindo para romper com condicionamentos sociais inscritos nos hábitos de indivíduos acostumados com a cultura dos centros urbanos, bem como para a busca de alternativas às relações da sociedade com a natureza e seus indivíduos, por meio da descoberta de novos estilos de vida, gastronomia, crenças e valores, arquitetura etc.

Os Ministérios do Meio Ambiente e da Educação coordenam o

Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), desenvolvido para atender ao preconizado pela Constituição Federal do Brasil, à promoção pelo poder público da “educação ambiental em todos os níveis de ensino e à conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Tal programa tem como objetivo “assegurar, no âmbito educativo, a

integração equilibrada das múltiplas dimensões da sustentabilidade – ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao desenvolvimento do país, resultando em melhor qualidade de vida para toda a população brasileira, por intermédio do envolvimento e participação social na proteção e conservação ambiental e da manutenção dessas condições a longo prazo”.

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Ainda no âmbito do ProNEA, no que se refere à elaboração de políticas públicas de conservação da biodiversidade e de Educação Ambiental, o MMA deu início em 2006 a um importante esforço ao instituir o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).

Para o alcance de seus objetivos de fortalecimento da

comunicação, da educação e a sensibilização pública para participação e controle social, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) previu a formulação de uma Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental no âmbito do SNUC (ENCEA).

A intenção é que este seja um documento orientador efetivamente

utilizado pelos autores e instituições envolvidos com o planejamento e execução de ações de comunicação e educação ambiental em Unidades de Conservação e seu entorno.

Cabe também observar as experiências inovadoras de formação de

monitores locais e a capacitação de agentes multiplicadores promovida por projetos de educação ambiental no Brasil. Essas iniciativas têm contribuído significativamente ao estimular a reflexão e apontar soluções para problemas enfrentados por comunidades tradicionais, promovendo uma efetiva participação social e considerando valores e comportamentos particulares de diversas culturas que compõem nossa sociedade em processos decisórios relacionados ao turismo e à melhoria da qualidade de vida.

E) Interpretação ambiental A interpretação é a arte de explicar o significado de determinado

recurso ou atrativo turístico. Trata-se de proporcionar o entendimento do ambiente natural, despertar a atenção e o interesse do visitante em relação à natureza e à cultura, esclarecendo dados, fatos e correlações que normalmente não são claros ao simples olhar.

As características do local são ressaltadas e explicadas em um

processo de facilitação da informação, levando o turista a compreender e vivenciar experiências mais significativas, ricas e aprazíveis.

Além disso, a interpretação serve ao propósito de sensibilizar e conscientizar em relação às questões ambientais, fato que a torna uma estratégia de educação ambiental e uma forma adequada de comunicação do conhecimento da natureza e da cultura.

É também uma maneira de contribuir para a sustentabilidade, na

medida em que as mensagens transmitidas podem mudar ou fortalecer a percepção do turista, estimulando a atenção para as questões ambientais e promovendo a valorização e proteção da natureza – justamente por isso torna-se imperiosa na prática do Ecoturismo.

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A interpretação constitui-se em um processo e como tal requer planejamento, denominado Plano de Interpretação, para contemplar etapas importantes: análise do recurso e de suas potencialidades, identificação dos destinatários ou público-alvo da interpretação, formulação dos objetivos da interpretação.

Determinação das mensagens a transmitir; seleção dos meios de

interpretação, recomendações para executar tarefas e levantamento das necessidades de pessoal, eleição dos critérios para efetuar a execução e avaliação.

Como método de trabalho, a interpretação promove também a inter-

relação entre condutores ambientais locais e ecoturista. As técnicas utilizadas variam de acordo com o objetivo da interpretação e do público – que está conhecendo a localidade ou região, visto que não se pode desassociar a área natural interpretada de sua dinâmica sociocultural. Diante desse contexto, cabe ressaltar alguns princípios para a interpretação ambiental:

- Estimular as percepções e sentidos do visitante de modo a

estabelecer uma compreensão das características singulares do ecossistema vivenciado para que se sensibilize sobre a importância da conservação;

- Não apenas instruir, mas provocar, estimular a curiosidade do

visitante, encorajando-o a explorar o ambiente interpretado por meio do uso dos sentidos – tato, olfato, audição;

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- Buscar a interface nos dados técnicos da fauna e da flora locais com causos, lendas e histórias de ocupação territorial, entre outros;

- Realizar a interpretação em parceria com integrantes da

comunidade receptora, estimulando a troca de conhecimentos dos saberes e dos fazeres;

- Utilizar uma linguagem acessível quando o grupo for mais

heterogêneo, viabilizando a interpretação de aspectos socioambientais complexos para um público mais leigo;

- Preparar-se tecnicamente para atender públicos e produtos de

Ecoturismo mais específicos, como observação de aves, orquídeas, mamíferos, entre outros;

- Preparar-se tecnicamente, verificar a acessibilidade dos atrativos e

equipamentos turísticos para atender públicos que demandam maior atenção na execução de atividades como pessoas com deficiências ou com mobilidade reduzida;

Não tentar vender uma verdade universal, mas destacar a diversidade ambiental e suas relações socioculturais com o entorno.

Essa interpretação é também um excelente caminho para

proporcionar novas oportunidades de trabalho para a comunidade local, podendo estar integrada em programas ou ações de educação ambiental que promovam a interação entre turistas e comunidade por meio de práticas e vivências singulares da localidade:

- estimular os sentidos a partir de cheiros e sabores que marcam a

biodiversidade local; - integração a atividades comunitárias ou a projetos de conservação

ambiental; - participação em eventos que promovam a difusão da cultura local e

regional. A oferta turística do segmento, além dos serviços de hospedagem,

transporte, alimentação, entretenimento, agenciamento, recepção, guia e condução, contempla atividades na natureza que o caracterizam. Ao serem contempladas no âmbito desse segmento, tais atividades devem considerar:

- Materiais, técnicas e procedimentos adotados na construção das

instalações relacionadas com os princípios da sustentabilidade e em

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harmonia com as características do local e da região, como seu porte e estilo arquitetônico;

- Meios e vias de transporte que gerem o mínimo impacto ambiental

possível; - Serviços e produtos de acordo com os princípios da qualidade, da

sustentabilidade e da cultura local; Premissas As atividades ecoturísticas devem seguir premissas

conservacionistas e serem estruturadas e ofertadas de acordo com normas e certificações de qualidade e de segurança de padrões reconhecidos internacionalmente.

A compreensão da singularidade que caracteriza a paisagem, fauna,

flora, formações rochosas dos ambientes naturais brasileiros exige técnicas de interpretação ambiental, guias de turismo e condutores – com qualificação técnica, associados ao uso adequado de equipamentos e vestuário em função da atividade a ser desenvolvida.

No âmbito do Ecoturismo observa-se a possibilidade de

desenvolvimento de uma grande variedade de atividades. Caracterizam-se pela relação com a natureza, seja com a fauna, a flora, as formações rochosas, as paisagens, os espetáculos naturais extraordinários e até mesmo vários deles ou todos ao mesmo tempo.

O turista pode realizar uma trilha buscando conhecer a flora de uma

região e ao mesmo tempo observar os animais que encontra pelo caminho, apreciar as paisagens naturais e aprofundar seus conhecimentos sobre a região como um todo por meio da interpretação ambiental realizada por um condutor local.

Nas atividades de Ecoturismo, também é comum o

acompanhamento de um guia de turismo ou condutores especializados de forma a contribuir para a experiência do visitante. Um ponto forte do ecoturista é a sua interação com o ambiente em que visita, a vivência de sua aproximação com o meio natural.

A seguir são apresentadas algumas atividades que podem ser

realizadas no âmbito do segmento de Ecoturismo. Muitas se relacionam com o Turismo de Aventura. Algumas exigem equipamentos e vestuário adequados.

De acordo com o perfil do turista e do produto turístico buscado, dá-

se a sua interação com o ambiente, que pode ser mais intensa, mais focada na observação de aspectos específicos, como de aves, ou voltada para a

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apreciação de grandes belezas cênicas, para a aquisição de conhecimento sobre o meio ambiente, e assim por diante.

3.3 – Atividades praticadas no Ecoturismo

a) Atividade: Observação da fauna Relaciona-se com o comportamento e habitats de determinados animais.

Aves – atividade conhecida como birdwatching, demanda

equipamentos específicos, cujo uso é opcional, mas facilita e aumenta o aproveitamento da atividade.

Ainda pouco desenvolvida no Brasil, possui perspectiva de se

configurar como produto de destaque no mercado internacional, já que o país ocupa o terceiro lugar no mundo em matéria de diversidade no gênero, com um total de 1.832 espécies, das quais 234 são endêmicas.

Mamíferos – o Brasil possui um número significativo de espécies de

mamíferos do mundo e apresenta algumas espécies consideradas ícones da nossa fauna, como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, a anta e o lobo-guará.

Apesar da observação de determinados animais – especialmente os

de hábito solitário, discretos e com atividade noturna ou crepuscular – ser difícil, é possível identificá-los e de certa forma, conhecê-los, mesmo sem vê-los de fato, por meio da observação indireta de seus rastros (tocas, trilhas, restos alimentares, fezes e pegadas).

Cetáceos – como baleias, botos e golfinhos, também conhecida

whalewatching e dolphinwatching. Pode ocorrer de estações em terra (na costa e beiras de rios e lagos), de embarcações ou mergulhando. Nesse caso, merece atenção a regulamentação específica que reúne medidas para possibilitar a observação sem perturbar o ambiente e sem comprometer a experiência do turista.

Insetos – muito desenvolvidos em outros países, como nos Estados

Unidos, a observação desses animais vem ocorrendo no Brasil ainda timidamente – borboletas, vespas e abelhas, formigas, besouros, moscas e inumeráveis outros. No processo de identificação de insetos também são

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analisados vestígios e aspectos – folhas utilizadas para alimentação, lagartas, vermes, crisálidas etc.

Répteis e anfíbios – considerado o primeiro em espécies de

anfíbios e o quarto em répteis, destaca-se no país a observação de salamandras, sapos, rãs, pererecas, tartarugas, jacarés, lagartos, cobras. Sobre esse assunto, apontam-se os projetos brasileiros para a conservação da tartaruga marinha e do cracajá.

Peixes – a observação geralmente ocorre pela flutuação ou

mergulho, com ou sem o uso de equipamentos especiais, em ambientes marinhos ou de água doce. Além de seu reconhecido papel nos ecossistemas aquáticos, os peixes têm forte apelo estético para atração de visitantes e reforçam o espetáculo de ambientes aquáticos privilegiados por ampliar o contato das pessoas com a ictiofauna.

Peixe boi- http://rondoniaturismo.blogspot.com/p/ecoturismo.html

Nesse sentido, merecem destaque os projetos de conservação para cavalos-marinhos, os atrativos turísticos em rios de regiões calcárias (como por exemplo, na Serra da Bodoquena/MS) e as piscinas naturais presentes em todo o país.

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b) Atividade: Observação da flora

Permite compreender a diversidade dos elementos da flora, sua forma de distribuição e as paisagens que compõem um bioma, devendo estar associada às possibilidades de interação com a fauna silvestre existente na localidade e região.

Os usos tradicionais das comunidades locais sobre as plantas (usos

medicinais, cosméticos, ornamentais) despertam muito interesse, podendo ampliar as experiências dos visitantes e promover o uso sustentável de elementos que integram as áreas visitadas.

c) Atividade: Observação de formações geológicas Atividade ainda tímida no país que consiste geralmente, em caminhada por área com características geológicas peculiares e que oferecem condições para discussão da origem dos ambientes (geodiversidade), sua idade e outros fatores, por meio da observação direta e indireta das evidências das transformações que ocorreram na esfera terrestre. d) Visitas a cavernas (Espeleoturismo)

Atividade recreativa originada da exploração de cavidades

subterrâneas, também conhecida por espeleologia – estudo das cavernas. As cavernas atuam como habitat ideal para a conservação de espécies ameaçadas de extinção, tanto da fauna como da flora e cada vez mais se tornam fontes de atividades economicamente importantes, das quais advêm benefícios financeiros, tais como o Ecoturismo e a prática de esportes e de recreação.

Além de exercerem fascínio pela grande beleza cênica que

apresentam e por representarem um desafio para a humanidade, são reservas hidrológicas estratégicas para o abastecimento de cidades, agricultura e indústrias.

e) Observação astronômica

Observação de estrelas, astros, eclipses, queda de meteoros, em locais preferencialmente com reduzida influência de iluminação artificial.

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f) Mergulho livre

Mergulho no mar, rios, lagos ou cavernas com o uso de máscara, snorkel e nadadeiras, sem equipamentos autônomos para respiração.

g) Caminhadas

Percursos a pé em itinerário predefinido. Existem caminhadas de um ou mais dias com a necessidade de carregar parte dos equipamentos para pernoite em acampamentos ou utilizando meios de hospedagem em pousadas ou casas de família. h) Trilhas interpretativas

Conjunto de vias e percursos com função vivencial com a apresentação de conhecimentos ecológicos e socioambientais da localidade e região. Podem ser autoguiadas por meio de sinalização e mapas ou percorridas com acompanhamento de profissionais como Guias de Turismo e Condutores Ambientais Locais.

As trilhas podem ser um dos principais atrativos de uma localidade,

mas em função da quantidade de informações disponíveis no ambiente faz-se necessário identificar locais de maior potencial de atratividade ao visitante para que este possa ter ampliada sua satisfação e interesse nos momentos de interatividade.

Trilha da Capivara - Um dos percursos que formam o Sistema de Trilhas Interpretativas do Parque Nacional de Brasília (Água Mineral)

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A depender da trilha e do grau de dificuldade, podem conter sinalização, equipamentos de proteção e facilitadores – corrimões, escadas e pontes, proporcionando interação no ambiente e a compreensão da responsabilidade para com os recursos naturais.

Existe uma diversificada e significativa gama de outras atividades,

que embora possam caracterizar outros tipos de turismo, podem também ser ofertadas em produtos e roteiros desse segmento, como atividades turísticas de aventura, de pesca, náuticas, culturais e outras, desde que cumpram as premissas, comportamentos e atitudes estabelecidas no Ecoturismo.

Assim, é possível uma ampliação da oferta de atividades aos turistas

e uma agregação de valor ao produto. Como exemplos, temos: - Visita a comunidades anfitriãs, que permite a interação ou

acompanhamento de atividades cotidianas ou eventos tradicionais de comunidades locais como forma de valorização do ambiente natural e cultural dessas comunidades e de oportunidade de geração de renda extra às iniciativas sociais comunitárias por meio do Ecoturismo.

Visitas a sítios arqueológicos inseridos em ambientes naturais,

unidades de conservação ou próximos a comunidades; - Acampamentos realizados em áreas naturais públicas ou privadas

com equipamentos especializados; - Visita de instituições de ensino em ambientes naturais para

atividades de cunho educativo que auxiliam no processo ensino-aprendizagem. É um recurso motivador de aprendizagem capaz de auxiliar na formação dos alunos – reforçando conceitos como o de cidadania, consciência ambiental e patrimonial – e de fornecer experiências de vida em grupo;

- Caminhadas em propriedades rurais para observação da vida

cotidiana do homem no campo e da biodiversidade da região; - Atividades esportivas em ambientes naturais, como corridas de

orientação. Para prática de atividades de Ecoturismo, aliado muitas vezes a

atividades turismo de aventura, recomendam-se também a consulta das Normas Técnicas de Turismo de Aventura, disponíveis no site da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Para uma melhor compreensão do segmento de Ecoturismo é

interessante observar alguns estudos relacionados ao tema que permitem também conhecer um panorama de seu desenvolvimento.

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Em relação ao turista internacional que viaja ao Brasil, segundo o Estudo da Demanda Turística Internacional 2004-2008, dentre os entrevistados do último ano que vieram ao país a lazer, 22,2% têm na natureza, no Ecoturismo ou na aventura a principal motivação de suas viagens.

Na tabela a seguir é possível perceber ainda que, neste curto

período de quatro anos, a motivação por estes segmentos relacionados à natureza cresceu significativamente.

De acordo com o Plano Aquarela - Marketing Turístico Internacional

do Brasil 2007-2010, o turismo e o lazer destacaram-se (70%) como principal motivação da viagem ao Brasil em 2004 e 2006.

Dentre o lazer, de modo geral, ainda com base nesses dois anos, os

principais aspectos motivadores da visita ao Brasil foram as belezas naturais e a diversidade brasileira, bem como o povo e a cultura popular.

Quanto à imagem dos turistas estrangeiros sobre o Brasil, a natureza, junto com o povo brasileiro representa o aspecto determinante da imagem positiva do país.

Ainda com base no Plano Aquarela, na análise dos produtos

ofertados pelo trade internacional em seus catálogos impressos, o Ecoturismo aparece como o segundo segmento mais ofertado entre os operadores internacionais dos destinos analisados.

Em alguns países específicos, como Reino Unido e Espanha, o

segmento apareceu como o de maior oferta, tendo ainda nos Estados Unidos e na Itália a mesma proporção que o segmento de sol e praia.

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No mercado nacional, a fim de compreender as principais

motivações de viagem do turista brasileiro, a pesquisa de Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil – 2007 possui um painel completo sobre as motivações por faixa de renda e local de origem, formas de organização e estimativas do volume de deslocamentos realizados dentro do país pelo público nacional.

Dentre os entrevistados, 3,4% têm como principal motivação para a

realização de viagem doméstica o Ecoturismo, apresentando, ainda, um crescimento proporcional ao aumento de renda.

Principal motivação para realização de viagem doméstica, por renda (em%)

Motivos

0 a 4 SM de 4 a 15 SM acima de 15 SM Total

Visita parentes/amigos (lazer) 59,0 52,3 41,9 54,4

Sol e praia 26,5 38,1 49,3 33,8

Compras pessoais (lazer) 9,8 10,5 11,9 10,3

Negócios ou trabalho 9,2 9,0 9,1 9,1

Turismo cultural 6,2 8,6 12,7 7,9

Diversão noturna 7,2 8,3 8,8 7,8

Saúde 9,4 5,4 3,4 7

Visita parentes/amigos (obrigação) 6,2 3,3 2,3 4,6

Religião 5,1 3,0 1,4 3,8

Ecoturismo 2,2 4,3 5,2 3,4

Eventos esportivos/sociais/culturais 3,3 3 2,8 3,1

Estâncias climáticas/hidrominerais 1,1 3,1 3,6 2,2

Turismo Rural 2,2 2,2 2,3 2,2

Visita parentes/amigos (negócios) 2,4 1,7 1,8 2,8

Congressos, feiras ou seminários 1,6 2,3 2,6 2,0

Praticar esportes 1,4 1,7 2,3 1,6

Compras de negócios 1,2 1,6 2,3 1,5

Outros eventos profissionais 1,3 1,3 1,6 1,3

Cursos e educação em geral 1,1 1,4 1,3 1,3

Parques temáticos 0,7 1,5 2,2 1,2

Compras pessoais (obrigação) 1,0 1,3 0,9 1,1

Resorts/hotéis fazenda 0,4 0,8 1,8 0,7

Cruzeiros (se fez, mencione) 0,1 0,2 0,6 0,2

Outros 4,2 4,5 5,2 4,4

Total 162,9 169,1 177,8 167,1

Fonte: MTur e FIPE. Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil. 2007.

Classe de renda mensal familiar

A pesquisa Hábitos de Consumo do Turismo do Brasileiro – 2009, sobre o tipo de lugar para os quais os brasileiros mais gostam de viajar no

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país, 64,9% preferem praias, 13,5% campo, 12% lugares históricos, 8,1% montanhas.

Quanto à próxima viagem ao país dos clientes potenciais, 68,2%

desejam ir para praias, 12,8% para o campo, 10,9% para lugares históricos, 5,6% para montanhas. Um dado também interessante é que 11,0% dos clientes potenciais associam turismo com as belezas naturais.

É possível notar como o Ecoturismo pode estar presente nesses

ambientes, tendo atividades que podem ser facilmente ofertadas em campos e montanhas, não deixando de considerar as próprias praias, onde muitas demandam a realização de trilhas, por exemplo, para serem acessadas. A diversidade da fauna e da flora litorâneas, a preservação de extensas faixas da região costeira e a existência de praias isoladas e desertas permitem ainda mais a intersecção do Ecoturismo com o segmento de Sol e Praia.

Sobre a última viagem ao Brasil dos clientes atuais, o principal

motivo para a escolha do destino turístico foi 33,9% beleza natural, 21,2% praias, 13,2% cultura local e 1% observação de fauna e flora. Ainda nesta viagem, o aspecto mais marcante do destino turístico foi 33,6% beleza natural, 17,5% praia, 14,5% cultura local e povo, 14,4% perfil do local, 5,8% gastronomia.

A beleza natural e a natureza têm um papel primordial nas viagens

dos brasileiros ao país. Mesmo que atraídos muitas vezes pelas praias, no destino turístico o visitante acaba por realizar outras atividades, o que também representa uma importante estratégia de diversificação dos produtos ofertados e maior agregação de atratividade ao destino.

A fim de conhecer melhor a demanda do Ecoturismo por espaços

naturais conservados, merece atenção o Estudo sobre o Turismo Praticado em Ambientes Naturais Conservados - 200257 que contemplou 31 operadoras de turismo nas cidades em São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG e Brasília/DF e 6 mil turistas do Parque Nacional do Itatiaia/RJ, Aparados da Serra/RS, Fernando de Noronha/PE, Caparaó/MG-ES, Foz do Iguaçu/PR, Chapada dos Veadeiros/GO, Portão do Pantanal-Poconé/MT (Parque Nacional do Pantanal Matogrossense), Parque Estadual do Jalapão/TO, além das cidades de Manaus/AM e Brotas/SP.

Segundo o estudo, dentre as operadoras de turismo, os destinos de

Ecoturismo mais oferecidos na época eram Fernando de Noronha/PE, Ilha do Cardoso/SP, Monte Verde/MG, Chapada Diamantina/BA, Chapada dos Veadeiros/GO, Chapada dos Guimarães/MT, Itacaré/BA, Amazônia/AM, Bonito/MS, Lençóis Maranhenses/MA, e também o Peru e a Patagônia argentina, sendo que todos contemplavam visitas a unidades de conservação.

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Os pacotes vendidos tinham em média 5,5 dias de duração, com variações de 3 a 8 dias. Apesar da procura ser concentrada nos meses de dezembro a fevereiro, também havia uma grande demanda nos meses de abril, maio, setembro e outubro por força das viagens feitas por escolas, que representavam um grande mercado para essas operadoras.

Já a pesquisa com os 6 mil turistas nas áreas conservadas foi

efetuada em três períodos distintos, considerados de alta, média e baixa estação, porém, cabe ressaltar que cada unidade possui suas peculiaridades, o que também pode ser observado nos resultados.

De forma geral, o hábito de visita às áreas conservadas é um hábito

familiar, tendo apenas em algumas unidades a visitação por excursão de forma expressiva; a maior frequência é de grupos de 2 a 3 pessoas e de 4 a 5 pessoas, constituídos por indivíduos com escolaridade em nível superior completo ou incompleto.

Quanto aos motivos da visita às áreas protegidas, em maiores

proporções há a contemplação ou contato com a natureza, seguida pela busca pelo repouso ou fuga da rotina, conforme o gráfico a seguir.

É interessante observar alguns pontos específicos, por exemplo,

Brotas, Fernando de Noronha e Jalapão apresentaram uma média maior pela busca da prática de esportes, o que também aconteceu com o motivo Reportagens ou Documentários em Aparados da Serra e novamente Fernando de Noronha e Jalapão, ou ainda com o Campismo em Caparaó.

Motivação para visita às Áreas Protegidas

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Dentre as unidades, as atividades desenvolvidas também dependem do tipo do público e da localidade. Em algumas se destacam as de esportes, turismo de aventura, caminhadas, entre outras. Por outro lado, em algumas prevalece a contemplação, o repouso, a fotografia.

No entanto, dentre as atividades mais buscadas em todas as áreas,

observa-se a caminhada, trilha ou trekking em primeiro lugar, ficando em segundo apenas em Fernando de Noronha, atrás de mergulho; e no Pantanal, depois de contemplação/observação da fauna e flora.

Merece destaque, ainda, que apesar de 42% dos turistas

ressaltarem que a motivação principal para a viagem era a visita a unidades de conservação é frequente observar que os turistas também realizavam outras atividades na região. A permanência média das viagens em visita às Áreas Conservadas era de 5,5 dias, sendo 2,3 dias destinados exclusivamente a elas e 3,2 dias a outros motivos.

Convém ressaltar que quando havia outros tipos de motivação, o

tempo de permanência era maior. Assim, é possível observar a importância e oportunidade de diversificação de atividades no entorno de uma unidade de conservação.

A distância dessas áreas, suas extensões, facilidade de acesso e,

principalmente, os produtos ofertados dentro e fora da unidade são aspectos que se relacionam ao tempo de permanência na área. O gasto médio da viagem também não se restringe apenas à visitação à unidade, mas também a gastos na cidade e na região da unidade.

O perfil do ecoturista O Ecoturismo, como mercado turístico, é bastante competitivo e

deve oferecer produtos compatíveis com as exigências do ecoturista. Sabe-se que uma parcela desses turistas possui elevada consciência ambiental e busca experiências únicas que conservem os recursos ambientais, históricos e culturais e que envolvam a comunidade, contribuindo, assim, para ampliar as expectativas de que essa atividade esteja realmente relacionada ao desenvolvimento sustentável de diversas localidades e regiões.

Os ecoturistas visitam as localidades para interagir com os

ambientes a partir das informações anteriormente obtidas, em especial de meios de comunicação. Interessante observar que a qualidade da informação e atividades experimentadas pelo ecoturista nas áreas naturais permite ampliar sua satisfação e as possibilidades de divulgação e retorno no destino de Ecoturismo.

Esse tipo de consumidor, de modo geral, importa-se com a

qualidade dos serviços e equipamentos, com a singularidade e autenticidades da experiência e com o estado de conservação do ambiente.

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Segundo a pesquisa de Perfil do Turista de Aventura e do

Ecoturismo no Brasil – 2009, que tinha como objetivo conhecer o perfil atual e potencial do consumidor dos segmentos é possível conhecer algumas informações para compreender melhor o perfil do turista desse segmento.

Ao descreverem o papel das viagens em suas vidas, os

entrevistados revelaram três níveis de envolvimento com a natureza, sendo: - A natureza como algo admirável, intocável, uma espécie de

santuário, tendo destaque a observação; - A natureza como dinâmica, cheia de boas surpresas, com o que se

está disposto a interagir; - A natureza, as atividades, as observações, os turistas e as

comunidades formando um todo dinâmico, destacando um maior nível de envolvimento.

Quanto ao sentido da viagem, dois aspectos foram destacados. Nos

dois casos, a viagem é a forma encontrada pelos entrevistados para satisfazer a essas necessidades mais fortes em suas vidas. São elas:

- Fugir do dia a dia, seja ele urbano ou não, da correria, do trabalho,

do estresse e da violência, em busca de descanso, que pode ser obtido de duas formas:

a) Do ócio, ou seja, não fazer nada mesmo; b) De fazer alguma atividade diferente das cotidianas, como, por

exemplo, praticar atividades fora do ambiente urbano.

- Resgate da vida, do prazer. Isso se concretiza no retorno às

origens, à infância.

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Sendo a viagem a principal forma de atender às necessidades de

fuga e resgate, o turismo parece ser visto como o lugar de sentir-se homem, de sentir-se alguém e não uma moeda. Isso está relacionado com a visão da atualidade, pois os indivíduos sentem, em geral, a desumanização das relações.

Além disso, está relacionado ao que alguns autores chamam de

realização das necessidades de autodesenvolvimento ou autoconhecimento. Os indivíduos buscam se conhecer nas viagens, que são também um resgate do que a pessoa é.

Entender o que os turistas buscam é primordial para o desenvolvimento de um produto turístico

Segundo o estudo, em sua maioria as pessoas que desenvolvem

atividades de Ecoturismo e Turismo de Aventura possuem como características:

- A maioria do sexo masculino; - Têm idade entre 18 e 29 anos; - Solteiros; - Ensino médio completo e ensino superior incompleto; - Classe social B; - Hábitos de viajar em grupos; - Contribui para o planejamento da sua viagem; - Demonstra respeito pelo ambiente natural e social; - Exige qualidade, segurança, acessibilidade e informação. A pesquisa definiu ainda segmentos de clientes atuais e potenciais,

segundo processo decisório, comportamento de compra e estilo de vida. São eles:

- Grupos de turistas que são os responsáveis pela decisão da viagem foram subdivididos em:

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a) Turistas que preferem escolher o que fazer quando chegam ao destino e preferem comprar as atividades de Ecoturismo no próprio meio de hospedagem;

b) Turistas que contratam agência e guias de turismo, compram

pacote completo e pagam pelo conforto. Gostam de leitura, arte, cultura e história. Adoram comprar. Qualidade é mais importante que o preço. Lê relatos sobre viagens e compram na internet. Planejam antes e, caso já tenham filhos, são eles que mandam na viagem.

c) Turistas que preferem o campo, sossego e não gostam de

badalação nem de praia. Planejam antes e, caso já tenham filhos, são eles que mandam na viagem.

Também foi realizada uma segmentação por número de atividades

praticadas.

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Número de atividades praticadas

Os turistas que já praticaram mais de 10 atividades de

Aventura/Ecoturismo são amantes das viagens para interação e atividades na natureza. Formando 68%, os turistas que já praticaram de 2 a 10 atividades são aqueles que viajam para interagir com a natureza ou por outros motivos, mas que estão dispostos à prática de atividades.

Dentro desse grupo há ainda aqueles que praticam apenas a sua

atividade preferida, mas podem praticar outras, dependendo dos estímulos. Dentre os que já praticaram uma única atividade, muitos são turistas que já praticaram, mas não por escolha pessoal, mas por estarem envolvidos em alguma atividade de treinamento, por exemplo. Ou seja, percebe-se que uma grande parcela identificada na amostra, equivalente a 68%, são turistas que viajam como motivação principal ou não a realização de atividades na natureza, mas que estão abertos a elas. Este ponto é de fundamental importância para compreender a interface do Ecoturismo com os demais segmentos.

Um turista pode viajar com a motivação pelo sol e praia, pelo turismo

cultural, turismo de esportes, turismo náutico, e também realizar uma atividade voltada para o Ecoturismo e até mesmo o Turismo de Aventura. A diversificação da oferta de um destino representa um ponto fundamental para a sua competitividade.

Dentre as atividades mais praticadas levantadas na pesquisa, a

caminhada aparece em terceiro lugar com 31% e a observação de vida selvagem com 22%.

Para os entrevistados que ainda não fizeram alguma das atividades

pesquisadas, ao serem perguntados quais atividades gostariam de realizar, 70% destacaram o mergulho, 61% a observação da vida selvagem, 57% caminhadas e 51% o espeleoturismo. Este é um dado de grande relevância, pois demonstra como os turistas estão abertos a novas atividades e,

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principalmente, revela o potencial do segmento de Ecoturismo na oferta de serviços.

O carro é o meio mais utilizado nas viagens (61%), seguido do avião

e do ônibus, empatados com 16%. Quase todos os entrevistados (91%) viajam durante as férias, 72% preferem os finais de semana prolongados e 40% os finais de semana normais.

Nos últimos anos, 72% dos turistas consideram que a qualidade da

prestação de serviços nas atividades na natureza melhorou e 73% afirmam que o fato de o prestador de serviços de atividades na natureza ser certificado influencia na decisão de contratá-lo. As mídias mais eficientes sobre informação de viagens de natureza foram a internet, a televisão e as revistas especializadas.

É importante perceber com base nos dados apresentados o

potencial para o desenvolvimento do Ecoturismo, assim como é possível oferecer atividades do segmento para diferentes perfis de pessoas, lembrando ainda que, geralmente, o turista se dedica aos seus diversos interesses passando de forma fluida e dinâmica por vários segmentos do turismo que os locais visitados oferecem.