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Curso de Educação e comunicação Multimédia 1º ano – Pós Laboral
Ano lectivo 2009/2010
Expressões Artísticas Contemporâneas
Docente: Célia Maria Salvador Barroca Discente: Joana Filipa de Sousa Santos
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Introdução ___________________________________________ Página 3
René Magritte
Biografia _______________________________________ Página 4
Obra __________________________________________ Página 7
Conclusão __________________________________________ Página 11
Bibliografia __________________________________________ Página 12
Anexos _____________________________________________ Página 13
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No âmbito da disciplina de Expressões Artísticas Contemporâneas, foi-
me solicitado um trabalho de pesquisa sobre um artista contemporâneo. Desta
forma, o meu trabalho incide sobre a vida a e obra de René Magritte, um dos
principais artistas Surrealistas.
O trabalho está dividido em duas partes:
Biografia – descrição breve da vida do artista e uma abordagem
ao surrealismo.
Obra – Características do trabalho de Magritte e análise de
algumas obras.
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Biografia
René François Ghislain Magritte (fig. 1), filho mais
velho de Léopold Magritte nasceu no dia 22 de
Novembro de 1898, em Lessines, na Bélgica.
Em 1916, frequenta por dois anos a Académie
Royale dês Beaux-Arts de Bruxelas, onde segue os
cursos de Van Damme, Ghisbert, Combaz e Montald,
pintor simbolista. Ali encontra o pintor Victor
Servranckx. Foi durante este período que Magritte conheceu Georgette Berger,
com quem se casou em Junho de 1922.
Trabalhou numa fábrica de papel de parede e foi designer de cartazes e
anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital
Belga, fez da pintura a sua actividade principal. Nesse mesmo ano, Magritte
produziu a sua primeira
pintura Surrealista, Le jockey
perdu (fig. 2). Nela podemos
ver diversas marcas
características da obra de
Magritte, desde a tela como
espaço teatral (marcado pela
cortina) à combinação
inusitada de componentes.
Os pilares, que aparecem no
Figura 1
Figura 2
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quadro, tornaram-se um dos elementos recorrentes na obra de Magritte (assim
como as esferas bipartidas e os papéis recortados) que foram baptizados por
Max Ernst.
A primeira exposição de Magritte foi em 1927, em Bruxelas, na Galerie la
Centaure, onde foram apresentados 61 dos seus trabalhos.
Magritte mudou-se ainda nesse ano para Paris, onde começou a envolver-
se nas actividades do grupo surrealista, tornando-se amigo de André Breton,
de Paul Éluard, de Hans Arp, de Joan Miró e de Salvador Dalí.
O surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido
primariamente em Paris, nos anos 20, inserido nas vanguardas que viriam a
definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e
posteriormente expandido para outros países.
Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud,
o surrealismo foi a corrente artística moderna da representação do irracional e
do subconsciente. Este movimento artístico surge todas as vezes que a
imaginação se manifesta livremente dando importância ao impulso psíquico. Os
surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção
mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com
a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controlo.
A publicação do Manifesto do Surrealismo
(fig. 3), assinada por André Breton em Outubro de
1924, marcou historicamente o nascimento do
movimento. No manifesto e nos textos escritos
posteriores, os surrealistas rejeitam a chamada
ditadura da razão e os valores burgueses como
pátria, família, religião, trabalho e honra. Humor,
sonho e a contra-lógica são recursos a serem
utilizados para libertar o homem da existência
utilitária.
A livre associação e a análise dos sonhos – ambos métodos da
psicanálise freudiana, transformam-se nos procedimentos básicos do
Figura 3
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surrealismo, embora aplicados por meio do automatismo, ou seja, qualquer
forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controlo.
Os surrealistas tentavam modelar, seja por formas abstractas ou figuras
simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o
subconsciente.
Definição de Surrealismo:
“Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja
verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento
real do pensamento”.
André Breton
Quando a Galerie la Centaure
fechou – e perante a indiferença no
meio artístico parisiense - Magritte
retornou a Bruxelas e voltou a
trabalhar como designer de cartazes e
anúncios
Em 1937 Magritte vai viver para
casa de Edward James, em Londres.
Pinta três grandes telas para este
banqueiro, uma delas “A reprodução
Interdita” (fig. 4). Magritte comenta o
quadro: “A minha pintura consiste em
imagens visíveis que não escondem nada. Suscitam mistério (…) O mistério
não significa nada. É incognoscível.”
Magritte começa a pintar os “préludes” no chamado período “Renoir”,
que se prolonga até 1944.
Em 1946 começa o período do “amentalismo” e do “extramentalismo”,
que propõe um surrealismo “optimista”. Nesta altura Magritte e os amigos
distanciam-se do grupo surrealista parisiense e de André Breton, em
Figura 4
“A Reprodução Interdita”
Retrato de Edward James
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consequência das suas reacções hostis aos manifestos publicados em
Bruxelas.
Em 1951 pinta a primeira pintura mural: o tecto do Théâtre Royal des
Galeries Saint Hubert, em Bruxelas. A sua segunda pintura mural, foi
inaugurada em Julho de 1953, “O domínio Encantado”, na sala de jogo do
Casino Comunal Knokke-Le-Zoute. Esta composição foi baseada em oito
quadros ampliados, transportados para a parede através de processos
fotográficos, reproduzidos depois por pintores-decoradores.
Em 1956, Magritte assina – excepto para os retratos – um contrato de
exclusividade com Alexandre Iolas que, a partir de então, organiza
praticamente todas as exposições pessoais seguintes. Nesse mesmo ano,
Magritte realiza uma série de pequenos filmes, por vezes com cenários
compostos por ele e pelos companheiros. Ganha para a Bélgica o prémio
Guggenheim.
Depois de várias mudanças de casa, instala-se na Rue dês Mimosas,
97, Schaerbeek/Bruxelas, onde reside até à sua morte – 15 de Agosto de 1967,
com 69 anos de idade. O seu corpo foi enterrado no Cemitério Schaarbeek, em
Bruxelas.
Obra
A obra de René Magritte, tal como o pensamento que a influenciou,
representam na história da arte moderna e na pintura surrealista um caso
especial. Ao procurar o “mistério” que envolve as coisas e os seres, Magritte
concebeu quadros que, partindo da realidade quotidiana, deveriam ter uma
lógica diferente da habitual. Magritte representa o mundo do real e do
imaginário com uma superficialidade misteriosa, que impõe ao observador a
reflexão de que é através da lógica dos seus pensamentos e das suas
associações, e não da transfiguração sentimental, que surge o misterioso.
Magritte cria também uma linguagem pictural que permite aprofundar a
compreensão habitual do quadro.
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Para Magritte, qualquer trabalho artístico não deveria ter um significado
redutível, pois ele tem tantos significados quantas as pessoas que olham para
ele. Para demonstrar isso, pintava objectos vulgares fora do seu contexto, que
acabavam por chamar a atenção.
Mas, para Magritte, uma imagem não deve ser confundida com algo
tangível.
O quadro “A traição das imagens” (Isto não é um cachimbo) (fig. 5),
pintado em 1929, faz parte de uma série, na qual a imagem realista é
acompanhada pela inscrição “Isto não é…”.
Quando observamos o quadro em questão, pensamos que a legenda
contradiz a imagem, sendo esta a representação de um cachimbo e a legenda
a negação dessa evidência.
Ao afirmar que a imagem representada não é um cachimbo (Ceci n’est
pas une pipe), o artista suscita uma reflexão sobre a relação entre a realidade e
as convenções artísticas que presidem à sua representação: não é um
cachimbo porque não pode ser utilizado como tal, ou seja, não pode ser usado
de uma forma funcional.
Figura 5 A traição das Imagens
(Isto não é um cachimbo) 1929
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Magritte chamou a esta sua pintura “A traição das imagens”, pois estas,
por mais analógicas que sejam, são sempre imagens, logo representações da
realidade. O pintor, interrogado sobre isto, declarou que “As pessoas que
pensam que essa imagem é um cachimbo deveriam então experimentar enchê-
lo de tabaco ou fumar por ele”. Ou seja, mesmo as imagens mais analógicas
são expressão de convenções ao nível da expressão (neste caso, por exemplo,
não só falta a tridimensionalidade do objecto, como o próprio tamanho desta
representação de um cachimbo não encontra correspondência no objecto
corrente que designamos por “cachimbo”, pois a dimensão do quadro é de
60x81 cm).
Quando Magritte pinta palavras ou frases completas, está a combinar o
poder diferenciador do que pode ser lido com o poder diferenciador do que
pode ser visto, como também se pode ver em “Os Dois Mistérios” (fig. 6).
Nas suas obras o sonho, o
pensamento, o desejo carnal e
as aspirações estão
frequentemente unidos. Ao usar
palavras e imagens, estava a
trazer à luz a banalidade das
coisas, transformando as
situações quotidianas mais
comuns com as quais as
pessoas se confrontam, no seu
oposto.
A arte de Magritte é a vingança da poesia sobre o poder da tecnologia
cega, a vingança do pensamento filosófico, do questionamento, do pensamento
aberto, em contraste com as certezas e dogmas de qualquer tendência.
Demonstra ao olhar e ao intelecto o carácter altamente incerto de tudo,
construindo o reino do visível, oferecendo ao olhar do observador certos
movimentos e associações que se instalaram nas profundezas do corpo.
Magritte não quer mostrar o inconsciente, mas interferir nos seus mistérios
mais recônditos.
Figura 6
“Os dois Mistérios”
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O quadro “Tentando o Impossível”
(fig.7), é considerada a mais bela
homenagem de Magritte à sua mulher, que é
também o seu modelo. O desejo do pintor é
o de imortalizar o objecto do seu desejo,
captá-lo na tela e criá-lo novamente para si.
A sua intenção é chamar a atenção
para o insondável mistério por detrás desta
realidade. Na produção de Magritte, a
imagem pintada é sempre a imagem de um pensamento, e como tal, o pintor
exige que reflicta a sua condição inerente, como imagem.
O seu objectivo era pintar em conjugação com o
visível, funcionando com o visível, nunca fora dele. Na
tela, palavras pintadas não como descrições mas
como partes do quadro, conseguem libertar o seu
poder de diferenciação, como se pode ver em
“Ligações Perigosas” (fig. 8), não só no espelho mas
também no corpo, existe uma fragmentação através
da traição dentro do quadro.
Figura 7
“Tentando o impossível”
Figura 8
“Ligações Perigosas”
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Magritte foi um dos mais importantes representantes do movimento
surrealista. A sua pintura causa impacto devido à sua precisão que beirava a
obsessão. O naturalismo das suas representações contrasta fortemente com o
seu simbolismo. Integrou-se na corrente do realismo mágico, em que objectos
normais são colocados em contextos estranhos. Paradoxos, ilusões, símbolos
escuros, são os meandros em que se move a sua obra.
Cachimbos, chapéus, cenouras, objectos fálicos, dados, castelos
voadores, figuras gigantescas, pássaros - rocha e pessoas - caixão, são
algumas das obsessões deste pintor. O pintor belga subverte a arte colocando
numa mesma composição dicotomias, paradoxos, metamorfoses e imagens
bizarras.
Muitas das suas obras mostram pinturas sendo elementos constitutivos
de outra pintura. Pintar não simplesmente expressões belas e inócuas telas,
mas contribuir com ajuda de grandes sistemas de pensamento como a
psicanálise e o marxismo, para mudar o mundo e o indivíduo através da arte.
Fundo e figura misturam-se. No universo magrittiano até o invisível é
codificado.
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“Magritte” de Jacques Meuris, Benedikt Taschen, 1993
“A História da Arte” de E. H. Gombrich, Phaidon Press Limited, 1995
“Espelho do Mundo – Uma nova História de Arte” de Julian Bell, Orfeu Negro, 2009
“O movimento Surrealista” de Franco Fortini, Editorial Presença, 1980
http://www.e-cultura.pt/DestaqueCulturalDisplay.aspx?ID=1280
http://cultura.portaldomovimento.com/magritte.html
http://www.ucm.es/info/especulo/numero27/magritte.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Magritte
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“O Mestre-Escola”
1954
Óleo sobre tela, 81 x 60 cm
“O Castelo dos Pirenéus”
1961
Óleo sobre tela, 200 x 140 cm
“O Modelo Encarnado”
1937
Óleo sobre tela, 183 x 136 cm
“O problema dos sapatos mostra como
as coisas mais terríveis acaba, devido a
uma distracção, por serem
completamente inofensivas. Sente-se,
graças ao ‘modelo encarnado’, que a
união entre um pé humano e um sapato
revelam um hábito monstruoso.”