currriculo 19 set_2014 (1)

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1 AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS MUDANÇAS NAS CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO OCORRIDAS NO BRASIL DA DÉCADA DE 1990 ATÉ HOJE. SANDRA MENUCELLI No final dos anos 80 e início da década de 90, surgiram as propostas de ensino, com nova reorganização dos tempos e espaços escolares e a política da inclusão definida com estratégias pedagógicas inovadoras, como o regime de ciclos, a não retenção, as classe de aceleração, a reclassificação por defasagem de idade e série e a classificação, como medidas de tentar sanar os estragos das formas educativas anteriormente aplicadas. Tais mudanças são, inclusive, respaldadas e indicadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de dezembro de 1996, e a partir da segunda metade da década de 1990 através de novas regulamentações legais. Avançou também quanto à descentralização e flexibilidade, vindo a favorecer as novas políticas pedagógicas.Entre 1995 a 1996, o Ministério da Educação formulou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que, ligado à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nº 9.394/96, com objetivo de a estabelecer diretrizes para o currículo do ensino fundamental (1ª a 4ª séries - 7 a 10 anos de idade) 1 e tornou-se referência para a prática educacional em todo o território brasileiro. Nesta mesma época foram estabelecidos os os PCNs de 5ª a 8ª séries 2 , e os Parâmetros Curriculares do Ensino Médio (PCNEM), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico. As propostas e os programas políticos-pedagógicos que vêm sendo desenvolvidos a partir de 1990 têm em comum vários aspectos, mas uma grande dificuldade enfrentada é justamente essa busca do sucesso escolar. A concepção de currículo oculto, como sendo termo usado para denominar as influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores, 1 Atualmente , 1º ao 5º anos - 6 a 10 anos de idade 2 Atualmente Ensino Fundamental Séries Finais do 6º ao 9º ano

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Page 1: Currriculo 19 set_2014 (1)

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AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS MUDANÇAS NAS CONCEPÇÕES DE

CURRÍCULO OCORRIDAS NO BRASIL DA DÉCADA DE 1990 ATÉ HOJE.

SANDRA MENUCELLI

No final dos anos 80 e início da década de 90, surgiram as propostas de ensino,

com nova reorganização dos tempos e espaços escolares e a política da inclusão

definida com estratégias pedagógicas inovadoras, como o regime de ciclos, a não

retenção, as classe de aceleração, a reclassificação por defasagem de idade e série e a

classificação, como medidas de tentar sanar os estragos das formas educativas

anteriormente aplicadas.

Tais mudanças são, inclusive, respaldadas e indicadas pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB), de dezembro de 1996, e a partir da segunda

metade da década de 1990 através de novas regulamentações legais. Avançou também

quanto à descentralização e flexibilidade, vindo a favorecer as novas políticas

pedagógicas.Entre 1995 a 1996, o Ministério da Educação formulou os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) que, ligado à nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nº 9.394/96, com objetivo de a estabelecer diretrizes para o currículo do

ensino fundamental (1ª a 4ª séries - 7 a 10 anos de idade)1 e tornou-se referência para a

prática educacional em todo o território brasileiro. Nesta mesma época foram

estabelecidos os os PCNs de 5ª a 8ª séries2, e os Parâmetros Curriculares do Ensino

Médio (PCNEM), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e os

Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico.

As propostas e os programas políticos-pedagógicos que vêm sendo desenvolvidos a partir de 1990 têm em comum vários aspectos, mas uma grande dificuldade enfrentada é justamente essa busca do sucesso escolar.

A concepção de currículo oculto, como sendo termo usado para denominar as

influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores,

1 Atualmente , 1º ao 5º anos - 6 a 10 anos de idade 2 Atualmente Ensino Fundamental Séries Finais do 6º ao 9º ano

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representado tudo o que os alunos aprendem diariamente através das práticas, atitudes,

família, mídia, que prevalecem e dominam no meio social escolar. Segundo M. Apple

(2012) a educação é uma relação de poder - o conhecimento de alguns grupos é

declarado oficial, e o de outros é declarado apenas como “popular”, não importante.

Assim sendo para Silva (1996, p. 23):

O currículo é um dos locais privilegiados onde se entrecruzam saber e poder, representação e domínio, discurso e regulação. É também no currículo que se condensam relações de poder que são cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma, currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente implicados. O currículo corporifica relações sociais.

A ideologia dominante acaba por massacrar as multiculturas que pemeam o

ambiente escolar e ainda mais impôe seus saberes vinculando-os à uma sociedade que

não os entende e que não é representativo em suas vidas. A escola neste ambito perde

sua identidade e a sociedade deixa de assumir o que é seu de direito

Para Apple (2009), é crucial perguntar:”o conhecimento de quais grupos é

ensinado na escola”. O autor aponta que é necessário uma análise das contradições

entre as relações de poder e todos nós, é preciso rever as ações que favorecem aqueles

que tem voz e são ouvidos.

Segundo Sandra Corazza(2008) o Curriculo da diferença, é tudo o que se pode

dizer e fazer de um currículo, hoje. Um dizer-fazer, advindo do acúmulo dos estudos de

currículo e das práticas curriculares construídas pela história dos educadores. A

educação sempre esteve voltada para as classes dominantes, quando com

o multiculturalismo que temos em nossopaís, uma medida de orientação, para tantos

problemas educacionais reconheceria a alteridade e o direito a voz dos dos grupos que

são excluídos ainda em nossos dias, como negros, índios, homossexuais, mulheres,

deficientes físicos e outros, que se sentem excluídos do processo social.

As questões como gênero, raça e cultura popular devem ser fundamentos para a

construção do currículo da escola, no reconhecimento da identidade da realidade, da

comunidade e da escola.

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Uma escola onde não se procura os culpados, mas onde se reflete em conjunto e

contemplar, a diversidade cultural dos alunos e alunas, bem como suas

experiências,interesses e condições de vida é compreender a escola como espaço de

cruzamento de culturas, onde as diferenças são consideradas.

BIBLIOGRAFIA SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996. www.educacao.rs.gov.br/pse/binary/.../DownloadServlet?...apple_luis_gandin_apple_otica_analise_relacional.pdf Acessado em 19 set 2014