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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Luciana Andrea de Macedo Gomes UMA REFLEXAo ACERCA DO FENOMENO DA EVASAo ESCOLAR ENTRE JOVENS E ADULTOS CATADORES Curitiba 2005

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Luciana Andrea de Macedo Gomes

UMA REFLEXAo ACERCA DO FENOMENO DA EVASAo ESCOLAR

ENTRE JOVENS E ADULTOS CATADORES

Curitiba

2005

Orientadora: Maria Cristina Borges da Silva

Luciana Andrea de Macedo Gomes

UMA REFLExAo ACE RCA DO FENOMENO DA EVASAO ESCOLAR

ENTRE JOVENS E ADULTOS CATADORES

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogiada Faculdade de Ciencias Humanas Letras eArtes da Univef'!lidade Tuiuti do Parana, comorequisilo parcial para a obten~o do Titulo dePedagoga.

Curitiba

2005

CURITIBA - PARANA2005

FACULDADE DE ClENCIA5 HUMANA5, LETRA5EARTE5Curso de Pedagogia

TERMO DE APROVAy\O

NOME DO ALUNO: LUCIANA ANDREA DE MACEDO GOME5

TITULO: 'Uma Reflextio Acerca do Fen6meno da Evastio Escolar entre jovens eAdultos Catadores'

TRABALHO DE CONCLU5AO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIALPARA A OBTEN<;:AODO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOGlA, DO CURSO DEPEDAGOGIA DA FACULDADE DE ClENCIAS HUMANA5, LETRAS E ARTES, DAUNIVERSIDADETUIUTI DO PARANA.

ORIENTADORA

liI!c;,'u,- •..•,:/( ,Prof'. MARISTELA HEIDEMANN IAROZINSKIMEMBRODA BANCA

l.j",~2~cll.aV..>-1L_-Prof'. MARILlA DOROCIO MAID PESSOADA SILVAMEMBRODA BANCA

DATA: 30/06/2005.

SUMARIO

1 INTRODUCAO. . 0720BJETIVOS.. . 092.1 Geral.. 092.2 Especificos.............. . 093 REFERENCIAL TEORICO.. . 103.1 EDUCACAO NO BRASIL................................ . 103.1.1 Do dire ito a educa~o e do dever de educar. . 103.1.2 Dados da Educa9aO.. . 113.1.3 Analfabetismo 133.2 BREVE HISTDRICO DA EDUCACAO DE JOVENS E ADUL TOS NO BRASIL .153.2.1 A Educa~o de Jovens e Adultos... . 223.3 EVASAO ESCOLAR.. . 254 METODOS.. . 285 RESULTADOS.. . 306 ANALISE DAS ENTREVISTAS... . 317 CONSIDERACOES FINAlS.. . 368 REFERENCIAS.. . 389 ANEXOS... . .41

RESUMO

o objetivo deste trabalho foi 0 de identificar 0 fen6meno da evasao escolar entrejovens e adultos moradores da comunidade Vila Sandra, no bairro Campo Compridoem Curitiba, onde a atividade profissional principal e a catayao de materia isreciclaveis. Para tanto fez-s8 urn breve hist6rico da Educayao de Jovens e Adultos(EJA), caracterizando esta modalidade de ensino e verificando ao longo dos anos enos dias atuais as ayaes e interesses do Estado Nacional para a EJA. A partir dosdados obtidos atraves de entrevistas a alguns catadores discute-se sabre a evasaoescolar e suas causas, assim como qual e 0 objetivo da educat;;ao para ospesquisadas. 0 estudo S8 torna importante a medida que contribui para que Qutrostrabalhos na tematica, possam ser realizados, dado sua necessidade no contextosocia econ6mico, pais percebe-se que ha pouco incentivo de resgate para essesalunos eva didos das camadas mais populares.

Palavras-chave: eva sao escolar; catadores; Educayao de Jovens e Adultos.

Dedico este trabalho a meus pais, paissempre inspiraram-me a certeza de suapresent;a e a seguranya de seus passosguiando as meus.Se eu pudesse faze-los eternos, aternos euas faria.A voces nao mais que com justi9a, dedicoesta vitoria

Agrad~ a minha orientadora Maria Cristinapel a for'<'3 e aten9iio dispensada naelabora9iio deste trabalho, a meu irmaoRodrigo e amiga Aline que contribuiram paraque ele fica sse pronto, e ao meu namoradoPaulo pela compreensao e apoio nas horasque mais precisei.

1. Introdu~Ao

o numero de jovens que valtarn a escola apes interruP90es e/au fracassos na

escoiafidade regular e cada vez maior em todo 0 pais, S8 levarmos em conta 0

crescenta numero de matriculas na Educayao de Jovens e Adultos. Urna forte razao

praticas sociais, como ler 0 nome do onibus, assinar 0 nome, etc. No entantc, apesar

para isso e a demanda minima de escotariza):ao para contratos de trabalho, e

tambem alfabetizar-se para satisfazer suas necessidades minimas em variadas

de na maiaria das vezes essas serem razoes para faze-los voltar a eseela, essas

fatos bastante significativos na Educa<;lio de Jovens e Adultos.

parecem nao serem fazoes suricientes para faze-los perseverar em suas tentativas

de recuperar 0 tempo perdido. As aus{mcias, as interruP90es e 0 abandono sao

Relembrando que a educac;ao e um dire ito fundamental a tad as, mulheres e

homens, de todas as idades, no mundo inteiro, cada pessoa, crianya, jovem ou

adulto, deve estar em condi90es de aproveitar as oportunidades educativas voltadas

ilara satisfazer suas necessidades basicas de aprendizagem\ deve haver 0 resgate

Apesar de alguns esfon;os do sistema educaeional brasileiro, no sentido de

da populayao evadida do sistema de ensino.

universalizac;aa do ensino, 0 paIS encontra-se atualmente, segundo dados do IBGE

(2002),. com 0 numero estimado de 35.8 milhoes de jovens e adultos com menos de

o abandono da escola e resultado de um conjunto de fatores. que geralmente

quatro anos de estudo e 16 milhoes de analfabetos, reeonhecendo assim, que a

soeiedade foi incapaz de garantir eseola basica para todos na idade adequada.

esta ligada a situayao social em que os alunos se encontram.

I Decla~ de Jomlien d:a EducaQIo p.1/l1 Todo5. 199(). In: VALLE

t IBGE. S~ E.ati1(a. 2002. In: PIERRO

Os excluidos da escola, no geral, se situam entre as populac;Oes mais

oprimidas e despolitizadas. Pode-sa constatar, segundo Babette, et al (2003, p.35)

que a maioria das crian<;as que abandonam os estudos precocemente vern de

familias pobres, do meio rural e dos bairros populosos das periferias das grandes

cidades.

Os prejuizos causados pela evasao escolar sao muitos, inclusive na busca de

emprego. Na luta pela sobrevivencia, e com poucos anos de estudo, muitos jovens e

adultos se deparam diante de uma dificil situa~o no mercado de trabalho, e por

consequ~ncia disso acabam indo para a economia informal. Pode-s8 constatar

atraves das noticias recentes dos veiculos de informa~o, que em Curitiba, assim

como no paIs inteiro, houve urn crescente numero desses trabalhadores informais,

entre esses trabalhadores, ressaltam-se os catadores.

Este trabalho pretende identificar a evasao escolar entre jovens e adultos,

catadores, rnoradores da comunidade da Vila Sandra, no bairro Campo Comprido

em Curitiba - PR, bern como analisar as raz6es dessa desistencia.

A pesquisa se justifica por sentirmos uma necessidade de aprofundar nossos

conhecimentos na tematica, pois desde 0 periodo de estagio supervisionado no 3°

ana, momento em que ha 0 estreitamento entre teo(ia e pratica, nos deparamos,

com situac;6es que nos fizeram refletir, enos impulsionaram a buscar novas

conhecimentos, que possam colaborar em nossa atuar;ao profissional, assim como,

com outras pesquisas na mesma tematica.

2. Objelivos

Identificar 0 fen6meno da evasao escolar entre jovens e adultos, catadores da

comunidade Vila Sandra, bairro Campo Comprido, em Cutitiba-PR.

21 Geral

2.2 Especificos

Caracterizar a Educavao de Jovens e Adultos atrav8S de uma breve retrospectiva

historica, no que diz respeito a educacao brasileira;

Verifiear qual 0 nivel de escolaridade dos catadores;

Analisar as fazoes da evasae escolar.

'0

3. Referencial te6rico

3.1 Educa~ao no Brasil

Para compreens~o da situayao da educa<;ao no Brasil e necessaria avaliar 0

que e garantido pela lei. Para tanto buscamos subsidies na Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) n° 9394/96, que determina:

3.1.1 Do direito a educa~o e do dever de educar

De acordo com a Artigo 4° da LDB n° 9394/96, a dever do Estado com

educa~o sera efetivado mediante a garantia de:

I - ensina fundamental, obrigat6rio e gratuito, inclusive para as que a ele naD

tiveram acesso na idade pr6pria;

II - progressiva extensao da obrigatoriedade e gratuidade ao ens ina media;

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ens ina;

IV - atendimento gratuito em creches e pre-escolas as crianc;as de zero a seis

anos de idade;

V - acesso aos niveis mais elevados de en sino, da pesquisa e da criac;ao

artistica, segundo a capacidade de cada urn;

VI - olerta de ensino noturno regular, adequado as condil'oes do educando;

VII - olerta da educa~o escolar regular para jovens e adultos, com

caracteristicas e modalidades adequadas as suas necessidades e disponibilidades,

II

garantindo-se, aos que forem trabalhadores, as condicy5es de acesso e permanencia

na escota.

VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental publico por meio de

programas 5uplementares de material didatico-esoolar, transporte, alimenta~o e

Fica claro, ao analisar a LOB, a nao obrigatoriedade do ens ina a jovens e

assist~ncia a saude;

IX - padrOes minimos de qualidade de ensino definidos como a variedade e

quantidade minimas, por aluno, de insumos indispens8veis ao desenlJolvimento do

processo de ensino~aprendizagem.

o sistema de ensina brasileiro admite a participa~o da iniciativa privada, mas

sua orerta publica e gratuita no nivel fundamental e direito dos cidadaos e dever do

Estado.

adultos. Numa analise mais profunda, cementa Brzezinski:

E verdade que 3 LDB n~o deixa de tratsr da temcHica da educa~o dejovens e adultos. Trala-a, mas de maneira parcial e sob a 6tica da reformsdo Estado, que prioriza a educa~o fundamental das crianyas emdetrlmenlo dos outros niveis e grupos socials. (2000, p.11B)

3.1.2 Dados da Educa.,ao

Segundo 0 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), em 2002 a

popula.,ao brasileira superau 170 milhOes de habitantes, dos quais carca de 56

milhOes de brasileiros participavam do sistema educacionai. Mais de 3 milhOes de

instituiy6es publicas de ensino, ° que pode ser verificado na tabela 1, a seguir:

pessoas cursavam 0 ensino superior, mas a grande maioria - 53 milh5es -

encontrava-se em processos de escolarizagao basica, 88% dos quais 0 fizeram em

Tabela 1

"

2002

Brasil: Matriculas par grau de forma~aoe dependencia administrativa -

e •.••inoFund • ....".,ul(I' ill~')

"D." '.'"D." ,.... 12.5'1$..03

0,12 9Oh.l17 51,51 5.117.705

"'7"\ 0.82 "''' 210.c.JIJ

l.llT 0", .....

"...,. 25."

..... '.n12.51 l.s·nUl t."2,,"2 "..

45,00 I,lI

..... ","Fonte. MEC/INEP-Smopse e.tatl5tlcl, 2002 In. (PIerro, 2003, p. 6) adaptado.

Ao analisar as dadas, percebe-se que as matriculas de jovens e adultos, que

equivalem aproximadamente 3,7 mil hoes, ainda e inexpressiva se levarmos em

conta 0 numera de analfabetos e de jovens e adultos com menes de quatro anos de

estudo, que juntos somam cerca de 51 milhoes de pessoas.

Apesar das dimensces atuais e da expansao do sistema educacional

observada nas ultimas tres dckadas, 1,2 milh6es de crianc;as e adolescentes (3,95%

da papulagaa de 7 a 14 anas) ainda estavarn fora da escola em 2000, e rnais de

35,8 rnilhOes de javens e adultas (30% da papulagaa com 15 anas au rnais)

possuiam menes de 4 anos de estudos3

, IBGE, etnSO Oemogratr..o, 2OXJ. In: PIERRO

3.1.3 Analfabetismo

Segundo Gadotti (2000, p.32) '0 analfabetismo e a expressao da pobreza,

conseqOencia lnel/ital/el de uma estrutura social injusta. Serla ingenuo combate-Io

sem conhecer suas causas", No Brasil, a fracasso escolar atinge fundamentalmente

as crianc;as das classes mais desfavorecidas, ou seja, 0 destino escolar desta

"clientela" acaba sendo determinado par sua condic;ao social, 0 que de certa

maneira e conveniente para as classes dominantes, visando uma mao-de-obra

desqualificada e consequentemente com muito menor remunera~o pelo seu

Para Freire, A M. A.

trabalho.

...0 analJabetismo n.lie tern, como Quer a camada dominante brnsileirn. suacausa na inferioridade intrinseca do homem e da mulher, na sua ra/Y3,M1iQiao au lugar da moradia, mas oa sua situacao na escala de valaressocialmente determinados, esta sim, innuenciada par aquelcs. (1995,p.240)

Assim a infra-estrutura fai determinanda diferenyas imensas de condity6es

materiais e naa-materiais de vida da maiaria da populayao, condicionando um

ostensivo analfabetismo.

Esta produy:io de analfabetos se dil atraves de um processo de exclusfioque atinge tanto aqueles que nem sequer chegam a ser alfabetizados naidade de escolarizayolo obrigat6ria, Quanto 8queles que ap6s terem sidoadmitidos no processo de alfabetiza/fAo sao posteriormente exduidosalraves da reprovac;;Jo e da eV8s!o. (2000, p.33)

Gadotti afirma que:

Para Pierro, (2003, p.7) '0 analfabetismo e um bom indicador dos desafios

pendentes no campo educacional".

I~

Segundo dados do INEP/20034, houve uma significativa reduyao nos indices

de analfabetismo no Brasil, como podemos observar na tabela 2. No entanto, estes

dados nae nos remetem a urna analise sobre a qualidade da educayao ofertada.

1920/2000

Tabela 2

Analfabetismo no Brasil entre pessoas de 15 anos au mais: tendlmcia

Ana/Censo Total Analfabetos %

1920 17.557.282 11.401.715 64,90

1940 23.709.769 13.269.381 56,00

1950 30.249.423 15.272.632 50,SO

1960 40.278.602 15.964.852 39,60

1970 54.008.604 18.146.977 33,60

1980 73.541.943 18.716.847 25,50

1991 95.837.043 19.233.758 20,07

1996 106.169.000 15.560.000 14,7

2000 119.533.048 16.294.889 13,63

Por mais que as estatisticas demonstrem que 0 numero de analfabetos no

Fontes. IBGE. Censol DemOtWlraficos, ContagRlll dill PopulayQo 1990.INEP. M3ptl do an2!llfabetismo no 8ri1sil, 2003In: Pierro, 2003, p. 7 - adllptado

pais venha diminuindo, ainda ha urna quantia bastante significativa de analrabetos,

fato que nos (emele a reflexao sabre a eficacia das a90es govemamentais, inclusive

no que se diz respeito a Educa<,;ao de Jovens e Adultos.

Segundo Pierro'

Embora as taxas de an~lfabeti'Smo venham declinando continuando 210longo do ultimo seculo, a reduc;.aono numero absoluto de analfOilbelose umfenOmeno bastanle recente que nAo resulta de politicas publica'Seducacionais abrangentes, conlinuas e adequadas para a popula~o joveme adulta, mas sim do esf0rtiO realizado em direc;ao a universaliza~o doensino fundamental para crian~s e adolescentes, acompanhada por

•tUEP. tt'..at- do Af\g8betMno no Brad, 2003-. In: PIERRO

15

programas de correc;ao de fluxo escolar e acelerar;;:io de estudos paraestudantes com defas41gem na relatyAo entre idade e serie cursada. (2003,p. T)

Tendo em vista todas essas considera96es, vale dizer que he a necessidade

do resgate do direito a educac;Ao dos milhoes de cidadaos analfabetos do pais

3.2 Breve hist6rico da Educa~ao de Jovens e Adultos no Brasil

No Brasil, a educac;:ao de adultos nasceu ao mesma tempo em que a

Para que S9 possa fazer uma caracterizavao maior da Educac;:ao de Jovens e

Adultos, e consequentemente possa fazer a analise do fen6meno da eva sao,

pretende-se aqui fazer um breve historico da educac;ao de adultos no Brasil.

educayao elementar comum, na medida em que os jesuftas, ao promover 0 ens ina

para as crianC;8s, pretendiam atingir tambem as pais. Mas como 0 dominic da leitura

e da escrita nao eram vistas como uma necessidade ligada as formas de produ~o

da sociedade colonial, a educa~o dos adultos perdeu gradativamente sua

importancia. S6 em 1870 essas iniciativas foram retomadas, com 0 surgimento de

algumas escolas para adultos (as escolas nolumas), que acabaram sendo extintas

ate a final desta decada (RAGONESI.1990).

Como aponta Valle, (2003, p.11) com a instala~ao da Republica. em

novembro de 1889, 0 govemo provis6rio necessitou reordenar juridica e

politicamente 0 pais, convocando 0 Congresso Constituinte Republicana nos anos

de 1890 e 1891. quando houve a debate educacional. falo bastante marcante na

spaca. Cabe registrar que 0 censo educacional da epoca apontou a existencia de

85, 21% de analfabelos na populayao lotal do pais, au seja, a maioria absolula da

populayao.

16

De acordo com Ragonesi, (1990, p.18) foi a partir do ana de 1930 que se deu

a inicio do processo de renovac;:ao da educac;:ao de adultos. Os cursos passam a

reeeber designacyao de ·cursos populares noturnos" e tern por objetivo ministrar 0

ensina primario em 2 anos a adultos analfabetos, bern como ensina tecnico

elementar e cultura geral atraves de projec;6es, demonstrac6es praticas e palestras.

Em 1933, a decreta n.o 4299 reforma a ensino elementar de adultos e a partir

aspectos tecnico-educativos, ela acabou S9 transformando em urna "fabrica de

dai organizam-se curses praticos de continU8<;30 e aperfei<;oamento profissional.

Estes curses sao extintos em dezembro de 1935 pel a ditadura de Vargas sob a

alegac;:ao de que neles estaria ocorrendo uma "infiltrac;:ao comunista". Em 1947 0

servi~o de Educac;:ao de Adultos do Ministerio da Educac;:ao e Saude, cuja func;:ao era

a de elabarar urn plano nacional de educayao 5upletiva para adolescentes e adultos

analfabetos, lanc;ou no mesma ano a campanha de Educa9<3o de Adolescentes e

Adultos (CEAA). Esta campanha alfabetizou um numero significativo de pessoas,

mas em funyao da predominimcia do objetivo politico de manutent;ao da ordem

vigente e da enfase na ampliayao das bases eleitorais do pais em prejuizo dos

eleitores". (RAGONESI, 1990)

Segundo Ragonesi (1990, p.19) em 1952 foi criada a Campanha Nacional de

...0 voluntariado praticamente deixara de existir, a execuyao dos planaspelos diversos Eslados era frequenlemente fic1icia e a qualidade do ensinominis\rado era extrernarnente precaria. (1973, p. 191)

Educa~ao Rural (CNER) cujo objetivo era de despertar 0 espirito comunitario, de tal

forma que, at raves da ·organizayao comunilaria", se pudesse resolver os problemas

coletivos do homem do campo. A CNER foi extinta em 1953 juntamente com as

demais campanhas ligadas ao MEC.

Conforme aponta Paiva,

17

Alem disso era evidente 0 des interesse das comissoes constituidas nos

municipios que alegavam dificuldades tanto em conseguir professores voluntarios

quanta no recrutamento dos proprios analfabetos que "relutavamn em inscrever-se

ou que facilmente S8 evadiam.

Ragonesi (1990, p.20) diz que em 1958 foi criada a campanha Nacional de

Erradicagao do Analfabetismo (CNEA) que foi 0 resultado de um processo de busca

de solw;6es alternativas que, 80 rejeitar a principia de que a educayao seria capaz

de provocar a desenvolvimento economica, partiu do pressuposto de que 0

desenvolvimento econ6mico e a mudanya da sociedade brasileira dependiam, da

formagao do homem.

Com relageo a educ8gao dos adultos, as altos indices de evasao observados

em todas as classes e a fato de que, segundo as dados levantados, apenas 30% da

popula~o analfabeta as procurava, levaram os tecnicos a conclusao de que a

erradicac;ao do analfabetismo subordinava-se, de forma direta, a escolariza9Bo das

crianc;as. Por este motiv~, a campanha preocupou-se fundamental mente com a

questao da amplia9ao da rede primaria. Mas a partir de 1961 a campanha come9a a

ter dificuldades com rela9Bo aos recursos financeiros e em 1963 e extinta.

(RAGONESI,1990)

Em contrapartida, segundo Ragonesi (1990, p.22) as a90es patrocinadas pelo

Estado, a partir da primeira metade da decada de 60, observa-se uma intensificagao

de alguns movimentos que correspondem a iniciativa da sociedade civil em resposta

as demandas de uma populac;ao que neste momenta hist6rico tendia a se organizar

cada vez mais. 0 inicio da decada de 60 foi marcado por uma intensa busca de

formas de atuac;ao educativa e pela introdw;aa da reflexaa sabre as quest6es

sociais no pensamento pedag6gico.

As maiores contribui90es neste sentido foram dadas pel os cristaos, que

acreditavam na promo~o do homem atraves da educa~o.

Oeste grupo a elemento que mais se destacou foi Paulo Freire que

sistematizou um metoda de alfabetiza<;ao em 1962. Este metoda surgiu a partir do

trabalho de uma equipe de professores nordestinos do Serviyo de Extensao da

Universidade Federal de Pernambuco. Os resultados obtidos dessa experi~ncia

impressionaram a opiniao publica, decidiu-se aplicar 0 metoda em todo a territ6rio

nacional, mas desta vez com 0 apoio do governo federal (RAGONESI, 1990)

De acordo com Ragonesi (1990, p.29) em 1963 organizou-se em Brasilia a

Comissao Nacional de Alfabetizar;:ao com a objetivo de elaborar-se urn Plano

Nacional de Alfabetiza~o - PNA cujo instrumento basico seria a metoda Paulo

Freire. Nesse momenta, percebe-se a institucionalizac;ao de experiencias nascidas

nos movimentos sociais e a ampliayao da concep98o de educayao de adultos para a

educayao popular, abarcando as quest6es da cultura e da organizayao politica

popular.

Segundo Valle, (2003, p.13) 0 PNA se caracterizava como urn programa de

alfabetizayao de massa, com 40 horas de alfabetizayao pelo metodo Paulo Freire e

com objetivos expHcitos de construir urn processo de conscientiza921o e organizavao

politica da populayao pobre.

Mas 0 golpe militar de 31 de mar\,o de 1964 pos fim em toda essa

mobilizayao. No dia 22 de abril de 1964 as atividades foram suspensas e no dia 24 0

PNA foi extinto atraves do decreto n.' 53.8B6, visto que a alfabetizayao dos adultos

era considerada urn perigo para a estabilidade e preservavao do regime, sendo a

maioria dos seus membros presos e processados, inclusive a educador Paulo Freire,

19

que se tomou urn importante icone da constru~o de uma pedagogia da autonomia

para as camadas mais pobres da popula<;:iio no Brasil. (RAGONESI, 1990)

Conforme Ragonesi (1990, p. 31) em 15 de dezembro de 1967 e criado 0

Segundo Valle (2003, p. 14) esse trabalho de alfabetiza<;ao deveria alcan<;ar

Movimento Brasileiro de Alfabetiza<;:iio - MOBRAL atraves da lei nO 5379, com a

funr;:80 de promover a alfabetizayao funcional e a educayao continuada dos adultos

Os objetivos da alfabetiz8980 fundonal seri8m 0 de valorizar 0 homem atraves da

aquisi<;80 das tecnicas elementares de leitura, escrita e calculos e integra-IDs atraves

do seu reajustamento a familia, a comunidade, a Patria.

todos os municipios do Brasil, par meio de urn financiamento do empresariado,

...neste periodo, 0 pais vivia a perspectiva economica dodesenvolvimentismo, para 0 qual tarnava-5e necessaria a prepara~o demao-de-obra,Que exigia urn minima de escolariza~o. Essa medidatentava responder a uma demanda de aprimoramento tecnol6gico quesurgiu nas alividades induslriais, comerciais, de conslruc3o civil. para asquais apenas a forya do trabalho brayal ja nao era suficiente. (1990. p.32)

destinando 1% do seu imposto de renda ao movimento, mais 24% da renda liquida

da loteria esportiva, rendendo ao MOBRAL os maiores recursos, ate entao,

destinados a EJAs no Brasil.

Para Ragonesi:

o ensino supletivo tinha urn sentido de educavao permanente, ampla, que

Em 1971, com a Lei n.o 5.692, fixou-se as diretrizes e bases do en sino de

primeiro e segundo graus e ofereeeu a primeira sistematizac;ao do que se chamou

ensino supletivo.

favorecia varios tipos de elientela:

o adulto exeluido do sistema escolar que queria reeeber certificado de

eseolarizayao sem se submeter a freqOencia escolar;

20

o adulto exctuido do sistema escolar que queria reeeber certificado de

escolarjza~o e precisava de ajuda para estudar;

o adulto excluido do sistema escolar que queria receber certificado de formayao

profissional.

Par adulto excluido do sistema escolar entende-se aquaJa pessoa que, par

quaisquer motivDs, tenha side impedida de frequentar a escola, de concluir seus

Conforme Ragonesi (1990, p. 33) 'ao longo de sua existimcia 0 MOBRAL foi

estudos basi COS, de reeeber certificado de conclusao.

Apesar de a modelo de ens ina supletivQ ter sido desmontado na nova Jegislayao,

as suas funt;6es essenciais - suprimento e suplemcia - permaneceram.

Com 0 decorrer do tempo, a MOBRAL diversifiea sua atuat;ao, abrangendo a¢es

de educacao para a sauda, cultura, profissionalizayao, educacao comunitaria e ate

mesmo pre-escolar. 0 MOBRAL defendia que as atividades desenvolvidas deveriam

levar a mUdancyas sociais. Nao se esquecendo que tais rnudanyas deveriam estar

dentro do estabelecido pel a ordem vigente. (RAGONESI, 1990)

alva de rnuitas criticas, pais acabou par revelar-se em mais urn instrurnenta de

manjpula~o do governo militar".

Para Gadotti,

o MOBRAL faz parte de uma trama da burguesia nacional para impor seusvalores e sua politics que si'§o os valores e a polilica de uma minoriadominante, submetendo 0 pavo as suas exigancias, impondo-Ihe, em nomedele, 0 que ela acha que ele tern necessidade. E urna elite penscmdo pelopavo. 0 MOBRAL e 0 exemplo de uma dominar;Jio cultural que humilha 0proprio alfabetizando. (1980, p.104)

Assim 0 MOBRAL ficou conhecido pela pessima qualidade de ensino em seus

14 anos de funcionamento, acabou sendo ext into em 1985 e em seu lugar a governo

criau a Fundac;ao Educar, com uma pro posta bem mais flexivel e com a participac;ao

de educadores ate ent~o vetados pelos govemos anteriores,

(RAGONESI,1990)

Como aponta Valle (2003, p.15) seu periodo de existencia, foi marcado por um

processo de esvaziamento das politicas publicas para jovens e adultos no ambito do

governo federal. 0 MEC mantinha a instituiyao apenas no discurso, realizando um

des monte gradativo, finalmente concretizado na posse do presidente Fernando

Collor de Mello.

Nesse periodo, a Constituiryao de 1988 elevou a educac;:ao de jovens e

adultos ao mesmo patamar da educa~o de crian~s de 07 a 14 anos, garantindo a

sua obrigatoriedade e gratuidade. No artigo 60 da Constitui9<'lo, foi determinado que

a governo federal e toda a sociedade civil 58 encarregariam de agregar esforc;os

para erradicar 0 analfabetismo no pars em dez anos.

No governo de Fernando Henrique Cardoso (1994 a 2002), as a,oes do MEC se

De acordo com Valle (2003, p.15) em 20 de dezembro de 1996, foi sancionada a

Lei n. 9.394, apresentando recuos no senti do da que bra da obrigac;ao do Estado

com essa modalidade educativa e nao mantendo 0 compromisso de eliminac;~o do

analfabetismo em dez anos.

Surgiu tambem na decada de 90, 0 MOVA - Movimento de Alfabetiza9<'lo,

restringiram a reproduc;ao de materia is didatico-pedag6gicos e a oferta desses

materials as secretarias estaduais e municipais, empresas, ONGs, grupos

comunitarios etc., ou seja, a quem interessasse desenvolver esta modalidade

educativa. (VALLE, 2003)

gestao do professor Paulo Freire como secretario da Educa9<'lo, 0 Programa tem

desenvolvido par meio de convenjos com associac;6es de moradores, igrejas,

organiza,oes nao-governamentais, etc. Criado no municipio de Sao Paulo, na

Segundo Valle (2003, p.16) com a elei9'io do govemo Luis Inacio da Silva -

como objetivo possibilitar 0 infcio au 0 reinicio do processo de escolarizayao e de

construyao de conhecimento, alem de integrar a aluno a rede escolar. (VALLE,

2003)

LULA, criou-se em 2003 no MEC, 0 Programa Brasil Alfabelizado, tendo par objelivo

alfabelizar 20 milh6es de pessoas, sendo 3 milh6es em 2003, 6 milh6es em 2004, 6

3.2.1 A Educac;ao de Jovens e Adultos

milh6es em 2005 e 5 milhOes em 2006, por meio de convenios firmados com

entidades de alfabetizac;ao de jovens e adultos. 0 Programa naG tern uma

metodologia especifica, mas deve incorporar as propostas das entidades parceiras,

contanto que comprovem que as alunos sao capazes de produzir, ler, compreender

e interpretar textos, a18m de realizar opera90es matematicas basicas. A

remunera9'i0 sera pelo numero de alunos alfabetizados (15 reais por mes por

aluno).

Nessa proposta, a incorporacyao da alfabetizacao de jovens e adultos pelos

sistemas publicos de educ8980 ainda S8 mantem aparentemente limitactos.

Tendo como base as Diretrizes Nacionais5, cabe-se dizer que a educa980

basica de jovens e adultos e aquela que possibilita ao educando ler, escrever e

compreender a lingua nacional, 0 dominio dos simbolos e operac;6es matematicas

basi cas, dos conhecimentos essenciais das ciencias sociais e natura is, e 0 acesso

aos meios de produ9ao cultural, entre as quais 0 lazer, a arte, a comunicayao e 0

esporte. Neste conceito pode ser englobada, conforme afirma Paiva:

S Documento elaborado em 1"94, pela Comissao Nacionel de Educa~lo de JOYef'lS e Adultos. In: GADOTT!,2000

23

Toda educacAo de-stinada aqueles que nao tiveram oportunkladeseducacionais em idade propria au que a tiveram de forma insuficiente, nAo!ogrando alfabetizar-se e abler conhecimenlos basicos correspondenlesaas primeiros enos do curso elementar. (1973, p.23)

Segundo Gadotti (2000, p. 119) ·0 conceito de EJA amplia-se ao integrar

processos educativos desenvolvidos em multiplas dimens6es: a do conhecimento,

das praticas sociais, do trabalho, do confronto de problemas coletivos e da

constrU9<30 da cidadania·

A procura par essa escolariza~o pode ter ;numeras causas e varia multo

entre zonas rurais e urban as, faixas etarias, sexo e e afetada lambem pel a oferta de

emprego e a competitividade do mercado de trabalho, pais conforme Pierro, (2003,

Pode-S8 observar no grafico 1, a seguir, a crescente oferta da Educayao de

p.5) "0 cenario economico desfavoravel incidiu sabre as demandas por

escolarizayao, fator determinante na competi9ao per ecupa90es e salaries no

mercado de trabalho".

Sabe-se que e muito impart ante para a educando essa "volta" a escota e

tambem que se ele nao tiver uma experiencia significativa au se sinta inferiorizado

difieilmente voltara a estudar. Levando em considera980 que a evasao nas primeiras

series, na pratiea, acaba eqOivalenda a auseneia absoluta de escolarizac;ao uma vez

que os alunos muitas vezes nem sequer chegam a alfabetizar~se de fala.

Jovens e Adultos no periodo entre 1998 e 2002.

3.818.925 3.77g.5g3

GrMico 1 - Evolu~ao da oferta deEduca~a.o de Jovens e Adultos:Matriculas entre 1998 e 2002

1998 2001 2002

Fonte: PIERRO, A Educa9io cia.kNem. e AduIIO& no Bra:&il. 2003

Como a educa~o de jovens e adultos ainda nao constituiu um mercado detrabalho atrativo para os profissionais do ensino, e raro que a fonna~o

Embora seja evidente que a resolu~o do problema do analfabetismo nao se

esgota na oferta de cursos de educaQ~o para adultos e de fundamental importancia

analisar a quantidade, bern como a qualidade dos cursos oferecidos.

Essa questao tambern traz a tona urn outro agravante no processo de

alfabetizac;ao. Nao ha um curso de especializa<;ao especifico, que forme

profissionais habilitados a lecionar para a EJA. A prefeitura de Curitiba oferece urn

curso com carga horaria de 20 horas, 0 qual acredita-se que nao de a embasamento

necessario a pratica.

Nao ha carreira espedfica para educadores desta modalidade de ensino. A

situa920 mais comum e que as docentes que atuam com jovens e adultos sejam as

mesmos do ensino regular que, ou tentam adaptar a metodologia, au reproduzem

com os jovens e adultos a mesma dinamica de ensina que estabelecem com as

criant;as.

Segundo Pierro:

25

iniciat dos cursos tecnicos de magisteno de nivel medio ou de Pedagogiaem nivet superior oferet;am opcao de habilitacaa especifica para essamodalidade educativa, au ate mesmo Que contemplem em seu curriculoconleudos refertdos 8 esse cicio de vida e suas necessidades deaprendizagem. (2003, p. 23)

a fato e que se quer urn educador que respeite as condi¢es Gutturais do

jovem e do adutto analfabeto, ou alfabetizandos, como queria Paulo Freire, que

tenha conhecimento do saber popular, mas nao ha nenhuma oferta de Gurso com

tern suas exigencias e a primeira delas e exatllmente 0 reconhecimentodos privilegios da pr,Wca. Venda-.se a necessidade ur'Qente daalfabetizac;Ao e da conscientiza~o das massas neste Pais em Que 05analfabetos constituem a melade da popula~o e .sao a maioria dospauperizados por urn sistema social marcado pela desigualdade e pelaapress~o. (FREIRE.1976, p.4)

essa intencyao de se abrir urn elo entre 0 educador e educando.

Segundo Kleiman,

A atfabetizadora exerce hoje uma funcAo para a Qual n~a fai preparada nacursa de magislerio. Por fon;a da institui~a, eta passa a ser representanteoe-sgrupos lelrados na sala de aula, sendo Que nem sua formayao, nemsua extrac;:aosocial, nem sua condi~o econOmica Ihe permilem exercercom segurant;a esse papel. (2001, p.29).

o fato e que uma pedagogia da liberdade, como a que Freire nos propoe,

3.3 Evasao escolar

Quando ocorre a evasao escolar, pode-se constatar que 0 direito a educayao

nao esta sendo respeitado, pois, no f,tmbito do ensino regular, ha varios recursos de

que se pode recorrer, quando ocorre 0 fen6meno da evasao, como a familia, 0

canselho tutelar, ministerio publico, poder judicia rio, secretarias de assistencia

social, ate mesmo a policia militar e civil, dentro das politicas publicas que visem 0

26

regressa do aluna, incluinda programas especificos para a area (ex. refan;a escalar,

balsa escola, etc.).

Na Educa~a de Jovens e Adultas, a quadro e outro, como cita a autora

Brzezinski:

No case dOl educalfAo de pessoas jovens e adultas. 0 carflter [ndutor doEstado e essencial. Oiferentemente dOl educayao fundamental regular, aexperiencia e os estudos realizados na America Latina apontam para 0 fatode que e ;II oferts de servityOs que modela as caracteristicas da demandanesse nivel de ensino. N~o igualando-se a educayao fundamental regular,onde h~ urn grande consenso social (particularmente dos pais) sabre anecessidide de as crianc;as irem a escola, no caso da educac1!o depessoas jovens e adullas isso nAo ooorre, exigindo, portanto, uma aliludealiva do Poder Publico. (2000, p.113)

em grupos pobres, excluidos de condir;Oes socials b3sicas, com frustradasexperiencias escolares anteriores, nao basta oferecer escola; e necessariocriar as condi.y6es de frequencia, utilizando uma poHtica de discriminac;Joposiliva, sob 0 risco de mais uma vez culpar os propriO! alunos pelos seusfracassos. (2000, p.122)

Fica clara a preocupa<;iio com as crian98s, por parte do poder publico, para

que nao se evadam do sistema de ens ina. Essa escolha parece 6bvia quando se

entende que as crian98s sao essencialmente os sujeitos que ainda nao foram

alfabetizados, no entanto, vivemos em uma sociedade em que nao ha escolariza930

minima garantida para todos os cidadaos. As crian98s, portanto, nao sao os unicos

sujeitos em processo de alfabetiza,20, elas dividem esse posto com os adultos e

jovens que somam mais de 30% da popula9aO.

A situac;ao e ainda mais a.gravante, quando const-ata-se que grande parte dos

analfabetos, ou excluidos do sistema de ensino sao advindos de familias pobres, de

baixa renda.

Segundo Brzezinski,

27

Os altos indices de repetencia sao tambem muito preocupantes na medida

em que as criancas que S8 atrasam desde a comec;o de sua escolaridade,

dificilmente recuperam este atraso e na majoria das vezes acabam S8 evadindo da

escola. Assim, a primeira repetencia constltui-se em urna especie de preparayao

para a exclusao, pais conforme afirma Brandao:

Alem de n~o estarem garantidas as condi~es para uma aprendizagemefetiva, 0 aluno e penalizado com a estigmatizaryao. que leva a urn baixoconceito. A repetencia como varitlve! independente, 31em de serfortemenleassociada 010 baixo rendimenlo, constitui urn segura preditor da eva sAo.Assume enllio sua dimens:io social ao constituir-se no mais possanteinstrumento da seletividade educacional. (1986, p.l0)

Falta, portanto, inclusive na LOB, conforme Brzezinski (2000, p. 128) 'uma

atitude ativa par parte do Estado no sentido de criar as condi90es de permanemcia

de urn grupo social que tern de realizar urn esfon;o redobrado para frequentar

qualquer programa de educao;;iio·.

Ah~m do que afirma Brzezinski, Gadotti tambem aponta para Qutro grave

problema no processo de acesso a uma educayao de qualidade, para Gadotti (1980,

p.123) "a educaytio tornou-se um negocio, uma trafidmcia", na qual a privatizao;;iio

do ensina vira uma estrategia da burguesia para impedir que as classes populares,

mats pobres, lenham 0 que a Constitui~o Ihes gar ante: ensina, educa~o. Assim,

como diz Paulo Freire, citado por Pinto, deve haver a promoo;;iio da integrao;;iio, na

qual os homens 18m acesso a dignidade de Mpessoa"', que participa plenamente na

diah~tica homem-mundo, que naG S8 diminui, nao S8 reduz nem S8 resigna a

simples mente "estar no mundo". (PINTO, 2000)

28

4. M'Hodos

A metodologia utilizada neste trabalho foi atraves de revisao te6rica

bibliografica e pesquisa de campo, ende foi passive I conhecer urn pouco a realidade

desses trabalhadores e realizar 0 levantamento de dados para fazer a reflexao sobre

o fen6meno da evasao escolar e tambem sobre a analfabetismo no Brasil, que e urn

dos graves problemas a ser equacionado em nosso pais.

A pesquisa de campo foi realizada em uma comunidade ende residem varias

familias, cuja atividade principal e a catac;ao, localizada na Vila Sandra, bairro

Campo Comprido, em Curitiba.

... eo que ela permite a captaya,o imediatll e corrente da informac;:iodesejada, praticamente com qualquer tipo de informanle e sabre as maisvariados t6picos. Uma entrevista bem-feita pode permitir 0 tratamento deassuntos de natureza estritamente pessoal e intima, assim como temas denatureza complex!! e de escolhas nitidamente individuais. Pode pennitir 0aprofundamenlo de pontos levanlados par oulras tecnicas de coleta dealcance mais superficial, como 0 questiom'lrio. E pode tambem, 0 que alorna particularmente ulil, atingir infonnantes que nAo paderiam seratingidos per oulros meios de investiga~o, como e 0 caso de pessoas compouca inSlru~o formal, para as quais a apticac;.io de urn queslionarioescrito seria invj~vel. (1986, p.34)

A maneira escolhida para fazer 0 levantamento de dados sabre 0 nivel de

escolaridade e a eva sao dos jovens e adultos moradores da comunidade foi atraves

de uma entrevista.

Pretende·se, com este metoda de pesquisa, gerar subsidios para

compreensao dos motivos da evasao escolar e verificar ainda, em que momento

houve 0 ingresso na escola.

Para Ludke e Andre, a entrevista tem uma grande vantagem sobre as outras

tecnicas de coteta de dados:

29

Justifica-se a escolha desse metodo, vista que as entrevistados, basicamente

se evadiram do sistema de en sino. Para a realizacao da entreyista, foi elaborado um

roteiro, que segue em anexo. Seguindo um mode to que Ludke e Andre (1986, p.34)

referenciam: ·urna entrel/ista semi-estruturada, que S8 desenrola a partir de urn

esquema basico, porem nao aplicado rig ida mente, permit indo que 0 entrevistador

fa9B as necessarias adaptac;6es"

As entrevistas loram reatizadas nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2005 e

conseguimos cantatar com 11 catadores.

5. Resultados

30

Foram realizadas 11 entrevistas com as catadores de papel moradores da

maio de 2005.

comunidade Vila Sandra, no bairro Campo Comprido em Curitiba-PR, no periodo de

Os resultados obtidos ap6s a realizar;ao das entrevistas fcram tabulados e

dispostos na tabela 3 para me thor visualizac;c3o dos dados:

Tabela 3

Entrevistas com catadores de papel da comunidade Vila Sandra

Idade

36%64%

Sexo MS5CulinoFeminineMenos de 30 anos30 a 40 anos40 a 50 anosAcima de 50 anos

~55'!1o27'!1o9%

Estado civil CasadosSeptlradosViuvos

73%9%16%62%9%9%

Profis.do CatadorZeladorPor1eiro

Motivo da evasao

9%36%55%

Grau de instrueao AnalfabetoSeries iniciiis incompleto (1'"a 411)Ens. Fundamental incompleto (5- a 8·)

Ser pobre e sem colldit;OesDesinteresseFilhosTrabalhoPreconceito par ser mulher

9~~18%27'!1o37%9%

N" de Filhos

36%64%

Prelende voltar a estudar

Grau de instruyAo dos mhos

SimNrio2 tithos3 filhos4 filhos5 filhos+ de 5 filhos

Series iniciais incompleto (1& a 4")Ens. Fundamental incompleto (52 a 811)Ens. Fundamental completa (511 a 8&)

27'!1o16%18%28%9%36%62%

2'"Sabre III import8ncia dos mhos Importanle para mudar de vida e arrumar urn 100%estudarem empregomelhorLeva 0 mho junto para 0 Sim 45%trabalho de cata£ao NAo 55~~

Fonte. GOMES em pesqUlS8 de campo, 2005.

31

6. Analise das entrevistas

o bairro do Campo Comprido, em Curitiba, apesar de possuir um comercio

em cresclmento e grandes condominios residenciais de alto padrao, possui tambem

uma popula~o de baixa renda. A regi~o contem varias vilas, que antigamente fcram

invadidas, hoje encontram-se legalizadas.

A comunidade ande estao inseridas as familias entrevistadas at na sua

maioria farmada par uma populay8o que obtem de 1 a 2 salarios minimos par mes,

conforme dados obtidos no Centro Municipal de Educa9iio Infantil Vila Sandra.

A profissao da grande parte desta populacao e de natureza informal, tais

como diaristas, porteiros, zeladores, jardineiros e cat adores.

As familias sao farmadas par 4 ou mais pessoas que moram na mesma casa,

sendo que os casais geralmente naG sao casados legal mente.

A forma de lazer da comunidade e basicamente a televisao, presente em

quase todas as casas, com exceyao das familias em que a reli9i8o nao permite.

Conforme os dados obtidos com as entrevistas, verifrcou-se que 100% dos

entrevistados se evadiram do ensino escolar. Confirmando a ideia de que 0 fracasso

escolar atinge principal mente as classes mais desfavorecidas.

o grau de instruc;ao se revelou baixissimo, se levado em considerayao que

nenhum dos entrevistados chegou a concluir 0 ens ina fundamental e 9% ainda S9

encontram em situayaa de analfabetismo.

P6de-se constatar, nas entrevistas, uma grande parcela de catadores do sexo

feminino, 64%. Este indice pode estar vinculado ao fato de que a mulher sempre

sofreu preconceitos, e teve uma cria980 diferente da dos homens. A mulher deveria

Com freqij~mcia, argumenta-se que as mulheres casadas e com filhospreferem as formas de trabalho par conla propria na medida em que Ihespermite compatibilizar seus papers produtivos e reprodutivos. E importantereier, porem, que 0 Buto-empreg:o feminin~ nao 6 sempre produto de umaescolha com base em criterios de conveni6ncia. 0 conceilo decompatibilidade encobre os conflitos e tensOes em que as mulheres sedebalem quando lentam conciliar diversos lipos de Irabalho como, parexemplo, a producao a domicflio com a re9liza~o de tarefas domesticas.Alem disso, esconde as limita~es da eslrutura de oportunidades emrela~o as allemativas de lrabalho disponiveis para as mulheres. (2001, p.85)

aprender como cozinhar para seu futuro marido e filhos, enquanta a homem

estudava para conseguir um born emprego e sustentar a casa.

De acordo com Oliveira (et al):

A escola publica e sem duvida gr_tuila, mas hit as taxas extras, ascaixinhas, °malerial escolar cada vez mais caro, a conduc;io carissima, auniforme abrigalorio, enlre aulras cor~s, que ac.abam tamanda a gastacom a escols peStlda derneis para a bolsa dos trabelhadores. (2003, p.35)

Outro fator relevante e a fata das mulheres engravldarem cedo e terem que

parar de estudar para Guidar dos filhos, fato camprovada com a pesquisa, como

pode-se perceber na tabela 3, onde 27% dos entrevistados se evadiram do ensina

por causa dos filhos.

Este fata samado aa baixo nivel de instruyao, levam as mulheres a procura

par esse trabalho de cataryao, a qual permite-a trabalhar e ainda cuidar de seus

Iilhos. A pesquisa demonstra que 45% dos catadores, levam seus lilhos junto para 0

Irabalho.

As raz6es para esses javens e adultos terem se evadido do ensino variam

desde a pobreza absoluta (9%), alegando lalla de condiliio ate mesmo para

comprar urn lapis, quanta mais para se deslocar ate a escola.

Segundo Babette,

33

Tambem se evadiram porque se desinteressaram pelos estudos (18%), ser

vitima de preconceito pelo lato de ser mulher (9%), ler de cuidar dos lilhos (27%) e

Conlorme Oliveira (et al):

ao lalo de terem que Irabalhar para ajudar no sustenlo da lamilia (37%). Fica claro 0

grande percentual dos entrevistados, pararem de estudar para trabalhar, mesmo

quando sabem que investindo em educar;ao, aumenta significativamente a

capacidade desses individuos para 0 mercado de Irabalho.

Trata-se de urn produto cuja fabrica~o e assegurada par uma institui~ooricia! charn!da esco!a. Quanto mais urn ser humano consome educa~o,mais ele faz frutificar seu haver e sobe na hierarquia dos capilalistas doconhecimento. A educa~o define urna nova pirAmide de classes. nsmedida em Queas grandes consurnidores de saber podem, em seguida,pretender prestarservi~s de valor inestirnavel a sociedade. (2003, p.96)

• educa~o passa a ~r urna fonna de inc!usao-e.xclusaoseletiva dornercado de trabalho. facilitando a processo de sele9~o e rnelhorando ascondilfOes de incorpora9ilo ao mundo do trabalho. Par outro lado, nsaus~ncia dos niveis educacionllis minimos requendos, a exclus~o doernprego au a incorporaryao em condi<;Oesdesvantajosas tornam-seresultados allamente prov3veis. (2001. p. 132)

Para Babette, (et al) a educa(:iio e hoje um bem de consumo:

Assim para esses individuos, excluidos do sistema de ensino, acabam par

serem excluidos tambem da sociedade em geral, nao encontrando outra forma para

a sustentabilidade a nao ser a cata~o, que nao exige nenhum grau de escolaridade.

o numero de filhos desses catadores varia de 2 a 5, revelando que 28% dos

entrevistados possuem 5 filhos. Para esses trabalhadores os filhos representam uma

ajuda no or~mento da familia, pais quando atingem uma certa idade, alguns ja

possuem seu proprio carrinho ou saem junta com a mae au com 0 pai, ajudando-os

no servi(:O de ccleta.

3..J

Quanto ao grau de instruyao dos filhos, 62% possuem 0 ensino fundamental

incompleto e 2% a ensino fundamental completo, 0 que pode ser notado e que as

filhos possuem grau de instruyao mais elevados a dos pais, porem a pesquisa

tambem demonstra uma triste perspectiva, onde 42% dos filhos tambem ja pararam

Em rela~o aos filhos dos caladores, 100% dos entrevislados afirmam que

de estudar. Percebe-se que as filhos mais novas ainda freqOentam a escola, mas

quando alingem uma certa idade tambem sao acomelidos pelos mesmos problemas

que levaram seus pais a 58 evadirem do ensino, como gravidez precoce, ou se veern

na obrigayao de trabalhar para lutar contra a miseria que as cerca.

acham importante seus filhos estudarem:

M _ a estudo e importante pra sair dessa vida .. arruma um emprego melhor ...•

Segundo Pinto,

Como biologicamente c.abe ilO adulto a reproduyao da esp6cie, e a ele quecabe a euidado com a prole. Tem que educa-Ia, a que primordial mentesi,9nific3 cuidar para que seus filhos aprendam a ler e 3 escrever,freqoenlando a escols. Mas, ja sabemos que esla necessidade estamediada pelas exigt!ncias materia is de 5ubsist~ncia da familia,deterrninadas, par sua vez, pelas condi¢es de desenvotvimento da

soeiedade. (2000, p.81)

A idade predominanle desses trabalhadores e de 30 a 50 anos, embora ainda

possam ser considerados Mnovos", a grande maioria nao apresenta disposic;.ao para

voltar a estudar, somente 36% dos entrevistados disseram que ainda pretendem

voltar com as estudos, sempre visando urna melhora na qualidade de vida.

Para Pinto (2000, p. 81), "a educa~o do adulto nao pode ser conseguida

separada da educa~o da crian98, porque 0 adulto nao desejara se alfabetizar S8

nao considera necessaria saber ao menos tanto quanta seus filhos~

35

Pudemos observar que as pais acham importante seus filhos estudarem, mas

visando apenas uma colocagao melhor no mercado de trabalho, nao levando em

conta 0 saber adquirido e par uma participa9ao mais ativa na sociedade.

(,..) nao se pode fazer uma correIa escotariza9<30da infancia em um meiono qual as adultos, as chefes de familia nao compreendem suaimportancia. Entrelanto, 56 a compreenderao na pratica, alfabetizando-seeles rnesmos. A educa~o dos adultos e, assim, uma condi~o necessariapara 0 avango do processo educacional nas gerac;6es infantis e juvenis.(2000, p.82)

pjnto acrescenta que:

Pode-s8 constatar tambem, que 36% disseram ser humilhante 0 trabalho da

o adullo e urn trabalhador trabalhado. Par urn lado, 56 subsiste se efetuatrabalho, mas, por outro lado, s6 pode faze-Io nas condi~aes oferecidaspeta sociedade onde se encontra, que determina as possibilidades ecircunstancias maleriais, econ6micas, cul\urais de seu trabalho, OU seja.Que neste sentido trabalha sobre ele. (2000, p.SO)

catar;ao, que 56 fazem iSso, porque nao tern outras oportunidades de trabalho e

precisam sobreviver de alguma maneira.

Ainda segundo Pinto,

Para Gadotli (1980, p. 41) "a educa,ao deve dar a consciemcia da vida, do

mundo, de si mesmo, a qual os hom ens devem ter acesso para serem plena mente e

enfrentarem os desafios do presente."

36

7. Considera4;toes Finais

Ao analisarmos a retrospectiva hist6rica da Educac;ao de Javens e Adultos

percebe-se os vc~rios"sabores e dissabores" dessa madalidade de ensina. 0 fato e

que nao se observou a concretiza~a de uma a9aO que fosse capaz de dar uma

resposta satisfatoria aos anseios de escolarizac;ao da popula~o jovem e adulta das

camadas populares, e 0 Estado, por sua vez, cada vez mais deslegitimando sua

a,ao no campo da Educa,ao de Jovens e Adultos, no sentido de uma pOlitica

publica, obrigatoria, gratuita e permanente.

Para as autoridades 0 problema do analfabetismo e apenas uma carga que

impede 0 desenvolvimento superior, mas ao mesmo tempo permite ter mao-de-obra

mais barata. Assim tambem e reconhecido 0 fato de que quanto mais educar;ao se

da ao indivfduo mais exigente ele se torna, com 0 conhecimento adquirido ele ira

reivindicar por niveis mais altos de saber e de trabalho, ou quando nao encontra

essa possibilidade, se toma um reivindicante ainda mais veemente contra a meio

que nao Ihe permite desenvolver os conhecimentas que agora adquiriu. Ou seja, de

qualquer maneira se torna um reivindicante, 0 que claro, os dirigentes politicos nao

desejam enfrentar.

Assim, 0 govemo vem se desobrigando da tarefa de educar, entregando a

educa9EIo a empresa particular, onde as menDS favorecidos nao conseguem ter

acesso. Fazendo com que a circula viciaso da deseducac;ao se instale no pais.

Oesta maneira as classes mais desfavorecidas economicamente, sao as mais

prejudicadas no acesso e permanencia a escola. Fato comprovado com a pesquisa

de campo, onde as individuos que conseguiram ingressar na sistema de ensina, nao

conseguiram permanecer e concluir nem mesmo 0 ensino fundamental.

Concretizando a afirma9ao de que 0 fracasso escolar atinge as camadas rnais

37

pobres da populac;ao. Populac;aoesta que foi arremessada para a mercado informal

de trabalho, naD obtendo garantias e direitos de que uma carteira assinada pode

Ihes assistir.

Grande quanlidade da popula<;ao hoje, enconlra-se em situac;ao de

analfabetismo e analfabetismo funcional (consideradas as pessoas com menes de

quatro anos de estudo), cabe dizer entaa a necessidade do resgate a educa9ao

dessa populac;ao, investindo na Educa<;aode Jovens e Adultos.

Nao apenas investir em campanhas de curto periodo de tempo, que pretendem

erradicar 0 analfabetismo em questao de anos, mas sim com estrah~gias serias que

promovam 0 desenvolvimento social, mas para tanto deve haver tambem a vontade

politica dos governantes.

A Educa"ao de Jovens e Adultos nao deve ser colocada paralelamente ao

sistema, nem como forma compensatoria au complementar, mas como modalidade

de ensine voltado para uma clientela especifica, que basicamente sao

trabalhadores. Deve construir uma identidade propria, sem concess6es ell qualidade

de ensino e propiciando uma terminalidade e acesso a certificados equivalentes ao

ensino regular. Com isso a EJA se caloca como uma das rnais estrategicas

formulat;oes para a passivel transformac;:ao, e no possivel uma revoluyBo da

sociedade injusta, discriminatoria e elitista ern que vivemos.

Assim. a educa~o deve buscar a promo~o dos homens, sua emancipatyBo

dianle da vida, fazendo com que a descoberta e a compreensao de mundo e a

experiencia vivida, seja plena de significados e, sobretudo, de ac;6es que tome a

homem um cidadao no mundo.

38

8. Referimcias

BABETIE, Harper; (et al). Cuidado, escola': desigualdade, domesticaqSo e algumas

saidas. 35 ed. Sao Paulo: Brasiliense, 2003.

BEISIGIEL, Celso de R. Estado e Educaqao Popular: um estudo sabre a educaqao

de aduf/os_Sao Paulo: Pioneira, 1974.

BRANDAO, Zaia; BAETA, A; ROCHA, A Evasao e repet~ncia no Brasil. A escola

em questeo. Rio de Janeiro: Ed. Dois Pontos, 1986.

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http://www.inep.gov.br

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9. Anexos

Pesquisa de Campo

Roteiro para Entrevista

1. Sexo: Feminino 0 Masculino 0

2. Idade: _

3. Estado Civil: Solteiro 0 Casado 0 Outros 0

4. Profissao: _

5. Serie em que parou de estudar au grau de instrut;ao:

series iniciais completo 0 incompleto 0

5° a 8° completo 0 incompleto 0

ensina media completo 0 incompleto 0

analfabeto - nunca frequentou a escola C

6. Motivo pelo qual parou de estudar:

7. Pretende voltar com os estudos? SIM 0 NAo 0

8. Quando pretende voltar?

9. Sobre os filhos:

Numero de filhos: _

nivel de instru\'iio 1

2 _

3 _

idade 1 _

2. _

3, _

10. Voce acha importante 0 seu filho(a) estudar? Por que?

11. Os filhos VaG junto para catar papel?