cultura da oliveira

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Cultura Da Oliveira

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira

    iniciais do boletim tcnico de o1 1 21/8/2008 09:51:21

  • GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAISAcio NevesGovernador

    Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuria e AbastecimentoGilman Viana Rodrigues

    Secretrio

    EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais

    Conselho de AdministraoGilman Viana Rodrigues

    Baldonedo Arthur NapoleoSilvio Crestana

    Adauto Ferreira BarcelosOsmar Aleixo Rodrigues Filho

    Dcio BruxelSandra Gesteira Coelho

    Elifas Nunes de AlcntaraVicente Jos GamaranoJoanito Campos Jnior

    Helton Mattana Saturnino

    Conselho FiscalCarmo Robilota ZeituneHeli de Oliveira Penido

    Jos Clementino dos SantosEvandro de Oliveira Neiva

    Mrcia Dias da CruzCelso Costa Moreira

    PresidnciaBaldonedo Arthur Napoleo

    Diretoria de Operaes TcnicasEnilson Abraho

    Diretoria de Administrao e FinanasLuiz Carlos Gomes Guerra

    iniciaisdoboletimtcnicodeo22 21/8/200809:28:46

  • Belo Horizonte2008

    EMPRESA DE PESquISA AGROPECuRIA DE MINAS GERAIS

    Boletim Tcnico no 88ISSN 0101-062X

    1Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-FEMF, CEP 37517-000 Maria da F-MG. Correio eletrnico: [email protected]

    2Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras-MG. Correio eletrnico: [email protected]

    3Bilogo, Gerente EPAMIG-CTSM-FEMF, CEP 37517-000 Maria da F-MG. Correio eletrnico: [email protected]

    4Engo Agro, Ps-graduando Fitopatologia, UFV, CEP 36570-000 Viosa-MG. Correio eletrnico: [email protected]

    5Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-FEMF, CEP 37517-000 Maria da F-MG. Correio eletrnico: [email protected]

    Joo Vieira Neto1

    Adelson Francisco de Oliveira2

    Nilton Caetano de Oliveira3

    Henrique da Silva Silveira Duarte4

    Emerson Dias Gonalves5

    Aspectos tcnicos da cultura da oliveira

    iniciais do boletim tcnico de o3 3 21/8/2008 09:51:22

  • Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas GeraisSecretaria de Estado de Agricultura, Pecuria e AbastecimentoSistema Estadual de Pesquisa Agropecuria:EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV

    Aspectos tcnicos da cultura da oliveira/Joo Vieira Neto ... [et al.]. - Belo Horizonte: EPAMIG, 2008.

    56p. (EPAMIG. Boletim Tcnico, 88 ).

    ISSN 0101-062X

    1. Azeitona. 2. Oliveira. 3. Cultivo. I. Vieira Neto, J. II. Oliveira, A. F. de. III. Duarte, H. da S.S. IV. Gonalves, E. D. V. Srie.

    CDD 634.63

    1983 EPAMIGISSN 0101-062XBoletim Tcnico, no 88A reproduo deste Boletim Tcnico, total ou parcial, poder ser feita, desde que citada a fonte.Os nomes comerciais apresentados neste Boletim Tcnico so citados apenas para con-venincia do leitor, no havendo preferncia por parte da EPAMIG por este ou aquele produto comercial.A citao dos termos tcnicos seguiu a nomenclatura proposta pelo autor.

    PRODUODepartamento de Transferncia e Difuso de Tecnologia: Mairon Martins MesquitaEditor: Vnia Lcia Alves LacerdaReviso Lingstica e Grfica: Marlene A. Ribeiro Gomide e Rosely A. R. Battista Pereira Normalizao: Ftima Rocha Gomes e Maria Lcia de Melo SilveiraFormatao: Maria Alice Vieira, Elder Rios e Fabriciano Chaves AmaralCapa: Letcia MartinezFoto da capa: Joo Veira NetoAv. Jos Cndido da Silveira, 1.647, Cidade NovaCEP 31170-000 Belo Horizonte-MG - site: www.epamig.brDepartamento de Transferncia e Difuso de Tecnologia - Diviso de Publicaes Telefax: (31) 3489-5072, e-mail: [email protected]

    Aquisio de exemplares: Departamento de Negcios Tecnolgicos - Diviso de Pro-duo e Comercializao - Telefax: (31) 3489-5002, e-mail: [email protected]

    Reimpresso: 04/2010

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  • AGRADECIMENTO

    Os autores manifestam agradecimentos Fundao de Ampara Pesquisa

    do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro aos projetos de

    pesquisa com a cultura da oliveira.

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  • SUMRIO

    APRESENTAO ........................................................................................... 09

    INTRODUO .................................................................................................. 11

    COMPARAO ATUAL ENTRE A FRUTICULTURA E A OLIVICULTURA NO

    MUNDO E NO BRASIL ..................................................................................... 11

    BOTNICA E DESCRIO DA PLANTA ........................................................ 13

    RECOMENDAES PARA IMPLANTAO DE OLIVAIS ............................. 15

    TRATOS CULTURAIS ....................................................................................... 20

    COLHEITA ........................................................................................................ 37

    COMO PREPARAR CONSERVA DE AZEITONAS ......................................... 38

    AZEITE .............................................................................................................. 42

    COEFICIENTES TCNICOS ............................................................................ 50

    REFERNCIAS ................................................................................................. 54

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 55

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  • APRESENTAO

    Desde a dcada de 1940, a Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas

    Gerais (EPAMIG) estuda a viabilidade do plantio de oliveira na regio do Sul de

    Minas Gerais, em virtude das condies climticas favorveis ao cultivo de frutferas

    de clima temperado.

    Graas ao interesse de muitos pesquisadores, a EPAMIG hoje refern-

    cia nacional no estudo da oliveira, no existindo nenhuma instituio pblica ou

    privada com a diversidade de gentipos encontrados na Fazenda Experimental de

    Maria da F.

    Como sempre, atuando na vanguarda das pesquisas com oliveira no Brasil,

    no ano de 2008, a EPAMIG consolidou-se como a pioneira na extrao de azeite de

    oliva, classificado como extra virgem, e tambm na criao do Ncleo de Estudo de

    Azeitona e Azeite, com todo o foco direcionado para a pesquisa sobre oliveira.

    Portanto, a EPAMIG aposta cada vez mais no cultivo da oliveira como mais

    uma opo de gerao de renda para o estado de Minas Gerais e para o Brasil.

    Este Boletim Tcnico fruto do trabalho de muitos anos de pesquisa e traz

    aspectos relativos ao sistema de produo e coeficientes tcnicos da oliveira, alm

    de apresentar a cultura sociedade, contribuindo, assim, para o desenvolvimento

    da agricultura e do agronegcio brasileiro.

    Baldonedo Arthur NapoleoPresidente da EPAMIG

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    INTRODUO

    A origem e o desenvolvimento da cultura da oliveira (Olea europaea L.) perdem-se no tempo e no espao geogrfico e confundem-se com a histria da humanidade. Aceita-se que a oliveira seja proveniente da Sria, do Lbano ou mesmo de Israel, mas h relatos que esta espcie tenha-se originado na sia Menor. A domesticao desta espcie iniciou-se no perodo Paleoltico e Neoltico, entre 10.000 a 3.000 a.C., possivelmente na Mesopotmia, de onde se difundiu para o Egito (2.000 a.C.), ilhas da sia Menor e Grcia Continental (1.800 a.C.). Posteriormente, a oliveira disseminou-se pela Bacia do Mediterrneo, chegando a vrios pases da Europa e do Oriente Mdio. Atualmente, os principais pases produtores de oliveira encontram-se na Europa, com destaque para Espanha, Itlia e Grcia. Na Amrica do Sul, destacam-se o Chile e a Argentina como principais produtores e exportadores de azeitona e de azeite. No Brasil, a oliveira foi introduzida no incio do sculo 19, nas Regies Sul e Sudeste. Ainda hoje, uma espcie muito pouco cultivada, sendo que a maioria dos pomares existentes no destinada produo comercial ou industrial, alm de fazer uso de variedades inadequadas ou ultrapassadas. Atualmente, a oliveira tem despertado interesse por parte de agricultores, empresrios do agronegcio e da indstria alimentcia pelo grande potencial existente

    de agregao de valor.

    COMPARAO ATUAL ENTRE A FRUTICULTURA E A OLIVI-CULTURA NO MUNDO E NO BRASIL

    A produo mundial de frutos aumentou 22,1% na ltima dcada, passando de 431,2 milhes de toneladas, em 1996, para 526,5 milhes de toneladas, em 2006. O aumento da demanda pelo consumo de alimentos saudveis apontado como o principal fator responsvel por esse desem-penho.

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2006) revelam a importncia da fruticultura no Cenrio Agrcola Nacional. A

    produo brasileira atingiu 40,2 milhes de toneladas em 2006 (7,6% da

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira12

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    produo mundial), numa rea de 2,2 milhes de hectares, gerando R$ 16,3 bilhes em divisas. Com esse resultado, o Brasil destaca-se como terceiro plo mundial de fruticultura.

    Alm disso, o setor estratgico para o agronegcio brasileiro, em-pregando, anualmente, mais de cinco milhes de pessoas com faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil por hectare.

    Em Minas Gerais, houve um aumento de 5,6% na produo de frutos na safra de 2006 (1,9 milho de toneladas), em relao a 2004 (1,8 milho de toneladas), com recursos gerados na ordem de R$ 1,1 bilho. Desse montante, Minas Gerais responde por 4,7% da produo brasileira de frutos, com destaque para o marmelo (primeiro produtor nacional), o abacaxi e o abacate (segundo) e a laranja (terceiro), alm de 6,7% na gerao de divisas com essa atividade.

    Neste contexto, os frutos de clima temperado (marmelo, pssego, uva, caqui, figo, pra e ma) geraram, para o Brasil, R$ 3 bilhes e, para Minas Gerais, R$ 910 mil, no comrcio de frutos em 2006.

    Em relao olivicultura, estima-se que a rea plantada no mundo seja de 8,3 milhes de hectares, com produo de 15,8 milhes de tonela-das de azeitonas. A importncia dessa atividade agrcola est relacionada principalmente com a elaborao de azeite de oliva.

    Na Regio Mediterrnea, em pases da Comunidade Econmica Europia, so produzidos 79,8% do azeite de oliva mundial, destacando-a como maior produtora, sendo 42,9% obtidos na Espanha, 17,5% na Itlia e 12,2% na Grcia, alm de responder por quase 80% das exportaes mundiais.

    A produo mundial de azeite, em 2007, alcanou 2,9 milhes de toneladas, movimentando cerca de 7,3 bilhes de dlares.

    O Brasil ainda no possui plantio comercial de oliveira em produo, ficando praticamente dependente da importao de seus derivados. Con-figura-se como um dos maiores importadores de produtos da oliveira da Amrica do Sul, sendo a Argentina um dos mais importantes fornecedores, incluindo tambm a Espanha e Portugal. Segundo dados do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 2007), somente

    com importaes de azeite, em 2006, foram gastos 236 milhes de reais.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 13

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    Considerando o volume de exportao anual desses produtos e o

    consumo interno, bem como a expectativa de cultivo comercial da oli-

    veira em territrio nacional, o Brasil poder alcanar a auto-suficincia

    na produo de azeitona e azeite com o plantio de, aproximadamente, 62

    mil hectares de oliveiras. Dessa forma, seriam evitados gastos anuais com

    importaes equivalentes a R$ 340 milhes e remunerao de R$ 23.688,50

    por hectare, a partir do sexto ano, para os produtores rurais que aderirem

    a essa atividade.

    BOTNICA E DESCRIO DA PLANTA

    A oliveira (Olea europaea L.) pertence famlia Oleaceae e, quando

    cultivada, uma rvore de tamanho mdio e formato arredondado, cujo

    porte, densidade da copa e cor da madeira variam em funo da cultivar

    e das condies de cultivo. Apresenta duas fases diferenciadas: a juvenil

    (Fig. 1A) e a adulta (Fig. 1B). Na fase juvenil, apresenta folhas mais curtas

    e grossas e ramos com comprimento de entrens menores. Na fase adulta,

    alcana a sua capacidade reprodutiva apresentando folhas maiores e mais

    delgadas, e ramos com entrens de comprimento maiores.

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    Figura 1 - Planta de oliveira

    NOTA: Figura 1A - Jovem. Figura 1B - Adulta.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira14

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    Figura 2 - Folhas adultas de oliveira

    NOTA: Figura 2A - Superfcie adaxial da folha. Figura 2B - Superfcie abaxial da folha.

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    O sistema radicular caracterizado como raiz pivotante central,

    quando a planta origina-se da semente, enquanto que a planta proveniente

    de propagao vegetativa, estaquia, apresenta um sistema radicular fas-

    ciculado.

    As folhas adultas so de forma simples e elptico-lanceoladas com

    comprimento de 5 a 7 cm e largura de 1 a 1,5 cm. O lado de cima da folha

    (adaxial) de colorao verde-escura (Fig. 2A), enquanto o lado de baixo

    (abaxial) de colorao prateada (Fig. 2B).

    A inflorescncia (Fig. 3A e 3B) em racimo, e a flor constituda por

    quatro spalas verdes e soldadas, que formam um clice com quatro ptalas

    brancas, que tambm so soldadas pela base para formar a corola.

    O fruto, denominado azeitona (Fig. 4), uma drupa de tamanho pe-

    queno e forma elipsoidal, cujas dimenses variam em funo da variedade,

    podendo apresentar entre 1 e 4 cm de comprimento e dimetro de 0,6 a

    2 cm. Possui uma s semente e composta de trs tecidos fundamentais:

    endocarpo, que corresponde ao caroo, o mesocarpo, polpa, e o pericarpo,

    pele. A sua colorao vai de verde a preta, passando por tonalidades de

    verde-palha a arroxeada. No ponto de transio de verde-palha a arroxeada

    que apresenta maior rendimento de azeite.

    A B

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 15

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    Figura 3 - Inflorescncia em forma de racimo

    NOTA: Figura 3A - Antes da flor abrir. Figura 3B - Flor depois de fecundada, deta-lhe do fruto em crescimento.

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    Figura 4 - Frutos de azeitonasA

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    RECOMENDAES PARA IMPLANTAO DE OLIVAIS

    Exigncias climticas e escolha do local de plantio

    A oliveira uma planta de clima temperado, necessita de baixas temperaturas no perodo que antecede a florao para ocorrncia de pro-dues satisfatrias.

    Temperaturas de inverno, mdias entre 8C e 10C, no ultrapassan-do 21C, altitudes variveis (200-1.300 m) e regime de chuvas superior a 800 mm anuais so suficientes para produes econmicas.

    Devem ser usados preferencialmente terrenos planos ou suavemente ondulados para facilitar a colheita e os tratos culturais. Mas o plantio po-

    A B

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira16

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    der ser feito em locais com at 50% de declividade e que tenham maior exposio luz solar (preferencialmente a face norte do terreno). Evitar plantios em terrenos sombreados, muito encharcados, e em vales ou bai-xadas, afastando, assim, riscos de geadas. Dar preferncia a terrenos com boa drenagem e solos profundos e muita ateno quanto ao preparo da cova, haja vista que a oliveira uma rvore longeva, o que permitir um bom crescimento e desenvolvimento da planta e, conseqentemente, boas produes de azeitona.

    Escolha das cultivares

    Primeiramente, deve-se definir o destino dos frutos que sero pro-duzidos. As cultivares listadas no Quadro 1 foram avaliadas quanto a sua aptido para regio de Maria da F, localizada em Minas Gerais.

    Aps a deciso sobre quais cultivares sero implantadas na rea, no mnimo duas, o produtor dever comprar mudas certificadas e verificar a idoneidade do viveirista, pois para se ter xito no investimento, deve-se iniciar com uma boa muda.

    Anlise e preparo do solo

    No caso da implantao da oliveira em pomares comerciais, dever ser realizada uma prvia anlise de solo. Diante dessa anlise, ser feita a recomendao da calagem por um engenheiro agrnomo.

    A oliveira desenvolve-se bem em solos com pH entre 5,5 e 6,5. A necessidade de calagem calculada pelo mtodo da neutralidade do

    alumnio e elevao dos teores de clcio + magnsio ou pelo mtodo de

    saturao de bases (V%). Caso o solo esteja compactado, dever ser feita uma subsolagem profunda ou uma arao profunda, para obter melhor

    QUADRO 1- Finalidade de uso de algumas cultivares

    Mesa Azeite Dupla finalidade

    Ascolano 315 Maria da F Grappolo 541

    Manzanilha 215 Arbequina Grappolo 550

    Tafahi 391 Salome 488 Grappolo 561

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 17

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    crescimento e desenvolvimento das razes da planta. A calagem em rea total deve ser feita da seguinte forma: 50% do calcrio aplicado antes da subsolagem ou arao profunda e 50% aplicado aps a subsolagem ou arao. Quando em rea total, a calagem deve ser realizada pelo menos trs meses antes do plantio.

    No caso da implantao de pomares domsticos, onde muitas vezes no se faz a anlise do solo para verificar a necessidade de calagem e/ou se planta apenas um pequeno nmero de mudas, deve ser feito o plantio de acordo com o item Plantio da muda. Nesse caso, a calagem deve ser realizada um ms antes do plantio da muda, no solo retirado dos primeiros 30 cm da cova.

    Espaamento

    Em plantios convencionais, devem-se utilizar 4 m entre plantas e 6 m entre fileiras.

    poca de plantio

    O plantio poder ser feito em qualquer poca do ano, preferencial-mente no perodo chuvoso. Caso seja realizado no perodo seco, necessitar de irrigao para que ocorra o pegamento da muda.

    Aps o preparo inicial da rea de plantio, deve-se fazer a abertura das covas acompanhando a curva de nvel. Se a rea necessitar da construo de terraos (reas muito declivosas), consultar um engenheiro agrnomo.

    Para abertura da cova, geralmente so usados enxades e ps de corte. Pode-se utilizar tambm uma broca acoplada ao trator, mas deve-se tomar cuidado em reas onde o solo muito argiloso para no causar o espelhamento das covas. As dimenses da cova devem ser de 60 cm de comprimento, 60 cm de largura e 50 cm de profundidade. Alguns cuida-dos devem ser tomados durante a abertura da cova. Ao abri-la, retirar os primeiros 30 cm de solo para o lado de baixo da cova e os outros 20 cm, para o lado de cima da cova. Assim, a camada superior que voltar cova ter maiores teores de matria orgnica (MO) e nutrientes, e a camada in-ferior, com solo mais pobre e mais compactado, ficar do lado de fora da cova para fazer a bacia. Esta bacia tem o papel de reter a gua da irrigao nos limites da cova (Fig. 5).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira18

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    Figura 5 - Abertura das covas

    NOTA: A e B - Broca abrindo a cova; C - Cova pronta; D - Cova aberta manual-mente at os primeiros 30 cm; E - Cova pronta; F - 30 cm do lado de cima e 20 cm do lado de baixo da cova.

    No caso de reas onde o produtor no disponha de uma anlise de solo, recomenda-se a seguinte adubao pr-plantio na cova:

    a) 1o passo: no solo retirado dos primeiros 30 cm da cova, colocam-se 500 g de calcrio (Fig. 6A) que, posteriormente, devero ser misturados (Fig. 6B) at ficarem homogneos. Preferencialmente esperar, no mnimo, 30 dias para o calcrio reagir;

    b) 2o passo: sobre a mistura de solo + calcrio colocar 20 kg de esterco curtido (Fig. 7);

    c) 3o passo: posteriormente colocam-se 200 g de cloreto de potssio, 500 g de fosfato natural, 500 g de superfosfato simples e 20 g de brax (Fig. 8);

    d) 4o passo: em seguida misturam-se bem os adubos do lado de fora da cova e, posteriormente, coloca-se a mistura dentro da cova (Fig. 9). Preferencialmente, esperar, no mnimo, 30 dias para o plantio da muda.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 19

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    Figura 7 - Aplicao do esterco

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    Figura 8 - Aplicao dos adubos

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    Figura 6 - Adubao com calcrio nas covas

    NOTA: Figura 6A - Aplicao do calcrio. Figura 6B - Mistura do calcrio.

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    Figura 9 - Mistura de calcrio, adubos e esterco dentro da cova

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira20

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    No caso de o produtor fazer a calagem em rea total, com base na

    anlise de solo, os passos so iguais, exceto o 1o passo, que no dever ser

    feito, haja vista que a calagem j foi realizada.

    Plantio da muda

    Primeiramente, irriga-se o torro para deix-lo descompactado e, em

    seguida, retira-se o saco plstico. A muda deve ser colocada no centro da

    cova na profundidade do torro, depois, deve-se apertar o solo da cova ao

    redor da muda com cuidado para dar uma leve compactao. Aps esse

    procedimento, junta-se aquele solo que ficou do lado de baixo da cova

    (20 cm retirados do fundo da cova) e faz-se uma bacia ao redor da muda

    para ajudar na hora da irrigao. Posteriormente ao plantio, coloca-se gua

    sobre a muda j plantada, para que haja uma leve compactao e umede-

    cimento do solo. Em seguida, deve-se fazer o tutoramento da muda com

    um bambu de 1,5 m de comprimento, amarrando-a com fitilho plstico ou

    cordo. Caso use o cordo, o amarrio deve ser em forma de oito, juntando

    o tronco da muda com o tutor, para que no estrangule o caule da planta

    durante o seu crescimento. Estas aes esto ilustradas na Figura 10.

    No caso de muda de raiz nua, esta deve ser colocada imediatamen-

    te na cova, que j dever ter sido preparada no ms anterior ao plantio,

    conforme as recomendaes.

    TRATOS CULTURAIS

    A produtividade e a qualidade da azeitona e do azeite dependem

    da definio de tcnicas de cultivo adequadas s condies de solo e cli-

    ma das regies de plantio, bem como de um programa de manejo para as

    principais doenas e pragas associadas cultura da oliveira.

    Adubaes de cobertura

    A seguir so sugeridas recomendaes de adubao em cobertura

    para plantios no espaamento de 4 x 6 m (417 plantas/ha).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 21

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Aps o primeiro ano de plantio, dever ser feita a anlise de solo a

    cada dois anos para saber se h ou no necessidade de calagem. Os fertili-

    zantes nitrogenados e potssicos (sulfato de amnio e cloreto de potssio,

    respectivamente) devem ser aplicados ao solo, na projeo da copa de cada

    planta. Os fertilizantes fosfatados (superfosfato simples), adubo orgnico,

    sulfato de zinco, brax, calcrio, caso seja necessrio, e a uria (caso opte

    por aplic-la como fonte de nitrognio) devero ser aplicados fazendo um

    sulco na projeo da copa e, posteriormente, tap-lo. Este sulco pode ser

    feito com enxado ou com arado de um disco, e as respectivas adubaes

    devem ser realizadas sempre com o solo mido (Fig. 11).

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    Figura 10 - Ilustrao do plantioNOTA: A - Irrigao do torro; B - Retirada do saco plstico; C - Abertura da cova

    para plantar a muda; D - Muda plantada; E - Bacia ao redor da cova; F - Tutor; G - Tutor com fitilho plstico; H - Tutor com fitilho plstico em for-ma de oito; I - Irrigao aps o plantio dentro da bacia.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira22

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Figura 11 - Adubao de cobertura

    NOTA: A - Projeo da copa (traos bran-cos); B - Adubao superficialmente ao solo; C - Abertura do sulco ma-nualmente; D e E - Aplicao de adubos; F - Sulcos sendo tapados; G - Abertura do sulco mecanicamen-te; H - Aplicao de adubos e esterco no sulco; I - Sulcos sendo tapados.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 23

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Adubao ps-plantio para o primeiro ano

    O Quadro 2 apresenta a recomendao de adubao ps-plantio para o primeiro ano.

    Adubao ps-plantio para o segundo ano

    No Quadro 3 pode-se observar a recomendao de adubao ps-plantio para o segundo ano.

    Adubao ps-plantio para o terceiro ano e os demais

    O Quadro 4 mostra a recomendao de adubao ps-plantio para o terceiro ano e os demais.

    (1) Deve-se optar em utilizar o sulfato de amnio ou uria nas quantidades recomendadas.

    QUADRO 3 - Adubao ps-plantio para o segundo ano, com os respectivos fertilizantes

    e a poca do ano

    (1) Deve-se optar em utilizar o sulfato de amnio ou uria nas quantidades recomendadas.

    QUADRO 2 - Adubao ps-plantio para o primeiro ano, com os respectivos fertilizantes e a poca do ano

    poca do anoFertilizantes(g/planta) Jun./Jul. Ago./Set. Out./Nov. Dez./Jan.

    (1)Sulfato de amnio - 240-320 240-320 240-320(1)Uria - 110-145 110-145 110-145

    Superfosfato simples - - - -Cloreto de potssio - 45-55 45-55 45-55Brax - - - -Sulfato de zinco - - - -

    poca do anoFertilizantes(g/planta) Jun./Jul. Ago./Set. Out./Nov. Dez./Jan.

    (1)Sulfato de amnio - 320-375 320-375 320-375(1)Uria - 145-180 145-180 145-180

    Superfosfato simples - - - -

    Cloreto de potssio - 55-70 55-70 55-70

    Brax 60 50 - -

    Sulfato de zinco - 50 - -

    Adubo orgnico - 20.000 - -

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira24

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    QUADRO 4 - Adubao ps-plantio para o terceiro ano e os demais com os respectivos

    fertilizantes e a poca do ano

    (1) Deve-se optar em utilizar o sulfato de amnio ou uria nas quantidades recomendadas.

    Poda

    A poda elimina partes da planta para que se forme uma boa estru-

    tura de copa e, assim, obtenham-se boas produes. Pode ser realizada em

    qualquer poca do ano em plantas jovens e, aps a colheita, em plantas

    adultas.

    H que se considerar que a oliveira frutifica em ramos do ano anterior

    e que o crescimento da azeitona concentra-se na parte superior de cada

    ramo. Essa alternncia de produo conseqncia do exaurimento de

    nutrientes do solo e da incapacidade das plantas de formarem ramos para

    diferenciao floral, ao mesmo tempo em que produzem frutos.

    Aps o plantio da muda, devem-se eliminar, sempre que necessrio,

    todos os brotos que crescem e desenvolvem ao longo do tempo, nos 50 cm

    da parte inferior da planta (Fig. 12A e 12B). Na parte superior, deixam-se

    todas as brotaes, para que formem a copa da planta. Quando a planta

    atingir cerca de 1 m de altura, fazer o corte do ramo principal para aumen-

    tar as brotaes laterais e promover uma boa formao de copa (Fig. 12C).

    Quando a planta estiver com a copa praticamente formada (aproximada-

    mente 18 meses), devem-se eliminar aqueles ramos na vertical no centro

    poca do anoFertilizantes

    (g/planta) Jun./Jul. Ago./Set. Out./Nov. Dez./Jan.

    (1) Sulfato de amnio - 375-480 375-480 375-480

    (1) Uria - 180-215 180-215 180-215

    Superfosfato simples - 80-120 - -

    Cloreto de potssio - 85-110 85-110 85-110

    Brax 60 50 - -

    Sulfato de zinco - 50 - -

    Adubo orgnico - 20.000 - -

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 25

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Figura 12 - Poda da oliveira

    NOTA: Figura 12A e 12B - Eliminao de brotaes nos 50 cm inferiores. Figura 12C - Corte do ramo principal a 1 m de altura (desponte). Figura 12D - Corte de ramos verticais no centro da copa. Figura 12E - Planta com boa estrutura de copa.

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    da copa (Fig. 12D e 12E). Com isso, a planta cresce e desenvolve-se, at atingir a altura aproximada de 5 m. Entretanto, se os ramos ultrapassarem essa altura, devero ser podados para que no dificulte a colheita. A poda deve ser realizada sempre que necessria, em especial aps a colheita, com a eliminao de ramos secos e malformados. Em plantios comerciais, recomenda-se a diviso da rea em talhes com plantas em diferentes idades. Essa prtica, alm de facilitar o manejo da cultura, pode reduzir possveis efeitos de alternncia de produo, tendo em vista a realizao de podas anuais.

    Para a realizao da poda, podem-se utilizar as seguintes ferramentas:

    podo, tesoura de poda e serrote curvo (Fig. 13).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira26

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Figura 13 - Ferramentas para poda

    NOTA: A - Podo; B - Tesoura de poda; C - Serrote curvo.

    Controle de plantas daninhas

    A cultura da oliveira deve ser mantida limpa, principalmente na fase de crescimento da planta, para que aumente a disponibilidade de gua e nutrientes.

    Recomenda-se usar roadeira mecnica nas entrelinhas da cultura (Fig. 14A) e roadeira costal entre as plantas (Fig. 14B), a fim de manter as plantas daninhas sob controle. Pode ser usado tambm herbicidas, mas deve-se atentar para o risco de eroso e fogo. Se optar pelo uso de herbi-cidas, usar chapu de napoleo (Fig. 14C).

    Sempre que necessrio, deve-se proceder a capina ao redor da planta at a projeo da copa (coroamento) (Fig. 14D).

    Principais doenas e seu controle

    Nos plantios de oliveira no estado de Minas Gerais, doenas fn-gicas como antracnose, mancha foliar de cercspora e fumagina tm sido observadas com maior freqncia.

    Antracnose

    Esta doena causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides e ataca principalmente os frutos (Fig. 15A), mas observada tambm nas

    folhas (Fig. 15B) e brotos (Fig. 15C).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 27

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Figura 14 - Controle de plantas daninhas

    NOTA: Figura 14A - Roada mecnica nas entrelinhas. Figura 14B - Roada costal motorizada entre plantas. Figura 14C - Aplicao de herbicidas com cha-pu de napoleo. Figura 14D - Coroamento da plantas.

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    Figura 15 - Antracnose

    NOTA: Figura 15A - Sintomas no fruto. Figura 15B - Sintomas nas folhas. Figura 15C- Seca dos ramos.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira28

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Os sintomas da antracnose nos frutos j podem ser observados quando ainda verdes, mas se tornam mais visveis quando as azeitonas amadurecem. Os sintomas so caracterizados por leses necrticas, de-primidas e arredondadas de cor parda, que crescem e coalescem, o que resulta numa podrido parcial ou total das azeitonas. Com isso, as azeitonas ficam imprprias para o consumo e, se utilizadas para extrao de azeite, faz com que aumente a acidez e a quantidade de perxidos, resultando num azeite de m qualidade.

    Nas folhas, os sintomas caracterizam-se por manchas necrticas que podem levar queda. Quando a doena ataca os brotos, pode causar morte apical e seca dos ramos.

    Para o controle da antracnose, devem-se eliminar os ramos doentes por meio de podas e, posteriormente, queim-los ou enterr-los. Se possvel, os frutos doentes tambm devem ser eliminados e enterrados.

    A medida mais utilizada para o controle a aplicao de produtos base de cobre, usados de forma preventiva.

    Mancha foliar de cercspora

    Esta doena causada pelo fungo Pseudocercospora cladosporiides. Ataca principalmente as folhas, mas tambm pode ser observada nos frutos.

    A mancha foliar de cercspora nas folhas caracteriza-se por causar inicialmente reas clorticas irregulares (Fig. 16A) na superfcie adaxial, progredindo para marrom-escuras a necrticas com o tempo (Fig. 16B). Na superfcie abaxial correspondente, so observados esporodquios de colorao escura, com conidiforos e condios pigmentados de cicatrizes inconspcuas.

    Nos frutos, a doena causa pequenas manchas marrons aprofunda-das com bordas esverdeadas na superfcie. Os frutos doentes mostram-se com sinais de apodrecimento. Com isso, as azeitonas ficam imprprias para o consumo e, se utilizadas para extrao de azeite, tambm faz com que aumente a acidez e a quantidade de perxidos, levando a um azeite de m qualidade.

    A medida mais utilizada para controle a aplicao de produtos

    base de cobre, usado de forma preventiva.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 29

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Fumagina

    Esta doena causada pelo fungo Capnodium elaeophilum. Os sintomas so caracterizados pela formao de uma capa negra superficial semelhante fuligem sobre as folhas, ramos, tronco e, at mesmo, nos fru-tos (Fig. 17). O fungo vive sobre as partes exteriores da planta, utilizando substncias aucaradas excretadas pelas cochonilhas.

    Para o controle da fumagina, deve-se controlar primeiro a cochoni-lha, com leo mineral.

    Figura 16 - Mancha foliar de cercspora

    NOTA: Figura 16A - Sintomas iniciais de clorose. Figura 16B - Sintomas posteriores de necrose.

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    Figura 17 - Planta com a presena de fumagina

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira30

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    Caldas base de cobre empregadas para o controle da antracnose e da mancha foliar de cercspora

    Oxicloreto de cobre

    um fungicida cprico, inorgnico, em p, de colorao verde e verde-azulada, pouco solvel em gua. Na prtica, este produto tem sido usado freqentemente entre os olivicultores, embora no esteja registrado no MAPA. utilizado na dosagem de 300 g/100 L.

    Calda bordalesa

    uma suspenso coloidal, de cor azul-celeste, obtida pela mistura de uma soluo de sulfato de cobre pentaidratado com uma soluo de cal virgem.

    As propores em peso do sulfato de cobre e da cal virgem devem ser de 1 kg/1 kg em 100 L de gua, obtendo-se, respectivamente, calda bordalesa 1:1:100. Para o preparo da calda, deve-se diluir o sulfato de cobre em metade do volume de gua e a cal, na outra metade, juntando-se em seguida. Caso o volume de calda necessrio seja grande, deve-se fazer uma pr-soluo. Coloca-se em um balde a quantidade total da cal e faz-se a diluio. Em outro balde, coloca-se o sulfato de cobre e realiza-se tambm a sua diluio. Posteriormente, junta-se a pr-soluo da cal na metade do volume total da calda, e a pr-soluo do sulfato de cobre na outra metade do volume total da calda. Depois mexem-se as duas solu-es para que ocorra a homogeneizao e, logo aps, juntam-se as duas solues simultaneamente. Para o preparo da calda, devem-se tomar os seguintes cuidados:

    a) filtrar a pr-soluo para eliminar impurezas que podem entupir os bicos na hora da aplicao;

    b) aplicar logo aps o seu preparo, dentro do perodo de 24 horas;

    c) usar cal hidratada de boa qualidade;

    d) empregar recipientes de madeira, cimento ou caixas de plstico para as operaes de preparo, pois o sulfato de cobre corrosivo para metais;

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 31

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    e) observar a pureza dos componentes da calda para uma melhor eficincia. O sulfato de cobre deve possuir, no mnimo, 98% de pureza, e a cal no deve ter menos de 95% do CaO;

    f) fazer a verificao do pH, aps o preparo da calda bordalesa. A reao deve ser neutra ou, de preferncia, alcalina. Pode-se utilizar papel tornasol ou papel indicador para verificao do pH. A rea-o cida indesejvel, porque provoca fitotoxidade proveniente do sulfato de cobre livre, e forma um precipitado grosso de rpida deposio, prejudicando a sua distribuio. A cor azul-celeste uma indicao de boa qualidade da calda. A tonalidade esverde-ada indica excesso de cobre, enquanto o aspecto esbranquiado demonstra excesso de cal.

    Calda viosa

    A calda viosa uma suspenso coloidal, de cor azul-celeste, com-posta de elementos qumicos que formam complexos com a cal hidratada. considerada, alm de antifngica, um fertilizante foliar. A quantidade dos componentes para se fazer 100 L de calda est apresentada no Quadro 5.

    Componentes Quantidade(g)

    Sulfato de cobre (25% de cobre) 500

    Sulfato de zinco (21,5% de zinco) 300

    Sulfato de magnsio (16% a 17% MgO) 400

    cido brico (17,5% de boro) 100

    Cloreto de potssio (ou nitrato depotssio ou sulfato de potssio)

    400

    Cal hidratada (40% a 50% de CaO) 300-450 g (funo da pureza da cal)

    Volume final da calda 100 L

    QUADRO 5- Componentes da calda viosa com suas respectivas quantidades

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira32

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Para seu preparo, necessria a construo de uma plataforma,

    que poder ser de madeira, alvenaria ou apenas recorte no barranco, de

    modo que uma caixa fique em nvel superior outra. Cada caixa deve ter

    um cano de plstico com um registro no fundo para passagem da calda

    de uma caixa para outra. As caixas devem ser de plstico, alvenaria ou de

    madeira. A caixa superior (A) pode ser bem menor do que a colocada na

    posio inferior (B). Na caixa superior so dissolvidos os sulfatos, o cido

    brico e o cloreto de potssio; na caixa inferior preparado o leite-de-cal,

    sobre a qual vertida lentamente a soluo da caixa superior, com agitao

    vigorosa durante o processo de mistura.

    Para preparar 100 L de calda viosa, deve-se ter o seguinte o pro-

    cedimento:

    a) colocar na caixa (A) 50 L de gua, onde os sais de cobre, zinco,

    magnsio, o cido brico e o cloreto de potssio so colocados

    dentro de um saco poroso, pouco abaixo da superfcie da gua,

    amarrado em um suporte apoiado nas bordas da caixa. Os ferti-

    lizantes dissolvem-se em cerca de 30 minutos;

    b) na caixa (B), colocar 50 L de gua e 350-450 g de cal hidratada

    de boa qualidade;

    c) proceda a agitao da cal para mant-la em suspenso, com uma

    p de madeira, formando, assim, o leite-de-cal. Aps a dissolu-

    o dos sais da caixa (A), abra o registro e deixe o contedo cair

    sobre o leite-de-cal, agitando-o fortemente, para que se formem

    partculas de dimetro pequeno de boa suspensibilidade em gua.

    Se a agitao for lenta, essas partculas tero maior dimetro e

    vo sedimentar muito rpido no fundo do recipiente, o que torna

    a calda indesejvel. Cuidado deve ser tomado para que a ordem

    da mistura no seja invertida. A gua com os sais dissolvidos

    despejada sobre o leite-de-cal e no o inverso;

    d) em caso de floculao da mistura, do tipo leite talhado, isso pode

    indicar que a cal no de boa qualidade ou est velha. Neste

    caso, a mistura no deve ser empregada nas pulverizaes;

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 33

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    e) a cal nunca deve estar exposta ao ar. Portanto, as embalagens

    devem permanecer bem fechadas e em local seco, para evitar que

    se forme o carbonato de clcio;

    f) quando a calda viosa bem preparada, ela mantm a suspenso

    uniforme, quando em repouso por mais de 10 minutos, poden-

    do chegar at horas. Logo aps, com ligeira agitao, obtm-se

    novamente a suspenso uniforme, sem sedimentos no fundo do

    vasilhame em que foi preparada;

    g) a faixa de pH ideal para a calda viosa est entre 5,8 e 6,0 e deve-

    se verificar o pH com papel indicador, por exemplo;

    h) antes de abastecer o pulverizador, a calda deve ser coada em um

    pano de saco de algodo, com a finalidade de reter a areia que

    existe normalmente na cal e os detritos vindos na gua, os quais

    entopem o bico dos pulverizadores;

    i) uma vez preparada, a calda viosa dever ser aplicada no mesmo

    dia;

    j) os sais, aps misturados, podem ser armazenados para uso pos-

    terior. Entretanto, se misturados cal, devem ser aplicados no

    mesmo dia.

    No mercado h produtos comerciais prontos para uso na agricultura.

    Por exemplo a Via-caf e Calda Heringer, as quais so de fcil utilizao

    por j estarem misturados os sais, e apenas a cal vem separada para pos-

    terior mistura.

    Principais pragas e seu controle

    Nos plantios de oliveira do estado de Minas Gerais, observam-se com

    maior freqncia a traa-da-oliveira, tripes, cochonilha-preta e formigas.

    Traa-da-oliveira

    A traa-da-oliveira, Palpita persimilis (Munroe) (Lepidoptera, Pyrali-

    dae), uma mariposa com 25 mm de envergadura, de cor branco-brilhante,

    com asas semitransparentes. A margem anterior do primeiro par de asas

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira34

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    possui uma franja estreita de colorao marrom-clara, seguida de quatro pontos pretos. O ciclo biolgico completa-se em, aproximadamente, 50 dias, no vero, e 65 a 80 dias, no inverno, compreendendo as fases de ovo, larva

    (lagarta), pupa e adulto. A fmea pe cerca de 200 ovos, com perodo de in-

    cubao que varia de 5 a 10 dias, conforme condies climticas. A lagarta

    passa por seis instares, chegando a atingir 15 mm de comprimento.A traa-da-oliveira ocorre durante todo o ano, principalmente de

    novembro a maro, atacando as folhas novas, inflorescncias e frutos da

    oliveira, causando grande prejuzo e reduo da produo (Fig. 18).

    Figura 18 - Traa-da-oliveira

    NOTA: A - Danos causados pela traa nas folhas novas com encrostamento; B - Larva da traa-da-oliveira em repouso.

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    Tripes

    O tripes (Thrips ssp.) um inseto que mede de 1 a 3 mm de compri-

    mento e tem como caracterstica a presena de dois pares de asas franjadas.

    Reproduz sexuadamente com ovos colocados nas folhas, de onde saem as

    formas jovens desprovidas de asas.

    Causa prejuzos s plantas por se alimentar da seiva, sendo raspador

    e sugador, o que provoca deformaes nas folhas e queda. Sua ocorrncia

    est associada a baixas temperaturas e a perodos de estiagem.

    A B

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 35

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    No Sul de Minas, essas condies so observadas durante o inverno, nos meses de maio, junho e julho.

    Cochonilha-preta

    Conhecida como cochonilha-preta ou cochonilha-da-oliveira, Saissetia oleae (Olivier) (Hemiptera) um coccdeo, cuja fmea adulta apresenta forma oval, consistncia dura e colorao marrom-escura, notando-se sobre o seu dorso uma elevao semelhante letra H. Mede cerca de 4 mm de comprimento por 3 mm de largura e 3 mm de altura. Seu ciclo biolgico compreende as fases de ovo, larva, pupa (apenas no macho) e adulto (Fig. 19).

    Cada fmea pe cerca de 2.000 a 2.500 ovos, com perodo de incu-bao que varia de 5 a 20 dias, conforme condies climticas. Apresenta um perodo de oviposio prolongado, ocasionando a presena de todos os instares - dois a trs - em qualquer poca do ano, que podem atingir 1,5 mm de comprimento. As ninfas infestam preferencialmente a pgina inferior das folhas, podendo ocorrer tambm na pgina superior e nos galhos, concentrando-se na poro mediana e baixeira da planta. Sua disperso na lavoura facilitada pela grande mobilidade que apresenta

    no primeiro instar e pela ao do vento e dos pssaros.

    Figura 19 - Adultos da cochonilha-preta em ramos de oliveira

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    A cochonilha-preta ocorre principalmente de setembro a novembro, causando prejuzo pela grande quantidade de seiva que extrai para sua alimentao, pela injeo de toxinas e pelo lquido aucarado que expele sobre a rvore. Esse lquido favorece o desenvolvimento da fumagina, dificultando, assim, a respirao e a fotossntese da planta. Em altas po-pulaes, reduz a florao em aproximadamente 50%.

    Formigas

    As formigas-cortadeiras so consideradas um srio problema no cultivo das oliveiras, quando as plantas esto jovens. No Brasil, estes insetos pertencem aos gneros Atta, com dez espcies e trs subespcies, Acromyrmex, com 20 espcies e nove subespcies, e menos importante, os gneros Sericomyrmex (9 espcies), Trachymyrmex (12 espcies) e Mycocepurus (3 espcies). A preveno ao ataque das formigas-cortadeiras deve ser realizada constantemente, por meio da vigilncia e do combate na fase de preparo do solo, na qual a localizao e o prprio combate so facilitados. Essas formigas causam a desfolha parcial ou total das plantas jovens, comprometendo, assim, o crescimento e o desenvolvimento destas plantas.

    Manejo de pragas

    Quanto ao manejo integrado dessas pragas, embora a legislao brasileira no tenha nenhum produto fitossanitrio registrado para essa espcie, existem algumas medidas de controle que podem ser adotadas visando preveno e/ou reduo de seus nveis populacionais na cul-tura da oliveira. Como prticas preventivas, pode-se utilizar a cobertura de solo entre as rvores, principalmente com leguminosas perenes de porte baixo. Sua florao fornece alimentos aos artrpodes predadores, nos perodos quando as pragas estiverem em baixa infestao, viabilizando a manuteno do seu controle biolgico, quando as condies climticas as favorecerem. Especialmente para S. oleae, podem-se utilizar barreiras vegetais do tipo quebra-vento, dificultando sua entrada e disperso no pomar pela ao do vento. A poda de limpeza das rvores, aps a colheita,

    tambm proporciona a reduo do desenvolvimento da cochonilha.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 37

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    Caso a interveno com produtos qumicos seja necessria, recomen-

    da-se a utilizao de produtos seletivos base de Bacillus thuringiensis var.

    kurstaki ou reguladores de crescimento, como diflubenzuron (Dimilin),

    para o controle da traa-da-oliveira. Para a cochonilha-da-oliveira e para

    o tripes, utilizar inseticidas com bom poder de penetrao (diazinon,

    methidathion e clorpirifs).

    Para o melhor controle da cochonilha, recomenda-se o reforo com

    leo mineral e a realizao das aplicaes, quando a maioria da populao

    estiver no primeiro e segundo instares, repetindo-se a aplicao aps 20

    dias, caso seja necessrio.

    Para o controle de formigas-cortadeiras, o mtodo mais eficiente

    a aplicao de produto qumico, utilizado diretamente nos ninhos, nas

    formulaes em p, lquida ou granulada. O combate s formigas deve ser

    realizado em toda rea e tambm prximo a ela, desde o preparo do solo,

    numa faixa de 50 a 200 m, dependendo da quantidade de formigueiros

    existentes. O primeiro combate dever ser realizado aps a limpeza da rea,

    antes da abertura da cova. O segundo combate dever ser efetuado aps o

    plantio, nos locais onde ainda se observar corte de mudas e/ou presena de

    formigas. Em todos os combates deve-se considerar uma faixa de proteo

    de, pelo menos, 50 m ao redor da rea efetivamente plantada.

    COLHEITA

    A colheita de azeitonas em Minas Gerais ocorre a partir do ms de

    janeiro, aps o quarto ano de plantio, estendendo-se a fevereiro e maro,

    depois do completo desenvolvimento dos frutos.

    O ponto de colheita dos frutos vai depender do seu destino. Se for para

    extrao de azeite, colhem-se frutos com a seguinte colorao: verde-palha

    (Fig. 20A), arroxeada (Fig. 20B) e preta (Fig. 20C), sendo que na colorao

    arroxeada que est a maior concentrao de polifenis componentes

    importantes para a boa qualidade do azeite.

    Uma forma prtica de observar se o fruto est maduro (colorao

    preta) apertando-o. Se expelir um lquido branco, est no ponto.

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    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Se for para azeitona em conserva (mesa), a colheita deve ser feita quando as frutos estiverem com colorao verde-palha.

    As azeitonas destinadas mesa devem ser colhidas manualmente, evitando, assim, danos externos, o que prejudicial ao curtimento.

    COMO PREPARAR CONSERVA DE AZEITONAS

    As azeitonas, verde ou preta, destinadas mesa, no so apropriadas ao consumo logo aps a colheita. Neste estado, apresentam-se extremamen-te amargas, devendo ser adoadas ou curtidas por diferentes processos. Portanto, deve-se fazer o preparo da azeitona para o consumo.

    Existem vrios processos para conservar as azeitonas, mas descrito apenas um processo caseiro por ser prtico e de fcil execuo. O processo de curtimento das azeitonas feito em gua e sal.

    Colheita e transporte

    Tanto na colheita quanto no transporte h necessidade de cuidados para evitar que os frutos sejam machucados. Aps, segue-se a limpeza, a seleo e a classificao por tamanho (calibragem).

    Lavagem

    A lavagem visa remoo de substncias estranhas (sujidades, part-culas de terra e areia e outros contaminantes) e, tambm, a remoo parcial

    da oleuropena, substncia que d origem ao gosto amargo da azeitona.

    Figura 20 - Colorao da azeitona no ponto de colheita para extrao de azeite

    NOTA: Figura 20A - Colorao verde-palha. Figura 20B - Colorao arroxeada. Figura 20C - Colorao preta.

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    Fermentao

    A fermentao pode levar de trs a seis meses. Durante os primei-ros dias do processo, h produo de gases que so liberados para o meio ambiente. Na fermentao das azeitonas verdes, por via de regra, ocorre a fermentao lctica em ao das bactrias lcticas presentes no meio. Ocorre uma queda progressiva do pH em funo do aumento da acidez provocada pela formao do cido lctico. O aumento da acidez pode ser induzido, tambm, pela adio de acares de cidos orgnicos, tais como cido actico ou lctico.

    Salga

    As azeitonas devem ser colocadas em salmoura no mais breve espa-o de tempo aps a colheita, pois so frutos de respirao e transpirao rpida, que sofrem perdas de peso considerveis, se mantidas em caixas. Os frutos com maior grau de maturao so os mais suscetveis. As con-centraes da salmoura (soluo de NaCl) variam entre 6% e 12% para as azeitonas verdes e mistas. Para as pretas, essas concentraes podem variar entre 8% e 14%. A salga causa uma diminuio acentuada do sabor amargo do fruto.

    Curtimento das azeitonas em gua e sal

    Para o processo de curtimento das azeitonas em gua e sal, os passos so os seguintes:

    a) 1o passo: lavar bem o recipiente (Fig. 21), onde ser realizado o curtimento das azeitonas, e usar de preferncia um recipiente de vidro, embora possa ser utilizado tambm recipiente de plsti-co;

    b) 2o passo: para conserva, colher a azeitona no ponto de maturao verde-palha ou preta. Aps a colheita, faz-se uma seleo tiran-do aqueles frutos muito pequenos e muito machucados ou que apresentem sintomas de doenas e ataque de pragas. As azeitonas que iro ser curtidas devero ser lavadas em gua corrente para retirar as impurezas;

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira40

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    c) 3o passo: preparar uma salmoura a 10%, fervendo 100 g de sal grosso em um 1 L de gua. Deve-se usar gua de poo artesiano, sem tratamento com cloro. Deixe a gua esfriar at a temperatura ambiente e, em seguida, derrame essa gua sobre as azeitonas, que estaro dentro de um recipiente de vidro ou de plstico, de maneira que a gua cubra todos os frutos. Feche o vidro e espere por 30 dias (Fig. 22);

    d) 4o passo: aps trinta dias, trocar a salmoura por outra a 12% (120 g de sal grosso em 1 L de gua). Esta salmoura tambm dever ser fervida e aguardar seu resfriamento para depois ser colocada nas azeitonas. Fechar o recipiente e aguardar por 90 dias. Depois desses 90 dias, substituir a salmoura por outra a 6% (60 g de sal grosso em 1 L de gua), sendo que esta salmoura tambm dever ser fervida e resfriada, e com isso a azeitona estar pronta para o consumo (Fig. 22).

    Embalagem

    As azeitonas podem ser embaladas em vidros transparentes ou embalagens plsticas (Fig. 23). O tamanho e o volume dos frutos podem variar.

    Figura 21 - Lavagem do recipiente

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    Figura 22 - Processo de curtimento das azeitonas

    NOTA: A - Pesagem do sal grosso; B - Fervura da gua com o sal; C - Colocao da mistura de gua e sal dentro do recipiente; D - Recipientes de vidro usados para o processo de curtimento; E - Recipientes de plstico usados para o processo de curtimento; F, G e H - Azeitonas prontas para o consumo.

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    AZEITE

    Composio da azeitona

    Os componentes principais da polpa e da semente so a gua e o

    azeite, com porcentagem que varia de 50% a 60% para gua e 20% a 30%

    para azeite, existindo uma relao inversa entre eles. Na semente, a gua

    representa, em mdia, 30% e o azeite 20% do peso total.

    Qualidade e classificao do azeite

    Em geral, a qualidade de um produto representada por um conjunto

    de caractersticas prprias que permitem sua apreciao, como igual, pior

    ou melhor que outro produto da mesma espcie.

    Com relao ao azeite, o padro de qualidade pode ser definido como

    sendo um sumo extrado de azeitonas em perfeitas condies de maturao,

    procedentes de plantas de oliveira sadias, cujo processamento tenha sido

    realizado com frutos frescos (imediatamente aps a colheita), evitando

    qualquer tratamento que altere a natureza qumica de seus componentes,

    tanto durante a sua extrao como no armazenamento.A definio anterior de qualidade de azeite no pode ser confundida

    com categoria de azeite que determinado por certas caractersticas par-

    Figura 23 - Embalagens para azeitonas

    NOTA: A - Embalagem de vidro contendo azeitonas verdes; B - Embalagem de vidro contendo azeitonas pretas; C - Embalagem de plstico contendo azei-tonas verdes.

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    ticulares dentro de um padro de qualidade. Assim, de duas variedades diferentes, podem ser obtidos dois tipos de azeites diferentes, mas com a mesma qualidade.

    So parmetros de qualidade o grau de acidez (menor de 3,3/100 g), ndice de perxidos (menor que 20 m.e.q. de O2 ativo/kg), a absorbncia em ultravioleta (K270 inferior a 0,25) e alguns detectados pelo sentido, como odor, sabor e cor.

    O azeite de oliva virgem obtido do fruto de oliveira por proce-dimentos mecnicos ou por procedimento fsico, sobretudo trmico (na pasta de azeitonas injeta-se gua quente), que no implique na alterao do azeite e que no tenha sido submetido a nenhum tratamento distinto da lavagem, decantao, centrifugao e filtrao. Pode ser classificado em azeite: extra virgem, virgem, azeite de oliva, refinado, leo de bagaos de oliva e leo de bagaos de oliva refinado. No mercado, encontra-se o azeite misturado a outros leos, como o de soja, em diferentes propores,

    dando origem ao chamado azeite composto.

    Importncia na alimentao humana

    A primeira meno do possvel papel benfico do azeite de oliva,

    com base cientfica, foi obtida em estudos que avaliaram que aspectos

    de sade da populao de sete regies diferentes. Observou que em uma

    delas, Creta (Grcia), que apresentava alto consumo de gorduras, cuja

    procedncia era quase que exclusivamente de azeite de oliva, os nveis de

    colesterol plasmtico no eram elevados e a incidncia de enfermidades

    coronrias era muito baixa. Dez anos mais tarde, ficou comprovado que

    a ingesto de uma dieta que contenha uma elevada proporo de cidos

    graxos monoinsaturados, como os encontrados no azeite de oliva, era

    compatvel com os nveis adequados de colesterol plasmtico e uma baixa

    incidncia de infarto do miocrdio.

    Processo de extrao de azeite

    A elaborao de azeite comea com a obteno de azeitona de qua-

    lidade. Por isso, as operaes de colheita e transporte do fruto tm uma

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira44

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    grande importncia e vo influir tanto na qualidade do produto final, no

    azeite, como na eficcia do processo. Sero descritos aqui dois processos de

    extrao de azeite que so o Sistema de prensagem hidrulica a frio e decan-

    tao por gravidade sem filtragem e o Sistema contnuo de elaborao.

    Sistema de prensagem hidrulica a frio e decantao por gravidade sem filtragem

    Este um processo tradicional de extrao para pequenos produ-

    tores (Fig. 24).

    Figura 24 - Extrator de azeite pelo sistema de prensagem hidrulica a frio e decan-tao por gravidade sem filtragem

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    Operaes prvias

    Uma das operaes bsicas para obteno de azeites de oliva de boa

    qualidade a seleo do fruto, com uma matria-prima isenta de danos

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 45

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    causados por insetos e/ou microorganismos e limpa e/ou lavada em gua corrente.

    O fruto, uma vez limpo ou em algum caso lavado, deve ser armaze-nado em recipientes que permitam aerao. A capacidade de armazena-mento deve ser calculada para regular o fluxo de entrada para moagem. O armazenamento prolongado do fruto provoca-lhe uma srie de alteraes, produzidas por hidrlises espontneas, aes enzimticas ou atuao de microorganismos (fungos e leveduras), que podem desenvolver e que, como conseqncia, deteriora a qualidade do azeite, tanto no aspecto fsico-qumico, como sensorial. Essas alteraes so incrementadas com

    o aumento do tempo de armazenamento.

    Preparao da pasta

    Esta etapa consta da moagem do fruto, resultando numa pasta. A moagem do fruto tem por objetivo romper a estrutura vegetal da azeitona, a fim de liberar as gotculas de azeite contidas nos vacolos do mesocarpo,

    tanto da polpa como do caroo (Fig. 25).

    Figura 25 - Preparo da pasta de azeitona

    NOTA: A - Entrada do moedor; B - Moagem do fruto; C - Pasta da azeitona.

    Separao slido-lquido

    A azeitona e, por conseguinte, a pasta esto constitudas por elemen-

    tos fundamentais: azeite, gua e matria seca (MS). O objetivo do processo

    separar o azeite dos outros elementos. Os passos para a separao so:

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira46

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    Figura 26 - Preparo da pasta para prensagem

    NOTA: A - Moldura metlica sobre o filtro; B - Colocao da pasta sobre o filtro; C - Quatro filtros sobrepostos.

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    a) 1o passo: colocar a pasta sobre filtros apropriados, utilizando uma moldura metlica de 20 mm de espessura. Os filtros com a pasta so colocados um sobre o outro no devendo ultrapassar quatro. Sobre o ltimo filtro com pasta, coloca-se um sem pasta e sobre ele, coloca-se uma chapa metlica. Depois, comea todo o proces-so novamente at obter uma quantidade de filtros sobrepostos, suficientes para atingir a altura da prensa (Fig. 26);

    b) 2o passo: colocar os filtros sobrepostos na prensa at a altura adequada para comear a prensagem. Posteriormente, inicia-se a prensagem pelo sistema hidrulico para que comece a separao da gua e do azeite da massa que est sendo prensada (Fig. 27);

    c) 3o passo: aps o aumento da presso hidrulica, ao atingir 25 tonela-das, ocorre a sada da gua e do azeite, que so direcionados para um recipiente de dois litros, onde vai ocorrer a separao por decantao. O azeite por ser menos denso que a gua, acumula-se sobre esta. medida que a gua vai-se acumulando no recipiente, deve ser drenada para que ocorra a decantao de mais azeite (Fig. 28);

    d) 4o passo: medida que acumula o azeite sobre a superfcie da gua, aumenta o volume do azeite que comea a elevar-se at sair pelo orifcio localizado acima do recipiente, percorrendo um tubo at a sua sada para um depsito (Fig. 29).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 47

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    Figura 27 - Prensagem para separao do azeite

    NOTA: A - Filtros sobrepostos para prensagem; B - Prensagem; C - Prensa hidru-lica.

    Figura 28 - Seqncia do processo de decantao por diferena de densidade

    NOTA: A - Jatos de gua para facilitar a sada do azeite; B - Gotculas do azeite sobre a gua; C e D - Azeite sendo direcionado at o recipiente; E - Azeite na parte superior da suspenso; F - Retirada da gua para ficar apenas o azeite no recipiente.

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira48

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    Figura 29 - Detalhe do processo de decantao por diferena de densidade

    NOTA: A - Subida do azeite para a sada; B e C - Sada do azeite do recipiente para o depsito.

    Sistema contnuo de elaborao

    Operaes prvias

    Seguem as mesmas operaes descritas no item Sistema de pren-sagem hidrulica a frio e decantao por gravidade sem filtragem.

    Preparao da pasta

    Esta etapa consta de duas fases, a moagem do fruto e o batido da pasta resultante.

    A moagem do fruto tem por objetivo romper a estrutura vegetal da azeitona, a fim de liberar as gotculas de azeite contidas nos vacolos do mesocarpo.

    A agitao ou batido da pasta tem por objetivo agrupar as gotas de azeite liberadas no processo de moagem e formar uma fase contnua oleosa, apta a ser separada em etapas posteriores do processo de elaborao.

    Separao slido-lquido

    O procedimento mais utilizado para esta operao o denominado Sistema contnuo de elaborao (a injeo da massa e a separao das fases realizam-se continuamente, sem necessidade de passar pela mquina separadora), e baseia-se na ao da fora centrfuga aplicada massa de azeitona.

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    As operaes de moagem do fruto e o batido da pasta, assim como a separao do azeite da pasta, so realizados por mquinas extratoras de azeite. Esses equipamentos esto disponveis no mercado com diferentes capacidades de processamento de azeitonas, que variam de 10 a 750 kg/hora. Existem tambm equipamentos especficos para realizar as operaes prvias

    como: pr-limpeza, seleo e lavagem de frutos.

    Armazenamento

    O azeite de oliva, que produzido em 2 ou 3 meses (perodo da safra), consumido durante todo o ano, para tanto, deve ser armazenado at o momento de sua embalagem. Esta a ltima etapa da cadeia de qualidade que tenha a pretenso de:

    a) separar os azeites por qualidade, obtidos durante o processo de elaborao;

    b) conservar as caractersticas favorveis do azeite, protegendo-o de fermentaes, oxidaes e perdas de aromas, evitando ao mesmo tempo o aparecimento de defeitos (azeite ranoso, adstringente e avinhado). Neste sentido, o azeite deve ser armazenado em tanque de ao inoxidvel com abastecimento realizado pela parte inferior, sem contato com o ar, para evitar o processo de oxidao;

    c) favorecer a maturao do azeite, processo em que suaviza suas caractersticas de amargor, adstringncia, etc.

    Finalmente, a manuteno das instalaes, onde se localizam os depsitos, em perfeita higiene, com boa ventilao e total ausncia de odores estranhos (gases produzidos por combusto incompleta, leo diesel, etc.), o que imprescindvel para que o azeite no adquira odores desagradveis.

    Embalagem

    O azeite dever ser embalado em recipientes que o protejam da incidncia de luz, devido degradao de suas propriedades. Os recipien-tes apropriados devero ser de vidro, de cor mbar ou verde, ou em latas apropriadas. No dever ser usada embalagem transparente (Fig. 30).

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira50

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    COEFICIENTES TCNICOS

    A seguir, apresenta-se um custo de produo simplificado para implantao e manuteno da cultura da oliveira, com especificaes de procedimentos e custos das vrias operaes que devero ser executadas. O custo de produo pode apresentar variaes, dependendo de fatores como o tipo de solo da rea; doenas, pragas e plantas daninhas presentes; preo da mo-de-obra da regio; preo da hora do maquinrio, entre outros. Deve-se lembrar que, o custo da terra utilizada (custo de oportunidade), o capital que est sendo investido na atividade e no deixado no banco gerando juros (custo do capital empatado) e o custo da depreciao no esto embutidos nos custos apresentados, porque so variveis de acordo com cada regio.

    Coeficientes tcnicos para implantao e manuteno de 1 hectare de oliveira no primeiro ano

    No Quadro 6 esto apresentados os insumos e servios necessrios para a implantao de 1 hectare de olival no primeiro ano.

    Figura 30 - Embalagens para azeite

    NOTA: A - Azeite em embalagem de vidro; B - Azeite embalado em latas.

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    QUADRO 6 - Custo para implantao e manuteno para o primeiro ano (continua)Valor(R$)Especificao Unidade Quantidade

    Unitrio TotalMudas ud 417 7,00 2.919,00

    Subtotal A 2.919,00Fertilizantes e corretivos

    Calcrio t 5,0 110,00 550,00Adubo orgnico t 8,34 100,00 834,00Cloreto de potssio t 0,18 1.330,00 240,00Superfosfato simples t 0,21 650,00 137,00Fosfato natural t 0,21 650,00 137,00Sulfato de amnio t 0,4 830,00 332,00Brax t 0,009 2.500,00 22,50

    Subtotal B 2.252,50Defensivos

    Inseticida L 2,0 75,00 150,00Fungicida kg 5,0 40,00 200,00Formicida kg 10,0 10,00 100,00Herbicida L 20,0 15,00 300,00

    Subtotal C 750,00Servios

    Subsolagem (cruzada) h/t 8,0 80,00 640,00Arao h/t 4,0 80,00 320,00Calagem h/t 2,0 80,00 160,00Gradagem h/t 2,0 80,00 160,00Construo de curvas de nvel h/t 4,0 80,00 320,00Abertura de covas d/H 6,0 20,00 120,00Distribuio de adubo orgnico h/t 2,0 80,00 160,00Adubao d/H 2,0 20,00 40,00Plantio d/H 2,0 20,00 40,00Irrigao d/H 3,0 20,00 60,00Tutoramento d/H 2,0 20,00 40,00

    (1)Adubao em cobertura d/H 3,0 20,00 60,00Pulverizao d/H 12,0 20,00 240,00Capina qumica d/H 3,0 20,00 60,00Capina braal d/H 10,0 20,00 200,00Capina (mecnica e costal) h/t 10,0 80,00 800,00

    Subtotal D 3.420,00Outros

    Fitilho plstico kg 2,0 20,00 40,00Estacas de bambu ud 417 0,10 41,70

    Subtotal E 81 ,70Total do 1o ano(Subtotal A + B + C + D + E)

    - - - 9.423,20

    BT_Oliveira-FINAL.indd 51 21/8/2008 09:26:34

  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira52

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Coeficientes tcnicos para 1 hectare de oliveira no segundo ano

    No Quadro 7, esto apresentados os insumos e servios necessrios

    para a manuteno de 1 hectare de olival no segundo ano.

    NOTA: Espaamento (6,0 x 4,0 m) = 417 plantas/ha.h/t hora/trator; d/H dia/Homem.

    QUADRO 7- Custo para manuteno do segundo ano

    NOTA: Espaamento (6,0 x 4,0 m) = 417 plantas/ha.h/t hora/trator; d/H dia/Homem.

    (1) Quatro adubaes anuais.

    Valor(R$)Especificao Unidade Quantidade

    Unitrio TotalMudas ud 417 7,00 2.919,00

    Subtotal A 2.919,00Fertilizantes e corretivos

    Calcrio t 5,0 110,00 550,00Adubo orgnico t 8,34 100,00 834,00Cloreto de potssio t 0,18 1.330,00 240,00Superfosfato simples t 0,21 650,00 137,00Fosfato natural t 0,21 650,00 137,00Sulfato de amnio t 0,4 830,00 332,00Brax t 0,009 2.500,00 22,50

    Subtotal B 2.252,50Defensivos

    Inseticida L 2,0 75,00 150,00Fungicida kg 5,0 40,00 200,00Formicida kg 10,0 10,00 100,00Herbicida L 20,0 15,00 300,00

    Subtotal C 750,00Servios

    Subsolagem (cruzada) h/t 8,0 80,00 640,00Arao h/t 4,0 80,00 320,00Calagem h/t 2,0 80,00 160,00Gradagem h/t 2,0 80,00 160,00Construo de curvas de nvel h/t 4,0 80,00 320,00Abertura de covas d/H 6,0 20,00 120,00Distribuio de adubo orgnico h/t 2,0 80,00 160,00Adubao d/H 2,0 20,00 40,00Plantio d/H 2,0 20,00 40,00Irrigao d/H 3,0 20,00 60,00Tutoramento d/H 2,0 20,00 40,00

    (1)Adubao em cobertura d/H 3,0 20,00 60,00Pulverizao d/H 12,0 20,00 240,00Capina qumica d/H 3,0 20,00 60,00Capina braal d/H 10,0 20,00 200,00Capina (mecnica e costal) h/t 10,0 80,00 800,00

    Subtotal D 3.420,00Outros

    Fitilho plstico kg 2,0 20,00 40,00Estacas de bambu ud 417 0,10 41,70

    Subtotal E 81 ,70Total do 1o ano(Subtotal A + B + C + D + E)

    - - - 9.423,20

    OutrosFitilho plstico kg 2,0 20,00 40,00Estacas de bambu ud 417 0,10 41,70

    Subtotal E 81 ,70Total do 1o ano(Subtotal A + B + C + D + E) - - - 9.423,20

    (concluso)

    Valor(R$)Especificao Unidade Quantidade

    Unitrio TotalFertilizantes e corretivos

    Adubo orgnico t 8,34 100,00 834,00Cloreto de potssio t 0,09 1.330,00 120,00Sulfato de amnio t 0,47 830,00 390,00Brax t 0,046 2.500,00 115,00Sulfato de zinco t 0,021 3.200,00 67,00

    Subtotal A 1.526,00Defensivos

    Inseticida L 5,0 75,00 375,00Fungicida kg 7,0 40,00 280,00Formicida kg 10,0 10,00 100,00leo mineral L 5,0 10,00 50,00

    Subtotal B 805,00Servios

    Capina mecnica h/t 6,0 80,00 480,00Pulverizao d/H 26,0 20,00 520,00Adubao d/H 5,0 20,00 100,00Capina braal d/H 10,0 20,00 200,00

    Subtotal C 1.300,00Total do 2o ano(Subtotal A + B + C)

    - - - 3.631,00

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 53

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Coeficientes tcnicos para 1 hectare de oliveira no terceiro ano e nos demais

    No Quadro 8, esto apresentados os insumos e servios necessrios

    para a manuteno de 1 hectare de olival no terceiro ano e nos demais.

    NOTA: Espaamento (6,0 x 4,0 m) = 417 plantas/ha.h/t hora/trator; d/H dia/Homem.

    QUADRO 8 - Custo para manuteno do terceiro ano e os demais

    Valor(R$)Especificao Unidade Quantidade

    Unitrio Total

    Fertilizantes e corretivos

    Calcrio t 2,0 110,00 220,00

    Adubo orgnico t 8,34 100,00 834,00

    Superfosfato simples t 0,05 650,00 32,50

    Sulfato de amnio t 0,6 830,00 498,00

    Cloreto de potssio t 0,14 1.330,00 190,00

    Brax t 0,046 2.500,00 115,00

    Sulfato de zinco t 0,021 3.200,00 67,00

    Subtotal A 1.956,50

    Defensivos

    Inseticida L 7,0 75,00 525,00

    Fungicida kg 30,0 40,00 1200,00

    leo mineral L 8,0 10,00 80,00

    Formicida kg 9,0 10,00 90,00

    Subtotal B 1.895,00

    Servios

    Calagem h/t 1,0 80,00 80,00

    Capina mecnica h/t 9,0 80,00 720,00

    Pulverizao d/H 25,0 20,00 500,00

    Adubao d/H 4,0 20,00 80,00

    Capina braal d/H 9,0 20,00 180,00

    Poda d/H 5,0 20,00 100,00

    Subtotal C 1.660,00

    Total do 3o ano(Subtotal A + B + C) - - - 5.511,50

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira54

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

    Viabilidade econmica

    O Quadro 9 apresenta os valores gastos do primeiro ao dcimo ano

    em 1 hectare de oliveira, bem como os valores estimados de receitas que

    podem ser obtidos para esses mesmos perodos.

    (1) Incluindo custo de colheita (10 d/H, 20 d/H e 40 d/H). d/H dia/ Homem.

    QUADRO 9 - Anlise de viabilidade econmica de 1 hectare de oliveira at o dcimo ano

    REFERNCIAS

    BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Portal. Braslia, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 7 jul. 2007.

    IBGE. Banco de dados agregados. Rio de Janeiro, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 21 dez. 2007.

    Ano Produo(kg/ha)

    Valorunitrio

    Valortotal

    Total degastos

    Saldoanual

    Fluxo decaixa

    acumulado

    1o 000 000 000 9.423,20 - 9.423,20 - 9.423,20

    2o 000 000 000 3.631,00 - 3.631,00 -13.054,20

    3o 000 000 000 5.511,50 - 5.511,50 -18.565,70

    4o 2.500 3,00 7.500,00 (1)5.711,50 1.788,50 -16.777,20

    5o 5.000 3,00 15.000,00 (1)5.911,50 9.088,50 -7.688,70

    6o 10.000 3,00 30.000,00 (1)6.311,50 23.688,50 15.999,80

    7o 10.000 3,00 30.000,00 (1)6.311,50 23.688,50 39.688,3

    8o 10.000 3,00 30.000,00 (1)6.311,50 23.688,50 63.376,80

    9o 10.000 3,00 30.000,00 (1)6.311,50 23.688,50 87.065,30

    10o 10.000 3,00 30.000,00 (1)6.311,50 23.688,50 110.753,80

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  • Aspectos tcnicos da cultura da oliveira 55

    B o l e t i m T c n i c o , n . 8 8 , 2 0 0 8

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