cultivo in vitro, em tanques e no mar de kappaphycus alvarezii (rhodophyta, solieriaceae) em santa...

32
1 Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Aqüicultura Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina Gabriel Soares Mattar de Faria Florianópolis / SC 2008

Upload: gabriel-mattar

Post on 30-Jul-2015

109 views

Category:

Documents


14 download

DESCRIPTION

Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

TRANSCRIPT

Page 1: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

1

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Agrárias

Departamento de Aqüicultura

Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa

Catarina

Gabriel Soares Mattar de Faria

Florianópolis / SC

2008

Page 2: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

2

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Agrárias

Departamento de Aqüicultura

Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa

Catarina

Relatório de Estágio de Conclusão do

Curso de Engenharia de Aqüicultura

Gabriel Soares Mattar de Faria

Orientador: Profa. Dra. Zenilda L. Bouzon

Supervisor: Dra. Leila Hayashi

Laboratório de Algas Marinhas, CCB, UFSC

Florianópolis / SC

2008

Page 3: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

3

Agradecimentos

BAKOF E PIBIC CNPQ

Page 4: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

4

Sumário

1. Resumo ........................................................................................................................................... 5

2. Introdução ....................................................................................................................................... 7

3. Objetivos ....................................................................................................................................... 10

4. Material e Métodos ........................................................................................................................ 11

4.1 Infra-Estrutura da Câmara de Cultivo .......................................................................................... 11

4.2 Cultivo em laboratório ................................................................................................................. 11

4.3 Efeitos de Diferentes Concentrações de Sulfato ......................................................................... 12

4.4 Crescimento em Água Proveniente da Praia do Sambaqui ........................................................ 13

4.5 Efeitos de Diferentes Fontes de Nutrientes Comerciais .............................................................. 14

4.5.1 Uréia agrícola ........................................................................................................................... 14

4.5.2 Adubo NPK 15:15:20 ................................................................................................................ 14

5. Cultivo em Tanques ...................................................................................................................... 15

7. Cultivo Experimental no Mar ......................................................................................................... 16

8. Análises Estatísticas ..................................................................................................................... 17

9. Resultados e Discussão ................................................................................................................ 18

9.1 Cultivo em Laboratório ................................................................................................................ 18

9.1.1 Efeito de Diferentes Concentrações de Sulfato ........................................................................ 18

9.1.2 Crescimento em Água Proveniente da Praia do Sambaqui ..................................................... 20

9.2 Análise dos Efeitos de Diferentes Fontes de Nutrientes Comerciais ........................................... 23

9.2.1 Uréia Agrícola .......................................................................................................................... 23

9.2.2 Adubo NPK 15:15:20 ................................................................................................................ 25

10. Cultivo em Tanques .................................................................................................................... 26

11. Cultivo Experimental no Mar ....................................................................................................... 26

12. Considerações Finais .................................................................................................................. 28

13. Referências ................................................................................................................................. 29

Page 5: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

5

1. Resumo

O presente relatório refere-se às atividades desenvolvidas entre julho de 2007 a maio de 2008,

início da vigência da Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/UFSC), vinculada ao Projeto “Cultivo

Experimental de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) no litoral de Santa Catarina”,

realizado pela UFSC (CCB/ BEG), em parceria com a EPAGRI, USP e Instituto de Pesca de São Paulo.

Como a autorização para o início do cultivo experimental no mar foi concedida apenas em

dezembro de 2007, a instalação do módulo de cultivo foi realizada somente em fevereiro do presente

ano. Enquanto isto, experimentos em laboratório foram desenvolvidos para analisar o desempenho da

espécie em condições controladas. Estudos relacionados à sobrevivência das algas em água do mar

coletada na Praia do Sambaqui, consideradas ligeiramente eutrofizadas pelo cultivo de moluscos e

onde o módulo de cultivo foi instalado, foram realizados. Plantas incubadas nessa água por 14 dias

apresentaram baixas taxas de crescimento e sinais de “ice-ice”, doença degenerativa do talo, típica da

espécie. Entretanto, uma vez colocada novamente nas condições gerais de cultivo, essas recuperaram

as taxas de crescimento normais e o aspecto saudável. Diferentes concentrações de sulfato em meios

de cultura foram testadas para verificar a sobrevivência da espécie, uma vez que as carragenanas são

colóides altamente sulfatados. Plantas cultivadas com ausência de sulfato não sobreviveram e as que

foram cultivadas com acréscimo de sulfato apresentaram taxas de crescimento similares ao do

controle. Experimentos com diferentes fontes de nutrientes comerciais estão sendo realizados

inicialmente em laboratório para encontrar alternativas mais viáveis à solução von Stosch utilizada

tradicionalmente no cultivo in vitro da espécie. Os primeiros resultados indicam que a Uréia comercial

não é eficiente para a manutenção das plantas. Entretanto, o NPK tem mostrado resultados otimistas,

considerando que o objetivo principal não é o crescimento das plantas, mas a manutenção de

propágulos saudáveis nos cultivos em tanques. Este tipo de cultivo está sendo desenvolvido como uma

medida preventiva, uma vez que a espécie é proveniente de regiões tropicais e Santa Catarina possui

baixas temperaturas no inverno, sendo uma alternativa, caso seja necessário retirar as plantas do mar

Page 6: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

6

até que as condições ambientais se tornem novamente favoráveis. O módulo de cultivo ainda

apresenta problemas de adequação às condições da região. Diferentes alternativas de cultivo estão

sendo testadas de forma a solucionar estes problemas. Até o momento, a dispersão da espécie nos

costões e praias adjacentes não foi observada. A segunda etapa do projeto envolverá o

acompanhamento do ciclo anual do cultivo no mar (plantio, colheita e processamento) e a análise de

carragenana.

Palavras-Chave

Kappaphycus alvarezii, macroalgas marinhas, maricultura.

Page 7: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

7

2. Introdução

Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty ex P. C. Silva (Rhodophyta, Solieriaceae) é atualmente a

principal fonte de carragenana kappa, colóide utilizado amplamente pelas indústrias alimentícia,

farmacêutica e de cosméticos como agente espessante e estabilizante. A espécie, juntamente com

Eucheuma denticulatum (N.L. Burman) F.S. Collins & Hervey, responde por aproximadamente 88% da

matéria-prima mundial processada para produção de carragenana (McHugh 2003). A maricultura

dessas espécies no sul das Filipinas modificou em apenas 10 anos a fisionomia mundial da indústria de

carragenana, iniciada em escala comercial na década de 1940 e a partir de então, linhagens derivadas

desses cultivos foram introduzidas em mais de 20 países, com propósitos de maricultura (Areces 1995,

Paula & Pereira 1998, Paula et al. 1998, Paula 2001). Atualmente, a produção mundial de

carragenófitas provenientes dos cultivos das Filipinas, Indonésia e Tanzânia atingem a cifra anual de

150.000 toneladas, sendo 80% proveniente de K. alvarezii e 20% de E. denticulatum. A indústria de

carragenana possui mercado estimado de US$ 240 milhões (McHugh 2003).

Os principais fatores limitantes para a produção das algas são: a luz, os nutrientes, o

hidrodinamismo e as inter-relações bióticas. A maricultura de algas é feita geralmente em um sistema

extensivo, sem adição de nutrientes e tratamento com produtos químicos. A taxa de crescimento e a

produção têm sido amplamente utilizadas como os primeiros passos para avaliar o desempenho das

algas para fins de maricultura, considerando que as taxas de crescimento são intrínsecas a uma dada

espécie em resposta aos fatores ambientais. Do mesmo modo, a morfologia, as dimensões, a

resistência e a longevidade do talo, entre outras características fisiológicas e reprodutivas, têm sido

consideradas particularmente importantes em relação à seleção de técnicas e de locais de cultivo

(Paula 2001).

Os cultivos comerciais de Kappaphycus alvarezii são realizados em larga escala empregando

o sistema conhecido como "tie-tie", onde porções do talo são amarradas em cabos de cultivo e esses

são mantidos fixos ao fundo ou em sistemas flutuantes, como balsas ou "long-lines". A propagação de

Page 8: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

8

K. alvarezii é um processo de caráter contínuo baseado na sua multiplicação vegetativa através de

ciclos sucessivos de cultivo por 40 a 60 dias. Variações desse sistema têm sido testadas ainda sem

sucesso comercial, visando minimizar a mão-de-obra exigida (Areces 1995).

No Brasil, a espécie foi introduzida experimentalmente em 1995, no Instituto de Pesca da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Ubatuba, São Paulo), com o objetivo de desenvolver

estudos básicos (marinomia) como suporte para a implantação de cultivos comerciais no litoral

brasileiro, sendo aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) (Paula 2001).

Os resultados obtidos durante mais de 10 anos de experimentos evidenciam características

favoráveis das linhagens para o cultivo comercial no Brasil. Destacam-se: a adaptação da espécie na

região, com altas taxas de crescimento (entre 4,5% e 8,0% dia-1), bom teor de carragenanas durante

todo o ciclo anual (entre 20% e 40% de carragenana semi-refinada e entre 12% e 28% de carragenana

refinada) e a regularidade das variações sazonais desses dois parâmetros, que pode ser utilizada para

a previsão e o controle da produção. A sazonalidade do crescimento foi relacionada principalmente à

temperatura, e a herbivoria foi o principal fator limitante da espécie na região. Não foram observados

indícios de riscos ambientais (Hayashi 2001, Paula & Pereira 1998, 2003, Paula et al. 1999, Hayashi et

al. 2007a). Desde a sua introdução, diversos estudos foram realizados: a) cultivo in vitro e taxas

fotossintéticas (Erbert 2001, Paula et al. 2001), b) introdução no mar e maricultura (Paula 2001, Paula

& Pereira 1998, Paula et al. 2002, Paula & Pereira 2003, Hayashi 2007, Hayashi et al. 2007b), c) cultivo

integrado com camarões, moluscos e peixes (Lombardi et al. 2001a, 2001b, Hayashi 2007, Hayashi et

al. 2008b), d) teor e propriedades de carragenanas (Hayashi 2001, 2007, Hayashi et al. 2007a, Hayashi

et al. 2007b), e) cultura de tecidos e seleção de linhagens (Paula et al. 1999, Hayashi et al. 2008a), f)

aspectos reprodutivos e biológicos (Contador 2001, Bulboa & Paula 2005).

As altas taxas de crescimento e o comportamento previsível da produção de Kappaphycus

alvarezii observados no cultivo experimental realizado na região de Ubatuba, SP, sugerem a

Page 9: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

9

possibilidade de cultivo da espécie em grande parte do litoral brasileiro. O Estado de Santa Catarina foi

escolhido como um local promissor para desenvolver este projeto pela disponibilidade de espaços para

implantação de fazendas marinhas e por ser o Estado onde existe maior desenvolvimento da

maricultura e estrutura social voltada para produção de organismos marinhos, com uma infra-estrutura

de pesquisa e extensão (Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, Empresa de Pesquisa

Agropecuária e de Extensão Rural/ EPAGRI) que não encontra paralelo no país.

Uma vez que a autorização demorou a ser liberada, foram realizados alguns experimentos de

cultivo em laboratório para analisar o desempenho da espécie em condições controladas. Estudos

sobre a sobrevivência das algas em água do mar coletada na Praia do Sambaqui, consideradas

ligeiramente eutrofizadas pelo cultivo de moluscos, onde o módulo de cultivo foi instalado, foram

realizados. Além disso, diferentes concentrações de sulfato em meios de cultura foram testadas para

verificar a sobrevivência da espécie, uma vez que as carragenanas são colóides altamente sulfatados.

Foi iniciado o cultivo em tanques como uma medida preventiva, uma vez que a espécie é

proveniente de regiões tropicais e Santa Catarina possui baixas temperaturas no inverno. Esse tipo de

cultivo é uma alternativa, caso seja necessário retirar as plantas do mar até que as condições

ambientais se tornem novamente favoráveis. Por ser realizado em uma escala maior que o cultivo in

vitro, ocorre um alto consumo de nutrientes para manter as plantas saudáveis, o que torna essa fase

intermediária dispendiosa. Experimentos com diferentes fontes de nutrientes comerciais estão sendo

realizados inicialmente em laboratório para encontrar alternativas mais viáveis à solução von Stosch

utilizada tradicionalmente no cultivo in vitro da espécie. Uma vez encontrada a fonte mais adequada,

essa será testada nos tanques.

Page 10: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

10

3. Objetivos

Esse trabalho teve como objetivos:

� Montar uma infra-estrutura no Laboratório de Algas Marinhas (LAMAR), do Departamento de

Biologia Celular, Embriologia e Genética, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Santa Catarina, que suporte toda a biomassa produzida através das linhagens

trazidas do Laboratório de Algas Marinhas “Edison de Paula” da Universidade de São Paulo

� Produzir biomassa suficiente para os cultivos no mar

� Avaliar o crescimento das linhagens cultivadas em diferentes concentrações de sulfato

� Avaliar o crescimento das linhagens cultivadas em água do mar proveniente da Praia do

Sambaqui

� Avaliar o crescimento das linhagens cultivadas sob efeito de diferentes nutrientes comerciais

� Criar uma fase intermediária de cultivo em tanques

� Instalação do módulo de cultivo no mar

Page 11: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

11

4. Material e Métodos

4.1 Infra-Estrutura da Câmara de Cultivo

Uma das finalidades dos cultivos in vitro foi aumentar a biomassa das linhagens provenientes

de São Paulo até que a autorização para instalação do cultivo fosse concedida. Sendo assim, toda a

infra-estrutura da câmara de cultivo foi otimizada e adaptada para se criar as melhores condições de

crescimento da espécie. Para tanto, a irradiância foi aumentada com a instalação de mais lâmpadas, o

sistema de aeração foi aprimorado com a instalação de filtros intermediários para evitar a passagem de

óleo proveniente do compressor de ar, e as válvulas de aeração foram substituídas e adicionadas nas

prateleiras. Com a instalação de novas lâmpadas, houve um superaquecimento das prateleiras,

problema resolvido com isolamento térmico através de placas de isopor. Foi colocado ainda um ar

condicionado com controle termostático de temperatura, para garantir uma temperatura constante de

25°C no interior da câmara. Mangueiras de silicone foram instaladas para garantir a passagem da

aeração por todas as prateleiras.

Foi colocado ainda mais um conjunto de 4 prateleiras, para aumentar a capacidade da câmara

de cultivo, disponibilizando assim mais espaço para novos experimentos.

4.2 Cultivo em laboratório

Ramos de 5 linhagens diferentes (tetrasporófitos marrom, MR, verde, VD, vermelho, VM, e

gametófito feminino, FM, e linhagem “Edison de Paula”, EP) de Kappaphycus alvarezii foram

transferidas dos cultivos unialgáceos e livres de contaminantes realizados no Laboratório de Algas

Marinhas “Edison José de Paula” do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, para o

Laboratório de Algas Marinhas (LAMAR) do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética

(BEG/CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina. Esses ramos estão sendo cultivados em água

do mar esterilizada (34 ± 1 ups) enriquecida com solução von Stosch 50% (VS 50, segundo McLachlan

1973), em fotoperíodo de 12 h, temperatura de 25°C (±1°C), fluxo fotônico de 100 (±10) µmol fótons.

Page 12: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

12

m-2. s-1 e aeração constante. Os cultivos são realizados para produção de mudas de 10 a 20 g de

biomassa úmida e, uma vez atingida a biomassa, as mudas são mantidas em tanques até serem

transferidas para o cultivo no mar, localizado na Praia do Sambaqui (Florianópolis, Santa Catarina).

4.3 Efeitos de Diferentes Concentrações de Sulfato

Estudos prévios foram realizados para escolher o meio de cultura mais adequado para os

experimentos. Ramos da linhagem VD com biomassa inicial de 0,5 g foram cultivados em 200 mL dos

seguintes meios de cultura: água do mar sem sulfato enriquecida com solução VS 50 sem sulfato, água

do mar esterilizada e enriquecida com solução VS 50 e água do mar artificial (Pueschel & West 2007)

enriquecida com solução VS 50, segundo as condições gerais de cultivo em laboratório descritas acima

(item 4.1). O sulfato foi removido da água do mar segundo metodologia modificada descrita por

Grasshoff et al. (1983). Para cada tratamento, foram feitas 4 repetições e os cultivos foram mantidos

por 15 dias.

Após os experimentos prévios, ramos das linhagens MR e VD foram cultivados em meios de

cultura com diferentes concentrações de sulfato. Ápices com biomassa fresca total de 0,5 g foram

cultivados em 200 mL de meio de cultura, perfazendo um total de quatro repetições para cada

linhagem, por um período de 28 dias. Foram testados: água do mar esterilizada sem sulfato

enriquecida com solução VS 50 sem sulfato e água do mar esterilizada enriquecida com solução VS 50

e 80 mM de sulfato de sódio. Como controle, foi utilizada água do mar esterilizada enriquecida com

solução VS 50. Semanalmente, os meios de cultura foram renovados, as algas foram pesadas e as

TCs foram calculadas. No final do experimento, foi observado aumento da salinidade (38 ups) nos

meios de cultura com acréscimo de sulfato de sódio. Sendo assim, o experimento foi repetido,

controlando a salinidade desse tratamento

Page 13: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

13

4.4 Crescimento em Água Proveniente da Praia do Sambaqui

Ramos das linhagens de MR, VD, VM e FM foram cultivados nas condições gerais de cultivo

em laboratório descritas acima (item 4.1) em água do mar coletada na Praia do Sambaqui. Plantas com

biomassa fresca total aproximada de 15 g foram cultivadas em 3 L de água por 14 dias, perfazendo um

total de três repetições para cada linhagem. Como controle, foi utilizado água do mar sem algas. No

final do experimento, as algas foram pesadas e as TCs foram calculadas.

Após o período experimental, aproximadamente 5 g de biomassa de cada linhagem foi isolada

e cultivada em água do mar esterilizada com regime alternado de nutrientes: uma semana com o

acréscimo de solução de VS 50 e outra semana sem. Para cada linhagem, foram feitas 3 repetições.

Page 14: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

14

4.5 Efeitos de Diferentes Fontes de Nutrientes Comerciais

As concentrações estabelecidas para os fertilizantes comerciais foram baseadas na

concentração de nitrogênio utilizada na solução von Stosch.

4.5.1 Uréia agrícola

Ramos com biomassa inicial de 0,5 g da linhagem marrom foram cultivados com água do mar

esterilizada enriquecida com diferentes concentrações de Uréia Agrícola (com 45% de nitrogênio –

Ultraverde): a) 50% (4 mg L-1) b) 100% (8 mg L-1) e c) 200% (16 mg L-1). Como controle, foi utilizado

água do mar esterilizada enriquecida com solução VS 50. Dois regimes nutricionais foram testados:

pulso de nutrientes de 3 dias e acréscimo de nutrientes em semanas alternadas (uma semana de

cultivo com nutrientes e outra semana apenas com água do mar esterilizada). Para cada tratamento,

foram feitas 3 repetições. Os experimentos foram realizados por um período de 35 dias.

Semanalmente, os meios de cultura foram renovados, as algas foram pesadas e as TCs foram

calculadas.

4.5.2 Adubo NPK 15:15:20

Experimentos prévios foram realizados para analisar o desempenho da espécie quando

cultivada com esse fertilizante. Ramos da linhagem VD com biomassa inicial de 1g foram cultivados em

500 mL de água do mar esterilizada enriquecida com solução NPK (Sempre Verde). Foi utilizada uma

solução padrão de NPK na concentração de 5,83g L-1; entretanto, a quantidade utilizada não diluiu

completamente em água destilada, sendo necessário filtrar os resíduos. A solução final foi

acrescentada na água do mar esterilizada utilizada nos cultivos, na mesma proporção da solução VS

50 (4 mL L-1). O experimento teve duração de 35 dias, e foram feitas 3 repetições. Os meios de cultura

foram renovados semanalmente, momento em que as algas foram pesadas e as TCs foram calculadas.

Atualmente, estão sendo realizados experimentos com diferentes concentrações e regimes

nutricionais, como descrito no experimento da Uréia (dados não apresentados).

Page 15: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

15

5. Cultivo em Tanques

Foram instalados 4 tanques circulares de polietileno de 500 L (BAKOF TEC), interligados entre

si através de canos de PVC. Foram colocadas telas plásticas circulares com malha de 1,0 cm a uma

distância de 30 cm do fundo do tanque de forma a permitir que as algas permaneçam no meio da

coluna de água. A circulação da água é feita entre os tanques com bomba submersa de 23 watts e

capacidade de vazão de 1200 L h-1. A temperatura da água nos tanques é mantida com termostato em

aproximadamente 25 ± 1 ºC, salinidade em 35 ups e aeração constante. Os tanques são mantidos

dentro de uma casa de vegetação e protegidos da chuva. O sistema de cultivo é fechado, sem adição

de nutrientes e com renovação de água após períodos superiores a 30 dias (Figura 1).

Page 16: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

16

Havendo a necessidade de corrigir a salinidade, água de torneira com anticloro instantâneo

fabricado pela Empresa Mania de Peixes Ornamentais Ltda. é adicionada nos tanques para manter a

salinidade em 35 ups.

7. Cultivo Experimental no Mar

Os cultivos estão sendo realizados na Praia do Sambaqui, localizada na Baía Norte da Ilha de

Santa Catarina, em uma área experimental de cultivo de moluscos do Departamento de Aqüicultura da

UFSC.

O módulo de cultivo é composto por 13 quadras de 4 x 3 m, compostas por canos de PVC e

cabos multifilamento. Em cada quadra estão presos oito cabos monofilamento de cultivo. Em cada

cabo, 17 mudas de biomassa média de 20 g foram amarradas com espaçamento entre elas de 20 cm.

Abaixo da estrutura foi colocada uma rede de nylon com o objetivo de proteger as algas contra

eventuais herbívoros e evitar a dispersão e perda no ambiente (Figura 2).

Figura 1 Estrutura do cultivo em tanques de Kappaphycus alvarezii

Page 17: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

17

Em cada extremidade da balsa foram colocadas poitas de 800 kg, confeccionadas de concreto

e ferro, além de bóias de sinalização.

Estão sendo testados diferentes tipos de amarrações das plantas e dos cabos de cultivo.

8. Análises Estatísticas

As TCs das diferentes linhagens foram analisadas segundo Análise de Variância (ANOVA) uni

ou multifatorial, e teste a posteriori de Duncan (multifatorial) ou Tukey (unifatorial) ou Unequal N (n

diferentes). TCs dos cultivos em tanques foram correlacionadas com temperatura e salinidade segundo

correlação de Spearman R. Todas as análises foram realizadas no Programa Statisitica (versão 6.0) ,

considerando p< 0,05.

Figura 2 Módulo de cultivo de Kappaphycus alvarezii instalado na Praia do Sambaqui. A. Visão geral B. Visão de uma quadra.

A B

Page 18: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

18

9. Resultados e Discussão 9.1 Cultivo em Laboratório 9.1.1 Efeito de Diferentes Concentrações de Sulfato

Experimentos prévios demonstraram que algas cultivadas em água do mar sem sulfato

enriquecida com solução VS 50 sem sulfato não conseguiram sobreviver após 7 dias de cultivo, e as

TCs média em água do mar artificial enriquecida com VS 50 (0,23 - 1,24% dia-1) foram

significativamente menores do que as do controle (água do mar esterilizada enriquecida com VS 50 –

7,91 - 10,37 % dia-1). Plantas do controle apresentaram ainda TCs significativamente maiores em 14

dias de cultivo que em 7 dias (Figura 3).

Figura 3 – Taxas de crescimento (TC % dia-1) da linhagem verde cultivada por 14 dias em água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50% (controle), água do mar artificial enriquecida com solução von Stosch 50% (artificial) e água do mar sem sulfato enriquecida com solução von Stosch 50% sem sulfato (sem SO4). Valores apresentados em médias (n=4); as barras verticais representam o intervalo de confiança e as letras as diferenças significativas entre o período de cultivo (minúsculas) e entre tratamento e controle (maiúscula), segundo teste a posteriori de Newman-Keuls.

0

2

4

6

8

10

12

7 14

período de cultivo (dias)

TC

(%

dia

-1)

Controle

Artificial

Sem SO4a A

b A

Sem SO4

BB

Após os experimentos prévios, ramos das linhagens MR e VD foram cultivados em meios de

cultura com diferentes concentrações de sulfato. Ramos de ambas as linhagens não sobreviveram

quando cultivados em água do mar sem sulfato enriquecida com solução VS 50 sem sulfato (Figura 4).

Não foram observadas diferenças significativas entre as TCs de plantas cultivadas no tratamento

Page 19: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

19

controle (água do mar enriquecida com solução VS 50) e com acréscimo de sulfato em ambas

linhagens, após 28 dias de cultivo. O sulfato não é considerado um fator limitante para o crescimento

das algas em condições normais devido a sua abundância no mar, e pouca atenção tem sido dada a

sua influência nos cultivos de algas marinhas. Essa abundância provavelmente explique as TCs

similares entre controle e tratamento com 80 mM de sulfato de sódio, quantidade 3 vezes maior que a

normalmente encontrada na água do mar (25 mM) (DeBoer 1981). Entretanto, a ausência de sulfato no

meio de cultura foi limitante na sobrevivência da espécie.

Nos primeiros 7 dias de cultivo a linhagem VD do controle apresentou TC média (8,71 ± 2 %

dia-1) significativamente maior do que a linhagem MR do controle (5,90 ± 1,43 % dia-1) ; no período

restante, não foram observadas diferenças significativas entre as linhagens (Figura 5).

A alta salinidade não interferiu nas taxas de crescimento uma vez que os mesmos resultados

foram obtidos após repetir o experimento, regulando a salinidade para 33 ups.

A carragenana é um dos principais componentes da parede celular de K. alvarezii e sua

funcionalidade é diretamente relacionada ao seu grau de sulfatação (Goulard & Diouris 2005). Apesar

da adição de sulfato não ter interferido na TC da espécie, existe a possibilidade de alteração na

Figura 4 Ramos de linhagens de Kappaphycus alvarezii cultivados em água do mar sem sulfato enriquecida com solução VS 50 sem sulfato. A. Linhagem marrom e B. Linhagem verde. Escala = 1 cm

A B

Page 20: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

20

qualidade da carragenana e na estrutura da parede celular. Por esse motivo, após o encerramento dos

experimentos, amostras foram separadas para posterior análise de Microscopia Óptica e Eletrônica, e

qualidade de gel.

Figura 5 – Taxas de crescimento (TC % dia-1) das linhagens marrom (MR) e verde (VD) cultivadas por 28 dias em água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50% (controle) e água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50% acrescida de 80 mM de sulfato de sódio (Sulfato). Valores apresentados em médias (n=4); as barras verticais representam o intervalo de confiança e as letras as diferenças significativas entre as linhagens, segundo teste a posteriori de Newman-Keuls.

0

2

4

6

8

10

12

7 14 21 28

período de cultivo (dias)

TC

(%

dia

-1)

Controle MR

Sulfato MR

Controle VD

Sulfato VD

a

b

'

9.1.2 Crescimento em Água Proveniente da Praia do Sambaqui

As TCs média das linhagens incubadas em água do mar proveniente da Praia do Sambaqui

foram mais baixas (1,20 - 2,64 % dia-1) que as observadas normalmente em cultivo in vitro (Paula et al.

2001; Bulboa & Paula 2005). As TCs foram significativamente menores em 14 dias de cultivo somente

para as linhagens MR e VD. Não foram observadas diferenças significativas entre as linhagens (Figura

6). Após o período de incubação, foi observado despigmentação das plantas de todas as linhagens e

sinais de “ice-ice”, doença degenerativa do talo associada ao estresse (Figura 7). Provavelmente, essa

diminuição das TCs e despigmentação seja devido a limitação de nutrientes, uma vez que a água do

Page 21: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

21

mar onde as algas foram incubadas não foi renovada durante todo o período experimental. De acordo

com DeBoer (1981), a diminuição do conteúdo de pigmentos fotossintetizantes é uma das respostas

das algas a deficiência de nutrientes. Esta deficiência pode ter sido provocada ainda por competição

com outros microorganismos, uma vez que a água utilizada na incubação não foi filtrada nem

esterilizada.

Figura 6 - Taxas de crescimento das linhagens tetrasporofíticas marrom (MR), verde (VD) e vermelha (VM) e gametófito feminino (FM), incubadas por 14 dias em água do mar coletada da Praia do Sambaqui. Valores apresentados em média (n=3); as barras verticais apresentam os intervalos de confiança, e as letras as diferenças significativas entre os períodos de incubação de acordo com o teste a posteriori de Newman-Keuls.

0

1

2

3

4

7 14

período de incubação (dias)

TC

(%

dia

-1)

MR

VD

VM

FM

aA

b

B

Figura 7 Linhagens de Kappaphycus alvarezii incubadas por 14 dias em água do mar proveniente da Praia do Sambaqui. A. Linhagem marrom, B. Linhagem verde, C. Linhagem vermelha e D. Linhagem feminina. Escala = 1 cm.

A B C D

Page 22: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

22

Após o período de incubação, as plantas foram cultivadas em água do mar esterilizada

enriquecida com solução VS 50, por 28 dias. Após 1 semana de aclimatação, todas as linhagens

recuperaram as TCs médias normalmente descritas para a espécie cultivadas in vitro (Paula et al.

2001; Bulboa & Paula 2005), com TCs máximas em 21 dias. Entretanto, em 28 dias de cultivo, as TCs

diminuíram significativamente para todas as linhagens, indicando provável limitação de espaço dentro

do frasco onde foram cultivadas (Figura 8. Segundo Paula et al. (2001), as maiores TCs são

observadas quando a biomassa de alga total é inferior a 10 g L-1 de meio de cultura.

Figura 8 - Taxas de crescimento das linhagens tetrasporofíticas marrom (MR), verde (VD) e vermelha (VM) e gametófito feminino (FM), cultivadas por 28 dias em água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50%, após incubação por 14 dias em água do mar coletada da Praia do Sambaqui. Valores apresentados em média (n=3); as barras verticais apresentam os intervalos de confiança, e as letras as diferenças significativas entre os períodos de incubação de acordo com o teste a posteriori de Newman-Keuls.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

7 14 21 28

período de cultivo (dias)

TC

(%

dia

-1)

MR

VD

VM

FM

a

bc

bd

ac

A

B

a

b

A

B

Não foram observadas diferenças significativas entre as linhagens durante todo o período

experimental (Figura 6 e 9).

Page 23: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

23

Figura 9 - Taxas de crescimento das linhagens tetrasporofíticas marrom (MR), verde (VD) e vermelha (VM) e gametófitos feminino (FM), cultivadas por 28 dias em água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50%, após incubação por 14 dias em água do mar coletada da Praia do Sambaqui. Valores apresentados em média (n=3) e as barras verticais apresentam os intervalos de confiança.

0

1

2

3

4

5

MR VD VM FM

linhagem

TC

(%

dia

-1)

9.2 Análise dos Efeitos de Diferentes Fontes de Nutrientes Comerciais 9.2.1 Uréia Agrícola

Tanto no regime de pulso de nutrientes por 3 dias quanto no regime de semanas alternadas, as

TCs foram significativamente maiores na primeira semana para todos os tratamentos (Tabela 1).

Plantas cultivadas em uréia a 100% e 200% em regime de semanas alternadas apresentaram

diferenças significativas em relação ao controle em 7 e 35 dias de cultivo. Para plantas cultivadas em

regime de pulso, não foram observadas diferenças significativas em relação ao controle. Após 35 dias

de cultivo, praticamente todas as plantas dos tratamentos com uréia morreram. Entretanto, maior

incidência de “ice-ice” foi observada durante todo o período experimental em plantas cultivadas no

regime de semanas alternadas. Provavelmente, as plantas cultivadas nesse regime ficaram mais

susceptíveis ao desbalanço nutricional de fósforo/nitrogênio, uma vez que a uréia utilizada nos

tratamentos era composta apenas por 45% de nitrogênio, sem nenhum outro elemento mineral. Plantas

cultivadas em pulso de 3 dias, possuíam maior tempo hábil para recuperarem o balanço, embora

parcialmente, uma vez que possuíam apenas os nutrientes disponíveis naturalmente na água do mar.

Foi observado que a utilização de uréia como única fonte de nutrientes é prejudicial ao

Page 24: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

24

desenvolvimento da espécie, sendo necessário o acréscimo de outros elementos minerais. De fato,

Navarro-Ângulo & Robledo (1999), em estudos sobre efeitos de fontes de nitrogênio, proporção N:P e

concentração de pulso de nitrogênio no crescimento de Gracilaria cornea, relatam maiores taxas de

crescimento quando a relação de N:P era de 10:1 do que 10:0 em solução Provasoli (PES). Segundo

estes autores, plantas cultivadas com meio de cultura PES com relação N:P 10:0 conseguiram

sobreviver, porém apresentaram coloração pálida a partir de duas semanas de cultivo. No presente

experimento, como apenas uréia foi fornecida, sem outra solução de nutrientes, as plantas não

sobreviveram.

Tabela 1 – Taxas de crescimento da linhagem marrom cultivada por 35 dias em regime de pulso de nutrientes por 3 dias (P) ou em semanas alternadas (A), em diferentes concentrações de uréia comercial: a) 50% (U50P e U50A), b) 100% (U100P e U100A) e c) 200% (U200P e U200A). Como controle, foi utilizado água do mar esterilizada enriquecida com solução von Stosch 50% (CP e CA). Valores apresentados em médias (n=3) ± intervalo de confiança. Os asteriscos indicam as diferenças significativas entre os períodos de cultivo e as letras, as diferenças entre controles e tratamentos, segundo teste a posteriori de Newman-Keuls.

Período de cultivo (dias) Tratamento 7 14 21 28 35

CP 3,34% ∗ ± 0,31

0,68% ± 0,30

1,25% ± 0,98

1,17% ± 1,77

1,03% ± 0,57

CA 7,15% ∗a

± 1,03 2,98% ± 1,16

2,79% ± 1,01

2,93% ± 0,20

3,31% a

± 0,45

U50P 3,73% ∗ ± 0,64

0,76% ± 0,26

0,00% ± 0,00

1,49% ± 1,27

0,00% ± 0,00

U50A 3,50% ∗ ± 0,27

1,17% ± 0,11

0,00% ± 0,00

0,37% ± 0,09

0,00% b

± 0,00

U100P 3,28% ∗ ± 0,74

0,59% ± 0,06

0,21% ± 0,19

0,53% ± 0,51

0,10% ± 0,17

U100A 3,70% ∗b

± 0,64 0,59% ± 0,53

0,15% ± 0,26

0,22% ± 0,38

0,00% b

± 0,00

U200P 3,19% ∗ ± 0,40

1,03% ± 0,32

0,21% ± 0,36

0,18% ± 0,31

0,00% ± 0,00

U200A 4,74% ∗b

± 0,68 0,44% ± 0,29

0,17% ± 0,29

0,38% ± 0,65

0,12% b ± 0,21

Page 25: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

25

9.2.2 Adubo NPK 15:15:20

Experimentos prévios indicam que ramos da linhagem VD cultivados em NPK na concentração

de 50% apresentaram TC média entre 0,82 – 2,41% dia-1. As TCs em 7 e 14 dias foram

significativamente maiores que no período restante (Figura 10). Em todo o período experimental,

nenhuma planta apresentou sinais de “ice-ice” e ao término do experimento, foi observada alteração na

tonalidade das plantas de verde escuro para verde amarronzado. Essa mudança de tonalidade está de

acordo com o observado por Navarro-Ângulo & Robledo (1999) em Gracilaria cornea cultivada em meio

de cultura com relação N:P 10:10, similar ao utilizado no presente experimento.

As TCs observadas estão dentro do esperado para o propósito inicial de manter as plantas

saudáveis com fertilizantes comerciais de baixo custo. Experimentos testando concentrações mais

altas de NPK e diferentes regimes de nutrientes (contínuo ou em pulso) estão em andamento.

Figura 10 – Taxas de crescimento da linhagem verde cultivada por 35 dias em água do mar esterilizada enriquecida com solução NPK 50% (5,83g L-1). Valores apresentados em médias (n=3). As barras verticais representam o intervalo de confiança e as letras, as diferenças significativas de acordo com teste a posteriori de Newman-Keuls.

0

1

2

3

7 14 21 28 35

período de cultivo (dias)

TC

(%

dia

-1)

a ca

b

bb d

Page 26: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

26

10. Cultivo em Tanques

Desde o início do cultivo nos tanques, algumas alterações tiveram que ser realizadas de forma

a aprimorar o sistema de cultivo. Foi instalado um filtro de partículas sólidas de forma a melhorar a

qualidade da água. As algas apresentaram uma coloração pálida com as pontas despigmentadas após

um período de 30 dias de cultivo sem renovação de água. Possivelmente, esse aspecto possa estar

relacionado à baixa disponibilidade de nutrientes e a alta incidência de luz. Segundo Werlinger & Alveal

(1995) se a incidência de luz ultrapassa os limites máximos, ocorre a despigmentação e debilitação dos

talos das algas, e redução nas TCs. A irradiância excessiva causa foto-oxidação dos pigmentos e

posterior destruição dos cloroplastos e proteínas internas da planta.

Como uma tentativa melhorar o desempenho da espécie nesse sistema, foi colocada tela

sombrite (25% de passagem de luz) em cima dos tanques para diminuir a incidência de radiação solar

e solução VS 50 foi adicionada diretamente nos tanques. Entretanto, como a água do mar utilizada não

é esterilizada, houve uma proliferação excessiva de outros microorganismos, como colônias de

cianobactérias, ocasionando alta turbidez da água e prejudicando a incidência de luz. Sendo assim,

pulsos de nutrientes em recipientes plásticos de 50 L foram realizados com água do mar enriquecida

com solução VS 50 por 7 dias em aeração constante. Após esse período, as linhagens foram

transferidas novamente para os tanques.

Atualmente, o regime de pulsos de nutrientes associado a menor incidência de luz tem

apresentado resultados satisfatórios. As plantas estão se mantendo saudáveis por períodos superiores

a 30 dias sem renovação de água. Materiais precipitados no fundo dos tanques são sifonados quando

observados em excesso.

11. Cultivo Experimental no Mar

Embora existam procedimentos padrões para o cultivo de K. alvarezii, deve-se considerar que

a maioria dos protocolos de cultivo, como espaçamento dos propágulos no cabo de cultivo, período de

Page 27: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

27

crescimento, tamanho do propágulo, profundidade e distância entre cabos de cultivo são específicos de

cada região e época do ano. Assim, diversos experimentos devem ser realizados para se determinar as

metodologias mais adequadas que garantam uma alta produtividade ao longo do ano (Ask & Azanza

2002). A região da Praia do Sambaqui possui características bem diferentes da Baía de Itaguá, em

Ubatuba, São Paulo. Essas características incluem maior força de água e maior influência às variações

de correntes. Esses fatores contribuíram para a dificuldade em estabelecer o cultivo na região, uma vez

que amarrações das plantas iguais às utilizadas em Ubatuba não foram eficientes em Florianópolis.

Foram testados diversos tipos de amarrações, com diferentes materiais, porém todos

provocaram a ruptura das plantas devido à força da água (Figura 11).

Atualmente, a amarração que parece estar funcionando para manter as algas nos cabos de

cultivo de monofilamento é realizada através de cabos multifilamento. Esse cabo, por ser mais macio,

evita a ruptura da alga, mesmo quando a força da água é intensa, o que não foi observado quando se

utilizava fitilhos de plástico (tradicional “tie-tie”). Por outro lado, amarrações com ganchos feitos com

cabo monofilamento, como os utilizados em Ubatuba, mantinham as plantas muito expostas à

superfície, causando “ice-ice”. Esse tipo de amarração é bem eficiente para plantas do tamanho de

propágulos comerciais, entre 150 a 200g. No presente estudo, as plantas foram transferidas para o mar

em tamanhos que variavam de 10 a 20 g.

Figura 11 Principais amarrações testadas no cultivo experimental de Kappaphycus alvarezii realizado na Praia do Sambaqui.

Page 28: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

28

Incrustações também foram freqüentes, e na rede colocada abaixo do módulo de cultivo, foi

observada uma grande quantidade de Hypnea musciformis. Até o momento, não foi notada a ação de

herbívoros e a dispersão da espécie nos costões e praias adjacentes não foi observada.

Devido a todos os problemas expostos, não foi possível iniciar os experimentos de crescimento

no mar, que está previsto para iniciar após o período de inverno, mais crítico para os cultivos.

12. Considerações Finais

O cultivo estabelecido na Praia do Sambaqui ainda apresenta problemas de adequação do

módulo de cultivo às condições da região. Por esse motivo, experimentos de crescimento e

produtividade das diferentes linhagens ainda não foram realizados. Além disso, com a proximidade do

inverno, época crítica para o crescimento das algas em Santa Catarina devido às baixas temperaturas,

considera-se prudente observar o desempenho da espécie nessas condições para então iniciar tais

experimentos, previstos para agosto do presente ano.

Em relação ao cultivo em tanques, a proposta inicial de estabelecer condições de cultivo que

mantivesse as plantas saudáveis foi cumprida. O propósito de se manter as plantas e não crescê-las se

deve principalmente a inviabilidade financeira de manter grande biomassa estocada por períodos de

condições desfavoráveis no mar. Entretanto, alguns ajustes ainda devem ser realizados, principalmente

em relação à utilização de fertilizantes comerciais de baixo custo e freqüência de pulso de nutrientes.

Os resultados parciais dos experimentos de cultivo em tanques e de incubação com água

proveniente na Praia do Sambaqui serão apresentados no VIII Congresso de Ficologia da América

Latina e do Caribe, que será realizado nos dias 21 a 29 de agosto, em Lima, Peru.

Page 29: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

29

13. Referências

Areces A.J. 1995. Cultivo comercial de carragenófitas del genero Kappaphycus Doty. In: Alveal K.,

Ferrario M.E., Oliveira E.C. & Sar E. (eds). Manual de Métodos Ficológicos. Universidad de

Concepción, Concepción, Chile. pp 529-549

Ask E.I. & Azanza R.V. 2002. Advances in cultivation technology of commercial eucheumatoid species:

a review with suggestions for future research. Aquaculture 206: 257-277

Bulboa C.R. & Paula E.J. 2005. Introduction of non-native species of Kappaphycus alvarezii

(Rhodophyta, Gigartinales) in subtropical waters: comparative analysis of growth rates of

Kappaphycus alvarezii and Kappaphycus striatum in vitro and in the sea in south-eastern Brazil.

Phycol. Res. 53: 183-188

Contador C.R.B. 2001. Aspectos reprodutivos e biológicos de Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty ex

Silva e Kappaphycus striatum (Schmitz) Doty (Gigartinales, Rhodophyta). Bases para introdução e

cultivo de espécies exóticas no litoral brasileiro. Dissertação de Mestrado. Universidade de São

Paulo, São Paulo. 84pp

DeBoer J.A. 1981. Nutrients. In: Lobban C.S. & Wynne M.J. (eds). The Biology of Seaweeds. Blackwell

Scientific Publications, UK. 356-392.

Erbert C. 2001. Crescimento e taxas fotossintéticas da espécie de alga exótica produtora de

carragenanas Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty ex Silva (Rhodophyta, Gigartinales). Dissertação

de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 79pp

Goulard F. & Diouris M. 1998. Biosynthèse des polysaccharides pariétaux des algues rouges

(carraghénanes et agars). Regard sur la Biochimie 4: 51-60

Grasshoff K., Ehrhardt M. & Kremling K. 1983. Methods of seawater analysis. 2nd edition. Verlag

Chemie, Weinheim, New York. 419p.

Page 30: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

30

Hayashi L. 2001. Extração, teor e propriedades de carragenana de Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty

ex P. Silva, em cultivo experimental em Ubatuba, SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de

São Paulo, São Paulo. 83pp

Hayashi L. 2007. Contribuição à maricultura da alga vermelha Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta,

Solieriaceae) para produção de carragenanas. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo,

São Paulo. 100pp.

Hayashi L., Paula E.J. & Chow F. 2007a. Growth rates and carrageenan analysis of four strains of

Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Gigartinales) farmed in the subtropical waters of São Paulo

State, Brazil. J.Appl.Phycol. 19: 393-399

Hayashi L., Oliveira E.C., Bleicher-Lhonneur G., Boulenguer P., Pereira R.T.L., von Seckendorff R.,

Shimoda V.T., Leflamand A., Vallée P. & Critchley A.T. 2007b. Carrageenan analyses of

Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) cultivated in different conditions in Ubatuba Bay,

São Paulo, Brazil. J. Appl.Phycol. 19: 505-511

Hayashi L., Yokoya N.S., Kikuchi D.M., Oliveira E.C. 2008a. Callus induction and micropropagation

induced by colchicine and phytoregulators in Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae).

J.Appl.Phycol. (in press).DOI:10.1007/s10811-007-9234-z

Hayashi L., Yokoya N.S., Ostini S., Pereira R.T.L., Braga E.S., Oliveira E.C. 2008b. Nutrients

removed by Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) in integrated cultivation with fishes

in re-circulating water. Aquaculture 277: 185-191.

Hurtado A.Q., Bleicher-Lhounner G. & Critchley A.T. 2005. Kappaphycus “cotonii” farming. Food

Ingrediets/BL Texturant Systems. Degussa Texturant Systems France SAS. 26pp.

Lignell A. & Pedersén M. 1989. Ágar composition as a function of morphology and growth rate. Studies

on some morphological strains of Gracilaria secundata and Gracilaria verrucosa (Rhodophyta).

Botanica Marina 32:219-227

Page 31: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

31

Lombardi J.V., Marques H.L.A. & Barreto O.J.S. 2001a. Floating cages in open sea water: an

alternative for promoting integrated aquaculture in Brazil. W. Aquaculture. September: 47-50

Lombardi J.V., Marques H.L.A., Barreto O.J.S., Gelli V.C., Pereira R.T.L. & Paula E.J. 2001b. Floating

cages an alternative for growing the marine shrimp Litopenaeus vannamei in open sea water.

World Aquaculture Society. Book of Abstracts. Florida. USA., pp 384

McHugh D.J. 2003. A guide to the seaweed industry. FAO Fisheries Technical Paper. Food and

Agriculture Organization of the United Nations, Rome. 105pp

McLachlan J. 1973. Growth media-marine. In: Stein J.R. (ed.) Handbook of Phycological Methods.

Culture Methods and Growth Measurements. Cambridge University Press, Cambridge. 25-51

Navarro-Angulo L. & Robledo D. 1999. Effects of nitrogen source, N:P ratio and N-pulse concentration

and frequency on the growth of Gracilaria cornea (Gracilariales, Rhodophyta) in culture.

Hydrobiologia 389/399: 315-320

Oliveira E.C., Paula E.J. & Berchez F.A.S. 1989. Essays on the cultivation of tropical red seaweeds in

tanks. In: Oliveira E.C., Kautsky N. (eds.). Cultivation of seaweeds in Latin America. Workshop –

Univ. S. Paulo/Int. Foundation for Science. S. Sebastião, SP. Brasil. 79-87

Paula E.J. 2001. Marinomia da alga exótica, Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta), para produção de

carragenanas no Brasil. Tese de Livre-Docência. Universidade de São Paulo, São Paulo. 39pp.

Paula E.J. & Pereira R.T.L. 1998. Da "marinomia" maricultura da alga exótica Kappaphycus alvarezii

para produção de carragenanas no Brasil. Panorama da Aqüicultura 8: 10-15

Paula E.J. & Pereira R.T.L. 2003 Factors affecting growth rates of Kappaphycus alvarezii (Doty) Doty

ex. P. Silva (Rhodophyta, Solieriaceae) in subtropical waters of São Paulo State, Brazil. In:

Chapman A.R.O., Anderson R.J., Vreedland V.J. & Davison I.R. (eds) Proceedings of the 17th

International Seaweed Symposium, Cape Town. Oxford. Oxford University Press. pp 381-388

Paula E.J., Pereira R.T.L. & Ostini S. 1998. Introdução de espécies exóticas de Eucheuma e

Kappaphycus (Gigartinales, Rhodophyta) para fins de maricultura no litoral brasileiro: abordagem

Page 32: Cultivo in vitro, em tanques e no mar de Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) em Santa Catarina

32

teórica e experimental. In: Paula E.J., Cordeiro-Marinho M., Santos D.P., Fujii M., Plastino E.M. &

Yokoya N. (eds.). Anais do IV Congresso Latino-Americano de Ficologia, II Reunião Ibero-

Americana de Ficologia e VII Reunião Brasileira de Ficologia. Caxambú, MG. pp 340-357

Paula E.J., Pereira R.T.L. & Ohno M. 1999. Strain selection in Kappaphycus alvarezii var. alvarezii

(Solieriaceae, Rhodophyta) using tetraspore progeny. Journal of Applied Phycology. 11: 111-121

Paula E.J., Erbert C. & Pereira R.T.L. 2001. Growth rate of the carragenophyte Kappaphycus alvarezii

(Rhodophyta, Gigartinales) in vitro. Phycological Research. 49: 155-161

Paula E.J., Pereira R.T.L. & Ohno M. 2002. Growth rate of carragenophyte Kappaphycus alvarezii

(Rhodophyta, Gigartinales) introduced in subtropical waters of São Paulo State, Brazil.

Phycological Research. 50: 1-9

Pueschel C.M. & West J.A. 2007. Effects of ambient calcium concentration on the deposition of calcium

oxalate crystals in Antithamnion (Ceramiales, Rhodophyta). Phycologia 46: 371-379

Werlinger C.I. & Alveal K.V. 1995. Influencias de factores abióticos en el cultivo de algas. In: Alveal K.,

Ferrario M.E., Oliveira E.C. & Sar E. (eds). Manual de Métodos Ficológicos. Universidad de

Concepción, Concepción, Chile. pp 199-228