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0 UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Marcelo Vianello Pinto PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE Taubaté – SP 2009

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Vianello Pinto

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO

DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA

SUSTENTABILIDADE

Taubaté – SP

2009

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Marcelo Vianello Pinto

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO

DE UBATUBA, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA

SUSTENTABILIDADE

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Produção Orientadora: Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães

Taubaté – SP

2009

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MARCELO VIANELLO PINTO

PRODUÇÃO DE ALGAS MARINHAS NO MUNICÍPIO DE UBATUBA, SEGUNDO

OS PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE

Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Produção

DATA: ________________________

RESULTADO: ____________________

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães Universidade de Taubaté

Assinatura______________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves Universidade de Taubaté

Assinatura______________________________

Prof. Dr. Sebastião Cardoso Vale Soluções em Energia

Assinatura______________________________

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, aos meus professores, à minha família e aos meus colegas que puderam de alguma forma contribuir para a realização do mesmo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelas incontáveis bênçãos derramadas sobre mim, durante

todo o processo de elaboração e planejamento deste trabalho de Dissertação de

Mestrado.

Não foram poucas as pessoas que me ajudaram nesse trabalho, seja na parte

prática, intelectual ou psicológica. Desde já peço desculpas por algum

esquecimento, que significa apenas distração da minha parte, jamais que essas

pessoas foram menos importantes. Foi muito bom conviver com todos vocês durante

esse tempo.

A minha querida orientadora, Profa. Dra. Daniela Helena Pelegrine Guimarães, que

me acolheu em um momento tão difícil e me apoiou durante todo o meu trabalho,

depositando em mim uma grande confiança que espero estar à altura.

Aos professores que fizeram parte das minhas disciplinas cursadas dentro do

programa de Mestrado, em especial agradecimento ao Prof. Dr. Giorgio Eugênio

Oscare Giacaglia, em sua significativa contribuição nas aulas.

Ao Ricardo Toledo Lima Pereira e toda a equipe do Instituto de Pesca da Secretaria

de Agricultura e Abastecimento.

Ao Peter Santos Németh e a Valéria Cress Gelli da Prefeitura Municipal de Ubatuba

pelas inúmeras contribuições neste trabalho.

A todos os maricultores que acreditam na viabilidade dos cultivos de Kappaphycus

Alvarezii no Brasil.

Aos colegas de mestrado da Universidade de Taubaté, pelo companheirismo e

amizade, em especial ao Marcelo Rebouças de Assis que esteve comigo durante

muitos momentos deste trabalho.

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E finalmente, a minha amada família, à minha esposa Suely Nogueira Vianello Pinto

e ao meu amado filho Lucas Nogueira Vianello Pinto, que me incentivaram em todos

os momentos, e por estarem entendendo um pouco do que estou fazendo, e por

continuarem me apoiando em todas as minhas decisões.

a todos vocês MUITÍSSIMO OBRIGADO!

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“Quando vencemos as adversidades ou

buscamos suportá-la, quando nos lançamos

voluntariamente num vale cheio de

dificuldades, só então o aprendizado se

torna significativo”.

Miyamoto Musashi

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“The best fertilizer for a seaweed is the

farmer´s shadow” (o melhor fertilizante das

algas é a sombra do cultivador).

Dr. Maxwell S. Doty

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RESUMO

A Kappaphycus Alvarezii é uma alga vermelha comercialmente importante por ser a

principal fonte de carragena Kappa, hidrocolóide utilizado como agente espessante e

estabilizante em alimentos, fármacos e cosméticos. Devido a sua importância, é

fundamental desenvolver bases tecnológicas visando sua maricultura sustentada.

Este trabalho tem como objetivo principal descrever o processo de produção de alga

marinha vermelha da espécie Kappaphycus Alvarezii em Ubatuba, litoral norte do

Estado de São Paulo. Segundo os princípios da sustentabilidade, tal atividade pode

representar mais uma alternativa para o desenvolvimento da economia do município,

além de implementar a geração de renda e dar alternativas às famílias que tiram os

seus sustentos do mar. Através dos resultados obtidos neste trabalho, deseja-se

contribuir para a maricultura sustentável desta espécie de alga que é muito

promissora no Brasil, especificamente no município de Ubatuba, possibilitando às

famílias da região que tiram os seus sustentos da aqüicultura, geração de empregos

e renda. Outro ponto importante do presente trabalho é com relação às

preocupações recentes referentes às questões ambientais, responsabilidade social,

e a recuperação do litoral paulista como produtor próximo de um grande mercado

consumidor.

Palavras-Chave: Desenvolvimento Sustentável. Meio Ambiente. Aqüicultura. Alga

Marinha. Kappaphycus Alvarezii e Carragena.

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ABSTRACT

SEAWEED PRODUCTION IN UBATUBA, ACCORDING WITH SUSTA INABILITY

PRINCIPLES

Kappaphycus Alvarezii is a red seaweed witch commercial importance is due it’s

natural kappa carrageenana source, a hydrocolloid used as thickener agent e foods

stabilizier, medicaments e cosmetics. Due its importance, it is essential to develop

Technologies witch purpose is sustainable mariculture. This work goals were to

describe productive process of Kappaphycus Alvarezii red seaweed in Ubatuba,

northern coast of Sao Paulo/Brazil, which, according with sustainability principles,

may become an alternative to municipal economy development, e implement the

income generation, providing another alternatives for families who take their

livelihoods from the sea. Through of the results obtained in this work, the aim is to

contribute to Kappaphycus Alvarezii sustainable mariculture, a species very

promising in Brazil, specifically in Ubatuba, enabling local families to improve

generation e income. Another important point of this work is related to recent

concerns on environmental issues, social responsibility, and recovery of the North

Coast as a producer close to a large market consumer.

Keywords: Sustainable Development. Environment. Aquiculture. Seaweed.

Kappaphycus Alvarezii e Carrageenan.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Aplicações funcionais da carragena por setor .......................................... 23 Tabela 2 – Determinação do número das áreas aquícolas de baixo impacto (2000m2), por localidade no município de Ubatuba ................................................... 56 Tabela 3 – Localização das fazendas marinhas em Ubatuba - SP, 2007 ................. 57 Tabela 4 – Resultados relevantes das entrevistas para este estudo com os maricultores da Praia da Enseada - Ubatuba-SP ...................................................... 58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alga Marinha da Divisão Rhodophyta ........................................................ 27 Figura 2: Processo de Manufatura da Carragena ..................................................... 31 Figura 3: Vetores da Sustentabilidade ...................................................................... 33 Figura 4: Alga Marinha cultivada em Ubatuba........................................................... 50 Figura 5: Fazenda Marinha – Praia da Enseada em Ubatuba .................................. 51 Figura 6: Sistema multi-espinhel – Praia da Enseada ............................................... 52 Figura 7: Fazenda de algas marinhas utilizando o sistema multi-espinhel ................ 53 Figura 8: Processo de secagem de algas marinhas utilizando mesas de bambu ..... 54

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13 1.1 Objetivos ......................................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 15 1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 15 1.2 Justificativa ..................................................................................................... 16 2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 20 2.1 AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL ................................................................... 20 2.1.1 Panomara da Aqüicultura Mundial e Nacional ............................................ 20 2.1.2 A Importância Econômica das Macroalgas Marinhas ................................. 21 2.1.3 Maricultura de Macroalgas Marinhas .......................................................... 24 2.1.4 Kappaphycus Alvarezii (Doty) Doty ex P. C. Silva ...................................... 26 2.1.5 Carragenas ................................................................................................. 29 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ......................................................... 32 2.2.1 Sustentabilidade Social ............................................................................... 33 2.2.2 Sustentabilidade Ambiental ......................................................................... 34 2.2.3 Sustentabilidade Econômica ....................................................................... 35 2.3 MEIO AMBIENTE ........................................................................................... 35 2.3.1 Meio Ambiente: Contextualização ............................................................... 36 2.3.2 O Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente .................................. 40 2.4 REGULAMENTAÇÃO ..................................................................................... 42 2.4.1 SEAP (Secretaria Especial de Agricultura e Pesca) ................................... 42 2.4.2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) .................................................................................................................... 43 2.4.3 SPU (Secretaria do Patrimônio da União) ................................................... 44 2.4.4 Capitania dos Portos (MARINHA) ............................................................... 45 2.4.5 Instrução Normativa IBAMA N° 185, de 22 de Julho DE 2008 .................... 45 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 47 3.1 Fonte de Dados .............................................................................................. 47 3.1.1 Perfil dos Maricultores e da Produção ........................................................ 48 3.1.2 Materiais e Métodos .................................................................................... 48 3.1.2.1 Espécie Estudada .................................................................................... 49 3.1.2.2 Local de Coleta........................................................................................ 50 3.1.2.3 Local do Experimento .............................................................................. 51 3.1.2.4 Sistema de Cultivo ................................................................................... 51 3.1.2.5 Processo de Secagem e Armazenamento .............................................. 53 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 55 4.1 Quantificação das Áreas Aquícolas em Ubatuba, em Concordância com a Legislação Aquícola Federal e Estadual Vigentes .................................................... 56 4.1.1 Sistema Multi-Espinhel – Capacidade de Produção ................................... 57 4.1.2 Resultados das Entrevistas ......................................................................... 58 5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 59 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 ANEXO A – Roteiro de entrevista ............................................................................. 70 ANEXO B – Instrução Normativa IBAMA N° 185, DE 22 D E JULHO DE 2008 ......... 71 ANEXO C – Decreto Federal N° 4.895 de 25 de Novembr o de 2003 ....................... 76 ANEXO D – Decreto Estadual N° 4.895 de 7 de Dezembr o de 2004........................ 81 ANEXO E – Dados Coletados das Entrevistas.......................................................... 97

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1 INTRODUÇÃO

A espécie da alga vermelha denominada “Kappaphycus Alvarezii” foi

introduzida no Brasil experimentalmente em 1995, no Instituto de Pesca da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Ubatuba, São Paulo), com o objetivo de

desenvolver estudos básicos como suporte para a implantação de cultivos

comerciais no litoral brasileiro, sendo aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (PAULA, 2001).

Os experimentos foram iniciados a partir de um ramo de um tetrasporófito de

cor marrom, cedido pelo Dr. Masao Ohno (USA Marine Institute, University of Kochi,

Japan), proveniente de um cultivo experimental japonês e originário de cultivos

comerciais das Filipinas. Esse ramo foi propagado em cultura unialgácea durante 10

meses no Laboratório de Algas Marinhas “Edison José de Paula” (USP) antes da

transferência para o mar (PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA et al., 1998a).

A espécie é até hoje cultivada em balsa flutuante, pelo sistema “tie-tie”, e

propaga vegetativamente (PAULA et al., 1998a).

Diversos estudos foram realizados com a espécie desde o início dos cultivos

no litoral paulista: a) in vitro e taxas fotossintéticas (ERNEST, 2001; PAULA et al.,

2001), b) introdução no mar e maricultura (PAULA, 2001; PAULA e PEREIRA, 1998;

PAULA et al., 1998a, 2002; PAULA e PEREIRA, 2003), c) cultivo integrado com

camarões e mexilhões (LOMBARD et al., 2001a, 2001b, d) teor e propriedades de

carragena (HAYASHI, 2001; HAYASHI et al., 2006; HAYASHI et al., 2007) seleção

de linhagens (PAULA et al., 1999), f) aspectos reprodutivos e biológicos

(CONTADOR, 2001; BULBOA e PAULA, 2005).

Os resultados obtidos de experimentos, ao longo do tempo, evidenciaram

características favoráveis das linhagens desta espécie de algas para o cultivo

comercial no Brasil. Dentre estas, destacam-se: i) a adaptação da espécie na região,

com altas taxas de crescimento (entre 4,5% e 8,0% ao dia); ii) bom teor de

carragenas (composto altamente utilizado nas indústrias químicas e alimentícias)

durante todo o ciclo anual (entre 20% e 40% de carragena semi-refinada e entre

12% e 28% de carragena refinada); iii) a regularidade das variações sazonais

desses dois parâmetros, que pode ser utilizada para a previsão e o controle da

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produção; iv) sazonalidade do crescimento, relacionada principalmente à

temperatura; v) herbivoria foi o principal fator limitante da espécie na região, não

sendo observados indícios de riscos ambientais (HAYASHI, 2001; PAULA et al.,

2001; PAULA e FERREIRA, 2003; HAYASHI et al., 2006).

As altas taxas de crescimento e o comportamento previsível da produção de

biomassa observados no cultivo experimental realizado na região de Ubatuba, SP,

sugerem a possibilidade de cultivo de espécie em grande parte do litoral brasileiro,

particularmente em latitudes menores, com temperaturas mais altas.

Considerando-se as características da espécie, o maior desafio de sua cultura

é conseguir uma produção alta, sustentada e de boa qualidade a preços

competitivos. Um programa estratégico que contemple o estudo de vários aspectos

do seu ciclo produtivo, isto é, cultivo, processamento e comercialização, se fazem

necessário uma vez que faltam pesquisas básicas em várias áreas de

conhecimento, antes de se recomendar à implantação de cultivos comerciais

(PAULA e PEREIRA, 1998).

Os cultivos são desenvolvidos com baixos custos de capital inicial e

operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As algas secas,

conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o principal

problema referido pelos produtores (PAULA e PEREIRA, 1998).

Somente o aumento na renda per capita dos municípios litorâneos já é motivo

suficiente para incentivar estudos dos quais resultem em estratégias de alta

produção, gerando produtos de boa qualidade a preços competitivos.

O problema existe quando se quer dar competitividade para os maricultores e

pescadores de Ubatuba, pois a região tem forte tendência para o turismo, com

consequente concorrência com as atividades turísticas típicas da região que

pressionam a atividade imobiliária fazendo os maricultores e pescadores venderem

suas propriedades com a ilusão inicial de bom negócio, mas que retira a

possibilidade futura de renda própria.

Ainda, constitui problema o fato das comunidades serem de baixa

escolaridade e, portanto, com pouco acesso às informações relevantes para as boas

práticas na produção de algas marinhas da espécie Kappaphycus Alvarezii, onde é

extraído a carragena, de grande importância comercial nas indústrias químicas,

alimentícias, e que atualmente é importada pelo Brasil em cerca de 90% para as

aplicações industriais.

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A importância de se estudar o tema está ligado diretamente ao

desenvolvimento sustentável do município de Ubatuba, possibilitando às famílias da

região que tiram os seus sustentos da maricultura, geração de empregos e renda.

Um segundo ponto importante de se estudar este tema, é com relação às

preocupações recentes referentes às questões ambientais, responsabilidade social,

e a recuperação do litoral paulista como produtor próximo de um grande mercado

consumidor.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo, descrever o processo de produção de

alga marinha vermelha da espécie Kappaphycus Alvarezii em Ubatuba, litoral norte

do Estado de São Paulo, segundo os princípios da sustentabilidade. Tal atividade

pode representar mais uma alternativa para o desenvolvimento da economia do

município, de modo a implementar a geração de renda e dar alternativas às famílias

que tiram os seus sustentos da maricultura.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Caracterizar a técnica de produção utilizada pelos maricultores do

município de Ubatuba – SP (sistema multi-espinhel);

• Analisar a viabilidade econômica do sistema produtivo;

• Expor o potencial de mercado;

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• Cultivar as algas marinhas com vistas à sustentabilidade da atividade.

Através dos resultados obtidos nesse trabalho, pretende-se contribuir para a

maricultura sustentável desta espécie de alga que é muito promissora no Brasil, com

excelente potencial econômico reconhecido mundialmente, além de deixar algumas

sugestões e propostas para novos estudos, tais como estratégias a serem adotadas

no sentido de melhorar a competitividade.

1.2 JUSTIFICATIVA

A alga é uma formação vegetal existente nos oceanos e mares capaz de

realizar a fotossíntese e servir de alimento e abrigo para muitas espécies de

organismos aquáticos. É geralmente aceito que a vida no planeta teve início no mar

e, até cerca de 450 milhões de anos, todas as plantas eram marinhas.

Pode-se observar que a alga é o primeiro elo da cadeia alimentar, pois possui

um papel fundamental na manutenção da vida marinha. As algas marinhas possuem

importância tanto do ponto de vista econômico, como ambiental e social para a

sociedade humana. A alga pode realizar a manutenção do equilíbrio biológico nos

ambientes aquáticos, ocasionando a continuidade da fauna existente, que pode ser

utilizada pela humanidade como fonte de alimento e matéria-prima.

Há milênios as macroalgas marinhas são consumidas pelos povos orientais

como parte de sua dieta alimentar. Atualmente além de fonte de alimentos, fazem

parte de um grande número de produtos industrializados, atuando como agente

espessante e estabilizante, graças aos colóides extraídos de diversas espécies

(agaranas, carragenas e alginatos). São utilizadas ainda como fármacos

(vermífugos, anestésicos, antipiréticos, remédios para tosse e cicatrizantes) e na

composição de adubos e rações. No Brasil a espécie de alga marinha Kappaphycus

Alvarezii se adaptou muito bem ao meio ambiente, quando foi realizado o

experimento em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo.

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Todos os anos, o Brasil importa mais de 1.834 toneladas em algas secas

como matéria-prima para a extração da carragena. O Brasil produz menos de 10%

do que precisa, sendo o restante importado, sendo o Chile um dos principais

fornecedores.

A importância de se estudar o tema está ligado diretamente à possibilidade

das famílias da região de Ubatuba (às quais tiram os seus sustentos da maricultura)

em aumentar a renda mensal (podendo duplicar ou até mesmo triplicar), devido ao

desenvolvimento sustentável gerado, possibilitando inclusive a geração de

empregos. Ademais, não serão negligenciadas as preocupações referentes às

questões ambientais, responsabilidade social, e a recuperação do litoral paulista

como produtor próximo de um grande mercado consumidor.

O Brasil possui um potencial imenso para o desenvolvimento das diversas

modalidades de aqüicultura (piscicultura, carcinicultura, ranicultura, mitilicultura, etc),

pois apresenta uma grande quantidade de recursos hídricos, além de uma produtiva

região costeira. Possui também uma grande riqueza em espécies, diversos

microclimas, e áreas adequadas ao desenvolvimento da atividade.

A formação e desenvolvimento da aqüicultura em Ubatuba apresentam

proposições, que a torna um local especial para a avaliação da produção de algas

marinhas como elemento qualitativo da produção. Considerando que esse esforço

se dá sobre uma política pública cuja perspectiva visa atender às seguintes metas

(pontos fortes) de:

• Preservação ambiental;

• Geração de renda às populações de baixa renda;

• Consolidação de um sistema produtivo que possa gerar alimentos;

• Valor nutricional superior, à população.

Além de,

• Limpar as impurezas da água;

• Seqüestrar o CO2 da atmosfera e;

• Servir de alimento para tartaruga.

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A alga marinha por si só é totalmente sustentável, basta tirar uma muda e

amarrar na estrutura que fica exposta à luz e a água, e, depois de quarenta (40)

dias, pode ser feita a colheita.

Os recursos vivos da costa brasileira são renováveis, mas finito, neste

contexto podem-se citar as algas marinhas. O cultivo de algas ou uma exploração

ordenada é de fundamental importância para as comunidades costeiras como fonte

de renda alternativa.

Diversos experimentos de cultivo de algas marinhas têm sido realizados no

Brasil, estimulados pela demanda e mercado de carragenas. Entretanto, não

existem ainda cultivos comerciais legalizados. Foram realizados experimentos

diretamente no mar e em tanques fechados.

As perspectivas para o litoral brasileiro dependem de uma série de estudos,

incluindo a avaliação de áreas potenciais mais favoráveis ao cultivo comercial. A

espécie de alga marinha Kappaphycus Alvarezii adaptou-se muito bem ao meio

ambiente do litoral brasileiro, principalmente em Ubatuba, litoral norte do Estado de

São Paulo. Por outro lado, atualmente, os cultivos são desenvolvidos com baixos

custos de capital inicial e operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As

algas secas, conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o

principal problema referido pelos produtores.

O setor pesqueiro está se preparando para começar a produzir alga marinha

da espécie Kappaphycus Alvarezzi, originária das Filipinas e que se adaptou muito

bem ao meio ambiente do litoral brasileiro. Desta espécie, é extraída uma substância

química espessante denominada carragena, muito utilizada e na indústria

alimentícia, cosméticos, e empregada em derivados de leite e carne e na preparação

de rações para animais domésticos.

A implantação de cultivos comerciais depende de um programa estratégico

para estudos dos aspectos do ciclo produtivo, incluindo o cultivo, o processamento,

a comercialização e a viabilidade econômica, visando obter alta produção,

sustentada e de boa qualidade a preços competitivos.

As algas marinhas são ricas em proteínas, vitaminas, sais minerais e

oligoelementos. Contêm ferro, magnésio, cálcio, fósforo, potássio, zinco, iodo,

vitaminas de A a K, com destaque para a vitamina B12.

Seu consumo é um importante aliado no controle das taxas de colesterol, da

pressão arterial e da circulação sangüínea. As algas são importantes também para a

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formação da estrutura óssea, para a síntese dos hormônios tireoidianos e para a

formação dos glóbulos vermelhos no sangue.

No entanto, a coleta inadequada das algas (ou seja, mais do que os limites

sustentáveis), provavelmente irá gerar problemas no futuro, no sentido de não obtê-

las em quantidades satisfatórias. Portanto, a implementação de técnicas adequadas

torna-se fundamental, para que tal recurso de grande importância econômica possa

ser preservado, onde as algas poderão se desenvolver e reproduzir em quantidade.

O teor de carragena Kappaphycus Alvarezzi apresenta grande interesse

comercial, entretanto, existem relativamente poucos dados publicados que possam

ser criticamente comparados. (Os dados da literatura mostram variações

relacionadas a diversos fatores como a) métodos empregados na extração, b)

origem das algas, se nativas ou cultivadas, c) linhagem, d) localidade, e) época do

ano, f) tempo de coleta pós-plantio, g) crescimento e f) condições ambientais

(qualidade da água, nutrientes e temperatura).

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL

2.1.1 Panomara da Aqüicultura Mundial e Nacional

A aqüicultura é definida como uma tecnologia de produção de alimentos de

origem aquática que justifica o esforço de cultivo, e está embasada em três pilares:

produção lucrativa, preservação do meio ambiente e desenvolvimento social, uma

vez que representa o segmento da economia gerador de empregos a custos

relativamente baixos (ARANA, 1999; OLIVEIRA, 2000; VIANELLO et al., 2009).

A aqüicultura utiliza recursos naturais, manufaturados e humanos, tais como:

terra, água, energia, ração, fertilizantes, equipamentos, mão-de-obra, dentre outros.

Estes devem ser usados de forma racional para que a atividade seja desenvolvida

de maneira a preservar o meio ambiente e lucrativa.

Provavelmente é o setor de alimentos com crescimento mais rápido em todo o

mundo, sendo responsável por quase 50% de alimentos originários do meio aquático

e com maior potencial para satisfazer a demanda crescente destes alimentos (FAO,

2006).

Segundo registros históricos, as macroalgas marinhas formam os primeiros

organismos aquáticos a seres cultivados na Ásia, e a carpa o primeiro peixe a ser

criado. A região da Ásia, considerada o berço da aqüicultura responde atualmente

por 90% da produção mundial de alimentos aquáticos (FAO, 2006). Em 1950 eram

cultivadas 72 espécies de organismos aquáticos no mundo, enquanto que em 2004,

este número aumentou para 336 espécies, sendo a maioria composta por espécies

de peixes (FAO, 2006).

Segundo Oliveira (2000), o Brasil possui grande potencial natural para o

desenvolvimento da aqüicultura, com mais de 8000 km de costa com águas

tropicais, subtropicais e temperadas quentes. Entretanto, a produção é escassa e

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restrita a algumas espécies, sendo a maioria, composta por espécies exóticas

introduzidas há relativamente pouco tempo.

O avanço de técnicas de cultivo resultante do progresso das ciências tem

auxiliado os processos produtivos permitindo crescentes graus de apropriação dos

recursos da natureza (ASSAD e BURSZTYN, 2000).

O sucesso econômico dos primeiros cultivos motiva a expansão da indústria,

mas a falta de uma tecnologia mais sustentável aliada à ausência de legislação de

normatização faz com que esta expansão seja desordenada, superando a

capacidade de auto-regulação do ecossistema natural (ARANA, 1999).

O desafio da aqüicultura é sincronizar os interesses da indústria e da

produção de matéria-prima sem trazer conseqüências negativas ao meio ambiente.

2.1.2 A Importância Econômica das Macroalgas Marinh as

As macroalgas marinhas são consumidas pelos povos orientais na dieta

alimentar há milênios. De grande importância econômica desde alguns séculos, as

macroalgas marinhas são utilizadas como alimento, remédio, fertilizante de solo

agrícola, ração animal entre outras (VIANELLO e REBOUÇAS, 2009).

Paralelamente tais produtos são utilizados pelas indústrias como matéria-

prima de um grande número de produtos industrializados, atuando como agente

espessante e estabilizante principalmente nas indústrias alimentícias e

farmacêuticas, graças aos colóides extraídos (OLIVEIRA, 1997; OLIVEIRA et al.,

2005).

Mundialmente, são utilizadas 221 espécies de macroalgas: 32 da Divisão

Chlorophyta, 125 da Divisão Rhodophyta e 64 da Divisão Pheophyta, segundo

(ZEMKE-WHITE e OHNO, 1999).

A China é o maior produtor de algas cosmetíveis, com 5 milhões de toneladas

de algas úmidas, sendo a maior parte dessa produção composta por “kombu”

(Laminaria japonica J.E. Areschoug). A República da Coréia produz 800 mil

toneladas de algas úmidas das quais, metade corresponde ao “Wakame” (Undaria

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Pinnafitida (Harvey) Suringar). A produção japonesa é de 600 mil toneladas de algas

úmidas de “nori” (Porphyra C. Agardth), produto de alto valor comercial

(aproximadamente US$ 16.000/t alga seca) quando comparado ao “kambu” (US$

2.800/t alga seca) e ao “wakame” (US$ 6.900/t alga seca), segundo Mchugh (2003).

Por outro lado, na maioria dos países ocidentais, as algas marinhas não

fazem parte da dieta tradicional. Na América do Sul, os únicos países onde as algas

são consumidas regularmente são o Chile, Peru e algumas Ilhas do Caribe, onde

algumas espécies são encontradas à venda em feiras e mercados (OLIVEIRA,

1997).

A maricultura de Epidendrum Denticulatum e das espécies do gênero

Kappaphycus Alvarezii no sul da Filipinas modificou em apenas 10 anos a fisionomia

mundial da indústria de carragena, iniciada em escala comercial na década de 1940

(ARECES, 1995). Até 1975, aproximadamente 75% da matéria-prima empregada

pelos países ocidentais para a produção de carragena era fornecida pelo Canadá.

Seu processamento industrial utilizava Chondrus Crispus Stackhouse e várias

espécies dos gêneros Gigartina Stackhouse e Iridaea Bory de Saint-Vincent,

próprias de latitudes médias e altas. Neste mesmo ano, 95% da alga seca exportada

das Filipinas já era originária dos cultivos de Kappaphycus Alvarezii, Kappaphycus

Striatum e Epidendrum Denticulatum a partir de então, linhagens derivadas desses

cultivos foram introduzidas em mais de 20 países, com propósitos de maricultura

(ARECES, 1995; PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA et al., 1998a; PAULA, 2001).

Atualmente a produção mundial de carragenófitas provenientes dos cultivos das

Filipinas, Indonésia e Tanzânia atinge a cifra anual de 100.000 toneladas, sendo

85% proveniente de Kappaphycus Alvarezii e 15% de Epidendrum Denticulatum.

Embora a produção dessas espécies tenha aumentado nos últimos 25 anos, pouco

progresso foi obtido nas técnicas de cultivo (PAULA e PEREIRA, 1998).

Registros da utilização das algas marinhas como fonte de hidrocolóides

datam de meados do século XVII, quando a propriedade gelificante do ágar, extraído

com água quente a partir de algas vermelhas, foi descoberta no Japão. Extratos de

carragenófita “Irish Moss” (Chondrus Crispus Stackhouse) tornaram-se populares no

século XIX, e o início da produção comercial de alginatos (extraído das algas

pardas) ocorreu somente a partir de 1930. O uso industrial de ficocolóides expandiu

rapidamente após a Segunda Guerra Mundial, mas foi limitado pela disponibilidade

de matéria-prima. Desde então, várias pesquisas levaram gradualmente ao

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aprimoramento de técnicas de cultivo. Atualmente, aproximadamente 1 milhão de

toneladas de alga úmida são coletadas para produzir os três tipos de ficocolóides. A

produção total é de aproximadamente 55 mil toneladas, correspondente a US$ 585

milhões, segundo Mchugh (2003).

No caso da espécie de alga marinha Kappaphycus Alvarezzi esta é utilizada

na extração da carragena e ágar, que são produtos de grande demanda pelas

indústrias de alimentos, farmacêuticas e químicas, segundo Mchugh (2003).

A espécie, juntamente com Eucheuma Denticulatum (N.L. Burman) F.S.

Collins e Hervey, é comercialmente importante, respondendo por aproximadamente

88% da matéria-prima mundial processada para produção de carragena, segundo

Mchugh (2003).

A tabela 1 apresenta algumas aplicações da carragena na indústria

alimentícia.

Tabela 1 - Aplicações funcionais da carragena por setor

Setor Propriedade Funcional da Carragena Sorvete Estabilizante

Milk Shake e Achocolatados Estabilizante e espessante Flavorizante de leite Espessante e suspensão Pudins instantâneos Espessante

Iogurtes e Queijos cremosos Espessante Sucos de frutas Espessante

Cerveja e Vinhos finos Estabilizante e clarificador Pão comum e Bolos Espessante

Tortas e glacê Gelificante Geléias e confeitos Gelificante

Creme dental Ligamento Balas e caramelos Ligamento

Mostarda Espessante Temperos p/ saladas Espessante

Produtos dietéticos (sopas) Gelificante Comida para cães Estabilizante e Gelificante Carnes congeladas Ligamento

Fonte: http://www.ilhagrande.org/Algas-Marinhas/consumo.html. Acesso em 18 mai. 2009.

A indústria de algas marinhas é dinâmica e responde ao suprimento e às

pressões de demanda que influenciam preços e áreas de cultivo no mundo.

Entretanto, as populações naturais têm-se mostrado insuficientes para atender a

demanda de consumo, pois a explotação tem levado a um rápido declínio dos

bancos naturais. A explotação de Eucheuma J. Agardth e Kappaphycus Doty nas

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Filipinas e na Tanzânia, e de Gracilaria Greville no Chile e no litoral nordeste do

Brasil ilustram bem essa situação.

Sendo assim, a prática de cultivo dessas algas como forma de cobrir a

demanda por produtos derivados deixou de ser uma atividade artesanal para

alcançar o sucesso comercial de cerca de um milhão de toneladas (peso-úmido)

anuais (ZEMKE-WHITE e OHNO, 1999).

O cultivo de alga, efetuado em escala extensiva no mar (cultivo comercial), é

considerado uma das únicas alternativas para satisfazer a demanda crescente de

matéria-prima, principalmente para a produção de ficocolóides, uma vez que os

estoque naturais são insuficientes. As principais espécies cultivadas atualmente

são: Laminaria japonica e Undaria pinnatifida (Phaeophyta), Eucheuma spp.

Kappaphycus spp, e Porphyra spp. (Rhodophyta e Monostroma spp. Thuret

(Chlorophyta) (CRITCHLEY, 1993; PAULA, 2001).

2.1.3 Maricultura de Macroalgas Marinhas

No Ocidente, somente a partir da década de 1950, foram estabelecidas as

bases científicas ao que é conhecido hoje como o atual cenário de produção de

algas nesses países (SANTELICES, 1989).

Os principais fatores limitantes para a produção das algas são a luz, os

nutrientes, o hidrodinamismo e as inter-relações bióticas. A maricultura de Gracilaria,

Eucheuma e Kappaphycus é feita em um sistema extensivo, sem adição de

nutrientes e tratamento com produtos químicos.

A taxa de crescimento e a produção têm sido amplamente utilizadas como os

primeiros passos para avaliar o desempenho das algas para fins de maricultura,

considerando que as taxas de crescimento são intrínsecas a uma dada espécie em

resposta aos fatores ambientais.

Do mesmo modo, a morfologia, as dimensões, a resistência e a longevidade

do talo, entre outras características fisiológicas e reprodutivas, têm sido

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consideradas particularmente importantes em relação à seleção de técnicas e de

locais de cultivo (PAULA, 2001).

A maricultura de macroalgas está se tornando cada vez mais popular por

resultar em menos impacto ambiental e degradação, ao invés da colheita

descontrolada de populações selvagens. Essa atividade permite um melhor controle

nos processos biológicos e ambientais de acordo com a disponibilidade de

substrato, o uso de blocos de concretos, redes e cordas; a seleção de áreas com

condições hidro-biológicas favoráveis; a captação de nutrientes através da

fertilização artificial ou utilização de efluentes de outros cultivos de organismos

marinhos; a prevenção de doenças, pestes e epífitas pela manipulação do sistema

de maricultura; os processos históricos de vida pela escolha de um local com

condições ótimas para a espécie escolhida; a produtividade e o produto final, pela

seleção de linhagens com propriedades desejadas (OLIVEIRA et al., 2005).

A partir do crescimento vegetativo, método de cultivo mais comum, pequenos

fragmentos de algas, geralmente coletadas em bancos naturais, são presos junto a

substratos artificiais como cabos de nylon, redes de algodão, conchas calcárias, e

que permitam o crescimento e posterior colheita. Antes de qualquer instalação de

cultivo importante, todos os estudos devem ser dados ao conhecimento das

condições ambientais da área, as quais devem ser adequadas e possam permitir o

desenvolvimento das algas. Deve-se considerar que em ambiente aberto, não há

possibilidade de manipulação de fatores físico-químicos, os quais estão diretamente

ligados à produtividade e à qualidade das algas (SCHARAMM, 1991), e por isso se

requer grande quantidade de mão-de-obra direcionada ao manejo durante a

produção.

Em estudos recentes, a produção em policultivo de macroalgas tem sido

viabilizada pela possibilidade de aplicação em sistemas fechados com animais,

agregando valor à produção da fazenda, diversificando os produtos e minimizando

os impactos provocados pelos afluentes (CHOW et al., 2001; SALLES et al., 2004).

Cultivos em mar ou em tanques visam uma produção massiva para

comercialização, enquanto que cultivos em laboratório buscam o estudo do

comportamento frente a diferentes variáveis de uma linhagem selecionada ou sua

clonagem e propagação, e possibilitam experimentos em condições conhecidas e

controladas. Uma das limitações dos resultados obtidos em laboratório é que, pelo

seu reducionismo, nem sempre os resultados podem ser extrapolados para as

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situações de campo. Entretanto, possuem grande importância uma vez que

permitem interpretar e prognosticar o comportamento genótipo estudado, facilitando

a seleção de técnicas de manejo e cultivo comercial. Assim, experimentos de

laboratório relativamente simples, rápidos e de baixo custo, podem fornecer dados

valiosos para uma análise preliminar de viabilidade de um cultivo comercial em

determinado lugar, indicar procedimentos que permitam aumentar a produção de

uma alga explotada em bancos naturais por intermédio de técnicas de manejo, ou

melhorar a produtividade de um cultivo (OLIVEIRA et al., 1995).

Diversos experimentos de cultivo de algas marinhas têm sido realizados no

Brasil, estimulados pela demanda e mercado de agaranas e carragenas. Entretanto,

não existem ainda cultivos comerciais legalizados. Foram realizados experimentos

diretamente no mar e em tanques fechados, com espécies de algas vermelhas

nativas do gênero Gracilaria Greville, Hypnea J. V. Lamouroux, Pterocladiella

Santelices e Hommerse, Solieria J. Agardh e Agardhella F. Schimitz, desenvolvidos

nos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,

Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Diversos aspectos limitantes foram

verificados nesses experimentos, destacando-se a produção e/ou taxas de

crescimento, variáveis sazonais, epifitismo e herbivoria. As perspectivas para o

litoral brasileiro dependem de uma série de estudos, incluindo a avaliação de áreas

potenciais mais favoráveis ao cultivo comercial (PAULA e PEREIRA, 1998; PAULA,

2001; ACCIOLY, 2004).

2.1.4 Kappaphycus Alvarezii (Doty) Doty ex P. C. Si lva

O gênero Kappaphycus Doty pertence à Divisão Rhodophyta, Classe

Florideiphyceae, Ordem Gigartinales e Família Solieriacease, e foi segregado do

gênero Eucheyma por Doty (1987) pela presença de carragena kappa, cistocarpos

hemisféricos inseridos diretamente nos eixos principais do talo e formação do eixo

central a partir de células medulares organizadas em feixes (ARECES, 1995).

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As Rhodophytas são popularmente conhecidas como algas vermelhas, por

sua coloração característica, conforme ilustrado na figura 1. Com aproximadamente

6000 espécies, a maior parte das algas vermelhas é marinha, somente 5 ou 6

espécies são de água doce. As rodófitas em geral são pluricelulares e crescem junto

a algum substrato (rocha), mas há algumas formas microscópicas filamentares.

Delas podem ser extraídas mucilagens, tais como agar-agar e carragenina. As algas

vermelhas coralinas possuem depósito de carbonato de cálcio em suas paredes

celulares o que as torna muito resistentes e sem flexibilidade. São muito

abundantes, ecologicamente importantes, podem formar grandes recifes de corais.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Rhodophyta)

Figura 1: Alga Marinha da Divisão Rhodophyta Fonte: www.wikipedia.com.br (2009). Acesso em 25 mai. 2009.

Kappaphycus Alvarezii é uma espécie perene, com alternância de três

gerações no seu histórico de vida: esporofídica, gametofítica e carposporofítica,

sendo as duas primeiras isomórficas e a última parasita do gametófito feminino.

Órgãos reprodutores masculinos são difíceis de serem reconhecidos em meio

natural e não em recifes de coral da região do Indo-Pacífico, do Leste da África até

Guam, China, Japão e ilhas do Sudeste Asiático (DOTY, 1987; ARECES, 1995). É

encontrada na parte superior da zona infralitoral, abaixo da linha de maré baixa, em

áreas onde o fluxo de água é de baixo e moderado, segundo Mchugh (2003).

As espécies de Kappaphycus Alvarezii habitam geralmente em áreas rasas

numa profundidade de aproximadamente 2,0 m e são bem adaptados a altos níveis

de iluminação em ambientes com mais de 200 dias ensolarados ao ano. Preferem

águas claras e limpas e suportam águas turvas causadas por sedimentos em

suspensão, quando não são constantes ou por períodos muito prolongados.

Crescem em uma temperatura de água compreendida entre 20°C e 32°C e

salinidades superiores a 30 ups. Para o seu desenvolvimento, concentrações de

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amônio e nitrato em torno de 1 a 2 micro mol e de fósforo de 0,5 a 1,0 micro mol

suficientes (DOTY e NORRIS, 1985; GLENN e DOTY, 1990; LUXTON, 1993;

ARECES, 1995).

Sinais de estresse são observados pela doença “ice-ice” e pela descoloração

de ápices, que podem ser introduzidos, por exemplo, por alta temperatura de água,

exposição prolongada ao ar durante a maré baixa, chuvas, baixa salinidade devido à

intrusão de água doce e herbivoria. Sob condições estressantes a alga pode ser

incapaz de controlar populações de bactérias no talo, que destroem as paredes das

células medular e epidermal, provavelmente através das enzimas celulase e/ou

carragenase. Áreas infectadas desmancham ao toque e assumem uma cor

esbranquiçada, deixando o talo vulnerável e quebradiço se exposto a correntes

(OLIVEIRA et al., 2005).

“Cotoni” é a denominação comercial para as duas espécies de Kappaphycus

cultivadas (Kappaphycus Alvarezii e Kappaphycus Striatum (F. Schimitz) Doty ex

P.C. Silva) produtoras de carragena kappa, sendo que a primeira varia muito na

forma como resultado do meio ambiente no qual ela cresce (DOTY, 1988; ASK e

AZANZA, 2002). Em alguns países, a própria planta fresca faz parte da dieta

alimentar, como componente de saladas ou como picles, podendo ser ainda utilizada

em cultivos integrados atuando como filtro (DOTY, 1987; QIAN et al., 1996).

Os cultivos comerciais são realizados em larga escala empregando o sistema

conhecido como “tie-tie”, onde porções do talo são amarradas em cabos de cultivo e

esses são mantidos fixos ao fundo ou em sistemas flutuantes, como balsas ou “long-

lines”. A propagação de Kappaphycus Alvarezii é um processo de caráter contínuo

baseado na sua multiplicação vegetativa através de ciclos sucessivos de cultivo por

40 a 60 dias. Variações desse sistema têm sido testadas ainda sem sucesso

comercial, visando minimizar a eficiência dos cultivos comerciais, diminuindo os

custos e/ou aumentando a produção (ASK e AZANZA, 2002). Neish e Ask (1995)

sugerem que sistemas específicos poderiam ser desenvolvidos para projetos de

maricultura integrados.

Os cultivos são desenvolvidos com baixos custos de capital inicial e

operacional e com mão-de-obra pouco especializada. As algas secas,

conseqüentemente, são comercializadas a baixos preços, sendo este o principal

problema referido pelos produtores (PAULA e PEREIRA, 1998). O material algáceo

bruto é avaliado e diferenciado pelo conteúdo e pela qualidade da carragena, e não

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apenas pela alga vendida por peso. Quanto melhor a qualidade da carragena, maior

será o valor da planta. O controle de qualidade começa com uma atenção cuidadosa

da seleção de propágulos saudáveis, dos métodos de cultivo e dos manuseios pós-

colheita (secagem, embalagem e estocagem). Todos esses fatores contribuem para

a qualidade geral do material (HURTADO et al., 2005).

Cultivos experimentais foram desenvolvidos em diversos países, mas sua

implantação comercial ocorreu aos poucos, sugerindo muitos fatores determinantes

de sua viabilidade como os custos de plantio, coleta, secagem, transporte,

processamento e comercialização (PAULA e PEREIRA 1998).

2.1.5 Carragenas

A produção de carragena era originalmente dependente dos bancos naturais,

especialmente de Chondrus crispus Stackhouse (conhecida popularmente como

“Irish Moss”), com uma base de recursos limitada. Desde o início dos anos 70, a

indústria tem se expandido rapidamente pela disponibilidade e possibilidade de

cultivo de outras carragenófitas em países de águas quentes, com baixo custo de

mão-de-obra. Atualmente, a maior parte das algas usadas para a produção de

carragena é proveniente de cultivos, embora exista ainda alguma demanda para a

“Irish Moss”, originária de bancos naturais da Europa e Canadá, e alguns outros

tipos de algas ainda não cultivadas da América do Sul (GOULARD e DIOURIS,

1998; MCHUGH, 2003).

As carragenas comerciais diferem em sua composição e propriedades. A

carragena Kappa produz um gel rígido, enquanto a carragena Iota produz um gel

mais elástico. A carragena Lambda, por outro lado, não forma gel, mas é importante

para fornecer uma textura cremosa. A mistura e o processamento cuidadoso dessas

três frações resultam em um produto efetivo e funcional, segundo os usos

pretendidos. Esses polissacarídeos são utilizados principalmente na indústria

alimentícia por produzirem soluções de alta viscosidade e géis na água. Além disso,

reagem com proteínas, especialmente com a caseína (presente no leite). Isso torna

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possível a preparação de géis à base de leite altamente resistente (GLICKSMAN,

1987). Outras aplicações, entretanto, incluindo cosméticos, fármacos, suspensões

industriais e tinturas são de grande importância (PICULELL, 1995).

O processamento de carragenas requer investimentos em instalações e

equipamentos, exigindo intensa mão-de-obra, energia e grande volume de água. Os

processos de extração podem ser sofisticados ou simples, dependendo da

especificação e da qualidade do produto final desejado (PAULA e PEREIRA, 1998).

Existem dois métodos comerciais para a produção de carragenas, baseados

em diferentes princípios.

O primeiro princípio é o método original utilizado na década de 1970 e início

da década de 1980, onde a carragena é extraída da alga utilizando uma solução

aquosa, onde o resíduo é removido da alga através do processo de filtragem e

então, a carragena é recuperada da solução. Esta carragena produzida é

denominada carragena refinada. Este processo de recuperação é difícil e os custos

são relativamente altos em relação ao segundo princípio.

O segundo princípio consiste em lavar a alga para remover tudo que se

dissolva em solução alcalina e água, deixando a carragena e outras matérias

insolúveis na estrutura do talo. Esse resíduo insolúvel composto por carragena e

celulose, é seco e vendido como carragena semi-refinada. Por não ser necessário

recuperar a carragena da solução, o processo é mais curto e barato (MCHUGH,

2003).

A carragena é extraída a partir da matéria-prima com a água em altas

temperaturas. O extrato líquido é purificado por centrifugação e/ou filtragem. O

extrato líquido pode ser transformado em um pó por simples evaporação da água

para produzir a chamada carragena seca. A propriedade renovada deste material

seco requer uma pequena quantidade de agentes mono e diglicéridos. O conteúdo

do mono e diglicéridos são responsáveis pela percussão da carragena seca,

considerando pouco uso de água em aplicações de gel. Além disso, as carragenas

secas contêm todos os sais solúveis presentes no extrato, que pode influenciar as

propriedades - por exemplo, a solubilidade da carragena. A maioria das carragenas

utilizadas nos alimentos é isolada do extrato líquido por precipitação seletiva das

carragenas com isopropanol. Este processo dá um produto mais puro e

concentrado, conforme apresentado na figura 2.

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Figura 2: Processo de Manufatura da Carragena Fonte: www.seaplant.net. Acesso em 15 abr. 2009.

A produção de carragena é estimada em US$ 240 milhões anuais, segundo

Mchugh (2003). A demanda mundial tem apresentado crescimento da ordem de 5%

ano nos últimos 30 anos, com preços que variam de US$ 10 a US$ 30 o quilo,

dependendo das suas especificações e qualidade (BIXLER, 1996). A Europa possui

o maior mercado para carragenas (55%), sendo destacados em 2000 os Reinos

Unidos (19%), França (15%), Dinamarca (13%) e Holea (6%) (MOJICA, 2001).

Lavagem

Extração

Filtração

Refinamento

Concentração

Precipitação

Secagem

Pulverização

Misturador

Misturador

Carragena Padronizada

Gelificação

Açúcar

Água

Alga Marinha

Água Resíduo da Alga Marinha

Álcool

Recuperação do Álcool

Carragena Padronizada

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2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Define-se desenvolvimento sustentável como sendo a utilização de recursos

para atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

gerações futuras em atender as suas próprias necessidades (GRO BRUTLE, 1990).

A sustentabilidade pode ser definida como um conceito sistêmico, relacionado

com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da

sociedade humana.

Em outras palavras, a sustentabilidade vem a ser um meio de configurar a

civilização e atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e

as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu

maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os

ecossistemas naturais, planejeo e agindo de forma a atingir pró-eficiência na

manutenção indefinida desses ideais.

De acordo com Cavalcanti (1998), sustentabilidade significa a “possibilidade

de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo

de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”. Segundo o autor, o termo

sustentabilidade “resume-se à questão de se atingir harmonia entre seres humanos

e a natureza”.

Segundo Pillay (1992), a sustentabilidade pode ser dividida em diferentes

dimensões, sendo as mais aceitas: sociais, ambientais e econômicas, conforme

ilustrado na figura 3. Essas três dimensões são indissociáveis e essenciais para uma

atividade perene. Elas foram referidas para a aqüicultura pelo autor, no início dos

anos 90.

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Figura 3: Vetores da Sustentabilidade Fonte: O autor, 2009.

De acordo com Sachs (2000), a sustentabilidade social está vinculada ao

padrão estável de crescimento, melhor distribuição de renda com redução das

diferenças sociais. Já a sustentabilidade econômica está vinculada ao “fluxo

constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e administração

corretas dos recursos naturais. A sustentabilidade ambiental permitiria que

ecossistemas naturais realizassem autodepuração.

A sustentabilidade no âmbito das políticas nacionais passaria por nível

razoável de coesão social, democracia e capacidade institucional do Estado para

implementar o projeto nacional. Quanto as políticas internacionais a sustentabilidade

passaria pela garantia de paz assegurada pelo fortalecimento da ONU, controle do

sistema financeiro internacional, verdadeira cooperação científica e diminuição das

disparidades sociais norte-sul.

2.2.1 Sustentabilidade Social

De acordo com Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade social se

refere não somente ao que o ser humano pode ganhar, mas à maneira como pode

ser mantida decentemente sua qualidade de vida. Segundo os autores, isto gera

duas dimensões: uma negativa e outra positiva. A dimensão negativa é reativa como

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resultado de tensões e choques e a dimensão positiva é construtiva, aumentando e

fortalecendo capacidades, gerando mudanças e assegurando sua continuidade.

A sustentabilidade social depende de projetos concebidos para gerar

empregos diretos e indiretos e principalmente auto-empregos, distribuir riqueza entre

a população local ao invés de concentrá-la, harmonizar o modo de produção com a

cultura local e hábitos da população, e melhorar a qualidade de vida das populações

locais.

2.2.2 Sustentabilidade Ambiental

Segundo Chambers e Conway (1992), a sustentabilidade ambiental estaria

ligada, de acordo com o pensamento tradicional, à preservação ou aprimoramento

da base de recursos produtiva, principalmente para as gerações futuras.

A sustentabilidade ambiental depende do uso de tecnologia que minimize o

impacto ambiental da atividade mantendo a biodiversidade e a estrutura e

funcionamento dos ecossistemas adjacentes. Para se analisar a sustentabilidade

ambiental, deve-se considerar que é impossível produzir sem causar impacto

ambiental, que a aqüicultura depende dos ecossistemas nos quais se insere e que o

valor da biodiversidade é maior que o valor dos produtos da aqüicultura. Na verdade,

o valor da biodiversidade é maior do que o valor de qualquer outro produto

agropecuário. As forças da natureza e os processos naturais devem ser usados de

modo a contribuir para o aumento da produção. Não se deve gastar energia para

neutralizá-los, mas usá-las a favor da produção. Os sistemas de produção devem

ser concebidos em harmonia com a natureza e não contra ela.

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2.2.3 Sustentabilidade Econômica

De acordo com Sachs (1990), a sustentabilidade econômica está vinculada

ao “fluxo constante de inversões públicas e privadas” além da destinação e

administração corretas dos recursos naturais.

A sustentabilidade econômica depende da elaboração de projetos bem

concebidos e de uma cadeia produtiva forte. Um projeto bem elaborado deve

basear-se no uso da tecnologia mais adequada para as condições locais e do

investidor e em um plano de negócio realista. Para ser forte, a cadeia produtiva

precisa ser organizada e ter todos os elos fortes. Basta um elo fraco para que toda a

cadeia seja fraca.

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento

e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Este conceito

representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o

meio ambiente.

2.3 MEIO AMBIENTE

Neste tópico, serão abordados os conceitos e características acerca do meio

ambiente, procurando relacionar este tema com as atividades de desenvolvimento

sustentável e social.

Entende-se que tais conceitos tornam-se de extrema importância para se

compreender e descrever ações de atividades sustentável em qualquer área

ambiental, que se encontre intimamente relacionada a questões sociais, econômicas

e ambientais, tal como a maricultura no litoral brasileiro.

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2.3.1 Meio Ambiente: Contextualização

O meio ambiente é uma daquelas expressões que, embora bastante

conhecidas, não costumam ser definidas com clareza. Neste caso a clareza não é

mero preciosismo. Em se tratando de um assunto que vem conquistando cada vez

mais espaço e prestígio no mundo moderno, é urgente que todos possam perceber

a ordem de grandeza em que se situa hoje a questão ambiental. Um erro bastante

comum é confundir meio ambiente com fauna e flora, como se fossem sinônimos.

Os conceitos flora e fauna compreendem, respectivamente, o termo coletivo

para a vida vegetal e animal, de uma determinada região ou período de tempo.

A palavra “meio ambiente” fora utilizada pela primeira vez pelo francês

Geoffroy de Saint-Hilaire, na sua obra Études progressives d’um naturaliste, no ano

de 1835, e veio a ser reconhecida por Augusto Comte, no seu Curso de Filosofia

Positiva (MOUMDJIAN, 2007).

Com isto, o meio ambiente pode ser conceituado como “a combinação de

todas as coisas e fatores externos ao indivíduo ou população de indivíduos em

questão” (Nebel apud MOUMDJIAN, 2007, p. 58; MAGNOLI, 1986; TRIGUEIRO,

2009). No contexto jurídico, o meio ambiente é visto como globalização, conforme

Moumdjian (2007, p. 58) retrata ao citar José Afonso da Silva.

Em outras palavras, o Meio Ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos e as coisas em geral. Os constituintes do meio ambiente compreendem fatores abióticos, como o clima, a iluminação, a pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, que envolvem seres vivos. Os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver, constituem o meio-ambiente biótico. Tanto o meio-ambiente abiótico quanto o biótico atuam um sobre o outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas Moumdjian (2007, p. 58).

A expansão da consciência ambiental se dá na exata proporção em que

percebemos meio ambiente como algo que começa dentro de cada um de nós,

alcançando tudo o que nos cerca e as relações que estabelecemos com o universo.

Trata-se de um assunto tão rico e vasto que suas ramificações atingem de forma

transversal todas as áreas do conhecimento.

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O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais,

artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas

as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente,

compreensiva dos recursos naturais e culturais.

Ainda segundo José Afonso da Silva, apud Moumdjian (2007, p. 58), o meio

ambiente é visto sobre três aspectos: meio ambientes artificiais, constituídos pelo

espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações e dos

equipamentos públicos; meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico,

artístico, arquandológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra,

como obra do homem, difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquire

ou de que se impregnou; meio ambientes naturais ou físicos, constituídos pelo solo,

a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio,

onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o

ambiente físico que ocupam.

A Lei nº 6.938/81, sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, mais

precisamente em seu artigo 3º, retrata que “entende-se por meio ambiente o

conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (MOUMDJIAN,

2007, p. 59).

Segundo Moumdjian (2007, p. 58):

O meio ambiente é constituído por aspectos como a biota (solo, água, ar atmosférico, fauna e flora), mas, também, pelo meio ambiente cultural (os bens de natureza material e imaterial), pelo meio ambiente construído e pelo meio ambiente do trabalho Moumdjian (2007, p. 58).

Ainda apud Figueiredo Moumdjian (2007, p. 58) traz a explicação de tal frase:

Especificamente, natural, seria o aspecto do meio ambiente que congrega o espaço não necessariamente alterado pelo homem. Nas ciências biológicas, esse aspecto é objeto de estudo da Ecologia. Já o meio ambiente artificial, seria o aspecto do meio ambiente que congrega toda a produção humana e, neste caso, abarcaria o meio ambiente construído (urbano e rural), o cultural e o do trabalho Moumdjian (2007, p. 58).

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Com isto evidencia-se que o meio ambiente é uma fonte inesgotável de

sabores, que se bem preservado poderá dar muitos frutos, mas para que tal fato

venha a ocorrer necessário se faz a conscientização de todos para sua preservação.

É neste contexto que se encontram as principais preocupações com o tema

relacionado à questão ambiental, principalmente em relação a sua proteção, pois as

conseqüências com o descaso acerca da questão ambiental já são sentidas nos dias

atuais.

Branco e Rocha (1987) retratam que em relação aos biólogos, estes vêem o

meio ambiente como organismos que acabam por interagir com o meio físico,

formando deste modo o chamado ecossistema. Diante disto o que se conclui é que

para eles o ecossistema acaba por ser formado por elementos vivos e não vivos que

por determinada forma interagem entre si.

Suassuna (2005) discutiu a implantação e implementação de políticas

públicas para o setor ambiental no Brasil, no período compreendido entre 1970 e

2000, realizando um estudo de caso do Projeto Tartarugas Marinhas (Projeto

Tamar), apresentando uma análise comparativa das formas de intervenção em duas

comunidades pesqueiras do litoral brasileiro: Praia do Forte (BA) e Regência (ES).

Neste âmbito, verificou-se que a lei e o discurso racional-legal são utilizados

como estratégia de dominação em Praia do Forte, enquanto o carisma é parte do

tipo ideal de dominação em Regência. Viu-se que essa diferenciação não ocorreu

por acaso, mas é fruto de processos de resistência e conflitos que emergiram nas

duas comunidades de pescadores e que está relacionada com suas especificidades

socioculturais, especificamente quanto à forma como apresentam suas

representações sociais e simbólicas sobre a pesca e a caça da tartaruga marinha.

Segundo Gomes et al. (2000), as atividades de mineração no mar podem

causar diversos tipos de impactos ambientais aos ecossistemas marinhos,

principalmente devido à destruição de habitats, que é um dos principais fatores que

causam o declínio do número de espécies em todo o globo. Além de interferir

diretamente no fundo submarino, as atividades de mineração podem causar um

aumento da turbidez da água, com conseqüências para a produtividade primária

local. Podem introduzir e promover a liberação de nutrientes, causando a

eutrofização e também a introdução de substâncias tóxicas, que quando

incorporadas à biota, alteram o crescimento, a taxa de reprodução e a sobrevivência

das espécies.

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E é diante destas breves explanações que se pode realmente ver o impacto

ambiental, pois é por meio da intensidade existente na relação homem e ambiente

que advém o impacto, pois este acaba por se caracterizar por meio da influência do

homem.

Segundo Branco e Rocha (1987), a influência no meio ambiente pode vir a

ocasionar um grande desequilíbrio no ecossistema tido como natural. Com isto o

que vem a caracterizar o impacto sofrido pelo meio ambiente são as alterações que

podem ocorrer, e a possibilidade de absorção desta. Deste modo entende-se como

impacto ambiental qualquer tipo de alteração que venha a ser produzida pelo ser

humano, bem como por qualquer de suas atividades em relação ao meio ambiente,

sendo que tal impacto não seja possível de ser absorvido pelo meio ambiente.

Segundo Gouveia (1999), dentro de alguns poucos anos, o planeta contará

com mais habitantes em áreas urbanas do que em áreas rurais. A urbanização

desenfreada, sem mecanismos regulatórios e de controle, típica dos países

periféricos, trouxe consigo enormes repercussões na saúde da população.

Problemas como a insuficiência dos serviços básicos de saneamento, coleta e

destinação adequada do lixo e condições precárias de moradia, tradicionalmente

relacionados com a pobreza e o subdesenvolvimento, somam-se agora à poluição

química e física do ar, da água e da terra, problemas ambientais antes considerados

"modernos".

Novamente, é sobre as populações mais carentes que recai a maior parte dos

efeitos negativos da urbanização, gerando uma situação de extrema desigualdade e

iniqüidade ambiental e em saúde.

Para reverter esse quadro é preciso que haja uma reincorporação das

questões do meio ambiente nas políticas de saúde, e a integração dos objetivos da

saúde ambiental numa ampla estratégia de desenvolvimento sustentável. Uma

abordagem mais integrada, com mecanismos intersetoriais que possibilitem um

diálogo amplo entre as partes, trará enormes benefícios na conquista de melhores

condições de vida nas cidades. A saúde ambiental hoje tem o desafio de promover

uma melhor qualidade de vida e saúde nas cidades e a oportunidade de enfrentar o

absurdo quadro de exclusão social, sob a perspectiva da eqüidade.

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2.3.2 O Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambien te

De acordo com Jacobi (1999), a problemática da sustentabilidade assume,

neste final de século, um papel central na reflexão em torno das dimensões do

desenvolvimento e das alternativas que se configuram para garantir eqüidade e

articular as relações entre o global e o local. A área social é atualmente onde se

explicitam os maiores desafios de respostas que possibilitem uma articulação dos

diferentes interesses em jogo.

A organização democrática do poder local assume cada vez mais um espaço

central numa agenda que contemple a necessária articulação não só entre atores,

mas entre políticas.

Nessa direção torna-se fundamental criar as condições para inserir

crescentemente a problemática ambiental no universo da gestão local, e

principalmente em relação à dinâmica das políticas sociais. O quadro socioambiental

que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que as ações dos humanos

sobre o meio ambiente está causando impactos cada vez mais complexos, tanto em

termos quantitativos quanto qualitativos. O conceito de desenvolvimento sustentável

surge como uma idéia de força integradora para qualificar a necessidade de pensar

uma outra forma de desenvolvimento.

Ao se falar em meio ambiente o que se lembra de imediato é de degradação e

é neste contexto que a população mundial vem procurando resolver os problemas

relacionados a tal ato.

Os problemas relacionados ao meio ambiente devem ser resolvidos de forma

global, pois não é apenas problema para um único país, ou mesmo população, mas

sim para todos, pois de qualquer forma todos dependem do meio ambiente para

sobreviver.

Segundo Bella (1996), a palavra desenvolvimento sustentável acabou por ser

utilizada pela primeira vez por Robert Allen, para ele o desenvolvimento estava

relacionado com o ser humano, mais precisamente com as suas necessidades, bem

como na qualidade de vida.

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Os ideais passam então a ser a utilização de técnicas que visem o manejo do

ambiente de forma a vir preservá-lo, nem que para isto seja necessário a

colaboração de toda a população.

A palavra sustentabilidade acaba por se incorporar nas vontades dos povos,

sendo prevista na Agenda Social Global. Necessário se faz transcrever artigo

primeiro da resolução nº 41/128 de 1986, trazida na obra de Barbieri (2000):

Art 1º. O direito ao desenvolvimento é um direito inalienável do homem em virtude do qual toda pessoa e todos os povos têm direito de participar e contribuir para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político de modo que todos os direitos e liberdades fundamentais do homem possam ser realizados plenamente, e de beneficiar-se desse desenvolvimento Barbieri (2000).

É com esta resolução que o desenvolvimento passou a ser reconhecido

inclusive como direito do ser humano. Segundo Caccia Bava (2002) a implantação

de tal mecanismo decorre da crise economicista que acaba por requerer meios que

venha a acabar com a pobreza e a exclusão social.

Os problemas constantes relacionados ao meio ambiente acabam por

necessitar de mecanismos estratégicos que visem a evolução da sociedade

moderna (VIOLA e LEIS, 1995).

Barbieri (2000) relata que a Conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992

acabou por desempenhar um papel fundamental para uma difusão em proporções

maiores em relação ao desenvolvimento sustentável.

A Conferência do Rio de Janeiro em 1992 acabou por gerar a Agenda 21 que

traz em seu texto a sustentabilidade como idéia central da preservação ambiental,

bem como a necessidade de enfrentar rapidamente a escassez dos recursos

naturais.

Diante do exposto acima, o que se conclui é que o desenvolvimento

sustentável tem como papel fundamental trazer mecanismos aptos à perfeita

preservação ambiental.

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2.4 REGULAMENTAÇÃO

Neste tópico, serão abordadas as instituições que podem autorizar a

implementação de fazendas marinhas em águas públicas, bem como a área de

concessão liberada por elas para o plantio e colheita de algas marinhas.

São quatro (04) instituições que autorizam a utilização de águas públicas,

sendo elas: SEAP (Secretaria Especial de Agricultura e Pesca), IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), SPU (Secretaria

do Patrimônio da União) e Capitania dos Portos (MARINHA).

Outro fator de grande importância foi a Instrução Normativa IBAMA N° 185, de

22 de Julho de 2008, que permite o cultivo de Kappaphycus Alvarezii no litoral dos

Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, exclusivamente na área compreendida entre

a Baía de Sepetiba (RJ) e a Ilha Bela (SP), conforme informações constantes no

anexo B.

2.4.1 SEAP (Secretaria Especial de Agricultura e Pe sca)

A SEAP foi criada para atender uma necessidade do setor pesqueiro, na

perspectiva de fomentar e desenvolver a atividade, no seu conjunto, nos marcos de

uma nova política de gestão e ordenamento do setor mantendo o compromisso com

a sustentabilidade ambiental.

A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República–

SEAP/PR - foi criada pelo atual Governo Federal por meio da Medida Provisória nº

103, de 1º de janeiro de 2003, em seu art. 1º, § 3 , IV. Cabe à SEAP “assessorar

direta e imediatamente o Presidente da República na formulação de políticas e

diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da produção pesqueira e aqüícola e,

especialmente, promover a execução e a avaliação de medidas, programas e

projetos de apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e industrial, bem como de

ações voltadas à implantação de infra-estrutura de apoio à produção e

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comercialização do pescado e de fomento à pesca e aqüicultura, organizar e manter

o Registro Geral da Pesca previsto no art. 93 do Decreto-Lei nº 221, de 28 de

fevereiro de 1967, normatizar e estabelecer medidas que permitam o

aproveitamento sustentável dos recursos pesqueiros altamente migratórios e dos

que estejam subexplorados ou inexplorados, bem como supervisionar, coordenar e

orientar as atividades referentes às infra-estruturas de apoio à produção e circulação

do pescado e das estações e postos de aqüicultura e manter, em articulação com o

Distrito Federal, Estados e Municípios, programas racionais de exploração da

aqüicultura em águas públicas e privadas, tendo, como estrutura básica, o Gabinete,

o Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca e até duas Subsecretarias.

(http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seap/).

Carvalho e Callou (2008) analisaram os projetos de Extensão Pesqueira da

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República –

SEAP/PR, entre 2003-2006, no Estado de Pernambuco na perspectiva do

desenvolvimento local e verificaram que a SEAP/PR, ao soerguer o serviço público

de Extensão Pesqueira nacional, incorporou o desenvolvimento local como condição

fundamental à emancipação dos contextos sociais pesqueiros.

2.4.2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos R ecursos Naturais

Renováveis (IBAMA)

O IBAMA é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente

(MMA). É o órgão executivo responsável pela execução da Política Nacional do Meio

Ambiente (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a preservação e

conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o

uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc). Também cabe à ele realizar

estudos ambientais e liberar licenças ambientais para empreendimentos a nível

nacional. (http://www.ibama.gov.br/patrimonio/).

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2.4.3 SPU (Secretaria do Patrimônio da União)

A missão da SPU (Secretaria do Patrimônio da União) é promover o

planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o desenvolvimento

sustentável e socialmente includente do País.

Administrar o Patrimônio da União: este é mais um dos grandes desafios do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que passou a ter em sua estrutura

a Secretaria do Patrimônio da União, antes pertencente ao Ministério da Fazenda.

O patrimônio, de natureza tão diversificada, está composto por imóveis

próprios nacionais e terrenos de marinha, áreas de preservação permanente, terras

indígenas, florestas nacionais, terras devolutas, áreas de fronteira e bens de uso

comum.

Por intermédio da Secretaria do Patrimônio da União, o Ministério tem

condições de contribuir para amenizar os problemas sociais existentes em nosso

País, preocupação constante do Governo Federal, influindo diretamente em

questões relacionadas com a geração de emprego e renda.

Programa de ocupação da orla brasileira e implantação de projetos turísticos,

em parceria com outros Órgãos das esferas federal, estadual e municipal,

prestigiando a conservação ambiental, tendo como diretriz a valorização dos imóveis

da União, também é prioridade da Secretaria do Patrimônio da União.

Há que se considerar, ainda, a busca pela regularização e utilização racional

dos imóveis de uso do Governo Federal.

Acreditamos que o conjunto das ações propostas permitirá uma melhor

administração do patrimônio da União, revertendo, por conseqüência, em benefícios

ao cidadão brasileiro.

Portanto, o grande desafio do Ministério do Planejamento Orçamento e

Gestão, através da Secretaria do Patrimônio da União, é encontrar soluções

aplicáveis aos anseios da sociedade, useo uma abordagem estritamente técnica.

(http://www.planejamento.gov.br/secretaria.asp?sec=9).

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2.4.4 Capitania dos Portos (MARINHA)

Capitania dos Portos é uma seção da Marinha do Brasil formada por

pequenas guarnições fiscalizadoras de rios, lagoas, lagos e costas. Suas atribuições

compreendem o lavramento de autos de infrações e apreensões.

As Capitanias dos Portos, Capitanias Fluviais, Delegacias e Agências têm o

propósito de contribuir para a orientação, coordenação e controle das atividades

relativas à Marinha Mercante e organizações correlatas, no que se refere à

segurança da navegação, defesa nacional, salvaguarda da vida humana e

prevenção da poluição hídrica. (https://www.mar.mil.br/cpsp/).

Os métodos para identificação dos impactos ambientais das atividades de

mineração no mar visam estabelecer se estas introduzem poluentes, determinar a

biodisponibilidade desses poluentes, verificar a existência de respostas mensuráveis

do ambiente e estabelecer a relação causal entre resposta e poluentes. Estes

métodos empregam três abordagens: mensuração de concentrações de poluentes

no meio físico (água e sedimento) e biótico (bioacumulação); estudos de laboratório

ou de campo que visam estabelecer a existência de respostas toxicológicas dos

organismos aos poluentes; e estudos de campo sobre modificações na estrutura e

processos dos ecossistemas (GOMES et al., 2000).

2.4.5 Instrução Normativa IBAMA N° 185, de 22 de Ju lho DE 2008

A INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA N° 185, DE 22 DE JULHO DE 2008

permite o cultivo de Kappaphycus Alvarezii no litoral dos Estados do Rio de Janeiro

e São Paulo, exclusivamente na área compreendida entre a Baía de Sepetiba (RJ) e

a Ilha Bela (SP), delimitada em terra pela linha de costa, e em mar pelas seguintes

coordenadas de longitude e latitude, respectivamente:

P1: 42° 27’ 55,56” W / 23° 49’ 06,03” S

P2: 42° 27’ 55,65” W / 23° 59’ 09,10” S

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P3: 43° 39’ 49,27” W / 23° 99’ 09,10” S

P4: 43° 39’ 49,27” W / 23° 03’ 11,51” S

São consideradas áreas de exclusão para instalação e ampliação de

empreendimentos de cultivo de Kappaphycus Alvarezii nas áreas e Unidades de

Conservação, que não possuem planos de manejo definido, e sempre que houver

indicativos de incompatibilidades entre a atividade e as finalidades da referida

Unidade de Conservação, de acordo com o objetivo definido em seu decreto de

criação, até a implementação de seu Plano de Manejo.

Só será permitido o cultivo de Kappaphycus Alvarezii em ambientes com

substratos inconsolidados e que não haja a presença de bancos naturais de outros

organismos fotossintetizantes, conforme informações constantes no anexo B.

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3 METODOLOGIA

Para a avaliação do desenvolvimento da produção de algas marinhas na

região de Ubatuba-SP, mais especificamente na Praia da Enseada, utilizou-se de

dados de entrevistas com os maricultores, com o Instituto de Pesca da Secretaria de

Agricultura e Abastecimento e com a Prefeitura Municipal de Ubatuba.

Neste ponto vale ressaltar excelentes expectativas com relação a compra de

toda a produção gerada de alga marinha da espécie Kappaphycus Alvarezii, visto

que grande empresas brasileiras que processam carragena demonstraram enorme

interesse em adquirir tal matéria prima.

Além da empresa Sete Ondas Biomar localizada no Estado do Rio de Janeiro,

pode-se citar a empresa Laboratórios GRIFFITH do Brasil, localizada no município

de Mogi das Cruzes/SP, com grandes possibilidades de consumo das algas

marinhas visando a extração da carragena.

3.1 FONTE DE DADOS

Para a caracterização da atividade da maricultura da produção de algas

marinhas a partir de pontos previamente demarcados pela Prefeitura Municipal de

Ubatuba, utilizaram-se os dados obtidos em entrevistas realizadas com os

produtores do município de Ubatuba-SP.

Foram entrevistadas 13 pessoas, sendo 10 Maricultores instalados na Praia

da Enseada, 01 Engenheiro Agrônomo e Pesquisador do Instituto de Pesca da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 01 Oceonógrafa e 01 Comunicador

Social da Prefeitura Municipal de Ubatuba.

Para levantamento dos dados, optou-se por empregar um roteiro de

entrevistas conforme ANEXO A, relacionando-se aos aspectos sociais, de tecnologia

de produção e de mercado da maricultura, voltada à produção de algas marinhas.

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Nas reuniões com os maricultores, com o Instituto de Pesca da Secretaria de

Agricultura e Abastecimento e com a Prefeitura Municipal de Ubatuba, obteve-se a

informação acerca da quantidade de áreas aquícolas a partir dos pontos

georeferenciados, bem como a quantificação de fazendas marinhas do município de

Ubatuba (Gelli e Marques, 2002).

Segundo os autores acima citados, no litoral norte do Estado de São Paulo,

as áreas dimensionadas segundo o Zoneamento Econômico Ecológico (Decreto

Estadual n° 49.125, de 07 de dezembro de 2004) onde só é permitida a aqüicultura

de baixo impacto definida por “cultivo de organismos marinhos de interesse

econômico, em áreas de até 2000m2 de lâmina de água por produtor, respeitada a

legislação específica que disciplina a introdução, re-introdução e transferência de

espécies”, conforme informações constantes no anexo D.

3.1.1 Perfil dos Maricultores e da Produção

Foram entrevistados 10 Maricultores para o projeto inicial na Praia da

Enseada, a respeito do cultivo de algas e quais as expectativas dos mesmos com

relação a esta nova atividade a qual proporcionará uma alternativa de renda mensal,

diferentemente de outros tipos de cultivo como mexilhão e pesca. As informações

obtidas de cada maricultor forneceram dados necessários a respeito do mercado de

algas marinhas.

3.1.2 Materiais e Métodos

Os materiais e métodos utilizados neste trabalho, foram descritos de uma

maneira sistemática, através de um conjunto de abordagens, técnicas e processos,

conforme detalhamento dos itens a seguir.

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3.1.2.1 Espécie Estudada

•Divisão: Rhodophyta

•Classe: Florideiphyceae

•Ordem: Gigartinales

•Família: Solieriacease

•Gênero: Eucheyma

•Espécie: Kappaphycus Alvarezii

A espécie Kappaphycus Alvarezii habitam geralmente em áreas rasas numa

profundidade de aproximadamente 2,0 m e são bem adaptados a altos níveis de

iluminação em ambientes com mais de 200 dias ensolarados ao ano. Preferem

águas claras e limpas e suportam águas turvas causadas por sedimentos em

suspensão, quando não são constantes ou por períodos muito prolongados.

Crescem em uma temperatura de água compreendida entre 20°C e 32°C e

salinidades superiores a 30 ups. Para o seu desenvolvimento, concentrações de

amônio e nitrato em torno de 1 a 2 micro mol e de fósforo de 0,5 a 1,0 micro mol

suficientes (DOTY e NORRIS, 1985; GLENN e DOTY, 1990; LUXTON, 1993;

ARECES, 1995).

A Kappaphycus Alvarezii é uma espécie perene, com alternância de três

gerações no seu histórico de vida: esporofídica, gametofítica e carposporofítica,

sendo as duas primeiras isomórficas e a última parasita do gametófito feminino.

Órgãos reprodutores masculinos são difíceis de serem reconhecidos em meio

natural e não em recifes de coral da região do Indo-Pacífico, do Leste da África até

Guam, China, Japão e ilhas do Sudeste Asiático (DOTY, 1987; ARECES, 1995).

É encontrada na parte superior da zona infralitoral, abaixo da linha de maré

baixa, em áreas onde o fluxo de água é de baixo e moderado (MCHUGH, 2003).

A Figura 4 ilustra a alga marinha da espécie Kappaphycus Alvarezii cultivada

na fazenda experimental do Instituto de Pesca em Ubatuba.

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Figura 4: Alga Marinha cultivada em Ubatuba Fonte: Instituto de Pesca – Ubatuba, 2009. 3.1.2.2 Local de Coleta

As mudas de algas marinhas da espécie Kappaphycus Alvarezii serão

cedidas e certificadas pelo Instituto de Pesca. Elas não foram retiradas de bancos

naturais, são clones das cepas já estudadas e testadas no cultivo experimental do

Instituto de Pesca há mais de 13 anos. Elas serão utilizadas na fazenda marinha

localizada na Praia da Enseada - Ubatuba entre as coordenadas de 45° 05’ 13” W

(longitude) e 23° 30 ’40” W (latitude), próximo ao Costão da Ponta do Boqueirão,

conforme desenvolvido no presente trabalho, apresentado na figura 5.

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Figura 5: Fazenda Marinha – Praia da Enseada em Ubatuba Fonte: O autor, 2009. Google Earth

3.1.2.3 Local do Experimento

O local escolhido para o projeto piloto foi a Praia da Enseada, em Ubatuba, a

uma distância de 500 m da praia. Este local foi escolhido devido ao recorte do litoral

e por apresentar áreas abrigadas e bem protegido, o que proporcionou um bom local

para o experimento de cultivo.

3.1.2.4 Sistema de Cultivo

O sistema de cultivo utilizado para a produção de algas marinhas na Praia da

Enseada é denominado de multi-espinhel. A estrutura deste sistema foi composta

por dois módulos de 3,0 m x 25,0 m, confeccionadas com canos de PVC (100 mm) e

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05 cordas de polietileno (06 mm). A flutuação das estruturas foi obtida com o auxílio

dos canos de PVCs fixados através de poitas de ancoragem por blocos de concretos

(500 Kg). As estruturas foram mantidas a 30 cm da superfície da água. As mudas de

Kappaphycus Alvarezii com 100 g de algas frescas foram inseridas entre as fibras

das cordas a intervalos de 20 cm, totalizando aproximadamente 1 kg de algas fresca

para cada 2,5 m de corda.

A Figura 6 representa o sistema multi-espinhel que foi utilizado na Praia da

Enseada para o plantio e cultivo de algas marinhas. Este sistema é similar ao

sistema do Instituto de Pesca em Ubatuba, ilustrado na Figura 7.

Este sistema foi desenvolvido para ser utilizado em águas mais profundas, em

áreas com maior disponibilidade de espaço.

Originalmente, o método utilizado pelos maricultores para o plantio e cultivo

de algas marinhas, eram através de estacas fincadas ao chão e, entre elas,

colocavam-se as linhas de cultivos, formando assim, campos de plantio, sem a

necessidade de utilizar barcos. Os maricultores apoiavam o pé no chão, dentro

d`água, conforme informação do Instituto de Pesca de Ubatuba-SP.

Figura 6: Sistema multi-espinhel – Praia da Enseada Fonte: O autor, 2009.

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Figura 7: Fazenda de algas marinhas utilizando o sistema multi-espinhel Fonte: O autor - Instituto de Pesca de Ubatuba, 2009.

3.1.2.5 Processo de Secagem e Armazenamento

Para realizar o processo de secagem e armazenamento das algas marinhas,

serão utilizados pelos maricultores, mesas de bambu cobertas com plástico

transparente, com secagem ao sol, conforme informado pela Prefeitura Municipal de

Ubatuba.

A implementação do processo de secagem e armazenamento ainda não foi

realizado na fazenda marinha localizada na Praia de Enseada em Ubatuba, pois os

maricultores estão aguardando a liberação das mudas dessas algas marinhas pelo

Instituto de Pesca de Ubatuba. A figura 8 ilustra o processo de secagem e

armazenamento a ser implementado em Ubatuba, tão logo as mudas sejam

liberadas.

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Figura 8: Processo de secagem de algas marinhas utilizando mesas de bambu Fonte: Foto extraída do site www.ilhagrande.org, Acesso em 04 out. 2009.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados gerados a partir deste estudo, proporcionaram informações

relevantes que podem contribuir para a criação de programas voltados ao

desenvolvimento sustentável do município de Ubatuba.

Com relação a adaptação da espécie na região, de acordo com o Instituto de

Pesca de Ubatuba, existem grandes possibilidades de se obter altas taxas de

crescimento e rendimento, com bom teor de carragena (cerca de 3% durante todo o

ciclo de produção), comparado com a região de origem, as Filipinas. Ainda, de

acordo com o Instituto de Pesca de Ubatuba, o teor de carragena varia em função

de vários fatores ambientais. Não foram observados indícios de riscos ambientais,

uma vez que a espécie Kappaphycus Alvarezii sobrevive da fotossíntese, não

causando degradação do meio ambiente.

Visto que, a espécie Kappaphycus Alvarezii adaptou-se muito bem ao nosso

meio ambiente, analisou-se o seu potencial de comercialização, com o principal

desafio de conseguir uma produção em larga escala, sustentada e de boa qualidade

da carragena e da alga marinha a preços competitivos.

Nestes aspectos, os resultados parecem promissores, visto que atualmente o

Brasil importa mais de 90% desta espécie de alga marinha, para obter a extração da

carragena (http://www.ubatuba.sp.gov.br/noticias/view.php?id=4882).

Também foram considerados outros cenários para análise de sensibilidade

propostas nas situações mais provável e menos favoráveis ao empreendimento.

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4.1 QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS AQUÍCOLAS EM UBATUBA, E M

CONCORDÂNCIA COM A LEGISLAÇÃO AQUÍCOLA FEDERAL E ES TADUAL

VIGENTES

O litoral Norte do Estado de São Paulo de quatro municípios: Ubatuba,

Caraguatatura, São Sebastião e Ilha Bela. Segundo dados da Cetesb (1999), estas

regiões apresentam uma variedade de ecossistemas costeiros e é do conhecimento

e do manejo desses sistemas que depende a produtividade local.

Gelli (2007), quantificou as áreas aquícolas de baixo impacto que estão

distribuídos geograficamente e podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2 – Determinação do número das áreas aquícolas de baixo impacto (2000m2), por localidade no município de Ubatuba

Localização Áreas

Aquícolas Latitude Lontitude Localização Áreas

Aquícolas Latitude Lontitude

1. Praia do Camburi 1 23°22'17.52"S 44°47'2.46"O 17. Praia da Enseada 6 23°30'10.52"S 44°05'06.48" O

2. Ilha Comprida (a) 3 23°23'44.77"S 44°50'56.49" O 18. Costão da Enseada 5 23°30'43.91"S 45°05'09. 94"O

3. Ilha Comprida (b) 1 23°23'51.15"S 44°51'09.04" O 19. Praia Flamenguinho 4 23°31'01.36"S 44°06'31 .45"O

4. Ilha das Couves (a) 1 23°25'22.63"S 44°51'22.2 4"O 20. Praia do Flamengo 1 23°30'51.37"S 45°06'3 5.91"O

5. Ilha das Couves (b) 2 23°23'51.15"S 44°51'09.0 4"O 21. Praia da Fortaleza 2 23°31'51.76"S 45°09' 38.49"O

6. Ilha dos Porcos 1 23°22'31.86"S 44°54'09.26"O 22. Bonete - Grande 6 23°32'18.36"S 45°10'41.85" O

7. Ilha Redonda 4 23°21'05.54"S 44°54'14.76"O 23. Praia dos Soares 3 23°31'55.64"S 45°11'19.79"O

8. Praia do Engenho 3 23°21'49.96"S 44°53'15.11"O 24. Praia da Mareuba 1 23°33'23.28"S 45°12'57.83 "O

9. Praia do Ubatumirim 4 23°20'57.41"S 44°52'55.3 9"O 25. Praia da Casseoca 2 23°33'56.57"S 44°12'5 3.07"O

10. Praia do Leo 2 23°22'14.10"S 44°56'59.86"O 26 . Praia da Raposinha 1 23°34'11.25"S 45°12'51.35" O

11. Ilha do Prumirim (a) 1 23°23'00.22"S 44°56'44 .00"O 27. Ilha do Mar Virado (a) 2 23°34'00.82"S 45°09'44.19"O

12. Ilha do Prumirim (b) 1 23°23'10.12"S 44°56'54 .31"O 28. Ilha do Mar Virado (b) 1 23°33'49.87"S 45°09'35.75"O

13. Praia do Alto 2 23°25'00.04"S 45°01'20.80"O 2 9. Praia das Galhetas 2 23°35'01.79"S 45°16'47.28 "O

14. Praia da Barra Seca 4 23°25'24.29"S 45°02'53. 39"O 30. Praia Mansa 1 23°35'43.97"S 45°15'46.98" O

15. Costão do Barroso 3 23°26'53.52"S 45°02'25.35 "O 31. Praia do Pulso 3 23°26'53.52"S 45°02'25.35 "O

16. Praia do Cedro 3 23°27'30.89"S 45°02'06.99"O 32. Praia das Sete Fontes 2 23°31'10.23"S 45° 6'4 9.57"O

TOTAL DE ÁREAS 78

Fonte: Gelli e Marques (2002)

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As fazendas marinhas estão localizadas e dimensionadas como está

apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Localização das fazendas marinhas em Ubatuba - SP, 2007

Localização N° de

Fazendas Marinhas

N° de Produtores

Áreas solicitadas ao SEAP – lâmina de água/produtor

(hectare) Ilha das Couves 2 2 0,2 Praia do Engenho 3 4 0,2 Praia do Ubatumirim 4 3 0,2 Praia da Barra Seca 4 3 0,2 Cais do Porto - Pesquisa 1 0 0 Saco do Barroso 2 3 0,2 Praia do Cedro 1 1 0,2 Praia da Enseada 4 5 0,2 Saco do Sununga 1 1 0,2 Praia do Flamenguinho 1 1 0,2 Praia da Fortaleza 1 1 0,2 Praia do Bonete Grande 6 6 0,2 Praia do Soares 3 4 0,2 Praia do Pulso 1 2 0,2 Praia da Caceoca 1 15 0,2 Ponta Aguda 1 2 0,2 TOTAL 33 53 3,0 Fonte: Gelli e Marques (2002)

4.1.1 Sistema Multi-Espinhel – Capacidade de Produç ão

O presente trabalho identificou que a capacidade estimada de produção de

algas marinhas durante o seu ciclo de produção, que varia de 30 a 40 dias, é de

aproximadamente 10 Kg por metro linear, de acordo com as informações fornecidas

pelo Instituto de Pesca de Ubatuba. Trata-se de uma quantia expressiva e

significativa, considerando que o sistema multi-espinhel têm um comprimento de 75

m2, o que representa uma produção de 750 Kg de algas por cada ciclo. Para o

período de 12 meses, estima-se aproximadamente 9 ciclos, perfazendo uma média

anual de produtividade de algas marinhas de 6.750 Kg.

Estimou-se que o valor por quilo de algas secas será vendido a R$ 2,50 e o

valor por quilo de algas molhadas será vendido a R$ 0,25.

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Os valores acima foram sugeridos pela empresa Sete Ondas Biomar, que se

comprometeu em comprar toda a produção de algas marinhas de Ubatuba.

4.1.2 Resultados das Entrevistas

A partir dos dados coletados nas entrevistas do anexo E, apresentam-se os

resultados na Tabela 4, provenientes do roteiro de entrevista constante no anexo A.

Tabela 4 – Resultados relevantes das entrevistas para este estudo com os maricultores da Praia da Enseada - Ubatuba-SP Maricultor Idade

Tempo de Atividade

(em anos)

Estado

Civil

Embarcação

Própria

Trabalha

Sozinho

Prioridades da

Maricultura de Algas Escolaridade

1 36 8 Solteiro Sim Não Legalização Superior

2 47 6 Solteiro Sim Sim Comercialização 2° grau incompleto

3 46 3 Solteiro Sim Sim Comercialização 2° grau incompleto

4 43 2 Casado Sim Sim Comercialização Superior

5 33 5 Solteiro Sim Sim Comercialização 2° grau

6 57 3 Casado Sim Sim Comercialização 2° grau

7 36 5 Solteiro Sim Sim Comercialização 2° grau incompleto

8 32 6 Solteiro Sim Não Comercialização 2° grau

9 58 4 Casado Sim Sim Comercialização 2° grau incompleto

10 31 5 Solteiro Sim Sim Comercialização 2° grau

Fonte: O autor, 2009

O levantamento sócio-econômico dos maricultores entrevistados mostra que a

pesca e a produção de mexilhão constituem com sendo a principal atividade para

83%. A idade média destes produtores é de 42 anos.

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5 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos no item anterior, pode-se concluir que:

• a quantidade de carragena a ser gerada a partir do cultivo desta espécie de

alga marinha será suficiente para suprir em (parte ou grande parte) a

demanda das indústrias brasileiras, às quais atualmente importam

praticamente toda a carragena necessária;

• o cultivo de algas marinhas da espécie Kappaphycus Alvarezii aumentaria a

renda mensal dos maricultores, No entanto, é uma atividade não sazonal e

a compra é “garantida”, devido ao fato de que o Brasil importa cerca de

90% da carragena utilizada nos processos industriais;

• o cultivo de algas marinhas da espécie Kappaphycus Alvarezii é

extremamente sustentável à região de Ubatuba, conforme justificado no

item anterior.

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GLOSSÁRIO

Algáceo – Relativo à alga.

Alga Marinha – compreendem vários grupos de seres vivos aquáticos e

autotróficos, ou seja, que produzem a energia necessária ao seu metabolismo

através da fotossíntese.

Ágar – Goma obtida, principalmente da espécie Gelidium e empregada

intensamente como meio de cultura para microorganismos.

Aquacultura – Aquacultura ou aqüicultura é o cultivo de organismos aquáticos,

incluindo peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e plantas aquáticas.

Carragenas – gomas que formam um grupo de polissacarídeos de estruturas

relacionadas entre si, formando complexos estáveis com outras gomas e proteínas.

Caseína – substância protéica pertencente ao grupo das fosfoproteínas, que pode

ser obtida do leite se lhe for adicionado um ácido ou uma enzima chamada renina, e

utilizada na produção do queijo e no fabrico de plásticos e adesivos.

Colóides – substância constituída por um meio contínuo no qual se encontram

dispersas partículas cuja dimensão é intermédia entre as das suspensões e as das

soluções verdadeiras.

Diglicéridos – ésteres de ácidos graxos comestíveis formados, geralmente, a partir

do álcool doce glicerina. Essas substâncias são fabricadas sinteticamente com o

objetivo principal de serem usadas como emulsificantes de oleomargarina.

Estabilizante – são aditivos alimentares que asseguram as características físicas de

emulsões e suspensões, sendo usualmente aplicados em conservas, doces,

sobremesas, lacticínios, sopas, caldos concentrados, panificação, massas,

alimentos processados, biscoitos, sorvetes, achocolatados e sucos.

Espessante – polissacarídeos, os quais absorvem umidade facilmente

proporcionando um aumento significativo na viscosidade dos produtos.

Explotação – Aproveitamento econômico racional do recurso.

Fármacos – Relativo a medicamento, remédio.

Ficocolóides – são polissacarídeos coloidais extraídos de algas. Em soluções

aquosas, essas substâncias se comportam como gel.

Gelatinização – relativo à formação de géis, onde as ligações de hidrogênio mais

fracas entre as cadeias de amilose e amilopectina são rompidas.

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Hidrodinamismo – É a intensidade com que as ondas vão de encontro às rochas

passa a ser fundamental para a ocorrência e distribuição das algas e dos animais

sésseis, os quais desenvolveram estruturas de fixação e de proteção resistentes ao

embate de ondas.

Isopropanol – substância química incolor e de forte odor, representado pela fórmula

química C3H8O; isômero do propanol

Kappaphycus Alvarezii – É uma espécie da alga marinha vermelha da família

Rhodophyta.

Macroalgas Marinhas – algas multicelulares, com órgãos diferenciados

Maricultura – Refere-se à aqüicultura marinha.

Nutrientes – substância constituinte dos alimentos que é utilizada pelas células nos

seus processos vitais ou que, de alguma forma, é essencial ao funcionamento do

organismo, fornecendo a energia ou matéria necessária para a manutenção da vida.

Polissacarídeos – macromoléculas naturais ocorrendo em quase todos os

organismos vivos, formados pela condensação de monossacarídeos, unidos por

ligações glicosídicas.

Sustentabilidade – conceito dinâmico, que leva em conta as necessidades

crescentes das populações, num contexto internacional em constante expansão

Sustentabilidade Econômica – vinculada ao “fluxo constante de inversões públicas

e privadas” além da destinação e administração corretas dos recursos naturais.

Sustentabilidade Ambiental – vinculada ao uso efetivo dos recursos existentes

nos diversos ecossistemas com mínima deterioração ambiental.

Sustentabilidade Social – vinculada ao padrão estável de crescimento, melhor

distribuição de renda com redução das diferenças sociais.

Sistema Tie-Tie (Multi-espinhel) – É um sistema multi-espinhel flutuante

constituído por feixes de tubo de PVC, os quais se encontram amarrados por linha

de nylon, bastante utilizado no cultivo de algas marinhas.

Vermífugos – produtos naturais ou sintéticos que tenham a finalidade de eliminar

vermes.

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ANEXO A – Roteiro de entrevista

MARICULTOR N°:

DATA:

NOME COMPLETO: IDADE:

SEXO:

ESTADO CIVIL: NATURAL:

ENDEREÇO DE MORADIA (RUA, N°, BAIRRO, TELEFONE):

ATIVIDADE PRINCIPAL: ESCOLARIDADE:

OUTRA ATIVIDADE:

IMPORTÂNCIA DA MARICULTURA NO ORÇAMENTO FAMILIAR:

QUANTO TEMPO É MARICULTOR?

É ASSOCIADO DA AMESP (ASSOCIAÇÃO DOS MARICULTORES DO ESTADO DE SÃO PAULO):

SIM ( ) NÃO ( )

TRABALHA SOZINHO? COM A FAMÍLIA? OUTROS:

TEM EMBARCAÇÃO PRÓPRIA?

É PESCADOR SIM ( ) NÃO ( )

LOCAL E CULTIVO: ESPÉCIES CULTIVADAS:

PRODUÇÃO MENSAL: LOCAL DE VENDA:

FORMA DE COMERCIALIZAÇÃO: PREÇO POR QUILO:

COMO É VISTA A MARICULTURA NA COMUNIDADE?

O QUE LEVOU A ESTA ATIVIDADE?

HOUVE INCENTIVO? DE QUEM?

CITE AS PRIORIDADES PARA A MARICULTURA:

VOCÊ GOSTARIA QUE SEU FILHO CONTINUASSE NA ATIVIDADE?

VISTO DO PRODUTOR: VISTO RESPONSÁVEL:

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ANEXO B – Instrução Normativa IBAMA N° 185, DE 22 D E JULHO DE 2008

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS

NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o item V, do art. 22, do

anexo I ao Decreto n°-6.099, de 26 de abril de 2007 , que aprova a Estrutura Regimental do IBAMA,

publicada no Diário Oficial da União de 27 de abril de 2007, e;

Considerando o disposto no Decreto Nº. 5.583, de 16 de novembro de 2005, que autoriza o IBAMA a

estabelecer normas para a gestão do uso sustentável dos recursos pesqueiros de que trata o §6º do

art. 27 da Lei n. 10.683, de 28 de maio de 2003;

Considerando o disposto no Inciso II, do art.17, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 , que dispõe

sobe a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação,

regulamentada pelo Decreto n° 99.274, de 6 de junho de 1990; nos artigos 31 e 79-A da Lei n° 9.605,

de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sansões penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providências no Decreto n° 4895, de 25

de novembro de 2003, que dispõe sobre a autorização de uso de espaço físicos de corpos d'água de

domínio da União para fins de aqüicultura e da outras providências; no art. 1° da Medida Provisória

2.163-41. de 23 de agosto de 2001, e na Resolução CONAMA n° 237, de 19 de dezembro de 1997;

Considerando o que consta do Processo IBAMA nº. 02001.004493/2005-95, resolve:

Art 1º Permitir o cultivo de Kappaphycus Alvarezii no litoral dos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, exclusivamente, na área compreendida entre a Baía de Sepetiba (RJ) e a Ilha Bela (SP),

delimitada em terra pela linha de costa, e em mar pelas seguintes coordenadas de longitude e

Latitude, respectivamente: P1: 42° 27' 55,56" W / 2 3° 49' 06,03" S; P2: 42° 27' 55,65" W / 23° 59'

09,10" S;P3: 43° 39' 49,27" W / 23° 59' 09,10" S; P 4: 43° 39' 49,27" W / 23° 03' 11,51" S, conforme

mapa em anexo.

§ 1° São consideradas áreas de exclusão para a inst alação e ampliação de empreendimentos de

cultivo de Kappaphycus Alvarezii nas áreas de Unidades de Conservação, que não possuam plano

de manejo definido, e sempre que houver indicativos de incompatibilidades entre a atividade e as

finalidades da referida UC, de acordo com o objetivo definido em seu decreto de criação, até a

implementação de seu Plano de Manejo.

§ 2° Só será permitido o cultivo de Kappaphycus Alv arezii em ambientes com substratos

inconsolidados e que não haja a presença de bancos naturais de outros organismos

fotossintetizantes.

Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa define-se:

I - explotação: aproveitamento econômico racional do recurso;

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II - espécie exótica: espécie que não ocorre naturalmente no País;

III - introdução: inserção de espécies exóticas em qualquer localidade do País;

IV - cepas ou mudas: fragmento da alga para propagação vegetativa;

V - baixa-mar: elevação mínima alcançada por cada maré vazante;

VI - área de exclusão: faixa litorânea onde não é autorizada a explotação de determinada atividade;

VII - áreas abrigadas: reentrâncias na linha de costa que ocasionam ambientes protegidos ou semi-

protegidos da exposição direta de ondas e/ou ventos, devido a fisiografia costeira, incluindo baías

fechadas e abertas, enseadas, sacos, canais, estuários de planície costeira, de rios e lagunas

estuarinas;

VIII - baía fechada: reentrância do litoral marinho ou lacustre, delimitado entre dois promontórios ou

cabos que se comunicam com o mar aberto através de passagens estreitas, sendo menor que um

golfo e maior que uma enseada, onde a largura de sua entrada é menor que seu comprimento

transversal;

IX - baía aberta ou enseada: reentrância do litoral marinho ou estuarino, em forma de meia lua,

delimitada, freqüentemente, entre dois promontórios ou cabos e que penetra pouco na costa, onde a

largura de sua entrada é maior que seu comprimento;

X - estuário: corpo de água costeiro semi-fechado, com conexão perene ou intermitente com o

oceano aberto, onde a água do mar é mensuravelmente diluída pela água proveniente do aporte

fluvial continental; e,

XI - taxa superficial de ocupação: a relação entre a área ocupada pelas estruturas de cultivo de todos

os empreendimentos utilizadores de espaço público em águas de domínio da União e a área total

disponível do espaço marinho (enseada, baía e estuário).

Art. 3º Proibir a importação de cepas ou qualquer material que permita a propagação e a reprodução

de algas Kappaphycus striatum e Eucheuma denticulatum.

Art. 4º A introdução de novas cepas ou mudas da Kappaphycus Alvarezii, só será permitida após a

aprovação do pedido pelo IBAMA, devendo o interessado encaminhar as seguintes informações:

a) identificação do proponente, número de Registro de Aqüicultor, Licenciamento ambiental; b)

solicitação ao IBAMA de autorização de importação c) local de origem do lote a ser introduzido. d)

número de indivíduos e estágio evolutivo; e) certificado de comprovação da espécie e certificado

fitossanitário, para efeito de liberação da importação, emitido no país de origem f) indicação da

entidade responsável pelo recebimento dos exemplares e quarentena; h) finalidade da introdução.

§ 1° A liberação para o uso no Brasil do material i mportado, só será liberado pelo IBAMA após a

emissão de certificado de comprovação da espécie por instituição oficial de pesquisa nacional, após

realizados os procedimentos de quarentena estabelecidos pelo órgão competente.

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§ 2° No caso de não comprovação de que a espécie im portada seja Kappaphycus Alvarezii, o

responsável pela importação deverá providenciar a sua expensa, no prazo de 48 horas, a incineração

de todo o lote importado.

Art. 5° Os Empreendimentos já instalados de cultivo de Kappaphycus Alvarezii, terão o prazo de 3

meses para solicitar a cessão de uso de espaço físico de domínio da União, conforme os

procedimentos estabelecidos na Instrução Normativa Interministerial N° 06, de 31 de maio de 2004, e

nesta Instrução Normativa.

Art. 6° As unidades de cultivo e produtoras de muda s de Kappaphycus Alvarezii deverão estar

licenciadas pelo Órgão Ambiental competente e registradas no Registro Geral da Pesca.

Parágrafo Único. A comercialização de mudas somente será permitida mediante emissão de

certificado de comprovação da espécie por Instituição de Pesquisa Oficial, onde deverá constar, além

da espécie, a confirmação de que o processo de propagação ocorre de forma vegetativa.

Art. 7° Permitir a instalação e a operação de empre endimentos de cultivo de Kappaphycus Alvarezii

de acordo com os seguintes critérios:

I - Quanto ao monitoramento ambiental: Cada empreendimento deverá apresentar plano de

monitoramento para avaliação e aprovação pelo IBAMA, que será obrigatório durante todo período de

funcionamento do empreendimento.

II - Quanto à taxa de ocupação em áreas abrigadas e em mar aberto:

a) Em baías abertas e enseadas, a título de precaução, a taxa máxima permitida de ocupação da

área superficial é de 10% da área total.

b) Em baías fechadas e estuários, a título de precaução, a taxa máxima permitida de ocupação da

área superficial é de 5% da área total.

c) Em áreas de plataforma continental interna, a taxa máxima permitida de ocupação superficial

deverá ser definida pelo Zoneamento Ecológico Econômico Estadual.

III - Quanto ao afastamento mínimo da linha de costa:

a) 200 metros da linha média de baixa-mar em praias.

b) 50 metros dos costões rochosos.

IV - Quanto às estruturas de cultivo só será permitido o cultivo com balsa utilizando long-line e com

rede de proteção com malha igual ou menor que 40 mm, entre nós opostos.

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V - Quanto à profundidade mínima para a instalação das estruturas de cultivo deve prevalecer

sempre a que for maior:

a) A profundidade mínima deve ser igual a altura da estrutura de cultivo submersa, mais uma

distância mínima de 1,50m entre a parte inferior da estrutura e o sedimento ou.

b) A profundidade mínima deve guardar a relação de 1:1 entre a parte submersa da estrutura de

cultivo e o vão livre sob a mesma.

VI - Quanto aos flutuadores: Não é permitida a utilização de flutuadores de metal, recipientes de

produtos tóxicos, garrafas PET, dentre outros que podem promover impacto visual ou dano

ambiental.

VII - Quanto à identificação do empreendimento: É obrigatório o uso de identificação dos limites da

área de cultivo, a qual deverá incluir nome do empreendimento, n°-do lote, n°-do registro junto a

SEAP/PR, e o n° do licenciamento ambiental nos vért ices do polígono autorizado.

VIII - Quanto à destinação de resíduos:

a) Não é permitida a deposição no mar dos resíduos oriundos da atividade de cultivo (cordas, cabos,

panos de redes, etc.).

b) O empreendedor é responsável pela destinação dos resíduos oriundos de suas áreas de produção

( restos de cordas, cabos, panos de redes) e pela retirada das estruturas de cultivo abandonadas em

Águas de Domínio da União.

IX - Dos prazos:

a) Fica estabelecido o prazo máximo de 1 (um) ano, para o cumprimento das determinações

estabelecidas nos incisos II e V do Art. 7°.

b) Fica estabelecido o prazo máximo de 6 (seis) meses, para o cumprimento das determinações

estabelecidas nos incisos III , IV e VI do Art. 7°.

c) Fica estabelecido o prazo máximo de 3 (três) meses, para o cumprimento das determinações

estabelecida no inciso VII do Art. 7°.

Art. 8° A liberação do cultivo de Kappaphycus Alvar ezii fora da área estabelecida no Art. 1°, só será

permitida após estudos e avaliação ambiental da região para comprovação da sua viabilidade

ambiental.

Art. 9° Aos infratores desta Instrução Normativa se rão aplicadas as sanções previstas na Lei n°

9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto n° 3 .179, de 21 de setembro de 1999.

Art. 10° Fica revogada a Instrução Normativa IBAMA N° 165, de 17 de julho de 2007.

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Art. 11° Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

ROBERTO MESSIAS FRANCO

D. O. U 23.07.08

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ANEXO C – Decreto Federal N° 4.895 de 25 de Novembr o de 2003

Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para

fins de aqüicultura, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da

Constituição, e tendo em vista as disposições da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, da Lei no

9.433, de 8 de janeiro de 1997, da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, da Lei no 9.984, de 17 de

julho de 2000, do Decreto no 3.725, de 10 de janeiro de 2001, e do Decreto no 4.670, de 10 de abril

de 2003,

DECRETA:

Art. 1o Os espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter seus usos autorizados para fins da

prática de aqüicultura, observando-se critérios de ordenamento, localização e preferência, com vistas:

I - ao desenvolvimento sustentável;

II - ao aumento da produção brasileira de pescados;

III - à inclusão social; e

IV - à segurança alimentar.

Parágrafo único. A autorização de que trata o caput será concedida a pessoas físicas ou jurídicas que

se enquadrem na categoria de aqüicultor, na forma prevista na legislação em vigor.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, entende-se por:

I - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre

total ou parcialmente em meio aquático;

II - área aqüícola: espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, destinado a projetos de

aqüicultura, individuais ou coletivos;

III - parque aqüícola: espaço físico contínuo em meio aquático, delimitado, que compreende um

conjunto de áreas aqüícolas afins, em cujos espaços físicos intermediários podem ser desenvolvidas

outras atividades compatíveis com a prática da aqüicultura;

IV - faixas ou áreas de preferência: aquelas cujo uso será conferido prioritariamente a determinadas

populações, na forma estabelecida neste Decreto;

V - formas jovens: sementes de moluscos bivalves, girinos, imagos, ovos, alevinos, larvas, pós-larvas,

náuplios ou mudas de algas marinhas destinados ao cultivo;

VI - espécies estabelecidas: aquelas que já constituíram populações em reprodução, aparecendo na

pesca extrativa;

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VII - outorga preventiva de uso de recursos hídricos: ato administrativo emitido pela Agência Nacional

de Águas - ANA, que não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão

passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento para os usos requeridos,

conforme previsão do art. 6o da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000;

VIII - outorga de direito de uso de recursos hídricos: ato administrativo mediante o qual a ANA

concede ao outorgado o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas

condições expressas no respectivo ato.

Parágrafo único. Excetuam-se do conceito previsto no inciso I os grupos ou espécies tratados em

legislação específica.

Art. 3o Para fins da prática da aqüicultura de que trata este Decreto, consideram-se da União os

seguintes bens:

I - águas interiores, mar territorial e zona econômica exclusiva, a plataforma continental e os álveos

das águas públicas da União;

II - lagos, rios e quaisquer correntes de águas em terrenos de domínio da União, ou que banhem

mais de uma Unidade da Federação, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território

estrangeiro ou dele provenham; e

III - depósitos decorrentes de obras da União, açudes, reservatórios e canais, inclusive aqueles sob

administração do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS ou da Companhia de

Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF e de companhias

hidroelétricas.

Art. 4o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República delimitará a

localização dos parques aqüícolas e áreas de preferência com prévia anuência do Ministério do Meio

Ambiente, da Autoridade Marítima, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da ANA, no

âmbito de suas respectivas competências.

§ 1o A falta de definição e delimitação de parques e áreas aqüícolas não constituirá motivo para o

indeferimento liminar do pedido de autorização de uso de águas públicas da União.

§ 2o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca solicitará reserva de disponibilidade hídrica à ANA

para cessão de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União, que analisará o pleito e

emitirá a respectiva outorga preventiva.

§ 3o A outorga preventiva de que trata o § 2o será convertida automaticamente pela ANA em outorga

de direito de uso de recursos hídricos ao interessado que receber o deferimento da Secretaria

Especial de Aqüicultura e Pesca para emissão da cessão de espaços físicos para a implantação de

parques, áreas aqüícolas e de preferência.

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Art. 5o A autorização de uso referida neste Decreto nos espaços físicos decorrentes de áreas de

preferência ou de fronteira, inclusive em áreas e parques aqüícolas já delimitados, será concedida a

pessoas físicas ou jurídicas, observado o seguinte:

I - nas faixas ou áreas de preferência, a prioridade será atribuída a integrantes de populações

tradicionais, atendidas por programas de inclusão social, com base em critérios estabelecidos em ato

normativo de que trata o art. l9 deste Decreto;

II - na faixa de fronteira, a autorização de uso será concedida de acordo com o disposto na legislação

vigente.

Art. 6o A União poderá conceder às instituições nacionais, com comprovado reconhecimento

científico ou técnico, a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água, de seu domínio, para

a realização de pesquisa e unidade demonstrativa em aqüicultura.

Parágrafo único. Os critérios e procedimentos para a autorização de uso de que trata o caput serão

estabelecidos em conformidade com o art. 19 deste Decreto.

Art. 7o A edificação de instalações complementares ou adicionais sobre o meio aquático ou na área

terrestre contígua sob domínio da União, assim como a permanência no local, de quaisquer

equipamentos, desde que estritamente indispensáveis, só será permitida quando previamente

caracterizadas no memorial descritivo do projeto e devidamente autorizada pelos órgãos

competentes.

Art. 8o Na exploração da aqüicultura em águas continentais e marinhas, será permitida a utilização de

espécies autóctones ou de espécies alóctones e exóticas que já estejam comprovadamente

estabelecidas no ambiente aquático, onde se localizará o empreendimento, conforme previsto em ato

normativo específico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA.

Parágrafo único. Para introdução de novas espécies ou translocação, será observada a legislação

pertinente.

Art. 9o A aqüicultura em unidade de conservação ou em seu entorno obedecerá aos critérios,

métodos e manejo adequados para garantir a preservação do ecossistema ou seu uso sustentável,

na forma da legislação em vigor.

Art. 10. O uso de formas jovens na aqüicultura somente será permitido:

I - quando advierem de laboratórios registrados junto à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca;

II - quando extraídas em ambiente natural e autorizados na forma estabelecida na legislação

pertinente;

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III - quando obtidas por meio de fixação natural em coletores artificiais, na forma estabelecida na

legislação pertinente.

§ 1o A hipótese prevista no inciso II somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves e

algas macrófitas.

§ 2o A hipótese prevista no inciso III somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves.

§ 3o O aqüicultor é responsável pela comprovação da origem das formas jovens introduzidas nos

cultivos.

Art. 11. O cultivo de moluscos bivalves nas áreas, cujos usos forem autorizados, deverá observar,

ainda, a legislação de controle sanitário vigente.

Art. 12. A sinalização náutica, que obedecerá aos parâmetros estabelecidos pela Autoridade

Marítima, será de inteira responsabilidade do outorgado, incumbindo-lhe a implantação, manutenção

e retirada dos equipamentos.

Art. 13. A autorização de uso de áreas aqüícolas de que trata este Decreto será efetivada no âmbito

do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, após aprovação final do projeto técnico pela

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca.

Parágrafo único. O pedido de autorização, instruído na forma disposta em norma específica, será

analisado pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, pela Autoridade Marítima, pelo IBAMA,

pela ANA e pela Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento Orçamento e

Gestão.

Art. 14. Verificada a existência de competição entre empresas do setor, a autorização de uso será

onerosa e seus custos deverão ser fixados mediante a instauração de processo público seletivo.

§ 1o Os critérios de julgamento do processo seletivo público, referido no caput deste artigo, deverão

considerar parâmetros objetivos que levem ao alcance das finalidades previstas nos incisos I a IV do

art. 1o deste Decreto.

§ 2o Para fins de classificação no processo seletivo público, a administração declarará vencedora a

empresa que oferecer maiores indicadores dos seguintes resultados socais, dentre outros:

I - empreendimento viável e sustentável ao longo dos anos;

II - incremento da produção pesqueira;

III - criação de novos empregos; e

IV - ações sociais direcionadas a ampliação da oferta de alimentação.

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Art. 15. O instrumento de autorização de uso de que trata este Decreto deverá prever, no mínimo, os

seguintes prazos:

I - seis meses para conclusão de todo o sistema de sinalização náutica previsto para a área cedida,

bem como para o início de implantação do respectivo projeto;

II - três anos para a conclusão da implantação do empreendimento projetado; e

III - até vinte anos para o uso do bem objeto da autorização, podendo ser prorrogada a critério da

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca.

Parágrafo único. Os prazos serão fixados pelo poder público outorgante, em função da natureza e do

porte do empreendimento.

Art. 16. O uso indevido dos espaços físicos de que trata este Decreto ensejará o cancelamento da

autorização de uso, sem direito a indenização.

Art. 17. O outorgado de espaço físico de que trata este Decreto, inclusive de reservatórios de

companhias hidroelétricas, garantirá o livre acesso de representantes ou mandatários dos órgãos

públicos, bem como de empresas e entidades administradoras dos respectivos açudes, reservatórios

e canais às áreas cedidas, para fins de fiscalização, avaliação e pesquisa.

Art. 18. Os proprietários de empreendimentos aqüícolas atualmente instalados em espaços físicos de

corpos d’água da União, sem o devido termo de outorga, deverão requerer sua regularização no

prazo de seis meses, contado da data de publicação deste Decreto.

Art. 19. A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, a ANA, o IBAMA e a Autoridade Marítima, de forma articulada

ou em conjunto, no âmbito de suas competências, editarão as normas complementares no prazo de

noventa dias, contado da publicação deste Decreto.

Art. 20. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 21. Fica revogado o Decreto no 2.869, de 9 de dezembro de 1998.

Brasília, 25 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

José Dirceu de Oliveira e Silva

Publicado no D.O.U. de 26.11.2003

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ANEXO D – Decreto Estadual N° 4.895 de 7 de Dezembr o de 2004

DECRETO Nº 49.215, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004

Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do Setor do Litoral Norte, prevê usos e atividades

para as diferentes zonas, estabelece diretrizes, metas ambientais e socioeconômicas e dá outras

providências, nos termos estabelecidos pela Lei nº 10.019, de 3 de julho de 1998.

GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,

Considerando que a atividade econômica deve desenvolver-se de maneira estável e harmônica com

o meio ambiente ecologicamente equilibrado, nos termos do disposto no Art. 170, inciso VI, da

Constituição Federal, e nos Artigos 180, inciso III, 184, inciso IV, 192 e 214, inciso IV, da Constituição

do Estado de São Paulo;

Considerando o disposto no Art. 10 da Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano

Nacional de Gerenciamento Costeiro e define as praias como bens públicos de uso comum do povo,

sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido,

ressalvados os trechos considerados de interesse da Segurança Nacional ou incluídos em áreas

protegidas por legislação específica;

Considerando a necessidade de regulamentação da Lei nº 10.019, de 3 de julho de 1998, que

instituiu o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro;

Considerando que devem ser valorizadas as funções sociais, econômicas, culturais e ambientais

inclusive das comunidades tradicionais da zona costeira, por meio de mecanismos de intervenção,

regulação e estímulo a alternativas adequadas ao seu uso sustentável;

Considerando a necessidade de promover o desenvolvimento regional sustentável através da

estruturação da atividade turística, garantindo e assegurando o equilíbrio ambiental da zona costeira;

Considerando a necessidade de promover o ordenamento territorial, através do disciplinamento dos

usos e atividades de acordo com a capacidade de suporte do ambiente;

Considerando a necessidade de promover o uso sustentável do potencial florestal, hídrico e

paisagístico de forma compatível com a proteção ao meio ambiente, objetivando o efetivo

desenvolvimento sócio-econômico;

Considerando a necessidade de disciplinar as formas e os métodos de manejo dos organismos

aquáticos, bem como o ordenamento dos procedimentos das atividades de pesca e aqüicultura,

resguardando-se aspectos sócio-econômicos culturais relativos à pesca artesanal; e

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Considerando que o Grupo Setorial do Litoral Norte, regularmente constituído pelo Decreto nº 47.303,

de 7 de novembro de 2002 e instalado em 24 de fevereiro de 2003, deliberou e aprovou a proposta

de regulamentação do Zoneamento Ecológico-Econômico do Litoral Norte em 12 de dezembro de

2003 após as Audiências Públicas realizadas de acordo com os ritos do Conselho Estadual do Meio

Ambiente em 10 e 11 de outubro e 21 e 22 de novembro de 2003, nos Municípios de São Sebastião,

Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba, respectivamente,

Decreta:

CAPÍTULO I

Art. 1° - O Zoneamento Ecológico -Econômico do Seto r Litoral Norte abrange os Municípios de

Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião nos termos do disposto pela Lei nº 10.019, de 3

de julho de 1998, que institui o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro.

CAPÍTULO II

Das Definições

Art. 2° - Para efeito deste decreto considera-se:

I - Aqüicultura: cultura de organismos que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de

vida;

II - Aqüicultura marinha de baixo impacto: cultivo de organismos marinhos de interesse econômico,

em áreas de até 2.000,00m² de lâmina d'água por produtor, respeitada a legislação específica que

disciplina a introdução, reintrodução e transferência de espécies;

III - Baixa-mar: nível mínimo que a maré alcança em cada maré vazante;

IV - Comunidades tradicionais: grupos humanos culturalmente diferenciados, fixados numa

determinada região, historicamente reproduzindo seu modo de vida em estreita dependência do meio

natural para a sua subsistência;

V - Ecoturismo: conjunto de atividades esportivas, recreativas e de lazer, que utiliza de forma

sustentável o patrimônio natural e cultural e incentiva sua conservação e a formação de uma

consciência sócio-ambiental através de um sistema ambiental saudável, que incorpore entre outros

aspectos, o transporte, a hospedagem, a produção de alimentos, o tratamento de esgoto e a

disposição de resíduos sólidos;

VI - Estrutura Abiótica: conjunto de fatores físicos e químicos do meio ambiente;

VII - Estruturas Náuticas: conjunto de um ou mais acessórios organizadamente distribuídos por uma

área determinada, podendo incluir o corpo d'água a esta adjacente, em parte ou em seu todo, bem

como seus acessos por terra ou por água, planejados para prestar serviços de apoio às embarcações

e à navegação. Para efeito de classificação, as estruturas náuticas ficam divididas em Classe I,

Classe II, Classe III, Classe IV e Classe V;

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VIII - Estrutura Náutica Classe I: estruturas que não necessitam de aterros, dragagem, rampas,

desmonte de pedras, construção de proteção contra ondas e marés. Apresentam a partir da parte

seca sobre as águas um comprimento máximo total de até 20m, com até 3m de largura, podendo

apresentar paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de até 5m de comprimento e de

até 3m de largura, não possuindo construções e edificações conexas na parte seca;

IX - Estrutura Náutica Classe II: estruturas que não necessitam de aterros, dragagem, podendo

apresentar rampas com largura até 3m, desmonte de pedras, construção de proteção contra ondas e

marés. Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um comprimento máximo total de até 30m,

com até 3m de largura, podendo apresentar paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação

de até 10m de comprimento e de até 3m de largura, ficando permitidas construções e edificações de

no máximo 50m² conexas na parte seca, sendo vedadas atividades de manutenção, reparos e

abastecimento. Não se incluem nesta classificação as marinas e garagens náuticas de uso comercial;

X - Estrutura Náutica Classe III: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira, rampas de

até 5m de largura, construção de proteção contra ondas e marés. Apresentam a partir da parte seca

sobre as águas um comprimento máximo total de 50m, com até 5m de largura, podendo apresentar

paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de até 20m de comprimento e de até 5m de

largura, ficando permitidas construções e edificações de no máximo 200m², conexas na parte seca,

assim como as atividades de manutenção e reparos, e vedada a de abastecimento. Incluem-se nesta

classificação as marinas e garagens náuticas dentro das dimensões aqui definidas;

XI - Estrutura Náutica Classe IV: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira, dragagem,

construção de proteção contra ondas e marés, rampas de até 10m de largura. Apresentam a partir da

parte seca sobre as águas um comprimento máximo total de até 100m, com até 10m de largura,

podendo apresentar paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de até 50m de

comprimento e até 10m de largura, ficando permitidas construções e edificações de no máximo

5.000m², conexas na parte seca, sendo permitidas as atividades de manutenção, reparos e

abastecimento. Incluem-se nesta classificação as marinas, garagens náuticas e estaleiros dentro das

dimensões aqui definidas;

XII - Estrutura Náutica Classe V: estruturas que podem apresentar aterros de cabeceira, dragagem,

construção de proteção contra ondas e marés, rampas com largura superior a 10m de largura.

Apresentam a partir da parte seca sobre as águas um comprimento acima de 100m, com mais de

10m de largura, podendo apresentar paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de

mais de 50m de comprimento e mais de 10m de largura, ficando permitidas construções e edificações

acima de 5.000m² conexas na parte seca, sendo permitidas as atividades de manutenção, reparos e

abastecimento. Inclui-se nesta classificação as marinas, garagens náuticas e estaleiros dentro das

dimensões aqui definidas;

XIII - Manejo Sustentado: exploração dos recursos ambientais, para obtenção de benefícios

econômicos e sociais, possibilitando a sustentabilidade das espécies manejadas, visando ganhar

produtividade, sem alterar a diversidade do ecossistema;

XIV - Ocupação para fins urbanos: implantação de edificações para moradia, comércio e serviços,

acompanhados dos respectivos equipamentos públicos e infra-estrutura viária, de saneamento

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básico, eletrificação, telefonia e outras, que se dá de forma planejada, em áreas adequadas a esta

finalidade, gerando manchas urbanizadas contínuas;

XV - Pesca Artesanal: é aquela praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma,

em regime de economia familiar ou em regime de parceria com outros pescadores, com finalidade

comercial;

XVI - Pesca Científica: é aquela exercida unicamente com a finalidade de pesquisa, por instituições

ou pessoas devidamente habilitadas e autorizadas;

XVII - Pesca Amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto, praticada

com linha de mão, vara simples, caniço, molinete ou carretilha e similares, com utilização de iscas

naturais ou artificiais, e que em nenhuma hipótese venha a implicar em comercialização do produto,

podendo ser praticada por mergulho em apnéia;

XVIII - Pesca Industrial: exploração de recursos pesqueiros com características de especialização,

realizada em larga escala, de elevado valor comercial, através de mão-de-obra contratada e que

detenha todo ou parte do processo produtivo em níveis empresariais;

XIX - Plano de Manejo de Unidade de Conservação: documento técnico mediante o qual, com

fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu Zoneamento

e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a

implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;

XX - Preamar: nível máximo que a maré alcança em cada maré enchente;

XXI - Recifes artificiais: estruturas construídas ou reutilizadas e colocadas no fundo do mar pelo

homem, com o propósito de criar novos "habitats" para as espécies marinhas;

XXII - Praia: área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subseqüente

de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos até o limite onde se inicie a

vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece outro ecossistema;

XXIII - Zona de Amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades

humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos

ambientais negativos sobre a unidade.

CAPÍTULO III

Do Zoneamento Ecológico-Econômico

Art. 3º - O Zoneamento Ecológico-Econômico do Setor do Litoral Norte a que se refere a Lei n°

10.019, 3 de julho de 1998 está delimitado cartograficamente em mapas oficiais do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), em escala 1:50.000, cujos originais, devidamente autenticados,

encontram-se depositados na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e nas Prefeituras Municipais

de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

§ 1º - O Zoneamento Ecológico-Econômico engloba os ecossistemas terrestres, marinhos e de

transição, sendo que, por suas características especiais, os ecossistemas de transição poderão ter

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suas normas, diretrizes e metas estabelecidas ora no Zoneamento Terrestre, ora no Zoneamento

Marinho, ou ainda em ambos.

§ 2º - A delimitação a que se refere o "caput" deste artigo, suas zonas e subzonas, está incorporada

ao Sistema de Informações referido no inciso II, do Art. 9º da Lei nº 10.019, de 3 de julho de

1998,estando as unidades territoriais em conformidade com o Art. 11 da referida lei, definidas como

Zona 1 (Z1), Zona 2 (Z2), Zona 3(Z3), Zona 4 (Z4) e Zona 5 (Z5) e suas respectivas subzonas,

quando aplicáveis.

SEÇÃO I

Do Zoneamento Terrestre

Art. 4º - A delimitação da Zona 1 Terrestre - Z1T considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - ocorrência de áreas contínuas de vegetação em estágio avançado de regeneração e fauna

associada, com alteração de cerca de 10% (dez por cento) da cobertura vegetal, observadas as

restrições previstas pelo Decreto Federal nº 750, de 10 de março de 1993;

II - ocorrência de áreas com declividade média acima de 47% (quarenta e sete por cento),

observadas as restrições previstas pela Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 e

Resolução CONAMA nº 303/02;

III - existência de comunidades tradicionais;

IV - ocorrência de Unidades de Conservação de Proteção Integral observadas as restrições previstas

pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

V - ocorrência de manguezais, observadas as restrições previstas pela Lei Federal nº 4.771, de 15 de

setembro de 1965 e Resolução CONAMA 303/02.

Art. 5º - A gestão da Z1T deverá observar as seguintes diretrizes:

I - garantir a manutenção da diversidade biológica, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e

arqueológico;

II - promover programas de controle da poluição e proteção das nascentes e vegetação ciliar com

vistas a garantir a quantidade e qualidade das águas;

III - promover, por meio de procedimentos dos órgãos competentes, a regularização fundiária;

IV - fomentar o manejo auto-sustentado dos recursos ambientais.

Art. 6º - Na Z1T, os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de, no

mínimo, 90% (noventa por cento) da zona com cobertura vegetal nativa garantindo a diversidade

biológica das espécies.

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Art. 7º - Na Z1T são permitidos os seguintes usos e atividades, desde que não se alterem as

características socioambientais da zona:

I - pesquisa científica relacionada à preservação, conservação e recuperação ambiental e ao manejo

auto-sustentado das espécies da fauna e flora regional;

II - educação ambiental;

III - manejo auto-sustentado, condicionado à existência de Plano de Manejo;

IV - empreendimentos de ecoturismo com finalidade e padrões que não alterem as características

ambientais da zona;

V - pesca artesanal;

VI - ocupação humana de baixos efeitos impactantes.

Parágrafo único - Respeitados a legislação ambiental, a Resolução CONDEPHAAT nº 40/85 que

estabelece o tombamento da Serra do Mar e o Plano Diretor Municipal, será admitida a utilização de

até 10% (dez por cento) da área total da propriedade para a execução de edificações, obras

complementares, acessos e instalação de equipamentos afins, necessários ao desenvolvimento das

atividades anteriormente descritas.

Art. 8º - Para efeito deste decreto, a Zona 1 Terrestre - Z1T compreende a sub-zona Áreas

Especialmente

Protegidas - Z1 AEP:

I - Parque Nacional da Serra da Bocaina, criado pelo Decreto Federal nº 68.172, de 4 de março de

1971 e com fundamento atual na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

II - Parque Estadual da Serra do Mar, criado pelo Decreto Estadual nº 10.251, de 30 de agosto de

1977, alterado pelos Decretos Estaduais nº 13.313, de 6 de março de 1979 e nº 19.448, de 30 de

agosto de 1982 e com fundamento atual na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

III - Parque Estadual da Ilha Anchieta, criado pelo Decreto Estadual nº 9.629, de 29 de março de 1977

e com fundamento atual na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

IV - Parque Estadual de Ilhabela, criado pelo Decreto Estadual nº 9.414, de 20 de janeiro de 1977 e

com fundamento atual na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

V - Estação Ecológica Marinha Tupinambás, criada pelo Decreto Federal nº 94.656, de 20 de julho de

1977 e com fundamento atual na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

VI - Área sob Proteção Especial - CEBIMar, criada pela Resolução SMA de 10 de fevereiro de 1987;

VII - Área sob Proteção Especial do Costão do Navio, criada pela Resolução SMA de 10 de fevereiro

de 1987;

VIII - Área sob Proteção Especial de Boissucanga, criada pela Resolução SMA de 10 de fevereiro de

19v87.

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Art. 9º - Os usos e atividades permitidos nas Z1T - AEP são aqueles definidos na legislação que

regula as categorias das Unidades de Conservação, no diploma legal que as criou, bem como nos

respectivos Planos de Manejo, quando aplicáveis.

Art. 10 - A delimitação da Zona 2 Terrestre - Z2T considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - elevada recorrência de áreas de preservação permanente, observadas as restrições previstas pela

Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e de risco geotécnico;

II - existência de áreas contínuas de vegetação em estágio avançado de regeneração e fauna

associada, com ocorrências de supressão ou de alteração de até 30% (trinta por cento) da cobertura

vegetal, observadas as restrições previstas pelo Decreto Federal nº 750 de 10 de março de 1993;

III - ocorrência de áreas com declividade média entre 30% (trinta por cento) e 47% (quarenta e sete

por cento);

IV - áreas sujeitas à inundação.

Art. 11 - A gestão da Z2T deverá objetivar as seguintes diretrizes:

I - manter a funcionalidade dos ecossistemas, garantindo a conservação dos recursos genéticos, do

patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico;

II - promover programas de manutenção, controle da poluição e proteção das nascentes e vegetação

ciliar com vistas a garantir a quantidade e qualidade das águas.

Art. 12 - Na Z2T, os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de, no

mínimo, 80% (oitenta por cento) da zona com cobertura vegetal nativa garantindo a diversidade

biológica das espécies.

Art. 13 - Na Z2T são permitidos, além daqueles estabelecidos para a Z1T, os seguintes usos e

atividades:

I - aqüicultura;

II - mineração com base nas diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor Regional de Mineração,

respeitadas as disposições do Plano Diretor Municipal;

III - beneficiamento dos produtos de manejo sustentado.

Parágrafo único - Respeitados a legislação ambiental, a Resolução CONDEPHAAT nº 40/85 que

estabelece o tombamento da Serra do Mar e o Plano Diretor Municipal, será admitida a utilização de

até 20% (vinte por cento) da área total da propriedade para a execução de edificações, obras

complementares, acessos e instalação de equipamentos afins, necessários ao desenvolvimento das

atividades anteriormente descritas.

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Art. 14 - A delimitação da Zona 3 Terrestre - Z3T considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - áreas contínuas com atividades agropecuárias e assentamentos rurais, cujos ecossistemas

primitivos foram alterados em até 50%(cinqüenta por cento);

II - áreas com declividade média inferior a 30% (trinta por cento), cobertas com vegetação secundária

em estágio inicial ou médio de regeneração, observadas as restrições previstas pelo Decreto Federal

nº 750, de 10 de março de 1993;

III - solos com aptidão ao uso agropecuário.

Art. 15 - A gestão da Z3T deverá objetivar as seguintes diretrizes:

I - manter a ocupação com uso rural diversificado, através de práticas que garantam a conservação

dos solos e das águas superficiais e subterrâneas;

II - aumentar a produtividade agrícola nas áreas já cultivadas e cujos solos sejam aptos a esta

finalidade, evitando novos desmatamentos;

III - minimizar a utilização de agrotóxicos;

IV - promover, por meio do órgão competente, a regularização fundiária em áreas julgadas devolutas;

V - promover, prioritariamente, a inclusão de áreas com vegetação nativa em estágio avançado de

regeneração, como reserva legal de que trata o Art. 16 da Lei Federal n° 4.771, de 15 de setembro de

1965, com a nova redação dada pela Lei Federal n° 7 .803, de 15 de setembro de 1989, respeitado o

limite mínimo de 20% (vinte por cento) da área da propriedade.

Art. 16 - Na Z3T, os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de, no

mínimo, 50% (cinqüenta por cento) da zona com cobertura vegetal nativa, através da formação de

corredores entre remanescentes de vegetação.

Art. 17 - Na Z3T serão permitidos, além daqueles estabelecidos para Z1T e Z2T, os seguintes usos e

atividades:

I - agropecuária, compreendendo unidades integradas de beneficiamento, processamento ou

comercialização dos produtos agroflorestais e pesqueiros, compatíveis com as

características ambientais da zona;

II - ocupação humana com características rurais;

III - silvicultura.

Parágrafo único - Respeitados a legislação ambiental, a Resolução CONDEPHAAT nº 40/85 que

estabelece o tombamento da Serra do Mar e o Plano Diretor Municipal, será admitida a utilização de

até 30% (trinta por cento) da área total da propriedade para a execução de edificações, obras

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complementares, acessos e instalação de equipamentos afins, necessários ao desenvolvimento das

atividades anteriormente descritas.

Art. 18 - A delimitação da Zona 4 Terrestre - Z4T considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características ambientais:

I - cobertura vegetal alterada ou suprimida até 70% (setenta por cento) da área;

II - assentamentos dispersos com uso urbano, e infraestrutura incompleta;

III - relevo com declividade média igual ou inferior a 30% (trinta por cento).

Art. 19 - A gestão da Z4T deverá objetivar as seguintes diretrizes:

I - manter a qualidade do ambiente, promovendo o desenvolvimento urbano de forma planejada;

II - priorizar a regularização e a ocupação das áreas urbanizadas;

III - promover a implantação de infra-estrutura urbana compatível com as demandas sazonais;

IV - estimular, através dos instrumentos jurídicos disponíveis, a ocupação dos vazios urbanos;

V - promover a implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social.

Art. 20 - Na Z4T os Planos e Programas objetivarão as seguintes metas:

I - conservação ou recuperação de, no mínimo, 40% (quarenta por cento) da zona com áreas verdes,

incluindo nesse percentual, as Áreas de Preservação Permanente;

II - atendimento de 100% (cem por cento) das economias residenciais quanto ao abastecimento de

água;

III - atendimento de 100% (cem por cento) das economias residenciais quanto à coleta e tratamento

dos esgotos sanitários;

IV - atendimento de 100% (cem por cento) da zona quanto à coleta e disposição adequada de

resíduos sólidos;

V - implementação de programas de coleta seletiva dos resíduos sólidos em 100% (cem por cento)

da zona.

Art. 21 - Na Z4T serão permitidos, além daqueles estabelecidos para as Z1T, Z2T e Z3T, os

seguintes usos:

I - equipamentos públicos e de infra-estrutura necessários ao desenvolvimento urbano;

II - ocupação para fins urbanos;

III - unidades comerciais e de serviços, e atividades de baixo impacto ambiental.

Parágrafo único - Respeitados a legislação ambiental, a Resolução CONDEPHAAT nº 40/85 que

estabelece o tombamento da Serra do Mar, e o Plano Diretor Municipal, será admitida a utilização de

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até 60% (sessenta por cento) da área total da propriedade para a execução de edificações, obras

complementares, acessos e instalação de equipamentos afins, necessários ao desenvolvimento das

atividades anteriormente descritas.

Art. 22 - Para efeito deste Decreto, a Z4T compreende a sub-zona definida como Área de Ocupação

Dirigida - Z4 OD, contemplando áreas que necessitam de ordenamento especial.

Art. 23 - A delimitação da Zona de Ocupação Dirigida - Z4 OD, considera, entre outras, isolada ou

conjuntamente, as seguintes características sócio-ambientais:

I - existência de cobertura vegetal nativa;

II - presença de empreendimentos residenciais parcialmente implantados e/ou ocupados.

Art. 24 - A gestão da Z4 OD deverá objetivar as seguintes diretrizes:

I - manter ou recuperar a qualidade dos assentamentos urbanos descontínuos, de forma a garantir a

ocupação de baixa densidade e a conservação do patrimônio histórico, paisagístico e cultural;

II - promover a ocupação adequada do estoque de áreas existentes;

III - incentivar a utilização do potencial turístico, através da implantação de serviços de apoio aos

usos urbanos permitidos;

IV - promover de forma planejada o ordenamento urbano dos assentamentos existentes, com práticas

que preservem o patrimônio paisagístico, o solo, as águas superficiais e subterrâneas, e assegurem o

saneamento ambiental.

Art. 25 - Na Z4 OD, os Planos e Programas objetivarão a meta de conservação ou recuperação de,

no mínimo, 60% (sessenta por cento) da zona com áreas verdes, incluindo nesse percentual as Áreas

de Preservação Permanente.

Art. 26 - Serão permitidos na Z4 OD empreendimentos de turismo e lazer, parcelamentos e

condomínios desde que compatíveis com o Plano Diretor Municipal, observadas as diretrizes fixadas

nos Planos e Programas de Z4 OD, garantindo a distribuição e tratamento de água, coleta,

tratamento e destinação final dos efluentes líquidos e dos resíduos sólidos coletados.

Art. 27 - A delimitação da Zona 5 Terrestre - Z5T considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - cobertura vegetal alterada ou suprimida em área igual ou superior a 70% (setenta por cento) do

total da zona;

II - assentamentos urbanos consolidados ou em fase de consolidação e adensamento;

III - existência de infra-estrutura urbana, instalações industriais, comerciais e de serviços.

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Art. 28 - A gestão da Z5T deverá objetivar as seguintes diretrizes:

I - promover a criação de áreas verdes públicas na área urbanizada;

II - otimizar a ocupação dos loteamentos já aprovados;

III - promover a implantação de empreendimentos habitacionais de interesse social.

Art. 29 - Na Z5T, os Planos e Programas objetivarão as seguintes metas:

I - atendimento de 100% (cem por cento) das economias residenciais quanto ao abastecimento de

água;

II - atendimento de 100% (cem por cento) das economias residenciais quanto à coleta e tratamento

dos esgotos sanitários;

III - atendimento de 100% (cem por cento) da zona quanto à coleta e disposição adequada de

resíduos sólidos;

IV - implementação de programas de coleta seletiva dos resíduos sólidos em 100% (cem por cento)

da zona.

Art. 30 - Na Z5T serão permitidos, além daqueles estabelecidos para as Z1, Z2, Z3 e Z4, os seguintes

usos e atividades:

I - unidades industriais;

II - terminais aeroviários e rodoviários;

III - complexos portuários, pesqueiros e turísticos.

SEÇÃO II

Do Zoneamento Marinho

Art. 31 - A faixa marinha abrangida por este decreto é aquela definida pela Lei nº 10.019, de 3 de

julho de 1998, englobando todos os ecossistemas e recursos naturais existentes a partir do limite

superior da preamar de sizígia até a isóbata de 23,6m, tendo como base de referência cartográfica as

cartas náuticas e tábuas de marés para o Porto de São Sebastião da Diretoria de Hidrografia e

Navegação do Ministério da Marinha.

§ 1º - Estão também incluídas na faixa marinha as ilhas, ilhotas, lajes e parcéis.

§ 2º - As normas de uso e as diretrizes definidas para o Zoneamento Marinho aplicam-se em duas

faixas diferenciadas, que são respectivamente, a faixa entre-marés, compreendendo a área entre a

preamar e baixa-mar de sizígia, e a faixa marítima que vai da baixa-mar de sizígia até a isóbata de

23,6m.

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Art. 32 - A delimitação da Zona 1 Marinha - Z1M, considera, entre outras, isolada ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - estrutura abiótica preservada;

II - comunidade biológica preservada;

III - ausência de atividades antrópicas que ameacem o equilíbrio ecológico;

IV - usos não intensivos, especialmente associados ao turismo e extrativismo de subsistência;

V - existência de áreas de reprodução de organismos marinhos. Art. 33 - A gestão da Z1M deverá

observar as seguintes diretrizes:

I - manter e garantir a funcionalidade dos ecossistemas visando assegurar a conservação da

diversidade biológica, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico;

II - promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas costeiras.

Art. 34 - Na Z1M são permitidos os seguintes usos e atividades:

I - pesquisa científica e educação ambiental relacionadas à conservação da biodiversidade;

II - manejo auto-sustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de Manejo aprovado

pelos órgãos ambientais competentes;

III - pesca artesanal, exceto arrasto;

IV - extrativismo de subsistência;

V - ecoturismo.

§ 1º - Os usos e atividades permitidos para a Zona de Amortecimento das Unidades de Conservação

são aqueles estabelecidos nos Planos de Manejo.

§ 2º - Nas propriedades cuja faixa entre-marés seja classificada em sua totalidade como Z1M e não

houver acesso terrestre, será permitida a implantação de estruturas náuticas Classe I, respeitadas as

exigências do licenciamento ambiental, para atender os usos permitidos na zona.

Art. 35 - A delimitação da Zona 2 Marinha - Z2M considera, entre outras, isoladas ou conjuntamente,

as seguintes características sócio-ambientais:

I - estrutura abiótica alterada por atividades antrópicas;

II - comunidade biológica em bom estado, mas com perturbações estruturais e funcionais localizadas;

III - existência de atividades de aqüicultura de baixo impacto ambiental;

IV - ocorrência de atividades de recreação de contato primário.

Art. 36 - A gestão da Z2M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - manter a funcionalidade dos ecossistemas garantindo conservação da diversidade biológica, do

patrimônio histórico, paisagístico, cultural e arqueológico;

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II - promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas costeiras.

Art. 37 - Na Z2M são permitidos além daqueles estabelecidos para a Z1M, os seguintes usos e

atividades:

I - pesca artesanal e amadora;

II - aqüicultura de baixo impacto;

III - estruturas náuticas Classe I e II;

IV - recifes artificiais;

V - manejo sustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de Manejo aprovado

pelos órgãos ambientais competentes.

Art. 38 - Para efeito deste decreto, a Zona 2 Marinha Z2M compreende a sub zona Z2M e (Zona 2

Marinha Especial) cujas características, diretrizes e usos permitidos são os mesmos previstos para

Z1M, sendo permitida a atividade de aqüicultura de baixo impacto.

Art. 39 - A delimitação da Zona 3 Marinha - Z3M, considera, entre outras, isolada ou conjuntamente

as seguintes características sócio-ambientais:

I - estrutura abiótica significativamente alterada por atividades antrópicas;

II - comunidade biológica em estado regular de equilíbrio com claros sinais de perturbações

estruturais e funcionais;

III - existência de estruturas náuticas Classe III.

Art. 40 - A gestão da Z3M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - recuperar a qualidade ambiental;

II - garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;

III - promover o manejo adequado dos recursos marinhos.

Art. 41 - Na Z3M são permitidos além daqueles estabelecidos para a Z1M e Z2M, os seguintes usos e

atividades:

I - estruturas náuticas Classe III;

II - pesca industrial com exceção de pesca de arrasto e captura de isca viva;

III - despejos de efluentes previamente submetidos a tratamento secundário.

Art. 42 - A delimitação da Zona 4 Marinha Z4M, considera, entre outras, isolada ou conjuntamente, as

seguintes características sócio-ambientais:

I - estruturas abióticas extremamente alteradas resultante de atividades antrópicas;

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II - comunidade biológica, com perturbação do equilíbrio, alteração estrutural das populações ou

empobrecimento da biodiversidade;

III - existência de estruturas náuticas Classe IV e V.

Art. 43 - A gestão da Z4M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - recuperar a qualidade ambiental;

II - garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;

III - promover o manejo adequado dos recursos marinhos.

Art. 44 - Na Z4M são permitidos além daqueles estabelecidos para a Z1M e Z2M, Z3M os seguintes

usos e atividades: estruturas náuticas Classe IV e V.

Art. 45 - A delimitação da Zona 5 Marinha - Z5M considera, entre outras, as seguintes características

socioambientais:

I - estruturas abióticas significativamente alteradas;

II - comunidade biológica com perturbação do equilíbrio, desestruturação das populações e

desaparecimento de espécies;

III - existência de atividades portuárias.

Art. 46 - A gestão da Z5M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - recuperar a qualidade ambiental;

II - garantir a sustentabilidade ambiental das atividades socioeconômicas;

III - promover o manejo adequado dos recursos marinhos.

Art. 47 - Na Z5M são permitidos além daqueles estabelecidos para a Z1M e Z2M, Z3M e Z4M os

seguintes usos e atividades:

I - portos;

II - lançamento de efluentes industriais, observados os padrões de emissão.

CAPÍTULO IV

Do Licenciamento Ambiental

Art. 48 - O licenciamento e a fiscalização dos empreendimentos necessários às atividades permitidas

nas zonas serão realizados com base nas normas e nas diretrizes estabelecidas no Zoneamento

Ecológico-Econômico, sem prejuízo do disposto nas demais normas específicas federais, estaduais e

municipais.

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Art. 49 - As disposições do presente decreto não se aplicam a empreendimentos de utilidade pública,

que permanecerão regidos pela legislação ambiental em vigor.

Art. 50 - As disposições do presente decreto não se aplicam à regularização de empreendimentos

habitacionais de interesse social, implantados anteriormente a 10 de outubro de 2001, data da

vigência da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001.

Art. 51 - No licenciamento ambiental de estruturas de apoio náutico deverão ser também

considerados possíveis impactos cumulativos em relação às demais atividades existentes ao longo

de uma mesma praia ou costão, de maneira a não comprometer o espaço público, quanto à utilização

por banhistas e a qualidade ambiental e paisagística.

Parágrafo único - Fica vedado o licenciamento ambiental de estruturas de apoio náutico a título

precário, sob qualquer fundamento, antes da avaliação dos impactos previstos no "caput" deste

artigo.

Art. 52 - O licenciamento ambiental dos recifes artificiais deverá ter por base estudos prévios que

incluam a caracterização ambiental, projeto básico de implantação e plano de monitoramento

permanente após o afundamento das estruturas, a ser devidamente aprovado pelos órgãos

competentes.

Parágrafo único - O plano de monitoramento deve garantir o resgate das estruturas a ser procedido

pelo responsável pelo projeto, se constatados impactos ambientais negativos ou abandono e

ausência de monitoramento ambiental.

Art. 53 - Os empreendimentos de aqüicultura deverão ser previamente licenciados pelos órgãos

competentes, apresentando o empreendedor, na ocasião do pedido de licença ambiental, um plano

de monitoramento da qualidade da água na área e entorno, a ser implementado pelo responsável

pelo projeto.

CAPÍTULO V

Das Disposições Finais

Art. 54 - A fiscalização será exercida de forma integrada pelos órgãos executores do Sistema

Estadual de Administração da Qualidade Ambiental - SEAQUA, conjuntamente com os municípios,

por meio de seus agentes de fiscalização, devidamente credenciados.

Art. 55 - O Zoneamento Ecológico -Econômico, objeto deste decreto será revisto no prazo mínimo de

5 (cinco) anos ou, a qualquer tempo, a requerimento de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos membros

do Grupo Setorial de Coordenação do Litoral Norte.

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Art. 56 - Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, 7 de dezembro de 2004

GERALDO ALCKMIN

José Goldemberg

Secretário do Meio Ambiente

Arnaldo Madeira

Secretário-Chefe da Casa Civil

Publicado na Casa Civil, aos 7 de dezembro de 2004.

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ANEXO E – Dados Coletados das Entrevistas

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