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CULTIVO EM MASSA DE PÓS-LARVAS DE PENAEUSJAPON/CUSEM TANQUES COM MICROALGAS NANNOCHLOROPS/S SP. MARco A . IGARASffi" ROBERTO K. KOBAYASffi"" JEFFERSONM. PENAFORT"" JOSÉRENATODEO. CÉSAR"" RESUMO um sistema intensiw sem troca de água, na presença de micrvalgas, N annochloropsis sp. Aproximadamente 62. 700 pós- 10.000 litros. A temperatura da água de cultiw variou de 21,15 a 27,40°C Os camarões foram alimentados com ração constituida decamarão ~ japonicus) e~ão (Myti1us edulis).Geralmente,o.bserva-se uma alta mortalidade decama- foi de 81,34%até o vigésimo nono dia de cultiro A densidade deNannochloropsissp. variou de 0,48x 1Q6 a 38,72 x 1Q6 células/ml PALAVRAS-CHAVE: Camarão marinho, cultivo, microalgas. SUMMARY Nannochloropsissp. 1emperature oftheculture waterrangedfrom 21,15 to27,40°C lhe shrimps~fed with E japoIÚcusshrimpsandMytilus edulis mussel rations.ln thepost- larvasurvival ratewas 81,34%atthe 29thdayofculture. 1hemicroalgadensityvariedfrom O,48xl06 to 38, 72x Ia' cells/rnl KEY - WORDS: Shrimp, intensive culture, microalgae. . Professor Adjunto Ph.D. do Departamento de Engenharia de Pesca da Unive~idade Federaldo Ceará .. Alunos do Mestrado em Engenharia de Pesca da U nive~idade Federal do Ceará

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CULTIVO EM MASSA DE PÓS-LARVAS DE PENAEUSJAPON/CUSEM TANQUES COMMICROALGAS NANNOCHLOROPS/S SP.

MARco A . IGARASffi"

ROBERTO K. KOBAYASffi""

JEFFERSON M. PENAFORT""

JOSÉRENATODEO. CÉSAR""

RESUMO

um sistema intensiw sem troca de água, na presença de micrvalgas, N annochloropsis sp. Aproximadamente 62. 700 pós-

10.000 litros. A temperatura da água de cultiw variou de 21,15 a 27,40°C Os camarões foram alimentados com ração

constituida de camarão ~ japonicus) e ~ão (Myti1us edulis). Geralmente, o.bserva-se uma alta mortalidade de cama-

foi de 81,34% até o vigésimo nono dia de cultiro A densidade de Nannochloropsissp. variou de 0,48x 1 Q6 a 38,72 x 1 Q6

células/ml

PALAVRAS-CHAVE: Camarão marinho, cultivo, microalgas.

SUMMARY

Nannochloropsissp.1emperature of the culture

waterrangedfrom 21,15 to 27,40°C lhe shrimps~fed with E japoIÚcusshrimpsandMytilus edulis mussel rations.ln

thepost-larvasurvival ratewas 81,34%atthe 29thdayofculture. 1hemicroalgadensityvariedfrom O,48xl06 to 38, 72x Ia' cells/rnl

KEY - WORDS: Shrimp, intensive culture, microalgae.

. Professor Adjunto Ph.D. do Departamento de Engenharia de Pesca da Unive~idade Federal do Ceará

.. Alunos do Mestrado em Engenharia de Pesca da U nive~idade Federal do Ceará

Diariamente foram observados os parâmetros:temperatura, salinidade, pH e densidade de células/ml de Nannochloropsis sp.

RESULTADOS E DISCUSSAO

Hudinaga demonstrou a praticabilidade do cul-tivo de P. )'aponicus (KIn'AKA 6), ao passo que JiroKittaka, em 1964, desenvolveu uma nova técnica decultivo de larvas em tanques grandes, nos quais foramcultivadas microalgas cujo desenvolvimento fora in-duzido por fertilização química da água de cultivo.Desta forma, com o aperfeiçoamento da carcinicultura,passou-se a empregar os métodos de cultivo extensi-vo, semi-intensivo e intensivo. Este último tem sidopraticado em vários países e envolve uma troca de águarelativamente mais elevada em relação ao sistema ex-tensivo. A boa qualidade da água constitui um fatordeterminante para o sucesso de um cultivo, devendoestar isenta de compostos tóxicos e contaminantesperniciosos à sobrevivência dos camarões.

De acordo com SHIODA & I<ITTAKA8, naágua de cultivo de filosomas em que se introduziuNannochloropsis, a amônia foi provavelmente absorvi-da por estas algas, durante seu crescimento. Por ou-tro lado, sugere-se que Nannochloropsis produzsubstâncias inibidoras do desenvolvimento de bacté-rias poluentes (IGARASHI3). Portanto a microalgaNannochloropsis sp. foi escolhida para ser utilizada naágua do cultivo neste experimento.

Quando se faz o bombeamento de água, nostanques de cultivos intensivos de camarões, em geralhá um gasto de energia elétrica maior que nos culti-vos extensivos. Isto porque, no sistema intensivo, háuma maior necessidade de água. Por conseguinte, esteexperimento foi realizados com vistas à obtenção demaiores informações acerca de um cultivo de pós-larvas de P. japonicus sem troca de água, em um siste-ma intensivo, na presença de microalgas

Nannochloropsis sp.

A temperatura é um fator que pode interferirno metabolismo do camarão, conseqüentemente in-fluenciando no crescimento. A temperatura da águapode variar de 24 a 28°C (IGARASHI5)sendo queem temperaturas abaixo de 20°C ou acima de 31°C,pode retardar o crescimento. Os camarões, coloca-dos em água gradualmente resfriada a 12°C -14°C,tomam-se inativos, movendo somente os pereiópodose pleópodos (SHIGUENO~.

Neste experimento, verificou-se que tempera-tura da água de cultivo variou de 21,15 a 27,40°C; opH de 7,42 a 9,04; e a salinidade de 26,0 a 33,5%0

(Tabela 1, Figura 1).Assumindo que os alimentos ministrados con-

têm uma mistura ideal de proteínas e minerais, estefato requer que todo o alimento oferecido às pós-larvas seja consumido. Na prática, isto é raro pois emmuitos casos uma porção da dieta é inaproveitável,por esta e outras razões a freqüência, tamanho doalimento e tempo de permanência deste foram ajus-tados para as pós-larvas consumirem e crescerem aomáximo. A quantidade de alimentos constituídos deM. edu/is e ração para P. }'aponicus, fomecida às pós-larvas, variou de O a 390 e 300g, respectivamente (Ta-

bela!). Segundo SHIGUEN07, Myti/us é umexcelente alimento para camarões.

Normalmente, uma alta mortalidade de cama-rões é verificada quando a água do cultivo não éreciclada durante um longo período. Neste experi-mento, a sobrevivência de pós-larvas foi de 81,34%no vigésimo nono dia de cultivo. A densidade deNannoch/oropsis sp. variou de 0,48 x 106 a 38,72 x 106células/ml (Tabela 1, Figura 1). Observamos que atéo décimo terceiro dia de cultivo, a Nannoch/oropsis sp.não apresentou um desenvolvimento satisfatório, o

que conseqüentemente baixou o pH para 7,77. Alémdo mais, no vigésimo quinto dia, quando a densidadede Nannoch/oropsis começou a diminuir, o pH tambémdeclinou, ficando abaixo de 8,0. E as pós-larvas di-minuíram o consumo de M. edu/is e começaram aapresentar sinais de debilidade. Este fato sugere queum pH abaixo de 8,0 pode influenciar negativamenteum cultivo intensivo. Assim, IGARASHI4 recomen-

MATERIAL E MÉTODOS

Este experimento foi realizado na Universida-de de Kitasato, Sanriku, Japão. Em um tanque retan-gular de 10.000 litros de capacidade foi estocada umaalta densidade de pós-larvas de P.japonicus, aproxima-damente 62.700, de mesma idade (PLs-J e tamanho.Este tanque foi abastecido com água do mar filtradaem fIltros de 10J.tm de espessura. A água não foitrocada durante o cultivo. Para as pós-larvas minis-trou-se Myti/us edu/is e ração peletizada para camarãoP. j"aponicus.

da que a água do cultivo de camarões apresente umpH levemente alcalino, entre 8,0 e 8,5.

Geralmente, em um cultivo, deve-se trocar aágua freqüentemente, evitando que a sua qualidadetorne-se precária. A quantificação da contribuiçãode Nannoch/oropsis no processo de purificação da águaé difícil, mas pode-se sugerir que a sua presença me-lhora a sobrevivência de pós-larvas de P. japonicuscultivadas na mesma água por um longo período.Na larvicultura de crustáceos dos gêneros Penaeus,Homarus e Jasus, sugere-se que esta microalga podecontrolar (IGARASHI et al.1) e limitar (IGARASHI& KITTAKA Z) o desenvolvimento de bactérias naágua de cultivo, melhorando conseqüentemente asobrevivência destes indivíduos. A operação contí-nua deste sistema intensivo requer uma certa habili-dade e sugere-se que é mais apropriado para paísesaltamente desenvolvidos, nos quais a terra e a mão-de-obra são caras e também onde haja um mercadogarantido para camarões vivos, a exemplo do Japão.

. o cultivo do tipo intensivo sugere ser aplica-

do para países com terra e mão-de-obra caras.. A microalga Nannochloropsis na água do cul-

tivo pode melhorar a taxa de sobrevivência das pós-larvas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRADECIMENTOS

Ao professor Jiro Kittaka da Universidade deKitassato, Sanriku, Japão, que concedeu total apoiona realização deste experimento.

CONCLUSÕES

. o camarão marinho P. ;"aponicus demonstrou ser

resistente na presença da microalga Nannoch/orop-sis sp.. Sugere-se que a presença das microalgas da

espécie Nannochloropsis sp. evitou uma variação exa-gerada do pH.

. A dieta natural à base de mexilhão (Mytilus

edulis) mostrou-se eficiente e com aceitabilidade óti-ma pelos camarões do cultivo e constatou-se que opH abaixo de 8,0 pode influenciar negativamente nocultivo do tipo intensivo.

1. IGARASHI, M. A., ROMERO, S. F., I(JTrAKA,

J. Bacteriological character in the culturewater of penaeid, homarid and palinuridlarvae. Nippon Suisan Gakkaism, Tokyo, v:57.p. 2255-2260, dec. 1991.

2. IGARASHI, M. A., KITrAKA,J. Water qualityof phyllosoma culture water. Proceeding ofthe Autumn Symposium on Aquaculture,

1991, p.446-465.3. IGARASHI, M. A. Bacteriological studies of

larval culture of crustaceans. Sanriku, Ja-pão: Universidade de Kitassato, 1991. 170p.(Dissertação de Doutorado).

4. IGARASHI, M.A, Tecnologia japonesa na en-gorda de lagostas juvenis e no cultivo decamarões. Fortaleza: Ed. UFC, 1994. 24p.

5. IGARASHI, M. A . Estudo sobre o cultivo decamarões marinhos. Fortaleza: EdiçõesSebrae, 1995. 66p.

6. KITrAKA,J. Food and growth of penaeid shrimp.Proceeding of the first lnternationalConference on Aquaculture Nutrition,1975. p. 249-285.

7. SHIGUENO, K. Shrimp culture inJapan. Tokyo:Association for International Technical

Promotion, 1975, 153p.8. SHIODA, K. & KITTAKA, J. Water quality of

phyllosoma water. Proceedings of theAutumn Symposium on Aquaculture.1991. p. 446.

TABELA 1 - Condições do cultivo de pós-larvas de Panaeus }"aponicus com microalgas.

01020304050607080910111213141516171819202122232425262728?C)

25,3524,5023,75

25,6025,40

24,65

24,00

25,60

24,45

27,00

24,55

21,60

21,15

23,70

23,20

23,0024,60

27,4024,65

24,7026,60

26,30

25,60

26,25

27,25

24,85

22,25

22,1021_50

8,779,048,878,848,468,558,118,197,977,747,778,618,188,768,888,928,968,768,118,128,448,438,568,758,278,017,567,6274.'

32,032,032,032,533,533,031,030,029,026,028,029,030,029,531,532,031,031,028,528,027,026,026,026,026,027,527,026,5ns

10048

152184136136297184192284220140128396820

1268124

1584178411881660168826042520387237123684319629RO

10103010301030

140100300150

O12020

10070

10080

1901702605075

200200200200200200

o12128

10O666O6OO44443OO4

1003901601550OO

60

8124

204036285248

10052

22810437227272

132164 51.000

FIGURA 1 - Variação da temperatura, pH e salinidade da água do cultivo de Penaeus ;"aponicus.

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. . . . . . . . .~ c . . . ~ = . . " ...--- pH Salin.(%o)-.- Te~.(.C)

I I I

5 10 15 20

Dias de cultivo

3525 30

40.,.

:1251

20 t15 '

f10

5

0-.-O

FIGURA 2 - Variação do número de células de microalgas Nannochropsis e Phaeodactylum na água docultivo de pós-larvas de P. j"aponicus.

o 5 10 25 30 3515 20

Dias de cultivo