cultivo de fruta-do-conde

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DOSSIÊ TÉCNICO – Cultivo de fruta-do-conde Reúne informações técnicas sobre o manejo cultural da fruta-do-conde Patrícia da Conceição Nascimento Instituto Euvaldo Lodi IEL/BA Novembro/2012

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DOSSIÊ TÉCNICO –

Cultivo de fruta-do-conde

Reúne informações técnicas sobre o manejo cultural da fruta-do-conde

Patrícia da Conceição Nascimento Instituto Euvaldo Lodi – IEL/BA

Novembro/2012

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O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos

processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de

pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.

Cultivo de fruta-do-conde

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Dossiê Técnico NASCIMENTO, Patrícia da Conceição Cultivo de fruta-do-conde Instituto Euvaldo Lodi – IEL/BA

20/11/2012

Resumo A fruta-do-conde (Annona squamosa L.), conhecida por diversos nomes como pinha e ata, tem despertado interesse de produtores de várias regiões do país, por considerada um fruto de grande potencial econômico. Este dossiê tem como objetivo tratar sobre o plantio e os manejos culturais empregados na cultura da fruta-do-conde, como a preparação do solo, o plantio de mudas enxertadas, época e modo de colheita, beneficiamento etc., além de informações sobre o transporte desta espécie.

Assunto CULTIVO DE FRUTA-DO-CONDE Palavras-chave Agricultura; Annona squamosa L.; árvore; cultivo; fruta-do-conde;

fruto; plantio

Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que dado os créditos ao autor, com menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br

Para os termos desta licença, visite: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3

2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 3

3 CARACTERÍSTICAS DA FRUTA FRUTA-DO-CONDE ............................................... 3

4 CULTIVO DA FRUTA-DO-CONDE ............................................................................... 4 4.1 Método de propagação ............................................................................................. 5

4.1.1 Propagação por via assexuada ................................................................................ 5

4.1.2 Propagação por via sexuada ................................................................................... 6 4.2 Preparo do solo ......................................................................................................... 6 4.3 Máquinas e implementos ......................................................................................... 7 4.4 Manutenção do pomar .............................................................................................. 7 4.5 Irrigação ..................................................................................................................... 7 4.6 Polinização artificial .................................................................................................. 8 4.7 Adubação e nutrição ................................................................................................. 9

5 DOENÇAS E PRAGAS ................................................................................................. 9 5.1 Doenças ..................................................................................................................... 9

5.1.1 Antracnose ............................................................................................................... 9 5.1.2 Podridão das raízes ................................................................................................. 10

5.1.3 Pinta-preta ................................................................................................................ 11

5.1.4 Podridão-seca ou podridão-seca-das-hastes .......................................................... 11 5.1.5 Podridão-seca-dos-frutos ......................................................................................... 11 5.1.6 Murcha-de-Phytophthora ......................................................................................... 12 5.1.7 Cancrose .................................................................................................................. 12 5.1.8 Queima-do-fio .......................................................................................................... 12 5.1.9 Rubelose .................................................................................................................. 13 5.1.10 Mancha-de-Cylindrocladium .................................................................................. 13 5.1.11 Tombamento das mudas ou damping off ............................................................... 13 5.1.12 Rachadura dos frutos ............................................................................................. 13 5.1.13 Nematóides ............................................................................................................ 13 5.2 Pragas ........................................................................................................................ 14

5.2.1 Broca-dos-ramos ou serrador .................................................................................. 14 5.2.2 Broca-dos-frutos ....................................................................................................... 14 5.2.3 Cochonilha-de-cera .................................................................................................. 14 5.2.4 Mosca-branca .......................................................................................................... 15 5.2.5 Ácaro vermelho ........................................................................................................ 15

6 COLHEITA, CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM ......................................................... 15

7 VALORES NUTRICIONAIS ........................................................................................... 16

8 ASPECTOS GERAIS DE COMERCIALIZAÇÃO, LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE .....................................................................................................................

16

9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 18

10 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 18

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Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

A fruta-do-conde (Annona squamosa L.), conhecida também como pinha ou ata é uma planta da família Annonaceae, tendo origem na América Tropical, mais especificamente nas

Antilhas, e encontra-se disseminada em quase todos os continentes, dada as inúmeras qualidade de seus frutos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE ANONÁCEAS, 2007). Segundo Ruprecht et al. (1990 apud ARAÚJO et al., 2002) a família Annonaceae compreende mais de 120 gêneros e 2.000 espécies, sendo o gênero Annona um dos mais importantes, com aproximadamente 90 espécies, das quais destacam-se: fruta-do-conde, cherimólia (A. cherimólia Mill.), graviola (A. muricata L.), condessa (A. reticulata L.), araticum-do-campo (A. dioica) e a atemóia (híbrido de A. cherimólia Mill. X A. squamosa L.).

No Brasil, a fruta-do-conde foi introduzida em 1626, primeiramente no Estado da Bahia, pelo governador Dom Diogo Luiz de Oliveira, o Conde de Miranda, por ocasião da sua vinda de Portugal para assumir o governo da Bahia. Mais tarde foi trazida de Caiena, pela corte de D. João VI, em 1811, e plantada no Rio de Janeiro (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE ANONÁCEAS, 2007). Somente em meados do século XX, a fruta-do-conde passou a ser explorada comercialmente e atualmente os maiores produtores deste fruto no Brasil são os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo (SÃO JOSÉ,1999 apud PELINSON, 2003). De acordo com Moura, Filgueiras e Alves (2002) ”o chá feito das folhas serve como laxante, e há registro na literatura do uso das sementes

com propriedades inseticidas”. O tema escolhido justifica-se por se caracterizar como mais uma fonte de pesquisa para que o pequeno produtor possa iniciar sua plantação e gerar renda com a comercialização desse fruto, seja diretamente para o consumidor final ou para as indústrias. 2 OBJETIVO

Este dossiê tem como objetivo reunir informações relacionadas ao cultivo da fruta-do-conde, contribuindo desta forma para que o pequeno produtor possa iniciar sua plantação e gerar renda com a comercialização desse fruto, seja diretamente para o consumidor final ou para as indústrias.

3 CARACTERÍSTICAS DA FRUTA FRUTA-DO-CONDE

De acordo com Kavati (1997 apud PELINSON, 2003), a fruta-do-conde é uma árvore de pequeno porte, com 4 a 6 metros de altura, bastante ramificada, apresentando ramos verdes quando tenros, tornando-se marrons e acinzentados quando maduros e de crescimento intenso nos períodos climaticamente favoráveis.

[...] As flores são originadas dos ramos novos, apresentando-se pendentes, solitárias ou em grupos de duas a quatro. As sépalas, em número de três, são triangulares, medindo de 2 cm a 3 cm de comprimento. As pétalas externas, também em número de três, são lanceoladas e grossas, de corte triangular com 1,5 cm de comprimento. Sua coloração por fora é amarelo verdosa e por dentro amarelada, contendo uma mancha roxa na base. As três pétalas internas são ovaladas, medindo de 6 mm a 8 mm de

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comprimento. Apresentam numerosos estames amarelos na base do receptáculo e muitos carpelos purpúreos na parte superior.O fruto é uma baga composta (sincarpo), arredondado, ovóide, esférico ou cordiforme, com 5 cm a 10 cm de diâmetro, formado por carpelos muito proeminentes na maioria dos tipos e cobertos externamente por saliências achatadas em forma de tubérculos. Os carpelos estão separados na base por uma linha creme, alaranjada ou roxa, dependendo do tipo. A casca é verde-escura, coberta por um pó esbranquiçado no início de seu desenvolvimento, porém existem tipos com frutos amarelos ou roxos. Quando maduros, os carpelos separam-se do ápice, deixando aparecer a polpa de coloração branca ou amarela, aromática, muito doce e de sabor agradável. A polpa desta fruteira envolve isoladamente cada uma das numerosas sementes, em média de 68 por fruto, constituindo-se numa característica marcante dessa espécie. No Brasil e em Cuba, entretanto, ocorre um tipo de ateira com frutos sem sementes (ARAÚJO FILHO et al., 1998).

Araújo Filho et al. (1998) descrevem ainda que “a árvore da fruta-do-conde produz frutos com peso médio entre 200 g e 400 g, sendo 54,2% de polpa, 38,2% de casca e 7,6% de sementes.”

Figura 1 - Fruto da fruta-do-conde

Fonte: (A FRUTA-DO-CONDE, 2012)

4 CULTIVO DA FRUTA-DO-CONDE

A seleção de fruta-do-conde, recomendada para o plantio, deverá ser aquela mais adaptada às diferentes regiões, com maior produtividade e aceitabilidade, com respeito à qualidade das frutas, sendo que a literatura aponta a “fruta-do-conde FAO I”, a “fruta-do-conde FAO II” e “fruta-do-conde AP” como as variedades mais adequadas para o plantio no Brasil (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

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Figura 2 - Polpa da fruta-do-conde

Fonte: (FRUTA..., 2012)

Em função das condições climáticas e da fenologia das plantas existe forte tendência da produção se concentrar entre os meses de janeiro a abril, com maior intensidade entre fevereiro e março (PELINSON, 2003). 4.1 Método de propagação A fruta-do-conde pode ser propagada por via sexuada (sementes) ou assexuada (vegetativa), sendo que a forma mais empregada nos pomares é a sexuada, que apesar de contribuir grandemente para a biodiversidade desta espécie, torna os pomares muito desuniformes em virtude da variabilidade genética entre as plantas (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). Em pomares de grande importância comercial, a preferência é pela propagação por via assexuada (enxertia).

4.1.1 Propagação por via assexuada A propagação por via assexuada, embora seja menos utilizada, contribui para a homogeneidade do pomar. “Além disso, esse método permite a floração e a frutificação mais precoces, bem como o plantio em solos não propícios desde que o porta-enxerto seja resistente a doenças como a podridão das raízes.” (CORDEIRO; PINTO RAMOS, 2000). A propagação assexuada pode ser realizada por enxertia e estaquia, sendo a primeira alternativa citada a mais utilizada (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). Na propagação por enxertia, os produtores do Brasil encontram dificuldades para conseguir porta-enxertos resistentes à podridão das raízes e utilizam a própria fruta-do-conde como porta-enxerto (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

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[...] A garfagem lateral e garfagem no topo, borbulhias em escudo, em T invertido, em placa ou em janela aberta são as principais técnicas do procedimento de propagação da fruta-do-conde por enxertia. A eficiência de cada uma delas parece estar relacionada com as condições ambientais como: temperatura, umidade relativa, idade do porta-enxerto, a compatibilidade do diâmetro deles (enxerto e porta-enxerto) e até mesmo a experiência do operador (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

4.1.2 Propagação por via sexuada Cordeiro, Pinto e Ramos (2000) mencionam que a propagação por sementes ou sexuada, enfrenta problemas no que tange a dormência de sementes:

[...] Recomenda-se semear em um período não muito longo depois da coleta da semente para evitar a perda do poder germinativo. Antes de semeá-las, devem ser postas para secar à sombra e só então colocadas para germinar quando a temperatura não estiver baixa, pois esta favorece a dormência das sementes. Caso isso ocorra, o aquecimento das sementes com água quente pode ser uma sugestão para eliminar esse problema (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

Cordeiro, Pinto e Ramos (2000 apud LUCAS, 1994) relatam que uma alternativa técnica para deixar as sementes mais germinativas é deixá-las na água por 24 a 48 horas, na parte baixa do refrigerador, antes do plantio.

4.2 Preparo do solo Segundo Andrade (2006), a fruta-do-conde é uma espécie rústica que cresce e produz em diferentes tipos de solos, no entanto, estes precisam ser de boa profundidade, possuindo de média a alta fertilidade e com boa drenagem, pois a árvore da fruta-do-conde não suporta excesso de água no seu tronco. Para preparar a área do plantio é necessário realizar com a antecedência a derrubada da vegetação, destoca, encoivaramento e queima. Após esta limpeza é recomendável coletar uma amostra de solo para análise em laboratório, visando identificar a necessidade de calagem e fertilização (ANDRADE, 2006).

A calagem, caso necessária, deve ser realizada 60 dias antes do plantio, juntamente com as operações de aração e gradagem. Os espaçamentos mais usados para a cultura da ateira são: 7,0 m x 5,0 m; 7,0 m x 4,0 m; 6,0 m x 5,0 m; 5,0 m x 5,0 m; 5,0 m x 4,0 m ou 4,0 m x 4,0 m. Em solos com baixa fertilidade ou sob condições de sequeiro, devem-se optar pelos espaçamentos mais adensados, enquanto sob condições de irrigação ou em regiões com boa distribuição de chuvas devem-se usar maiores espaçamentos. A marcação das covas deve ser feita utilizando-se corda de náilon, com auxílio de fita métrica. Esta operação deve ser executada com bastante cuidado para manter o alinhamento perfeito. Em áreas com declive acentuado alinhar as covas em curvas de nível, visando ao controle da erosão. As covas deverão ser abertas com dimensões de 40 cm x 40 cm x 40 cm, com antecedência de 30 dias do plantio. Deve-se ter o cuidado de separar para um lado a camada de terra da superfície da cova e para o outro a camada inferior, e inverter a sua posição por ocasião do enchimento (ANDRADE, 2006).

O plantio deve ser realizado preferencialmente no início da estação chuvosa, no mínimo 15 dias após a adubação de fundação, sendo que em áreas irrigadas poderá ser efetuado em qualquer época do ano, devendo-se ter o cuidado de deixar o colo da planta um pouco

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acima do nível do solo, para prevenir a ocorrência do fungo Phytophthora spp. Após o

plantio, recomenda-se colocar cobertura morta em volta do tronco da planta e proceder a uma irrigação com 15 a 20 litros de água (ANDRADE, 2006). De acordo com Andrade (2006), quando não for possível realizar uma análise de solo, a adubação de fundação deve ser feita usando 20 litros de esterco de curral bem curtido, 500 g de superfosfato simples, 100 g de cloreto de potássio e 50 g de fritas (F.T.E.). Após misturar esses adubos com a terra retirada da superfície da cova, procede-se ao seu enchimento. 4.3 Máquinas e implementos Para realizações das tarefas, será necessário a aquisição de uma distribuidora, uma furadeira mecânica, um trator de aproximadamente 75 cv 4 x 2, um pulverizador e uma roçadeira hidráulica com a finalidade de práticas culturais rotineiras e essenciais para execução da atividade (VIANA, 2005). 4.4 Manutenção do pomar

Para Andrade (2006), a árvore da fruta-do-conde deve ser mantida livre da concorrência de ervas daninhas, para evitar a competição por água e nutrientes, sendo recomendado o coroamento das plantas ou capina na linha de plantio e roçagem no restante da área:

A ateira deve ser conduzida em haste única até uma altura de 60 cm, quando então será despontada para estimular a emissão de três a quatro brotações, radialmente distribuídas, em alturas diferentes nos 20 cm terminais do caule. As demais brotações surgidas no tronco serão eliminadas. As brotações selecionadas constituirão as pernadas definitivas da planta, devendo ser despontadas quando atingirem 50 cm, estimulando novamente a emissão de três a quatro brotações. Esse procedimento deve ser repetido até a planta atingir 2 m de altura. A poda de produção é uma etapa importante do cultivo da ata e consiste em podar os ramos que apresentem o diâmetro de um lápis, os quais deverão ser encurtados entre 20 cm e 40 cm de comprimento, deixando-os com quatro a seis gemas. As folhas deverão ser retiradas manualmente desses ramos, visando liberar as gemas que vão brotar (geralmente três ou quatro), que vão emitir os botões florais. Essa prática pode ser feita de uma só vez na planta ou parcelada mensalmente em três etapas em ramos alternados para uma melhor distribuição dos nutrientes e água no crescimento dos frutos (ANDRADE, 2006).

Já a poda de limpeza consiste na eliminação de ramos doentes, secos, praguejados e inclinados para o centro. Essa prática visa melhorar o aproveitamento dos raios solares, aumentar a aeração no interior da planta, facilitar os tratos culturais e fitossanitários, a polinização e a colheita dos frutos, e deve ser realizada logo após a colheita (ANDRADE, 2006). 4.5 Irrigação De acordo com Sá (2011), a irrigação por gotejamento é um método muito peculiar e suas principais características e benefícios estão descritos a seguir:

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Aplicação da água - Na irrigação por gotejamento, a água é aplicada de forma pontual através de gotas diretamente ao solo. Estas gotas, ao infiltrarem, formam um padrão de umedecimento denominado “bulbo úmido”. Estes bulbos podem ou não se encontrar com a continuidade da irrigação e formar uma faixa úmida, outro termo técnico utilizado em irrigação localizada por gotejamento [...]. Muitas dúvidas surgem a respeito desta característica dos sistemas de gotejamento, nas quais se questiona se é necessário um gotejador por planta. Na realidade, neste tipo de tecnologia de irrigação, o solo tem papel fundamental na distribuição da água e, portanto, suas características físicas e de estrutura irão definir se o projeto de gotejamento terá um gotejador por planta, mais do que um ou até menos do que um. Desenvolvimento Radicular - De fato, uma das razões de se obter maiores produtividades em irrigação por gotejamento se deve à capacidade deste sistema em irrigar uma parte do solo onde estão as raízes da planta de forma muito precisa, constante e sem expulsar todo o ar deste solo. Assim, as raízes têm sempre água facilmente disponível, nutrientes (fertirrigação) e oxigênio, pois estas respiram para realizar seus processos metabólicos e de crescimento. No local da faixa úmida/bulbo, há então um grande aumento do volume e atividade das radicelas, raízes finas cuja única função é absorver água e nutrientes. O gotejamento praticamente não afeta as raízes de sustentação, que são grossas e suberinizadas, ou seja, são impermeáveis e não absorvem água e nutrientes. Assim, plantas cultivadas com gotejamento têm maior atividade radicular (radicelas), raízes profundas e, portanto, maior produtividade e capacidade de serem manipuladas mais facilmente (SÁ, 2011).

A fruta-do-conde pode ser cultivada em regiões com problemas de insuficiência ou má distribuição de chuvas, porém, para que produza bem e com qualidade, é fundamental o uso da prática da irrigação por ocasião dos veranicos e durante a estação seca. (ARAUJO FILHO et al., 1998). A irrigação deve ser feita preferencialmente por gotejamento ou microaspersão, pois possibilita a economia de água, reduz a concorrência com ervas daninhas, economiza mão-de-obra e permite a fertirrigação. Quando o uso de irrigação é realizado por aspersão convencional, principalmente nas fases de florescimento, vingamento e amadurecimento dos frutos, pode causar efeitos negativos na produção, por estimular a incidência de fungos, prejudicando sensivelmente a sua qualidade durante o amadurecimento e após a colheita (ARAÚJO FILHO et al., 1998). 4.6 Polinização artificial

Em certas plantas, a polinização natural é deficiente e a produção de frutos bastantes reduzidas, como na baunilha (Vanilla planifolia) e na tamareira, planta dioica, isto é com os pés femininos e masculinos. Nesses casos, a polinização artificial, feita pelo homem, consegue grande aumento de produção. O homem vem empregando a polinização artificial seja para o melhoramento de espécies, seja para a obtenção de novas variedades, de novo híbridos, etc., tendo em vista o aumento da produção agrícola (POLINIZAÇÃO, 2012).

Recomenda-se que a polinização da fruta-do-conde seja feita manualmente, visando obter o maior número possível de frutos bem formados (POLINIZAÇÃO, 2012).

A maturação dos órgãos masculino e feminino nas flores ocorre em períodos diferentes, sendo, portanto, necessário coletar flores ao final da tarde e deixá-las em local arejado até o dia seguinte pela manhã. Neste período, as anteras (órgão masculino) abrem-se liberando os grãos de pólen que serão transferidos (polinização) para o estigma (órgão feminino),

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facilitando, assim, a fecundação. A polinização é realizada com auxílio de um pincel pequeno, de pelo de camelo, o qual é colocado em contato com os grãos de pólen, pincelando-se em seguida sobre o estigma das flores. É aconselhável colocar 20% de amido (maisena) nas anteras, para facilitar a aderência do pólen ao pincel. Pode-se ainda usar a bombinha de polinização, porém não adicionar amido. A polinização deve ser feita até as 10 horas da manhã para que o pólen não se desidrate. Frutos defeituosos ocorrem se a polinização for feita após este horário (ARAÚJO FILHO et al., 1998).

4.7 Adubação e nutrição

Como os fatores climáticos e o solo variam para cada região, a adubação de fundação deve ser feita de acordo com a recomendação da análise de solo, sendo que quando não se dispõe desse resultado, devem ser usados 20 litros de esterco de curral bem curtido, 500 g de superfosfato simples, 100 g de cloreto de potássio e 50 g de FTE BR 12. Após misturar esses adubos com a terra retirada da superfície da cova, procede-se ao seu enchimento (ARAÚJO FILHO et al, 1998). Cordeiro, Pinto e Ramos (2000) relatam algumas formas de detectar desequilíbrios nutricionais em anonáceas:

[...] retardamento do crescimento vegetativo e da frutificação, a falta de novas brotações, a redução do tamanho das folhas, a queda precoce das folhas, malformação nas folhas, a clorose ou amarelecimento da folha e o aparecimento de manchas amarronzadas ou de manchas que lembram ferrugens são sintomas de desiquilíbrios nutricionais. [...] Recomenda-se a análise foliar periódica para ter certeza da sanidade do pomar. Para a correta análise foliar é conveniente realizá-la com o mesmo tipo de folha quanto ao tamanho, à idade e a localização do ramo. A época de coleta da folha para a análise é também fator importante e deve ser sempre realizada na mesma estação do ano (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

5 DOENÇAS E PRAGAS 5.1 Doenças

De acordo com Cordeiro, Pinto e Ramos (2000), as principais doenças da fruta-do-conde são: a antracnone, a podridão das raízes, a pinta preta, a podridão seca ou a podridão seca das hastes, a podridão seca dos frutos, a murcha de Phytophthora ssp., a cancrose, a

queima-do-fio e a rubelose. 5.1.1 Antracnose A antracnose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gloesporioides Penz que

ataca as folhas novas e os frutos, sendo considerada como uma das doenças mais severas. Os seus sintomas incluem alteração da cor das folhas, a queda e o ressecamento. Quando infectados, os frutos tornam-se mumificados e escurecidos. Esse patógeno é controlado através de pulverizações preventivas, com produtos químicos, como o oxicloreto de cobre, clorotalonil, mancozeb, propineb emaneb (2-3 g/litros de água) ou fungicidas sistêmicos como o benomil, bitertanol, tiabendazole e tiofanato metilico (1-2 litros de água), a intervalos

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de 7 a 30 dias (LUCAS, 1994; BEZERRA et al., 1997; FREIRE; CARDOSO, 1997 apud CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). A realização da pulverização deve ocorrer desde a floração até a frutificação completa. Os fungicidas à base de cobre não devem ser pulverizados durante a floração, pois podem resultar em perdas de flores e frutos (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

Figura 3 - Antracnose em folhas e frutos da árvore da fruta-do-conde

Fonte: (MANICA et al., 2000 apud VIANA, 2005) 5.1.2 Podridão-das-raízes A podridão-das-raízes é considerada a principal doença da cultura, dificultando a propagação por enxertia e é causada pelos fungos Rhizoctonia solani, Kuhn Colletotrichum gloeosporioides, Penz, Cylindrocladium scoparium, C. clavatum, Fusarium solani (Mart.) Sacc., Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl, Pythium sp., Sclerotium rolfsii Sacc. e Phytophtora sp. (FREIRE; CARDOSO, 1997 apud CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

A doença pode ser observada quando a planta entra em necrose e morre. O processo de necrose inicia-se na raiz, indo até o coleto e originando a morte completa das mudas. A murcha e o amarelecimento das folhas podem ser percebidos no momento anterior à necrose. O seu controle pode ser feito evitando-se o plantio em solos mal drenados e muito profundos e se for utilizada a irrigação por gotejamento, deve-se manter os emissores com 70 cm de distância do coleto. É preciso retirar do viveiro as mudas contaminadas e realizar a identificação precisa do agente causador, para que as medidas de controle mais adequadas sejam tomadas. O solo no qual será feito o plantio das mudas, quando tratado com brometo de metila ou submetido à solarização, pode diminuir o inóculo do patógeno (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

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5.1.3 Pinta-preta Causado pelo fungo Coniothyrium sp., causa lesões necróticas escuras e circulares,

possuindo até 2 cm de diâmetro. Podem ser observadas sobre essas lesões, pontuações escuras, com menos de 0,3 mm e que são acostromas ou estruturas de frutificação do fungo. As plantas que apresentarem alta incidência de desfolhamento se tornam fracas e vulneráveis ao aparecimento também da antracnose. Para o controle da pinta-preta, indica-se a realização de podas, com o intuito de aumentar a aeração da copa e também a aplicação de fungicidas à base de cobre, como o mancozeb, clorothalonil, benomil e o tiofanato metílico, em intervalos semanais durante o período chuvoso, seguindo os mesmos cuidados mencionados na aplicação contra a antracnose (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

Figura 4 - Pinta preta nas folhas da árvore da fruta-do-conde

Fonte: (MANICA et al., 2000 apud VIANA 2005)

5.1.4 Podridão-seca ou podridão-seca-das-hastes De acordo com Cordeiro, Pinto e Ramos (2000), a podridão-seca ou podridão-seca-das-hastes é uma doença causada pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maubl,

afetando, principalmente, a parte aérea das plantas. Seus sintomas característicos são a seca descendente dos ramos, com amarelecimento discreto das folhas. Os ramos afetados ficam amarronzados e desnudos e as infecções podem ser encontradas nos troncos, que se tornam escuros. São observadas lesões profundas e escuras nas polpas dos frutos, o que ocasionam o seu apodrecimento. O controle é feito apenas nas fases iniciais da doença, através da excisão das partes necrosadas, utilizando-se uma faca e protegendo a área, posteriormente, com pasta bordalesa. Esse tratamento precisa ser repetido todos os meses até que haja a total cicatrização do tecido da planta (FREIRE; CARDOSO, 1997 apud CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.5 Podridão-seca-dos-frutos Gerada pelo fungo Botryodiplodia theobromae (Pat.), a podridão-seca-dos-frutos ataca

flores, botões florais e frutos de qualquer idade. Essa doença se favorece de estresses hídricos, deficiência nutricional acentuada, adubações desequilibradas, fitotoxides por defensivos, alta pressão dos pulverizadores, pois o fungo precisa de um ferimento vegetal para penetrar. A sua manifestação é observada por manchas pretas provocadas em frutos desenvolvidos, além da ocorrência de secamento, queda de flores e de frutos jovens. A polpa dos frutos desenvolvidos torna-se escura, dura e de sabor desagradável, havendo escurecimento de toda sua superfície. Para controlá-la, deve-se evitar o estresse da planta; manter adubação adequada e tratos culturais; realizar o controle das pragas que atacam os frutos; retirar material, galhos e frutos contaminados e proteger o pomar de ventos fortes,

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fitotoxidez e queimaduras do sol. Pulverizar fungicidas, como a calda bordalesa a 2%, logo após a realização da poda (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.6 Murcha-de-Phytophthora

A murcha-de-Phytophthora é causada pelo fungo Phytophtroa nicotinae e aparece,

principalmente, no Estado de São Paulo e na região do cerrado, em Goiás e Distrito Federal. Um dos diagnósticos da doença é a discreta descoloração das folhas, que, a princípio, se mantêm verde-claras e depois perdem o brilho e se tornam cloróticas. Anterior à seca, uma murcha incipiente surge e as raízes necrosam e escurecem-se. As lesões podem chegar até o colo da planta e nos frutos são percebidas lesões escuras e apodrecimento em condições de umidade extrema. O seu controle é difícil, pois, quando é detectada, já atingiu o colo da planta e as raízes. Medidas preventivas podem ser tomadas, tais como: evitar o plantio em solos encharcados ou que possam favorecer a asfixia da raiz e que prejudica o desenvolvimento normal da planta (FREIRE; CARDOSO, 1997 apud CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). Se a irrigação for feita por gotejamento, os emissores devem permanecer posicionados a, pelo menos, 70 cm de distância do tronco. A utilização de porta-enxeros resistentes á podridão-das-raízes também podem ser empregados para o controle da murcha-Phytophthora (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

5.1.7 Cancrose De acordo Cordeiro, Pinto e Ramos (2000), o agente causal da cancrose é o fungo Albonectria rigisdiuscula (Berk & Br.). A doença acarreta rachaduras longitudinais e

deformações nos galhos. Aparecem, inicialmente, dilatações nas axilas dos galhos e, essas se desenvolvem para rachaduras, resultando no escurecimento do tecido exposto à necrose. Para controla-la, devem ser mantidos os tratos culturais e a adubação adequada; controlar de forma rápida as pragas; evitar o estresse hídrico; podar, para que possa ser aumentada a aeração na copa e pulverizar ou pincelar pasta cúprica, utilizando oxicloreto de cobre a 1% e calda bordaleza a 3%. Deve-se evitar a poda em períodos úmidos e ferimentos no tronco, principalmente na época de chuvas. Realizar o controle de ervas daninhas e em casos em que não houver anelamento do tronco, é preciso raspar a área e utilizar a pasta como no caso da podridão-da-haste. Caso não seja possível utilizar caulim, pode ser empregada terra branca de barranco ou terra de formigueiro. Nunca se deve utilizar a cal para substituir o caulim, pois a cal causa a neutralização do efeito dos fungicidas e só pode ser empregada quando misturada com fungicidas cúpricos ou à base de enxofre. 5.1.8 Queima-do-fio A queima-do-fio é causada pelo fungo Pellicularia koleroga Cook., sin. Kolega noxia. Os sintomas incluem o secamento das filhas que ao se desprenderem do galho, permanecem presas por um fio miceliano amarelado ou branco. Após um tempo, esses fios podem se tornar escuros e podem também se estender por toda a planta, sendo que o emaranhado dos fios dá uma ideia de teias de aranha. Para o seu controle, é sugerido podar e queimar os ramos afetados, pulverizando a planta com fungicidas à base de oxicloreto de cobre a 0,15% (150 g do princípio ativo/100l de água), em intervalos semanais ou quinzenais, até que desapareçam os sintomas (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

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5.1.9 Rubelose Doença causada pelo fungo Corticium sp., descoberta há pouco tempo por Junqueira e

Resende (2000 apud CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000) em Pomares da região de Paracatu-MG. São observadas a ocorrência de secamento e murchamento dos galhos, com morte da planta, às vezes. O tamanho das folhas mais novas diminuem e a sua coloração original é perdida. As folhas secam e murcham, mas permanecem presas ao galho. Para controlar essa doença é preciso realizar podas periódicas, para que seja possível aumentar a aeração da copa; catar e eliminar o material contaminado, incinerando-o em seguida. Depois da poda, pincelar pasta à base de fungicidas cúpricos, 20 a 30 cm acima e abaixo das cortes (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). Outras doenças que aparecem em anonáceas e na fruta-do-conde, consideradas menos importantes são: a mancha-de-Cylindrocladium, o tombamento das mudas ou damping off,

a rachadura dos frutos e o ataque de nematoides (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.10 Mancha-de-Cylindrocladium “É uma doença causada pelo fungo Cylindrocladium quinqueseptatum. Como sintomas, observam-se, inicialmente, manchas foliares escuras que evoluem para o desfolhamento total da planta. O controle é praticado como o descrito para a antracnose.” (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.11 Tombamento das mudas ou damping off

Causada pelos fungos Rhizoctonia solani, Furasium spp. e Pythium sp, o tombamento das

mudas restringe-se às mudas de sementeiras, devido ao alto teor de matéria orgânica e à alta umidade, além de semeadura densa e sombreamento excessivo, associado à presença de patógenos. O tombamento é o principal sintoma, proveniente das infestações fúngicas presentes no colo da planta. Para controlá-lo, é recomendado utilizar solos que não tenham sido cultivados anteriormente, e que sejam de textura leve e média, com um manejo correto de irrigação e sombreamento (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.12 Rachadura dos frutos Considerado um desequilíbrio fisiológico, a rachadura dos frutos é causada pelo rápido aumento da umidade no ambiente, como a ocorrência de chuvas intensas, e após um período de veranico, enquanto os frutos se desenvolvem. “As células da polpa absorvem mais rapidamente água do que as da casca e, assim, produz-se as rachaduras. Esse efeito pode ser favorecido por deficiência de cálcio e potássio.” (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000). 5.1.13 Nematóides Os sintomas causados pelos nematóides incluem o enrolamento das folhas, que passam a ficar coriáceas, amareladas e caem. A necrose do córtex, causada por esses patógenos, tornam as raízes escurecidas. “Como controle, recomenda-se a utilização de mudas sadias e a instalação do pomar em terreno livre dos nematóides, evitando o plantio em solos arenosos e realizando adubação anualmente com matéria orgânica.” (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

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5.2 Pragas 5.2.1 Broca-dos-ramos ou serrador

São os besouros (coleópteros) Oncideres dejeani ou Oncideres saga. O Oncideres dejeani é vulgarmente conhecido como serra-pau porque tem o hábito de cortar os galhos e os troncos das árvores. [...] A umidade favorece o processo da multiplicação. O controle dessa praga consiste em recolher e queimar os ramos caídos que contêm larvas de insetos. Em seguida, pincela-se o local dos ramos perfurados ou cortados, com uma pasta bordalesa (MORALES; MANICA, 1994). Outra prática é a limpeza das galerias nos ramos, feita com o auxílio de um arame e, depois de injetar 10 ml de parathion metílico 60 CE nos orifícios, tapá-los, posteriormente, com cera ou barro (BEZERRA et al., 1997) (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

Figura 5 - Besouro-serrador adulto

Fonte: (MANICA et al., 2000 apud VIANA, 2005)

5.2.2 Broca-dos-frutos

[A broca-dos-frutos] é a mariposa Cerconota anonella [...]. As fêmeas atacam principalmente os frutos, mas também ramos novos e flores. Depois de 3 dias, surge a lagarta, medindo 21 a 23 mm de cor rosada. Como controle, pode-se citar a retirada e a incineração do material infestado, podas dos ramos que estão com as folhas murchas. Deve-se agir logo depois do aparecimento dos primeiros sintomas. Pode-se também fazer controle com inseticida de 14 em 14 dias, durante o período de desenvolvimento dos frutos e suspendê-lo no período de colheita (MORALES; MANICA, 1994). O controle dessa praga também é realizado por meio de armadilhas luminosas e inseticidas (LUCAS, 1991; 1994). Outro procedimento adotado é a eliminação dos frutos atacados e a pulverização com fenthion 50CE (100 mL/100 litros de água) ou carbaryl 85PM (140 g/100 litros de água) (BEZERRA et al., 1997) (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

5.2.3 Cochonilha-de-cera

[As cochonilhas-de-cera] [...] (Ceroplastes spp.) apresentam cor parda, geralmente revestidas por cera branca. Instalam-se em ramos, caules ou folhas novas. São pragas que ocorrem nas mudas do viveiro e na planta

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adulta. Normalmente, sugam a seiva das plantas enfraquecendo-as. [...] Como controle, deve-se cortar, enterrar ou queimar os ramos atacados e fazer controle químico com óleo mineral emulsionável, exceto no período de florescimento e com menor dose durante o verão (MORALES; MANICA, 1994) (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

5.2.4 Mosca-branca

[As moscas-brancas] [...] (Paraleyrodes goyabae e P. goyabas) infestam as folhas novas e brotações e causam deformações e cloroses. Produzem graves prejuízos no desenvolvimento vegetativo da planta porque provocam, às vezes, quebra de flores, diminuindo a produção. O controle da mosca-branca faz-se como o da broca-do-fruto, principalmente contra o adulto e ninfas jovens, com carbaryl a 7,5% (ROBS, [200-?] apud KAVATI, 1992; MORALES; MANICA, 1994) (CORDEIRO; PINTO; RAMOS, 2000).

Figura 6 - Mosca branca

Fonte: (MANICA et al., 2000 apud VIANA 2005)

5.2.5 Ácaro vermelho

Esse ácaro (Tenuipalpus granati) atua nas regiões quentes e secas tem-se caracterizado como praga de ocorrência frequente, provocando sérios danos à produção. Caracteriza-se por produzir um bronzeamento e a queda prematura das folhas. O controle de ácaro vermelho tem sido feito através do uso de agrotóxicos. Embora não haja acaricidas registrados no [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] MAPA, para uso em pinha, o Abamectin é um principio ativo extremamente eficiente no controle desta praga (ARAÚJO et al., 1999) (VIANA, 2005).

6 COLHEITA, CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM

Conforme Araújo Filho et al. (1998), a árvore da fruta-do-conde começa a produzir a partir do terceiro ano após o plantio, com período de colheita concentrando-se de janeiro a abril, podendo se estender um pouco mais, em cultivos irrigados. A produção varia de 150 a 200 frutos/planta/ano, muito embora, sob condições de sequeiro na região Nordeste, a produtividade só atinja de 100 a 150 frutos/planta/ano.

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[...] Os frutos devem ser colhidos manualmente, “de vez”, com muito cuidado para que cheguem ao mercado consumidor sem lesões externas, com a casca de cor atrativa, com polpa firme e contendo elevado teor de açúcar. O ponto de colheita é determinado pela observação do afastamento dos carpelos e pela coloração verde-amarelada dos tecidos intercarpelares. A colheita prolonga-se por três a seis meses, usando-se, nesta operação, luvas, tesouras, sacolas, escadas e caixas de plástico onde os frutos serão cuidadosamente colocados. Após a colheita, os frutos são transportados para o galpão ou casa de embalagem, onde são classificados pelo estágio de maturação e pelo tamanho. Os frutos lesionados, defeituosos, muito maduros ou verdes são descartados ou separados para consumo doméstico. Após a seleção e a classificação, os frutos são embalados em caixetas de papelão para 3 kg , colocados em camada única, formando os tipos 9 (3 x 3); 12 (4 x 3); 15 (5 x 3); e 18 (6 x 3). Os tipos 9 e 12 são os preferidos para os mercados das grandes capitais (ARAÚJO FILHO et al., 1998).

7 VALORES NUTRICIONAIS A fruta-do-conde é uma boa fonte de vitaminas C e do complexo B, importantes no metabolismo das proteínas, carboidratos e gorduras. É aconselhada como incremento no cardápio, pois possui vitaminas e sais minerais, porém sendo inadequada para pessoas que fazem regime de emagrecimento, por ser rica em açúcares, sendo, consequentemente, muito mais calórica do que a maioria das frutas (FRUTA-DO-CONDE, 2012). Para São José (1997 apud PELINSON, 2003), “de forma geral, a fruta-do-conde apresenta a seguinte composição: polpa comestível – 54,19%, casca – 38,18%, sementes – 7,60%, sólidos solúveis totais – 25,29°Brix, acidez total titulável – de 0,88 a 0,21% (em ácido cítrico) e pH – 4,35”. 8 ASPECTOS GERAIS DE COMERCIALIZAÇÃO, LEGISLAÇÃO E PADRÕES DE QUALIDADE Conforme Andrade (2006), a produção da fruta-do-conde começa a partir do terceiro ano após o plantio, com período de colheita concentrando-se de janeiro a abril, podendo se estender um pouco mais, em cultivos irrigados. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Frutas – IBRAF (2005), como se trata de uma fruta muito delicada e com uma vida útil bastante curta, a fruta-do-conde é comercializada junto aos pólos de produção, e os produtores mais tecnificados exploram ou diretamente ou através de intermediários aos principais entrepostos atacadistas da região e do Brasil.

[As frutas-do-conde] são comercializadas em caixas de papelão de 3,5/4,0 kg líquido, normalmente com dez a catorze frutas por caixa. O mercado da fruta-do-conde é quase que exclusivamente o mercado de frutas de mesa “in natura". A fruta-do-conde da Bahia é de boa qualidade e atingiu os mercados do Sudeste, competindo com frutas de outras regiões. As frutas de melhor qualidade são conservadas e transportadas sobre refrigeração, embaladas algumas vezes a vácuo, em plástico especial semipermeável, dentro do qual é colocado um sachê absorvedor de etileno. Essa forma de conservação, embalamento e transporte é a forma praticada para as exportações. Os frutos assim apresentados alcançam um preço até 50% mais altos nos mercados nobres (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005).

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Quanto à base legal que incide sobre a fruta-do-conde, tem-se:

Resolução Normativa Conjunta (SARC, Inmetro e Anvisa) n°9 de 14/11/2003, que dispõe sobre as embalagens destinadas ao condicionamento de produtos hortícolas “in natura”.

Portaria INMETRO n°157, de 19 de agosto de 2002, D.O.U. de 20/08/2002, que dispõe sobre rotulagem.

Resolução ANVISA RDC n° 259, de 20 de setembro de 2002, D.O.U. de 23/09/2002, que dispõe sobre rotulagem;

Legislação fitossanitária - O cultivo e a pós-colheita da fruta-do-conde devem estar de acordo com a legislação brasileira que regulamenta uso de defensivos agrícolas registrados no MAPA, com a aprovação do Ibama e com monografia publicada pela Anvisa do Ministério da Saúde;

Existem também padrões de classificação praticados pelos vários Ceasas no país, assim como as várias especificações de compra das redes de supermercados e outros estabelecimentos compradores. Nas exportações devem ser levadas em conta, em primeiro lugar, a legislação agroalimentar e fitossanitária dos mercados alvo e em segundo lugar as especificações dos compradores (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005).

Tida como exótica, a fruta-do-conde é uma fruta que, apesar de conhecida pelos brasileiros, tem volumes de comercialização formais bastante escassos. Basicamente, a fruta-do-conde não é explorada pela agroindústria baiana e brasileira. A oferta se resume a certas quantidades em escala artesanal, que produzem doces caseiros (INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS, 2005).

Figura 7 - Sorvete de fruta-do-conde

Fonte: (SORVETE..., 2012)

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Conclusões e recomendações

De acordo com Moura, Filgueiras e Alves ([200-?]), as frutas da família das Anonáceas apresentam boas perspectivas econômicas para a região do Nordeste brasileiro, pois são culturas altamente adaptadas às condições locais e produzem frutos desde o mês de janeiro, possibilitando, inclusive, suprir parte do espaço improdutivo nas indústrias de suco de caju. O sistema produtivo da fruta-do-conde é o fator que mais influencia a sua própria produtividade. Conhecer a biologia da floração e a sua morfologia é indispensável para o sucesso da produção. Embora a árvore da fruta-do-conde produza uma grande quantidade de flores por safra, há a estimativa de que apenas 5% a 10% dos frutos sejam formados (MOURA; FILGUEIRAS; ALVES, [200-?]). Ainda conforme Moura, Filgueiras e Alves ([200-?] apud ALVES et al., 1998), a demanda do consumidor final e também da indústria de polpa de frutas, faz com que a se justifique a colocação da fruta-do-conde no rol das frutas tropicais brasileiras de grande valor comercial. Referências

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<http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsId=4068>. Acesso em: 10 abr. 2012. ARAUJO, J. F. et al. Implantação do Banco Ativo de Germoplasma de Pinheira (Annona squamosa L.) na Região do Submédio São Francisco. Juazeiro, 2002. Disponível em: <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/150853/1/OPB1066.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. ARAÚJO FILHO, G. C. de. Instruções técnicas para o cultivo da ateira. Instruções Técnicas (Embrapa Agroindústria Tropical), Fortaleza, n. 1, p. 1-8, dez. 1998. Disponível em: <http://www.cnpat.embrapa.br/cnpat/cd/jss/acervo/It_001.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE ANONÁCEAS. Pinha – Annona squamosa L. [São Paulo], 2007. Disponível em:

<http://www.anonasbrazil.org/materiapinha.htm>. Acesso em: 10 abr. 2012. CORDEIRO, M. C. R.; PINTO, A. C. Q.; RAMOS, V. H. V. O cultivo da pinha, fruta-do-conde ou ata no Brasil. Circular Técnica (Embrapa Cerrados), Planaltina, n. 9, p. 1-52, jul. 2000.

Disponível em: <http://www.cpac.embrapa.br/download/1355/t>. Acesso em: 10 abr. 2012. FRUTA do conde. [S.l.], 24 jul. 2012. Disponível em: <http://www.vemtudo.com/fruta-do-conde/>. Acesso em: 10 abr. 2012.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS. Estudo da cadeia produtiva de fruticultura do Estado da Bahia: análise das principais cadeias produtivas de

frutas e da fruticultura orgânica no contexto baiano. São Paulo, jan. 2005. Disponível em: <http://www2.ba.sebrae.com.br/banco/documentos/cadeiasprodutivas/Estudo%20da%20Cadeia%20Produtiva%20de%20Fruticultura%20do%20Estado%20da%20Bahia%20-%20An%C3%A1lises.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. MOURA, C. F. H.; FILGUEIRAS, H. A. C.; ALVES, R. E. Pinha (Annona squamosa L.). In: ______. Caracterização de frutas nativas da América Latina. Jaboticabal: UNESP/SBF, 2000. Disponível em: <http://www.ceinfo.cnpat.embrapa.br/arquivos/artigo_1564.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. PELINSON, G. J. B. Efeito de técnicas visando melhoria da qualidade e produção de pinha (Annona squamosa L.) no período de entressafra. 2003. 102 f. Dissertação

(Mestrado em Agronomia) – Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2003. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_tecnologias/teses/EFEITO_DE_TECNICAS_VISANDO_MELHORIA_DA_QUALIDADE_E_PRODUCAO_DE_PINHA.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012. POLINIZAÇÃO. [S.l.], 2012. Disponível em: <http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1286>. Acesso em: 10 abr. 2012. SÁ, N. S. A. de. Irrigação e pulverização: característica da irrigação por gotejamento. Portal Dia de Campo, [S.l.], 2011. Disponível em:

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Boletim Técnico – Departamento de Agronomia, UPIS Faculdades Integradas, Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.upis.br/pesquisas/pdf/agronomia/projeto_empresarial/Jonathan%20Boletim%20T%E9cnico.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012.

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