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Life 36 RUNNING | O CORPO DO CORREDOR ELES SÃO O INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS CORREDORES; SAIBA COMO EVITAR QUE FIQUEM MACHUCADOS E O IMPEÇAM DE COMPETIR E TREINAR Texto Lygia Haydée CUIDE DOS SEUS I nstrumento de trabalho dos corredores, os pés são os que mais sofrem com a prática desse esporte, e não por acaso. São eles que dão sustentação ao corpo e padecem com o im- pacto no chão. Para que se tenha uma ideia, cada um deles bate contra o solo mais ou menos 15 000 vezes a cada 16 k corridos, com uma força que chega a quatro vezes o peso do corpo. Não é à toa, portanto, que fiquem doloridos e frequentemente sejam acometidos por lesões. Mas, por mais que sejam essenciais para quem pratica o esporte, são poucos os que se preocupam com possíveis machucados. "Os pés são muito maltratados. Às vezes, até esquecemos que existem", brinca Flávio Freire, diretor-técni- co da Flávio Freire Assessoria Esportiva, em São Paulo. De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista especializada em pés da Taktos Medicina Esportiva, as lesões geralmente ocorrem por falha no treinamento, por condicionamento físico inadequado, técnica de corrida ou pisada erradas, que podem levar o atleta a forçar um dos membros mais que o outro, e uso de tênis ruins (leia ao lado). "Treinos em pisos rígidos também são uma das causas de lesões", comenta. PÉS

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Running | o coRpo do coRRedoR

eles são o instRumento de tRabalho dos coRRedoRes; saiba como evitaR que fiquem machucados e o impeçam de competiR e tReinaR

Texto Lygia Haydée

cuide dos seus

Instrumento de trabalho dos corredores, os pés são os que mais sofrem com a prática desse esporte, e não por acaso. São eles que dão sustentação ao corpo e padecem com o im-

pacto no chão. Para que se tenha uma ideia, cada um deles bate contra o solo mais ou menos 15 000 vezes a cada 16 k corridos, com uma força que chega a quatro vezes o peso do corpo. Não é à toa, portanto, que fiquem doloridos e frequentemente sejam acometidos por lesões. Mas, por mais que sejam essenciais para quem pratica o esporte, são poucos os que se preocupam com possíveis machucados. "Os pés são muito maltratados. Às vezes, até esquecemos que existem", brinca Flávio Freire, diretor-técni-co da Flávio Freire Assessoria Esportiva, em São Paulo.

De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista especializada em pés da Taktos Medicina Esportiva, as lesões geralmente ocorrem por falha no treinamento, por condicionamento físico inadequado, técnica de corrida ou pisada erradas, que podem levar o atleta a forçar um dos membros mais que o outro, e uso de tênis ruins (leia ao lado). "Treinos em pisos rígidos também são uma das causas de lesões", comenta. pés

A vidA útil do tênisQuando se fala de corrida, um dos primeiros investimentos que vêm à cabeça é o tênis. A importância que o calçado tem para o bom desempenho do corredor é inegável. E, por incrível que pareça, ele também pode prevenir lesões nos pés. "O tênis dura, em média, 500 k. Quando estamos falando de atletas, isso significa uma vida útil de seis meses. Respeitar esse prazo é superimportante para a prevenção de problemas, já que ele sofre uma sobrecarga tão grande quanto os próprios membros", explica Morini Júnior. A forma como o tênis é amarrado também influencia diretamente no aparecimento de lesões. "Se você amarrar mais forte ou mais fraco do que o necessário, com certeza vão surgir complicações", revela Freire. A palmilha também tem uma função ímpar. Como são os pés quem absorvem o impacto, o acessório pode ajudar no bom desempenho do atleta e, principalmente, na prevenção de doenças. "As de silicone absorvem cerca de 90% do impacto sofrido", revela Guerra. Mas é preciso prestar atenção na hora de escolher esse acessório. Ela deve ser feita sob medida. "A verdadeira correção se dá com a palmilha personalizada, porque cada um tem um tipo de pé e eles podem, até, ser diferentes na mesma pessoa. Ou seja, ela pode ter uma pisada diferente em cada pé", explica Ana Paula.

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Freire explica que os exercícios de fortaleci-mento são essenciais para que o atleta não te-nha problemas futuros. O treinador dá uma sugestão: andar descalço por algum tempo. "É bom caminhar com o pé no chão de vez em quando, porque o uso de calçado faz com que ele fique acostumado e acomodado, o que não proporciona o seu fortalecimento", lembra. uma das maneiras de prevenir dores e possíveis lesões é fazer uma avaliação médica antes de começar a praticar o esporte e man-ter um acompanhamento durante a corrida. "Procurar uma equipe ou personal para orien-tar o treino é uma ótima saída para evitar complicações", salienta Ana Paula. Outra dica é fazer um teste para saber o tipo de pé que você tem. "A avaliação é a garantia da esco-lha de um calçado adequado, também respon-sável por parte das lesões que afetam os

pés", recomenda o fisioterapeuta Nel-son Morini Junior, dono da clínica Re-active, de São Paulo.

Mas fique atento: se você machucou o pé e a dor for intensa ou persistir por muito tempo, procure um especialista. "É sempre importante buscar ajuda. Adotar uma solução caseira pode piorar o problema, já que a dor corre o risco de ser mascarada", indica o es-pecialista. "Se você sente dor, é porque algo está errado e passar pelo médico não pode ser substituído por nenhum tratamento popu-lar", alerta o fisioterapeuta.

Os especialistas afirmam que os corredores tendem a ser "teimosos" e a evitar a ajuda médica para não terem de interromper o trei-no. Se for preciso parar por um tempo, pare, e procure alternativas para não perder o con-dicionamento.

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"Enquanto a lesão não estiver curada, po-de-se recorrer a outros exercícios, como aque-les que utilizam a água, pois, assim, o impac-to diminui e a forma física do atleta é manti-da", aconselha Freire. Alongar, fazer exercí-cios que esquentem a musculatura e, princi-palmente, não exagerar nos treinamentos também são atitudes preventivas que evitam muitos dos problemas nos pés.

Higiene é fundamentalSão poucos os que sabem que desprezar al-guns hábitos considerados banais podem tra-zer problemas para essa região do corpo. É o caso, por exemplo, da falta de preocupação com a higiene. Como os pés ficam cobertos na maior parte do dia, os fungos encontram ali um ambiente ideal para proliferarem. Por isso, é preciso secá-los bem para que as incô-modas micoses não comecem a aparecer.

Criada originalmente para tratar pedras nos rins, a terapia por ondas de choque, hoje, se firma como uma excelente alternativa para resolver transtornos nos pés que costumam resistir aos tratamentos convencionais, por exemplo, a fisioterapia, o uso de remédios e as infiltrações. É o caso da fasciíte plantar e do esporão calcâneo. uma das complicações mais comuns no pé de quem corre, a fasciíte é a inflamação da fáscia plantar, uma membrana que se localiza na planta do pé e é uma das responsáveis pela curvatura desse membro, o chamado arco. Ela costuma afetar corredores que estão acima do peso, que aumentaram demais o volume e a intensidade do treinamento ou que usam um calçado sem um bom sistema de amortecimento. Quando não tratada, pode levar a depósitos de cálcio no ponto de inserção com o

calcanhar, resultando no aparecimento do esporão ósseo. As ondas de choque nada mais são que ondas acústicas de altíssima intensidade. Dirigidas à região a ser tratada, fazem com que haja liberação de substâncias analgésicas, estimulam a formação de novos capilares e quebram depósitos de cálcio. O problema é resolvido em cerca de três semanas. É uma ótima pedida para corredores, já que, de acordo com Paulo kertzman, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia Campo Belo e membro da Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque, o atleta pode continuar a treinar, desde que moderadamente. A máquina, fabricada na Suíça, custa R$100 000, o que encarece o tratamento. Cada seção – são necessárias ao menos três – custa em torno de R$ 300 e dura cerca de 20 min.

terApiA por ondAs de choque é novA promessA

O ortopedista Paulo Kertzman aplica a terapia

no pé de um paciente; abaixo,

detalhe do aparelho que

emite as ondas

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"Os fungos crescem em lugares úmidos, quen-tes e escuros, como o tênis", comenta Ales-sandro Guerra, coordenador-técnico da rede Doctor Feet. O podólogo dá uma dica a quem sofre com o problema: "Passe talco, pois é uma forma de diminuir a umidade." Outra situação recorrente para quem corre é a unha encravada. Geralmente, ela aparece quando o corte é feito de maneira errada. Elas começam a ficar mais curvas e uma calosi-dade acaba por se formar no local. Pronto! É só a unha encostar nessa região sensibilizada para que as dores comecem. "É preciso acer-tar o tamanho da unha, mas não há um mode-lo certo de corte. Varia de pessoa para pes-soa", comenta o treinador Freire.

O calo também é uma preocupação cons-tante de quem corre. Ele é resultado do atrito contra o tênis e da pressão que os membros sofrem. Para evitá-lo, basta inibir as causas, utilizando produtos feitos com silicone, por exemplo.

Mas o que geralmente tira o sono dos cor-redores são as bolhas. Alguns atletas de lon-ga distância chegam a cruzar a linha de che-gada com os pés em "chamas" e "pelados", quer dizer, sem parte da pele que cobre a sola. A melhor maneira de evitá-las é usar tênis confortáveis e que garantem proteção às deformidades e saliências ósseas do pé – lugares onde elas costumam aparecer. E, cla-ro, proteger essas regiões mais delicadas e propensas a bolhas com um esparadrapo, por exemplo.

Não esqueça de dar atenção às meias. Evi-te as que possuem costura, que são feitas de náilon, um material mais abrasivo, e hidrate os pés. "O corredor que toma água adequa-damente tem uma maior hidratação nos pés, mas quando há alguma fissura pelo fato de a pele estar mais sensível, é preciso reforçar a hidratação", revela Guerra. Jamais use tênis novos em uma competição. O calçado tem de ser lasseado nos treinos. usar tênis "du-ros" em uma prova é praticamente garantia de bolhas.

Mesmo tomando todos os cuidados, certas vezes, elas insistem em aparecer. Nesse caso, o recomendável é que você estoure a bolha utilizando uma agulha esterilizada e pressio-ne até que saia todo o líquido. Nunca, de ma-neira alguma, retire a pele. Ela protege o pé contra a entrada de bactérias. "Se ela não for estourada, pode ocorrer um acidente no meio da prova e você não conseguirá terminar a competição. As bolhas de sangue, que algu-mas vezes se formam, podem trazer ainda mais risco para o atleta", comenta Freire.

o péO ato de correr é resultado do

trabalho conjunto de 26 ossos,

112 ligamentos, 33 juntas e

uma rede de tendões, nervos

e vasos sanguíneos. O equilíbrio

e a propulsão do corpo do

corredor dependem deles.

evite as meias que possuem costuRa, que são feitas de náilon, um mateRial mais abRasivo, e hidRate os pés

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mAssAgem nelesA massagem também é uma forma de prevenir lesões e relaxar os pés. "Ela ajuda o corredor a manter o corpo saudável e forte diante das adversidades dos treinamentos e competi-ções", revela o massoterapeuta Eduardo Mari-no. Serve também para aumentar a circulação sanguínea, acelerando a recuperação do atle-ta. "Receber massagem aquece a musculatura, estimula a circulação sanguínea e linfática, retarda a fadiga muscular e aumenta o estado de alerta", comenta ainda Marino.

Aprenda algumas manobras que podem aju-dá-lo a melhorar o seu rendimento nos treina-mentos e competições.

Massagens com a bola de tênis ajudam a relaxar a musculatura. Passe-a, principalmente, no arco do pé, parte que mais sofre.

Tente se equilibrar no disco proprioceptor. A ideia é enrijecer a musculatura dos pés.

Flávio Freire é diretor-técnico da Flávio Freire Assessoria Esportiva, de São Paulo, além de ser corredor profissional

Use uma cama elástica e tente se equilibrar sobre um dos pés. A instabilidade ajuda a fortalecê-lo.

Para relaxar todas as regiões do pé, utilize as mãos para fazer a massagem. Comece pelo calcanhar e vá em direção aos seus dedos.

Para relaxar, utilize o ISP (aparelho encontrado em casas de fisioterapia). Movimente os pés para a frente e para trás.

Utilize uma bolinha de gude grande para regiões mais específicas dos pés. Com os polegares, pressione a bolinha contra a sola.

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fique de olho em quem pode Ajudá-lopRodutos, acessóRios e apetRechos que aJudam a pRotegeR e RelaXaR os seus pés

Protetor do metatarso, Impec; R$ 31,99; SAC: (16) 3713-7444 Palmilha Infralight,

com ação massageadora, ImpecR$ 56,99; SAC: (16) 3713-7444

Protetor para calos entre dedos, Dr. Scholl's;

R$ 16,90; SAC: www.allpe.com.br

hidratante para os pés, Maturi; R$ 30; SAC: (11) 3032-3208

Gel de benjoim e Creme protetor, Safe Runners;

R$ 15; SAC: www.saferunners.com.br

Gel para pés e pernas cansadas, Granado; R$ 14,65; SAC: 0800 940 67 30

Palmilha universe, que ajuda a evitar dores, Impec; R$ 49,99; SAC: (16) 3713-7444

Protetor adesivo em tiras contra bolhas, Dr. Scholl's; R$ 29; SAC: www.allpe.com.br

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Palmilha para esporão de calcâneo, Impec; R$ 20,15; SAC: (16) 3713-7444

Protetor de joanetes, Impec; R$ 6,97; SAC: (16) 3713-7444

homeoPast, creme contra ressecamento, Doctor Feet; R$ 23; SAC: (11) 3845-9955

Protetor Adesivo, que alivia a dor de calos, Dr. Scholl's;

R$ 24,90; SAC: www.allpe.com.br

Massaging Gel, para massagear os pés, Dr. Scholl's; R$ 69,90; SAC: www.allpe.com.br

Meia esportiva antibolhas,

Doctor Feet; R$ 22; SAC:

(11) 3845-9955

Dedeira em gel, Impec; R$ 13,99; SAC: (16) 3713-7444

Palmilha Dry, para manter os pés secos, Impec;

R$ 22; SAC:

(16) 3713-7444

Sachê Escalda-pés, Granado; R$ 9,95; SAC: 0800 940 67 30