cuidar de quem cuida: estudo sobre qualidade do sono … · 2018-09-02 · taquicardia. a partir...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS IVY CHRISTINE MOURA DE MESQUITA MARTINEZ CUIDAR DE QUEM CUIDA: ESTUDO SOBRE QUALIDADE DO SONO DE PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

IVY CHRISTINE MOURA DE MESQUITA MARTINEZ

CUIDAR DE QUEM CUIDA: ESTUDO SOBRE QUALIDADE DO SONO

DE PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

CAMPINAS

2017

IVY CHRISTINE MOURA DE MESQUITA MARTINEZ

CUIDAR DE QUEM CUIDA: ESTUDO SOBRE QUALIDADE DO SONO

DE PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Univer-sidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de mestra em ciências, na área de concentração de Saúde da Criança e do Adolescente. .

ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO TEIXEIRA MENDES

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA

PELA ALUNA IVY CHRISTINE MOURA DE MESQUITA MARTINEZ E ORIENTADA PELO

PROF. DR. ROBERTO TEIXEIRA MENDES.

CAMPINAS

2017

Agência de fomento e nº de processo: Não se aplica

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Ana Paula de Morais e Oliveira - CRB 8/8985

Martinez, Ivy Christine Moura de Mesquita, 1984-

M366c M Cuidar de quem cuida : estudo sobre qualidade do sono de professoras

do ensino fundamental / Ivy Christine Moura de Mesquita Martinez. –

Campinas, SP : [s.n.], 2017.

MaOrientador: Roberto Teixeira Mendes.

MaDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,

Faculdade de Ciências Médicas.

Mar1. Sono. 2. Obesidade. 3. Docentes. 4. Ensino fundamental. I. Mendes,

Roberto Teixeira,1953-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade

de Ciências Médicas. III. Título.

INFORMAÇÕES PARA A BIBLIOTECA DIGITAL

Título em outro idioma

Caring for the carer: A study about sleep quality of elementary school teachers

Palavras-chave em inglês

Sleep

Obesity

Elementary school

Área de Concentração: Saúde da Criança e do Adolescente

Titulação Mestra em Ciências, na área de concentração de Saúde da Criança e do Adolescente

Banca examinadora

Roberto Teixeira Mendes [Orientador]

Angélica Maria Bicudo

Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo

Data da defesa: 28/07/2017

Programa de Pós-Graduação: Saúde da Criança e do Adolescente

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

IVY CHRISTINE MOURA DE MESQUITA MARTINEZ

Orientador(a) PROF(A). DR(A). ROBERTO TEIXEIRA MENDES

MEMBROS:

1. PROF(A). DR(A). ROBERTO TEIXEIRA MENDES

2. PROF(A). DR(A). LEILA SALOMÃO DE LA PLATA CURY TARDIVO

3. PROF(A). DR(A). ANGÉLICA MARIA BICUDO

Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de

Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 28 de julho de 2017

Aos professores que me emprestaram uma parte do seu mundo,

para que eu pudesse construir o meu.

AGRADECIMENTOS

Ao professor Teixeira, pelo aprendizado, pela confiança e amizade.

Ao Marcelo, por todo amor, apoio e generosidade incondicional.

À minha família: Célia (in memoriam), Darwin (in memoriam), Sabrina, Wagner e Lucca, por

todo amor.

Aos queridos Cláudia, Sérgio, Daniela e Ilvana, pela torcida, admiração e carinho.

Aos professores Antônio Barros, Maria Ângela Antonio e Mariana Zambon, pela confiança e

pelas valiosas contribuições.

À querida amiga Helen, pela ajuda preciosa e pela parceria.

À Juliana Piazza e ao Mauro Tanaka, pela torcida e carinho.

À Aline, pela contribuição e companheirismo.

RESUMO

O ambiente escolar favorece a discussão sobre temas relacionados à promoção de saúde com

crianças e adolescentes, bem como a elaboração de atividades sistematizadas e contínuas.

Nesse contexto, o professor tem papel fundamental como agente de transformação social. Por

isso, é importante conhecer as condições e a qualidade de vida desse profissional, sua percep-

ção sobre o tema, assim como os fatores que influenciam sua saúde física e psíquica. Sabe-se

que, entre os fatores que impactam a qualidade de vida, figuram a má qualidade do sono e

suas consequências. A partir desse cenário, torna-se relevante a indagação sobre o estatuto da

qualidade do sono e seus desdobramentos sobre a saúde de professores do ensino fundamental

I, sem deixar de lado os fatores associados, sobretudo a obesidade. Para tanto, os objetivos

deste trabalho foram, por um lado, revisar artigos que avaliaram a relação entre qualidade do

sono e obesidade em adultos e, por outro, conhecer a qualidade do sono e variáveis associadas

de professoras das séries iniciais do ensino fundamental do município de Sorocaba. Foi reali-

zado estudo descritivo transversal em escolas públicas estaduais nos anos de 2013 e 2014. A

coleta de dados foi composta por questionário autoaplicável para obtenção de informações

sociodemográficas, de saúde e de qualidade do sono, esta última determinada por meio do

questionário PSQI. Avaliou-se o estado nutricional (peso aferido e estatura referida) segundo

critérios da OMS (1997). Para as análises deste estudo, foram computadas as prevalências e

respectivos intervalos de confiança de 95%. As associações entre variáveis independentes e o

sono de má qualidade foram calculadas pelo teste qui-quadrado com nível de significância de

5%. Também foram produzidas análises de regressão múltipla de Poisson para estimar razões

de prevalência ajustadas pela idade das mulheres. Os resultados mostraram que mais da meta-

de da população estudada apresentou má qualidade do sono (53,8%), associada significativa-

mente com as variáveis estado conjugal, obesidade e duração do sono (menor que sete horas

por noite), e com sintomas como excesso de sono dentro e fora do trabalho; cansaço em bra-

ços, mãos, pernas e pés; irritabilidade; diminuição da resistência física; angústia; tristeza e

taquicardia. A partir desses dados, o presente estudo evoca a relevância de investir em estudos

aprofundados sobre tais relações nessa população, assim como em políticas e programas de

atenção sobre a saúde, especialmente a qualidade do sono e fatores associados à sua privação.

Palavras-chave: Sono. Obesidade. Excesso de peso. Docentes. Ensino fundamental. PSQI.

ABSTRACT

The school environment favors the discussion on topics related to health promotion with chil-

dren and adolescents, as well as the development of systematized and continuous activities. In

this context, the teacher plays a fundamental role as an agent of social transformation. There-

fore, it is important to know the conditions and the quality of life of this professional, his per-

ception about the subject, as well as the factors that influence his physical and mental health.

It is known that the quality of life is affected by a number of factors, such as poor sleep quali-

ty and its consequences. Hence, it is relevant to investigate the sleep quality and its conse-

quences on the health of elementary school teachers, without neglecting the associated fac-

tors, especially obesity. Therefore, the objectives of this study were, on the one hand, to re-

view articles that assessed the relationship between sleep quality and obesity in adults and, on

the other hand, to examine the quality of sleep (and associated variables) of teachers in the

initial grades of elementary schools in the city of Sorocaba, São Paulo state, Brazil. A descrip-

tive cross-sectional study was carried out in state public schools in the years of 2013 and

2014. The data collection was composed of a self-administered questionnaire to obtain socio-

demographic, health and sleep quality information, the latter being determined by means of

the PSQI questionnaire. The nutritional status (measured weight and reported height) was

analyzed according to WHO criteria (1997). For the purposes of this study, the prevalence of

the data and their respective 95% confidence intervals were computed. Associations between

independent variables and poor sleep were calculated using the chi-square test with signifi-

cance level of 5%. Multiple Poisson regression analyzes were also performed to estimate age-

adjusted prevalence ratios for women. The results showed that more than half of the studied

population (53.8%) had poor sleep quality, significantly associated with variables such as

marital status, obesity and sleep duration (less than seven hours per night), and with symp-

toms such as excessive sleep in and out of work; arms, hands, legs and feet tiredness; irritabil-

ity; decreased physical endurance; anguish; sadness and tachycardia. Based on these data, the

present study evokes the relevance of investing in in-depth studies on these relationships re-

garding this population, as well as health care policies and programs, specifically focusing

sleep quality and factors associated with their deprivation.

Keywords: Sleep. Obesity. Overweight. Teachers. Elementary school. PSQI.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATPC Aula de trabalho pedagógico coletivo

CQ Caderno de questões

EEG Eletroencefalograma

EOG Eletroculograma

EMG Eletromiograma

FCM-UNICAMP Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

GH Growth hormone (hormônio do crescimento)

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

NREM Non-rapid eye movement

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial de Saúde

PSQI Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh70

REM Rapid eye movement

SAOS Síndrome da apneia obstrutiva do sono

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 10

OBJETIVOS ....................................................................................................... 21

MÉTODOS .......................................................................................................... 22

RESULTADOS ................................................................................................... 28

Artigo 1 ...................................................................................................... 29

Artigo 2 ...................................................................................................... 48

DISCUSSÃO GERAL ......................................................................................... 66

CONCLUSÃO GERAL ....................................................................................... 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 68

10

1. Introdução Geral

1.1. Caracterização do contexto e desenvolvimento do trabalho

A obesidade consiste em importante fenômeno contemporâneo, que exige,

cada vez mais, de profissionais de saúde e pesquisadores, compreensão de fatores de

risco e de proteção para o cuidado mais efetivo dessa condição. O excesso de peso tem

aumentado significativamente nas três últimas décadas, acarretando maior incidência de

doenças crônicas não transmissíveis, responsáveis atualmente por cerca de 60% das

mortes no mundo e 70% no Brasil1,2

.

O Ambulatório de Obesidade na Criança e Adolescente do Hospital de Clí-

nicas da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM-UNICAMP), inaugurado

em 2005, idealizado pelo Dr. Antonio de Azevedo Barros Filho e pelo Dr. Roberto Tei-

xeira Mendes, hoje coordenado pela Dra. Mariana Porto Zambon e que conta, ainda,

com a colaboração da Dra. Maria Ângela Antonio, tem se dedicado à pesquisa e trata-

mento da obesidade, por meio de orientação multiprofissional de crianças, adolescentes

e suas famílias, com o objetivo de promover a prática de hábitos alimentares e de ativi-

dades físicas que contribuam para o controle do peso3. Com o objetivo de fomentar ou-

tras possibilidades de atenção ao combate à obesidade, membros da equipe multidisci-

plinar do ambulatório criaram um grupo de estudo, composto por dois nutricionistas e

duas psicólogas, todas também alunas do curso de Pós-Graduação em Saúde da Criança

e do Adolescente da FCM-UNICAMP. A presente pesquisa foi desenvolvida nesse con-

texto, e apresenta resultados de parte dos dados coletados, que em sua totalidade serão

discutidos em mais dois trabalhos futuros de mestrado e um de doutorado.

Com o intuito de promover estratégias de saúde voltadas ao controle da obe-

sidade, diversas iniciativas vêm sendo implementadas. Entre essas ações, destaca-se a

Escola Promotora da Saúde1, voltada à construção de capacidades e autonomia da co-

1 Trata-se de uma iniciativa regional da Organização Pan-Americana de Saúde (1995) para a difusão, em

todos os estados-membros, do modelo de Escolas Promotoras de Saúde, como uma estratégia integral e

integradora para o fornecimento de serviços de saúde escolar que transcendam a atenção médica tradicio-

nal e se fundamentem em ações de promoção da saúde no âmbito escolar.

11

munidade escolar para o cuidado com a saúde4,5

. Esse projeto privilegia o professor do

ensino fundamental como agente essencial no trabalho de formação e transformação de

condutas por meio do contato direto com os alunos6,7

.

Contudo, os professores, que multiplicam propostas voltadas à melhoria da

saúde, fazem parte do mesmo contexto e são influenciados pelos fatores de risco para a

obesidade. Para fomentar o cuidado da saúde dos alunos, torna-se fundamental investi-

gar o ambiente em que estão inseridos e, portanto, que aspectos relacionados ao desen-

volvimento da obesidade influenciam esse grupo.

Um aspecto amplamente reconhecido como fator de risco, que interfere tan-

to na qualidade de vida como no excesso de peso, é a qualidade do sono. Nesse contexto

de atenção aos fatores que contribuem de forma concorrente para o aumento de peso, o

objetivo deste trabalho consistiu em investigar a qualidade do sono e variáveis associa-

das em uma população de professoras do ensino fundamental I (1º ao 5º ano) de escolas

estaduais localizadas em Sorocaba, interior de São Paulo.

1.2. Município de realização da pesquisa

O município de Sorocaba possui população de 644.919 habitantes (dos quais

51,7% são mulheres), sendo o nono município mais populoso do estado de São Paulo8.

Com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM2 de 0,798, considerado

alto, Sorocaba ocupa o 47º lugar entre os 5.565 municípios brasileiros segundo o IDHM

e a 17º posição entre os 645 municípios do estado de São Paulo8,9

.

Segundo dados do Censo Educacional 201210

, a cidade possuía 181 escolas

com ensino fundamental, 89 com ensino médio e 161 com ensino pré-escolar. Entre as

escolas de ensino fundamental, 42 (23%) eram públicas municipais, 84 (46%) estaduais

e 55 (30%) pertencentes à rede privada. No estado de São Paulo, essas taxas são respec-

tivamente 40%, 33% e 27%. Esses dados evidenciam que o município apresenta maior

percentual de escolas públicas estaduais com ensino fundamental, ao passo que no esta-

do de São Paulo existe maior número de escolas públicas municipais10

. Segundo dados 2 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), referência de avaliação da qualidade de

vida, é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevida-

de, educação e renda. O índice varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento hu-

mano. A classe de 0 a 0,499 corresponde a desenvolvimento humano muito baixo; de 0,599 a 0,599, de-

senvolvimento humano baixo; de 0,600 a 0,699, médio; de 0,700 a 0,799, alto; e acima de 0,799, desen-

volvimento humano muito alto.

12

da Diretoria de Ensino de Sorocaba, em 2013, ano em que a presente pesquisa foi reali-

zada, o município contava com 32 escolas estaduais com ensino fundamental I – atual-

mente, devido ao processo de municipalização do ensino fundamental, esse número foi

reduzido para 2111

.

Em 2012, a cidade dispunha de 6.481 docentes no total, dos quais 420 atu-

avam no ensino fundamental, 44 no ensino pré-escolar e 130 no ensino médio. Dos

professores que lecionavam no ensino fundamental, 35% eram da rede municipal,

38% da estadual e 26% de escolas privadas. Comparativamente, no Estado de São

Paulo, 35% dos professores do ensino fundamental atuam em escola pública munici-

pal, 41% em escola pública estadual e 23% em escolas privadas. Dessa forma, é pos-

sível concluir que a distribuição dos docentes na rede de ensino é representativa do

estado de São Paulo10

.

Nesse cenário, a cidade de Sorocaba constitui um município representativo

para a presente pesquisa, pois apresenta elevado nível de desenvolvimento humano,

compatível com o índice estadual, assim como perfil do sistema de ensino equivalente

ao do estado de São Paulo.

1.3. Sono

1.3.1. O estudo do sono

O sono constitui objeto de interesse desde os primórdios da história. Esse

estado tão fundamental para o ser humano foi alvo de diferentes indagações e compre-

ensões ao longo dos tempos. Desde a Antiguidade, os povos da Grécia, Babilônia e Egi-

to interpretavam sonhos como mensagens dos deuses e erguiam templos para que pes-

soas enfermas recebessem comunicações de cura por meio de experiências oníricas12

.

Hipócrates, considerado o pai da medicina, relacionava a insônia ao aborre-

cimento e à tristeza, enquanto que o filósofo Aristóteles considerava o sono necessário

para manter a percepção, que se esgotaria se utilizada ininterruptamente. Além disso,

segundo este pensador, os sonhos refletiam o estado do corpo e poderiam trazer referên-

cias sobre a saúde do sujeito. Para Aristóteles, o ato de adormecer era desencadeado por

vapores da área do estômago, que se deslocavam para a região da cabeça13,14

.

O sono e seus processos despertaram curiosidade e interesse dos grandes fi-

lósofos, pensadores e poetas, e passaram também a ser objeto de estudo dos cientistas13

.

13

O fisiologista de origem russa Ivan Pavlov concluiu em suas pesquisas científicas que o

processo do sono tem origem em uma inibição que abrange todo o córtex cerebral. Es-

ses achados foram comprovados por estudos subsequentes, que evidenciaram redução

na atividade dos neurônios corticais durante o sono, em relação à vigília15

.

Freud, o pai da psicanálise, publicou em 1900 A Interpretação dos Sonhos.

Nessa obra, propôs que conteúdos inconscientes poderiam manifestar-se por meio dos

sonhos, sendo possível recordá-los e trazer à consciência desejos reprimidos16

. Jung, por

sua vez, apresentou em sua teorização sobre a psicanálise a existência de um inconsci-

ente coletivo e buscou relacionar os sonhos comuns às diversas culturas, atribuindo a

eles significados semelhantes17

.

Com os avanços tecnológicos e da medicina, o processo do sono pôde ser

investigado de forma mais profunda a partir da década de 1970. As pesquisas, nesse

momento, tinham foco em analisar o papel dos inibidores, dos sistemas colinérgicos e

da acetilcolina na regulação do ciclo sono-vigília18,19

. Nesse sentido, inúmeros estudio-

sos contribuiriam com valiosas informações acerca desse estado. Snyder20

sugeriu a

“hipótese da sentinela”, indicando em seu trabalho que durante o estágio REM (Rapid

Eye Movement) o cérebro possui atividade semelhante ao estado de vigília, e que pesso-

as e animais conseguem manter vigilância no ambiente com certa regularidade. Gaar-

der21

evidenciou que durante esse período as lembranças são processadas e codificadas.

Walker e Stickgol22

destacaram o relevante papel do sono sobre a plasticidade neuronal

e o processo de consolidação da memória. O trabalho de Moruzzi23

enfatizou que esse

estágio propicia o restabelecimento da plasticidade das sinapses cerebrais.

Dessa forma, o sono pode ser concebido como um estado essencialmente

ativo e de fundamental importância para a manutenção da vida. Atualmente, reconhece-

se a relevância desse processo como agente restaurador e homeostático, com significati-

va influência sobre o indivíduo24

. Assim, é pertinente a compreensão dos padrões do

sono e suas fases, com a finalidade de promover práticas voltadas à preservação desse

estado tão fundamental, que influencia e é influenciado por aspectos físicos e psíquicos.

1.3.2. Padrões e estágios do sono normal

Uma das principais características do sono é sua função reparadora. Depen-

dendo da qualidade do repouso, ele pode afetar o humor, a atenção, a concentração, a

14

memória, o raciocínio e inúmeros processos cognitivos definidores de aspectos da qua-

lidade de vida e de saúde de um indivíduo25

.

O sono é regido pelo relógio biológico, influenciado pela genética de cada

sujeito e regulado em um ciclo de 24 horas. Essa regulação acontece por fatores exter-

nos como luz, ruídos, odores, hábitos, entre outros25

. O tempo médio de descanso é de 8

horas por dia, porém tanto a quantidade como a qualidade de descanso podem variar de

acordo com uma série de fatores, como a idade. Nos primeiros meses de vida, os bebês

podem dormir até dezoito horas por dia, ao passo que idosos costumam dormir gradu-

almente menos e com menor qualidade25,26

. O sono apresenta dois estágios diferentes:

estágio do sono REM (Rapid Eye Movement) e o estágio NREM (Non-Rapid Eye Mo-

vement). Essas etapas distintas podem ser observadas e medidas pelo eletroencefalo-

grama (EEG), que mede a atividade cerebral, pelo movimento ocular no eletroculogra-

ma (EOG) e, ainda, pelo eletromiograma (EMG), que mede a atividade muscular25

.

O estágio REM é o período do sono dessincronizado, em que acontecem os

movimentos oculares rápidos. Em um indivíduo adulto, ele se estende por cerca de 20%

a 25% da duração completa do sono, tendo início aproximadamente 90 minutos após o

adormecimento. Apresenta como principais características intensa atividade cerebral,

que se assemelha à vigília; oscilações da pressão arterial e da frequência cardíaca e,

ainda, redução do tônus muscular25,27

. É o período em que normalmente acontecem os

sonhos e, apesar de não ter efeito relevante sobre o descanso, é fundamental para a re-

cuperação emocional. Nesse sentido, os sonhos são importantes manifestações que

apresentam conteúdo afetivo, visual, auditivo, verbal e, geralmente, podem ser rememo-

rados de acordo com a duração da fase REM em que ocorrem, ou, ainda, dependendo do

significado do ponto de vista subjetivo24

.

O estágio NREM representa o sono sincronizado, no qual não ocorre movi-

mento ocular. Ele corresponde a 75% a 80% do período de sono, sendo subdividido em

quatro fases, em grau crescente de profundidade28

:

Estágio 1: Fase de transição do estado de vigília para o sono. Apresenta

curta duração, diminuição do tônus muscular e compreende cerca de 5 a

10% do tempo total do sono. Nessa fase, a pessoa pode ser facilmente

despertada.

15

Estágio 2: O sono torna-se mais profundo, a atividade cardíaca e respira-

tória são reduzidas, a musculatura relaxa, e a temperatura do corpo dimi-

nui. Tem duração média de 5 a 15 minutos e representa 1% a 3% do

tempo total do sono. Trata-se de um sono leve.

Estágio 3: Assemelha-se ao estágio 4, porém com profundidade de sono

comparativamente menor do que no estágio subsequente. Abrange de 3%

a 8% da duração total do sono. Nessa fase, o tônus muscular diminui

progressivamente e os movimentos oculares são incomuns.

Estágio 4: Fase de sono muito profundo. Apresenta duração de aproxi-

madamente 40 minutos e corresponde a 10% do tempo total do sono,

com pico de liberação do GH (growth hormone, ou hormônio do cresci-

mento) e Leptina.

O avanço do primeiro estágio até o último relaciona-se ao aumento gradual

de ondas lentas no eletroencefalograma (EEG) e ao aumento da profundidade do sono.

Assim, o último estágio do sono NREM, por se tratar da fase de sono mais profundo, é

fundamental para os processos restauradores, como a consolidação da memória. O está-

gio NREM é especialmente importante para o funcionamento do corpo humano, pois é

nessa fase que acontece a secreção dos hormônios do crescimento, tornando-se essencial

para o reestabelecimento da energia corpórea. Portanto, é nesse estágio que ocorre o

menor nível de atividade neural e, consequentemente, o repouso e o descanso profundos

e reparadores25,29,30

.

O sono inicia-se pelo estágio NREM, com alternância entre os estados

NREM e REM. Em condições normais, ocorrem em geral de 3 a 6 ciclos por noite. Des-

sa forma, é possível notar que o sono não é um estado homogêneo, mas possui caracte-

rística dinâmica:

[...] é uma condição especial ativa, gerado por regiões específicas do

cérebro, de ocorrências cíclicas, alternando-se entre atividade menor

(NREM) e maior (REM), objetivando a manutenção da vida31

.

Nesse sentido, a atividade do sono, sua arquitetura e fisiologia são recursos

fundamentais para a manutenção da saúde física e psíquica dos indivíduos. Trata-se de

16

aspecto importante, que influencia e é influenciado por diversas condições do estado de

vigília e de saúde.

1.3.3. Má qualidade do sono e suas consequências

O sono é um estado de breve desligamento do ambiente. Envolve mecanis-

mos fisiológicos complexos e extremamente organizados, sendo fundamental para o

processo de reparação do desgaste diário, além de promover o descanso e a sobrevivên-

cia do homem32

. Esse processo pode ocorrer por meio da síntese e excreção de substân-

cias e, ainda, por meio dos sonhos com a elaboração psicológica dos fatos ocorridos

durante a vigília.

Segundo Ayala-Guerrero, Aguilar e Medina33

a privação voluntária ou invo-

luntária de sono produz uma série de distúrbios orgânicos e mentais, que se manifestam

em graus leves até moderados, dependendo do grau de privação. Entre os efeitos da es-

cassez de descanso descritos pela literatura encontram-se, principalmente, a deteriora-

ção da memória, alguns distúrbios de aprendizagem e alterações nas funções executivas,

como no processo de tomada de decisão33

.

Outro efeito apontado como consequência da diminuição das horas de des-

canso é o raciocínio matemático lento e dificuldade nas tarefas que exigem atenção e

concentração. Além disso, pessoas privadas de sono, quando submetidas a testes auditi-

vos, têm seu tempo de reação aumentado. Tarefas psicomotoras sofrem um déficit signi-

ficativo no desempenho, e as atividades cotidianas passam a ser realizadas com mais

lentidão. Ocorrem alterações na atividade metabólica cerebral e regulação da temperatu-

ra, e a sensibilidade à dor pode aumentar. Além disso, a privação de sono pode desenca-

dear transtornos psiquiátricos e neurológicos33

.

O sono reduzido e não reparador também pode acarretar mudanças no sis-

tema nervoso autônomo, provocando alterações como queda da temperatura corporal,

pressão arterial e frequência cardíaca. Outros sintomas são irritabilidade, fadiga extre-

ma, alterações visuais, sonhos no período de vigília e, ainda, alterações nas sensações

corpóreas. Por fim, podem ocorrer alterações nas habilidades psicossociais34,35

.

A má qualidade do sono pode afetar tanto aspectos físicos como processos

cognitivos, podendo ocasionar alterações hormonais, no sistema imunológico e nervoso.

Além disso, pode interferir no desempenho profissional, nas relações sociais e familia-

res36,37

. No caso dos professores, essa relação torna-se mais delicada, já que esse grupo

17

se encontra em situação de maior vulnerabilidade, pelas características peculiares do

trabalho docente.

Dessa forma, as professoras constituem uma população relevante para a

pesquisa da qualidade do sono e dos fatores associados, pois propiciam reflexão acerca

de fatores que influenciam na atividade letiva e que impactam a saúde dessas educado-

ras.

1.3.4. Sono e obesidade: uma possível relação

Nas últimas décadas, com as transformações da sociedade e as mudanças

dos hábitos culturais, o número de horas de sono da população como um todo foi redu-

zido. Além do impacto negativo na saúde de maneira geral, observa-se o aumento na

incidência de diversas doenças, inclusive a obesidade1,3,38

. Sabe-se que adultos que

dormem menos de 7 horas por dia têm maior risco de desenvolver obesidade e ganho de

peso ao longo do tempo39-44

, e podem perder menos peso em uma dieta.

O estilo de vida atual favorece condutas como a ingestão excessiva de ali-

mentos, sedentarismo, tempo reduzido de sono e estresse crônico45

. Estudos epidemio-

lógicos46,47

têm demonstrado que esses novos hábitos cotidianos contribuem de maneira

significativa na gênese da obesidade, além de influenciar a saúde dos indivíduos e acar-

retar redução de qualidade de vida.

A alimentação moderna possuiu elevado teor energético. É constituída, pre-

dominantemente, por alimentos com excesso de açúcares e gorduras e com baixa quan-

tidade de fibras e nutrientes. Além disso, a diminuição da prática de atividade física,

com rotinas sedentárias à frente da televisão e do computador, favorecem o aumento dos

casos de sobrepeso e obesidade na população em geral, tanto em adultos como em cri-

anças e adolescentes48-51

.

A qualidade e duração do sono são impactadas diretamente por esses novos

padrões, que podem afetar negativamente a saúde, desencadear problemas ocupacionais,

acadêmicos e, ainda, distúrbios emocionais52

. Além disso, em revisão realizada por

Crispim et al.53

, foi possível observar que estudos recentes têm evidenciado associa-

ções entre a redução do tempo de sono e obesidade. A redução das horas de sono, de

maneira parcial ou permanente, pode aumentar o risco de desenvolvimento de sobrepeso

e obesidade. Isso porque, segundo essa hipótese, o ciclo sono-vigília regula o apetite e a

18

saciedade, por meio da secreção de hormônios, além de funcionar como regulador da

função neuroendócrina no processo de metabolismo da glicose, tanto em adultos como

em crianças54

. Assim, embora a associação entre sono e apetite não esteja completamen-

te esclarecida, os dados mostram que alterações na quantidade e na qualidade do sono

repercutem no apetite e na ingestão de alimentos. Nesse cenário, a relação entre sono e

obesidade tem ganhado relevância e necessita ser pesquisada mais amplamente.

1.4. Qualidade de vida e prevenção em saúde: ambiente escolar e o papel do

professor

A escola é um ambiente favorável para a discussão de temas relacionados à

qualidade de vida e à prevenção em saúde, que tem finalidade pedagógica e importante

papel social. Também constitui um espaço propício para a elaboração de atividades sis-

tematizadas e contínuas5,55,56

. Pensando no conceito de saúde de maneira abrangente,

principalmente quando se adota a prevenção como objetivo, é na infância que ocorre a

aquisição de novos comportamentos e a adesão a novos hábitos. Portanto, o papel do

ambiente escolar e do professor torna-se basilar para a assimilação desses comporta-

mentos, de modo que perdurem na vida adulta57

. Em relação à obesidade, as ações pre-

ventivas são muito úteis como forma de conter o aumento de sua prevalência, especial-

mente no caso de crianças58,59

.

O trabalho do professor é marcado por sua natureza particular, pois cada

aluno apresenta peculiaridades e necessidades distintas, o que torna essa função com-

plexa e desafiadora60

. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) atribuiu a essa

ocupação um lugar proeminente e central na sociedade, sobretudo com o objetivo de

alcançar um ensino efetivo61

.

O papel do professor ultrapassa os limites da sala de aula e o processo ensi-

no-aprendizagem. Entre as tarefas desse profissional, atualmente, inclui-se a gestão e o

planejamento escolares, com o objetivo de assegurar uma ligação e comunicação cons-

tantes entre escola e comunidade60

. As demandas e exigências laborais podem gerar

estresse e impacto negativo na qualidade de vida docente e em toda sociedade, já que

esse profissional é responsável por parte do desenvolvimento de crianças e adolescen-

tes60,62-64

. Como a administração escolar não oferece subsídios suficientes para o profes-

sor desempenhar suas atribuições, cada vez mais complexas, cada profissional passa a

19

valer-se de recursos próprios, ou seja, passa a buscar formas de requalificação que in-

tensificam a jornada de trabalho, sem gerar como contrapartida um reconhecimento

formal62-64

.

Atualmente, para além do ensino das disciplinas tradicionais, o professor

deve também transmitir o ensino dos hábitos em saúde56

. Ou seja, por meio da

disciplina de Ciências Naturais, os conceitos de saúde precisam ser ensinados a crianças

e adolescentes. Porém, a simples transmissão de informações não garantirá que os alu-

nos reproduzam ou adotem como hábito um estilo de vida saudável. Para tanto, é fun-

damental que essa prática integre as atividades diárias, dentro e fora da escola. Também

é essencial a compreensão de que tal aprendizado faz parte de uma dinâmica, que deve

ser constituída e construída ao longo do desenvolvimento de cada aluno, pautada em

suas relações sociais e culturais65

.

Portanto, é necessário que a educação para a saúde seja contextualizada e

organizada, sendo que tanto o professor como a comunidade escolar devem colaborar e

cooperar nesse processo. O conceito de saúde precisa ser incorporado na educação de

maneira transversal, e seu desenvolvimento deve incluir e envolver diretamente os pro-

fessores, os alunos e toda comunidade escolar65

.

Nesse cenário, o professor tem um importante papel, por ser um agente fun-

damental, diretamente envolvido com a formação intelectual e o desenvolvimento de

hábitos e condutas dos alunos6,55,56

. Para tanto, a formação e qualificiação docente deve

ser guiada na direção de condutas saudáveis para que ocorram mudanças no nível

individual e coletivo. Nesse sentido, segundo Moura et al.66

, essa capacitação deve auxi-

liar o professor a cuidar de si e agir em grupo com o objetivo de promover maior quali-

dade de vida, com um olhar que o possibilite perceber a escola como um espaço huma-

nizado, visão que vai além das práticas educativas tradicionais, centradas apenas no

conteúdo curricular.

Nesse processo, para que o tema seja trabalhado no âmbito coletivo, é de

suma importância que as condições de qualidade de vida e saúde dos professores sejam

consideradas, já que um dos aspectos centrais da Escola Promotora de Saúde consiste na

saúde física e emocional do docente. Faz-se necessário elencar as insuficiências, carên-

cias e fragilidades de todos os participantes do processo. Dessa forma, torna-se possível

conhecer e desenvolver ações que sejam efetivas para promover a saúde de toda a co-

munidade escolar 56,65,67

.

20

Os programas de educação continuada, em sua grande maioria, não conside-

ram a saúde do professor como um dos objetivos a serem alcançados. Costumam prever

o cumprimento de certos requisitos em relação a esses profissionais, mas sem a inclusão

de propostas que beneficiem diretamente sua saúde e qualidade de vida64,66

. A partir

dessa concepção, fica evidente que o treinamento é o ponto central, como se somente o

investimento nesse tipo de ação fosse garantir resultados. Entretanto, é fundamental

conhecer em que condições físicas e psíquicas esses professores se encontram para, en-

tão, poder planejar intervenções capazes de abarcar tanto os professores como os alunos.

A atividade docente é impactada não apenas pelos desafios diários caracte-

rísticos da profissão – como longas jornadas de trabalho, ritmo intenso e repetitivo –,

mas também pelo estilo de vida da sociedade contemporânea, que pode afetar a qualida-

de do sono e influenciar negativamente a qualidade de vida dos professores. Dessa for-

ma, é importante realizar pesquisas que ofereçam subsídios para proposição e criação de

políticas e programas voltados para a promoção de qualidade de vida no trabalho do

professor e instrumentos para o cuidado desse profissional, do qual os alunos e toda a

sociedade dependem.

21

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Caracterizar a qualidade do sono e as condições de saúde de professoras do

ensino fundamental.

2.2. Objetivos Específicos

2.2.1. Capítulo 1 – Relação entre qualidade do sono e excesso de peso: revisão

sistemática

Revisar artigos que avaliaram a relação entre qualidade do sono e excesso

de peso e obesidade, em adultos.

2.2.2. Capítulo 2- Qualidade do sono e fatores associados em professoras do

ensino fundamental

Avaliar a qualidade do sono de professoras do ensino fundamental de es-

colas estaduais e possíveis associações com IMC (Índice de Massa Corporal), variá-

veis socioeconômicas, sintomas físicos e emocionais, condições de saúde e compor-

tamentais.

22

3. Método

Esta dissertação é um dos trabalhos resultantes do projeto Estilo de Vida,

Condições de Saúde e Qualidade de Vida de Professoras do Ensino Fundamental das

Escolas Públicas de Sorocaba, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculda-

de de Ciências Médicas da Unicamp – Campinas/SP, em 21 de dezembro de 2011, con-

forme o parecer número 1290/2011 (Anexo 1).

Este estudo obedece às recomendações do Conselho Nacional de Saúde para

pesquisas biomédicas que envolvem seres humanos, estabelecidas na Resolução nº 196,

de 10 de outubro de 1996, e também está de acordo com a determinação do Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Campinas.

3.1. Tipo, local e população de estudo

Trata-se de um estudo transversal realizado nas escolas públicas estaduais

de Sorocaba, com professoras do ensino fundamental I (1º ao 5º ano), dos períodos ma-

tutino e vespertino.

3.2. Critérios de inclusão e exclusão

Foram realizadas visitas a todas as escolas do município e incluídos no es-

tudo todos os professores que, estando presentes no dia agendado para a pesquisa, acei-

taram participar, mediante assinatura do termo de consentimento. Na análise dos dados,

foram excluídos os sujeitos do sexo masculino e as gestantes.

3.3. Tamanho da amostra

No ano de 2012 existiam 32 escolas na rede estadual sorocabana, com cerca

de 420 professores no ensino fundamental I, dos quais aproximadamente 85% eram

23

mulheres, o que totalizou uma população de 357 indivíduos (informação pessoal da Di-

retoria de Ensino de Sorocaba).

3.4. Coleta de dados

A coleta de dados desdobrou-se em três etapas.

Primeiro, houve um contato telefônico com o diretor e o coordenador do en-

sino fundamental I de cada escola, com a finalidade de agendar uma visita.

No segundo momento, deu-se a visita agendada, para explanação detalhada

dos objetivos do projeto e dos métodos, apresentação do material (questionário impres-

so) e instrumento de avaliação (equipamento de bioimpedância).

A terceira etapa consistiu na aplicação dos questionários e avaliação do es-

tado nutricional dos docentes de cada escola. A pesquisa foi desenvolvida durante a

ATPC (aula de trabalho pedagógico coletivo), uma reunião semanal do coordenador

com seus professores, com cerca de uma hora e meia de duração. Os sujeitos foram es-

clarecidos quanto aos objetivos do estudo e convidados a participar. Com o convite

aceito, foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – Anexo 2),

o caderno de questões (CQ), intitulado Caderno de Avaliação dos Hábitos de Vida, Sa-

úde e Qualidade de Vida das Professoras do Ensino Fundamental e realizada a avalia-

ção do peso e da composição corporal. Com o objetivo de preservar o sigilo, os questio-

nários foram entregues em envelopes sem identificação. Ao final de cada encontro, as

professoras entregavam os envelopes contendo o TCLE e o CQ preenchidos.

O CQ (Anexo 3) consiste em questionário autoaplicável agrupado em mó-

dulos: 1. Dados Gerais; 2. Hábitos de Vida; 3. Qualidade do Sono; 4. Condições de

Saúde.

3.5. Instrumentos e métodos de avaliação

3.5.1. Avaliação do estado nutricional

Para a avaliação do estado nutricional foram utilizados o peso avaliado e a

estatura referida, para posterior cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)68

. Para a

avaliação do peso, foi utilizada uma balança digital Tanita®, modelo BC-1500, com

24

escala de 100g. As participantes foram orientadas a se posicionar no centro do equipa-

mento, descalças, eretas, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo69

.

Para classificação do estado nutricional, foram utilizados critérios da Orga-

nização Mundial da Saúde68

, segundo a qual adultos com IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2

possuem peso na faixa normal, sujeitos com IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 possuem sobre-

peso e risco moderado de comorbidade, e IMC acima de 30 kg/m2

representa obesidade

e risco aumentado de comorbidades.

3.5.2. Questionário Autoaplicável

3.5.2.1. Caracterização geral da população estudada

Foram solicitados os seguintes dados a fim de caracterizar a população estu-

dada: idade, estado civil, número de pessoas com quem mora, número de filhos, tempo

de docência, períodos de trabalho, satisfação com o peso corporal atual e autoavaliação

do estado geral de saúde, das práticas alimentares e de atividades físicas.

3.5.2.2. Qualidade do Sono – PSQI

A qualidade do sono foi avaliada pelo questionário autoaplicável Índice de

Qualidade do Sono de Pittsburgh70 (PSQI), validado para utilização no Brasil por Ber-

tolazi et al.71

. Trata-se de um instrumento de avaliação que investiga as características

dos padrões de sono e quantifica a qualidade do sono do indivíduo. Esse questionário,

que abrange a qualidade subjetiva do sono e a ocorrência de distúrbios72

, é de rápida

administração e de fácil utilização em estudos epidemiológicos73-75

. Além disso, é am-

plamente utilizado para avaliar qualidade do sono72,76-79

. Sua validação para a população

brasileira foi realizada em estudo que comparou os resultados do PSQI e polissonogra-

fia, considerada padrão ouro para avaliar a qualidade do sono em adultos. Os resultados

demonstraram que a versão do questionário brasileiro é válida e fidedigna para analisar

a qualidade do sono80

.

Existem inúmeros questionários para avaliação do sono, porém somente o

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e o Questionário do Sono estão dis-

poníveis em língua portuguesa. O primeiro por ter sido adaptado para a língua portu-

guesa71

, e o segundo por ter sido elaborado no Brasil.

25

O PSQI avalia a qualidade do sono durante o mês anterior à sua aplicação, e

é composto por sete domínios: qualidade subjetiva do sono, latência do sono, duração

do sono, eficiência do sono habitual, distúrbios do sono, uso de pílulas para dormir e

disfunção diurna. Aos componentes pode ser atribuída uma pontuação que varia de 0 a 3

pontos com o mesmo peso, de forma que 3 indica o extremo negativo de uma escala do

tipo Likert. Dessa forma, a classificação global é dada pela soma dos sete componentes,

e a pontuação total pode variar de 0 a 21 pontos. A qualidade do sono é classificada da

seguinte forma:

0-5 = boa qualidade de sono

6-10 = má qualidade do sono

As pontuações superiores a cinco são classificadas como má qualidade do

sono, pois indicam importante comprometimento em pelo menos dois componentes, ou

leve comprometimento em mais de três componentes70

.

A avaliação específica dos domínios do PSQI abrange os seguintes aspec-

tos: o primeiro se refere à qualidade subjetiva do sono, ou seja, considera a percepção

individual a respeito da qualidade do sono; o segundo indica a latência do sono e o tem-

po necessário para iniciar o sono; o terceiro avalia a duração do sono, ou seja, quanto

tempo o indivíduo permanece dormindo; o quarto indica a eficiência habitual do sono,

obtida por meio da relação entre o número de horas dormidas e o número de horas em

permanência no leito, não necessariamente dormindo; o quinto refere-se aos distúrbios

do sono, ou seja, a presença de situações que comprometem as horas de sono; o sexto

domínio indica a ingestão ou não de medicação para dormir; o sétimo refere-se à sono-

lência diurna e aos distúrbios durante o dia, isto é, alterações na disposição e entusiasmo

para a execução das atividades rotineiras, influenciadas pelas sonolência diurna.

26

Quadro 1. Descrição dos domínios Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)

DOMÍNIO DESCRIÇÃO

Qualidade

Subjetiva

do Sono

Apresenta as categorias: muito boa, boa, ruim e muito ruim. (Durante o mês pas-

sado, como você classificaria a qualidade do seu sono?)

Latência

do Sono

Variável registrada em minutos. Corresponde à estimativa do tempo médio decor-

rido entre o momento em que a pessoa se deita e o instante em que adormece,

considerando os 30 dias anteriores à coleta de dados. (Durante o mês passado,

quanto tempo (em minutos) você demorou para pegar no sono, na maioria das ve-

zes?)

Opções de resposta: Até 15 min, de 16 a 30 min, de 31 a 60 min e mais de 60 min.

Variável composta a partir das respostas sobre a ocorrência e a frequência de

tempo superior a 30 minutos para adormecer. (Durante o mês passado, quantas

vezes você teve problema para dormir, ou seja, demorou mais de 30 minutos para

pegar no sono?).

Opções de resposta: nenhuma vez, menos de 1 vez por semana, 1 ou 2 vezes por

semana, e 3 vezes por semana ou mais.

Duração

do Sono

Noturno

Variável registrada em horas decimais, que representa um dos domínios do PSQI.

Corresponde à duração total do sono noturno. (Durante o mês passado, quantas

horas de sono por noite você dormiu?)

Opções de resposta: Mais de 7 horas, 6-7 horas, 5-6 horas e menos de 5 horas.

Eficiência

do Sono

Variável registrada em horas e minutos. (Durante o mês passado, a que horas você

foi deitar à noite, na maioria das vezes? Durante o mês passado, a que horas você

acordou de manhã, na maioria das vezes?).

Distúrbios

do Sono

Noturno

Variável correspondente à ocorrência e frequência de fatores que favorecem a

perturbação do sono noturno. (Acordar no meio da noite ou de manhã muito cedo,

levantar-se para ir ao banheiro, dificuldade para respirar, tossir ou roncar muito

alto, sentir muito frio, sentir muito calor, sonhos ruins ou pesadelos, sentir dores e

outras questões).

Opções de resposta: nenhuma vez, 1 ou 2 vezes por semana, menos de 1 vez por

semana, e 3 vezes por semana ou mais.

Uso de

Medicação

para

Dormir

Variável que analisa a frequência semanal de uso de medicação para dormir.

(Durante o mês passado, você tomou algum remédio para dormir, receitado por

médico ou indicado por outra pessoa (farmacêutico, amigo, familiar), ou mesmo

por sua conta?).

Opções de resposta: nenhuma vez, menos de 1 vez por semana, 1 ou 2 vezes por

semana, e 3 vezes por semana ou mais.

Sonolência

Diurna e

Distúrbios

durante

o Dia

Variável sobre a dificuldade de ficar acordado enquanto dirige, realiza refeições

ou participa de outras atividades sociais. (Durante o mês passado, você teve difi-

culdades de ficar acordado enquanto estava dirigindo, fazendo suas refeições ou

participando de qualquer outra atividade social? Quantas vezes isso aconteceu?).

Opções de resposta: nenhuma vez, menos de 1 vez por semana, 1 ou 2 vezes por

semana, e 3 vezes por semana ou mais.

Muita indisposição, pequenas indisposições, nenhuma indisposição e indisposição

moderada. (Durante o mês passado, você sentiu indisposição ou falta de entusi-

asmo para realizar suas atividades diárias?).

Opções de resposta: nenhuma vez, menos de 1 vez por semana, 1 ou 2 vezes por

semana, e 3 vezes por semana ou mais.

27

3.6. Análise dos dados

Para análise comparativa, foram calculadas as prevalências e respectivos in-

tervalos de confiança de 95%. As associações entre variáveis independentes e o sono de

má qualidade foram analisadas pelo teste qui-quadrado com nível de significância de

5%. Também foram produzidas análises de regressão múltipla de Poisson para estimar

razões de prevalência ajustadas pela idade das mulheres. As análises dos dados foram

executadas no programa Stata 12.0 (Stata Corp., College Station, Estados Unidos).

Para compor o banco de dados e analisá-lo, foram utilizados os programas

Epi Info 7TM

71

e SPSS for Windows, v.1972

(IBM Company, Chicago).

28

4. Resultados

Os resultados desta dissertação estão apresentados em dois artigos:

Artigo 1 – Relação entre qualidade do sono e excesso de peso: Revisão sistemática

Submetido à Revista de Saúde Pública. Qualis A2 em Saúde Coletiva.

Artigo 2 – Qualidade do sono e fatores associados em professoras do ensino

fundamental

29

4.1. Artigo 1

Research article

30

Relationship between quality of sleep and overweight:

A systematic review

Ivy Christine Moura de Mesquita Martinez1; Helen Rose Pereira

1, Roberto Teixeira Mendes

1

1. Departamento de Pediatria , Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Department of Pediatrics, State University of Campinas (UNICAMP), SP, Brazil

E-mails:

Ivy Christine Moura de Mesquita Martinez: [email protected]

Helen Rose Pereira: [email protected]

Roberto Teixeira Mendes: [email protected]

Corresponding author:

Ivy C M M Martinez

Department of Pediatrics

State University of Campinas

Rua Alexander Fleming, 101,

13083-881, Campinas-SP, Brazil

Phone: +55-19-3521-9304

E-mail: [email protected]

31

RESUMO

Objetivo: Revisar artigos relacionados ao tema obesidade e qualidade do sono em adul-

tos, avaliada pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh. Método: Revisão de arti-

gos publicados nos últimos 10 anos, indexados nas bases de dados Scientific Eletronic

Library Online (SciELO-Brasil), Medical Literature Analysis and Retrieval System

(MEDLINE/PUBMED) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Sa-

úde (LILACS), utilizando os descritores “qualidade do sono”, “obesidade”, “excesso de

peso” e “PSQI” e seus correspondentes em inglês. Resultados: A amostra de revisão foi

constituída de sete referências. Entre os trabalhos, cinco indicaram associação entre má

qualidade do sono e excesso de peso/obesidade. Conclusão: O levantamento bibliográ-

fico corroborou a hipótese de que a má qualidade do sono está associada ao sobrepeso e

à obesidade.

Palavras-chave: Qualidade do sono. Obesidade. Excesso de peso. Quality of sleep.

Obesity. Overweight. PSQI.

ABSTRACT

Objective: To review papers related to the topic obesity and sleep quality in

adults, evaluated by the Pittsburgh Sleep Quality Index. Method: To review the scien-

tific literature published in the last 10 years, indexed in the databases of Scientific Elec-

tronic Library Online (SciELO-Brazil), Medical Literature Analysis and Retrieval Sys-

tem (MEDLINE/PUBMED) and Latin American and Caribbean Health Sciences (LI-

LACS), using the keywords “quality of sleep”, “obesity”, “overweight” and “PSQI”, as

well as their counterparts in Portuguese. Results: The sample was composed of seven

references. Among the papers, five indicated association between poor sleep quality and

overweight/ obesity. Conclusion: The literature survey corroborated the hypothesis that

poor sleep quality is associated with overweight and obesity.

Keywords: Quality of sleep. Obesity. Overweight. Qualidade do sono. Obesidade. Ex-

cesso de peso. PSQI.

32

Introdução

A cultura e os hábitos alimentares foram modificados radicalmente nos úl-

timos 30 anos. Dentre as várias transformações decorrentes da vida moderna, merecem

destaque a redução das horas de sono e a queda de sua qualidade, assim como o cresci-

mento simultâneo da epidemia de obesidade em âmbito mundial1-3

. Nessa perspectiva, a

relação entre sono e obesidade tem ocupado lugar importante e requer investigações

mais amplas e abrangentes.

A propósito desse cenário atual, há consenso sobre a importante participa-

ção, na gênese da obesidade, do estilo de vida fomentado pela sociedade moderna, so-

bretudo devido aos hábitos alimentares inadequados e ao sedentarismo. Em conjunto,

são comumente encontradas associações de fatores como a qualidade do sono, que po-

dem ser tanto vistos como causa, quanto como consequência do excesso de peso4-6.

En-

tre esses fatores, aqueles relacionados ao sono são objeto de estudos epidemiológicos e

experimentais que descrevem a má qualidade do sono como possível fator de risco para

o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, devido à sua influência no sistema endó-

crino, no metabolismo e na regulação do apetite4,7-9

.

Para a abordagem desse fator de risco, a qualidade do sono pode ser medida

objetivamente, por meio da polissonografia, que é o padrão de referência. Trata-se de

um exame que registra as ondas cerebrais, o nível de oxigênio no sangue, as frequências

cardíaca e respiratória, assim como os movimentos dos olhos e das pernas. Porém, con-

siste em método dispendioso e ainda pouco utilizado nos países em desenvolvimento10

.

Também é possível mensurar a qualidade do sono de modo subjetivo, por meio de in-

quéritos, como o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI)11

, validado para

utilização no Brasil por Bertolazi et al.12

. O PSQI tem demonstrado ser confiável e ca-

paz de fornecer informações fidedignas acerca da qualidade do sono13,14

, permitindo

classificar pessoas com sono de boa qualidade (pontuação abaixo de 5) e de má qualida-

de (pontuação acima de 5)11,15

.

Entretanto, apesar de sua ocorrência em diversas produções científicas, o

termo “qualidade do sono” tem sido definido de forma inconsistente. Em geral, tem sido

utilizado para designar desde a satisfação geral com a experiência de sono, até seu tem-

po de duração ou a ausência/ocorrência de distúrbios16

. Diante desse contexto, este tra-

balho tem como objetivo revisar os artigos que investigaram a qualidade do sono, avali-

ada pelo PSQI, e sua relação com a obesidade em adultos.

33

Método

Para a revisão da literatura relacionada à qualidade do sono, foram consul-

tadas as bases de dados eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SciELO-Brasil),

Medical Literature Analysis and Retrieval System (MEDLINE/PubMed) e Literatura

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), sendo selecionados

artigos em português e inglês, publicados entre junho de 2006 e junho de 2016.

O levantamento centrou-se na busca por artigos que investigassem a relação

entre a qualidade do sono, avaliada pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, e

obesidade em adultos. Para tanto, os descritores utilizados para busca foram: “qualidade

do sono”, “obesidade”, “excesso de peso”, “quality of sleep”, “obesity”, “overweight” e

“PSQI”, de acordo com sua definição nos Descritores em Saúde (DeCS) e nos descrito-

res da base MEDLINE/PubMed.

A pesquisa nas três bases de dados gerou 329 ocorrências, e a análise dos tí-

tulos e resumos desses estudos levou à seleção de 25 trabalhos originais. Após a leitura,

identificaram-se 7 artigos de interesse para revisão detalhada, com sujeitos adultos, tan-

to com participantes do sexo feminino como masculino, que utilizaram como método o

PSQI e que tiveram como objeto de estudo a obesidade. Excluíram-se os estudos com

foco em doenças como apneia obstrutiva do sono, atividade física, higiene do sono, do-

enças psiquiátricas como depressão e transtorno bipolar e trabalhos em turnos, bem co-

mo investigações com crianças, gestantes, pacientes de cirurgia bariátrica ou hospitali-

zados, gestantes, idosos e sujeitos submetidos à hemodiálise. A Figura 1 apresenta o

fluxograma das fases de coleta e seleção dos artigos analisados por este estudo.

Com a finalidade de facilitar a compreensão e análise, foi elaborada uma ta-

bela para a descrição das características de cada artigo, destacando-se os autores, ano de

publicação, descrição da amostra, objetivo e método dos estudos e principais resultados.

34

Figura 1 – Fluxograma de descarte e seleção de artigos

Número de artigos Método de exclusão

Seleção inicial

Análise de Títulos

e Resumos

Exclusão pela

leitura dos artigos

Seleção bibliográfica final

(7 artigos)

329

25

10

35

Resultados

Entre os artigos selecionados por meio desta investigação, dois trabalhos fo-

ram realizados com indivíduos da população brasileira, dois com participantes chineses,

e os outros três com sujeitos da Alemanha, EUA e Turquia. Os Quadros 1 e 2 apresen-

tam a identificação dos artigos selecionados para este estudo e resumos de suas caracte-

rísticas. Entre os artigos que indicaram associação entre má qualidade do sono, excesso

de peso e obesidade podem ser citados os trabalhos de Rahe et al.17

, Sun et al.18

, Hung

et al.19

, Bidulescu et al.20

e Algul et al.21

. Embora as outras duas pesquisas não tenham

encontrado associação entre má qualidade do sono e obesidade, o estudo de Correa et

al.22

constatou que apenas 9% das mulheres com sobrepeso ou obesidade apresentaram

boa qualidade do sono. Além disso, o trabalho de Vasconcelos et al.23

indicou alta pre-

valência de maus dormidores (22%) entre os indivíduos com sobrepeso e com valores

aumentados das circunferências cervical e abdominal.

Dentre os resultados, destaca-se o trabalho de Rahe et al.17

, que realizaram

estudo tranversal com 753 adultos com idades entre 35-65 anos, na Alemanha, para in-

vestigar a associação entre qualidade do sono e obesidade, esta última avaliada pelo

Índice de Massa Corporal (IMC) e composição corporal. Entre os participantes, 65,3%

relataram boa qualidade do sono (PSQI ≤ 5), e 34,7% reportaram qualidade ruim. Após

ajuste dos dados segundo fatores sócio-demográficos e de estilo de vida, observou-se

associação significativa entre pior qualidade do sono e obesidade, e também entre pior

qualidade do sono e percentual de gordura corporal elevado, sugerindo que a má quali-

dade do sono pode estar associada com obesidade e gordura corporal elevada em adul-

tos. Porém, o trabalho não identificou uma relação causal entre essas duas variáveis.

Outra importante ocorrência foi o estudo de Sun et al.18

, que avaliou a asso-

ciação entre obesidade e qualidade do sono em 2.962 adultos chineses (1.344 homens e

1.618 mulheres) com 18 a 65 anos de idade. O estado nutricional foi avaliado mediante

o IMC, e sua classificação seguiu os critérios nacionais do Working Group on Obesity

in China. Dentre os indivíduos pesquisados, 32% estavam acima do peso (IMC>24

kg/m2; 39% homens e 26% mulheres em relação ao total). A incidência da má qualidade

do sono foi de 21%, tanto em homens como em mulheres. A obesidade foi prevalente

entre indivíduos com má qualidade do sono, em participantes mais velhos, em fumantes,

em pessoas que consumiam álcool ou que tinham problemas de saúde. Ajustando os

36

dados para idade, a má qualidade do sono foi significativamente associada com excesso

de peso (sobrepeso e obesidade) entre os homens, mas não entre as mulheres.

Em contrapartida, o estudo de Bidulescu et al.20

concluiu que a pontuação

do PSQI está associada com obesidade no caso das mulheres, porém não entre a popula-

ção masculina. Esse trabalho reuniu uma amostra exclusiva de 1.515 afro-americanos

com média etária de 47,5 anos. O IMC médio foi de 29,4 kg/m2, sendo que 557 sujeitos

(36,6%) possuíam idade menor que 50 anos e 1.096 (72%) eram mulheres. Quanto ao

sono, 50% relataram ter duração menor que 6 horas/noite e 50% dos sujeitos apresenta-

ram pontuação maior que cinco no PSQI. Bidulescu et al.20

observaram que a associa-

ção da qualidade do sono com a obesidade foi modificada por estresse percebido e que

houve um aumento da probabilidade de obesidade no grupo que apresentou estresse

médio em comparação com os outros dois grupos (estresse baixo e alto).

Em relação à população feminina, o estudo de Correa et al.22

avaliou 34 mu-

lheres na pós-menopausa, entre 50 e 70 anos (média de 60 anos), com excesso de peso

(53% sobrepeso, 47% obesas e IMC médio de 31,6 kg/m2). Apenas 9% indicaram boa

qualidade do sono, sem diferenças significantes quando comparados os grupos sobrepe-

so e obesidade. Nesse sentido, o estudo de Hung et al.19

observou que as mulheres apre-

sentaram pior qualidade do sono quando comparadas aos homens. De forma geral, a

análise dos dados apontou que o excesso de peso e a obesidade foram associados com

má qualidade do sono independentemente de fatores como idade, sexo, duração do so-

no, tabagismo, exercício habitual, hipertensão, diabetes e perfil lipídico. Além disso, o

sexo feminino, o excesso de peso e a obesidade foram associados com má qualidade do

sono nessa população, independentemente dos fatores de risco cardiometabólicos.

Destaca-se também o estudo de Vasconcelos et al.23

, que avaliou 702 estu-

dantes universitários, com média etária de 21,5 anos, dos quais 62,6% eram mulheres.

Uma grande parcela era de solteiros (93%), e a maior parte dos sujeitos investigados

pertencia às classes econômicas B (39,7%) e C (39,6%). Em relação à análise dos resul-

tados do IMC por sexo, observou-se que os grupos diferiam significativamente, e que as

mulheres possuíam maiores percentuais de baixo peso (6,2%) e eutrofia (74,7%), ao

passo que os homens possuíam percentuais mais elevados de sobrepeso (32,4%) e obe-

sidade (7,6%). Em suma, 95% dos estudantes apresentaram má qualidade do sono, os

casos de obesidade tiveram maior ocorrência nos indivíduos com boa qualidade de sono

(6,1%), porém a ocorrência de sobrepeso e valores aumentados das circunferências cer-

37

vical e abdominal prevaleceram entre os maus dormidores (22%), não havendo diferen-

ça estatisticamente significativa.

Outra referência relevante para a presente pesquisa consiste no estudo de

Algul et al.21

, que avaliou a associação entre obesidade e qualidade do sono, sofrimento

psíquico e qualidade de vida, em um grupo de 124 pacientes com diagnóstico de obesi-

dade do sexo masculino (obesidade classe I e II) e comparou os resultados com os dados

de 106 indivíduos eutróficos do grupo controle. Os participantes foram submetidos a

exames laboratoriais (pressão arterial, contagem completa de células sanguíneas, glice-

mia, análise de urina, índices de tireoide e eletrocardiograma), incluindo avaliação neu-

rológica, análise de histórico médico e exame físico completo. Foram excluídos os su-

jeitos que apresentaram qualquer problema médico, aqueles que tinham doenças crôni-

cas (diabetes mellitus, hipertensão, doenças coronárias) e, ainda, os que possuíam algu-

ma desordem primária associada com sonolência diurna excessiva (hipersonia ou narco-

lepsia). A idade média foi de 22,2 anos, tanto para obesos, como para o grupo controle.

A média do IMC foi de 33,3 kg/m2 no grupo de grau I; 38,9 kg/m

2 no grau II e 23,1

kg/m2 no grupo controle. De forma geral, 65,2% apresentaram má qualidade do sono,

percentual reduzido para 50% entre o grupo obesidade grau I e para 35,6% no grupo

controle. Os principais resultados foram que a obesidade está associada à má qualidade

do sono, angústia, e redução da qualidade de vida. A qualidade do sono foi positivamen-

te correlacionada com todas as subescalas de angústia, e o grupo de obesidade grave

apresentou qualidade do sono, sofrimento psicológico e qualidade de vida significati-

vamente piores do que o grupo controle.

38

Quadro 1 – Síntese da caracterização dos artigos encontrados na revisão de literatura

Referência e Local

Amostra e tipo de estudo Objetivo Método Conclusão

Rahe, C. et al. Münster,

Alemanha. (2015)

753 participantes com idades entre 35-65 anos. Estudo Transversal

Examinar a associação entre a quali-dade do sono e diferentes medidas de obesidade (obesidade geral, obe-sidade abdominal e composição corporal).

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh

(PSQI). Análise de bioimpedân-

cia.

Entre os participantes, 65,3% relataram boa qualidade do sono (PSQI ≤ 5), e 34,7%, qualidade ruim do sono. Foi observada associação significa-tiva de má qualidade do sono avaliada com obesidade geral e gordura corporal elevada, ajustadas para fatores sócio-demográficos e de estilo.

Sun,W. et al. Pequim, China. (2015)

2962 participantes chineses com idades entre 18 e 65 anos. Estudo Transversal

Examinar a associação entre a quali-dade do sono e estado de obesidade.

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh

(PSQI).

Má qualidade do sono foi associada com sobrepeso e obesidade em homens, mas não em mulheres, independentemente do tipo de ocupa-ção, estado civil, tabagismo, consumo de álcool, dor no corpo ou estado de saúde.

Correa, K. M. et al.

São Paulo, Brasil. (2014)

34 pacientes na pós-menopausa, com Índice de Massa Corporal igual ou superior a 25 kg/m2, paci-entes com queixas relacio-nadas ao sono. Estudo Transversal

Avaliar a frequência dos distúrbios do sono, como apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas e insônia, em pacientes na pós-menopausa com sobrepeso ou obe-sidade.

Índice Menopausal de Kupperman; Escala de Sonolência de Epworth, Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh; Índice de Gravidade da Insônia; Questionário sobre Distúrbio Respira-tório do Sono (Berlim) e Escala de Classificação da Gravidade da Sín-drome das Pernas Inqui-etas.

9% apresentaram boa qualidade do sono, 23% apresentaram qualidade ruim do sono e 68% apresentaram distúrbio do sono. Não houve dife-rença significante quando comparados os grupos sobrepeso e obesida-de.

39

Quadro 2 – Síntese da caracterização dos artigos encontrados na revisão de literatura

Referência e Local

Amostra e tipo de estudo

Objetivo Método Conclusão

Hung H.C, et al. Cheng Kung, China.

(2013)

2.803 indivíduos. Estudo Transversal

Avaliar a associação entre a quali-dade do sono e obesidade.

Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI).

O sexo feminino, o excesso de peso e a obesidade foram associados com má qualidade do sono.

Vasconcelos, H. C. A. et al.

Fortaleza, CE.

(2013)

Estudo transversal, realiza-do com 702 universitários. 62,6% mulheres. Média etária de 21,5 anos. Estudo Transversal

Investigar a correlação existente entre indicadores antropométricos e a qualidade do sono.

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI).

Casos de obesidade foram maiores entre os estudan-tes bons dormidores (6,1%). Contudo, as taxas de sobrepeso predominaram entre os maus dormidores (22%).

Bidulescu, A. et al.

Atlanta, EUA.

(2010)

1.515 indivíduos afro-americanos. Estudo Transversal

Avaliar se a qualidade e a duração do sono são inversamente associa-das com o Índice de Massa Corpo-ral (IMC) e obesidade. Testar se essas associações são modificadas pelo estresse psicossocial, conhe-cido por influenciar a qualidade do sono.

Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). Escala de estresse geral percebido (GPS).

A qualidade do sono foi associada com obesidade em mulheres.

Algul, A. et al.

Istambul, Turquia.

(2009)

124 pacientes obesos do sexo masculino (obesidade classe I e II) e 106 indiví-duos eutróficos no grupo controle. Estudo Transversal

Examinar qualidade do sono, so-frimento psíquico e qualidade de vida em um grupo de pacientes com diagnóstico de obesidade.

Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI ). Escala de Sonolência de Epworth. Escala Psychologial Distress (SCL-90-R). Questionário de Qualidade de Vida SF-36.

A obesidade está associada a má qualidade do sono, angústia, e redução da qualidade de vida.

40

Discussão

A obesidade é considerada um relevante problema de saúde pública e um fa-

tor de risco para o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. Além disso, es-

tudos epidemiológicos apontam possíveis relações entre a má qualidade do sono e a

obesidade4,24-28

.

Entre as produções científicas sobre o tema, é possível constatar que cada

trabalho elege um parâmetro para avaliar índices de sobrepeso/obesidade, como o IMC,

medidas de circunferências abdominal e cervical, presença de doenças cardiovasculares,

risco de síndrome metabólica, consumo energético, medidas antropométricas, alteração

de peso, entre outros29-35

. Em relação ao sono, os aspectos mais comumente avaliados

são o tempo relatado na cama, a duração do sono autorreferida, sono interrompido, sono

agitado, tempo de sono reduzido (menos de 6 horas por noite). Dessa forma, as compa-

rações entre os estudos e as conclusões tornam-se imprecisas, sendo essencial a adoção

de questionário padronizado. Nesse sentido, o PSQI torna-se uma ferramenta eficaz e é

utilizado em diversos trabalhos para avaliar a qualidade do sono. Somente nessa pesqui-

sa foram encontrados 329 artigos que o elegeram como instrumento de avaliação.

Nesta revisão foram selecionados apenas os trabalhos que elegeram o PSQI

como método para avaliar a qualidade do sono, com o objetivo de analisar alguma rela-

ção com sobrepeso e obesidade, em adultos. Em conformidade com as possibilidades de

cada investigação, todas as técnicas apresentam alcances, aspectos positivos e limita-

ções. Contudo, apesar da diversidade de metodologias, os dados obtidos nesta pesquisa

corroboram os achados de outros estudos, ainda que estes tenham adotado outros méto-

dos para análise dos objetivos. Nesse sentido, as revisões de Rangaraj e Knutson36

e de

Cedernaes, Schiöth e Benedict37

apontam que diversos estudos experimentais e obser-

vacionais estabelecem associação entre o sono de curta duração e de baixa qualidade

com o risco de doenças metabólicas, principalmente obesidade e diabetes tipo II.

Nos artigos selecionados nesta pesquisa, algumas hipóteses foram levanta-

das pelos autores, para compreender a relação entre o sono e a obesidade. Bidulescu et

al.20

ponderam que aspectos como o grau de escolaridade, renda familiar, tabagismo e

idade23

devem ser considerados, pois exercem influência sobre a rotina e podem contri-

buir para um estilo de vida atribulado, para a alimentação desordenada e, portanto, afe-

tar a qualidade do sono e o peso corporal18

.

41

Outro aspecto a ser analisado é o nível de atividade física, considerado ca-

paz de promover a melhora da qualidade e da eficiência do sono17,18,20,38

. Nessa perspec-

tiva, estudos apontam que o sono de um indivíduo ativo é relativamente melhor do que

de sujeitos sedentários, dado que corrobora a hipótese de que o sono com boa qualidade

propicia mais disposição e menos cansaço para a prática de atividade física39,40

.

Além disso, a má qualidade do sono tem consequências fisiológicas, tais

como a intolerância à glicose e menor sensibilidade à insulina20

. Nesse sentido, o traba-

lho de revisão de McNeil, Doucet e Chaput26

sugere que a restrição do sono pode au-

mentar os níveis de cortisol à noite, diminuindo a sensibilidade à insulina na manhã

seguinte. Outra evidência sugere que o indivíduo com sono de curta duração (menos de

6 horas) apresenta respostas de glicose semelhantesà dos dormidores de duração média

(7/8 horas/noite), porém há necessidade de aumento da liberação de insulina, o que pode

acarretar diminuição da sensibilidade da insulina ao longo do tempo26

.

Uma relevante evidência apontada por Rahe et al.17

e Bidulescu et al.20

é

que a redução da qualidade do sono eleva a razão grelina/leptina, aumentando o apetite

e a fome. Nesse enfoque, segundo o estudo de revisão St-Onge et al.40

, que analisou

estudos clínicos de laboratório, a explicação é que há redução desses hormônios regula-

dores do apetite, além de alterações de mecanismos cerebrais resultantes das modifica-

ções da arquitetura do sono.

Um importante ponto a ser examinado na relação entre má qualidade do so-

no e obesidade consiste na ação de diversos hormônios – sexuais, pituitários, melatonina

e cortisol – sobre o organismo, bem como nas alterações dos níveis hormonais decorren-

tes de estresse ambiental18-20

. Nesse caso, os distúrbios do sono são frequentes entre a

população feminina, principalmente ao longo da menopausa, porque o estrogênio e a

progesterona estão envolvidos em diversos mecanismos cerebrais, inclusive no processo

do sono. Correa et al.22

trazem duas evidências, na discussão de seu estudo, que vão

nessa direção. Destacam que o exame de polissonografia realizado com mulheres dessa

faixa etária apresentou resultados de sono fragmentado, com melhora da qualidade do

sono após o início da terapia hormonal.

Entre as referências pesquisadas, a síndrome da apneia obstrutiva do sono

(SAOS) é citada como fator que leva à má qualidade do sono17,18,20

. A hipótese sugerida

é de que o ronco, com despertares parciais associados, pode ser o fator central para a

ruptura da arquitetura do sono21

. O estudo de Beccutia e Pannain4

defende que a obesi-

dade predispõe à apneia, e que a própria SAOS pode provocar aumento do peso corpo-

42

ral. Nesse sentido, a pesquisa de revisão de St-Onge et al.

41 evidencia que o sono frag-

mentado, a perda total do sono e a sonolência diurna associada à SAOS também pare-

cem favorecer o aumento do IMC, e que a perda de peso está associada com redução da

gravidade do quadro de apneia. Nesse sentido, estudos realizados com pacientes no pré

e pós-operatório de cirurgia bariátrica sugerem que a qualidade do sono apresenta me-

lhora significativa quando há perda de peso42,43

. De maneira geral, com a gradativa re-

dução do peso, os pacientes chegam a ter aumento de até uma hora de sono por noite44

.

Outra evidência apontada é a correlação positiva entre melhora da gravidade do

ronco e da sonolência excessiva diurna em pacientes sob tratamento de hipotireoidismo,

indicando possível associação entre a doença e o aumento da resistência das vias aéreas45

.

No estudo de Correa et al.22

, que avaliou mulheres obesas na pós-menopausa, há uma im-

portante discussão sobre a diferenciação dos sintomas do hipotireoidismo e SAOS, pois

sonolência, fadiga, depressão e dificuldade de concentração são comuns às duas doenças.

A partir de tais resultados, os estudos apontam para a importância de consi-

derar os fatores psicossociais como o estresse psicológico17,18

, estresse financeiro20

, as

morbidades psiquiátricas e somáticas, distúrbios do humor, depressão15

e sintomas de

ansiedade21

, que podem modular a associação entre obesidade e qualidade do sono. Se-

gundo Algul et al.21

, a psicopatologia, a qualidade de vida e a má qualidade do sono são

positivamente correlacionados com obesidade, afetando-se mutuamente e gerando agra-

vamento desse quadros, num círculo vicioso.

Salienta-se que nessa revisão foram encontrados sete artigos que se debruça-

ram especificamente sobre o tema, inclusive com número de sujeitos muito variável.

Além disso, a comparação tornou-se complexa, visto que os trabalhos investigam popu-

lações culturalmente diferentes, sobretudo em relação aos hábitos alimentares e de sono.

É importante ressaltar que em todos os estudos foi possível observar alta prevalência de

má qualidade do sono, independente de IMC, estresse ou outros fatores avaliados.

Conclusão

A partir das análises dos artigos selecionados para esta revisão sistemática,

tornou-se possível apontar evidências que sustentam a hipótese de que a má qualidade

do sono está associada com excesso de peso e obesidade. Dessa forma, é fundamental

que essas implicações sejam tratadas com seriedade, a fim de modificar as estratégias no

combate à obesidade, com o objetivo de propiciar maior qualidade de vida. Para tanto, o

43

tema necessita de maior investimento, sobretudo em estudos longitudinais, a fim de lan-

çar luz sobre as causas e consequências desse problema, que interessa à comunidade e à

saúde pública, de maneira geral.

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48

4.2. Artigo 2

RESUMO

Qualidade do sono e fatores associados em professoras do ensino fundamental

A sociedade contemporânea apresenta elevada prevalência de problemas do sono, que

podem prejudicar os processos naturais de restauração fisiológica, psicológica e cogni-

tiva do indivíduo, impactando sua qualidade de vida. Por suas peculiaridades, a popula-

ção feminina formada por professoras constitui um grupo de interesse para a investiga-

ção da qualidade do sono e de fatores associados. Em primeiro lugar, como a maior par-

te das mulheres no Brasil, esse grupo geralmente arca com dupla jornada de trabalho, na

escola e em casa (afazeres domésticos), o que reduz seu tempo de descanso. Em segun-

do, a estrutura e a organização da atividade docente podem impactar a saúde física e

psíquica. Assim, o objetivo deste trabalho foi conhecer a qualidade do sono e seus fato-

res associados para uma população de professoras do ensino fundamental I de escolas

municipais situadas em Sorocaba, cidade do interior de São Paulo. Os dados foram ob-

tidos por meio do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (PSQI) e de um questioná-

rio autoaplicável com questões relacionadas a variáveis sociodemográficas, estilo de

vida (atividade física, tabagismo, etilismo), condição de saúde e percepção sobre saúde.

O estado nutricional também passou por avaliação. A amostra (n=279) foi composta por

mulheres com média etária de 46,6 anos. A maioria trabalhava em um período (57,4%),

manhã ou tarde, e tinha pelo menos um filho (78,8%). Os resultados apontaram alta

prevalência de má qualidade do sono em professoras do ensino fundamental I (53,8%).

Esse dado associou-se significativamente com as variáveis estado conjugal, obesidade,

duração do sono (menos de sete horas por noite), e com sintomas como sonolência no

trabalho, cansaço nos braços, mãos, pernas e pés, irritabilidade, diminuição da resistên-

cia física, angústia, tristeza e aceleração dos batimentos cardíacos.

Palavras-chave: Sono. Obesidade. Excesso de peso. Docentes. Ensino fundamental.

PSQI. Mulheres.

49

ABSTRACT

Sleep quality and associated factors among elementary school teachers

Contemporary society presents a high prevalence of sleep disorders, which can impair

the natural processes of physiological, psychological and cognitive restoration, impact-

ing life quality. For a number of peculiarities, the female population made up of teach-

ers constitutes a group of interest for the investigation of sleep quality and associated

factors. For one thing, as most women in Brazil, they usually have to work double

shifts, at school and at home (household chores), which reduces their rest time. And for

another, the structure and organization of the teaching activity can impact both physical

and psychic health. Thus, the objective of this study was to determine the quality of

sleep and associated factors among state elementary school teachers from the city of

Sorocaba, São Paulo state, Brazil. The data were obtained through the Pittsburg Sleep

Quality Index (PSQI) and a self-administered questionnaire with questions related to

sociodemographic variables, lifestyle (physical activity, smoking, alcohol consump-

tion), health conditions and perception. Nutritional status was also assessed. The sample

(n=279) consisted of women with mean age of 46.6 years. The majority worked one

period (57.4%), morning or afternoon, and had at least one child (78.8%). The results

showed a high prevalence of poor sleep quality in elementary school teachers (53.8%).

These data was significantly associated with the variables: marital status, obesity, sleep

duration (less than seven hours a night), and with symptoms such as sleepiness at work,

fatige in arms, hands, legs and feet, irritability, decreased in physical endurance, an-

guish, sadness and heartbeat acceleration.

Keywords: Sleep. Obesity. Teachers. Elementary school. PSQI. Women.

Introdução

O sono é um processo cíclico e comportamental, em que se dá a restauração

fisiológica diária de inúmeras funções cerebrais responsáveis por regular o organismo e

ocorre a restauração psicológica e cognitiva1,2

. Trata-se de um processo essencial na

consolidação da memória, regulação da temperatura corporal e reparação do metabolis-

mo energético cerebral3.

50

Nesse sentido, alterações na qualidade do sono podem gerar consequências

negativas sobre a qualidade de vida do sujeito, tanto nos aspectos físicos, como nos so-

ciais e emocionais. Fatores como idade, menopausa, dor, uso de medicamentos, condi-

ções psicológicas e diversas doenças como apneia do sono e obesidade podem afetar a

qualidade do sono4. Entre as principais consequências dessas alterações estão maior

incidência de depressão, ansiedade, irritabilidade, alterações no humor, pior funciona-

mento cognitivo, fadiga, falta de energia, dores de cabeça e saúde precária quando com-

parados a pessoas com sono normal5-8

. Além disso, existe o impacto nas atividades coti-

dianas, como o aumento do absenteísmo no trabalho, riscos de acidentes e problemas de

relacionamento9.

Atualmente, a sociedade contemporânea sofre perda de sono crônica10

.

Aproximadamente 25% da população adulta dos Estados Unidos apresenta algum dis-

túrbio do sono, ao passo que no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas (aproximadamen-

te 12% da população adulta) relatam algum sofrimento dessa ordem11-13

.

No caso das mulheres, esse problema pode apresentar maiores implicações,

visto que muitas enfrentam dupla jornada de trabalho – após cumprida a carga horária

profissional, trabalham em casa com os afazeres domésticos e os cuidados com os fi-

lhos, resultando em menos tempo de descanso14

. No caso das professoras, os fatores de

risco são ampliados pela própria natureza da atividade docente, cuja estrutura e organi-

zação trazem sofrimento psíquico e físico15,16

. Dessa forma, é possível que tanto o traba-

lho como a redução da qualidade do sono exerçam influência negativa na saúde desse

grupo.

No ambiente escolar, conhecer qualidade do sono e as condições de saúde

dos professores torna-se fundamental para promoção de estratégias para os docentes,

com consequente impacto na educação dos escolares17,18

. Além disso, o conhecimento

da qualidade do sono é considerado um importante meio para caracterizar a saúde geral

dos indivíduos. Nesse sentido, o sono referido e suas consequências no dia a dia de pes-

soas saudáveis ou doentes tornou-se um dos principais focos de investigação de diversas

pesquisas4,5,7,10,11

.

O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade do sono das professoras do

ensino fundamental I, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas, de comporta-

mentos relacionados à de saúde, condições de saúde, e Índice de Massa Corporal.

51

Método

Delineamento e participantes

Trata-se de um estudo de delineamento transversal com coleta realizada en-

tre abril de 2013 e abril de 2014. A amostra foi composta por 280 professoras do ensino

fundamental I, dos períodos matutino e vespertino, de escolas públicas estaduais da ci-

dade de Sorocaba, estado de São Paulo. Todas as escolas do município foram convida-

das a participar da pesquisa. Foram incluídas as professoras que aceitaram participar da

pesquisa e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tendo sido

excluídos os questionários incompletos e de gestantes.

Os dados foram obtidos por meio do Índice de Qualidade de Sono de Pitts-

burg19

(PSQI) e de um questionário autoaplicável com questões relacionadas às variá-

veis demográficas, estilo de vida (atividade física, tabagismo, etilismo) e condições de

saúde. O estado nutricional também foi avaliado. A coleta foi realizada durante a ATPC

(aula de trabalho pedagógico coletivo), reunião semanal de professores com seu coorde-

nador, em cada escola, com duração aproximada de uma hora e meia.

Variável dependente: Qualidade do sono

A variável dependente deste estudo foi avaliada pelo questionário autoapli-

cável Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)20

. Trata-se de um instrumento

genérico desenvolvido com o objetivo de avaliar a qualidade de sono no mês anterior,

tanto qualitativa como quantitativamente21

. O PSQI foi traduzido e validado para o por-

tuguês19

. É um questionário simples, de rápida administração, capaz de discriminar os

sujeitos entre “bons dormidores” e “maus dormidores”22-24

. É amplamente utilizado para

avaliar a qualidade do sono em estudos epidemiológicos21,24-29

.

As questões do PSQI são subdivididas em sete domínios, e a cada questão é

possível atribuir uma nota de 0 a 3 pontos. A soma total máxima é de 21 pontos, e o

escore global acima de 5 pontos indica má qualidade do sono. Os componentes dos sete

domínios são: qualidade subjetiva do sono, latência do sono, duração do sono, eficiência

do sono habitual, distúrbios do sono, uso de pílulas para dormir e disfunção diurna20

.

52

Variáveis independentes

Foram avaliadas as seguintes variáveis:

Sociodemográficas: Faixa etária (22-39, 40-49, acima de 50 anos de idade),

estado conjugal (com cônjuge ou sem cônjuge), escolaridade (graduação ou especializa-

ção/mestrado/doutorado), número de filhos (0, 1, 2, 3 ou mais), período de trabalho

(matutino, vespertino ou matutino/vespertino).

Comportamentais: Prática semanal de atividade física, frequência do con-

sumo de bebida alcoólica e tabagismo.

Condições de Saúde Física e Psíquica: Sonolência, dor de cabeça, dor nos

braços e pernas, azia (queimação no estômago), taquicardia, resistência física, falta de

apetite, angústia e tristeza.

IMC: A classificação do estado nutricional foi calculada mediante dados de

peso avaliado e estatura autorreferida30

, para posterior cálculo do Índice de Massa Cor-

poral (IMC). Para a avaliação do peso, foi utilizada uma balança digital Tanita®, mode-

lo BC-1500, com escala de 100g. Para análise comparativa, a amostra foi dividida em

três grupos segundo o IMC31

. O primeiro grupo foi formado por professoras com peso

adequado (IMC ≤ 24,9 kg/m²), o segundo com excesso de peso (25 kg/m² < IMC ≥ 29,9

kg/m²), e o terceiro com obesidade (IMC ≥ 30kg/m²), conforme critérios estabelecidos

pela Organização Mundial da Saúde32

.

Para as análises deste estudo, foram calculadas as prevalências e respectivos

intervalos de confiança de 95%. As associações entre variáveis independentes e o sono

de má qualidade foram analisadas pelo teste qui-quadrado com nível de significância de

5%. Também foram produzidas análises de regressão múltipla de Poisson para estimar

razões de prevalência ajustadas pela idade das mulheres. As análises dos dados foram

executadas no programa Stata 12.0 (Stata Corp., College Station, Estados Unidos).

O presente estudo obedeceu às recomendações do Conselho Nacional de

Saúde para pesquisas biomédicas envolvendo seres humanos, explicitadas na Resolução

nº196 de 10 de outubro de 1996. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp – Campinas/SP, em

21 de dezembro de 2011, parecer número 1290/2011.

53

Resultados

Foram aplicados 280 questionários, o que representa 77,6% do total de professo-

ras do ensino fundamental I, na rede estadual do município. Foram excluídas as gestan-

tes (n=1), totalizando uma amostra final de 279 (77,4%) docentes. A média etária foi de

46,6 anos (IC95%: 45,4-47,5), a maioria das mulheres era casada ou mantinha união

estável (68%), tinha pelo menos um filho (78,8%), e trabalhava apenas um período do

dia (57,4%). Em relação ao estilo de vida, observou-se que 67,4% não ingerem bebidas

alcóolicas, 68,7% declaram-se não tabagistas, 55,7% não praticam atividade física se-

manalmente e dormem em média 6,3 horas por dia.

Das 279 professoras avaliadas, 150 (53,8%) apresentaram má qualidade de

sono, percentual significativamente maior nos subgrupos de mulheres com cônjuge,

obesas e que dormem menos de sete horas por noite (Tabelas 1 e 2). A Tabela 3 contém

as prevalências de má qualidade do sono de acordo com a presença de sintomas físicos e

emocionais. A má qualidade do sono esteve associada à maioria dos sintomas referidos

pelas mulheres: sentir sono no trabalho (p=0,020), braços e mãos cansados (p=0,004),

pernas e pés cansados (p=0,046), irritabilidade (p=0,020), diminuição da resistência

física (p=0,000), angústia (p=0,043), tristeza (p=0,012) e coração acelerado (p=0,009).

Não foi evidenciada associação estatisticamente significativa entre má qua-

lidade do sono e as variáveis: idade, número de filhos, tempo de magistério, período de

trabalho, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, prática de atividade física, dor de

cabeça, queimação no estômago, perda de apetite.

54

Tabela 1. Prevalência e razão de prevalência ajustada de má qualidade do sono em pro-

fessoras do ensino fundamental, segundo variáveis demográficas e socioeconômicas.

Sorocaba, São Paulo, 2013-2014.

Variáveis n (%) % (IC95%) RP ajustada* (IC95%)

Faixa etária (em anos) p = 0,110

22-39 58 (21,2) 43,1 1

40-49 117 (42,8) 52,9 1,07 (0,82-1,38)

50 ou + 98 (35,9) 59,1 1,11 (0,85-1,45)

Número de filhos p = 0,602

Nenhum 59 (21,2) 49,1 1

Um 75 (27,0) 50,6 1,00 (0,75-1,33)

Dois 89 (32,8) 56,1 1,03 (0,78-1,36)

Três ou + 55 (19,0) 60,0 1,03 (0,75-1,42)

Situação conjugal p = 0,043

Sem cônjuge 89 (31,9) 44,9 1

Com cônjuge 190 (68,1) 57,8 1,08 (0,88-1,34)

Escolaridade p = 0,535

Graduação 187 (67,7) 54,5 1

Especialização/mestrado/doutorado 89 (32,2) 50,5 0,98 (0,79-1,20)

Jornada de Trabalho p = 0,883

Manhã 74 (26,9) 52,7 1

Tarde 84 (30,5) 52,3 1,00 (0,77-1,29)

Manhã/Tarde 117 (42,5) 55,5 1,04 (0,82-1,32) * Valor de p do teste qui-quadrado.

*Ajustada por idade.

55

Tabela 2. Prevalência de má qualidade do sono em professoras do ensino fundamental,

segundo variáveis de hábitos, comportamento de saúde e Índice de Massa Corporal

(IMC). Sorocaba, São Paulo, 2013-2014.

Variáveis n (%) % (IC95%) RP ajustada* (IC95%)

Consumo de bebida alcóolica p = 0,378

Não bebe 184 (67,4) 51,6 1

Bebe 89 (32,6) 57,3 1,03 (0,84-1,26)

Tabagismo p = 0,272

Nunca fumou 154 (68,4) 51,3 1

Ex-fumante/fumante 71 (31,5) 59,1 1,03 (0,82-1,3)

Horas de sono/dia p = 0,000

< 7 141 (50,5) 74,3 0,004 (0,63-0,92)

≥ 7 138 (49,5) 30,9 1

Atividade física p = 0,362

Pratica 116 (44,3) 50,8 1

Não pratica 146 (55,7) 56,1 1,02 (0,84-1,25)

IMC p = 0,033

Eutrofia e baixo peso 78 (31,3) 48,7 1

Sobrepeso 95 (38,1) 45,3 0,96 (0,74-1,22)

Obesidade 76 (30,6) 64,5 1,08 (0,83-1,39)

* Valor de p do teste qui-quadrado.

#*Teste exato de Fisher.

56

Tabela 3. Prevalência de má qualidade do sono em professoras do ensino fundamental

I, segundo a presença de sintomas físicos e emocionais dentro e fora do trabalho. Soro-

caba, São Paulo, 2013-2014.

Variáveis n (%) % (IC95%) RP ajustada* (IC95%)

Sono dentro e fora do trabalho p=0,020

Sim 70 (25,1) 65,7 0,89 (0,71-1,10)

Não 209 (74,9) 49,7 1

Braços/mãos cansados p=0,004

Sim 60 (21,5) 70,0 0,89 (0,71-1,11)

Não 219 (78,5) 49,3 1

Pernas/pés cansados p=0,046

Sim 126 (45,2) 60,3 0,93 (0,77-1,13)

Não 153 (54,8) 48,3 1

Dor de cabeça p=0,137

Sim 106 (38,0) 59,4 0,94 (0,77-1,14)

Não 173 (62,0) 50,2 1

Irritabilidade p=0,020

Sim 118 (42,3) 61,8 0,90 (0,75-1,10)

Não 161 (57,7) 47,8 1

Diminuição da resistência física p=0,000

Sim 84(30,1) 70,2 0,87 (0,71-1,06)

Não 195(69,9) 46,6 1

Angustia p=0,043

Sim 41 (14,7) 68,2 0,90 (0,69-1,18)

Não 238 (85,3) 51,2 1

Tristeza p=0,012

Sim 37 (13,3) 72,9 0,86 (0,66-1,13)

Não 242 (86,7) 50,8 1

Coração acelerado p=0,009

Sim 35 (12,5) 74,2 0,87 (0,66-1,15)

Não 244 (87,4) 50,8 1

Queimação no estômago p=0,060

Sim 64 (22,9) 64,0 0,92 (0,73-1,15)

Não 215 (77,1) 50,7 1

Falta de apetite p=0,007

Sim 37 (13,3) 67,5 0,90 (0,68-1,17)

Não 242 (86,7) 51,6 1 * Valor de p do teste qui-quadrado. #*Teste exato de Fisher.

57

Discussão

A análise da qualidade do sono das professoras do ensino fundamental I,

avaliada por meio do questionário PSQI, indicou que 53,8% das mulheres apresentaram

má qualidade do sono, associada significativamente com os fatores obesidade, possuir

cônjuge, sentir sono no trabalho, e com sintomas como cansaço nas mãos/braços e per-

nas/pés, diminuição da resistência física, irritabilidade, coração acelerado, angústia e

tristeza.

Quanto à associação entre má qualidade do sono e obesidade, resultado se-

melhante foi encontrado em diversos estudos epidemiológicos33-38

. Alguns trabalhos

apontam que a redução da qualidade do sono eleva a razão grelina/leptina, causando

aumento do apetite e da fome. Além disso, pode ser compreendida tanto como causa,

quanto como consequência do excesso de peso39,40

.

Já a má qualidade do sono em mulheres que possuem parceiro ou cônjuge

pode decorrer de idiossincrasias da jornada de trabalho feminina na cultura brasileira. É

comum que as mulheres, ainda hoje, assumam a maior parte das tarefas domésticas,

como cuidados da casa, dos filhos, com a alimentação, de maneira desproporcional em

relação aos parceiros. Dessa forma, é possível considerar que longas jornadas tragam

consequências de diversas ordens, sobre a saúde física e emocional, inclusive sobre a

qualidade do sono. Esses aspectos contribuem para um cenário de alta exigência, com

baixa remuneração e pouco ou nenhum reconhecimento41

.

Entre os sintomas pesquisados, pontuações superiores a seis no PSQI tam-

bém se associaram com sonolência dentro e fora do trabalho e diminuição da resistência

física. Nesse sentido, Roth et al.42

encontraram relatos de prejuízos à saúde de maneira

geral, baixo nível de energia e funcionamento cognitivo deficiente entre sujeitos com

distúrbios do sono, quando comparados a indivíduos com sono normal.

Além disso, sintomas como braços e mãos cansados, pernas e pés cansados

também se apresentaram mais prevalentes no grupo das mulheres que dormiam pior.

Essa associação pode ser elucidada pela relação entre sono, modulação neuroendócrina

e controle da dor. A qualidade do sono é apontada como um dos aspectos que mais in-

terferem em sintomas como dor e cansaço43

, pois o processo de reparação de micro-

traumas musculares depende da secreção do hormônio do crescimento durante a fase

NREM do sono, e também da serotonina44,45

.

58

Em relação a sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos e irritabi-

lidade, o sono reduzido e não reparador pode implicar alterações no sistema nervoso

autônomo. Dessa forma, pode haver queda da temperatura corporal, variações da pres-

são arterial e frequência cardíaca, irritabilidade, fadiga extrema e déficit de concentra-

ção e memória46

.

A associação entre má qualidade do sono e angústia e tristeza pode ser es-

clarecida pela presença de quadros de depressão e ansiedade, considerados por diversos

autores como fatores predisponentes para o aparecimento de pesadelos e insônia47-50

.

Um estudo com indivíduos saudáveis verificou que 15% relataram sintomas de ansieda-

de frequente, e aqueles com níveis mais altos de ansiedade referem dor e distúrbios do

sono51

.

Ao estudar o sono na população feminina, é importante considerar aspectos

específicos que interferem em sua qualidade. Distúrbios do sono são comuns em deter-

minados períodos da vida, principalmente ao longo da menopausa, pois a flutuação nos

níveis de estrógenos e de progesterona, e sintomas como calores noturnos, dores nas

articulações e nas costas podem interferir negativamente nas horas de descanso47,48

.

Em suma, segundo estudo de revisão de Costa et al.52

, os principais desen-

cadeadores de alterações do sono em mulheres são oscilações hormonais, que abrangem

diversos momentos da vida (período pré-menstrual, gravidez ou fase menopausal); en-

velhecimento; obesidade; doenças crônicas; ansiedade e depressão; estilo de vida (taba-

gismo, consumo de álcool, atividade física); sobrecarga de atividades; processo de hos-

pitalização e alguns tipos de tratamento de patologias47-52

. De acordo com diversos auto-

res27-29,33,37,50,52

, vários aspectos interferem na qualidade do sono e são afetados por ela.

Dentre esses fatores, figura a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), que com-

parece na literatura como um importante fator de risco de distúrbios metabólicos, psi-

quiátricos e do sono33,53

.

Nesse sentido, diversos autores destacam o impacto negativo dos distúrbios

do sono sobre a qualidade de vida: maior incidência de depressão, irritabilidade, instabi-

lidade emocional, desatenção, problemas de conduta, uso de álcool e de outras drogas,

ideação ou tentativa de suicídio, fadiga, falta de energia, dores de cabeça e de estômago

e pior condição de saúde45,54-57

. De maneira geral, os estudos têm encontrado associa-

ção dos distúrbios do sono com problemas de saúde e baixa qualidade de vida, gerando

implicações para o bem-estar do indivíduo.

59

Para além dos aspectos biológicos, há uma dimensão psicológica essencial

para a homeostase psíquica do ser humano. O equilíbrio entre vigília sono e sonho tem

influência fundamental e determinante sobre os processos da saúde, tanto quanto sobre a

doença58

. Na cultura contemporânea o espaço para o dormir e, portanto, para o sonhar

foi reduzido. Concomitante às alterações metabólicas que essa restrição acarreta, esta-

dos de compulsão, adicção e outros destinos da vida emocional são observados como

consequência. Para Freud59

, o sono e o sonho constituem a via regia de acesso ao in-

consciente. Mais amplamente, acesso aos aspectos mais profundos e pessoais que habi-

tam os seres humanos. Com isso, salienta-se a amplitude dos efeitos nocivos da priva-

ção do sono sobre o peso corporal, mas também sobre o equilíbrio básico do psique-

soma, tema que requer aprofundamento e maiores investigações.

Conclusão

A presente pesquisa observou 53,8% de prevalência de má qualidade do

sono entre as professoras do ensino fundamental I. Aspecto que se associou significa-

tivamente com os fatores obesidade, possuir cônjuge e sentir sono no trabalho, e com

sintomas como cansaço nas mãos/braços e pernas/pés, diminuição da resistência físi-

ca, irritabilidade, coração acelerado, angústia e tristeza. Salienta-se a necessidade de

aprofundamento de estudos psicossociais e da qualidade de vida que investiguem es-

sas relações.

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p. 713.

66

5. Discussão Geral

A revisão da literatura mostra alta prevalência de má qualidade do sono nas

populações estudadas. Além disso, as pesquisas procuraram estabelecer relação entre

qualidade do sono e excesso de peso e obesidade. Embora a explicação dessa associação

não esteja totalmente clara, a hipótese apresentada nos estudos é de que a má qualidade

do sono influencia os hormônios reguladores do apetite, provocando aumento da inges-

tão de calorias diárias e consequente aumento de peso44,81

.

Os principais aspectos que podem influenciar essa relação são fatores psi-

cossociais, grau de escolaridade, renda familiar, tabagismo, idade, nível de atividade

física, apneia obstrutiva do sono, hormônios sexuais, melatonina e cortisol32,41-42

. Nesse

sentido, alterações do sono são frequentes entre as mulheres, principalmente no período

da menopausa82

.

Em relação às professoras, os resultados obtidos foram de 53,8% de preva-

lência de má qualidade de sono. Esse dado apresentou correlação estatisticamente signi-

ficativa com os fatores possuir cônjuge, obesidade e dormir menos de sete horas por

noite, e com sintomas referidos, como sentir sono dentro e fora do trabalho, braços e

mãos cansados, pernas e pés cansados, irritabilidade, diminuição da resistência física,

angústia, tristeza e coração acelerado.

Nesse sentido, é possível afirmar que a saúde do professor é impactada e in-

fluenciada pelos mesmos aspectos dos outros indivíduos de maneira geral. Para propor-

cionar mudanças, é fundamental promover intervenções sustentadas com profissionais

capacitados, a fim de compreender a percepção das docentes sobre seus cuidados pesso-

ais e sua saúde.

Sabe-se que as estratégias de prevenção e promoção de saúde, em sua maio-

ria, são dirigidas apenas aos alunos. O papel do professor nessas atividades costuma

restringir-se à mediação entre os conteúdos e os escolares84

. A proposta de cuidado as-

simétrica, que não inclui os professores, parece contraproducente. Já que o docente tem

o papel fundamental de ensinar hábitos saudáveis, o aumento do grau de conhecimento

e a promoção de condições favoráveis a sua saúde podem favorecer mudanças no âmbi-

to pessoal e coletivo, beneficiando os escolares e toda a comunidade85,86.

67

6. Conclusão Geral

Os resultados obtidos com o presente trabalho permitem concluir que:

1. A revisão da literatura mostra alta prevalência de má qualidade do

sono nas populações estudadas e correlação dessa variável com ex-

cesso de peso e obesidade.

2. Em relação às professoras do ensino fundamental I, observou-se

53,8% de prevalência de má qualidade de sono. Esse dado apresen-

tou correlação estatisticamente significativa com os fatores possuir

cônjuge, obesidade, dormir menos de sete horas por noite, e com sin-

tomas referidos, como sentir sono dentro e fora do trabalho, braços e

mãos cansados, pernas e pés cansados, irritabilidade, diminuição da

resistência física, angústia, tristeza e coração acelerado.

68

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78

– Anexo 01 –

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

79

80

– Anexo 02 –

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: ESTILO DE VIDA, CONDIÇÕES DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE PROFESSORAS DO

ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE SOROCABA

EU, ________________________________________________________________,

(NOME)

________________, ___________________________, ( ) __________________,

IDADE RG TELEFONE

ACEITO PARTICIPAR DESTE ESTUDO QUE TEM POR OBJETIVO caracterizar o estado nutricional, os

hábitos de vida, as condições de saúde e a qualidade de vida das professoras do ENSINO FUNDAMENTAL

DE ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE SOROCABA/SP E AVALIAR SUAS ASSOCIAÇÕES. Autorizo a realização

de entrevista, do uso dos dados por mim informados no questionário autoaplicável e das minhas medidas

de peso e estatura, cujos resultados serão utilizados no desenvolvimento deste projeto. TENHO CIÊNCIA DE

QUE POSSO SER PROCURADA NOS PRÓXIMOS ANOS PARA NOVAS PERGUNTAS E AVALIAÇÕES, E PARA ESTE FIM

SEREI CONSULTADA PARA PERMISSÃO DE NOVAS PESQUISAS. Tenho ciência de que não há riscos previsíveis

neste estudo e de que posso em qualquer momento solicitar mais informações sobre a pesquisa. TENHO

CIÊNCIA DE QUE POSSO RECUSAR MINHA PARTICIPAÇÃO OU DESISTIR EM QUALQUER MOMENTO DA PESQUISA SEM

CONSEQUÊNCIAS OU PREJUÍZOS PARA MIM. CONSIDERO-ME SUFICIENTEMENTE INFORMADA DE QUE SE TRATA DE

INFORMAÇÕES OBTIDAS POR APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS E AVALIAÇÕES FÍSICAS. TENHO CONHECIMENTO DE

QUE MEUS DADOS SERÃO CONFIDENCIAIS E PODERÃO SER DIVULGADOS EM EVENTOS E CONGRESSOS DE MANEIRA

COLETIVA, SEM MENÇÃO AO MEU NOME OU OUTRA FORMA DE IDENTIFICAÇÃO. AS INFORMAÇÕES SERÃO ÚTEIS

PARA POSSIBILITAR MELHORIAS NA MINHA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.

_________/_________/_________

__________________________________

DATA ASSINATURA DO PARCTICIPANTE

__________________________________________ Declaramos cumprir as considerações acima explícitas

Helen Rose C Pereira e Dr. Antonio de A Barros Filho

Esta é uma pesquisa desenvolvida no âmbito da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sob responsabilidade do pesquisador Prof. Dr. Antonio de Azevedo Barros Filho, Professor Titular do Depto de Pediatria da FCM|UNICAMP e de seus orientandos: Helen Rose C. Pereira, Aline Carolina E. da S. Amaral, Ivy Cristine M Carnélos e Mariana de G. Silva. Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp: (19) 3521 8936. Contato com a pesquisadora Helen Rose Camargo Pereira: (15) 8106 1715

81

– Anexo 03 –

Questionário

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