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ÍNDICE:

Módulo 1 – Ar Livre...........................................................................................................................................03 1.1 Como coordenar Atividades........................................................................................................................03 1.2 Excursões e pernoites.................................................................................................................................06 1.3 Planejar cardápios ......................................................................................................................................12 1.4 Segurança ...................................................................................................................................................15 1.5 Material básico de campo ..........................................................................................................................17 1.6 Inspeção ......... ...........................................................................................................................................18 1.7 Material individual .......................... ..........................................................................................................21 1.8 Escotismo e ecologia ..................................................................................................................................25 Módulo 2 – Equipamentos ...............................................................................................................................27 2.1 Barracas ......................................................................................................................................................27 2.2 A Mochila ...................................................................................................................................................31 2.3 O Saco de dormir ........................................................................................................................................37 2.4 O Cantil .......................................................................................................................................................44 2.5 O Isolante térmico ......................................................................................................................................46 2.6 Lanternas ....................................................................................................................................................47 Módulo 3 – Técnicas de Campo .......................................................................................................................49 3.1 Pioneirias ....................................................................................................................................................51 3.2 Nós e amarras ............................................................................................................................................54 3.3 Ferramentas de corte .................................................................................................................................60 3.4 Fogos e Fogueiras ......................................................... ............................................................................74 3.5 Lampiões ....................................................................................................................................................81 3.6 Fossas e resíduos ........................................................................................................................................84 3.7 Kit de sobrevivência ...................................................................................................................................85

Linha Escotista

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MÓDULO 1

AR LIVRE

1.1 - COMO COORDENAR AS ATIVIDADES INTRODUÇÃO

O Programa de Jovens não retira do Escotismo suas cores, sabor e magia, que sempre foram atrativo para os jovens. Pelo contrário, enfatiza que técnicas mateiras, contato com a natureza, aventuras, deliciosas conversas em torno da fogueira, acampamentos debaixo de chuva e tantas coisas que nos são tão caras – continuam presentes na vida do escoteiro, pois a atividade ao ar livre é uma das ferramentas mais características de uma criação genial já centenária e cuja existência tem sido benéfica para vários milhões de jovens em todo o mundo.

TIPOS DE ATIVIDADES AO AR LIVRE As principais atividade ao Ar Livre praticadas no Escotismo são:

• Excursões (T) • Atividades de Mergulho (S/P)

• Pernoites (E/S/P) • Escalada (S/P)

• Acantonamentos (T) • Travessias (S/P)

• Acampamentos (E/S/P) • Etc.

• Grandes Jogos (T)

• Jornadas (E/S/P)

• Acampamentos volantes e bivaques (S/P)

Legenda: T = todos E = R. Escoteiro S = R. Sênior P = R. Pioneiro

O QUE É NECESSÁRIO PARA REALIZÁ-LAS

A criatividade ao planejarmos uma atividade de Ar Livre não tem limite. Porém, existem alguns preparativos e precauções importantes, que estão divididos em três etapas de execução:

I –ANTES II –DURANTE III -DEPOIS

A Chefia é responsável por cada uma destas etapas e, logicamente, por tudo o que acontecer (de certo ou errado) durante a atividade.

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I –ANTES

� Estabelecer os objetivos de desenvolvimento que se pretende alcançar. � Avaliar os recursos humanos. � Avaliar recursos materiais. � Planejamento. � Visita ao local . � Reconhecimento do terreno. � Realização de percursos . � Programação. � Autorizações.

a) Estabelecer os objetivos:

Uma atividade escoteira não é uma atividade meramente recreativa. Portanto, para selecionar uma atividade de ar livre, não se deve pensar em simplesmente “arrancar os jovens da sede e dar-lhes uma imersão na vida de campo”. Cada tipo de atividade enfatizará alguns atributos nas diversas áreas de desenvolvimento. A aplicação de determinados conhecimentos e técnicas, a exigências de certas capacidades físicas e destrezas e a construção e/ou consolidação de comportamentos e atitudes desejáveis têm uma grande oportunidade em um evento “fora de casa”, no qual cada um e a coletividade (Patrulha/Tropa) terão de valer-se de suas próprias capacidades para enfrentar variados desafios. b) Escolha e reconhecimento do local:

Seja qual for a atividade, devemos antecipadamente conhecer o local onde será desenvolvida a mesma. Todos os detalhes devem ser conhecidos pela chefia, para que não haja surpresas desagradáveis. Ao planejar a atividade e ao reconhecer o local, deve-se fazer o wargaming, ou seja, levantar as hipóteses de problemas para adotar ações preventivas e/ou preparar os meios para executar ações corretivas. “Devemos contar sempre com o imprevisto, portanto, devemos supor tudo o

que pode acontecer de errado, estando Sempre Alerta !” B.P. c) O que devemos observar durante o reconhecimento: Socorro médico: tenha à mão endereço e telefone de hospitais, médicos e farmácias próximos. Abrigos: (grutas, celeiros, estábulos, galpões etc.) Transportes: verifique quais os meios de transporte existentes, custos,horários e veículo para casos de emergência Percurso a ser seguido: anotar distâncias; tempo gasto; pontos de apoio,etc. Nível de dificuldade Água potável: verifique se há e qual a abundância Segurança: observe a vizinhança; procure saber se o local é freqüentado e por que tipo de pessoas, se já houve ocorrência de furtos ou atos violentos. Solo: verifique se o solo é permeável. Evite acampar sobre barro. Animais ferozes e peçonhentos. Comunicação: localize um telefone para contatos (público ou não); consiidere as possibilidades e limitações do telefone celular e/ou de equipamentos rádio.

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Abastecimento: verifique se perto do local da atividade existem mercados, mercearias etc. Isso pode simplificar a logística, no que concerne a peso, volume ou perecibilidade de gêneros alimentícios a transportar (eventualmente, nas costas dos participantes). Regulamentos do local, da Região etc. Atrativos (represas, rios, piscinas, praias, locais turísticos ou históricos, fábricas, plantações, etc.) d) Recursos materiais e humanos:

Os seguintes questionamentos devem ser feitos e respondidos, antes de realizarmos a nossa esperada atividade:

a) P - Temos adultos qualificados na chefia para executar tal atividade? R - Se não temos adultos qualificados, devemos buscar a colaboração de especialistas: guias, professores, mergulhadores profissionais, etc. b) P- Nossos jovens realmente estão preparados para participar? R - Se os jovens são inexperientes, devemos propiciar oportunidades ao longo das nossas reuniões: capacitação nas técnicas escoteiras, palestras, avaliações, treinamento etc. c) P - O nosso equipamento é apropriado e está em boas condições? R - Jamais podemos partir para uma atividade sem que todo o material geral e individual a ser usado seja checado. Os jovens devem estar bem equipados e preparados para o uso correto deste equipamento. d) P - Estamos cientes das reais condições físicas de cada um de nossos jovens? R - Jamais podemos levar um jovem para uma atividade, sem que saibamos as suas condições de saúde. Na ficha de autorização deve constar, descritas pelo responsável: as restrições físicas momentâneas, medicamentos que devem ser tomados, vacina anti-tetânica, se sabe nadar, telefones para contato, etc. II - DURANTE

• Mantenha os jovens ocupados com atividades atraentes, interessantes e equilibradas (o que não é sinônimo de cansá-los nem de assoberbá-los com atividades; um dos objetivos é a convivência; além disso, o cansaço pode impedir a consecução de objetivos importantes);

• Observe os horários de dormir (PROGRAMAÇÃO); • Mantenha os jovens bem alimentados; (NUTRIÇÃO);

• Zele pela higiene de todos, pela higiene dos locais da atividade, pela higiene na alimentação e trate de todos os ferimentos, por menores que sejam; (SAÚDE);

• Zele pela segurança de todos no uso de ferramentas e na aplicação das atividades; (SEGURANÇA).

PROGRAMA + NUTRIÇÃO + SAÚDE + SEGURANÇA = SUCESSO DA ATIVIDADE

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III – DEPOIS • Observe se o local está mais limpo e arrumado do que antes;

• Faça os agradecimentos aos colaboradores presentes;

• Exija limpeza e organização de todo o material usado;

• Preste contas ;

• Envie cartas de agradecimento (se for o caso);

• Avalie a atividade junto: aos jovens; à Corte de Honra e à Chefia;

1.2 - EXCURSÕES E PERNOITES

INTRODUÇÃO

Ao se planejar uma excursão ou pernoite as mesmas deverão atender a um

determinado objetivo da Seção e/ou estar de acordo com o planejamento da Seção desenvolvido na ocasião. EXCURSÃO

Toda caminhada onde há um estreito contato com a natureza. Não podemos considerar uma excursão escoteira apenas como uma caminhada, onde não há uma programação prévia ou sem o contato com a natureza, o que ocorre num passeio por exemplo. Passeio e/ou Visita

Toda atividade em que não há o contato direto com a natureza. Ex. ida a um museu, ida ao zoológico, visita a outro Grupo Escoteiro, etc. Podemos classificar a excursões como sendo de: a) Seção- realizadas periodicamente sob a direção da Chefia da Seção. Têm duração

de um dia. Ocorrem nos arredores da cidade em locais propícios a um contato com a natureza.

b) Patrulha - são sempre diurnas e realizadas sob a direção do Monitor, com autorização do Chefe da Tropa. Ocorrem em locais próximos de fácil acesso.

PERNOITE

Tem as mesmas características de uma excursão, sendo a sua principal diferença a dormida ao ar livre ou em abrigos naturais ou barraca e uma programação mais ampla. (somente para Escoteiros, Seniores e Pioneiros). Não podemos considerar um pernoite, a dormida numa casa de campo por exemplo (nesse caso, trata-se de um acantonamento).

a) Periodicidade

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As excursões/pernoites de Tropa devem ocorrer normalmente a cada 2 meses sem considerar as visitas, atividades de Área e regionais, etc.

A PROGRAMAÇÃO DE UMA EXCURSÃO Características

Normalmente se inicia de manhã e termina ao entardecer (EXCURSÃO) ou termina no outro dia (PERNOITE). O percurso a pé a ser desenvolvido deve ser de acordo com o nível de desenvolvimento dos jovens e o Ramo ao qual eles pertencem.

Deve ter um planejamento prévio pela Chefia, podendo ter a participação da Corte de Honra em determinadas ocasiões, dando sugestões de locais assim como podendo sugerir as atividades as desenvolvidas.

Como podemos observar, uma excursão ou pernoite deve ser programada de forma diferente de uma reunião rotineira de sede, numa sequência de jogos e atividades, sem que haja a rigidez dos horários pré-determinados.

Observações:

� O local deve ser explorado ao máximo. � A excursão é uma oportunidade de aplicação e aprendizagem de habilidades

que requeiram ar livre para serem desenvolvidas. PREPARAÇÃO

Os jovens deverão receber uma orientação prévia em relação a alimentação, calçado, vestuário e material individual adequados para a ocasião.

As patrulhas à medida que vão se amadurecendo, vão se tornando aptas a fazerem excursões de patrulhas, previamente planejadas e com aprovação da Corte de Honra e da Chefia .

EXCURSÃO PARA LOBINHOS INTRODUÇÃO

Ao se planejar uma Excursão de Lobinhos, deve-se levar em conta que esta de verá estar adequada ao planejamento da Alcatéia e dele constar expressamente, sendo um dos meios para se alcançar determinado objetivo na ocasião. EXCURSÃO DE LOBINHOS

Pode-se entender uma excursão de Lobinhos como sendo toda atividade externa em que não haja pernoite e na qual as atividades proporcionem um estreito contato com a natureza.

Convém lembrar que os Lobinhos não realizam bivaques, pernoites, jornada s etc., uma vez que estas são atividades específicas dos Ramos Escoteiro e Sênior.

Vale também destacar a diferença entre Excursão e Passeio.

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A excursão pressupõe um estreito contato com a natureza. No passeio, ao contrário, este contato não está presente, uma vez que o tipo de atividade desenvolvido é outro. Podemos citar como passeios as visitas a museus, Planetário, estádio de esportes, dentre outros. CARACTERÍSTICAS DE UMA EXCURSÃO DE LOBINHOS

Normalmente uma Excursão inicia-se pela manhã na Sede ou em outro lugar, terminando ao entardecer.

São realizadas de dois em dois meses, conforme o planejamento da Alcatéia, não sendo consideradas como tais, as atividades regionais e Distritais.

Deve contar com a participação de Escotistas na proporção de 1 para cada 6 crianças ou, na falta destes, de uma Equipe de Apoio. INGREDIENTES DE UMA EXCURSÃO DE LOBINHOS

Para realizarmos uma Excursão de Lobinhos, devemos dispor dos seguintes

ingredientes: a) Local O local deve ser:

» Amplo, arborizado e que permita um percurso a pé (realizado em uniforme

de campo),; » Seguro; » Com Recursos naturais (cavernas, rios, cachoeiras, etc.); » Condizente com a capacidade física dos Lobinhos; » Com água potável; » Com atrativos que despertem o interesse das crianças.

b) Programação

A excursão não é uma maxi-reunião de Alcatéia. Seu planejamento deve incluir as etapas que apresentem dificuldade de serem realizadas na Sede (Ex.: Acender fogueira, pista simples, etc.).

Devem ser desenvolvidas atividades das Áreas de Interesse, principalmente a de Meio Ambiente. É de suma importância que sejam planejadas atividades em que haja o contato com a Natureza.

Ao planejar a excursão, os atrativos do local devem ser explorados ao máximo , bem como o tempo de duração da atividade.

As excursões também são uma ótima oportunidade para a aplicação de jogos, grandes jogos, desenvolvimento de especialidades (ex.: Guia Mateiro, Explorador), Trabalhos Manuais com materiais naturais, etc. c) Material

Deve ser adequado e suficiente para as atividades e incluir a Caixa de Primeiros Socorros que é indispensável.

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d) Refeições Devem acontecer em horário fixo, podendo haver um lanche pela manhã e

outro à tarde (dependendo da programação), além do almoço. e) Equipe de Apoio

Dependendo do local onde a Excursão será realizada, é conveniente a utilização de uma Equipe de Apoio, com um veículo para o caso de emergências, transporte e guarda de material, além de auxílio nas atividades.

ACAMPAMENTOS

O ACAMPAMENTO

A programação para o Acampamento deverá ser bem variada e ivertida, de

modo que ao final de cada dia, todos estarão cansados o bastante para uma boa noite de sono. As atividades, deverão prever: tempos livres para banhos, atividades de Patrulha e ocasiões em que os jovens possam aproveitar os recursos de lazer oferecidos pelo local. Normalmente o dia de um acampamento é dividido em 3 períodos de atividades:

• MANHÃ • TARDE •NOITE

O dia num acampamento sempre começa e termina de uma maneira formal e

organizada (inspeção, Bandeira, oração, reflexão, Cadeia da Fraternidade etc.) e essa preservação dos marcos simbólicos é de grande importância para manter o clima Escoteiro da atividade.

A programação de um Acampamento não deverá ser como a de uma Reunião de Tropa. Existirão períodos de jogos e outros dos mais diversos tipos de atividades.

É muito importante que o jovem retorne do campo com algo mais na sua vida Escoteira, além do largo sorriso e as lembranças da atividade. Ele deverá ter aprendido coisas úteis e ter se beneficiado com as experiências vividas durante os dias que passou longe de casa, em contato com a natureza e convivendo com seus companheiros de Patrulha.

A programação deverá ser montada com bastante antecedência (mínimo 3 meses) de modo que todo material possa ser obtido. Deverá haver uma programação alternativa para dias de chuva, para ser utilizada caso seja necessário. Esta deverá ser bastante equilibrada visando principalmente o Espírito Escoteiro e de união uma vez que as condições climáticas adversas tendem a criar problemas de atrito entre os jovens. Muitas vezes é mais sensato levantar acampamento no caso de chuva constante do que permanecer nestas condições.

No Ramo Escoteiro, devido à idade dos jovens, à progressividade e ao importante papel que a alimentação desempenha, toda a alimentação deve ser preparada em fogareiros a gás. A utilização de fogão à lenha, bem como fogareiros de cartucho, será eventual e como uma atividade ou etapa a ser tirada. Não como rotina.

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No Ramo Sênior, a preparação da comida em fogão à lenha pode ser mais usual, o que dá um grau de dificuldade a mais, inerente ao Ramo.

Convém lembrar que o uso de lenha para cozinhar deve ser alvo de sérias ponderações, pois é proibido nos parques e áreas de preservação ambiental. Mesmo num acampamento em propriedade particular e com autorização do responsável, só deve ocorrer se contribuir para alcançar objetivos da atividade; deve-se avaliar se o tempo, trabalho e recursos empenhados atendem ao que se propôs.

OS INGREDIENTES

Para o sucesso de um acampamento, tudo depende da Programação da atividade. Antes de fazer o programa, todos os detalhes devem ser verificados para evitar que haja erros ou falhas que não poderão ser solucionados no seu desenrolar. O que deve constar de um programa de acampamento:

� O Adestramento Progressivo � Atividades físicas (jogos, competições de força, esportes etc.) � Inspiração (momentos de reflexão) � Observação da natureza � Treinos de observação � Habilidades manuais e mateiras � Tempos livres

JORNADAS E BIVAQUES

BIVAQUE

A jornada e o bivaque diferem do acampamento, para começar, pela sua forma. Trata-se de atividades que se caracterizam pela mobilidade (em contraposição às instalações fixas ou ponto central dos acampamentos e acantonamentos). Por isso, sua logística e seu planejamento são diferentes. Os jogos deverão ser aplicáveis ao deslocamento (por exemplo, de observação da natureza ou de sinais de pista) e sem que demandem um esforço adicional muito maior (afinal, caminhar carregando uma mochila já é suficientemente desgastante). Podem ser aplicados nos altos-horários ou no horário de arrumação para o pernoite; pode, ainda, ser usado o sistema de carta-prego, com os jovens executando atividades previamente estabelecidas durante o trajeto. Os jovens usarão suas barracas (opção no caso da jornada) ou construirão seus abrigos improvisados (bivaque – incluindo a possibilidade do uso de redes), praticando assim suas habilidades e, muito mais, exercitando a iniciativa, a rusticidade, a frugalidade e o espírito de equipe. Melhor ainda se for possível prover tempo e lugar para banho. Ao programar uma jornada ou bivaque, deve-se tomar em conta que:

• O começo e o término da atividade devem, tanto quanto possível, ser formalmente marcados, de ordem a reavivar os marcos simbólicos.

• As horas mais quentes do dia não são recomendáveis para deslocamento (insolação, desidratação).

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• A chegada ao local de pouso deve ser em condições tais que permitam aos jovens fazer uma avaliação do local e selecionar os pontos em que construirão seus abrigos.

• O uso de lenha para cozinhar só deve ocorrer se for autorizado pelos responsáveis pelo local. Pode ser usado o fogareiro de cartucho ou (já que o peso e volume do material são altamente relevantes) fogareiros do tipo espiriteira.

UMA ATIVIDADE MARCANTE

Uma jornada ou bivaque deve ser marcante, e não apenas um cansativo percurso a pé. Podemos usá-la para o cumprimento de etapas pelos jovens, levá-los a um lugar memorável pela sua beleza, história ou outra peculiaridade, ou colocá-los em uma atividade totalmente diferente do que lhes é usual (uma visita a um parque marinho, por exemplo).

ACANTONAMENTOS

POR QUE ACANTONAR?

Ao se planejar um Acantonamento, deve-se levar em conta que este é considerado a atividade clímax da Alcatéia.

Através do Acantonamento o contato com a natureza pode ser praticado mais intensamente, e o conhecimento do jovem torna-se muito mais fácil. Nos 3 ou 4 dias que ele estará com a Alcatéia, sua verdadeira personalidade, com qualidades e defeitos virá a tona, fazendo com que se apresente como realmente é.

Os acantonamentos são realizados normalmente em sítios, fazendas, casas de campo, pousadas, casas de praia, etc. Possuem duração de 2 à 4 dias e as atividades voltam-se para o contato com a natureza visando despertar o interesse e a imaginação das crianças. Sua periodicidade é semestral, obedecendo o planejamento anual da Alcatéia.

O acantonamento pode ser feito nos Ramos maiores, tendo como condicionantes o local e os objetivos da atividade. Se vai ser desenvolvida, por exemplo, uma atividade de levantamento de dados , na qual o tempo de montagem de campo prejudicaria aquele da atividade-fim, é melhor acantonar. Ou, por outra abordagem, se o pouso ao ar livre (acampado ou bivacado) é vulnerável a visitas indesejadas, é melhor acantonar.

O QUE DEVEMOS LEVAR EM CONTA ANTES DE ACANTONAR ? Como já visto em Sessão anterior, as atividades seguem o trinômio ANTES-DURANTE-DEPOIS.

O Acantonamento pertencendo a categoria das atividades ao ar livre, não poderia ser diferente. Para que o Acantonamento seja uma atividade de sucesso,

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devemos levar em conta dois fatores primordiais que são: a programação e a alimentação.

De nada adiantará uma excelente programação aliada a uma alimentação pobre, assim como, uma alimentação rica e variada, de nada valerá se estiver atrelada a uma programação repetitiva e sem atrativos.

É preciso que os Escotistas tenham em mente que o Acantonamento destina-se ao alcance de um objetivo, estipulado previamente no planejamento anual. Ele não é uma simples atividade de recreação, onde os Lobinhos irão brincar e se divertir. Ele possui características que o tornam uma atividade escoteira, e como tal deve ser entendido. Também é bom lembrar, que nos Acantonamentos não existem torneios de eficiência, arejamento, sendo, contudo, possível a utilização de matilhas de serviço.

1.3 - PLANEJAR CARDÁPIOS

UMA BOA ALIMENTAÇÃO É FUNDAMENTAL

“A Organização Mundial de Saúde considera como NUTRIÇÃO o conjunto de

processos por meio dos quais o organismo vivo recolhe e transforma as substâncias sólidas e líquidas exteriores de que precisa para a sua manutenção, desenvolvimento orgânico normal e produção de energia.”

Um dos aspectos vitais para o sucesso de qualquer atividade é a boa alimentação, pois o espírito e o humor de qualquer atividade são reflexos, além do programa desenvolvido, da alimentação.

De nada adiantará desenvolvermos um programa rico e variado, se a alimentação for fraca, de mau gosto e inadequada.

Devemos ter em mente que as refeições necessitam ser balanceadas, acompanhando o ritmo da atividade e adequadas ao clima.

Cabe ao responsável pelo cardápio elaborar uma dieta que promova a boa nutrição do jovem em atividade, fazendo com que ele sinta prazer em preparar os alimentos e se alimentar.

Dependendo dos objetivos e das características da atividade, há várias opções a considerar:

� Cozinha central, cozinha por Patrulha ou ração individual. � Cardápio único ou individualizado (por Patrulha ou por pessoa).

No caso de descentralização do cardápio, as Patrulhas devem submetê-lo à apreciação da Chefia.

CARDÁPIOS Considerações na elaboração de um cardápio:

• Balanceamento dos grupos de nutrientes

• Adequação das refeições ao horário correspondente (por exemplo, barrinha de cereais no almoço e feijoada no jantar não são boas escolhas)

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• Mantimentos perecíveis

• Variedade

• Condições locais e características da atividade

• Qualidade

• Tempo e complexidade de preparo

• Quantidade

• Adestramento dos executantes

• Simplicidade Importante: As Patrulhas devem ir para um acampamento sabendo o que vai ser preparado e como preparar! ALIMENTAÇÃO INDICADA PARA UMA EXCURSÃO / PERNOITE

Devido ao grande esforço físico exercido numa Excursão ou Pernoite, alimentação deve ser leve e energética, atendendo às necessidades de cada jovem.

Sugestões:

» Sanduíches (presunto c/ queijo, requeijão, geléia etc); » Chocolates ou rapadura (esta mais aconselhável, por ser menos sujeita ao

derretimento); » Achocolatados; » Biscoitos; » Frutas; » Sementes (amendoim, castanhas etc.)

No caso da Pernoite, podemos acrescentar pratos quentes, tais como Sopas e

macarrões semi-prontos. Porções individuais dos diversos gêneros, por refeição, para cálculo

GÊNERO QUANTIDADE OBS

Abóbora 100 g

Achocolatado em pó 10 g

Açúcar 50 g

Alho-e-sal (tempero) 5 g

Arroz 100 g

Azeitona 10 g

Batata 100 g

Biscoito 75 g

Café 10 g

Carne 125 g

Cebola 50 g

Cenoura 75 g

Chá 10 g

Chocolate 50 g

Detergente 1 frasco Para 3 dias

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Doce 75 g

Esponja de aço 1 unidade Por dia

Farinha de trigo 80 g

Farinha de milho 40 g

Farinha de mandioca 50 g

Feijão 50 g

Fósforo 1 caixa Para 3 dias

Frango 150 g

Fubá 25 g

Laranja 2 unidades

Leite em pó 100 g

Limão 2 unidades

Lingüiça 80 g

Macarrão 100 g

Maçã 2 unidades

Mamão 200 g

Manteiga ou margarina 25 g

Óleo de cozinha 25 g

Ovos 2 unidades

Papel higiênico 1 rolo Por dia

Pimentão 25 g

Purê de tomate 50 g

Queijo ralado 25 g

Queijo 75 g

Refresco 50 g Para 1 litro de água

Repolho 75 g

Sabão em barra 1 unidade Para 3 dias

Sal 10 g

Salsicha 100 g

Tomate 75 g

Vinagre 5 g

Exemplo de uma tabela de itens para um cardápio

GÊNERO UNID PREÇO R$

LOCAL QUANT/PES VEZES QUANT $ TOTAL

Arroz Pct 1 kg 1,37 Sup Céu Azul 100 g 2 2 pct 2,74

Batata Kg 0,80 Sacolão Jajá 100 g 1 800 g 0,64

Beterraba kg 0,45 Hortileste 75 g 2 1,2 kg 0,54

Biscoito doce

Pct 500 g 2,15 Sustento 1 pct 2,15

Biscoito salgado

Pct 500 g 2,85 Sustento 1 pct 2,85

Cenoura Kg 0,65 Sacolão Jajá 75 g 2 1,2 kg 0,78

Carne Kg 7,60 Açougue Tilu 125 g 1 1 kg 7,60

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(lagarto)

Cebola Kg 0,49 Sacolão Jajá 50 g 1 400 g 0, 20

Chá mate Cx 15 sachês

1,85 Sup Grotas 1 sachê 1 1 cx 1,85

Doce de leite

Lata 800 g 7,53 Sup Céu Azul 50 g 2 1 lata 7,53

Espaguete Pct 500 g 2,70 Sustento 100 g 1 2 pct 5,40

Farinha de rosca

Pct 200 g 1,50 Sustento

Farinha mandioca

Pct 500 g 1,80 Sup Grotas

Feijão preto

kg 3,50 Sup Céu Azul 50 g 1 400 g 1,40

Filé de frango

kg 8,80 Sustento 150 g 1 1,2 kg 10,56

Goiabada Pct 500 g 3,40 Hortileste 75 g 1 1 pct 3,40

Leite Litro 1,55 Sustento 250 ml 1 2 l 3,10

Lingüiça kg 4,50 Açougue Tilu 80 g 1 640 g 2,88

Maçã Unid (120 g)

2,95/kg Hortileste 240 g 1 1,92 kg 5,67

Maionese Pote 250 g 2,35 Sustento 2 1 2,35

Molho de tomate

Lata 350 g 2,49 Sup Grotas 50 g 1 2 latas 4,98

Nescau Pote 250 g 2,15 Sup Grotas 1 1 pote 2,15

Ovos Dúzia 2,80 Hortileste 1 1 dz 2,80

Pão de forma

Pct 500 g 2,38 Sup Céu Azul 1 pct 2,38

Requeijão Pote 250 g 2,98 Sup Grotas 1 1 pote 2,98

Tempero Pote 200 g 2,18 Sacolão Jajá 5 g 3 15 g Já temos

Seleta de legumes

Lata 300 g 2,37 Sustento 2 2 latas 4,74

Refresco Pct 50 g (1 l)

0,67 Sup Céu Azul 3 6 pct 4,02

Tomate kg 2,48 Sacolão Jajá 75 g (1 unidade)

2 1,2 kg 2,98

TOTAL GERAL RATEIO (6 MEMBROS)

88,67

1.4 - SEGURANÇA

Em qualquer atividade na sede ou ao ar livre, todos os participantes estarão sujeitos aos riscos naturais decorrentes da exposição a uma situação habitualmente diversa daquela que caracteriza suas rotinas de vida: insetos, terreno irregular e

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pedras soltas, espinhos, muito sol ou chuva em excesso, manuseio de ferramentas, são apenas alguns exemplos dos riscos a que usualmente se expõem os participantes de uma atividade externa. Nada disso deve ser empecilho para a realização de uma atividade escoteira! A exposição a tais riscos faz parte do tempero que atrai os jovens às atividades escoteiras. Como disse B-P, o jovem não é feito de louça, e a rusticidade e resiliência construídas nas atividades de campo ajudam a torná-lo mais apto para encarar diversos tipos de desafio de seu cotidiano. Isto não significa, entretanto, que podemos ser descuidados: todo cuidado é pouco! Expor os jovens aos riscos, sem que tenhamos nos cercado dos mínimos cuidados (caracterizando imprudência ou negligência), é um perigo desnecessário. Cabe ao Escotista, portanto, tomar todas as medidas preventivas para minimizar as probabilidades de acidentes

“Na mochila da chefia não há espaço para a imprevidência!”

ATOS INSEGUROS E CONDIÇÕES INSEGURAS

Na maioria das vezes, os acidentes não ocorrem por acaso; apesar de poderem

ser provocados por condições adversas inesperadas, não poucas vezes resultam de falta de previsão e planejamento pelos Escotistas. Atos Inseguros e/ou Condições Inseguras a) Atos inseguros É toda ação que tem como resultado um acidente. Suas causas podem ser:

» Falta de capacitação técnica dos jovens ou dos Escotistas » Falta de habilidade manual » Distração » Cansaço » Outros

b) Condições inseguras Consideramos como condições inseguras, situações onde encontramos:

» Equipamentos defeituosos ou inadequados » Locais inseguros » Falta de equipamento de 1º Socorros » Alimentação inadequada » Improvisação de equipamento ou procedimentos » Falta de correta avaliação de risco pelos Escotistas

ATOS INSEGUROS + CONDIÇÕES INSEGURAS = ACIDENTE

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1.5 - MATERIAL BÁSICO DE CAMPO

O QUE LEVAR PARA O CAMPO

a) O tipo de material que levamos para o campo vai depender do tipo de atividade a ser desenvolvida. O acampamento, sem dúvida nenhuma, é a atividade que necessita de uma maior quantidade de material. Porém não há necessidade de levarmos coisas que não sabemos se vão ter utilidade ou não.

No caso do Ramo Escoteiro, devemos ter um cuidado maior pois, normalmente, os jovens acabam indo para o acampamento sem ter total conhecimento e domínio do seu material. Portanto é importantíssimo que haja um bom treinamento antes do acampamento, para que não ocorram surpresas desagradáveis no que diz respeito a segurança dos jovens.

b) Alguns cuidados que devemos ter ao prepararmos o material: Os monitores deverão ter uma lista de todo o material necessário para o seu controle ou do almoxarife da patrulha

» Tudo que será usado deverá ser revisado e testado antes da atividade; » As patrulhas e a chefia deverão ter o seu material separado e identificado. » O saco do tipo marinheiro com alças é o mais indicado para transportar o

material; » Ferramentas deverão estar protegidas com bainhas; » Todo cuidado com vidros de lampião é pouco » O barato sai caro!

c) Observações: � No Ramo Escoteiro, os jovens não devem carregar nas costas o seu material de

campo por longas distânciass; a Chefia deve providenciar transporte até o ponto mais próximo possível do local da atividade. » No Ramo Sênior também não é aconselhável, caso não haja outra

alternativa todo o material deve ser bem distribuído por todos os elementos. No caso de acampamentos volantes e travessias, o material deverá ser leve e de pequeno volume.

» Após à atividade todo material deve ser limpo e no caso das barracas e lonas em geral, jamais podem ser guardadas molhadas ou rapidamente estarão estragadas e impróprias para uso.

MATERIAL DE CAMPO ( MATERIAL DE PATRULHA ) COZINHA: 1 Galão de 10 litros 1 Toldo 5m X 3m 1 Conjunto de panelas do tipo pioneiro grande 1 Escorredor de arroz

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Colher de pau Colher de arroz Abridor de latas e garrafas 1 Fogareiro de duas bocas com bujão 2 kg cheio Pano de prato Toalha de mesa Tábua de carne plástica Faca de serra e comum CAMPO: 1 Toldo 2m x2m Lata pequena de graxa 2 Barracas de 4 pessoas Pedra de amolar 1 Lampião com botijão 2 kg cheio Lona plástica para forrar o chão 1 Machadinha com bainha Bate espeque (marreta pequena) 2 Facões médios 2 Sacos de marinheiro 1 Pá 1 Rolo de sisal simples (1kg) 1 Serrote tipo poda Fita métrica ou metro Para o Ramo Sênior podemos acrescentar ou substituir por: Bacia 2 barracas de 3 pessoas* Grelha 2 fogareiros cartucho de uma boca Balde com bica 1 lampião de cartucho* Tina

• ESTOJO DE 1º SOCORROS BÁSICO.

1.6 -INSPEÇÃO

QUAIS OS OBJETIVOS DA INSPEÇÃO?

As inspeções que realizamos na Tropa, tanto nas reuniões semanais quanto nas excursões e acampamentos, têm por objetivo estimular o garbo e a boa ordem, os sentidos de organização, capricho e eficiência. Resumindo, têm o objetivo de estimular a disciplina consciente.

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OS TORNEIOS DE EFICIÊNCIA A forma mais atraente de se efetuar a INSPEÇÃO, é através do Torneio de

Eficiência entre as patrulhas, onde a valorização da boa participação das patrulhas ( feita por meio da conquista de bandeirolas de eficiência, padrões, elogios, distintivos, troféus etc.) são grande estímulo para o aumento da disciplina consciente da Tropa. Os Torneios de Eficiência podem ser:

- em sede - anual; mensal e semanal - no campo - diário, com um resultado ao final do acampamento

As regras destes torneios, devem ser muito bem debatidas em Corte de Honra. e

jamais deverão ser impostas pela Chefia. Tanto no campo como na sede, o Torneio deve ser estruturado de forma que cada

patrulha tenham a oportunidade de atingir a porcentagem ou padrão (estipulados pela CH), em cada divulgação de resultados. A progressividade no nível de exigências é fundamental!

Não permita que o Torneio de Eficiência se torne uma competição acirrada entre as patrulhas. Este deve ser entendido como um aperfeiçoamento da equipe e demonstra que a patrulha é EFICIENTE e não melhor que as outras. ITENS COBRADOS NA INSPEÇÃO DIÁRIA NO ACAMPAMENTO

APRESENTAÇÃO PESSOAL traje completo e limpo; higiene; postura

COZINHA limpeza de todos os utensílios; toldo seguro e firme; fogão e mesa bem montados; organização e conservação dos alimentos; fossas

BARRACAS limpas, bem montadas e arejadas

PIONEIRIAS firmeza; amarras corretas e seguras; utilidade de acordo com as prioridades para o conforto da patrulha; criatividade

FERRAMENTAS conservação; limpeza; local apropriado e forma adequada de sua guarda

AREJAMENTO OU BAZAR organização (separação das roupas secas das molhadas bem como das roupas limpas das sujas, de acordo com os Padrões de Acampamentos

CRIATIVIDADE a Patrulha deve apresentar algo que seja criativo, como forma de dar as boas vindas à Chefia e um bom dia.

CAMPO limpeza; estética (disposição das barracas e pioneirias)

» A cobrança destes itens deve ser feita de forma progressiva, estimulando

as patrulhas a aperfeiçoarem os itens que foram falhos, no decorrer do acampamento.

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» Além destes itens, outros podem ser incluídos à eficiência de campo, de acordo com sugestões feitas, principalmente, pela Corte de Honra.

QUAIS SÃO OS PADRÕES ESPERADOS PELA CHEFIA? • Depende da idade e da experiência dos jovens e dos seus padrões atuais. Encorajar

o progresso lento, começando pelas áreas mais importantes. Se a Chefia criticar tudo na primeira vez, a patrulha, a patrulha provavelmente desistirá.

• Os escoteiros mais novos precisam de maior atenção, mais dicas e demonstrações.

• Os escoteiros mais velhos devem ser encorajados a ultrapassar os padrões que atingiram.

Observações gerais • A idade e a experiência dos jovens vão determinar com qual regularidade as

inspeções deverão ocorrer.

• Os escoteiros mais jovens, na maioria das vezes, apreciam a rotina e gostam mais do aspecto competitivo.

• Os escoteiros mais velhos, na maioria das vezes, precisam mais de dicas do que críticas.

• As inspeções não devem ser somente um ritual feito por adultos. Os tópicos devem ser regularmente discutidos com a Corte de Honra.

• Inspeções regulares nas manhãs do acampamento auxiliam a estabelecer uma rotina de limpeza e arrumação nos campos de patrulha.

• Inspeções informais feitas pela Chefia e pelos Monitores devem ser estimuladas.

EFICIÊNCIA DE CAMPO - EXEMPLO DE UMA PLANILHA DE INSPEÇÃO

DIA

PATRULHA

APRESENTAÇÃO/CRIATIVIDADE

UNIFORME

AREJAMENTO

BARRACAS

TOLDO

PIONEIRIAS

PANELAS

FERRAMENTAS/CANTO DO LENHADOR

FOSSAS

CAMPO

TOTAL

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1.7 - MATERIAL INDIVIDUAL

EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL Material Individual para um pernoite Uniforme completo Capa de chuva Casaco 1 conjunto moleton 1 camisa (escoteiras) 1 bermuda Boné/gorro 1 toalha de rosto Saco de dormir Isolante Térmico Plástico para forrar chão ( 1mx2m ) caneca inquebrável Cantil Sacos de entulho para ensacar o material Lanterna pequena e pilhas (fora da lanterna) OBSERVAÇÕES:

» TODO MATERIAL DEVE ESTAR ENSACADO » NÃO ESQUECER O LANCHE FRIO PARA O CAFÉ DA MANHÃ » USAR UMA SÓ MOCHILA PARA LEVAR O MATERIAL

EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM ACAMPAMENTO DE

5 DIAS ACAMPAMENTO DE TROPA Material Individual Uniforme completo Capa de chuva Casaco e camisa de manga comprida 1 conjunto moleton 1 calça jeans (velha) 5 camisas (de preferência escoteiras) 1 bermuda 4 chortes Sunga 6 cuecas 4 shorts

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Sunga de banho ou maiô 6 cuecas/calcinhas Chinelo de borracha 5 pares de meia Boné 1 par extra de tênis (velho) 1 toalha de banho Saco de dormir ISOLANTE TÉRMICO Plástico para forrar chão ( 1mx2m ) Sabonete, escova e pasta-de-dente, pente, etc. Prato e caneca inquebráveis Talheres Cantil Sacos de entulho para ensacar o material Lanterna pequena e pilhas (fora da lanterna) Jornal OBSERVAÇÕES:

» TODO MATERIAL DEVE ESTAR ENSACADO » NÃO ESQUECER O LANCHE FRIO PARA O 1º

DIA » USAR UMA SÓ MOCHILA PARA LEVAR O

MATERIAL

EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM ACANTONAMENTO DE 3 DIAS

LISTA DE MATERIAL Uniforme completo Roupa de dormir Calção de banho/maiô 01 par de tênis sobressalente Sabonete, pasta de dentes, escova de dentes, pente ou escova Lanterna com pilhas 03 camisetas 01 calça comprida 03 cuecas/calcinhas 03 shorts Saco de dormir 01 par de chinelos Talher, prato e caneca inquebráveis Isolante térmico Capa de chuva 01 boné extra

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Agasalho Pano de prato OBSERVAÇÕES:

» Marcar todo o material com o nome do Lobinho(a); » Condicionar todo o material em apenas uma mochila, com exceção do saco

de dormir; » Separar todo o material em sacos plásticos; » Não enviar material que não esteja mencionado na lista ou que não tenha

sido solicitado pela Chefia

EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM ACAMPAMENTO VOLANTE EM LOCAL FRIO

Uniforme com calça comprida Mochila Saco de dormir Isolante térmico Lanterna com pilhas de reserva Cantil Canivete Relógio Xerox dos documentos Bloco de anotações Máquina fotográfica Plástico 2mx2m Jornal Prato, talheres, caneca Sacos de entulho Material de higiene pessoal Toalha Papel higiênico Gorro/boné Luvas Cachecol Calça de Moletom 2 bermudas ou shorts Roupas íntimas 3 pares de meia 3 camisas manga curta 1 camisa de manga comprida de algodão leve (*) 1 casaco de moletom (*) 2 casacos de lã (*) Calça extra Anorak Roupa de banho

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Chinelo de borracha (*) podem ser substituídos por um único casaco forte, que aguente temperaturas baixas SUGESTÕES:

» Espalhe no chão todo o material a ser transportado; » Leve sacos extras, para roupas sujas ou molhadas; » As roupas e agasalhos podem ir juntos às costas, prevenindo qualquer

desconforto de objetos rígidos ou pontiagudos que possam incomodar; » Observe que o centro de gravidade de uma mochila deve ser alto, portanto

guarde sempre os equipamentos mais pesados juntos às costas, e a na parte alta da mochila;

» Confira a lista de checagem e separe o material em grupos, embalando-os em sacos plásticos de entulho (grupos grandes), ou tipo ZIPPY (grupos pequenos), assim como:

1- Alimentos para as refeições

2- Alimentos para comer durante a caminhada

3- Roupas de dormir

4- Agasalho leve para caminhada

5- Abrigo de chuva ou anorak

6- Agasalhos pesados

7- Bermudas e camisetas (quando for o caso)

8- A parte da barraca que lhe cabe, lembre-se que não há a necessidade de transportá-lo da forma como ela se apresenta acondicionada. Os pólos podem ir na lateral, ao longo do corpo, e o sobreteto e o corpo podem ir dobrados da melhor forma, junto com jornal e plástico

9- Fogareiro, talheres e panelas

10- Cantil e lanterna

11- Máquina fotográfica (bem protegida), e estojo de primeiros socorros

12- Saco de dormir

Algumas mochilas possuem diversos compartimentos, que podem e devem ser utilizados para acondicionar os grupos.

Lembre-se: todo o material deve ser acondicionado dentro da mochila, deixando as mãos livres de pacotes. CHEGANDO DA ATIVIDADE Por mais cansado que estiver, não deixe de organizar seu equipamento:

» Esvazie a mochila

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» Ponha para lavar as roupas usadas e os calçados para secar » Jogue fora o lixo » Guarde seu saco de dormir frouxo, sem enrolá-lo » A barraca e toldo devem ser estendidos para secar completamente antes de

serem guardados » Os cabos deverão ser postos a secar à sombra

Procure guardar seu equipamento em um só lugar; tanto melhor se dispuser de um espaço livre dentro de um armário. Se possível, instale um dispositivo anti-mofo.

1.8 - ESCOTISMO E ECOLOGIA

O ESCOTEIRO É BOM PARA OS ANIMAIS E AS PLANTAS? ATÉ QUE PONTO?

Para o Movimento Escoteiro, é motivo de orgulho que tenhamos sido uma das primeiras organizações mundiais a valorizar o meio ambiente, proporcionando aos jovens, nos diversos níveis, o contato com a natureza.

No entanto, o que observamos hoje é uma certa displicência com relação aos cuidados que devemos tomar em nossas atividades externas.

Para nossa reflexão: entidades ecológicas muitas vezes consideram o Escoteiro

um inimigo da natureza, quase tão prejudicial como um turista não consciente. Por quê? Vale a pena analisar.

BOAS INTENÇÕES NEM SEMPRE SIGNIFICAM AÇÕES CORRETAS. Acampamentos

Nossa postura nos acampamentos, nem sempre tem sido coerente com nossos Fundamentos, que estabelecem que o Escotismo valoriza o equilíbrio com a Natureza. Construímos muitas vezes valetas para barracas que não as necessitam, fossas desnecessárias e não adotamos atitude correta de recolhimento dos resíduos de acampamentos. Pioneirias

O nosso programa há muito tempo, não mais exige a derrubada de árvores para demonstrar o bom uso do machado. Mas continuamos solicitando a construção de pioneirias que por muitas vezes são desnecessárias, que absorvem muito tempo de preparo para um só ou poucos dias, com a intensa utilização de madeira cada vez mais escassa. Geralmente essa madeira não é reaproveitada. O mesmo ocorre com bambus que muitas vezes ficam amontoados num local do campo, como duradoura lembrança de que “os Escoteiros passaram por aqui”.

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Fogueiras Apesar do uso mais intenso de fogareiros, continuamos em nossos, Fogos de

Conselho, usando mais madeira do que seria necessário e não aproveitamos as sobras. Nos Parques e Reservas por muitas vezes desobedecemos a primeira regra que

nos é imposta: proibido acender fogueiras! Essa aplicação indica a distância entre nossa teoria e nossa prática. Temos que

nos conscientizar que o uso abusivo de lenha, assim como do papel, representa dificuldades crescentes para as próximas gerações. A questão não é dispor de lenha, mas o custo ecológico da madeira devastada de nossas escassas florestas, estimulando interesses econômicos.

PROPOSTAS Em nossas atividades ao ar livre devemos:

» Promover atividades que despertam a consciência ecológica - ensinar aos jovens a identificar as árvores nativas, suas formas e a melhor maneira de multiplicar os espécimes vegetais é um bom exemplo;

» Retirar qualquer vestígio de jogos, sinais de pista etc. » Em caminhadas não usar atalhos; » Transformar o acampamento num laboratório ecológico onde a busca do

conforto tem como prioridade maior o respeito a natureza; » Promover e aplicar a coleta seletiva do lixo; » Buscar inovações para substituir parte das pioneirias - construções pré-

montadas, tais como pólos e armações antigas de barracas, tubos de PVC, bastões de pinus, caixotes multi utilidades etc.;

» Bom Senso! Não há necessidade de construções faraônicas » Participar e promover atividades ecológicas; » Adaptar as etapas de pioneirias em tarefas de carpintaria e/ou trabalhos

manuais que auxiliem a encontrar soluções para conveniência ecológica e confortável nas florestas.

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MóDULO 2

EQUIPAMENTOS

EQUIPAMENTOS BÁSICOS

Equipamento é o material que nós levamos nos bolsos, na mochila. A lista abaixo foi elaborada considerando as classes da utilidade dos elementos Equipamento de Sobrevivência: reservatório de água, canivete, faca, apito, tabletes energéticos (rapadura, goiabada, chocolate e similares fazem as vezes), isqueiro/fósforos, lupa, linhada e anzóis, lanterna, pastilhas de purificação de água, sacão grosso de plástico. Equipamento de Orientação: bússola, mapa, escalímetro, GPS. Suprimentos: água, sal, açúcar, alimentos, condimentos e pilhas. Material de Primeiros Socorros. Mat. Transporte: mochila+capa, dependendo da atividade, dentro da mochila cargueira pode-se levar uma menor, de ataque, para breves incursões fora do campo principal (por exemplo, ao escalar o Pico da Bandeira, costuma-se deixar o grosso do material no campo-base e terminar a subida com uma mochilinha levando só o mínimo: agasalho, água, comida e lanterna), e/ou uma pochete para material do tipo máquina fotográfica, lanterna e/ou canivete . Material de Cozinha: fogareiro+combustível, panela(s), talher, filtro de água. Equipamento de Segurança: Corda, Mosquetões, (se for escalar) Cabo Solteiro. Material de Higiene: pasta e escova de dentes, desodorante, sabonete, toalha, papel higiênico. Vestuário: chapéu, anorak, camiseta, calça, traje de banho, meias, botas, sandálias, , roupa íntima.

2.1 - BARRACAS

Só quem já acampou sabe o que é dormir em uma habitação de tecido, que pode ser transportada às costas (como uma tartaruga ou caramujo) e facilmente montada onde achar mais propício, nela abrigando-se da chuva e do vento. As barracas vêm-se modernizando, com materiais leves, duráveis e de pequeno volume, e com modelos variados para diversos tipos de atividade: daquelas com grande espaço interno, que permitem ficar em pé dentro delas, até pequenas barracas de montanha nas quais cabem apenas o habitante e sua mochila.

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Algumas dicas importantes:

• Ao escolher uma barraca, você deve pensar no uso que dará a ela. Se for usada em jornadas a pé, peso e volume são fatores de importante consideração. O tamanho tem a ver com o peso, espaço interno e área para instalação. Barracas para três pessoas pesam mais do que barracas para duas, mas a carga pode ser distribuída – ou, no caso de não ser plenamente ocupada, há maior espaço interno. Claro, não há como dividir o peso se a barraca for usada por apenas uma pessoa.

• Quando se fala em barraca de três ou quatro estações, esta é uma convenção que define se a barraca é para verão, primavera e outono – três estações – ou para inverno também – quatro estações, considerando o inverno como rigoroso, de temperaturas abaixo de zero, ventos fortes e chuva/neve. Meio exagerado para condições climáticas brasileiras.

• A ventilação é um item digo de atenção. Nosso corpo transpira o tempo inteiro e um local com boa ventilação permite adequada troca de calor com o ambiente. Durante a noite, principalmente se a barraca estiver com a lotação máxima, a transpiração e a respiração dos usuários fará com que o vapor dentro da barraca condense; é isto que faz a parte interna do sobreteto amanhecer molhada.

• Outro item fundamental a se checar são as costuras seladas, tanto no sobreteto quanto no chão da barraca, protegendo-o de chuvas e umidade em geral. É por demais incômodo passar uma noite dentro de uma barraca que vaza, sob um toró. As costuras são o ponto fraco das barracas e costumam ser seladas pelos fabricantes, de modo a proteger justamente a parte mais frágil do equipamento: os furos produzidos pela máquina de costura durante a confecção do material são "fechados" com uma camada de selador à prova d'água. É de se esperar que você só precise impermeabilizá-la após algum tempo de uso, ou seja, quando ela começar a apresentar sinais de desgaste.

• É muito conveniente que você já tenha treinado a montagem da barraca bem antes de sair com ela para uma atividade, pois você poderá ter de fazer isso à noite, talvez com chuva, frio e vento – momento que não é dos melhores para consultar o manual de instruções. Em geral, barracas leves e compactas costumam ser de fácil montagem, mas certifique-se que você aprendeu para que serve cada peça antes de sair de casa.

• O sobreteto cria uma camada de ar importante para o isolamento, além de proteger da chuva. Assim, uma barraca bem montada não poderá ter o sobreteto encostando no teto. Os estabilizadores laterais deverão estar bem esticados,sempre. Há algumas barracas que não têm o sobreteto, mas apenas um “telhadinho” quadrado que fica acima do respiradouro do teto. Atendem, desde que você só faça suas saídas com bom tempo. Sob chuvas fortes, haverá apenas uma linha de resistência, que é a própria barraca.

• Para conservar sua “casa de campo", guarde-a sempre seca e limpa, pois a sujeira pode danificar a qualidade do tecido e das costuras, e a umidade cria ambiente propício para cultura de mofo, que apodrecerá o tecido.

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• .Ao lavar, deve-se usar água abundante e uma escovinha. Se não for suficiente, um detergente ou sabão neutro, que deve ser cuidadosamente removido no enxágue. A secagem deve ser, de preferência, à sombra.

• A barraca, conquanto feita para ser seu abrigo ao ar livre, não é de alvenaria, portanto, não a deixe montada ao ar livre por longos períodos.

• Quando a barraca começar a apresentar desgaste, principalmente nas costuras ou na impermeabilização, leve-a para costura em lugar especializado; na impermeabilização, aplique produtos adequados sobre o tecido e selante nas costuras; dessa forma, você prolongará a vida do seu equipamento.

• Algumas barracas têm um avanço lateral ou frontal, no qual se opde deixar o material durante a noite, liberando espaço interno para os humanos. De todo modo, se for usar esse espaço, lembre-se de forrar a parte de baixo para não ter surpresas desagradáveis com umidade, chuva e bichos.

• Jamais acenda um fogareiro, vela ou lampião dentro da barraca. O náilon é inflamável, e pode tornar seu alojamento numa armadilha. Além disso, o consumo do oxigênio pelo fogareiro pode eventualmente levar os que estão no recinto à asfixia.

• Para um reparo de emergência no tecido ou nas varetas, fita adesiva resistente é um bom quebra-galho. E quando voltar à “civilização”, mande a barraca para reparo no fabricante ou autorizado. Se ela for mantida em boas condições, você evitará muitas dores de cabeça nas próximas viagens.

MANUTENÇÃO DA SUA BARRACA

Muitas pessoas dão a seus equipamentos apenas o trajeto armário-atividade-armário, não se importando com o seu estado ao retornar do campo. Esse é um caminho certo para abreviar a vida útil do equipamento e deixar você na mão quando precisar dele. Esse desleixo é passível de acontecer com qualquer material. Seguem-se algumas dicas para proteger seu material, de modo a permitir que ele continue a proteger você. NO CAMPO

• Cuidado com o sol – apesar de as barracas serem feitas para uso ao ar livre, os raios ultravioleta são prejudiciais ao náilon. Procure, sempre que possível, montá-la em lugares com sombras e, não a deixe montada indefinidamente no jardim...

• Forre o chão – plástico grosso do tamanho da barraca, estendido entre o seu fundo e o solo ajuda a protegê-la de furos e diminuirá a sujeira.

• Comida – procure não guardar comida dentro da barraca, pois alguns animais podem ser atraídos pelo cheiro e danificá-la para conseguir acessar sua comida.

• Não toque no tecido – pode parecer um pouco exagerado, mas a gordura de sua pele é corrosiva e pode afetar a impermeabilização de sua barraca... Portanto, procure não tocar na parte interna, sempre que isso for possível.

• Fixe-a bem – nunca deixe de prendê-la no chão – nas barracas autoportantes (cuja estrutura as mantêm em pé), podemos sentir-nos tentados a não

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espequeá-las, mas isso permite que o vento carregue as barracas ou o sobreteto. E, fixando-as, procure manter os estais sempre com o mesmo tamanho. Isso irá protegê-la de estresse em determinadas partes, mais do que outras.

• Procure não usar sapatos dentro dela – e conserve-a limpa por mais tempo.

• Um pouco de ventilação – cada pessoa perde cerca de um copo d'água por noite, entre respiração e transpiração. Para que você não acorde encharcado pela condensação de sua própria umidade no tecido da barraca, procure ventilá-la o máximo que puder. Se não estiver chovendo, esta tarefa se torna ainda mais fácil e você poderá deixar toda ou boa parte da porta aberta, apenas com o mosquiteiro fechado.

EM CASA/NA SEDE

• Guarde-a em lugar seco e ventilado – se possível, fora do saco, mas sempre mantendo o conjunto unido. Eem hipótese alguma, guarde sua barraca úmida ou suja. Caso você precise desmontá-la ainda suja ou úmida, limpe-a e seque-a assim que possível – poucos dias são suficientes para ela começar a mofar e estragar.

• Aprendendo a montá-la – nunca saia para atividade sem ter antes montado sua barraca e conferir se o conteúdo está completo. Montá-la erradamente pode danificá-la seriamente já no primeiro dia de uso, sem contar com a desagradável descoberta de que o conjunto de espeques é insuficiente para fixá-la.

• Limpando-a – Não a lave em máquina de lavar nem a seco. Para limpá-la, use apenas uma esponja e água morna. Se você for limpá-la inteira, lave-a em uma banheira ou um tanque grande cheio de água fria. Nunca use água quente, amaciantes, detergentes, sabão em pó ou qualquer tipo de removedor. Se você quiser ou precisar usar um sabão, use sempre um biodegradável, que não seja detergente. Seque-a apenas na sombra – pode ser montando-a em uma sombra (e verifique se, durante o dia, a sombra permanece em cima da barraca) ou pendurando-a no varal. Nunca use máquina de secar! Depois de uma lavagem ou limpeza, poderá ser preciso reimpermeabilizá-la. Não deixe para descobrir isso quando for usá-la de novo.

• Mantenha os zíperes funcionando – os zíperes devem ser mantidos limpos e longe de partículas que possam emperrá-los. Água limpa e uma escovinha são suficientes. Sérgio Beck (1996) recomenda, se eles emperram com facilidade ou não correm como deveriam, amaciá-los com silicone em pasta ou líquido ou mesmo com parafina. Mas, ATENÇÃO: não compre aqueles produtos com silicone vendidos para lustrar painéis de carros, pois os solventes, corantes e perfumes adicionados podem piorar as coisas.

• Cuidado com as varetas – procure limpá-las e secá-las sempre depois do uso. E, caso elas não tenham vindo em saco próprio, faça um para que elas sejam sempre guardadas nele; isso reduzirá o risco de rasgos ou furos no náilon da barraca, quando você colocar tanto as varetas quanto os espeques dentro do saco da barraca. Lubrifique as luvas de encaixe das varetas para que não se oxidem e, principalmente, trate-as com delicadeza, evitando flexioná-las

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demais na montagem. Lembre que as varetas são unidas por um cordão elástico, e zele para que o conjunto fique sempre unido; não o puxe com força na desmontagem, pois pode romper esta ligação.

• Mofo – além do cheiro ruim (e das crises de espirros se você for alérgico), se a sua barraca mofar, isto irá destruí-la. O mofo usa a sujeira como nutriente. Para agravar, ele cresce entranhado no tecido da barraca, o que também prejudica a impermeabilização. Se você descobrir mofo na barraca, lave-a imediatamente com água limpa e fria. Depois, passe uma solução de 1 copo de suco de limão e 1 copo de sal para três litros de água quente. Use uma esponja para espalhá-lo principalmente nas áreas afetadas e deixe secar naturalmente, sem enxaguar, nunca usando a luz do sol diretamente. Verifique se há necessidade de reimpermeabilizar.

• Rasgos e outros problemas similares – se você descobriu o dano em casa (o que mostra a utilidade de revisar periodicamente sua barraca), procure consertá-lo o quanto antes. Se o vir durante o uso em campo, tenha certeza de ter alguns metros de fita adesiva com você, para fazer um reparo de emergência até poder consertá-la de forma mais definitiva. Depois do conserto, reimpermeabilize a área.

• Verificação final – antes de colocar a barraca na mochila, tenha certeza de ter feito uma montagem de verificação e conferido se todas as partes dela estão ali, inteiras, limpas e em ordem.

2.2 – A MOCHILA

Como arrumar e regular sua mochila

Saber arrumar bem uma mochila é uma arte. Mais do que isso, saber regular e tê-la perfeitamente ajustada ao corpo é fundamental. Afinal, se a barraca é sua casa, a mochila é o seu armário: ela faz parte de você e nela você levará tudo o que for necessário para garantir conforto e segurança em uma caminhada ou acampamento, principalmente quando a atividade leva vários dias.

A escolha da mochila, seu tamanho, a arrumação e a regulagem são vitais para o seu conforto e devem ser tratados com atenção. Não basta encher a mochila e jogá-la nas costas. Equipamentos mal colocados, espetando as costas, ou sacolejando e batendo, em pouco tempo tornam-se uma tortura; o mau ajuste, além do desconforto, pode trazer risco ao provocar um eventual desequilíbrio durante uma atividade. Um ajuste mal feito colocará todo o peso nos ombros, ao invés dos quadris, causando sobrecarga em sua coluna. Seguem-se algumas dicas referentes ao bom uso de sua mochila. Uma boa arrumação 1. Enrole suas roupas – Além de dobrá-las direitinho, enrole-as depois, uma a uma, para facilitar na hora de acondicioná-las dentro da mochila. Desta forma, elas amassam menos também!

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2. Guarde tudo dentro de saco plástico – Esta dica funciona bem no Brasil e em lugares úmidos, pois roupa molhada no final do dia é uma situação assaz desagradável. Pior ainda se isto acontecer com a roupa limpa que deveria estar seca e quentinha. Não se esqueça de verificar se os sacos não possuem furos, pois um temporal não perdoa nem mesmo os menorezinhos. E procure separar em embalagens menores ao invés de usar um grande saco para tudo. Obviamente, procure retirar o máximo que puder do ar de dentro dos sacos, do contrário você terá o volume de vários pequenos balões a encher sua mochila. 3. Preencha os cantos – A mochila ideal será montada não apenas por dentro mas, também, por fora. Ou seja, é fundamental que você, ao preenchê-la, cheque pelo lado de fora se alguma parte do tecido está frouxa, sinal de lugar vazio e, portanto, mau uso da mesma. O ideal é que ela fique totalmente esticada, com roupas, equipamentos, fogareiro e comidas preenchendo-a inteiramente. 4. Conforme o tipo de caminhada, a distribuição do peso e do centro de gravidade pode variar.

a. Para caminhadas leves, em terrenos suaves e descampados, coloque o material pesado o mais alto possível e perto das costas, de forma a manter o centro de gravidade da carga na altura dos ombros.

b. Nas caminhadas médias (terrenos acidentados e trilhas em mata) e escaladas, situações que exigem passos altos, pulos, agachamentos e balanços laterais, o centro de gravidade deve ser baixado para a altura do meio das costas e próximo às mesmas. Uma mochila grande, com centro de gravidade alto, pode derrubar seu dono durante um agachamento. Além disso, a colocação do material mais pesado no lugar certo também facilita a operação de colocar e tirar a mochila sem ajuda.

c. Em caminhadas difíceis (terreno muito acidentado e mata fechada) e com grandes cargas (expedições de vários dias ou aproximações de grandes montanhas), pode-se colocar o equipamento pesado no fundo da mochila, o que permite maior liberdade de movimentos e, conseqüentemente, menor desgaste físico durante a jornada. O peso maior repousará sobre os quadris, que o suportam melhor. O saco de dormir e as roupas, por exemplo, podem ficar no fundo da mochila ou naquele compartimento separado do resto. Evite colocar nessa parte, materiais que possam quebrar. E não se esqueça de preencher cada cantinho do fundo da mochila, pois qualquer espaço pode ser precioso. Do meio para o final, comece a colocar os materiais de cozinha e/ou de escalada. Materiais pesados devem ficar encostados às costas, permitindo que a mochila fique com o centro de gravidade relativamente junto ao corpo, ideal para carregá-la. 5. Barraca – Se tiver barraca e precisar colocar dentro da mochila, divida-a em duas e coloque cada parte de um lado da mochila. Ninguém o proibirá de colocar sua barraca e/ou seu isolante térmico presos horizontalmente à mochila, mas é bom lembrar que isso só não lhe trará problemas se você trafegar em terreno aberto. Procure fazer que a largura de sua mochila seja menor ou igual à dos seus ombros e você correrá menos riscos de emaranhamentos ou entaladelas.

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6. Coisas que devem estar à mão – Termine a arrumação de sua mochila com as comidas que, além de pesadas deverão ser usadas logo no primeiro dia. Deixe o lanche do dia, anorak e a água à mão, além de outras coisas que se usam com muita frequência e em momentos nos quais, geralmente, não temos muito tempo a perder. Como regular a mochila em seu corpo

Para regular a mochila muitos fatores são considerados. Elas foram desenhadas e fabricadas sempre levando em conta a resistência dos materiais em sintonia com o movimento do corpo. Todas aquelas fitinhas da sua mochila têm uma razão para existir: foram feitas para proporcionar um ajuste perfeito ao seu corpo. Os materiais empregados e os sistemas de ajuste devem se adequar à estrutura física de cada pessoa. O mais importante é o peso estar sempre apoiando no sentido “para frente” e não inclinado para trás.

As mochilas maiores, chamadas de cargueiras, possuem uma barrigueira acolchoada, que proporciona um conforto maior e conseguem transferir para os quadris entre 80% e 90% do peso total. As mochilas menores, chamadas de ataque, possuem apenas uma fita como barrigueira e sua função é meramente dar estabilidade. A carga, neste caso, fica mesmo nos ombros.

Ajuste a cargueira quando já estiver cheia e arrumada. Coloque-a nas costas com as fitas frouxas, ajuste a distância entre o ombro e a barrigueira (muitas mochilas permitem este ajuste, certifique-se disso na hora da compra) e, então, coloque a barrigueira e ajuste-a. A mochila cargueira ideal deve ter o comprimento do seu tronco, do pescoço até o quadril. O meio da barrigueira deve estar sobre os ossos da bacia e não acima (o que poderia acabar fazendo a constrição do estômago). É fundamental que o peso fique na barrigueira e não nos ombros.

Caso a mochila tenha tiras estabilizadoras na barrigueira aperte-as, fazendo com que a parte inferior da mochila fique o mais próximo possível do corpo.

As tiras de estabilização, que ficam em cima, próximo ao ombro, servem para trazer o peso da mochila e seu centro de gravidade para o mais próximo possível do corpo. Ajuste-as para otimizar o posicionamento das alças. Para terrenos muito acidentados, é sugerido usá-las mais justa. Para terrenos mais fáceis, pode-se deixá-las um pouco mais solta. Durante a caminhada, verifique de tempos em tempos os ajustes, pois é comum a mochila ir se “assentando” conforme o movimento.

A importância de se fazer da mochila uma continuação do seu corpo está em colocar o centro de gravidade numa situação tal que seja controlável junto com o corpo. Se houver uma massa ligada a nós, mas afastada, a inércia de qualquer movimento que ela fizer (por exemplo, um balanço ou pêndulo) será multiplicada por um efeito de alavanca da própria ligação ao nosso corpo, podendo desequilibrar-nos em um momento crítico.

Sobre o peso, o ideal é que ele não ultrapasse a 1/3 do seu próprio peso, especialmente quando a caminhada for por terrenos acidentados. Para quem é iniciante, ou está fora de forma, é recomendado começar levando apenas 1/5 do peso em caminhadas mais longas. Ou seja, tenha bom senso e seja realista com o peso que consegue carregar.

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Como escolher uma mochila? As mochilas evoluíram tanto nos últimos anos e existem tantos modelos à

nossa disposição, que compilamos estas Dicas de Uso para facilitar o seu trabalho, na hora de escolher a que melhor lhe servirá. Mochilas de Uso Diário • Procure por mochilas que vão de 10, 15 a 35, 40 litros. • Procure uma com vários bolsos. É uma forma de guardar óculos escuros, câmeras e mapas longe da comida e da água. • As melhores mochilas são aquelas que possuem um painel nas costas, para proteger suas costas e deixar algum espaço livre para a ventilação. • Mochilas de hidratação são uma alternativa cada vez mais popular para um dia de caminhada ou pedalada. • Alças acolchoadas não são muito comuns mas bastante úteis se a mochila estiver com o peso um pouco acima do indicado. •Capa de chuva embutida ajuda, mas não impedirá de molhar suas costas. •É claro que há a opção de cor, formato etc. Sérgio Beck (1996, p.111) recomenda que tenha cores discretas, para ser menos destoante do ambiente (pois, além de incomodar visualmente, afugenta os animais se você porventura pretende observá-los), mas sem o exagero de usar padrões camuflados (para os militares e caçadores, o objetivo é não ser visto; não é o seu caso). Mas isso é com você... Mochilas de Uso Misto • Procure por mochilas entre 40 e 60 litros. • Se você for fazer caminhadas mais longas, procure as maiores. Para caminhadas curtas, as menores já servirão. Mas lembre-se que, se ela estiver pesada demais, sua capacidade de distribuição do peso deve ser compatível, ou seja, não adianta querer colocar uma mochila sem barrigueira cheia de todo o material de camping necessário para uma noite ao ar livre. Quem vai sofrer é você! • Procure mochilas que se ajustem ao seu corpo. Isto quer dizer barrigueiras que fechem na sua cintura e tenham fita suficiente para apertar ainda mais (não pode ficar larga! Afinal, é aí que você carregará boa parte do peso; se a barrigueira estiver frouxa, o peso não irá para os quadris, permanecerá nos ombros, forçando-os e à sua coluna vertebral). E alças que sejam ajustáveis ou, então, acompanhem a sua distância entre o ombro e o meio dos quadris, onde deverá estar sua barrigueira. • Mochilas com armações internas são mais confortáveis do que as suas irmãs com armações externas. • Alças e barrigueira acolchoadas já são importantes. • Bolsinhos, capa de chuva embutida e fitas para você comprimir e guardar material são sempre úteis. • Muitas oferecem saída para mangueira de hidratação e local especial para o cantil flexível. São cada vez mais usados e sempre muito eficientes, já que você não precisa parar e desequipar-se para se hidratar.

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Mochilas Cargueiras

• Algo entre 60 e 90 litros é o que você encontrará com este nome. • Mais do que a quantidade de equipamento que você pretende carregar, você precisa saber o que agüenta carregar! Lembre-se de que uma pessoa acostumada a trilhas e que esteja bem preparada fisicamente deverá carregar, no máximo, 1/3 de seu peso. Pouco preparo? Diminua para ¼. Sem preparo ou nenhuma experiência? 1/5 e não se fala mais nisso! • Mesmo assim, algumas coisas precisam entrar na mochila, se você

pretende passar uma noite ao ar livre, ou várias. Barraca, saco de dormir, roupas, comida, fogareiro, panelas etc. • Procure mochilas que sejam do seu tamanho ou que tenham regulagens nas costas, para adequar a distância entre os ombros e os quadris. • Alças, barrigueira e costas acolchoadas são fundamentais. Você carregará muito peso por longas horas e precisa usar algo confortável. • Bolsinhos, capa de chuva embutida e fitas para você comprimir e guardar material do lado de fora são muito importantes. • Aqui também muitas oferecem saída para mangueira de hidratação e local especial para o cantil flexível. São cada vez mais usados e sempre muito eficientes, já que você não precisa parar e desequipar-se para se hidratar. Entretanto, se forem difíceis de se separar do conjunto principal, isso pode ser uma desvantagem. Mais dicas: • Normalmente, o tecido usado para fazer as mochilas é náilon ou lona de náilon. Costumam ser tratados para repelir a água, mas não são impermeabilizados. Cuide-se durante chuvas, pois elas podem encharcar o seu equipamento. • Procure SEMPRE uma mochila do seu tamanho, que sirva para você ou que tenha ajustes para fazê-la servir. • Preste atenção nas fitas situadas na parte de cima das alças. Estas fitas são feitas para aproximar a parte superior da mochila ao seu corpo, para melhorar o equilíbrio. Estas fitas e a barrigueira são fundamentais para o seu conforto. • Enchimento das alças, costas e barrigueira feitos com espumas firmes, densas, apoiam melhor. Espumas de densidades mais suaves acabam sendo mais macias mas, também, podem ser menos confortáveis depois de longas horas, além de cederem com o uso, tornando-se nulas. • A maioria das mochilas cargueiras possui abertura por cima e pela frente, na parte de baixo, facilitando o acesso aos equipamentos situados no fundo da mochila. Compartimentos que separam o fundo do resto podem até ser funcionais, mas não são fundamentais – dependendo da sua forma de usar uma cargueira, também podem complicar bastante a sua vida, na hora de montá-la, por criarem dois compartimentos separados, ambos de pequena capacidade. • Quando for guardar alguma coisa nas laterais das mochilas ou mesmo na parte da frente, como bastões de caminhada, as varetas da barraca, o isolante térmico ou mesmo o sobreteto da barraca, tenha certeza de que a fita está bem firme e que você não corre o risco de perder o equipamento, preso a algum galho de árvore ou

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simplesmente cair pelo caminho. Uma sugestão é fazer uma capa com alças que lhe permitam prender esse material às alças externas da mochila (desde que não fique balançando e o transforme numa árvore de Natal). • Armações internas são feitas para transferir o peso da carga. Normalmente, elas são compostas de duas varetas de alumínio e uma placa semirrígida de plástico.

MANUTENÇÃO DA MOCHILA

Apesar de serem feitas para agüentar cargas pesadas e trabalho duro, de vez em quando elas também se sujam e precisam de um cuidado especial.

Pensando nisso, decidimos disponibilizar um Dicas de Uso sobre a manutenção e o armazenamento de mochilas, para que elas durem muito mais, sem perder a eficiência.

Antes de falar sobre manutenção, vale uma dica sobre como fazê-la se adaptar ao seu corpo. É bastante comum vermos caminhantes com mochilas desengonçadas jogadas sobre o corpo, como se esse fosse o melhor jeito de vesti-las. Sim! Se veste uma mochila, como vestimos roupas e, quanto mais ela se adequar ao nosso corpo, melhor será para transportá-la.

Por isso, quando for colocar a barrigueira, ela deverá estar exatamente no meio dos seus quadris. Não é na cintura nem onde termina a sua calça – na verdade, é alguns centímetros para baixo, no meio mesmo do quadril. E as alças da mochila devem acompanhar esta distância – regule-a para que ela permita que a barrigueira fique na posição correta.

Mochila regulada? Hora de cuidá-la... Cuidados de Manutenção:

− Cada vez que usá-la, limpe-a com uma escovinha seca. Não esqueça que tirou areia, pó, restos de comida etc.

− Se precisar, limpe por dentro com uma esponja úmida e um sabão neutro. Deixe secá-la totalmente antes de guardar.

− Se a sujeira não for muito pesada, apenas enxagüe-a, com água fria e uma esponja, dentro de um tanque mas sem sabão. Certifique-se que a espuma usada nas alças, barrigueira e nas costas são de células fechadas. Do contrário, encharcá-las poderá fazer com que sequem fora do formato.

− Nunca coloque sua mochila em máquina de lavar.

− Não lave a seco! A química usada poderá danificar sua mochila...Os tecidos das mochilas costumam ser cobertos por uma resina que pode sair. Não a deixe de molho em água com sabão.

− Enxagüe sempre e bastante, para não deixar resíduo de sabão.

− Deixe secar sempre à sombra, pendurada. Nunca use secadoras.

− Sempre guarde-a em locais secos e arejados. E, de preferência, longe da luz do sol.

− Não esqueça que tanto o mofo quanto o sol são grandes inimigos do tecido e poderão danificá-la em pouco tempo.

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− Ao levantar uma mochila pesada, pegue-a pelo menos por dois pontos, para não forçar demais um só.

− Procure não apertar demais as fitas de compressão, para não causar estresse desnecessário nas costuras.

− "Queimaduras" de sol são prejudiciais também aos tecidos de suas mochilas. Os raios ultravioletas desbotam e tornam o náilon mais fraco.

− Procure sempre usar uma capa de mochila, mesmo que não esteja chovendo. Ela previne de pequenos rasgos feitos pela vegetação, da sujeira e até mesmo da chuva! Lembre-se que nenhuma mochila é impermeável – elas são à prova d’água, no máximo – ou seja, resistem, dentro de certos limites, a chuvas leves, à neblina e ao orvalho.

− Procure deixar as fivelas fechadas quando não a estiver usando, para não pisar nelas e, desta forma, quebrá-las.

− Sempre inspecione os pontos de estresse: barrigueira, estabilizadores e alças. Se isto não estiver funcionando muito bem ou quebrar no meio do caminho, você não - conseguirá carregar sua mochila!

− Se precisar reparar alguma costura, use linhas extra resistentes e agulhas grossas. Depois, passe algumas camadas de selante de costuras Isto irá impermeabilizar e deixará toda a costura mais resistente. Se as pontas das fitas de náilon estiverem desfiadas, conserte-as esquentando com um isqueiro ou fósforo.

− Faça uma mochila perfeita: não deixe objetos pontudos nem cortantes, como fogareiros e speck da barraca, marcarem o tecido – nem danificarem o que estiver à sua volta!

− Procure não guardar comida. Dependendo de onde você irá acampar, pequenos roedores poderão fazer uma visita noturna, atraídos pelo cheiro que vem de dentro da mochila, e farão quase qualquer coisa para chegar até lá! Inclusive roer o tecido...

Cuidados com os zíperes:

− Mantenha-o sempre limpo e longe da sujeira.

− De vez em quando, passe silicone.

− Principalmente após usá-la perto do mar ou da maresia, tenha certeza de limpá-lo muito bem. A maresia e a água salgada corrói os cursores e destrói o zíper em pouco tempo.

− Mantenha a costura ‘aparada’, com os fios sempre rentes à peça, para não prender seu zíper...

− Troque-o ou conserte no menor sinal de fraqueza. Afinal, você não quer ver seus pertences serem espalhados por metros e metros de trilhas, não?

2.3 -O SACO DE DORMIR

Mais do que apenas uma cama, o saco de dormir irá protegê-lo durante uma

noite na natureza. Sentir frio no meio da noite ou mesmo morrer de calor a ponto de

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não o deixar dormir não significa que você não comprou um bom saco de dormir mas, sim, que você comprou o saco errado.

Por ser um item fundamental, o cuidado na escolha é imprescindível. E, para isso, você precisa levar em consideração uma série de detalhes e dicas, que listamos abaixo. Mas, antes disso, é importante que você considere como pretende usar seu equipamento, em que ocasião e situação etc. Vai acampar perto do carro? Irá usá-lo em acampamentos selvagens e, portanto, precisará carregá-lo dentro da mochila? Você só acampa em praias e em lugares quentes? Precisa de um equipamento ‘multi-funções’, que vire um edredon na casa de praia ou quer um saco de dormir que suporte temperaturas negativas?

Antes de comprar um saco de dormir, uma boa regra é pensar na noite mais fria que você deverá enfrentar e, então, desça uns 5 graus centígrados. Lembre-se que é mais difícil se manter aquecido em um saco de dormir fabricado para temperaturas mais quentes do que se refrescar em um saco de dormir para temperaturas mais frias – um zíper totalmente aberto costuma resolver este problema em questão de segundos.

Detalhes a serem considerados, antes de comprar um saco de dormir: 1 - Formato – existem dois formatos principais de sacos de dormir: a - Camping – são os retangulares. Costumam abrir inteiramente, se tornando um edredon. Alguns vêm com capuz, o que ajuda a proteger a cabeça quando está mais frio, mas, em geral, são sacos para lugares quentes, pois a abertura maior deixa escapar o calor com mais facilidade. Para quem é um pouco claustrofóbico ou se mexe muito durante a noite, estes modelos são os mais indicados. b - Múmia – acompanha o formato do corpo e aquece melhor, além de ser mais leve e compacto. Alguns vêm com fitas compressoras para diminuir o tamanho quando guardados. 2 - Temperatura – Além do nome, o que difere os modelos é a temperatura mínima na qual ele permite que você durma confortavelmente dentro dele – isto não é uma ciência exata e você só verá efetivamente a diferença entre sacos do mesmo fabricante. Aguns fatores devem ser levados em consideração, como o cansaço, a presença de vento, a fome, a umidade e fatores pessoais, já que existem pessoas calorentas e friorentas (em geral pessoas com menor pressão sanguínea e gordura corporal tendem a sentir mais frio). As temperaturas indicadas na embalagem do saco de dormir dão uma medida do conforto, mas é preciso sempre considerar alguma margem, podendo afirmar que nossas indicações servem para cerca de 80% das pessoas, sempre lembrando que o uso de um colchonete isolante em conjunto é indispensável, pois o peso do corpo reduz a eficiência isolante das fibras sobre as quais nos deitamos. Na embalagem a temperatura é definida como de conforto, tolerância e extrema. "Conforto" é a temperatura em que o usuário se sentirá bem no saco de dormir sem o uso de roupas muito pesadas. Tolerância" indica que seria necessário estar vestido com o mesmo tipo de agasalho que usaria ao ar livre, naquela temperatura (quando dormimos ou estamos inativos precisamos mais proteção ao

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frio). E "extremo" indica que é necessário o uso de agasalhos extras para se sentir ainda confortável na temperatura indicada dentro do saco de dormir.

Procure deitar alimentado por uma refeição quente e você terá uma noite melhor. E, o mais importante, procure ter um saco de dormir um pouco além do que a temperatura mínima que você pretende enfrentar. Se você usar o seu saco de dormir envolto por um cobertor ou um saco de alumínio de emergência, seu isolamento térmico melhora em até 5° C, protegendo-o também da umidade. Mais detalhes sobre o cobertor de emergência virão adiante.

3 - Colar térmico e capuz – nós perdemos pelo menos 25% do calor pela cabeça e, para mantê-lo aquecido, nossos sacos de dormir possuem capuzes que fecham o suficiente para permiti-lo respirar mas não deixam o calor gerado pelo seu corpo sair. O colar térmico impede que o calor do corpo saia pela abertura na área do pescoço, mantendo seu corpo aquecido. Vale lembrar aqui que todos os equipamentos para frio não "fabricam" calor, mas têm a função de não permitir que o calor produzido pelo próprio corpo se dissipe mantendo, assim, seu conforto térmico. Estes itens costumam não existir em sacos de dormir retangulares, mas são fundamentais em sacos que agüentam baixas temperaturas.De uma forma geral, não temos no Brasil condições climáticas que demandem esse tipo de acréscimos. 4 - Costuras quentes – costuras podem ser uma importante forma de se perder calor, pelos micro furos feitos pela agulha. Assim, os sacos de dormir para temperaturas mais frias possuem costuras "desencontradas" entre a camada interna e externa, não permitindo a fuga do ar quente. 5 - Zíper – os zíperes devem ser fáceis de manusear e abrir para os dois lados. Lembre-se que você poderá ter de manuseá-los com luvas, em noites mais frias. Os sacos de dormir desenhados para temperaturas mais baixas terão uma ‘aba’ cobrindo o zíper, para não permitir que seu calor saia por ali. 6 - Tecido externo e interno – normalmente, são feitos de náilon/poliéster (externo) e tactel ou microfibra (interno). O náilon exterior não é tratado com impermeabilizantes, pois seu corpo transpira muito durante a noite e este vapor precisa sair de alguma forma, para não condensar dentro do saco e acabar molhando-o. 7 - Enchimento – é aqui que está a diferença da maioria dos sacos de dormir. É aqui que se define o quanto um saco de dormir suporta de temperatura. O ar é o maior isolante que temos e a capacidade das fibras do enchimento armazenarem ar é o que vai torná-lo mais ou menos quente. As fibras podem ser naturais (pluma do papo de ganso – duvet ou down – e lã) ou sintéticas. As fibras sintéticas existem em várias formas e nomes, de acordo com seu fabricante, e procuram ‘imitar’ o isolamento e a capacidade de compressão que a pena de ganso oferece. No entanto, a pena de ganso não funciona quando molhada, demora para secar (e a secagem é a parte mais delicada do uso da pena de ganso) e a manutenção de um saco de dormir feito com este material é bastante delicada. Além disso, costuma ter uma vida útil menor que a fibra sintética. Esta, por sua vez, é mais pesada que a pena, mas continua mantendo o

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calor mesmo molhada, seca mais rápido e a manutenção é um pouco mais fácil, mas ainda assim exige alguns cuidados importantes A tecnologia que existe por trás das fibras sintéticas não pára de melhorar, tornando-as cada vez mais próximas da pena de ganso em peso, capacidade de aquecimento e compressão. Uma das formas de se medir a espessura das fibras sintéticas é através do denier. Um fio de cabelo tem 20 denier, por exemplo. Quanto maior o número, mais grosso é o fio. A base para estas pesquisas foi a lã de carneiro e, hoje, as fibras sintéticas procuram imitá-la. Fibras mais finas que um fio de cabelo e com um, quatro ou sete furos em cada um destes filamentos. Fibras finíssimas, infinitamente mais finas que um fio de cabelo, criando um emaranhado de fios capazes de serem comprimidos e voltarem ao normal, além de criarem bolsões de ar que as tornam muito eficientes. Fibras curtas ou longas, formato da fibra, formato e tamanho dos buracos dentro das fibras. Densidade, peso e espessura. Os fabricantes conseguem criar e variar bastante nestes quesitos e quem sai ganhando é você! Cuidados com o saco de dormir

Neste Dicas de Uso, compilamos algumas dicas valiosas para você cuidar de seu saco de dormir e tê-lo útil e em pleno funcionamento por muito mais tempo:

− Escolha com cuidado o lugar em que irá colocar sua barraca e, conseqüentemente, seu saco de dormir. Lugares baixos podem ser verdadeiros bolsões de ar frio. Por outro lado, lugares altos e cumeadas costumam estar muito expostos aos ventos. Se possível, procure um lugar que seja protegido do vento

− Nunca guarde seu saco de dormir comprimido na embalagem, pois isto fará com que as fibras "se acomodem" e não voltem a se expandir. Este processo de expansão da fibra, enchendo-a de ar, é o que proporciona a eficácia do enchimento, já que o ar é o melhor isolante que existe. Alguns modelos possuem pendurador e você pode deixá-lo no cabide. Outra boa forma de guardá-lo é dentro de um enorme saco de algodão, longe da poeira e sem comprimi-lo, mas esta alternativa pode exigir um espaço físico que você não tem.

− Se você tem espaço embaixo da cama e não o está usando, uma boa solução é guardar o saco de dormir ali. Guarde-o dentro de um protetor de colchão (você pode mandar fazer, em algodão), para não pegar poeira, e deixe-o devidamente esticado debaixo de sua cama. Não o transporte fora da mochila. O lugar do saco de dormir é no fundo da mesma, envolvido em um saco plástico para não correr o risco de molhar na chuva.

− De manhã, se o tempo estiver bom, coloque o saco de dormir virado do lado avesso no sol, em cima da barraca ou nas pedras em volta do acampamento, enquanto toma café da manhã ou começa a arrumar suas coisas – cuidado para ele não voar! E deixe-o secar um pouco da condensação de seu corpo durante a noite. Mas cuidado para não deixá-lo eternamente no sol, que também é prejudicial para o náilon.

− Ao guardá-lo no saco, soque-o lá dentro. Embrulhar com cuidado é prejudicial às fibras, que criarão uma espécie de "memória", se acostumando com

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determinada posição. Empurrá-lo desordenadamente para dentro do saco é a melhor forma de guardá-lo.

− O saco de compressão existe para diminuir o volume original do seu saco de dormir já comprimido dentro do saco externo. No entanto, não abuse de seu uso, usando-o apenas na hora de guardá-lo na mochila e diminuindo o "fator memória" nas fibras

− Um saco de dormir não é nada sem um isolante térmico . A função do isolante é regularizar o terreno e isolar da umidade do solo, oferecendo conforto e aumentando a performance do saco de dormir. Guarde o isolante, sempre, dentro de um saco, mesmo que ele seja transportado fora da mochila. Assim, manterá o saco de dormir e o isolante limpos e secos

− Se você usar o seu saco de dormir envolto por um cobertor de alumínio de emergência, seu isolamento térmico melhora em até 5° C. O cobertor de emergência é um acessório útil e de baixo custo que não deve faltar dentro das mochilas. Convém lembrar que, se o usarmos, devemos colocá-lo por fora do saco de dormir. Isso porque, sendo um plástico, ele não permite que a transpiração evapore, o que nos deixaria encharcados de suor dentro do saco de dormir – e ao nos desvencilharmos do cobertor de emergência, basta um arzinho mais frio para nos botar na estrada para a pneumonia. Se ele ficar por fora, permitirá a gradual troca de calor com o ambiente por intermédio do saco de dormir, e quando formos sair da “embalagem” não estaremos tão sujeitos ao choque térmico, pois afastaremos o cobertor aluminizado primeiro, daremos um tempo e só então deixaremos o saco.

− Beber e comer interfere no sono. Portanto, não se esqueça de comer e beber ANTES de ir para a cama. Uma comida ou bebida quente irá aquecê-lo mais do que comidas frias

− Lembre-se que manter a temperatura corporal é mais fácil do que se deixar esfriar e, depois, ter de se reaquecer. É um cuidado particularmente importante para prevenir a hipotermia.

− Caminhar em volta do acampamento ou fazer um pouco de alongamento antes de dormir pode ajudá-lo a começar a noite aquecido.

− Se você é muito friorento e tem dificuldade em se aquecer na hora de dormir mesmo em casa, invista em um saco de dormir mais quente que o indicado para as suas necessidades

− Tenha roupas extras confortáveis e secas para vestir durante a noite. E deixe a roupa úmida usada durante o dia para ser colocada apenas no dia seguinte. Lembre-se de não levar roupas apertadas, que possam restringir a circulação

− Alguns acessórios como gorros, luvas e meias quentes podem fazer uma tremenda diferença mesmo em noites de verão. E são fundamentais em noites de inverno

− Sacos de dormir molhados não funcionam direito. Para ter certeza de que terá uma cama seca no fim do dia, envolva-o em um saco de lixo sem furo algum e coloque-o no fundo da mochila.

− Ao chegar em casa, ponha todo o seu material para secar – principalmente seu saco de dormir.

− NUNCA lave seu saco de dormir a seco

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MANUTENÇÃO DO SACO DE DORMIR

Um dia, seu saco de dormir precisará ser lavado. Mas, como fazer isso? Não é tão difícil quanto parece nem tão simples quanto jogá-lo na máquina. Afinal de contas, as fibras que estão ali dentro e são responsáveis por sua noite quentinha exigem um certo cuidado. Lembramos que estamos tratando, aqui, apenas de sacos de dormir feitos com fibras sintéticas – penas de ganso e sacos feitos com fibras respiráveis exigem cuidados ainda mais especiais. Veja as dicas que compilamos para você:

Lavagem à Máquina e Secagem:

Quer lavar à máquina? Escolha uma máquina de uso comercial, com abertura frontal, daquelas que não giram o produto de um lado para o outro, como as com abertura em cima. Esqueça sua máquina de lavar. Ela não tem espaço suficiente para o saco de dormir. E esqueça máquinas com abertura na parte de cima – elas danificam as fibras.

Feche todos os zíperes e velcros e vire ao contrário. Para uma limpeza melhor, esfregue o capuz, o colar térmico e o pé com uma escovinha, um pouco de água e sabão de côco antes de colocar na máquina.

Use apenas sabão de côco ou detergente biodegradável suave. O ideal é usar apenas ½ ou ¼ do sugerido pela máquina de lavar – a quantidade vai depender da sujeira do saco de dormir, mas nunca coloque mais do que o especificado acima. Não use, em hipótese alguma, amaciante. Lave com água fria e apenas no ciclo leve ou delicado. Para melhores resultados, faça funcionar o ciclo de enxágüe pelo menos mais uma ou duas vezes, sem detergente nem sabão. Você precisa tirar TODO o sabão do saco de dormir antes de secá-lo

Retire da máquina de lavar com muito cuidado e seque em uma secadora profissional, imensa, com espaço suficiente para ele virar à vontade lá dentro, no calor mais fraco que tiver (ou sem calor nenhum, apenas com AR, que é mais seguro e confiável) – calor em excesso vai destruir o tecido e a capacidade de aquecimento das fibras. Verifique várias vezes durante a secagem se está quente demais, pois isso pode danificar o material. Retire assim que estiver totalmente seco – pode demorar entre duas e cinco horas – e deixe esfriar esticado. Lavagem à mão e Secagem:

Este é um método simples e seguro, mas siga rigorosamente as instruções. Lembre-se: secar bem é um dos segredos da lavagem.

Coloque o saco de dormir em uma banheira limpa, com água fria ou morna e detergente biodegradável suave ou sabão de côco. “Massageie” o saco até limpá-lo – entre 12 e 15 minutos. Escove levemente a parte externa, com uma escova macia, se existir alguma área encardida ou muito suja. Jogue a água da banheira fora e suavemente exprema o excesso de água. Não torça o saco de dormir! Encha novamente com água limpa, massageie-o de novo deixando que a água limpa penetre nas fibras. Drene a água, exprema o excesso e repita esta operação até a água sair limpa e todo o sabão for retirado. Retire-o cuidadosamente da banheira – não o faça se ainda estiver muito encharcado – e coloque em uma superfície reta, em cima de

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toalhas ou lençóis velhos, para mantê-lo limpo enquanto seca naturalmente. Não o pendure para secar – isto pode rasgar as fibras em seu interior. Conforme o saco vai secando, vire-o de tempos em tempos. Quando estiver praticamente seco, balance-o algumas vezes, para que as fibras voltem a ficar fofas.

Quando e como fazer? E algumas considerações essenciais

− Lave seu saco de dormir quando ele estiver imundo, fedendo ou perder uma quantidade razoável do enchimento. Jamais lave seu saco de dormir após cada viagem! Portanto, para a maioria das pessoas, isso significa lavá-lo uma vez por ano, talvez a cada dois anos apenas..

− Antes de ter certeza que precisa lavá-lo, deixe tomar ar e sol para respirar um pouco e sair o cheiro ruim. Provavelmente, apenas isto basta e você não precisará lavá-lo tão cedo.

− Não lave a seco.

− A chave para uma boa lavagem/secagem é transferir o saco de dormir molhado da máquina de lavar para a máquina de secar. No entanto, as costuras estão propensas a rasgarem quando estão molhadas – tome muito cuidado com elas e não puxe nem estique parte alguma do saco de dormir. Para facilitar o trabalho, o ideal é usar a maior máquina de secar que você encontrar. Ela terá espaço suficiente para o saco de dormir girar lá dentro.

− Prepare-se... um saco de dormir leva de duas a cinco horas na máquina de secar para secar completamente. Inspecione periodicamente, para ter certeza de que o tecido não está quente demais (lembre-se, coloque a máquina no menor calor possível) nem o enchimento está se acumulando, formando bolas. Se estiver, seque-o naturalmente.

− Cuide dos zíperes. Limpe-os com uma escovinha. Se eles emperram com facilidade ou não correm como deveriam, procure amaciá-los com silicone em pasta ou líquido ou mesmo com parafina Se você acampou perto do mar, limpe os cursores do zíper antes que comecem a oxidar, pingando em seguida algumas gotas de silicone. Mas, ATENÇÃO: silicone de verdade é transparente e espesso. Não compre aqueles vendidos para lustrar painéis de carros, que são dissolvidos e ficam muito fluidos, pois os solventes, corantes e perfumes adicionados podem piorar as coisas.

− Se você estiver bivacando, isto é, dormindo ao relento, sem barraca, procure usar um plástico ou qualquer outro tipo de protetor, para que seu saco de dormir permaneça limpo

− Um saco interno de algodão ou seda manterá seu saco de dormir limpo por mais tempo, apesar de aumentar um pouco o peso da mochila...

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− Quanto menos você deixar seu saco de dormir comprimido, melhor para ele. Procure, sempre, deixá-lo secar totalmente depois de usar e antes de guardar. Lembre-se que ele sempre amanhece úmido com a transpiração de seu corpo.

NÃO'S

− NÃO use máquina de lavar com abertura em cima – o agitador central vai destruir o enchimento de seu saco de dormir

− NÃO use sabão líquido ou detergente forte.

− NÃO use secadora caseira

− NÃO pendure seu saco de dormir quando ainda estiver molhado. Estenda-o apenas, todo esticado, para que seque desta forma.

− NÃO o guarde em um saco pequeno, comprimido

− NÃO seque ao sol – os raios UV prejudicam o náilon

− E, mais uma vez, NÃO LAVE A SECO. CONSERTA-SE:

− Saco de dormir sujo. Uma empresa especializada em lavagem pode resolver isso para você

− Zíper quebrado. Reparos profissionais podem ser feitos por empresas Especializadas.

NÃO SE CONSERTA:

− Perda de enchimento de sacos de dormir sintéticos. Não existe forma de acrescentar enchimento neste tipo de saco de dormir...

− Enchimento "rasgado" – lavar seu saco de dormir errado ou dentro de sua máquina de lavar, provavelmente fará com que todo o enchimento se parta e forme bolas, que poderão se concentrar no pé, por exemplo. Se isso acontecer, você terá de comprar

2.4 – O CANTIL

Tipos de cantis e cuidados necessários

Manter-se hidratado é muito importante em uma caminhada, especialmente se for um dia de muito sol. Justamente por isso, um equipamento que não pode nunca

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faltar em uma mochila é o cantil. Seja do mais simples, ao mais elaborado, o importante é que ele vai garantir que não falte água (ou bebidas esportivas e água de côco) durante o passeio Quando começamos a sentir sede, nosso equilíbrio hídrico (água) e eletrolítico (sódio e potássio) já foi afetado. Portanto uma regra simples é beber pequenos goles (cerca de 200 ml) a cada 40 minutos, antes que a sede apareça.

Modelos de cantis

Vários são os modelos de cantis disponíveis no mercado. Dos tradicionais, podemos mencionar o “garrafinha (tipo “exército”)”, em alumínio ou plástico,com capacidade de 0,5 a 1 litro, com ou sem caneco acompanhando, com porta-cantil a tiracolo, ou adaptável ao cinto ou à mochila.

Outros cantis tradicionais são os redondos, geralmente de maior capacidade (2 ou 3 litros), mais usualmente transportáveis a tiracolo.

Sacos de água, pequenos odres curvos e flexíveis geralmente levados a tiracolo e com capacidade em torno de 1 a 1,5 litro podem ser interessantes pela sua adaptabilidade de formato a vários contornos.

Mais modernamente, há os cantis flexíveis.Feitos geralmente em material plástico ou silicone, com capacidade de 0,7 a 4 litros, possuem uma mangueira com válvula que sai da mochila e leva a água até a boca da pessoa.

As próprias garrafinhas do tipo squeeze (300 a 700 ml) ou as PET são reservatórios úteis; particularmente as últimas têm variados volumes com boa resistência mecânica e podem ser facilmente transportadas numa mochila, com ou sem a adaptação de uma mangueirinha (BECK, 1996, p.131).

Cantis térmicos: esqueça. O volume que ocupam é muito maior que o que armazenam, para você meramente ter água mais fria por algumas poucas horas. Como limpar seu cantil

Para afastar microorganismos indesejáveis de seu cantil, seja ele de modelo mais tradicional ou um moderno cantil flexível, é fundamental ter cuidado com a limpeza e manutenção deste equipamento, um dos mais úteis e utilizados acessórios para atividades ao ar livre. Uma primeira regra é básica: após qualquer atividade, sempre limpe seu cantil, não o guarde com resto de água ou molhado.

Recomendamos o uso apenas de água, sempre lembrando de limpar com mais atenção a boca ou rosca da abertura. Para os modelos de cantis mais tradicionais, estilo camelo ou de garrafa (squeeze), pode ser utilizada uma escova de limpar mamadeira de bebê para a limpeza interna. É indicado, também, utilizar um pouco de água sanitária diluída, lavando bem em água corrente após este procedimento, ou usar uma pastilha de clorin 1 diluída em um litro de água ou, ainda, hydrosteril, na proporção recomendada pelo fabricante.

Para a higiene do tubo do reservatório flexível, especificamente, parte de mais difícil limpeza, primeiro proceda da mesma forma como descrita acima. depois, use um barbante com um chumaço de algodão amarrado em uma das pontas.

Procure passar o barbante pelo tubo amarrando algum item pequeno, mas que tenha peso na ponta, ou deixe a água correr pelo tubo carregando o fio. Efetue a limpeza passando o barbante com o chumaço de algodão por dentro do tubo.

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Para secar seu cantil, coloque-o de cabeça para baixo num escorredor (se for de garrafa e você estiver em casa) ou pendurado à sombra e em local ventilado, com a tampa aberta. Se o seu cantil for o flexível, procure descolar as duas faces de vez em quando. Lembramos que o cantil flexível é recomendado apenas para uso com água e não para outros tipos de bebida.

Algumas dicas podem ser úteis para o caso de emergências. Se você colocou uma bebida diferente em seu cantil (nunca no cantil flexível) e o gosto ficou impregnado, lave-o com água quente e sal. Se você está acampando por vários dias e não está com uma escova para fazer a limpeza adequada de seu cantil, você pode usar arroz! Isso mesmo, pode ser um paliativo para limpar qualquer tipo de cantil ou garrafa térmica. Basta colocar uma colher grande de arroz cru dentro do cantil, um pouco de água (só para umedecer) e agitar bem, de forma que ele percorra toda a superfície interna. Depois enxágüe com muita água corrente. Neste caso, só não use água quente porque senão vai virar uma papa... Modelos de cantis

2.5 – O ISOLANTE TÉRMICO

Isolante térmico: por que usar?

Como o próprio nome diz, os isolantes térmicos têm a função de isolar seu corpo da umidade e baixa temperatura do solo, e são utilizados como uma espécie de colchão. Eles fazem um par perfeito com os sacos de dormir, garantindo uma boa e aconchegante noite de sono dentro das barracas de acampamento, ainda que o chão esteja frio, úmido ou irregular.

Antigamente, quando não havia muitas opções de equipamentos especializados para acampamento, usava-se jornal ou papelão como isolante térmico. Depois passou-se a usar colchonetes com enchimento de algodão, espuma ou tecido. Estes, no entanto, são grandes, pesados e difíceis de transportar, especialmente em casos de caminhadas de longa distância, nas quais toda a bagagem necessária deve ser acomodada na própria mochila (além do acolchoamento ser semelhante a nada na hora em que você se deita nele). Os isolantes térmicos modernos vieram substituir esses materiais.

Atualmente existem vários tipos de isolantes no mercado sendo que os mais comuns são feitos em espuma de EVA (sigla de Etileno Vinil Acetato). Além de não exalar cheiro algum e serem extremamente leves (geralmente com menos de meio

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quilo), esses materiais isolam o corpo tanto do calor quanto do frio que vem do chão. E ainda protegem o corpo das irregularidades do terreno. Em casos de emergência, esse tipo de isolante pode até ser usado para imobilizar fraturas. Existem alguns tipos revestidos com lâminas de alumínio, o que dá mais resistência ao isolante.

Os isolantes de EVA são facilmente acomodados às tiras das mochilas cargueiras. Para garantir sua durabilidade a principal dica é não guardá-lo úmido. Como ele é guardado enrolado, a umidade pode provocar mofo no material.

Outro tipo de isolante encontrado são os infláveis. São parecidos com colchões de ar e, além de servir como isolante térmico, proporcionam mais conforto que os isolantes comuns. Alguns necessitam serem inflados com bomba de ar manuais ou mesmo com o próprio fôlego. Outros, chamados de auto-infláveis, possuem uma válvula de sucção de ar que o permite inflar automaticamente. Estes isolantes são um pouco mais caros que os de EVA, porém são muito mais confortáveis. E, além disso, podem ser encontrados em tamanho de solteiro ou casal. Para garantir sua durabilidade, retire bem o ar deles antes de guardar e evite colocá-los sobre pedras pontudas para garantir que não rasguem. Entretanto, seu peso e volume os fazem desaconselháveis para longos trajetos a pé.

2.6 – LANTERNAS

Existem algumas coisas que não saem da mochila por nada deste mundo! A lanterna é uma delas, mesmo que a sua intenção seja sair às seis da manhã e voltar ao meio-dia... Por quê? É muito simples: nós nunca sabemos o que a natureza reservou para nós, apesar de podermos prever muita coisa e, mais importante ainda, planejar com cuidado tudo que queremos fazer, conhecer e aproveitar. Planejar é uma coisa, a realidade é outra e, dentro deste planejamento, um cuidado extremo com a sua segurança e bem-estar deve estar em primeiro lugar. Assim, anoraque, água, lanche e lanterna não saem da mochila por quase nada deste mundo... Bem, no caso da lanterna, ela também não deveria sair do carro, nem daquele lugar estratégico dentro da casa (da cidade ou do campo). Dicas: 1. Tenha sempre pilhas sobressalentes e cheque a carga da bateria que está sendo usada. Se possível, use pilhas/baterias recarregáveis. 2. Não guarde as lanternas com as pilhas 3. Verifique sempre o estado da lâmpada reserva.

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4. Proteja a sua lanterna da umidade, principalmente se ela for apenas resistente à água. 5. Se for à prova d'água e molhar, seque-a e limpe-a antes de guardar. 6. As pilhas usadas podem e devem ser recicladas - do contrário, viram lixo tóxico, extremamente danoso ao meio ambiente. Reciclar é simples e prático (separe um recipiente em casa para elas e, ao enchê-lo, jogue em lixeiras apropriadas para a reciclagem). Incentive as pessoas que convivem com você a fazerem o mesmo. Tipos de lanternas e lâmpadas: 1. Headlamp (lanterna de cabeça ou frontal) - é a mais indicada para o praticante de esportes ao ar livre, por deixar as mãos livres, facilitando na hora de montar a barraca, fazer a comida, escalar e/ou rapelar, andar em trilhas etc. Lembrete importante: ao usá-la, faça que aponte um pouco para baixo, de modo a não ofuscar seu companheiro quando você olhar para ele... 2. Lanterna de mão - esta todo mundo conhece... São as mais tradicionais e, caso você queira usá-las em atividades ao ar livre, procure mantê-las por perto com uma fita de segurança. Costumam ser um eficiente backup para as lanternas de cabeça. 3. Lanternas resistentes à água - praticamente todas são resistentes, pois se destinam ao uso ao ar livre. 4. Lanternas à prova d'água - algumas o são. Não deixam de ser uma tranqüilidade em uma forte chuva de verão. Mas não são imprescindíveis. 5. Lanternas seladas - são aquelas feitas para lugares confinados com acúmulo de gás, tendo o perigo de explodir ao utilizar uma lanterna convencional. 6. Lanternas autocarregáveis: dispensam pilhas e baterias por se valerem de dínamos para gerar energia (por ação manual do usuário) e armazená-la em pequenos acumuladores. 7. Tipos de lâmpadas - standard, halogêneas, xenon (gás), krypton e led. Saiba o uso que dará ao seu equipamento e escolha a que melhor se adapta às suas necessidades, lembrando que algumas iluminam muito melhor mas também gastam muito mais pilhas e baterias que o normal.

Em se tratando de lanternas, bastará a você conseguir iluminar o espaço próximo (dentro da barraca ou onde você vai trabalhar), ou seja, uma distância de poucos metros. Dificilmente aqueles holofotes de mão (que o vendedor da loja de caça e pesca tenta por todos os meios convencer você a comprar) terão utilidade maior do que sua enrolatividade pelo volume e peso.

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MÓDULO 3

TÉCNICAS DE CAMPO

A construção de pioneirias e artimanhas de campo é um ótimo meio para desenvolvermos uma série de aspectos positivos nos jovens, contudo, não deve ser o principal objetivo. - Não deixaremos de realizar o nosso acampamento, se o local não oferece condições para construção de pioneirias! Devemos aproveitar ao máximo todos os recursos oferecidos e usar a criatividade. Antes de colocarmos os nossos jovens para realizar as tradicionais pioneirias, devemos avaliar os seguintes aspectos:

� Duração do acampamento � Interesses � Prioridades � Objetivos � Desenvolvimento físico � Quantidade de bambu ou madeira existente � Disponibilidade do bambu/madeira para uso em pioneirias � Destino a dar ao material usado nas pioneirias quando deixarmos o campo

O acampamento escoteiro a) Esquema de campo

A distribuição e organização do acampamento, serão de acordo com as condições do local. Porém nada impede que os jovens planejem como ficará o campo da Patrulha. Devemos levar em conta os seguintes aspectos, na ordem de prioridade:

� Organização e segurança � Harmonia com a natureza � Condições naturais (vento, sol, solo etc.) � Estética

b) Disposição das barracas

Atualmente as barracas têm um desenho apropriado para trabalharem com o vento (tipo iglu), contudo as barracas canadenses ainda são bastante usadas (ainda são as mais resistentes para atividades com o Ramo Escoteiro) e estas, sim, devem ser montadas de acordo com o vento predominante. Sempre que montar uma barraca do tipo canadense, procure dispô-la a favor do vento (recebendo o vento pela parte de trás). Geralmente este tipo de preocupação é mais evidente, quando acampamos em descampados ou regiões próximas à praia. Evite montar as barracas em baixo de árvores com grandes galhos cuja queda pode causar acidentes (coqueiros, palmeiras cujas folhas são lenhosas etc.). Outro fator importante que deve ser observado, é a luminosidade. O ideal é que a barraca receba os raios solares na parte da manhã, de forma que a porta deva estar voltada para o sol nascente (leste). Não há a necessidade de fazer valetas, pois as barracas atualmente são preparadas para preservar seus ocupantes até certo volume de água das chuvas.

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c) Disposição das construções Conforme o esquema apresentado, as construções deverão estar dispostas de

acordo com o seu uso, nunca se esquecendo da organização e estética. No caso dos toldos, devemos observar o vento predominante. O toldo deve

estar montado de forma que receba o vento de frente (ou seja, pela face exposta, contrária à dos esteios), evitando oferecer resistência à sua passagem – do contrário, ele servirá como vela e arrancará os esteios e o estaiamento, levantando voo. Observação:

Aliar os fatores estéticos às condições naturais nem sempre é possível. Cabe aos chefes avaliarem juntamente com os jovens tais condições e quais serão as prioridades. O mais importante é que os jovens adquiram o costume de planejar antes e a flexibilidade de mudar este planejamento, de acordo com as condições naturais. d) Outras construções

É importantíssimo que as Patrulhas planejem as pioneirias antes de montá-las. Num acampamento, basicamente, pensamos no atendimento das seguintes instalações:

� Canto do lenhador: suportes para as ferramentas, armazenagem da lenha e das varas das pioneirias;

� Toldo: esteios/suportes existentes; � Fossas; � Tripé para lampião; � Mesa e/ou fogão suspenso.

Pontos importantes a serem considerados, ao realizar os projetos:

� As pioneirias são itens de conforto; assim, deve-se evitar o exagero de fazer do acampamento uma grande demonstração de engenharia mateira.

� O planejamento e execução devem ser de modo a aproveitar ao máximo o mínimo de material (o Escoteiro é econômico). Equipamentos podem ter várias funções – por exemplo, uma caixa de Patrulha pode ser transformada em armário, banco ou mesa dependendo de sua construção.

� O que se pode fazer do material usado nas pioneirias ao término do acampamento.

� Avaliar a segurança e funcionalidade das instalações.

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3.1 - PIONEIRIAS

PIONEIRIAS, ARTIMANHAS DE CAMPO E TÉCNICAS MATEIRAS: SUA APLICAÇÃO PEDAGÓGICA

O Escotismo, ao propor atividades nas quais os jovens, ao ar livre, busquem soluções criativas e eficazes para diversos tipos de problemas (não apenas problemas objetivos, mas também aqueles da convivência), encontrou inspiração em expedientes de campanha usados desde os celtas aos bosquímanos, passando pelos ameríndios e pelos combatentes de diversas épocas e lugares. Exemplos típicos de recursos para aprimorar o conforto em campo são as artimanhas de campo e as pioneirias. A denominação “pioneirias” para as obras feitas usando predominantemente varas (ou troncos) e cordas foi emprestada dos militares. Nos exércitos europeus da Revolução Industrial, “pioneiros” era o nome dado aos combatentes de Engenharia que exerciam as funções de sapador e pontoneiro, e “pioneiria” o tipo de trabalho por eles executado a fim de prover rotas para que a Tropa trafegasse, fosse lançando pontes, fosse entulhando valas com faxinas, fosse abrindo estradas. Por ocasião da campanha contra Prempeh, no atual Gana (1895), B-P ficou vivamente impressionado com o trabalho dos pioneiros, construindo pontes sobre abismos e rios usando troncos e cordas e manobrando aparelhos de força com essas mesmas matérias-primas. Na sua vida militar na Índia e na África, familiarizou-se com os pequenos e simples “macetes” que o scout (esclarecedor de Cavalaria) ou o policial podia usar para dar-se um pouco mais de conforto em campo, sem depender de arrastar consigo os trens de estacionamento. Tal experiência não tardaria em ser aproveitada no movimento educacional que viria a fundar. O ar livre é um dos elementos de programa mais característicos do Escotismo. A vida mateira, conforme pretendia Baden-Powell, é um meio para atingir diversos objetivos educacionais que, com pequenas variações histórico-geográficas, mantêm sua importância, nas diversas áreas de desenvolvimento. O combate ao sedentarismo resulta em benefícios para a higidez corporal e psíquica: proporciona estímulos à movimentação, aumento da capacidade aeróbica, da resistência, da flexibilidade; por diferentes estímulos sensoriais, aumenta a sensibilidade, abrangência, profundidade e seletividade dos cinco sentidos; previne a ocorrência da “síndrome do confinamento”, cujo exemplo clássico era o wire-happy, desenvolvido por prisioneiros de guerra que tivessem ficado muito tempo nessa condição (passar a achar a situação de confinamento normal e ter medo do “mundo lá fora”). As atividades de campo contribuem para o desenvolvimento psíquico, afetivo, social e do caráter, fomentando no jovem a rusticidade, a independência, a autodisciplina, a cooperação e a convivência. Intelectualmente, favorecem a aquisição de conhecimentos e habilidades naturalistas, como a identificação de espécies vegetais (comestíveis, boas para fogo, boas para construir abrigo, venenosas, atraentes para bichos, etc.) e as técnicas para manter-se em boas condições de saúde e conforto em marcha ou em acampamento/bivaque. A imersão no ambiente mateiro ajuda a despertar a consciência ecológica e a espiritualidade, pela percepção do ambiente e de seu pertencimento e interação com ele, bem como pela possibilidade de usar os

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recursos sem exauri-los e sem causar dano à natureza. Particularmente o uso de pioneirias, artimanhas de campo e técnicas mateiras pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes desejáveis, não para meramente formar mateiros, mas, em verdade, para oferecer ao jovem mais elementos para conduzir-se autonomamente com êxito em várias esferas de atuação. Vejamos alguns saberes e atributos que podem ser despertados. Os atributos de rusticidade e resiliência possibilitam a superação do comodismo, a adaptabilidade a circunstâncias adversas e inclinam à frugalidade – não como muquiranice, mas como moderação da percepção de necessidades (lembrando o velho ditado: rico não é o que tem mais coisas, mas o que tem menos necessidades). A limitação dos recursos disponíveis estimula a criatividade: saber tirar o melhor proveito daquilo que a realidade apresenta, associando conhecimentos disponíveis para construir soluções para os problemas que surgem. Fomenta a independência em relação aos “confortos e facilidades da vida moderna” e a capacidade de “pensar por si próprio”. A inovação se faz presente na concepção (o que construir), na construção (uso dos recursos e conhecimento disponíveis) e no uso (descoberta de outras aplicações). A improvisação traduzida nas artimanhas de campo não significa abdicação da higiene; muito pelo contrário, a aplicação das técnicas de sanitarismo em campo contribui para a preservação da saúde, não apenas dos acampadores (lavatórios e chuveiros), como também para evitar a contaminação do local (especialmente no caso de mananciais e cursos d’água). A frugalidade se traduz na economia: ajuda a evitar o desperdício de alimentos, material, energia e tempo; pode ser verificada pela quantidade de resíduos deixada no campo – sobras de cozinha, pedaços inúteis de bambu, madeira ou sisal. A prática de construção de pioneirias estimula a capacidade de planejamento para otimizar o emprego do tempo e dos recursos; o jovem percebe que, quando estabelece um plano e o segue, seu tempo rende mais, seus recursos são suficientes e seu desgaste é menor. Isto envolve também a distribuição de tarefas para otimizar o trabalho, aproveitando o que cada um tem de melhor. Estimula, ainda, um senso de praticidade/utilidade: o jovem passa a pensar naquilo que é útil construir, e a não ter a construção de pioneiria como fim em si mesma. Estimula-se o desenvolvimento de uma atitude de busca de soluções para problemas apresentados pelas condições de campo. A construção e emprego de artimanhas de campo abre janelas para o aprimoramento moral pela percepção do bem comum: a obra em campo beneficia não apenas um indivíduo, mas a coletividade, de sorte a ninguém pesar sobre o outro. Pode-se identificar o favorecimento de:

� Percepção espacial: ocupação do espaço, mobilidade, uso da pioneiria (sem forçamentos ou contorções ou risco de queda do que sobre ela se colocar), medição da matéria-prima para que seja coletada e usada sem desperdício, percepção dos ventos para melhor aproveitamento, seleção de locais de instalação e ancoragem.

� Destreza motora em diversos graus de refinamento: confecção dos nós, escavação, construção de tramas, trançados, falcaças, construção de maquetes e projetos.

� Aprendizado de noções da física: resistência, vetores de força, oposição e compensação de esforços, suspensão/sustentação de cargas, equilíbrio.

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� Cooperação: planejamento e trabalho em equipe, valorização da contribuição de cada um para o benefício de todos.

� Objetividade: para orientar o planejamento; fortalecedora do moral pela percepção de um resultado útil naquilo que se faz.

� Capacidade de abstração: essencial para o planejamento. � Desenvolvimento do senso estético: “o nó bonito é o nó certo”; apresentação

agradável do campo e das pioneirias, fortalecendo o orgulho de ter sido uma obra própria.

� Fortalecimento identitário: experiências vividas em comum; “histórias para contar aos netos”.

� Construção de uma mentalidade voltada para a segurança: manuseio seguro das ferramentas; redução de pontas e tropeços; organização do campo; sustentação de materiais (inclusive do fogão suspenso); seleção da técnica de construção que proporcione pioneirias mais firmes, funcionais e seguras.

� Aceitação de idéias alheias, trabalho em equipe. Quando a Patrulha planeja as artimanhas a construir, a “tempestade de idéias” abre a oportunidade de todos se manifestarem e apresentarem propostas que visem à melhoria das condições de trabalho no campo e da apresentação do mesmo.

� Exercício da liderança: oportunidade para verificar as manifestações da liderança pelos participantes da atividade, pelo conhecimento técnico, pela criatividade, pela visão de conjunto e de futuro, pela atitude.

� Estímulo para a melhoria do ambiente de trabalho e de moradia, dentro e fora do acampamento.

� Concentração e organização do pensamento. � Consciência ecológica e mentalidade voltada para a preservação do meio

ambiente: no planejamento, avaliar a capacidade de recuperação do ambiente quanto à fonte de matéria-prima das pioneirias, reimplantação da cobertura vegetal, preservação do solo, limpeza e/ou fluxo dos mananciais e cursos d’água, equilíbrio da vida silvestre etc.

A reciclagem de materiais apresenta possibilidades metaforizáveis para o dia-a-ia. Dentro da idéia de preservação ambiental, uma possibilidade de trabalho com pioneirias que pretende causar menor dano à natureza é o uso de materiais pré-fabricados e reutilizáveis como matéria-prima: cabos de vassoura, mourões/varas de eucalipto, tubos de PVC para as estruturas e tiras de borracha (de câmara de ar, por exemplo) para fazer as amarras. O material das estruturas deve estar disponível em vários tamanhos, para atender à variedade de pioneirias a serem construídas. Pode-se perceber, assim, que, dentro das atividades de ar livre, aquelas de criação, construção e emprego de pioneirias e artimanhas de campo e emprego de técnicas mateiras são fortes aliadas do educador para a consecução de uma amplo espectro de objetivos pedagógicos, em todas as áreas de desenvolvimento, contribuindo para o desideratum do Movimento Escoteiro de ajudar o jovem a ser o agente de seu próprio desenvolvimento.

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3.2 – NÓS E AMARRAS

Amarra Diagonal

Amarra Diagonal serve para aproximar e unir duas varas que se encontram formando um ângulo agudo. É muito utilizada na construção de cavaletes de ponte, pórticos etc. Para começar usa-se a Volta da Ribeira apertando fortemente as duas peças, dão-se três voltas redondas em torno das varas no sentido dos ângulos, e em seguida, mais três voltas no sentido dos ângulos suplementares, arrematando-se com um anel de duas ou três voltas entre as peças (enforcamento) e uma Volta de Fiel para encerrar. Pode-se também encerrar unindo a ponta final a inicial com um nó direito.

Amarra Quadrada

Amarra Quadrada é usada para unir dois troncos ou varas mais ou menos em ângulo reto. O cabo deve medir aproximadamente setenta vezes o diâmetro da peça mais grossa. Começa-se com uma Volta de Fiel bem firme ou uma Volta da Ribeira. A ponta que sobra desse nó, deve ser torcida com o cabo para maior segurança ou utilizada para terminar a amarra unindo-se a ponta final com um nó direito. As toras ou varas são rodeadas por três voltas completas redondas entre as peças (enforcamento) concluindo-se com a Volta do Fiel na vara oposta ao que se deu o nó de início ou com o nó direito na extremidade inicial.

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Amarra de Tripé

Esta amarra é usada para a construção de Tripés em acampamentos, afim de segurar lampiões ou servir como suporte para qualquer outra finalidade. A amarra de tripé é feita iniciando com uma Volta da Ribeira ou Volta do Fiel, passando alternadamente por cima e por baixo de cada uma das três varas, que devem estar colocadas lado a lado com uma pequena distância entre elas. Não é necessário o enforcamento nesta amarra, pois ao ajustar o tripé girando a vara do meio a amarra já sofre o "enforcamento" sendo suficientemente presa. Entretanto, em alguns casos o enforcamento pode ser feito, passando voltas entre as varas e finalizando com uma volta do fiel ou nó direito preso a extremidade inicial.

Balso pelo seio

Este nó forma uma laçada dupla. É uma boa cadeira porque é possível sentar-se confortavelmente nele. Muito útil para subir ou descer uma pessoa ou volume. Geralmente se faz no meio da corda e é considerado um nó de salvamento. Nesse caso, lance a corda para a pessoa já com o nó feito para poder içá-la com segurança.

Volta do Salteador

Utilizado para prender uma corda a um objeto, com uma ponta fixa e outra que quando puxada desata o nó. Serve para descermos de uma árvore, escarpa ou barranco, permitindo-nos recuperar a corda. É um nó extremamente perigoso, deve estar bem feito e ajustado quando utilizado para descermos com ele. Para confeccioná-lo, faz-se uma volta redonda com o seio da corda; passa-se dentro dessa alça uma alça feita com uma das pernas da corda, e traciona-se para que morda; por dentro dessa primeira alça, passa-se outra alça feita com a outra perna do cabo, e igualmente traciona-se para morder. Recomenda-se que se façam pelo menos umas quatro mordeduras para o caso de alguém puxar a perna de corda errada.

.

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Lais de Guia

Utilizado para formar uma alça que não corre. É um nó para salvamento. Tem a vantagem de poder ser feito utilizando apenas uma das mãos. Útil quando precisamos usar uma das mãos para se agarrar num barranco, ou como se estivesse caído dentro de um buraco com o braço quebrado. Nesse caso o faremos em volta de nosso tronco para que uma outra pessoa possa nos içar com segurança. Quando for içar alguém, lance a corda com o Lais de Guia já feito.

Nó de Escota

Usa-se para unir dois cabos de bitola diferente ou para fixar um cabo a uma argola.

Volta do Fiel

Também conhecido como Nó de Barqueiro ou Nó de Porco, ou chamado simplesmente de fiel este nó é a forma mais rápida de se fixar a corda, podendo ser reajustado ou desfeito com facilidade. Muito utilizado para iniciar uma amarra e segurar a corda atada á um poste. Não corre e é resistente e seguro com um bom arremate de segurança na ponta.

Borboleta

Utilizado para fazer uma alça no meio do cabo. Não corre e nem perde a forma. Muito resistente e rápido de fazer.

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Prusik

Este é um nó autoblocante, ou seja, sob tensão ele trava e quando frouxo ele corre facilmente. Em resgates, ascensões por uma corda fixa ou mesmo em cabo de aço, o Prussik é muito utilizado e quase sempre essencial. Pode ser usado para manter tensa uma corda que será usada como ponte. A corda utilizada para este nó deve ter aproximadamente a metade do diâmetro da corda principal, tendo suas pontas emendadas com um pescador duplo

Nó de Catau

Utilizado para reduzir o tamanho de uma corda sem cortá-la, ou para isolar alguma parte danificada da corda, sem deixá-la sob tensão. Atua com forte tensão e quando o uso for permanente se reforça com um cote nos extremos (pois pode soltar-se ao relaxar a tração na corda). .

Nó em Oito

Utilizado para arrematar provisoriamente a ponta de um cabo. Quando feito em laçada pode ser utilizado na cintura com um mosquetão em escaladas, ou ainda para colocação de degraus em escadas de corda. .

Nó Direito

Utilizado para unir dois cabos de mesmo diâmetro e para finalizar algumas amarras. Não deve ser utilizado para montanhismo ou rapel a menos que seja devidamente arrematado. .

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Amarra Paralela Serve para unir duas varas colocadas paralelamente. Pode ser usada para apoiar ou até sustentar o outro bambu. Faz-se uma argola e dá-se voltas sobre ela e as duas varas como se estivesse falcaçando, terminando, também como uma falcaça, passando a ponta do

cabo pela argola e puxando a outra extremidade para apertar. Finaliza-se com um nó direito unindo as duas extremidades.

Volta da Ribeira

Utilizado para prender uma corda a um bastão, tronco, galhos, etc. É necessário manter este nó sob tensão. É também conhecido como Volta do Enfardador, por ser frequentemente usado para manter junto um feixe de lenha

Volta Redonda

Utilizado para prender uma corda a um bastão. É um nó muito útil, não se desfaz facilmente, bom para esticar toldos ou barracas.

Nó de Pescador Utilizado para unir linhas de pesca, cordas corrediças, delgadas, rígidas, cabos metálicos e até cabos de couro.

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Nó de Aselha

É utilizado para fazer uma alça fixa no meio de um cabo. Difícil de ser desfeito após tensionado, porém muito rápido de ser feito. .

Nó de Correr

Serve para fazer uma alça corrediça em uma corda. Utilizado para fazer rabéola de pipas. Útil para aplicação de força quanto mais se puxa, mais ele aperta.

Boca de

Lobo

Este nó parece um Prusik, porém com apenas uma volta. Serve para fixar um cabo a algo rapidamente.

Nó de Arnez

É utilizado para fazer uma alça fixa no meio de uma corda sem utilizar as pontas.

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Cadeira de

bombeiro

É um nó simples e rápido de atar quando se precisa subir ou descer uma pessoa de uma árvore, barranco ou outro ponto. É seguro, porém mais utilizado em caso de emergência ou quando a altura não oferece grandes riscos. Para estes casos, existem cadeiras mais elaboradas e seguras.

3.3 -FERRAMENTAS DE CORTE

CANIVETE E FACA

Um bom canivete pode ser um substituto eficiente da faca, desde que possua uma lâmina forte e que permaneça firme quando aberto. Lembre-se que deve ser evitada a ostentação desnecessária da faca e do canivete, que devem ser levados à cinta, única e exclusivamente quando estiver em uso, caso contrário deve ser levada nos bolsos da mochila.

Um bom facão é outro instrumento de grande utilidade, podendo inclusive substituir o machado em serviços mais leves. É importante que seja de boa qualidade para que tenha a resistência necessária. O uso do facão é serviço pesado, e caso não tenha a qualidade necessária torna-se muito perigoso. Deve ser leve, porém sua construção deve ser tal que quando em movimento ganhe a energia necessária aos cortes a que se destina.

Os melhores modelos são os que têm lâmina com cerca de 4cm de largura. Com relação ao comprimento, vários aspectos devem ser considerados:

• O primeiro aspecto a ser considerado é a estatura de quem o usa.

• Os mais curtos são mais ágeis para uso em matas fechadas e densas, porém requerem mais força de quem os usa.

• Os mais longos ganham mais força quando em movimento, porém não são recomendados para vegetação densa e têm a tendência de envergar.

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A exemplo das facas, os cabos devem ser de boa qualidade, anatômicos e sem protuberâncias a fim de que não machuquem as mãos.

É sempre preferível que quando fora de uso seja levado em sua bainha. Quando em uso, certificar-se sempre de que não existem pessoas no raio de alcance da ferramenta. Quando caminhar, muito cuidado com o equilíbrio, pois quedas quando se segura facões podem causar sérios acidentes.

A faca é uma ferramenta bastante útil para o Escoteiro e, por isso, deve ser bem comprada e bem cuidada.

Ao comprar a faca, verifique se o cabo é resistente e se a faca está bem equilibrada.

Normalmente as facas já são vendidas com bainha. Se a sua não tiver, devera arranjar uma o mais depressa possível. Você pode sempre decorar a bainha da faca com coisas que te identifiquem, como uma espécie de marca pessoal.

Para verificar se a faca está bem equilibrada, tente equilibrá-la em cima de um dedo, colocando este no início da lâmina junto ao cabo.

Como entregar a Faca a outra pessoa

lguns acabam sempre se cortando com facas (e mesmo canivetes) ao receberem-nas de outra pessoa. O Escoteiro deve saber como entregar corretamente uma faca, e também ter o devido cuidado ao recebê-la de outra pessoa.Não há uma maneira única de entregar a faca. Apenas é preciso ter cuidado para ninguém se cortar com a

lâmina.

Ao dar a faca com a lâmina para frente, a pessoa que a recebe pode-se cortar,mesmo que vá pegar no cabo. Uma faca deve sempre ser entregue com o cabo livre para se pegar.

NÃO

Quando a pessoa que recebe puxar a faca, a lâmina desliza sobre os dedos de quem está entregando, cortando-os de imediato.

NÃO

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A pessoa que entrega a faca nunca se corta, porque os dedos estão fora do alcance da lâmina. Por seu lado, a pessoa que a recebe, tem o cabo completamente livre para pegar, ficando igualmente fora do alcance da lâmina.

SIM

Como cortar um graveto

Para evitar um corte no dedo ou na mão, os movimentos da faca devem ser sempre feitos para fora do nosso corpo, no sentido oposto à mão com que seguramos a madeira ou graveto. Assim, a lâmina da faca nunca vem contra nós.

SIM NÃO

Cuidados com a Faca ou Canivete

A faca deve andar sempre na bainha, quando não estiver em uso. No fim dos acampamentos e atividades, siga sempre os seguintes passos:

1- Limpá-la cuidadosamente de todos os detritos, usando detergente se for preciso.

2- Secar bem toda a faca, para evitar ferrugem.

3- Afiar a lâmina para ficar pronta para a próxima atividade.

4- Untar a lâmina (e outras partes metálicas) com óleo para proteger da ferrugem (uma fina camada, por igual, não é para lambrecá-la)..

5- Embrulhá-la com plástico, para conservar o óleo.

6- Guardá-la numa gaveta ou caixa onde ficará em segurança.

Enquanto estiver no campo e usando a faca, talvez precise guardá-la e não tenha a bainha por perto, ou então ter a faca tão suja que não queira guardar na bainha. Alguns cometem os maiores erros nestas horas, mas você, como bom Escoteiro, fará o correto.

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NUNCA espetar a faca numa árvore viva – lembre-se, o Escoteiro é bom para os animais e plantas.

NUNCA espetar a faca na terra - se espetar a lâmina na terra poderá encontrar uma pedra que estrague o fio da lâmina. Mesmo espetando em areia, há sempre prejuízo para o fio da lâmina.

Além disto, você deve ter o cuidado de deixar a faca de maneira que ninguém se corte na lâmina. Deixar a faca no chão é um dos erros mais comuns de alguns: Além de apanhar umidade e de alguém poder pisar e parti-la, alguém descalço ou de chinelos pode cortar-se. Também espetar a faca num cepo pode ser perigoso, pois alguém pode cortar-se ao passar por ali, além de acabar por torcer o bico da faca caso seja espetada de ponta.

Nunca esquecer que quando espetar uma faca num cepo é apenas por alguns minutos ou segundos, e que o local não pode ser freqüentado por outras pessoas, senão alguém se pode cortar.

Não usar a faca (ou canivete) num veículo em movimento, como por exemplo, num ônibus ou carro. Um solavanco inesperado pode causar um acidente com a lâmina. No caso de uma freada brusca, a faca pode espetar-se no seu corpo ou atingir outra pessoa. Quando começar usar a faca, canivete ou machado tenha a preocupação de verificar se tem pessoas próximas de você, que poderiam vir a serem vítimas de algum deslize da lâmina. Se transportar a faca dentro da mochila, deve ter cuidado para não enfiá-la à força no meio das coisas, pois o bico da faca pode furar a bainha e rasgar o material ou mesmo a mochila.

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MACHADO OU MACHADINHA

A diferença entre o machado e a machadinha está no tamanho. O machado é grande e usa-se com as duas mãos. A machadinha é bem menor e basta uma mão para manobrá-la. O Escoteiro costuma usar a machadinha.

UTILIZAÇÃO DO MACHADO

O Escoteiro sabe usar o machado e a machadinha corretamente.

A machadinha, usada só com uma mão, requer mais pontaria do que força. Os golpes com a machadinha são dados pausadamente, calculando sempre o local do golpe, e sem excesso de força.

O machado, apesar de ser pego com duas mãos, usa-se também pausadamente, sem força excessiva e apostando sempre na pontaria.

A machadinha, por poder ser usada apenas com uma mão, deve ser pega na ponta do cabo, e não meio do cabo. Tem-se melhor balanço, e é preciso fazer-se menos força.

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Sempre que começamos usar um machado, devemos verificar o seguinte:

- Se a cunha está bem fixa. Mergulhar o machado em água faz inchar a madeira e assim garantir melhor a fixação do cabo na lâmina. - Se não há ninguém por perto que possa ser atingido por um golpe.

Para cortar um galho, nunca devemos fazer sobre terra, pois a lâmina acabará sempre atingindo o solo, estragando o fio. Deve-se sempre apoiar o galho em cima de um cepo mais grosso.

SIM NÃO

O ponto onde vamos cortar deve estar bem apoiado e o mais fixo possível. Nunca desferir golpes com o machado sobre um ponto do galho que esteja sem apoio, pois o efeito será fraco e o galho ao vibrar pode fazer com que o machado salte e atinja o utilizador.

SIM NÃO

SIM NÃO

A inclinação do machado é importantíssima para o efeito dos golpes. Nunca se deve dar os golpes com a lâmina num ângulo de 90º, ou seja, na vertical. Deve-se inclinar sempre o machado para fazer aproximadamente um ângulo de 60º.

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Os golpes devem ser alternados, ora inclinados para a esquerda ora para a direita.

O machado nunca deve ser usado como martelo, pois não foi para isso que foi feito.

DESBASTAR UM TRONCO

SIM NÃO

Para limpar ou desbastar um galho ou tronco, começa-se pela parte mais grossa e vai-se avançando em direção à ponta, no sentido de crescimento da árvore. Se os golpes forem dados no sentido contrário, acabará por rachar o tronco.

CORTAR UM TRONCO NA VERTICAL

A técnica precisa de duas zonas de golpe: a primeira de um lado, e a segunda do lado oposto e mais em cima. Esta técnica aplica-se tanto para um galho, como para

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um tronco, como para árvores. No caso de uma árvore, esta cairá para o lado da primeira zona de golpe.

Para cortar uma vara verde, segure pela parte de cima para envergar. Os golpes devem ser dados com inclinação de 60º e não perpendicularmente à vara. Vergar a vara aumenta o efeito de corte do machado.

SIM NÃO

RACHAR LENHA

Para rachar lenha, comece cravar a lâmina no tronco (não precisa ser com muita força), junto a uma das extremidades. Em seguida, vai batendo com o conjunto tronco-machado em cima de um cepo. Aos poucos o machado vai-se enterrando cada vez mais no tronco, rachando-o ao meio.

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FAZER UMA ESTACA

Para afiar uma estaca, devemos apoiá-la em cima de um cepo, e golpeá-la com pontaria, como na figura. A cada golpe vire um pouco a estaca.

Uma estaca deve ter a parte de trás ligeiramente desbastada, como na figura acima, para evitar que, ao bater nela, se desfaça.

SEGURANÇA

Além de saber manejar corretamente o machado, o Escoteiro deve igualmente saber tomar todas as medidas de segurança relativamente a esta ferramenta. Tal como a faca, canivete ou outra ferramenta cortante, o machado não deve ser deixado caído no chão, encostado a uma árvore e muito menos cravado no tronco vivo de uma árvore.

O seu manejo deve observar regras de segurança para o utilizador, assim como para pessoas que se encontrem por perto.

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Devemos ter todo cuidado ao usar o machado para que este não atinja sua perna ou braço. Se estiver segurando com a mão no tronco ou galho que esta sendo cortado, verifique se a mão não esta ao alcance de nenhum golpe desviado por acaso.

O mesmo cuidado devemos ter com as pernas, as quais deverão estar conforme a posição em que esteja cortando, de modo a que o machado nunca te atinja a perna, mesmo no caso de um golpe mal dado e que se desvie.

COMO GUARDAR O MACHADO

O machado deve ficar guardado dentro da respectiva bainha, ou cravado num cepo ou num suporte próprio montado no campo.

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Para cravar o machado num cepo é comum ver pessoas desferirem grandes golpes sem grandes resultados. A técnica consiste unicamente em espetar a lâmina em bico, e não com o fio todo. Para isso, a lâmina deve ficar paralela ao cepo.

SIM NÃO NÃO

FABRICAR DE UMA BAINHA

Como a maior parte dos machados não traz bainha, devemos saber fazer uma

com facilidade, para que o machado ande sempre protegido e posa ser transportado à cintura. O material ideal é o couro. Se não tiver couro, pode usar qualquer tecido grosso do tipo lona, que não se rompa com facilidade. Para reforçar podemos fazer duas ou três camadas. Depois de cortar com o feitio que se indica na figura, abra orifícios para passar o cinto e para enfiar o cabo do machado. Estes orifícios, no caso de usar tecido devem ser caseados (do mesmo modo que as casas dos botões nas camisas), para não se rasgarem. Depois, é só coser com fio grosso, e colocar um botão. Um sapateiro colocará facilmente um botão de pressão para manter a bainha devidamente fechada.

TRANSPORTE

O transporte do machado é outro fator importante na segurança. Quando o transportar na mão, segure-o sempre pela lâmina, e nunca pelo cabo. Os iniciantes, quando pegam no machado pela primeira vez, costumam andar com ele segurando no cabo e balanceando-o, arriscando-se a bater com a lâmina nas pernas ou atingir algum colega. Se o machado for grande poderá levá-lo ao ombro, mas sempre com o fio da lâmina virado para fora.

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Quando se passa o machado a outra pessoa, devemos entregá-lo sempre segurando na lâmina, para que se possa pegar facilmente no cabo.

CONSERVAÇÃO

Para evitar a ferrugem, devemos seguir alguns conselhos:

• Quando regressar de uma atividade, limpe bem o machado, para tirar toda a sujeira e umidade.

• Para retirar ferrugem, use palha de aço.

• Para conservar o machado sem ferrugem, unte a lâmina com óleo, e embrulhe com plástico.

AFIAR A LÂMINA

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Para afiar a lâmina podemos usar uma simples pedra de esmeril, que devemos manter molhada com água ou, melhor ainda, com óleo. Use movimentos circulares, deslocando para frente. Se a pedra for grande, fixe-a (por exemplo, num cepo) e imprima ao machado os movimentos circulares (observe a figura). Se a pedra for pequena, pegue nela com uma mão e, tendo cuidado para não se cortar, anda com ela igualmente em movimentos circulares, mantendo o machado fixo.

Se a lâmina tiver fissuras, devemos começar usando um lima para fazer desaparecer, e só depois usar a pedra de esmeril.

Quando estiver desbastando a lâmina do machado, para retirar as fissuras, tenha cuidado. O fio da lâmina deve ficar com uma forma nem muito longa nem muito curta. Observe a figura para ver qual é a melhor forma.

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REPARAÇÃO DO CABO

Se por acidente, ou qualquer outro motivo, o cabo do machado se partir, eis uma forma fácil de retirar os restos da madeira do cabo de dentro do olhal da lâmina. Cave um pequeno buraco na terra onde enterrara ligeiramente a lâmina deixando o olhal de

Depois, faça uma pequena fogueira em pirâmide por cima, para queimar a madeira. Logo que acabe o fogo, poderá retirar facilmente os restos de madeira queimada de dentro do olhal, devemos mergulhar a lâmina em água fria para que não destempere.

Depois de feito o cabo novo, inseri-lo no olhal e fixá-lo com uma cunha.

O machado deve ser bem equilibrado. Para testar o equilibro, coloque o machado sobre o dedo indicador, na zona onde acaba o cabo e começa a lâmina. Se o machado se equilibrar é porque está em boas condições de equilíbrio.

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Num machado bem alinhado, o gume da lâmina deve estar em linha com a ponta do cabo.

Para evitar que o cabo rache ao bater com a ponta numa superfície dura, devemos cortar essa mesma ponta.

3.4 -FOGO E FOGUEIRAS

Você necessitará do fogo para se aquecer, se manter enxuto, sinalizar, cozinhar, purificar a água pela fervura e também para se divertir. Não despreze os conselhos que se seguem, todos baseados em velha experiência e de valor comprovado. Não faça uma fogueira grande demais. As fogueiras pequenas exigem menos combustíveis e são mais fáceis de controlar, além do que, o seu calor pode ser concentrado. No tempo frio, pequenas fogueiras dispostas em círculo, em volta de um individuo, produzem efeito melhor do que uma única grande fogueira.

Preparação do local para o fogo

Prepare o local para a sua fogueira com cuidado. Limpe a área e remova as folhas, raminhos, gravetos, musgo e capim seco, a fim de não estabelecer um incêndio geral na floresta. Se o chão estiver seco, raspe tudo até chegar à terra pura. Se a

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fogueira tiver de ser acesa sobre terra molhada, arme-a sobre uma plataforma de toras ou de pedras chatas.

O combustível

A maior parte dos combustíveis não se inflama ao contato direto de um fósforo aceso. Para iniciar a sua fogueira, você precisará de material facilmente inflamável. Eis alguns materiais de fácil ignição: gravetos finos e bem secos, casca de árvore, bem seca, folhas de palmeira, raminhos secos, musgo solto que se encontra no chão, capim seco e ainda em pé, fetos de samambaias, pequenos pedaços de pau, rache-os e corte lasquinhas finas e compridas. Todo o material desta espécie que sobrar deverá ser cuidadosamente resguardado da umidade. Um pouco de gasolina facilitará a combustível. Não derrame gasolina ao fogo já iniciado, mesmo que não se veja chama alguma, ela poderá estar oculta pela fumaça. Para lenha, use a madeira de árvores mortas e secas e também galhos secos. E fácil quebrar e rachar madeira seca, basta bater com ela de encontro a uma rocha qualquer. Na madeira caída no chão, como por exemplo, um tronco de árvore, poderá estar seco mesmo que a parte de fora esteja úmida.

Quase em toda parte é possível encontrar madeira verde que queime, especialmente quando picada em pequenos fragmentos. Nas áreas sem árvores você poderá achar outros combustíveis naturais, como capim seco, que poderá ser reunido em pequenos molhos, o esterco, a gordura animal e às vezes até o carvão.

Acendendo a fogueira sem fósforos

Em primeiro lugar procure e prepare quaisquer das seguintes espécies de isca, madeira pulverizada bem seca de casca de árvore ou o miolo retalhado de folhas de palmeira morta, fios de sisal ou linha de pano desfiado, que também poderá ser de algodão, barbante ou mesmo de gaze para curativos, raspas de plantas. Também a paina, penas finas dos pássaros ou ninhos de passarinhos, ninhos de ratos campestres ou pó de madeira moída pelos insetos com freqüência encontrada sob a casca de árvores mortas. Todo e qualquer material deverá estar perfeitamente seco. Ele queimará com mais facilidade se for agregado ao mesmo algumas gotas de gasolina.

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Uma vez preparado o material de isca, guarde algum para uso futuro em um recipiente hermeticamente fechado. Acenda-o em local protegido do vento. Experimente os seguintes métodos:

Pederneira Este é o método é eficaz de fazer fogo sem o auxílio de fósforos. Para isto, utilize a pederneira (pedra dura). Se você não dispuser de pederneira, veja se arranja um fragmento de rocha bem dura, com o qual possa produzir faíscas.

Se o fragmento quebrar-se ou até deixar riscar com demasiada facilidade quando atingido pelo aço, jogue-o fora e arranje outro pedaço. Aproxime as mãos prontas para bater na pederneira, por cima e bem próximas à isca, que deverá estar perfeitamente seca. Com a lâmina da faca ou um pequeno pedaço de aço, fira a pederneira em movimentos rápidos, de cima para baixo de modo que as faíscas produzidas caiam bem ao centro da isca.

Juntando-se à isca umas poucas gotas de gasolina, antes de deflagrar as faíscas, a ignição da isca será facilitada

Uma vez acesa a isca, abane-a suavemente até surgir uma chama. Leve então a isca incendiada até o ponto onde deverá ter princípio a fogueira, ou então vá ajuntando gravetos e pequenas iscas de madeira seca sobre a isca até que a fogueira pegue definitivamente.

Lente Qualquer lente convexa de uns 5cm ou mais de diâmetro pode ser usada, com Sol brilhante, para concentrar os seus raios sobre a isca e acendê-la.

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Atrito Muitos são os métodos de produzir fogo pelo atrito (arco, ranhura ou estria, tira de couro, etc.). Se o método escolhido for o da ranhura, corra o pauzinho para cima e para baixo no sulco (ranhura), acelerando o ritmo até obter fogo na isca, mas todos esses métodos requerem muita prática. Se você conhece bem um desses métodos, não deixe de usá-lo, mas não esqueçam que a pederneira (pedra dura) e o aço dar-lhe-ão os mesmos bons resultados, com menos trabalho.

Com uma Correia Você poderá ainda obter fogo usando uma correia de fibra seca e forte, esfregando-a com um movimento contínuo que deverá ser aumentando em ritmo progressivo. O atrito produzirá o calor suficiente para a isca pegar fogo.

Bomba de Atrito

Outro método pouco usado é através de uma Bomba de Atrito. Você poderá construir sua Bomba de Atrito em apenas algumas horas de atividade, certamente você se surpreendera com o resultado, alem de ser uma ferramenta muito útil nos acampamentos, é uma excelente atividade.

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Repare nas fotos que a um peso na ponta da Bomba de Atrito, quanto maior o peso, maior será o atrito produzido.

Conselhos Úteis

Não desperdice os seus fósforos procurando acender uma fogueira mal preparada. Não sendo necessário, não acenda fogueiras aqui, ali e acolá, economize o combustível.

Experimente todos os métodos primitivos de fazer fogo e procure tornar-se eficiente em pelo menos um deles, antes que se acabem os seus fósforos. Traga sempre consigo um pouco de material de “isca”, bem resguardado da umidade, dentro de um saquinho impermeável ou de um receptáculo hermeticamente fechado. Nos dias secos e de sol quente, exponha as iscas aos raios solares.

Um pouco de carvão vegetal, pulverizado, adicionado a isca, fará com que pegue fogo com mais rapidez.

Não perca oportunidade de ajuntar iscas onde quer que encontre.

Mantenha a lenha para a fogueira bem abrigada da umidade.

Aproveite o calor do fogo já armado para secar a lenha úmida.

Poupe algumas das suas melhores iscas e alguma lenha para rapidamente acender nova fogueira, pela manhã.

Para rachar pedaços mais grossos (ou pequenas toras) de madeira dura, corte pedaços em forma de cunha e crave essas cunhas na casca das toras com uma pedra ou pedaço de pau pesado (uma clava), a lenha rachada queima com mais facilidade.

Para que uma fogueira dure a noite toda, ponha toras grandes em cima de modo que o fogo queime até o miolo da madeira.

Uma vez formada a camada bem rica de brasas vivas, cubra-as levemente com cinza e por cima da cinza ponha terra seca. Pela manhã o fogo estará ainda aceso.

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O fogo pode ser transportado de um local para outro, sob a forma de pedaços incendiados de madeira em decomposição, de “palha” de coco, ou de brasas de bom tamanho. Coloque o material incendiado, ou em brasas, sob a nova fogueira, e abane ou sopre, até pegar fogo.

Não desperdice material combustível. Utilize somente o que for necessário para começar e manter acesa a fogueira. Quando abandonar o local do acampamento, apague cuidadosamente a fogueira.

Nos trópicos, a madeira para fazer fogo é abundante. Mesmo que esteja molhada por fora, o interior estará suficientemente seco (isto em se tratando de tronco morto) para queimar.

Nas zonas com palmeiras, você poderá arranjar bom material para isca se fizer uso das fibras dos talos das folhas de palmeira.

O material encontrado dentro dos ninhos de cupim e a própria “casa” dos mesmos, na parte inferior, constitui um bom material para fogueira.

Folhas verdes, atiradas ao fogo, provocam uma fumaça que muito contribuirá para manter afastados os mosquitos e também para sinalizar.

A reserva de lenha para o fogo deverá ser guardada sob o abrigo, a fim de que se conserve o máximo possível seco.

A madeira e o material de isca que sobrarem se estiverem úmidos, deverão ser secados junto à fogueira e guardados para uso futuro.

Tipos de Fogueiras

Fogo Caçador Um dos melhores para cozinhar. Escolha dois troncos verdes de cerca de 50 cm de comprimento e 15 cm de

diâmetro cada. Coloque-os lado a lado, com a abertura mais larga virada para o vento e a mais estreita sendo usada para apoiar as panelas. Mantenha o fogo baixo. Acrescente lenha

quando for necessário. O uso de carvão também é apropriado. Os troncos verdes podem ser substituídos por

grandes pedras ou tijolos adequadamente empilhados.

Fogo Estrela Nada melhor que fazer uma roda de amigos os redor deste fogo. Ele é de longa duração, com calor brando. Consome pouco combustível e não necessário cortar lenha. Junte alguns troncos ou galhos ecos, disponha-os em forma de

estrela de modo que todos se encontrem no centro, onde se acende uma pequena fogueira. À medida que as pontas

vão se queimando, é só empurrar a lenha mais para o centro.

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Fogo de Conselho Esta montagem e ótima para iluminar, comece com uma

mecha em seguida comece a colocar os troncos mais grossos e vá afinando.

Fogo em Linha Esta montagem de fogueira é pouco usada, pois e difícil

iniciar o fogo.

Fogo de Trincheira Este fogo consome pouca lenha, oferece menos riscos, não é incomodado pelo vento e não irradia tanto calor, sendo

apropriado para os dias quentes. Construa uma valeta mais rasa e larga de um lado, e mais funda e estreita do outro,

para que o vento sopre do lado mais largo para o mais estreito. Se o chão for duro, corte as bordas bem retas de modo que apóiem as panelas ou cruze sobre a cova alguns

galhos bem verdes que possam apoiá-las. O único inconveniente deste fogo é ficar ao chão, o que deixa seu

uso desconfortável.

Fogo Refletor Para as noites frias, prepare este excelente aquecedor

natural: construa uma pequena murada com troncos verdes para dirigir o calor em uma só direção. Prepare a fogueira protegida na muralha. Cuide para que o vento sopre em

direção à muralha e não à barraca. Uma rocha ou barranco também podem funcionar como refletor. Neste caso, verifique se o local é bom para se armar uma barraca.

Fogo em Cone Características: dá bastante calor e as chamas sobem como

um fio dando muita iluminação. Como os troncos são consumidos rapidamente, necessita de maior manutenção. A base é um quadrado com 1 a 1,2m de lado, dispondo-se

dentro dele numerosos troncos colocados em cone.

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3.5 -LAMPIÕES

Uso de lampiões

São dois os tipos de lampiões mais usados pelos Escoteiros: a gás e a querosene. O lampião a gás, devido à facilidade de uso, limpeza e menor risco de acidente, deve ser o preferido. Para o uso de qualquer tipo de lampião, é muito importante observar as seguintes regras:

Antes de usar

Verificar na sede as condições do lampião. Conforme o tipo de lampião, observe o seguinte:

Lampião simples a querosene

Tamanho do pavio ou mecha

• Quantidade de combustível (dependendo do transporte às vezes é melhor levar vazio, para não derramar)

• Estado do vidro (leve reserva)

Lampião de pressão a querosene

• Estado da "camisa" (tenha sempre algumas de reserva)

• Quantidade de querosene (dependendo do transporte às vezes é melhor levar vazio, para não derramar)

• Quantidade de agulhas

• Reserva de álcool, para acender

• Estado do vidro (leve reserva)

Lampião a gás

• Estado da "camisa" (leve reserva)

• Quantidade de gás no bujão

• Se a rosca do lampião se adapta ao bujão disponível

• Estado do "filtro" ou "vaporizador"

• Estado do vidro (leve reserva)

• Estado dos anéis de borracha de vedação, (se estiverem ressecados, com rachaduras, troque)

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Durante o uso

• Coloque sempre o lampião em lugar firme e plano

• Se pendurar, verifique antes se a pioneiria ou galho suporta realmente o peso

• Não coloque onde possa apanhar chuva ou orvalho. Deixe-o sob o toldo da cozinha, na barraca de intendência ou cubra-o com um plástico depois que esfriar

• Jamais deixe qualquer lampião apagado dentro da barraca ou no local em que você estiver dormindo! Há perigo de vazamento, e acidente mortal

• Transporte com cuidado, evitando choques ou pancadas. Se o lampião estiver aceso ou se foi apagado há pouco, cuidado com onde põe as mãos, pois pode queimar-se gravemente

• Jamais deixe um lampião aceso dentro da barraca. Pode causar um incêndio.

Acendimento

A maneira de acender um lampião varia de acordo com o tipo, mas sempre tome as seguintes precauções:

• Que o lampião esteja firme, sem risco de tombar

• Que não haja nada de inflamável por perto (álcool, querosene, gasolina, plástico etc.)

• Que haja combustível, que a "camisa" ou mecha esteja em perfeito estado

• Que o lampião esteja bem fixado ao bujão de combustível

Vamos ver agora como se acende cada tipo de lampião.

Querosene simples

Levanta-se o vidro pressionando a alavanca que existe para esse fim, normalmente próximo a base do vidro. Suspenso o vidro, aproxima-se a chama do, fósforo ao pavio. Quando acender, baixa-se o vidro, e regula-se a chama, para | que não escureça o vidro. Para apagar, basta suspender o vidro e soprar.

Querosene a pressão

O processo para acender esse tipo de lampião, varia de acordo com o seu fabricante. Portanto o melhor é consultar alguém que possua um lampião igual e que já tenha prática em seu manejo.

A gás

Se a "camisa" estiver em perfeito estado, abra um pouquinho a torneira de gás e aproxime a chama do fósforo (pela abertura existente) da "camisa" sem tocá-la. O

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lampião está aceso. Aumente o fluxo de gás, torcendo o botão da torneira e terá maior claridade. Para apagar é só fechar a torneira.

Trocar a "camisa"

Remova a parte superior e retire o vidro. Tire a camisa danificada e amarre no mesmo local uma nova. Aperte o barbante com cuidado para não romper, Recoloque todas as peças no lugar e fixe a tampa com o parafuso.

Para acender com a "camisa" nova, depois do lampião montado acenda a "camisa" sem ligar o gás nem tocá-la com o fósforo. Quando ela estiver queimada, abra um pouquinho a torneira e acenda o lampião conforme já foi explicado.

Limpeza

Qualquer equipamento dura mais e presta melhores serviços se for bem cuidado. Portanto, mantenha o seu lampião sempre em boa ordem, livre de sujeira e ferrugem. Verifique sempre o seu estado antes e depois de cada atividade, reparando ou trocando alguma peça sempre que houver necessidade.

Lembre-se que observar essas regras pode evitar acidentes desagradáveis.

Uso de fogareiros

Os fogareiros que podem ser usados são a gás e o de querosene a pressão. As regras de segurança

As regras de segurança são idênticas as que já foram explicadas para uso do lampião. Vamos apenas lembrar uma das mais importantes: Em nenhuma hipótese durma próximo a um fogareiro, mesmo apagado.

Para que os fogareiros possam prestar bons serviços, é indispensável que sejam mantidos limpos e em ordem. O que foi falado sobre limpeza de lampiões, também vale para fogareiros.

Assim antes de usá-los verifique sempre o seguinte:

Fogareiro a querosene (pressão)

• Quantidade de combustível

• Quantidade de agulhas

• Álcool para acender

Fogareiro a gás

• Quantidade de combustível

• Se a rosca se adapta ao bujão disponível

• Estado das borrachas de vedação, (troque se estiverem ressecadas, com rachaduras)

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Acendimento

Para acender cada tipo de fogareiro e só ler com atenção as instruções abaixo:

Fogareiro a querosene (pressão)

• Abra a saída de ar

• Coloque o álcool no queimador e acenda

• Quando o álcool estiver no final, feche a saída de ar e bombeie

Pronto, está aceso! Se houver algum problema com a chama pode ser entupimento, use a agulha. Para apagar e só abrir a saída de ar.

Fogareiro a gás

Fixe muito bem no bujão (se houver vazamento é porque os anéis de borracha da vedação estão velhos. Troque-os) Abra a torneira do gás e aproxime o fósforo aceso do queimador

• Se a chama não estiver satisfatória, gire o anel da entrada de ar

• Para apagar é só torcer a torneira em sentido contrário

3.6 - FOSSAS E RESIDUOS

TIPOS FOSSAS LIQUIDOS: tamanho médio 40 x 40 x 40 cm Forrada com camada de pedras e folhas Tampa com peneira com galhos e folhas SÓLIDOS: tamanho médio 40 x 60 x 60 cm Com tampa para vedar Colocar sempre uma camada de terra Resíduos: latas comuns amassar e queimar antes LATRINAS: tamanho varia de acordo com o n.º de pessoas e dias Média 50 cm x 1 m x 80 cm Masc. E fem. Separadas LOCALIZAÇÃO - fazê-la em local afastado (pelo menos 50 m) das fontes de água, trilhas e local de acampamento; deixar a pá perto, ao usá-la colocar sempre um pouco de terra sobre os dejetos, não enterrar nada na latrina a não ser dejetos humanos.

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- cuidar predominância dos ventos, tipo de solo, deve ser de fácil acesso - deve ser a primeira a construir MANUTENÇÃO E HIGIÊNE FOSSAS: limpeza, substituição de materiais, etc. LATRINAS: - desinfeção (cal ou criolina) - Limpeza das pionerias - tapar parcialmente FOSSAS tampas: - na liquida fazer uma peneira com galhos e folhas secas - na sólida com galhos e folhas (mais fechado) - as tampas podem ser móveis

LATRINAS: - assento apropriado para masc. e fem., cobertura ventilada - é muito importante fazer uma pioneria para apoiar-se na hora do uso ( bem feita,segura, higiênica, etc.)

3.7 KIT DE SOBREVIVÊNCIA

O kit de sobrevivência pode ser uma das peças de equipamento mais úteis. O seu conteúdo pode variar, tendo em atenção o tipo de terreno para onde vamos, mas existe uma constituição base. O kit é de fácil utilização e não é caro, pode caber numa

caixa de tabaco. É bom criar o hábito de transportar, "diariamente ", a caixa (que pode caber fácilmente no bolso de um casaco) e de verificar regularmente se o conteúdo não se deteriorou, dando particular atenção aos fósforos e aos comprimidos. Para evitar algum barulho, envolva o conteúdo do kit no algodão, que poderá ser utilizado para atear fogo.

O seu kit de sobrevivência deverá conter os seguintes objetos:

Fósforos, que deverão ser utilizados só em último caso, ou seja quando outros métodos de fazer fogo falharem;

Vela, fonte de luz útil para atear fogo (a cera de sebo pode ser comida em caso de emergência);

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Pederneira, certifique-se de que a sua pederneira inclui serra - esta combinação permite uma utlização bastante grande, após acabarem os fósforos. Lupa, boa para acender o fogo; depende apenas de radiação solar suficiente

Conjunto de costura, ideal para consertar a sua roupa e outros materiais;

Comprimidos purificadores de água, devem ser utilizados sempre que a água que vai consumir não ofereça confiança e não tem outro método de purificá-la;

Bússola de pequenas dimensões e preenchida com líquido (verificar se há fugas com regularidade);

Espelho, pode ser utilizado para sinalização;

Alfinetes de segurança (de fralda) úteis para segurar peças de roupa, para utilizar como anzóis e para pequenas armadilhas;

Anzóis e linha, o conjunto de pesca deve ter a maior quantidade de linha possivel, deverá também incluir chumbadas;

Serra de arame que pode ser usada para cortar árvores de grande porte (para a proteger da ferrugem cubra-a c/ uma folha

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oleada);

Saco de plástico grande, para transporte de àgua e outros materiais, assim como é óptimo para destilação ao sol (construíndo-se alambiques ou aproveitando a transpiração das plantas); colocado sobre um buraco, é um eficiente coletor de orvalho.

Permanganato de potássio, tem várias aplicações desde anti-séptico a uma espécie de antibiótico quando dissolvido em água;

Arame de latão de ø 1,5 mm, para utilização em armadilha

“s” para animais, repetitivamente.

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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ANCORAGEM

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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ABRIGOS E BIVAQUES

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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COMIDA MATEIRA

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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FERRAMENTAS

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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FOGO

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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HIGIENE

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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LATRINAS

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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MACHADO

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PADRÕES DE ACAMPAMENTO

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PONTES

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PORTAIS

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Referências Bibliográficas: Manual CTAr Livre – UEB\RJ Manual Curso Técnico de Padrões de Acampamento – UEB Site Trilhas & Rumos Modulo Pioneirias: Chefe DCIM Fernando Antonio Camargo – UEB\MG Dicas e Equipamentos: Chefe DCIM André Luiz Corrêa Gomes UEB\MG BECK, Sérgio F. Convite à aventura. Edição do autor, 1996 ([email protected]) FEJES, Alexandre. Milagres da cozinha escoteira no acampamento. São Paulo: Centro de Difusão do Conhecimento Escoteiro Aldo Chioratto, 2004. (disponível na página da Região Escoteira de São Paulo)

Ch. André Luiz Corrêa Gomes

Revisão

Chefe Fernando Antonio Camargo

Maio de 2011

União dos Escoteiros do Brasil CRGA - Região Escoteira de Minas Gerais

Diagramação e Montagem – Organização de Conteúdo

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