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BREVE CRONOLOGIA DE HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE (cca 1950-2005) FACTOS POLÍTICOS 1949 Portugal torna-se membro da NATO/OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 1951 através de uma emenda constitucional Portugal muda o estatuto juridico de Moçambique de colónia para Província ultramarina. 1961 um grupo de jovens estudantes das colónias portuguesas (Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Marcelino dos Santos reuniram-se em Casablanca, no Marrocos, e constituiram a CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas) 1962 (23 a 28 de Setembro) realiza-se em Dar es Slam (Tanzania) o I Congresso da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) que resultou da fusão de três movimentos: UDENAMO (formada em 1960 na então Rodésia do Sul na cidade de Bulawayo, era costituida por individuos oriundos de Manica e Sofala, Gaza e Lourenço Marques), a MANU-Mozambique African National Union (criado em Mombaça no Quénia em 1961 nele militavam indivíduos vindos de Cabo Delgado) e a UNAMI (constituida em 1961 na Niassalândia era representada por pessoas provenientes de Tete, Zambézia e Niassa). Estas organizações eram caracterizados por posicionamentos tribais e regionalistas. O novo movimento elege para presidente do movimento Eduardo Chivambo Mondlane. 1970 apoiado pela OTAN e pela África do Sul, Portugal desencadeia uma grande ofensiva militar designada "Nó Górdio" e que foi liderada por Kaúlza de Arriaga. A operação tinha por objectivo liquidar definitivamente a FRELIMO. 1974 (25 Abril) golpe de Estado/"Revolução dos Cravos", em Lisboa, protagonizado pelo MFA (Movimento da Forças Armadas) e que decorreu sem derramamento de sangue. Consequentemente Portugal renúncia ao seu império colonial e o regime fascista liderado por Marcelo Caetano chega ao seu término. 1974 (7 Setembro) Acordo de Lusaka (capital da Zâmbia) entre le Portugal e a FRELIMO; este acontecimento simboliza o fim dos dez anos de guerra anti-colonial levada a cabo pela FRELIMO.o acordo de Lusaka previa a formação de um governo de transição que organizaria o processo referente à independência de Moçambique. O Governo de Transição foi constituído em Inhambane (praia do Tofo) tendo sido escolhido Joaquim Chissano para liderar este elenco.

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  • BREVE CRONOLOGIA DE HISTRIA DE MOAMBIQUE (cca 1950-2005)

    FACTOS POLTICOS

    1949 Portugal torna-se membro da NATO/OTAN (Organizao do Tratado do Atlntico Norte).

    1951 atravs de uma emenda constitucional Portugal muda o estatuto juridico de Moambique

    de colnia para Provncia ultramarina.

    1961 um grupo de jovens estudantes das colnias portuguesas (Amlcar Cabral, Agostinho Neto,

    Marcelino dos Santos reuniram-se em Casablanca, no Marrocos, e constituiram a CONCP

    (Conferncia das Organizaes Nacionalistas das Colnias Portuguesas)

    1962 (23 a 28 de Setembro) realiza-se em Dar es Slam (Tanzania) o I Congresso da FRELIMO

    (Frente de Libertao de Moambique) que resultou da fuso de trs movimentos: UDENAMO

    (formada em 1960 na ento Rodsia do Sul na cidade de Bulawayo, era costituida por individuos

    oriundos de Manica e Sofala, Gaza e Loureno Marques), a MANU-Mozambique African

    National Union (criado em Mombaa no Qunia em 1961 nele militavam indivduos vindos de

    Cabo Delgado) e a UNAMI (constituida em 1961 na Niassalndia era representada por pessoas

    provenientes de Tete, Zambzia e Niassa). Estas organizaes eram caracterizados por

    posicionamentos tribais e regionalistas. O novo movimento elege para presidente do movimento

    Eduardo Chivambo Mondlane.

    1970 apoiado pela OTAN e pela frica do Sul, Portugal desencadeia uma grande ofensiva

    militar designada "N Grdio" e que foi liderada por Kalza de Arriaga. A operao tinha por

    objectivo liquidar definitivamente a FRELIMO.

    1974 (25 Abril) golpe de Estado/"Revoluo dos Cravos", em Lisboa, protagonizado pelo MFA

    (Movimento da Foras Armadas) e que decorreu sem derramamento de sangue.

    Consequentemente Portugal renncia ao seu imprio colonial e o regime fascista liderado por

    Marcelo Caetano chega ao seu trmino.

    1974 (7 Setembro) Acordo de Lusaka (capital da Zmbia) entre le Portugal e a FRELIMO; este

    acontecimento simboliza o fim dos dez anos de guerra anti-colonial levada a cabo pela

    FRELIMO.o acordo de Lusaka previa a formao de um governo de transio que organizaria o

    processo referente independncia de Moambique. O Governo de Transio foi constitudo em

    Inhambane (praia do Tofo) tendo sido escolhido Joaquim Chissano para liderar este elenco.

  • 1975 (25 de Junho) Proclamao da independncia de Moambique. Samora Moiss Machel

    presidente da FRELIMO, torna-se o primeiro presidente da Repblica de Moambique e

    comandante das foras armadas de Moambique.

    1975 (Setembro) Entrada de Moambique na ONU.

    1976 (3 de Maro) na sequncia das sanes decretadas contra o governo de Ian Smith,

    Moambique fecha suas fronteiras Rodsia. Samora Machel proclama o estado de guerra contra

    a Rodsia.

    1976 A Rodsia inicia bombardeamentos areos dirigios contra as infraestrutruras conomicas

    nacionais ao longo da fronteira ocidental de Moambique, aparentemente sob o pretexto de que o

    governo moambicano apoiava a ZANU (movimento guerrilheiro dirigido por Roberto Mugabe,

    que lutava pela independncia do Zimbabwe).

    1976 Criao, em Moambique, da RNM (Resistncia Nacional de Moambique), este

    movimento guerrilheiro, que se opunha poltica do governo moamambicano, foi dirigido por

    Andr Matsangaissa (dissidente do exrcito - FPLM) que passou a ser apoiado pela Rodsia.

    Deu-se assim o incio de um longo conflito que durou dezasseis anos.

    1977 (4 de Fevereiro) Realizao do III Congresso da FRELIMO, que se declarou como partido

    marxista-leninista.

    1981 A RNM passa a designar-se RENAMO. Este movimento, aps a morte de A. Matsangassa,

    passa a ser dirigido por Afonso Marceta Dhlakhama actual presidente do partido RENAMO.

    1984 (3 de Outubro) Acordo de cessar-fogo entre le governo e os rebeldes da RENAMO.

    1983 IV Congresso da FRELIMO. Samora Machel reconduzido nas suas funes de presidente

    do Partido FRELIMO. O congresso marcado por acesos debates relativos linha poltica do

    partido. Inicia assim o processo de reformas referentes ideologia do partido e ao modelo de

    desenvolvimento econmico.

    1984 (16 Maro) Os presidentes Pieter W. Botha dafrica do Sul e Samora Machel de

  • Moambique assinam em Nkomati um pacto de no-agresso e de boa vizinhana entre os

    dois pases.

    1984 (3 de Outubro) Accordo de cessar-fogo entre ogoverno e a RENAMO.

    1985 Aps o malogro do acordo a guerra retomada.

    1986 (19 de Outubro) Um acidente de aviao em Mbuzini (frica do Sul), vitimou o presidente

    Samora Machel. Foram vtimas dete acidnte o presidente Samora Machel e a maior parte dos

    membros da delegeo.

    1986 (3 de Novembro) O Comit central da FRELIMO elege Joaquim Alberto Chissano para o

    cargo de presidente de Moambique.

    1989 (31 de Julho) V Congresso da FRELIMO. O Partido abandona formalmente a referncia ao

    marxismo-leninismo.

    1990 (2 de Novembro) Adopo da nova Constituio que instaura o multipartidarismo, a

    abolio da pena de morte, o direito greve, a economia de mercado e mudana da designao do

    pas de Repblica Popular de Moambique para a de Repblica de Moambique.

    1992 (4 de outubro) Acordo de paz assinado em Roma por Joaquim Alberto Chissano

    (presidente da Repblica) e Afonso Marceta Dlakhama, lder da RENAMO. Este acto ps fim

    aos 16 anos de guerra entre os rebeldes e o governo.

    1993 (3 Maro mars) Chegada dos "capacetes azuis" para uma operao de manuteno de Paz

    designada ONUMOZ (desarmamento e reintegrao dos antigos militares e combatentes da

    RENAMO bem como a formao do exrcito de unidade nacional.

    1994 (27/29 de Outubro) Realizao das primeiras eleies presidenciais e legislativas

    multipartidrias. Joaquim Chissano eleito Presidente da Repblica. A RENAMO torna-se o

    segundo partido mais votado e ganha uma boa margem de assentos na assembleia da repblica.

    1995 (31 de Janeiro) Fim do mandato da ONUMOZ. A ONU aprova os resultados das eleies.

    Neste mesmo ano Moambique adere Commonwealth

  • 1995 (12 de Novembro) Moambique torna-se membro da Commonwealth.

    1999 (Dezembro) Eleies presidenciais e legislativas. Joaquin Chissano reeleito com 52,29%

    de votos contra 47,71% de Afonso Dhlakama (RENAMO). A oposio reclama haver fraude e

    contesta o escrutnio.

    2000 (Novembro) a oposio contestando os resultados das eleies, organiza violentas

    manifestaes ocorrem por todo o pas e que resultam no trgico acontecimento de Montepuez

    em que pereceram dezenas de pessoas: manifestantes, prisioneiros e polcias.

    2003 Realiza-se em Maputo a cimeira para a constituio da Unio Africana (U.A.); neste

    encontro Joaquim Alberto Chissano, presidente de Moambique, sucede a Thabo Mbeki (da

    frica do Su) na presidncia da Unio Africana.

    2004 (Dezembro) realizam-se eleies presidenciais e legislativas. Armando Emlio Guebuza e o

    seu partido FRELIMO ganham a presidncia da Repblica e larga maioria de assentos no

    parlamento moambicano.

    FACTOS ECONMICOS

    A partir de finais do sc. XIX a economia colonial em Moambique repousa sob dois pilares

    fundamentais: o capital de plantaes (representado pelas companhias magestticas e

    arrendatrias no centro e norte) e o capital mineiro (atravs do fluxo migratriode trabalhadores

    moambicanos para a frica do Sul).

    1953-1958 I Programa de Fomento Nacional

    1960-1975 Construo da barragem hidrolectrica de Cabora-Bassa (na provncia de Tete) que

    produz cca de quatro mil megawatts. O principal consumidor desta energia a ESKOM empresa

    d'electricidade da frica do Sul. A partir de Novembro de 2005 este empreendimento passou para

    a gesto maioritria de Moambique.

    1975 (24 de Julho) O governo moambicano decreta a nacionalizao de todos os bens mveis e

    imveis (hospitais, escolas, empresas, prdios de rendimento e terras).

    Para reduzir as assimetrias herdadas do tempo colonial, o novo governo desenvolveu planos

    tendentes a contemplar a dotar as populaes rurais de infraestruturas bsicas. Assim sendo e no

  • mbito das polticas de desenvolvimento traadas pelo governo, foram adoptadas duas

    modalidades bsicas a saber: a introduo das aldeias comunais e das cooperativas de

    produo. Este conjunto de medidas tiveram por objectivo fundamental a socializao do campo.

    1976 (Maro) Moambique fecha as suas fronteiras com a Rodsia e consequentemente a linha

    frrea e o oleoduto/pipeline ligando Beira Rodsia.

    1978 A frica do Sul suspende o pagamento de salrios em ouro, Moambique, uma prtica

    que remontava dos acordos anteriores entre o governo colonial e as autoridades sul-africanas.

    Esta medida implicou uma reduo significativa de divisas para Moambique.

    1980 criao da SADCC da qual Moambique pasou a fazer parte coordenando o sector de

    Transportes e Comunicaes

    1984 (Junho) Moambique adere Conveno de Lom, um passo formal para a adeso ao

    grupo A.C.P. (frica, Carabas e Pacfico. Esta medida permite ao pas iniciar passos para a

    cooperao com a CEE nos domnios econmico, social e cultural.

    1987 o governo moambicano apresenta ao pas o Programa de Reabilitao Econmica (PRE)

    um novo instrumento para a revitalizao da economia nacional.Esta medida permite o incio dos

    apoios de instituies financeiras como o FMI e o Banco Mundial seguidos por: BAD (Banco

    Africano de Desenvolvimento), BID (Banco Islmico de Desenvolvimento) e outras organizaes

    estatais: USAID - EUA, SIDA/SAREC - Sucia, DANIDA - Dinamarca, NORAD - Noruega; e

    da ONU - FNUAP, PNUD, FAO, PMA, UNESCO e UNICEF.

    1992 (Agosto) em Windhoek (capital da Nambia) a SADCC transforma-se em SADC

    (Comunidade para o Desensolvimento da frica Austral) passam afazer parte deste organismo os

    seguintes pases: Angola, Botswana, Repblica Democrtica do Congo, Lesotho, Malawi,

    Maurcias, Moambique, Nambia, Seycheles, RSA, Suazilndia, Tanzania, Zmbia e Zimbabwe.

    Moambique aderiu igualmente a outras organizaes ou programas regionais tais como a

    COMESA (organizao comercial dos pases da frica Oriental) e o NEPAD ( Nova Parceria

    para o Desenvolvimento da frica)

    1998 (22 Janeiro) Os membros do clube de Paris reduzem a dvida moambicana em 80%

    Mozambique. Incio do funcionamento da MOZAL I, fbrica de alumnio, que aps a barragem

  • de Cabora Bassa, o segundo grande projecto industrial istalado em Moambique. Localizada a

    20 Km de Maputo a fbrica tem como accionistas principais: BHPbilliton australiana (47%),

    Mitsubishi Corporation of Japan (25%), IDC-Industrial Development Corporation of South

    Africa (24%) e o Estado Moambicano (4%).

    1990 Moambique apresenta em Paris o Programa de Reabilitao Econmica e Social (PRES)

    2000 (Setembro) Inaugurao oficial da MOZAL I, uma fbrica situada em Beluluane

    produzindo cca de 253.000 toneladas de alumnio por ano.

    2003 (Maro) Inaugurao da fbrica MOZAL II (segunda fase do projecto MOZAL). A

    produo de alumnio sobe para 506.000 toneladas por ano.

    2004 (Junho) Inaugurao oficial da explorao do gs natural de Pande (na provncia de

    Inhambane a sul do pas) que fornece cca de 120 giga joules duma reserva calculada para 25 anos

    de explorao. Numa primeira fase o gs maioritariamente exportado para a frica do Sul por

    meio de um gaseoduto de 586 Kms ligando Moambique (Pande/Temane) frica do Sul

    (Secunda).

    2004 (21 - 24 Junho) Cimeira da A.C.P. tem lugar em Maputo,

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    Alex Vines (a), RENAMO : terrorism in Mozambique, London, J. Currey, 1991, 176p.

    Alex Vines (b), Angola and Mozambique : the aftermath of a conflict, London, Research Institute for study of conflict

    and terrorism, 1995, 25 p.

    Alex Vines (c), RENAMO. From terrorism to democracy in Mozambique? (2nd rev. Edition)York, Center For

    Southern African Studies, Univ. of York, 1996, 209 p.

    Christian Geffray, La cause des armes au Mozambique : Anthropologie dune guerre civile, Paris, CREDU -

    KARTHALA, 1990, 256 p.

    David Hedges et alii (a), Histria de Moambique: Parte I - Primeiras Sociedades Sedentrias e impacto dos

    mercadores, 200/300-1885, Parte II - Agresso Imperialista, 1886-1930, vol. 1, 2 edio, Maputo, Livraria

    Universitria, pp. 349-400.

  • David Hedges et alii (b), Historia de Moambique: Moambique no auge do colonialismo 1930-1960, vol. 2, 2a edio,

    Maputo, Livraria Universitria, Universidade Eduardo Mondlane, 1999, pp. 161-195.

    Hans Abrahamson et Anders Nilsson, Moambique em transio : um estudo da historia de desenvolvimento durante

    o perodo 1974-1992, Gothemburg/Maputo, Cegraf, 1994, 365 p.

    Ernst Harsch, Mozambique : merger des dcombres de la guerre : LONU se mobilise pour la paix, New York,

    Nations Unis, 1993, 20 p.

    Joseph Hanlon (a), MOZAMBIQUE : the revolution under fire, London, Zed Books, 1990, 294 p.

    Joseph Hanlon (b), MOZAMBIQUE : who calls the shoots? London, James Currey, 1991, 301 p.

    Joseph Hanlon (c), Peace witloof profit : how the IMF blocks rebuilding in Mozambique, Portsmuth, Heinemann, 1996,

    176 p.

    SITES DA INTERNET (consultados no dia 27 de Setembro de 2004)

    www.hcb.co.mz : BARRAGEM DE CAHORA BASSA

    www.mozal.com : site sobre a MOZAL I e MOZAL II et donnes techniques sur les investisseurs et sur la production

    www.sasol.com : site en anglais de lentreprise sud-africaine d'hydrocarbures SASOL -information sur lexploitation de gaz mozambicain Temane (provncia Inhambane - sud du Mozambique), pour la recherche : tapez le mot Pande