critérios de raridade bibliográfica

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Biblioteca de Ciências Biomédicas CRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICA CRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICA JEORGINA GENTIL RODRIGUES Mestre em Ciência da Informação, UFRJ/IBICT. Doutoranda em Informação, Comunicação em Saúde do Icict/Fiocruz. Biblioteca de Ciências Biomédicas, Icict/Fiocruz. E-mail: [email protected] X ENCONTRO NACIONAL DE ACERVO RARO X ENCONTRO NACIONAL DE ACERVO RARO 07- 08 novembro 2012 07- 08 novembro 2012

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Page 1: critérios de raridade bibliográfica

Biblioteca de Ciências Biomédicas

CRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICACRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICA

JEORGINA GENTIL RODRIGUES

Mestre em Ciência da Informação, UFRJ/IBICT. Doutoranda em Informação, Comunicação em Saúde do Icict/Fiocruz.

Biblioteca de Ciências Biomédicas, Icict/Fiocruz. E-mail: [email protected]

X ENCONTRO NACIONAL DE ACERVO RARO X ENCONTRO NACIONAL DE ACERVO RARO 07- 08 novembro 201207- 08 novembro 2012

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

APRESENTAÇÃO

Trata-se de um estudo realizado a partir do acervo da Biblioteca de Ciências Biomédicas do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz, onde atuei como bibliotecária responsável pela gestão do acervo de obras raras até novembro de 2011.

“A certeza de que alguma prateleira em algum hexágono encerrava livros preciosos e de que esses livros preciosos eram inacessíveis, pareceu quase intolerável” (A biblioteca de Babel – Jorge Luis Borges, 2007).

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Antes de qualquer definição de critérios para qualificação de obras raras há que determinar a missão da instituição mantenedora e os seus objetivos.

A partir disso é que o bibliotecário deverá traçar o perfil da biblioteca que atua e depois avaliar o acervo considerado "raro", face à importância desse para a instituição e seu consequente valor para o usuário/cliente.

Só depois da avaliação do acervo é que o bibliotecário poderá definir critérios de raridade bibliográfica.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

CRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICA

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Os conceitos de raridade são, usualmente, baseados no consenso geral do "velho-antigo-precioso-raro”. Assim, para que ao livro seja atribuído o qualificativo de raro, deve-se considerar não apenas a sua beleza tipográfica, antiguidade, unicidade ou valor comercial, mas também o seu considerável potencial de informação (PINHEIRO, 1989).

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Detalhe de ilustração de: Instituto Oswaldo Cruz em Manguinhos. Rio de Janeiro, 1909. Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz.

Nessa perspectiva, um livro para ser considerado “raro” deve ser avaliado sob os seguintes aspectos (PINHEIRO, 1989, p.29-32):

1) limite histórico;2) aspectos bibliológicos;3) valor cultural;4) pesquisa bibliográfica;5)características do exemplar.

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As obras raras podem ser conceituadas em duas grandes categorias: “obras comprovadamente raras e obras circunstancialmente raras” (NARDINO; CAREGNATO, 2005, p. 384).

Na primeira categoria enquadram-se as obras que abrangem determinado limite histórico. Por exemplo, Cunha (1985), generalizando uma classificação, considera que todos os livros impressos até o fim do século XVIII merecem um especial cuidado, não só por serem objetos de feitura artesanal, como também pelo esforço empregado pelo homem em todas as etapas de sua fabricação

As obras circunstancialmente raras são aquelas que se enquadram em critérios preestabelecidos por instituições ou bibliófilos. Por exemplo, o bibliófilo Borba de Moraes (1998, 21) conceitua-se como raro: "Todo livro que cita pela primeira vez um fato importante, marca uma data na História, tem um valor bibliográfico universal, é procurado e se torna geralmente raro”.

CRITÉRIOS DE RARIDADE BIBLIOGRÁFICA

Lygia Cunha, bibliotecária e antiga chefe da Divisão de Referência Especializada, que inclui os setores de Obras Raras, Iconografia, Manuscritos e Música, da Biblioteca Nacional

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Obras publicadas até o século XVII (o fator data impõe-se naturalmente).

A obra Historia Naturalis Brasiliae... (1648) é considerada como o primeiro tratado médico do Brasil. A obra é dividida em duas partes principais. A primeira, de nome De Medicina Brasiliensi, foi da autoria do médico holandês William Piso. A segunda parte, de nome Historiæ Rerum Naturalium Brasiliæ, é composta por oito livros, de autoria do botânico alemão George Marggraf que aborda a história natural. Obra considerada um marco para o progresso da Ciência e para a História Científica do Brasil.

Fonte da imagem: Wilkipédia

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Primorosamente impressa por Elsevier. A obra reúne 429 ilustrações de autoria dos pintores da comitiva de Nassau e algumas xilogravuras do próprio Marggraf, sendo aberto por um frontispício magnificamente ilustrado.

Frontispício da obra Historia Naturalis Brasiliae... (1648). Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Fiocruz.

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A obra Experimenta circa generation insectorum (1671), é considerada um dos primeiros tratados sobre a fisiologia dos insetos, de autoria do naturalista italiano Francesco Redi. Ilustrações produzidas artesanalmente.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Open Library.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Em 10 de setembro de 1808, a Impressão Régia publicou o primeiro periódico impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, que seguia os padrões de tamanho e formato dos jornais europeus e tinha como funções principais divulgar os atos oficiais, noticiar acontecimentos estrangeiros e locais, bem como publicar elogios e reverências a Família Real.

Início do periodismo em qualquer lugar.

Fonte da imagem: Google Images

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Na virada para o século XIX, o botânico mineiro frei José Mariano da Conceição Veloso (1742- 1811) um dos responsáveis pela fundação da Typographia Calcographica e Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego, instituição à qual ficou ligada a célebre frase “sem livros não há instrução”, desenvolveu intensa atividade de publicação de livros com intuito de divulgar aos colonos do império português técnicas para o melhoramento da produção agrícola e da incipiente indústria química (LUNA, 2009).

VELOSO, José Mariano da Conceição. Jacobi Dickson fasciculos Plantarum Cryptogamicarum Britanniae Lusitanorum Botanicorum. Ulysipone: Typographia Domus Chalcographicae, Literariae ad Arcum Caeci, 1800. Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas. – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Fiocruz.

Todo período que caracteriza uma fase histórica, demarcada em função do conjunto bibliográfico (objetivo, utilização, assunto, etc.) e/ou colecionador.

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Folha de rosto de Encyclopédie datado de 1751. Esta grande obra, compreendendo 33 volumes, foi editada por Denis Diderot e Jean le Rond d'Alembert.

Muitas das mais notáveis figuras do Iluminismo francês contribuíram para a obra, incluindo Voltaire, Rousseau e Montesquieu.

Fonte da imagem: Wilkipédia.

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Livros de valor científico editados até o início do Século XX.

Estampa nº 3 do t. 1 obra O Novo methodo de curar: manual de Hygiene (1903) de autoria de M. Platen. Além de "regras de vida, preservação da saúde e cura das moléstias sem o auxílio de drogas", este exemplar apresenta, fora do texto, modelos anatômicos superpostos - em cores.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Fiocruz.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Periódicos de valor científico editados até o início do Século XX.

Há um século, o Brasil enfrentava diversas epidemias. Nossos pesquisadores produziam estudos pioneiros no mundo, descobrindo doenças, identificando vetores, descrevendo agentes patológicos. No entanto, faltavam veículos brasileiros e latino-americanos de alto padrão de impressão e regularidade onde pudessem publicar o conhecimento gerado. Foi neste contexto que nasceu a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, editada desde 1909 pelo Instituto Oswaldo Cruz.

Estampa nº 9, Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. Rio e Janeiro, t.1, 1909. Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Fiocruz.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Detalhe da revista Lancet. Londres, v.1, 1895.. Título ainda corrente. A Biblioteca de Ciências Biomédicas mantém a coleção desde 1823.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Fiocruz.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Trabalhos monográficos de valor científico: teses inaugurais ou doutoramento e livre-docência, defendidas até década de 1940.

Essas teses refletem não apenas o estado dos conhecimentos e desenvolvimentos técnicos de suas respectivas épocas, como também as preocupações sociais e éticas então vigentes nos círculos mais esclarecidos do mundo acadêmico brasileiro .

Trabalhos de valor científico significativo produzidos por cientistas e pesquisadores brasileiros até década de 1940.

Estudos pioneiros de pesquisadores como, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Adolfo Lutz, Rocha Lima, Gaspar Vianna , Vital Brazil entre outros.

Edições especiais (definem-se por si e são importantes porque restritas em suas destinação e objetivos). Obras representativas do escopo da instituição onde está localizada.

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Trabalhos de autoria feminina de valor científico significativo produzidos até década de 1940.

O acesso feminino ao ensino superior aconteceu em 1837, nos Estados Unidos, com a criação dos Women’s College, universidades exclusivas para as mulheres.

No Brasil, o acesso feminino aos cursos acadêmicos demorou a ser implementado. A Reforma Leôncio de Carvalho de 1879, entre seus artigos, concedia, pela primeira vez, a permissão da diplomação de mulheres nos diversos cursos de ensino superior em todo Império brasileiro e a obter o título superior.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

Ilustradas, por métodos artesanais: desenhos feitos de observações diretas ou com base em observações feitas ao microscópio.

Além do valor científico, as ilustrações originais, coloridas à mão, destacam-se na coleção The Naturalist’s Library. Estampa nº 16, v.1 de Entomology, 1840.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da Imagem: Fiocruz.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

A Monograph of the Felidae or Family of Cats. Elliot publicou magníficos in-fólios sobre aves e mamíferos. Obras com descrições minuciosas, de uma perfeição imensa. Desta obra repatriada, foram recuperadas as belíssimas 42 litografias coloridas à mão.

ELLIOT, Daniel Giraud, 1835-1915 . A Monograph of the Felidae or Family of Cats. [London]: by the Author, 1878-1883. Acervo Biblioteca de Ciências Biomédicas do Icict/Fiocruz. Obra Repatriada. Fonte da Imagem: Fiocruz.

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Destaca-se a obra Traité pratique et théorique de la lèpre (1886), de autoria de A. Cullerier, onde se encontram ilustrações científicas muito belas que representavam de forma acurada as dermatoses. Acervo: Biblioteca Professor Francisco Eduardo Rabello – Sociedade Brasileira de Dermatologia – RJ.

Acervo: Biblioteca Professor Francisco Eduardo Rabello – Sociedade Brasileira de Dermatologia – RJ. Fonte imagem: SBD.

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Ilustrada por métodos fotomecânicos: a invenção da fotografia e da fotogravura possibilita novas observações passíveis de serem reproduzidas.

No início do século XX, a fotografia possibilitou o rigor na visualização das lesões cutâneas. Destaca-se aqui o trabalho Leçons cliniques sur leis teignes... (1878) de autoria de C. Lailer. O autor utilizou fotografias em acastanhado e branco no registro das dermatoses.

Acervo: Biblioteca Professor Francisco Eduardo Rabello – Sociedade Brasileira de Dermatologia – RJ. Fonte imagem: SBD.

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Livros com estampas originais de artistas de renome ou dos próprios autores.

A ilustração científica preocupa-se em contar uma história, em descrever uma realidade. Estampa 77 da obra Sertum Palmarum Brasiliensium (1903) do naturalista brasileiro João Barbosa Rodrigues.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Google Image.

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Ilustração do velame-branco (v.6, pt. 1, fasc. 26, prancha nº 42, publicada em 1860) na magnífica obra Flora Brasiliensis... (1840-1906) do médico e botânico alemão Karl Friedrich von Martius apresentando uma extensa classificação de várias plantas do Brasil. Obra considerada um marco para História Científica do Brasil.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Google Image.

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Livro de valor científico editado até o final do século XIX;

A obra On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (1859) de Charles Darwin, é um dos livros mais importantes da história da ciência, apresentando a Teoria da Evolução, base da biologia. Somente na sexta edição (1872), o título foi abreviado para The Origin of Species, como é popularmente conhecido. Obra considerada um marco para o progresso da Ciência.

Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte da imagem: Google Image.

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“coleção brasiliana” - Livros editados até antes de 1901 sobre o Brasil, produzido por autores brasileiros ou viajantes estrangeiros e naturalistas.

Entre 1865 e 1866, Louis Agassiz vem ao Brasil, como chefe da expedição Tayer, passando pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e nordeste do Brasil e terminando na Amazônia. Como resultados de sua viagem publicou o livro Journey to Brazil em 1868. Ilustração “Negra Mina e criança”.

Acervo Biblioteca de Ciências Biomédicas do Icict/Fiocruz. Fonte da Imagem: Fiocruz

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O artista francês François-Auguste

Biard foi um dos mais satíricos críticos da vida cotidiana no clima tropical brasileiro.

A obra Deux années au Brésil (1862) é

ilustrado com dramáticas gravuras de nuvens de mosquitos, invasões de formigas e um extração de bicho-do-pé. As gravuras foram assinadas por Edouard Riou. Ilustração nº 7 Rameurs sauvages et stupides, p. 613. Ilustração “Remadores selvagens e estúpidos”.

Acervo Biblioteca de Ciências Biomédicas do Icict/Fiocruz. Fonte da Imagem: Fiocruz

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Outro conjunto documental importante é aquele atribuído as obras dos viajantes-naturalistas que, durante o século XIX percorreram as terras brasileiras e americanas, deixando inúmeras anotações e iconografias sobre as paisagens e os costumes dos povos.

Os mais famosos viajantes do século XIX foram estrangeiros. Suas obras são até hoje referenciais importantes para o conhecimento da história e da natureza do Brasil. Spix e Martius, o príncipe de Wied-Neuwied, Auguste de Saint-Hilaire, Henry Walter Bates, Alfred Russel Wallace, Hermann Burmeister, Louis Agassiz e Peter Wilhem Lund, além do próprio Darwin, estão entre os naturalistas que percorreram o país.

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“coleção brasiliense”: livros impressos no Brasil, de 1808 até nossos dias e que tenham valor bibliofílico, que é frequentemente acrescido pela presença de assinaturas e dedicatórias.

Edições de tiragens reduzidas. Estes exemplares, geralmente, são numerados, assinados ou rubricados pelo autor ou editor e confeccionados em papel especial.

Edições clandestinas. São edições confeccionadas sem a devida autorização do autor ou do editor, o que constitui “pirataria” editorial.

Obras esgotadas. Obras consagradas, geralmente as que denominamos “clássicos” de uma determinada área, que não se encontram mais à venda e também não foram reimpressas ou digitalizadas.

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Características do exemplar em mãos:

-Marcas de propriedade (por exemplo, ex-libris, ex-dono, assinaturas, iniciais, carimbos, brasões etc., que identifiquem uma personalidade merecedora de reconhecimento);

-Autografado pelos autores e/ou personalidades importantes;

-Dedicatórias manuscritas dos autores e/ou personalidades importantes;

- Anotações importantes, que podem ser de um possuidor ou mesmo de um leitor interessado e sempre que acrescentem, corrijam, esclareçam ou comentem o texto.

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Conforme interesses específicos da biblioteca, outros critérios podem ser acrescidos. A classificação de qualquer obra dentro desses aspectos exige um apoio bibliográfico, ou seja, consultas a bibliografias, catálogos especiais com descrição de exemplares, conhecimento de história do livro e outras fontes de informação e referência consagradas.

Nova Plantarum genera juxta Tournedortii métodos disposita... Adnotationibus, atque Observationibus, praecipue Fungorum, Mucorum, affiniumque Plantarum stationem, ortum, & incrementum spectatibus, interdumadectis... (1729). Acervo: Biblioteca de Ciências Biomédicas – Icict/Fiocruz. Fonte: Google Image.

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e-incunábulos, marcas d’águas digitais e ex-libris eletrônicos

Recém-surgidos, os livros digitais já têm história. E, em poucos anos de existência, sua evolução tem passado pelas mesmas etapas que seus correlatos, os livros impressos, levaram seis séculos para transpor.

É justo dizer que ainda não sabemos o que é um livro digital, ou o que pode vir a ser um livro digital. Os e-books atuais deveriam se chamar, mais apropriadamente, de e-incunábulos. Assim como seus equivalentes do século XV — os primeiros livros produzidos com a então revolucionária tecnologia de imprensa —, os incunábulos eletrônicos estão primeiramente preocupados em imitar, emular, simular.

Os e-books têm “páginas” folheáveis, “capas” e, na maioria das vezes, dão as costas aos recursos digitais, tentando parecer o mais possível como um livro que acabasse de se tirar da estante.

(Fonte: SILVEIRA, 2012).

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Os acervos bibliográficos e documentais brasileiros se caracterizam como verdadeiros “sítios arqueológicos” e muitas obras aguardam serem (re) descobertos. Percebe-se um movimento crescente de digitalização e disponibilização de livre acesso que democratiza o acesso as informações contidas nestes acervos.

A iniciativa dos arquivos abertos (Open Archives Initiative) é responsável pela interoperabilidade entre sistemas e pela disseminação da informação científica produzida.

Conforme Lévy (1996, p. 44): “[...] a digitalização introduz uma pequena revolução copernicana: não é mais o navegador que segue as instruções de leitura e se desloca fisicamente no hipertexto, virando páginas, transportando pesados volumes, percorrendo com seus passos a biblioteca, mas doravante é um texto móvel, caleidoscópico, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade diante do leitor”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Alguns teóricos (MCLUHAN, 1972; FEBVRE; MARTIN, 1992; CHARTIER, 1994; 2002) consideram provável o fim do livro tradicional. Para Chartier (2002) o livro, antes instrumento essencial para conservação e transmissão de conhecimento, hoje tem sua posição ameaçada pelo intenso avanço tecnológico.

Conforme Levacov (1997, p.2 ): “Estamos começando a viver o que Browning chamou de ‘bibliotecas sem

paredes para livros sem páginas’. Neste e em outros campos, as novas tecnologias estão criando os sinais que começam a redefinir o que informação e comunicação virão a ser no terceiro milênio, bem como a cultura e os comportamentos que estas oportunizarão”.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

O ONTEM E O FUTURO...

Biblioteca de Alexandria bibliotecas sem paredes: eletrônicas, virtuais e digitais.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BIBLIOTECA DE MANGUINHOS. Catálogo de obras raras e especiais da Biblioteca de Manguinhos. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1992.

CHARTIER, R. Os desafios da escrita. São Paulo: UNESP, 2002. CUNHA, L. F. F. A trajetória do livro: do artesanal ao raro e precioso. In: ARTES do livro: catálogo de exposição. Rio de Janeiro: CCBB, 1995. p.33-41.

FEBVRE, L.; MARTIN, H.-J. O aparecimento do livro. São Paulo: Ed. UNESP, 1992.

KOSMOS. Catálogo sugestões para bibliófilos: livros raros e esgotados. Rio de Janeiro, 1984. (Catálogo; n.735).

LEVACOV, M. Bibliotecas virtuais: (r)evolução?. Ciência da Informação, Brasília, v.26, n .2,. p.125-135, maio/ago. 1997. LÉVY, P. O que é o virtual?. São Paulo: Editora 34, 1996.

LUNA, Fernando J. Frei José Mariano da Conceição Veloso e a divulgação de técnicas industriais no Brasil colonial: discussão de alguns conceitos das ciências químicas. Hist. cienc. saude-Manguinhos. Rio de Janeiro, v.16, n.1, p. 145-155, 2009.

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Biblioteca de Ciências Biomédicas

McLUHAN, M. A galáxia de Gutenberg. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1972.

MORAES, R. B. O bibliófilo aprendiz. 3. ed. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1998.

NARDINO, A. T. D.; CAREGNATO, S. E. O futuro dos livros do passado: a biblioteca digital contribuindo na preservação e acesso às obras raras. Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 381-407, jul./dez. 2005.

PINHEIRO, A. V. Que é livro raro?: uma metodologia para o estabelecimento de critérios de raridade bibliográfica. Rio de Janeiro: Presença, 1989.

RODRIGUES, J. G. O espelho do tempo: uma viagem pelas estantes do acervo de obras raras da Biblioteca de Manguinhos. Perspectivas da Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.12, n.3, p.180-194, dez. 2007.

SHAFFER, E. Books with a past, a present, and a future: rare books. Wilson Library Bulletin, p.138-144. Oct. 1959.

SILVEIRA, J. Sobre e-incunábulos, marcas d’águas digitais e ex-libris eletrônicos. Disponível em: < http://www.publishnews.com.br/telas/colunas/detalhes.aspx?id=67795>. Acesso em: 02 nov. 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Núcleo de Documentação. Documentos raros e/ou valioso: critérios de seleção e conservação. Niterói, 1987.