crimes contra a vida art. 122 a 129. induzimento, instigação ou auxílio a suicídio art. 122....
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Crimes contra a vida
Art. 122 a 129
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
• Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
• Pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único: A pena é duplicada:
• I – Se o crime é cometido por motivo egoístico; • II – Se a vítima é menor ou tem diminuída, por
qualquer causa, a capacidade de resistência.
• Objetivo jurídico. Preservação da vida.
• Tipo penal misto alternativo, de ação múltipla. O agente pode realizar todas as condutas, mas somente responderá por um só crime.
• Induzir. Dar idéia, sugerir que a vítima retire sua própria vida.
• Instigar. Reforçar uma idéia já existente, estimular, encorajar.
• Prestar auxílio. Ajuda material, emprestar a arma, indicar um local apropriado.
• Sempre deve existir o nexo causal entre a conduta do agente e do resultado.
• sujeito ativo: qualquer pessoa. Crime comum
• Sujeito passivo: qualquer pessoa com discernimento para saber o que faz. Se a vítima for incapaz de tomar decisões (debilidade mental ou criança) o crime será o de homicídio.
• A vítima deve ser determinada.
• Elemento subjetivo. Dolo direto. Vontade livre e consciente de concorrer para morte da vítima.
• Seriedade da conduta descrita no tipo. • Resultado. Morte ou lesões corporais
graves (crime material). • Fato atípico, lesões leves. • A tentativa não é admitida.
Formas
• Simples. Caput art. 122.• Qualificada. Par. ún. do 122.
– Motivo egoístico. Vantagem pessoal. Recebimento de herança ou seguro.
– Menoridade da vítima. 14 aos 18. Se a vítima for menor de 14 anos o crime será o de homicídio.
– Capacidade diminuída por qualquer causa. enfermidade mental, embriaguez, idade avançada. Porém, se a enfermidade for completa crime de homicídio.
• Polêmica.
– Pacto de morte. (recinto fechado com gás aberto) Damásio.
– um sobrevivente: Quem abriu o gás, responde por homicídio. Quem não abriu o gás responde pelo crime do art. 122.
– Dois sobreviventes havendo lesão corporal de natureza grave: que abriu, responde pelo crime de tentativa de homicídio. Quem não abriu art. 122.
– Dois sobreviventes sem lesão grave. Quem abriu tentativa de homicídio. Quem não abriu fato atípico.
• Roleta russa. – O sobrevivente responde pelo art. 122.
Infanticídio
• Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
• Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
• Uma espécie de homicídio privilegiado, cometido pela mãe, com influência do puerpério, contra o próprio filho recém nascido.
• Objeto jurídico: Direito a vida.
• Ação do tipo. Matar.
• Meios de execução. Crime de forma livre.
• Sujeito ativo. Crime próprio, mãe em estado puerperal.
• Sujeito passivo. Filho nascido com vida. Durante o parto “ser nascente” após o parto “recém nascido ou neonato”
• Elemento psicológico. Estado puerperal. – Perder inteiramente a capacidade de entender o
caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Aplica-se o art. 26 do CP (Inimputável).
– Causar perturbação mental, que não lhe retira totalmente a capacidade de entendimento e autodeterminação, aplica-se o par. ún. do art. 26.
– Porém, se a mulher sofrer apenas um alteração psíquica aplica-se o 123 sem diminuição.
– O estado puerperal não se presume. Será comprovado por perícia médica.
• INFANTICÍDIO. HOMICÍDIO QUALIFICADO.Não havendo indícios suficientes de que a ré, ao matar a filha, logo depois de ter esta nascido, tivesse agido sob influência do estado puerperal, deve ser submetida a júri por homicídio, não por infanticídio.
• RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 157.169-9, DE PARANAVAÍ 1ª VARA CRIMINAL
• Tempo. Enquanto durar o estado puerperal. • Consumação. Morte. • Tentativa. Admissível.• Concurso de pessoas. Polêmica.
– 3 situações:– Mãe mata o filho com auxilio de terceiro. A “circunstância” do
estado puerperal se comunica ao participe, pois, na verdade o estado puerperal é elementar do tipo penal. Art. 30 do CP.
– Terceiro mata com auxilio da mãe. 3º responde pelo 121 e a mãe pelo 123.
– Mãe e 3º executam em co-autoria a conduta principal ambos respondem pelo crime do art. 123 do CP.
• Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, e e h do CP. (crime contra descendente e criança).
Aborto
• Conceito.
Aborto é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto (produto da concepção).
• O impedimento intencional da nidação, através de pílulas ou espirais, é impune segundo o Direito Alemão (§ 218, I, 2 StGB), de modo que, antes da implantação no útero o embrião carece de qualquer tutela (Claus Roxin).
• Nidação é o momento em que, o embrião fixa-se no endométrio.(membrana do útero).
•
• O aborto pode ser: a) natural – há interrupção espontânea da gravidez;
• b) acidental – geralmente ocorre em conseqüência de traumatismo;• c) criminoso – aquele provocado pela mãe ou por terceiro: inclui o
aborto eugênico, para evitar que a criança nasça com defeitos genéticos, o aborto social ou econômico, para não agravar a precária situação econômica da família e está previsto nos art. 124 a 127 do CP;
• d) legal ou permitido – pode ser de duas formas: aborto necessário ou terapêutico, hipótese em que o fato, provocado por médico, não é punido, desde que não haja outra maneira de salvar a vida da gestante e o aborto sentimental ou humanitário – hipótese em que a gravidez resulta de estupro.
• Objeto jurídico protegido
O objeto da tutela penal é a vida do feto.• DIREITO PENAL X direito civil.
• Para o direito civil o feto não é pessoa: é considerado expectativa de ente humano, possuindo expectativa de direitos, Porém, para efeitos penais é considerado pessoa. Tutela-se, então, a vida da pessoa humana.
Classificação
• a) material – uma vez que as figuras típicas descrevem a figura de provocar e resultado, que é a morte do feto, exigindo sua produção;
• b) instantâneo – a consumação ocorre em um só momento;
• c) de dano – se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico;
• d) crime de forma livre – pode ser executado por qualquer meio, ação ou omissão;
• e) próprio – somente no caso de auto-aborto, em que a autora deve ser gestante.
Sujeitos
• No auto-aborto e no aborto consentido, a autora é a gestante, sendo o produto da concepção o sujeito passivo.
• No aborto provocado por terceiro, o autor pode ser qualquer pessoa, havendo dois sujeitos passivos: o feto e a gestante.
• Exige-se prova de vida do sujeito passivo imediato (ovo, embrião ou feto).
• A morte deve ocorrer da interrupção da gravidez, e esta deve ser resultado direto dos meios abortivos.
• O aborto é crime de forma livre, que pode ser praticado por qualquer meio eficiente para a morte do feto.
• O aborto só é punível a título de dolo: vontade de interromper a gravidez e de causar a morte do produto da concepção. Não existe aborto culposo.
Auto-aborto (art. 124)
• Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
• Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
• Pena - detenção, de um a três anos.
• O crime de auto-aborto, na modalidade em que a gestante provoca a interrupção da gravidez em si mesma, admite a participação na hipótese em que o terceiro induz, instiga ou auxilia de forma secundária a gestante a provocar aborto em si mesma.
• Porém, se o sujeito executa o ato de provocação do aborto, não será partícipe do crime do art. 124, mas sim autor do fato descrito no art. 126 (provocação do aborto com consentimento da gestante).
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Aborto sentimental e terapêutico.
• A gestante que provoca em si mesma aborto terapêutico, não comete crime, em face da exclusão de ilicitude (ela é favorecida pelo estado de necessidade, previsto no art. 24).
• Porém, se provoca aborto sentimental, subsiste o delito, uma vez que o art. 128, II só permite a provocação desse aborto por médico.
Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125)
• Aborto provocado por terceiro
• Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
• Pena - reclusão, de três a dez anos.
• O dissenso da gestante pode ser real ou presumido. Real, quando o sujeito emprega violência, fraude ou grave ameaça. Presumido, quando ela é menor de 14 anos, alienada ou débil mental (art. 126, parágrafo único).
Aborto consensual (art. 126)
• Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
• Pena - reclusão, de um a quatro anos. • Parágrafo único. Aplica-se a pena do
artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
• O consenso não exclui o delito. • Trata-se de dupla subjetividade passiva, são
indisponíveis os bens jurídicos (vida do feto e da gestante e incolumidade física e psíquica daquela).
• É necessário que a gestante tenha capacidade para consentir, não se tratando de capacidade civil. O consentimento pode não ser verbal ou expresso, resultando da própria conduta da gestante.
• Prova: “o consenso não exclui o delito – ABORTO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE.
Aborto qualificado (art. 127)
• Forma qualificada (CP). MAJORADA (é causa de aumento, não qualificadora)
• Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave (art 129); e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
• a) há provocação do aborto e, em conseqüência, a vítima vem a morrer ou sofrer lesão corporal de natureza grave;
• b) o sujeito emprega meios destinados à provocação do aborto, que não ocorre, mas, em compensação, advém a morte da gestante ou lesão corporal de natureza grave.
• Se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza leve, o agente só responde pelo aborto.
Aborto legal (art. 128)
• Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (NORMA PERMISSIVA)
• Aborto necessário• I - se não há outro meio de salvar a vida da
gestante;• Aborto no caso de gravidez resultante de
estupro• II - se a gravidez resulta de estupro e o
aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. (NOS DOIS CASOS, NÃO PRECISA DE AUTORIZACAO JUDICIAL)
Alteracao do codigo estupro e atentado violento ao pudor (213 e 214) – 213 foi revogado e hj nao tem mais diferenciacao.
• a) se não há outro meio de salvar a vida da gestante – se for feito por enfermeira, a conduta é justificada pelo estado de necessidade;
• b) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal – também inclui a gravidez resultante de atentado violento ao pudor, por analogia in bonam partem. Entendimento anterior a alteração legislativa referente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
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