crer, é prÓ-reitoria de pesquisa, pÓs-graduaÇÃo e … · crer, é prÓ-reitoria de ... apoio,...

119
crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL BELÉM 2012

Upload: truonghanh

Post on 10-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

crer, é

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

URBANO

DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

BELÉM 2012

Page 2: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

URBANO

DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ

“INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL”

.

BELÉM 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da

Amazônia – UNAMA, como pré-requisito para à obtenção do

título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Bello.

Page 3: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

por

DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia – UNAMA, como pré-requisito para à obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Bello.

BANCA EXAMINADORA: _________________________________________

Orientador Prof. Dr. Leonardo Bello Universidade da Amazônia - UNAMA

_________________________________________

Prof. Dr. Marco Aurélio Arbage Lobo Universidade da Amazônia - UNAMA

_________________________________________

Prof. Dr. Manoel G. Freire Lourenço Universidade do Estado do Pará - UEPA Aprovado:____________________ Belém, de 2012

Page 4: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

DEDICATÓRIA

Hoje quando olho para trás, vejo que a estrada percorrida nesses 2 anos não foi fácil, o

desânimo por diversas vezes me abateu, mas o incentivo e a dedicação da minha família,

principalmente das minhas mães me conduzindo nesta caminhada. Por outro lado, nesses 2

anos, houve também muitas realizações e vejo que a persistência em busca de um ideal está

dando um sabor inesquecível de vitória a minha vida. As renúncias que tive de fazer, as horas

mal dormidas foram sacrifícios e esforços que hoje estão sendo recompensados.

Baseado nisso dedico esta vitória, primeiramente a DEUS e a MARIA

SANTÍSSIMA, que me fez dotado de inteligência, e por me dar força e proteção durante toda

a minha vida, e da minha família.

A minha mãe Gracyrene, a minha segunda mãe Graciely, ao meu pai Abel, pelo

apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a minha vida.

Ao meu irmão Igor, que se fez presente com muito carinho e amor.

A minha querida avó Lily, presente hoje em pensamento, pelo carinho e amor

dedicado, que com certeza ilumina meu caminho para novas vitórias.

A minha querida avó Rosa, tios, tias, primos e primas que de alguma forma

contribuíram para que meu sonho se tornasse possível.

A minha noiva Lhorem, pelo amor, dedicação, paciência, companheirismo.

Aos meus amigos Paulo Ávila, Mauro Mykyo e Guilherme pela contribuição e

atenção dada a esta pesquisa.

A todos os meus amigos pela força e companheirismo.

Ao Prof. Dr. Leonardo Bello, pela orientação dada com paciência e dedicação,

acreditando em mim e nesta pesquisa.

Ao Prof. Dr Manoel Gionovaldo F. Lourenço pela grande contribuição dada nesta

pesquisa.

Ao Prof. Marco Aurélio Arbage Lobo pelas contribuições dadas na pesquisa.

Page 5: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

A Empresa de Engenharia e seus funcionários, que abrigou esta pesquisa dando

com isso a oportunidade de levar ao conhecimento mais profundo sobre o tema pesquisado..

Page 6: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

RESUMO

CRUZ, D.A.N. Influência do processo de urbanização das cidades na postura de trabalhadores da Construção Civil. 2012. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano) – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Qualidade de Vida e Meio Ambiente, Universidade da Amazônia, PA, 2012.

O conceito de “cidade” pode ser definido de várias formas. Porém, existe um ponto

comum a todas as definições, que é a de representá-la como um estabelecimento compacto.

Isso posto, percebe-se que essas “localidades” vêm passando por um acelerado processo de

urbanização no Brasil e na cidade de Belém, sem as necessárias condições de infra-estrutura

econômica e física para garantir sua reprodução, junto com a urbanização vem o crescimento

da Construção Civil, em conjunto com o fenômeno da verticalização, é responsável pela

maioria dos impactos ambientais e de saúde, acreditam que o trabalho realizado na

Construção Civil, mais especificamente o de “ajudante de pedreiro”, apresenta elevados riscos

ergonômico, prejudicando com isso a qualidade de vida no trabalho. Com isso objetiva-se

avaliar a interferência do processo de verticalização intensa no adoecimento dos trabalhadores

da Construção Civil submetidos a uma excessiva carga de trabalho. Para tanto, foi realizado

questionário de opinião sobre sua qualidade de vida no trabalho e após realizada a avaliação

de desconforto corporal através do diagrama proposto por Corllet e Manenica (1980), por fim

realizado um estudo observacional pelo Método não Probabilístico do tipo Amostragem

Intencional, por meio da Biofotogrametria, em relação aos aspectos de alterações posturais

provocadas pela intensa carga de trabalho, realizada em um empreendimento na Região

Metropolitana de Belém, esse estudo contou com a participação de 22 funcionários de forma

aleatória. Tendo sido encontrado, entre outros resultados relativos, que este grupo de

trabalhadores apresenta dor principalmente na região lombar e ombro. No presente estudo,

com base nos resultados obtidos, não teve como certificar se o processo de verticalização

leva ao adoecimento dos trabalhadores, entretanto, identificou-se que esse grupo de

trabalhadores apresenta possibilidade superior de adquirir lesões osteo-mio-ligamento-

articular no futuro.

Palavras chaves: Urbanização, Verticalização, Saúde do trabalhador da Construção

Civil,Biofotogrametria.

Page 7: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

Abstract

The concept of “city” can be defined in many ways. There is, however, a common

attribute in all of the definitions, which is representing it as a compact establishment. Given

this, one can perceive that these locations have been undergoing an accelerated process of

urbanization in Brazil. In the city of Belém, the urbanization took place in a fragmented

manner, without much needed economical and spatial infrastructure conditions, as to assure

its growth. In addition to the urbanization there is a growth in civil engineering, which is,

together with the verticalization phenomenon, responsible for the majority of environmental

and health impacts. It is believed that the labor undertaken in civil engineering, more

specifically the one of a “mason’s helper”,shows elevated ergonomic hazards, which is

detrimental to the quality of live at work. Given this, it is our objective to evaluate the

interference of the intense verticalization process in the development of illness by civil

engineering workers subjected to an excessive workload. To such an end, a poll about quality

of life at work was carried out; afterwards, an evaluation of body discomfort was applied, by

means of the diagram proposed by Corllet and Manenica (1980). At last, a study was carried

out utilizing the Intentional Sampling type of the Non-Probabilistic Method, using

Biophotogrammetry, with respect to the postural alterations caused by the intense workload,

taking place in a worksite located in the Região Metropolitana de Belém. The study had the

participation of 22 employees chosen at random. It was found, among other related results,

that these workers show mainly lower back and shoulder pain. In this study, considering the

results, it was not possible to assure that the verticalization leads to development of illness by

the workers; however, it has been show that these workers possess a greater chance of

developing osteo-myo-articular-ligament injuries in the future.

Keywords: urbanization, verticalization, civil engineering worker health,

biophotogrammetry.

Page 8: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAC- Ângulo do acrômio clavicular;

ACD- Ângulo da cabeça direita;

ACE- Ângulo da cabeça esquerda;

ADM – Amplitude de Movimento;

AEID- Ângulo da espinha ilíaca direita;

AEIE- Ângulo da espinha ilíaca esquerda;

AIEE- ângulo inferior da escápula esquerda;

AJD- Ângulo do joelho direito;

AJE- Ângulo do joelho esquerdo;

AJEID- ângulo inferior da escápula direita;

AOD- Ângulo do ombro direito;

AOE- Ângulo do ombro esquerdo;

AP - Ângulo Ântero-posterior;

CF - Constituição Federal;

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho;

CREA- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura;

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social;

DC – Desconforto corporal;

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos;

DORT - Distúrbios Osteomusculares;

EAD- Escala de avaliação de dor;

EIAS - Espinha Ilíaca Ântero-superior;

EIPS - Espinha Ilíaca Póstero-superior;

EVA - Etil-vinil-acetato;

Page 9: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

G-SST - Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho;

IBGE – instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social;

INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social;

NR – Normas e Regulamentos;

OIT- Organização Internacional do Trabalho;

OMS – Organização Mundial de Saúde;

PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT);

PIB – Produto Interno Bruto;

QVT- Qualidade de Vida no Trabalho;

STICMBA - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria e Construção Imobiliário de Belém e Ananindeua;

SUDS - Programa dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde;

SUS - Sistema Único de Saúde;

UFPA - Universidade Federal do Pará;

UNAMA - Universidade da Amazônia;

USP - Universidade de São Paulo.

Page 10: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

LISTA DE FIGURA

Figura 1- Divisão administrativa dos bairros do município de Belém. ................................................. 27

Figura 2- Vista aérea do Ed. Manoel Pinto da Silva. ............................................................................ 34

Figura 3- Lesões musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil. .................................... 40

Figura 4- Causas Frequentes de Lombalgia. ......................................................................................... 42

Figura 5- Trabalhadores no canteiro de obras. ...................................................................................... 43

Figura 6- Articulação do Cotovelo. ....................................................................................................... 44

Figura 7- Demonstração de movimentos repetitivos realizados por “ajudante de pedreiro”s da Construção Civil. ................................................................................................................................... 45

Figura 8- Mecanismo de lesão na síndrome do impacto do ombro. ...................................................... 46

Figura 9- Joelho com Artrose e sem Artrose. ........................................................................................ 47

Figura 10- Possível mecanismo para ocasionar artrose de joelho. ........................................................ 48

Figura 11- Posicionamento da câmara sobre o tripé. ............................................................................ 55

Figura 12- Ilustração dos vários ângulos que podem ser avaliados na vista anterior, posterior e sagital direito. ................................................................................................................................................... 56

Figura 13- Localização do objeto da pesquisa. ..................................................................................... 58

Figura 14- Detalhes da obra investigada: (a) estágio atual; (b) maquete eletrônica. ............................. 58

Figura 15- Diagrama demonstrando os segmentos corporais a serem avaliados segundo o grau de desconforto. ........................................................................................................................................... 61

Figura 16- Índice de desconforto corporal. ........................................................................................... 62

Figura 17- Exemplo da coleta de dados por biofotogrametria, com pontos anatômicos e visão: (a) anterior; (b) posterior; e (c) lateral. ....................................................................................................... 65

Figura 18- Detalhe da câmera digital empregada na biofotogrametria. ................................................ 66

Figura 19- Padronizações para a biofotogrametria: posicionamento e distância da máquina-sujeito, altura do tripé e marcação de chão. ....................................................................................................... 66

Figura 20- Padronizações para a biofotogrametria: dimensões do retângulo e posicionamento dos pés, representados pelos adesivos colados no chão. ..................................................................................... 67

Figura 21: Tela do Corel Draw 12® demonstrando as ferramentas dimensão e dimensão angular. ..... 68

Figura 22- Pontos angulares para a avaliação da ACD e ACE. ............................................................ 69

Figura 23- Pontos angulares para a avaliação da AOD e AOE. ............................................................ 70

Figura 24- Pontos angulares para a avaliação da AEID e AEIE. .......................................................... 70

Figura 25- Pontos angulares para avaliação da AJD e AJE. ................................................................. 71

Figura 26- Pontos angulares para avaliação da AAC. ........................................................................... 71

Figura 27- Pontos angulares para a avaliação da AIED e AIEE. .......................................................... 72

Figura 28- Escala progressiva de desconforto do segmento tronco. ..................................................... 81

Figura 29- Escala progressiva de desconforto do segmento lado esquerdo. ......................................... 83

Figura 30- Escala progressiva de desconforto do segmento lado direito. ............................................. 84

Page 11: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Crescimento percentual de emprego no setor da Construção Civil. .................................... 18

Gráfico 2- Aumento do número de trabalhadores da Construção Civil de Belém e Ananindeua. ........ 19

Gráfico 3- Empregos gerados no Estado do Pará no mês de agosto. .................................................... 19

Gráfico 4- Financiamento Imobiliário no ano de 2003 à 2009. ............................................................ 30

Gráfico 5- Valores percentuais de: consumo de cimento e insumos na construção civil. ..................... 31

Gráfico 6- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 1. 32

Gráfico 7- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 2. 32

Gráfico 8- Distribuição da amostra segundo afastamento por motivo de saúde; aparecimento de dor e se esta ocoore no trabalho. .................................................................................................................... 75

Gráfico 9- Distribuição da amostra: ocorrência ou não dor em cada região. ........................................ 76

Gráfico 10- Distribuição da amostra segundo: confortabilidade da posição laboral. ............................ 76

Gráfico 11-Distribuição da amostra em relação: aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral. ................................................................................................................................................... 77

Gráfico 12– Distribuição da amostra: movimento que provoca o aumento da dor. .............................. 77

Gráfico 13- Distribuição amostral: quadro álgico dificuldade ou não o trabalho. ................................ 78

Gráfico 14- Distribuição amostral: estado físico no fim da jornada de trabalho. .................................. 78

Gráfico 15- Ocorrências de DC/dor segundo as regiões: (i) pescoço, (ii) regiões cervical, (iii) costa superior, (iv) costa médio, (v) costa inferior e (vi) bacia. ..................................................................... 82

Gráfico 16- Ocorrência de desconforto/dor segundo as regiões do lado esquerdo: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii) ombro. ...................................... 84

Gráfico 17- Distribuição amostral da escala progressiva de desconforto/dor segundo as regiões: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii) ombro............. 85

Gráfico 18- Ocorrências de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias nas regiões: (i) uma ou ambas as pernas, (ii) uma ou ambas as coxas, (iii) quadril/nádega, (iv) costa inferior, (v) costa superior, (vi) pescoço, (vii) olhos e (viii) cabeça. ................................................................................. 87

Gráfico 19- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias: ombros, cotovelos e punho/mãos. .......................................................................................................................................... 88

Gráfico 20- Ocorrência de problemas músculo esquelético nos últimos 12 meses segundo a região do corpo. ..................................................................................................................................................... 89

Gráfico 21- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 12 meses: ombros, cotovelos e punho/mão. ............................................................................................................................................ 90

Gráfico 22- Inatividade nos últimos 12 meses devido problemas músculos esqueléticos. ................... 91

Gráfico 23- Comparação dos dados obtidos: (i) Bertão; Balbo (2008), (ii) Esta pesquisa e (iii) Valinote (2011), sobre os maiores relatos de dor no trabalho. ............................................................................. 98

Gráfico 24- Comparação dos dados obtidos: (i) Saad (2008) e (ii) Esta pesquisa, sobre os maiores relatos de dor referente a região. ........................................................................................................... 99

Gráfico 25: Comparação dos dados de DC entre: (i) 12 meses e (ii) 30 dias. ..................................... 100

Gráfico 26:- Comparação dos dados obtidos em: (i) Nesta pesquisa; (ii) Vargas; Pilatti (2010). ...... 101

Page 12: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Demonstração dos critérios de inclusão e exclusão. ............................................................. 59

Tabela 2- Etapas seguidas na coleta de dados. ...................................................................................... 63

Tabela 3- Distribuição da amostra segundo idade, tempo na atividade e tempo na mesma empresa. .. 74

Tabela 4- Distribuição da amostra segundo rodizio na função; postura laboral e dupla jornada. ......... 74

Tabela 5- Síntese da interpretação do questionário QVT. ..................................................................... 79

Tabela 6- Tabela síntese da escala de avaliação de DC. ....................................................................... 86

Tabela 7- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) cabeça; (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) costa sup., (v) costa inf., (vi) quadril/nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) uma ou ambas as pernas. ....................................................................................................................... 92

Tabela 8- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão. ................................................................................................................ 93

Tabela 9- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas. ................................................................................................ 93

Tabela 10- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão. .......................................................................................................... 94

Tabela 11- Inatividade nos últimos 12 meses, segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas. ............................................................................................................................................... 94

Tabela 12- Distribuição da amostra avaliação postural através da biofotogrametria: estatísticas descritivas de medidas de angulação. .................................................................................................... 95

Tabela 13- Dados obtidos: (i) Nesta pesquisa com o software Biofotogrametria; (ii) Saad et al. (2006) que utilizou o software WinWOAS e RULA. ..................................................................................... 103

Page 13: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. Introdução ......................................................................................................................... 15

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 20

1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 20

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 21

1.2. ESTRUTURA DA PESQUISA .......................................................................................................... 21

CAPÍTULO 2. Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil. .......................... 23

2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES ........................................................................... 23

2.2. A URBANIZAÇÃO DE BELÉM ....................................................................................................... 25

2.3 VERTICALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO ............................................................................................. 29

2.4 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL. ................ 36

2.4 SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 39

2.4.1 Construção Civil x doenças musculoesquelética .................................................................. 39

2.4.2 doenças musculoesqueléticas relacionadas à Construção Civil. .......................................... 41

2.4.3 prevenção das doenças musculoesquelética em trabalhadores da Construção Civil. ........ 48

2.4.4 método avaliativo da saúde do trabalhador: biofotogrametria. ......................................... 49

CAPÍTULO 3. Procedimentos Metodológicos ......................................................................................... 57

3.1 LOCUS DA PESQUISA. .................................................................................................................. 57

3.2 ESPAÇO AMOSTRAL E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO. ................................................... 59

3.3 O MÉTODO PROPOSTO. .............................................................................................................. 59

3.3.1 métodos utilizados. .............................................................................................................. 60

3.3.2 coleta de dados .................................................................................................................... 63

3.2.4 riscos e benefícios. ............................................................................................................... 72

CAPÍTULO 4. Análise e Interpretação dos Resultados. ........................................................................... 73

4.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .......................................................................................... 73

4.1.1 Interpretação por segmento do questionário QVT .............................................................. 73

4.1.2 Síntese dos resultados do QVT ............................................................................................. 78

4.2 ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL (DC) ...................................................... 80

4.2.1 Síntese dos resultados da escala de avaliação de DC. ......................................................... 85

4.2.2 Síntese dos resultados da escala de DC – problemas músculo esqueléticos. ...................... 91

4.3 BIOFOTOGRAMETRIA .................................................................................................................. 94

4.4 interpretações dos métodos empregados associados ao processo de urbanização .................. 96

Page 14: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

CAPÍTULO 5. Conclusão e Sugestões. ................................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 109

ANEXO A: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL ...................................................... 116

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO .......................................................................................... 119

Page 15: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

15

CAPÍTULO 1. Introdução

Apesar do conceito de “cidade” poder ser definido de várias formas, existe,

porém, segundo Weber (1987), um ponto comum a todas as definições, que é a de

representá-la como um estabelecimento compacto (ao menos relativamente) – uma

localidade – e não como meros casarios mais ou menos dispersos.

Isso posto, percebe-se que essas “localidades” vêm passando por um acelerado

processo de urbanização no Brasil, principalmente na segunda metade do século XX.

Desde o ano de 1940 até o ano 2000, a população urbana cresceu na ordem de 54,9%,

proporcionando um aumento intenso de construção urbana para as instalações

residenciais, além da infraestrutura para atendimento de direitos básicos, tais como

saúde e transportes. Tal crescimento populacional, aliado ao contínuo processo de

expansão das cidades, tem provocado expressivo desequilíbrio socioambiental

(MARICATO, 2000).

O crescimento populacional levou à urbanização da metrópole paraense

configurando-se de maneira fragmentada, sem as necessárias condições de infraestrutura

econômica e física para garantir sua reprodução. Esse processo desencadeou vários

problemas ambientais, bem como deu origem a uma nova configuração especial na

cidade, levando a um aumento na Construção Civil e, por derradeiro, a um processo de

verticalização (MIRANDA, 2004).

Como ocorreu em todo o território nacional, Belém também apresentou um

elevado aumento da Construção Civil, principalmente após o ano de 2005. Nota-se a

ocorrência de dois movimentos: um foi o fortalecimento das empresas locais, gerando

um aumento no número de empresas e no porte destas; o outro foi a vinda, para a capital

paraense, de grandes construtoras de âmbito nacional.

Segundo Silva (2003), o crescimento da Construção Civil, em conjunto com o

fenômeno da verticalização, é responsável pela maioria dos impactos ambientais e de

saúde, principalmente na do trabalhador daquele ramo; esse é um dado de fundamental

importância nas metas de desenvolvimento sustentável de qualquer país. Segundo a

Organização Internacional do Trabalho - OIT (2005), a Construção Civil é o setor que

mais apresenta problemas relacionados à saúde e à segurança do trabalhador. Tais

Page 16: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

16

operários se encontram, pois, em uma situação delicada, ainda mais quando

consideradas as condições nos canteiros de obra, causadas pelas subcontratações de

mão-de-obra e pela informalidade na cadeia produtiva.

Saad et al. (2006) acreditam que o trabalho realizado na Construção Civil, mais

especificamente o de “ajudante de pedreiro”, apresenta elevados riscos ergonômico,

principalmente no decorrer do ato de “levantar” paredes de alvenaria, e que podem ser

nocivos à saúde. Essas constatações revelam a necessidade de que seja realizada uma

manutenção da capacidade laboral e da qualidade de vida no ambiente de trabalho.

A OIT vem sendo uma busca constante de diversas empresas, as quais buscam a

diminuição das condições ocupacionais nocivas à saúde do trabalhador. No ramo da

Construção Civil, a nocividade é agravada pela falta de qualificação profissional dos

trabalhadores, falta de mecanismos adequados e falta de segurança. Muitas vezes, as

condições no ambiente de trabalho são relevadas para propiciar uma diminuição dos

custos (FIGUEIREDO, et al, 2009).

Outro fator que também prejudica a saúde do trabalhador são as pressões

exercidas pelos empresários sobre os operários, a fim de que os empreendimentos sejam

entregues dentro dos prazos estipulados nos contratos firmados com os clientes

imobiliários. Isso leva os trabalhadores a, em nome da celeridade nos procedimentos,

procederem de forma ergonomicamente incorreta, o que acarreta em alterações

posturais, prejudicando, consequentemente, sua saúde.

Jales (2007), ao observar o comportamento postural adotado pelos operários em

um canteiro de obras na cidade de Campina Grande, relatou que esses trabalhadores

passam boa parte do expediente com o tronco inclinado para frente, quase sempre num

ângulo de 90º, submetendo a coluna vertebral a lesões musculoesqueléticas. É possível

concluir, assim, que as dores apresentadas por esses operários na região lombar estão

relacionadas principalmente ao alto esforço aplicado à coluna e à realização de

movimentos inadequados na suspensão e movimentação de cargas.

Desta forma, segundo informações obtidas junto ao Instituto Nacional do Seguro

Social – INSS, verifica-se uma majoração não só no número de acidentes de trabalho,

mas também um aumento significativo no número de indenizações devidas em virtude

de patologias ocupacionais, principalmente em relação à coluna vertebral.

Para esse aumento também contribuem outros fatores, tais como: a) a

ineficiência da fiscalização trabalhista, b) o aumento dos fatores biomecânicos das

Page 17: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

17

tarefas, em virtude da não concordância entre o trabalho a ser realizado e a possibilidade

de realiza-lo e c) a busca por maiores níveis de produtividade, incentivado por

incrementos nas contraprestações pecuniárias.

Em Belém, a verticalização vem ocorrendo, na última década, principalmente

nos bairros de Batista Campos, Umarizal e Marco, e se deve a três fatores: a expansão, a

concorrência e a publicidade no mercado imobiliário (FERREIRA, 2006). Esses três

fatores fazem com que ocorra uma grande cobrança em relação ao prazo de entrega dos

empreendimentos, o que, como já argumentado, leva a uma sobrecarga de serviço sobre

os trabalhadores, podendo provocar-lhes alterações posturais.

Essas alterações também se devem, muitas vezes, aos próprios trabalhadores,

que não percebem a situação de perigo em que se encontram dentro de seu ambiente de

trabalho. No intuito de reduzir gastos, são realizados cortes nos investimentos em

promoção da saúde do trabalhador, propiciando a adoção de formas de trabalho

ergonomicamente incorretas, as quais geram complicações musculoesqueléticas, e

dando azo a diversas faltas e afastamentos por motivo de doenças ocupacionais e

acidentes (RIBEIRO, 2004).

Amatuzzi (2004) também corrobora a informação de as formas de trabalho

ergonomicamente incorretas, no Brasil, acarretam em altos índices de afastamento,

levando a números elevados de pagamento de indenizações por acidentes de trabalho e

doenças ocupacionais, sendo a lombalgia citada como principal causa.

Em estudo realizado em 5 canteiros de obra de empresas de Construção Civil,

com 50 serventes de “ajudante de pedreiro”, percebeu-se que as regiões de maior

incidência de dor ou desconforto foram a região lombar, com 58% de incidência, a

região dos pulsos/mãos, com 36%, e pescoço e ombro, com 28%. Notou-se que as

atividades de manuseio de carga mostram um alto risco para o desenvolvimento de

lombalgia (MARÇAL et al, 2006).

As mortes e mutilações produzidas por estas condições nas diversas atividades

da Construção Civil representam um número significativo em relação ao total de

acidentes de trabalho nas atividades econômicas do Brasil. Esperava-se que, com a

incorporação de novas tecnologias aos métodos tidos como convencionais, houvesse

redução das fontes de riscos e do desgaste para o trabalhador. No entanto, os riscos não

foram eliminados, e sim transformados (GAULBERT FILHO, 1999).

Page 18: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

18

Estudo realizado por Nascimento et al. (2006) revelou que os trabalhadores da

Construção Civil tem um risco 50% mais alto de apresentar esse tipo de lesão

musculoesquelética do que todos os grupos de trabalho sem carga física elevada.

A urbanização, sobretudo o processo de verticalização, levou a mudanças no

processo de produção e na distribuição da força de trabalho. A região norte é a quarta no

que diz respeito a criação de empregos com 8,22% de crescimento por ano

(SINDUSCON, 2012) (gráfico 1).

Gráfico 1- Crescimento percentual de emprego no setor da Construção Civil.

Fonte: SINDUSCON, 2012.

Conforme se observa no gráfico 2, o número de trabalhadores na Construção

Civil passou de 8 mil, em 1995, para 21.743 mil, no ano de 2010 (IBGE, 2010). Em

consequência, o número de queixas relativas a dores, exploração de trabalhadores,

condições de trabalho, jornada de trabalho e doenças ocupacionais vêm crescendo na

mesma proporção. (STICMBA, 2011).

Page 19: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

19

Gráfico 2- Aumento do número de trabalhadores da Construção Civil de Belém e

Ananindeua.

Fonte- IBGE 2010.

Segundo Galego (2011), de acordo com o Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-PA), no mês de agosto de 2011 o setor

da Construção Civil gerou 2218 mil empregos a mais que o segundo colocado, que é o

setor de serviços, como mostra o gráfico 3.

Gráfico 3- Empregos gerados no Estado do Pará no mês de agosto.

Fonte - O LIBERAL, 2011.

Page 20: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

20

Em estudo realizado na cidade de Goiânia, Rosa et al. (2000) investigaram a

ocorrência de indícios de Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho –DORT –

nos trabalhadores da Construção Civil. Os serventes de “ajudante de pedreiro”

apresentaram as maiores queixas de dores, principalmente na região lombar (60%),

devido a má postura por eles adotada. Percebeu-se que a maioria desses trabalhadores

não procura o serviço médico para realizar tratamento, originando uma piora dos

sintomas e levando ao seu derradeiro afastamento. A concessão de benefícios em

virtude desses afastamentos proporcionando ônus ao erário, podendo levar a um

problema de saúde pública nesse setor.

Vislumbra-se, pois, motivos suficientes para perquirir os ricos ergonômicos a

que porventura se submetem os trabalhadores da Construção Civil na cidade de Belém.

Pelo exposto acima, o presente estudo teve a intenção de pesquisar os comportamentos

ergonômicos dos trabalhadores da Construção Civil na cidade de Belém, mormente

quando se observam as posturas viciosas adotadas por esses operários na condução de

suas atividades, as quais levam a um alto índice de incidência de lesões musculares.

Essas lesões, geralmente causadas por forças externas (durante a execução dos

movimentos) ou pela repetição de uma mesma tarefa durante todo o expediente, tais

como a inclinação para frente no plano sagital, dão origem a uma prevalência de

patologias ocupacionais nessa espécie de trabalhador, podendo constituir, inclusive, um

problema de saúde pública, levado pela pressão exercida pelas construtoras sobre os

empregados no intuito de cumprir com o prazo estipulado da entrega do

empreendimento. Logo, a avaliação do perfil postural desses operários é extremamente

profícua, no intuito de obter informações sobre possíveis alterações nas suas condições

de saúde.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Page 21: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

21

Avaliar a relação entre o processo de urbanização intensa e o surgimento de

doenças ocupacionais nos trabalhadores da Construção Civil submetidos a uma

excessiva carga de trabalho.

1.1.2 Objetivos específicos

• Identificar possível aparecimento de doenças ocupacionais da Construção

Civil;

• Detectar possíveis ocorrências de lesões musculoesqueléticas nos

trabalhadores da Construção Civil da cidade de Belém, em função do

atual processo de verticalização, proporcionando o aumento da carga de

trabalho;

• Discutir sobre a saúde do trabalhador da Construção Civil;

• Promover a análise ergonômica dos postos de serviço dos trabalhadores

da Construção Civil da cidade de Belém e suas possíveis relações com

seus adoecimentos;

• Fazer relação com o nível de esforço e a possibilidade de lesão osteo-

mio-ligamento-articular e o tipo de trabalho;

• Avaliar a qualidade de vida nos trabalhadores da Construção Civil da

cidade de Belém, em função dos seus postos de trabalho.

1.2. ESTRUTURA DA PESQUISA

A presente pesquisa é formada por cinco capítulos, um apêndice (A) e

um anexo (A). O capítulo 1 (Introdução) é formado por uma breve iniciação à pesquisa

e sua justificativa, a problemática relacionada ao tema e o seus objetivos.

Posteriormente, o capítulo 2, que apresenta o Urbanização x Qualidade de Vida do

Trabalhador da Construção Civil, sendo composto pela revisão bibliográfica, que nela

apresenta temas intimamente relacionada com o propósito desta pesquisa sendo eles: O

Processo de Urbanização das Cidades, A Urbanização de Belém, A Verticalização e

Page 22: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

22

Urbanização, Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil,

Saúde do Trabalhador na Construção Civil.

O capítulo 3 (Metodologia) versa sobre o lócus da pesquisa, espaço amostral e

critérios de exclusão e inclusão, o método proposto com seus métodos utilizados com

suas respectivas coletas de dados e por fim com seus riscos e benefícios.

No capítulo 4 (Análise e Interpretação dos resultados) apresenta discussão dos

resultados obtidos na aplicação da pesquisa por meio da coleta de dados dos três

métodos proposto: questionário de QVT, escala de avaliação de DC e a

Biofotogrametria e a correlação entre os métodos.

No capítulo 5 (Conclusão e Sugestões) são feitas considerações gerais e

apresentadas as principais conclusões da pesquisa.

No apêndice A, encontra-se o questionário de pesquisa (QVT). No Anexo A,

encontra-se o questionário de avaliação proposto por Corllet e Manenica (1980).

Page 23: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

23

CAPÍTULO 2. Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil.

2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES

Em meados do século XIX, a Revolução Industrial, cujo início se deu na Europa,

foi a responsável pela transferência da população do campo para a cidade, visto que

estes buscavam crescimento profissional e pessoal, aumentando com isso o número de

habitantes nas cidades, urbanizando-as.

A origem do termo urbanização tem como base a vertente de pensamento

francesa e caracteriza as sociedades humanas ao concentrarem suas atividades e

populações em um espaço, proporcionando a existência de um sistema cultural

específico, a chamada “cultura urbana” (CASTELLS, 2000). É conceituada como a

manifestação material e sócio-espacial da sociedade urbano-industrial contemporânea

estendida, virtualmente, por todo o espaço social (MONTE-MÓR, 2006).

Nos países “desenvolvidos”, com o processo de industrialização, iniciado no

Reino Unido, a indústria têxtil se transferiu do campo para a cidade. Os trilhos de ferro

e os meios de transporte contribuíram para diminuir a distância. Com isso, a revolução

industrial causou profundas transformações na agricultura, nos meios de transportes e

no pensamento econômico e social (GOITIA, 1992).

No continente europeu, algumas cidades receberam as mudanças acompanhadas

de planejamento, fazendo com que a ocupação dessa população migrada do campo

ocorresse de forma favorável àquela sociedade, atrelando-a aos benefícios gerados pela

indústria. Com esse planejamento, as cidades criaram leis e realizaram investimentos

nas periferias de seus centros, visando acolher essa população “nova” (SANTOS, 2006).

Na América Latina a situação foi diferente. O número elevado da população e a

dependência das economias industrializadas gera uma situação de dominação

econômica. As populações vão se afastando da produção de subsistência para se instalar

nas cidades, criando mercados para a indústria e os serviços, ou seja, sendo introduzidas

como consumidores na economia de mercado (WILHEIM, 1969).

Page 24: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

24

Conforme Castells (2000) ocorreu uma grande diferença entre a qualidade de

vida dos habitantes do campo e os da cidade, resultado da ocupação desordenada, ao

contrário do que ocorrera nas cidades europeias. Uma vez que as cidades não possuíam

muitas indústrias, comércio ou serviços, ou seja, não apresentavam uma grande oferta

de emprego para a recém-chegada população sem qualificação profissional, a ocupação

não gerou uma evolução positiva, mas sim proporcionou o surgimento de diferenças

sociais no meio urbano.

O acelerado processo de urbanização ocorreu em toda a América Latina, e o

Brasil não foge dessa regra, principalmente durante a segunda metade do século XX.

Esse crescimento expressivo proporcionou aumento na construção urbana para

instalações residenciais e infraestrutura de saúde, transporte e outros direitos básicos,

gerando um processo de expansão das cidades e provocando desequilíbrio

socioambiental (MARICATO, 2000).

A urbanização no Brasil proporcionou modernização. Isso não pode ser visto,

entretanto, como uma superação do “Brasil antigo”, uma vez que o país ainda é ligado

profundamente à atividade agroexportadora. (MARICATO, et al. 2000).

O processo de industrialização no Brasil foi liderado pelos estados de Rio de

Janeiro e de São Paulo, em situação de contraste com outros entes federados. Isso

incentivou, além do óbvio êxodo rural, as migrações internas, causando uma

redistribuição da população entre diferentes estados e regiões, culminando em graves

desequilíbrios regionais e sociais (BRITO & SOUZA, 2006).

Grostein (2001) complementa, relatando que o crescimento das metrópoles vem

se caracterizando pelo agravamento dos problemas urbanos, tais como a ocupação

desregrada do solo por populações de baixa renda. Os complexos metropolitanos

compreendem municípios com funções complementares, gestões independentes e

capacidade financeira desigual.

Villaça (2001) enxerga três períodos na urbanização brasileira: a) o primeiro vai

de 1875 até 1930, sendo marcado pelas novas tendências arquitetônicas das cidades,

advindas do pensamento francês; b) o segundo vai de 1930 até 1990, onde ocorreram

notáveis melhorias de infraestrutura; c) finalmente, o terceiro é caracterizado pela

redemocratização do país, com a concepção e implementação de um plano diretor.

Na primeira década do século XXI, tanto os urbanistas quantos os políticos e

legisladores se depararam com as limitações do planejamento demográfico, bem como

Page 25: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

25

com as dificuldades trazidas pela recente história de urbanização desordenada. Os

centros urbanos se apresentam de forma bastante diversa do que e idealizado no

Estatuto das Cidades, observando-se uma separação das classes sociais (MARICATO,

2000).

A intensa urbanização no Brasil não é um processo apenas demográfico, ou seja,

aquele onde a população se torna urbana, mas também um processo econômico, com as

cidades se tornando ambiente propício para desenvolvimento das atividades econômicas

mais importantes, tornando-se difusoras de novos padrões de relações sociais, tais como

as de produção e as de estilo de vida (BRITO; SOUZA, 2006).

A intensa redistribuição da população provocou alteração do perfil dos

habitantes das cidades. Na década de 70, mais de 50% já ocupavam cidades com mais

de cem mil habitantes. No ano de 2000, esse número já passou de 60%. Esses dados

mostram que a urbanização e a concentração da população nas grandes cidades foram

processos simultâneos em todo o país (CARVALHO; GARCIA, 2003).

Após a crise econômica e social pela qual a economia brasileira passou nas duas

últimas décadas do século XX, observou-se uma redução da capacidade de inserção da

população no mercado de trabalho dos aglomerados metropolitanos, aumentando

também o valor dos imóveis. A tendência de hiper-metropolização, constante na década

de 70, pois, diminuiu (BRITO; SOUZA, 2006).

2.2. A URBANIZAÇÃO DE BELÉM

A formação da cidade é uma tarefa social difícil, que requer investimentos

públicos e privados, bem como projetos e programas de intervenção e justiça na

distribuição dos benefícios urbanos. Não se realiza apenas com meras aberturas de ruas;

para introduzir uma genuína qualidade ambiental, não basta regularizar loteamentos e

urbanizar as favelas (GROSTEIN, 2001).

Segundo Castro (2005) devido à construção de Brasília e da estrada Belém-

Brasília, houve a ocupação de uma localidade outrora esquecida, que é a Amazônia.

Esses empreendimentos, aliados à expansão da fronteira agrícola em direção à região

amazônica e às políticas de desenvolvimento nacional, houve influxo de capital e de

populações de várias regiões no Norte, advindas estas principalmente da região

Nordeste. Instalou-se, pois, a urbanização.

Page 26: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

26

A capital do estado do Pará teve como seu alicerce construções fortificadas. Os

conventos eram instalados e protegidos por um forte. Belém surge com o intuito de

guardar o território dos conquistadores lusitanos, e tal objetivo foi determinante para a

escolha de sua localidade.

Segundo IBGE (2012), a capital é considerada uma das maiores metrópoles do

país e a maior do Norte. Apresenta uma população de 1.393.399 habitantes, com área de

unidade territorial (km2 ) de 1.059,402 e densidade demográfica (hab/(km2) de 1.315,27.

Seu território é divido em 8 distritos Administrativos e 71 bairros, como é possível

observar na Figura 1.

Page 27: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

27

Figura 1- Divisão administrativa dos bairros do município de Belém.

Fonte - PREFEITURA DE BELEM, 2012.

Page 28: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

28

A expansão urbana enfrentou dificuldades, uma vez que o território tem a

geografia parecida com a de uma pequena ilha, cercada por áreas alagadas. Uma das

maiores dificuldades foi a transposição do igarapé do Piri. No final do século XVIII e

início do XIX, tiveram início as intervenções urbanísticas iniciais, com o aterro do

igarapé do Piri, permitindo a expansão urbana pela área dos bairros do Reduto e das

Armas (PENTEADO, 1968).

Pará (2004) relata que Belém foi cenário da primeira etapa do urbanismo

brasileiro, passando por intervenções urbanas significativas, iguais às encontradas nas

cidades do centro-sul como São Paulo e Rio de Janeiro, onde as ruas foram calçadas

com paralelepípedos de granitos trazidos de Portugal, iniciando também as edificações

institucionais, como o Teatro da Paz. Com o intuito de embelezamento, o Estado,

influenciado pela economia da borracha, direcionou os investimentos públicos e

privados para as áreas centrais, provocando a valorização imobiliária e retirando as

classes mais baixas para as franjas da cidade, formando posteriormente o novo eixo para

expansão futura.

O mesmo autor complementa que, em 1870, foram registrados os primeiros

indícios da segregação espacial em Belém: o tráfego foi separado, podendo passar, de

um lado, apenas os bondes e, do outro, apenas as carroças. O centro foi urbanizado com

residências de alvenaria, já a periferia, sem o mínimo de saneamento, com casebres de

madeira cobertos de palhas. Notam-se, pois, características problemáticas da

urbanização, que se somam à exclusão social.

Na segunda década do século XX, devido à decadência do ciclo da borracha,

Belém apresentou a estabilização no seu processo de urbanização, somente retomada

nos anos 40 com o governo de Getúlio Vargas. Essa decadência proporcionou o

aparecimento de um pequeno parque industrial, localizado nos bairros da Campina e

Reduto.

De acordo com Soares (2007), nos anos 60, Belém teve uma saturação das áreas

centrais, formadas pela presença de serviços e do comércio. Já nas áreas de baixadas,

ocorreu um aumento populacional, acarretando a ocupação inclusive de áreas

institucionais. Em seu turno, a década de 70 viu a expansão urbana iniciar lentamente,

ultrapassando a região institucional, indo em direção ao município de Ananindeua.

A ação do Estado foi importante para a expansão urbana de Belém, que ocorreu

em sentido linear, devido à acessibilidade à integração rodoviária regional e da

Page 29: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

29

conformação do sítio, proporcionando dificuldade para a expansão. Esta só foi possível

devido aos investimentos públicos na área habitacional, efetuados na década de 70,

motivados pela necessidade de gerar empregos e planejar a cidade (MIRANDA, 2004).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2012), o

crescimento urbano ocorrido na capital paraense pode ser notado através do número de

domicílios que em 2000 era de 29.635 mil, dentre esses, 30.550 mil era do tipo “algum

tipo de verticalização”, chegando no ano de 2010 a 368.877 mil, desses 40.912 mil

compunha “algum tipo de verticalização”.

Soares (2007) complementa mostrando que as ações urbanísticas direcionadas às

populações de baixa renda na periferia, muitas vezes manifestadas através de

construções de conjuntos habitacionais, não lhes dedicam infraestrutura nem

equipamentos urbanos adequados.

A periferia belenense teve sua ocupação através de duas formas: a) uma por

meio da iniciativa governamental de proporcionar conjuntos habitacionais, e b) outra

através da migração rodoviária das áreas continentais do estado. A urbanização da

metrópole configurou-se de maneira fragmentada, sem as necessárias condições de

infraestrutura econômica e física para garantir a reprodução adequada da capital. Esse

processo permitiu o surgimento de vários problemas ambientais hoje presentes na área

urbana. Enfim, a nova configuração espacial da capital do Pará levou ao aumento do

setor da Construção Civil e, consequentemente, ao processo de verticalização

(MIRANDA, 2004).

2.3 VERTICALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO

A Construção Civil pode ser definida como uma cadeia de produção complexa,

que abrange o setor da Construção Civil, dos materiais e todos os serviços ligados a eles

ligados. O termo ”engenharia” surgiu em conjunto ao de “projeto”, significando a

construção de edificação, tão logo se passou a preferir o uso de grandes blocos de

pedras em detrimento de madeira, tijolos de barro ou pequenas pedras, as quais que

podiam ser erguidas por uma ou duas pessoas (BILL, 2009).

O setor da Construção Civil sempre teve como característica uma elevada

importância dentro da cadeia produtiva, dada sua capacidade de geração de impostos;

para ilustração, cite-se que é o setor que mais gera impostos indiretamente. Está, porém,

Page 30: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

30

no grupo dos que geram a menor carga tributária abaixo da média do país, devido à

participação de grandes segmentos informais (ANDRADE, 2004).

Segundo IBGE (2010) a Construção Civil imobiliária produz bens duráveis e de

alto valor econômico. Em 2010, a Construção Civil cresceu 14,9%, devido

principalmente ao aumento das operações de crédito para a habitação e ao aumento de

ocupações no setor. Foi gerado um aumento de 9% do PIB, sendo este o mercado que

mais gera empregos para a população com menor qualificação; proporcionou também,

nos últimos, anos a diminuição da taxa de juros, o aumento do crédito e a mudança

jurídica para proteger o investidor imobiliário.

Como mostra Gráfico 4, tal aumento no setor da Construção Civil teve seu êxito

influenciado pelos incentivos financeiros, oriundos dos financiamentos, que

apresentaram seu maior aumento no ano de 2008 e 2009, proporcionando um aumento

também nas vendas dos materiais de construção.

Gráfico 4- Financiamento Imobiliário no ano de 2003 a 2009.

Fonte: IBGE, 2011.

Este aumento proporcionou: (i) elevação no consumo de cimento (Gráfico 5),

(ii) alterações nos planejamentos das construtoras, em relação às obras lançadas e as

Page 31: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

31

entregues, segundo SINDESCON (2012) no município de São Paulo, essa relação

apresento disparidade, principalmente nos anos de 2010 e 2011 onde o número de

empreendimento lançado foi maior em relação às unidades entregues.

Gráfico 5- Valores percentuais de: consumo de cimento e insumos na construção civil.

Fonte: SINDUSCON, 2012.

Assim como ocorre em todo o território nacional, Belém também apresentou um

aumento da Construção Civil imobiliária, principalmente após o ano de 2002, segundo

informações obtidas de duas grandes construtoras, demonstradas nos Gráfico 6 e

Gráfico 7. Esta situação neste setor proporcionou fortalecimento das empresas locais,

gerando um aumento no número de empresas e no porte destas, a vinda, para a capital

paraense, de grandes construtoras de âmbito nacional. Esses movimentos proporcionam

a valorização do solo urbano, estimulando a verticalização; até 1969, Belém apresentava

apenas nove edificações verticais novas por ano, volume irrisório se comparado aos

números atuais.

Page 32: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

32

Gráfico 6- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 1.

Fonte- Leal Moreira, 2011.

Gráfico 7- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 2.

Fonte- CKOM ENGENHARIA, 2011.

Page 33: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

33

Segundo Souza (1989), a verticalização é um processo de produção do espaço,

tendo como característica um estágio avançado de exploração capitalista do solo urbano.

Ela vem se expandindo pelos continentes, principalmente o continente americano,

atingindo vários estágios de desenvolvimento; contudo, no continente europeu, esse

processo encontra-se mais cauteloso.

O processo de verticalização teve seus primórdios nas construções das cidades e

no estágio do capitalismo em países como os Estados Unidos, devido à concentração

urbana, ao elevado custo de habitação e ao liberalismo da legislação. As primeiras

construções verticais com altura elevada apareceram nos Estados Unidos entre os anos

de 1879 e 1890; os autores dessa inovação foram os arquitetos da Escola de Chicago.

Essa inovação dos chamados “arranha-céus” só pode ser realizada devido ao surgimento

das novas técnicas de fundações, estruturas e ao aparecimento do elevador (OLIVEIRA,

1992).

De acordo com Macedo (1999), a verticalização no Brasil acompanhou o

processo de metropolização, sendo que os primeiros edifícios foram construídos no

estado de São Paulo utilizando cimento armado, em 1907 e 1908, e utilizando concreto

armado, em 1916. O processo se desenvolveu posteriormente nos anos 50 e 60, com a

demolição de moradias antigas para a construção de novos empreendimentos, sempre

acompanhando os bairros tradicionais, exceto no Rio de Janeiro, Santos, Recife e

Guarujá, localidades em que a construção acompanhou a orla marítima e teve início

apenas na década de 70.

Ferreira (2006) complementa que a região Norte também apresentou intensa

verticalização, devido ao crescimento das cidades, concomitante à inclusão dessa região

no contexto do capitalismo mundial, como se vislumbra nos grandes projetos dos anos

70. Por essa razão, ocorreram mudanças no espaço urbano, dando gênese ao intenso e

caótico processo de verticalização nas cidades; a capital paraense não ficou excluída,

verificando-se nela uma intensa verticalização através da ocupação diferenciada do

espaço urbano.

A verticalização de Belém iniciou nos anos 40, primeiramente na área central,

mais especificamente na Avenida Presidente Vargas, onde se localizavam as áreas mais

elevadas e valorizadas. As propriedades eram divididas entre os grandes escritórios das

companhias de navegação, os principais hotéis, bares e o comércio, estando fixado ali,

pois, o principal centro comercial (PENTEADO, 1968).

Page 34: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

34

Já nos anos 50 e 60, esse processo começa a deixar tal área central, passando

para os bairros de Nazaré e Batista Campos, sobredito devido ao aumento da

populacional que vivia a capital paraense. No ano de 1956, ocorre a participação do

Estado no processo, mediante a promulgação da Lei nº 3.450, de 6 de outubro, diploma

que estipulava a altura mínima de 12 pavimentos para prédios situados desde a Av. 15

de Agosto até a praça da República, e de 10 pavimentos para os prédios que se

localizassem nas Av. Portugal, Boulevard Castilhos França, Assis de Vasconcelos e

João Alfredo.

Também naquele ano, foi construído o primeiro “arranha-céu” da capital do

Pará, o Edifício Manoel Pinto da Silva, permanecendo por décadas como o maior

edifício da região amazônica (Figura 2).

Figura 2- Vista aérea do Ed. Manoel Pinto da Silva.

Fonte – Google,2012.

Nos anos 70 a verticalização vai em direção aos bairros do Reduto e Umarizal,

passando para os bairros do Marco e da Pedreira na década de 80, devida essas áreas

apresentarem largas avenidas e alguns equipamentos urbanos (OLIVEIRA, 1992).

Machado (2004) complementa dizendo que o aumento do processo de verticalização

nos anos 70 e 80 é resultado do crescimento da população da capital, que foi de 45,42%.

Nas últimas décadas, tem-se percebido uma inovação em relação a este processo,

principalmente nos bairros da Batista Campos, Umarizal, Marco e Augusto

Page 35: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

35

Montenegro: trata-se da expansão, aumento da concorrência e a publicidade do mercado

imobiliário, elementos que impõem um alto padrão aos lançamentos imobiliário dessa

categoria, bem como um refino na escolha da localização, dos materiais, e também

determinam uma grande verticalização na altura máxima dos edifícios, tudo isso sem

violar o autorizado pelo Ministério da Aeronáutica, face à flexibilidade da legislação

que regula o uso do solo. A população com renda mensal mais de 10 salários mínimos

está optando por adquirir imóveis no bairro do Umarizal (FERREIRA, 2006).

Oliveira (2007) relata que, na década de 80, através do aumento da oferta,

acentuando a especulação imobiliária e a exploração demográfica, o processo de

verticalização foi atravessando as fronteiras do centro e se direcionando para as áreas

periféricas.

A verticalização belenense apresenta novas formas, tais como a introdução de

modernos equipamentos de lazer na área condominial, a elevação das densidades

construídas e da altura dos empreendimentos. Isto proporciona uma tendência de

segregação sócio espacial entre as classes alta e média (OLIVEIRA, 2005).

Dois agentes desempenham um papel importante no fenômeno da verticalização:

os usuários e o Estado: os usuários, devido a estes serem moradores tanto da construção

vertical quanto horizontal; já o poder público, porque promove serviços, obras

pavimentação de vias, as quais se verificam de forma mais intensa nos bairros do

Umarizal, Batista Campos e Augusto Montenegro (FERREIRA, 2006) Debord (1997)

complementa relatando que o bairro de Batista Campos tem uma das áreas das mais

valorizadas devido à presença da praça que leva o nome do bairro, ou seja, a praça

Batista Campos. Já o bairro do Umarizal também tem o espaço valorizado devido à baía

de Guajará.

De acordo com a pesquisa realizada por Oliveira (2005) a concentração dos

imóveis verticalizados com nível auto estão concentrados principalmente no bairro do

Umarizal, isso é o reflexo que as construtoras e incorporadoras realizam com os

representantes políticos no decorrer dos 10 anos, no intuito de alterar a legislação que

restringia os índices de utilização dos terrenos em no máximo até três vezes a sua

dimensão, hoje em dia, através da lei Complementar de Controle Urbanístico, essa lei

determinou o aumento desse aproveitamento de quatro até seis vezes o tamanho do

terreno, sendo esse determinado da zona de localização do imóvel.

Page 36: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

36

2.4 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

Historicamente, o bem-estar humano, principalmente na Grécia Antiga, não

esteve vinculado apenas a descobertas naturais ou de elementos técnicos, mas sim

através da participação na política, liberdade e igualdade entre os que participavam e os

que não participavam do meio político (BODSTEIN, 1997).

Para a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS – (2010, apud

WHOQOL GROUP, 1994), a qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua

posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em

relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

O termo “qualidade de vida” teve seu aparecimento na década de 30. Sua

importância surgiu nos anos 60, através do estudo do crescimento econômico das

sociedades baseado no Produto Interno Bruto (PIB). Já na década de 70, nota-se que não

havia um entendimento claro a respeito desse termo; no entanto, foi nesse período que

surgiu a definição chamada clássica, correlacionando-se ao prazer e satisfação na vida

do cidadão (SEIL; ZANNON, 2004).

O conceito de qualidade de vida, no início da década de 90, é consolidado tanto

em plano subjetivo quanto multidimensional, e é influenciado por vários fatores

relacionados à educação, à economia e aos aspectos socioculturais. Isso posto, mesmo

quando tomamos em consideração tais variáveis, no contexto geral, a apuração do

conceito deve se atentar aos aspectos físicos, sociais, psicológicos e espirituais

(MINAYO et al. 2000).

No campo da saúde, o interesse também pelo tema vem aumentando. Na

avaliação da qualidade de vida, são utilizados questionários ou instrumentos, sendo

estes divididos em dois grupos. O primeiro, de caráter genérico, tem o intuito de avaliar

os aspectos físico, social, psicológico e espiritual; exemplo dessa avaliação é Medical

Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36). O segundo grupo, em seu

turno, é composto pelos chamados instrumentos específicos, que avaliam de forma

individual e específica alguns aspectos da qualidade de vida, tais como a avaliação da

capacidade funcional, do sono, e pesquisa de algumas doenças como o câncer (PINTO-

NETO; CONDE, 2008).

Page 37: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

37

Para Seil; Zannon (2004), o objetivo com que se utiliza esse conceito na área da

saúde é bastante similar ao que se vislumbra no âmbito geral, ou seja, busca-se verificar

a presença ou não de doenças. Com isso, na década de 90, a literatura fixou dois

aspectos que os vários conceitos adotam: o primeiro, relativo à subjetividade e, o

segundo, à multidimensionalidade.

De acordo com Salas; Silva (2005), o crescimento da população que vive nas

metrópoles promoveu um efeito negativo na qualidade de vida, devido à deficiência e à

pouca qualidade nos serviços oferecidos a essa população. Esse efeito negativo, no

entanto, não pode ser visto como afeto unicamente à população em geral; também

devem ser consideradas parcelas específicas da população. Uma delas é o mercado de

trabalho, cuja notória expansão e ramificação em campos de especialidade faz com que

se tenha que vislumbrar também a qualidade de vida voltada e ele, ou seja, a qualidade

de vida no trabalho (QVT).

Salas; Silva (2005) relata que a evolução do mercado de trabalho e o

crescimento da economia e da tecnologia, surgem a importância de as empresas

proporcionarem melhor a QVT, no intuito de melhorar a satisfação dos profissionais e

seus familiares, gerando retornos de produtividade e tornando essas empresas mais

competitivas.

O trabalho vem mostrando alterações no seu modo de realização. Nos

primórdios, era realizado apenas para a sobrevivência. Já durante a Revolução

Industrial, houve modificações onde foram introduzidas, somando-se aos trabalhadores

que já existiam, as máquinas, criando a necessidade do trabalhador em se aperfeiçoar e

capacitar para a operação do maquinário, entrando, assim, na era do conhecimento, em

virtude da divisão das tarefas (FRANÇA, 1997).

Para França (1997) a QVT significa dispor de instrumentos no intuito de realizar

avanços positivos no local de trabalho, através de um olhar global focado em toda a área

em todos os trabalhadores. Já para Fernandes (1996), a QVT é conceituada como a

gestão dinâmica e contingencial de fatores sociopsicológicos, tecnológicos e físicos,

afetando e modificando o bem-estar do trabalhador. Carmello (2007) arremata relatando

que o mais importantes nos programas de QVT é que as únicas melhoras auferíveis são

aquelas que se podem medir; com isso, é preciso medir para melhorar, através de uma

avaliação criteriosa da satisfação dos funcionários, concretizando um acordo entre os

interesses dos indivíduos e os das organizações.

Page 38: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

38

Em modo geral, a QVT é o esforço que visa a melhorar ou humanizar o trabalho

como um todo, tornando-o mais produtivo para o mercado e mais satisfatório para os

funcionários (TELLES, 2005). Quando a empresa proporciona motivação relativa a

QVT, possibilita investimentos em projetos para o futuro, gerando ganhos para todos

(CARMELLO, 2007).

Numa visão humanista, a QVT é relacionada ao atendimento das necessidades e

anseios do trabalhador, à humanização do local e, por fim, à responsabilidade social da

empresa. Esses fatores devem ser bem conduzidos, a fim de gerar maior satisfação e

motivação dos trabalhadores; empresas que almejam resultados rápidos, portanto,

proporcionam maior tensão para seus empregados, dificultando a implementação de um

programa de QVT.

Maximiliano (2007) relata que, para que haja sucesso em um programa de QVT,

há de haver disponibilidade financeira e de tempo para realizar o plano de maneira

correta e com resultado positivo. Um bom planejamento e uma boa imagem da empresa

são, pois, de fundamental importância para o êxito das ações e para a obtenção de um

bom custo-benefício.

Segundo Chaib (2005), para que um programa de QVT tenha êxito, é imperiosa

a implementação de um sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho (G-SST), o

qual permite a melhoria da organização, gerando melhorias contínuas e diminuindo os

níveis de riscos a que os trabalhadores são expostos, minimizando os índices de danos

físicos e problemas de saúde desses trabalhadores.

Em que pese a diversidade de programas de QVT, o ato de planejar a habilidade

de produção deve ser sempre levar o fator da motivação. Este está diretamente

associado à empresa em que se trabalha, de acordo com a presença de tecnologias

favoráveis à produção e com o envolvimento com a entidade (MAXIMILIANO 2007).

O mesmo autor salienta que um aspecto importante dos processos de QVT é o

fator da inovação, pois é através desse ponto que as empresas permanecem sempre

“vivas”, mantendo sua posição no campo de competitividade industrial.

Através dessa abordagem, tem-se que as empresas que investem nesses

processos mostram um diferencial em relação ao mercado em que atuam, pois praticam

uma integração entre inovação e competição, com um consequente aumento no seu

lucro. Entretanto, segundo Lima et al. (2004), se esses programas forem realizados de

Page 39: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

39

forma inadequada, podem causar um aumento do número das patologias ocupacionais,

acidentes de trabalhos e insatisfação.

A natureza de tais transtornos, ocasionados pelas formas inadequadas de

realização desses programas, depende do meio em que o trabalhador está inserido. Por

exemplo, em um canteiro de obra, os operários são submetidos a elevadas cargas de

trabalho, apresentando condições propícias a acidentes de trabalho, doenças

ocupacionais e insatisfação.

2.4 SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.4.1 Construção Civil x doenças musculoesquelética

A Construção Civil consiste em atividades que demandam grande esforço físico

ao trabalhador, devido a uma rotina de ritmo pesado e, na maioria das vezes, em

circunstâncias inadequadas, sem pausas e com condições mínimas de trabalho (SILVA

et al, 2009).

Segundo Oliveira (1998), um dos maiores problemas que afetam a saúde do

trabalhador são as lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho, que são patologias

que se manifestam por alterações a nível muscular, tendões, nervos, ligamentos e

cartilagens. Seu diagnóstico, portanto, deve levar em consideração as condições de

trabalho, a intensidade, a frequência e as posturas adotadas durante o mesmo.

As condições precárias de trabalho no setor da Construção Civil aumentam ainda

mais o impacto na saúde do ser humano, submetendo os trabalhadores a fatores de risco

como, além da adoção de posturas incorretas, peso excessivo, movimentos repetitivos,

vibração nas mãos, braços e todo o corpo. Existem ainda fatores individuais (peso

corporal, alterações biomecânicas e idade) e fatores psicossociais (pequeno índice de

treinamento, ferramentas pouco específicas, tempo de trabalho e satisfação profissional)

que podem representar fatores de risco para lesões musculoesqueléticas (Oliveira,

1998).

Essas alterações musculoesqueléticas podem resultar nas doenças ocupacionais

que, para Diesel et al. (2011), são aquelas adquiridas durante o exercício do trabalho à

Page 40: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

40

serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a

morte ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho

assim como definido no artigo 2° da Lei n° 6367, de 19.10.76.

Com isso, um programa de saúde e segurança do trabalho na empresa deve ser

implantado de forma que concentre ações de saúde e engenharia na diminuição da

exposição do trabalhador aos agentes ambientais alterando processos e sistemas, para

um melhor desempenho produtivo (DIESEL et al, 2011).

Na figura 3 pode-se observar uma perspectiva das possíveis causas das lesões

musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil. A função exercida pelo

trabalhador da Construção Civil no canteiro de obras tem um impacto importante na

prevalência de lesões (SILVA et al, 2009).

Figura 3- Lesões musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil.

Fonte- SILVA et al, 2009.

Page 41: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

41

Arndt et al. (2005) em seu estudo com trabalhadores da Construção Civil

constatou que 45% dos casos de doenças ocupacionais correspondiam a transtornos de

caráter musculoesqueléticos, enquanto que 19% representavam doenças de caráter

cardiovascular.

As lesões mais comuns são as que afetam a região lombar (28%), seguido de

pé/tornozelo (20%), extremidades superiores (15%), ombros (14%) e

joelho/perna/quadril (14%) (Welch et al., 1999). Goldsheyder et al. (2004) revelaram

que a maior parte dos trabalhadores que trabalham com concreto relatou dores

osteomusculares variando sua magnitude, gravidade e localização. Mais de dois terços

dos trabalhadores queixaram-se de dores na coluna lombar, seguidos de ombro e

pescoço, respectivamente.

Silva et al. (2011) expõem em seus estudos que a dor nos membros superiores e

inferiores devido aos esforços repetitivos e com sobrecarga excessiva, em geral, têm

início insidioso e localizado. Na maioria das vezes é antecedida por um quadro de

"desconforto", que pode piorar com o trabalho e melhorar com o descanso. Em estágios

mais avançados da doença, não há fatores de melhora ou piora. Com a evolução clínica,

é comum a formação de edema e, além disso, atrofia e/ou hipertrofia musculares

levando a um quadro de diminuição ou até mesmo de "perda da força muscular".

2.4.2 doenças musculoesqueléticas relacionadas à Construção Civil.

As doenças de caráter musculoesquelético consideradas mais freqüentes entre os

trabalhadores da Construção Civil são: Lombalgia, Epicondilite Medial e Lateral do

Cotovelo, Síndrome do Impacto do Ombro, Artrose de Joelho (SILVA et al, 2011).

2.4.2.1 lombalgia.

A coluna lombar é o segmento da coluna vertebral que mais recebe influência

dos choques mecânicos, pois recebe as forças de reação do solo através das

extremidades inferiores, no momento do contato com o calcanhar com o chão.

Juntamente com as articulações sacroilíacas, forma um conjunto responsável pela

Page 42: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

42

sustentação de parte superior do corpo e de transmissão de peso para as extremidades

inferiores do corpo através da pelve (GROSS et al, 2000).

Quando ocorre um desequilíbrio das forças impostas sobre a coluna lombar,

acarreta em uma possível lesão ao sistema musculoesquelético do segmento.

Geralmente tendo como principal queixa a dor, caracterizando-se assim lombalgia

(GROSS et al, 2000).

A lombalgia é uma das queixas mais comuns da população em geral,

principalmente daqueles que trabalham carregando cargas excessivas ou realizando

movimentos repetitivos e de forma inadequada. Segundo a Organização Mundial de

Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos

uma crise aguda de dores nas costas durante sua vida, e que 90% dessas pessoas

apresentarão mais de um episódio de lombalgia, evoluindo para cronicidade (SILVA et

al, 2009).

Esta patologia consiste em quadro álgico localizado na região lombar, não sendo

caracterizada como uma doença, mas sim como um sintoma decorrente de várias

etiologias como, por exemplo, degeneração dos discos intervertebrais, estreitamento do

forâme, como mostrado na Figura 4, além de um possível diagnóstico de hérnia de disco

lombar, traumatismo ou atividades extenuantes (NOVAES, 2011).

Figura 4- Causas Frequentes de Lombalgia.

Fonte – Google, 2012.

Page 43: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

43

No caso dos trabalhadores da Construção Civil, as lombalgias surgem devido o

levantamento e manuseio de cargas pesadas, adoção de posturas inadequadas na

realização dos procedimentos, dentre outros fatores que geram sobrecarga na região da

coluna lombar (TROUSSIER et al, 1999).

Segundo os fundamentos da Biomecânica, praticamente não existem limites

para o ser humano, quando são utilizados ferramentas e equipamentos adequados ao

peso e ação a ser executada, adotando uma postura adequada no momento de realizar os

esforços (COUTO, 1995).

No Brasil, a legislação estipula em 60 (kg) o peso máximo que um trabalhador

deve manusear, numa atividade laboral (SILVA et al, 2011). Apesar disto, este valor

não pode ser referenciado para uma atividade que seja realizada durante toda uma

jornada de trabalho e também a rotina de trabalho desses profissionais exige o

carregamento de pesos além do valor estipulado em repetidas vezes por dia, como por

exemplo, na Figura 5 a seguir.

Figura 5- Trabalhadores no canteiro de obras.

Fonte – Google, 2012.

Page 44: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

44

2.4.2.2 epicondilite medial e lateral do cotovelo.

A epicondilite do cotovelo é caracterizada por quadro álgico na articulação do

cotovelo, mas precisamente na região que compreende os epicôndilos do cotovelo

(Figura 6). Consiste em uma tendinite ou inflamação dos tendões, de caráter

degenerativo, de alguns músculos que compõem essa articulação (DUTTON, 2007).

Figura 6- Articulação do Cotovelo.

Fonte – Google, 2012.

A epicondilite medial, também conhecida como doença de cotovelo de golfista,

é uma das causas mais comuns de dor na parte medial do cotovelo. Segundo Dutton

(2007), esta é associada a queixas com atividades que requerem movimentos bruscos de

flexão de punho com pronação do antebraço, ou seja, semelhante ao movimento de

braço realizado por um atleta de golfe.

Page 45: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

45

Já epicondilite lateral, também chamada como cotovelo de tenista, de acordo

com o mesmo autor é a causa mais comum de dor na parte lateral do cotovelo e pode ser

associado com movimentos repetitivos utilizando cargas excessivas levando a um

quadro de dor, edema, bloqueio articular e diminuição da força do membro afetado.

Silva et al. (2011) afirma em seu trabalho que os profissionais que exercem a

função de “ajudante de pedreiro” nos canteiros de obras são os mais acometidos por

estas patologias de cotovelo, justamente pelo movimentos repetitivos e excesso de carga

nos membros superiores, como mostra a Figura 7.

Figura 7- Demonstração de movimentos repetitivos realizados por “ajudante de pedreiro”s da Construção Civil.

Fonte – Google, 2012.

2.4.2.3 síndrome do impacto do ombro.

A Síndrome do Impacto no Ombro é uma patologia inflamatória e degenerativa

que se caracteriza por impactação mecânica ou compressão de determinadas estruturas

que compõem a articulação decorrente de movimentos de elevação repetitiva do braço

(Figura 8). Essa síndrome progride com o efeito acumulativo do impacto, podendo

Page 46: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

46

causar microlesões nas estruturas com possibilidade de fibrose de bursa, tendinite ou até

mesmo ruptura de um dos músculos componentes do manguito rotador (METZKER,

2010).

Figura 8- Mecanismo de lesão na síndrome do impacto do ombro.

Fonte – Google, 2012.

Na Construção Civil, esta patologia acomete principalmente aqueles

trabalhadores que realizam atividades de carregamento de pesos excessivos com

elevação de braço acima de 90° ou que estão expostos a vibrações por um longo período

de tempo (MENDONÇA JR; ASSUNÇÃO, 2005).

2.4.2.4 artrose do joelho.

A artrose do joelho, também denominada de osteoartrite, é uma doença

degenerativa da articulação (figura 9), tendo sua prevalência aumentada com o

envelhecimento. Esta ainda pode ser decorrente da exposição do indivíduo jovem a

situações de traumatismo articular por esforço excessivo e/ou elevada descarga de peso

em membro inferior (ZABEU et al, 2007).

Page 47: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

47

Figura 9- Joelho com Artrose e sem Artrose.

Fonte – Google,2012.

A artrose de joelho pode estar relacionada ao trabalho na Construção Civil uma

vez que muitas das atividades executadas no canteiro de obras exigirem esforço dessa

articulação, ocasionando em desgaste da mesma no decorrer do tempo. Atividades

repetitivas com flexo-extensão de joelho, além de executadas por muitas vezes de forma

inadequada acaba gerando impacto entre as superfícies cartilagenosas da articulação

promovendo o seu desgaste precoce, demonstrada na figura 10 (SILVA et al, 2011).

Page 48: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

48

Figura 10- Possível mecanismo para ocasionar artrose de joelho.

Fonte – Google, 2012.

2.4.3 prevenção das doenças musculoesquelética em trabalhadores da Construção

Civil.

As doenças musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil são em

sua maioria decorrentes dos esforços repetitivos executados pelos mesmos durante a

atividade laboral. De acordo com Lima (2004), tal fator leva a um desgaste corporal

devido a sobrecarga excessiva e continua.

O método de prevenção mais difundido é a adoção de pausas regulares e de

exercícios de alongamento nos quais sejam realizados movimentos contrários aos que

são feitos durante o trabalho, diminuindo assim os encurtamento de cadeias musculares

e compressões articulares geradas por cargas excessivas (LIMA, 2004).

Orientações posturais para a execução das atividades laborais diminuem o risco

de lesões e sobrecarga das articulações do corpo, principalmente referentes à coluna

lombar e joelho. É importante ressaltar que se faz necessário obedecer aos limites

corporais de cada trabalhador. (SILVA, 2011).

Page 49: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

49

A inclusão de um programa de cinesioterapia laboral ou ginástica laboral para os

trabalhadores da Construção Civil é indispensável uma vez que contribui para a

diminuição dos casos de doenças decorrentes do trabalho, diminuindo também o índice

de afastamento desses trabalhadores, influenciando assim na produtividade da empresa

(BARBOSA, 2002).

2.4.4 método avaliativo da saúde do trabalhador: biofotogrametria.

O trabalho realizado nos canteiros de obra é intenso, e por isso requer muito

cuidado. Devido a isso, os transtornos relacionados aos distúrbios osteomusculares

ocorrem pela ausência dos devidos cuidados.

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho podem gerar diferentes

graus de incapacidade funcional, sendo considerado um dos mais graves problemas no

campo da saúde do trabalhador. Assim, na presença de sintomas dolorosos, muitas

vezes os dados objetivos da avaliação física podem não apresentar a correta

correspondência entre a dor e a capacidade funcional. Faz-se necessária, portanto, a

utilização de instrumentos para a avaliação de aspectos mais operacionais, capazes de

fornecer informações importantes sobre os déficits funcionais existentes nos portadores

de DORT (WALSH et al,2004).

Segundo o mesmo autor, tais instrumentos devem abranger formas de avaliar

continuamente a capacidade funcional para o trabalho e os possíveis agentes que

contribuem para a ocorrência de sintomas, lesões, doenças e estresse no trabalho. Esses

cuidados proporcionam a aferição de um quadro mais completo do impacto das lesões

sobre esses indivíduos, e permitem a implantação de medidas que melhorem as

condições de trabalho, harmonizando-as com a capacidade dos trabalhadores.

A avaliação fisioterapêutica específica pré-participação e as reavaliações de

controle são de extrema importância na prevenção e diminuição de ocorrências de

lesões. No esporte, por exemplo, o fisioterapeuta é capaz de analisar as alterações

biomecânicas, os aspectos fisiológicos e de treinamento de cada atleta. Também pode

averiguar os equipamentos utilizados na prática esportiva. Pode atuar na correção dos

fatores de risco porventura encontrados na avaliação, prevenindo a ocorrência de lesões

e o consequente afastamento da atividade esportiva (AFONSO, 2010).

Page 50: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

50

O desequilíbrio biomecânico modifica os movimentos da coluna lombar,

enfraquece a musculatura e conduz à dor e à restrição de movimentos. Dentre as

doenças de alto risco, as principais relacionadas ao trabalho na Construção Civil são as

lesões e os distúrbios osteomusculares, causados comumente por movimentos de

repetição, posturas viciosas, manuseio inadequado e sobrecarga em demasia.

(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).

Consequentemente, as lesões adquiridas pelos operários da Construção Civil

decorrem do estresse físico exercido nas atividades. Desenvolvem-se as lombalgias,

hérnias discais e desvios posturais, que levam ao afastamento do trabalho e custos para

o sistema de saúde e previdenciário. Fatores ergonômicos, pessoais, ocupacionais,

clínicos e psicológicos, analisados em pesquisas, apresentaram relação significativa com

a capacidade de o trabalhador exercer sua função com isenção de relatos de dor lombar

associada à sobrecarga do aparelho locomotor (ALMEIDA; GALVÃO, 2011).

O trabalho da Construção Civil apresenta, no âmbito nacional, um dos maiores

índices de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, o que se pode atribuir aos

perigos a que estão expostos aos operários, essencialmente de origem ergonômica,

observados no ato de levantar e transportar cargas e de executar constantes movimentos

de repetição. Os estudos sobre disfunção lombar têm aumentado, a fim de aprimorar

prevenção, identificar a causa e viabilizar o tratamento dessa patologia, considerando

sua prevalência na população e o importante impacto socioeconômico que gera.

(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).

O emprego de técnicas inadequadas se traduz na adoção de posturas nocivas,

afetando as curvas da coluna vertebral e alterando a musculatura. As deformidades

acontecem quando o trabalhador utiliza um músculo padrão, a ponto de se tronar um

hábito. Assim, observa-se que, com o tempo, o trabalhador adota uma postura

característica de seu trabalho. Isso pode ocasionar diversas doenças, como os desvios

posturais (escolioses, hipercifoses, hiperlordoses ou retificações dos segmentos), que

levam a consequentes deformidades internas e que geralmente se instalam com o tempo

prolongado de lesão (osteoartroses, osteófitos, artrites, osteoporose e hérnias discais)

(SANTA MARIA, 2001).

A biomecânica do corpo humano pode ser definida como uma ciência

interdisciplinar que utiliza os conhecimentos de áreas como a física, matemática,

fisiologia, engenharia de reabilitação e anatomia. A biomecânica externa do corpo

Page 51: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

51

humano representa parâmetros de determinação quantitativa e/ou qualitativa, referentes

à mudança de lugar e à posição da estrutura do corpo em movimento em sua totalidade,

podendo levar a um acontecimento na biomecânica interna, que está relacionada com a

determinação de forças (forças articulares e musculares), e seus consequentes resultados

sobre o biomaterial, frente às diferentes formas de solicitação mecânica (pressão, tração,

flexão, torção e etc). Estas variáveis são dificilmente passíveis de medição direta.

(SANTA MARIA, 2001).

A avaliação postural, bem como a mensuração objetiva da amplitude articular, é

de fundamental importância para o diagnóstico, planejamento e acompanhamento da

evolução e dos resultados de um tratamento fisioterapêutico. Apesar de haver consenso

em torno do fato de que uma postura equilibrada é importante para um bom

funcionamento das estruturas musculoesqueléticas, a avaliação postural é um fenômeno

complexo e de difícil mensuração. Isso pode explicar por que existem poucos resultados

de estudos que conseguem associar alterações posturais a lesões ou disfunções

musculoesqueléticas específicas. Portanto, é importante o estabelecimento de métodos

fidedignos (SACCO et al, 2007).

Desde modo faz necessário uma avaliação postural, realizando uma abordagem

mais individualizada, no intuito de identificar possíveis desequilíbrios e dores, com isso,

dentre os vários métodos avaliativos temos a Biofotogrametria Computadorizado (BC),

utilizando o uso das imagens fotográficas realizando interpretação das mesmas

(RICIERI, 2000).

A fotogrametria digital vem sendo considerada uma alternativa para a avaliação

quantitativa das assimetrias posturais, podendo ser utilizada para obtenção de medidas

lineares e angulares. Para a American Society for Photogrammetry and Remote Sensing,

a fotogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável sobre

objetos físicos e o meio ambiente por meio de processos de gravação, medição e

interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética radiante e

outras fontes. A fotogrametria possibilita o registro de mudanças sutis e da inter-relação

entre partes diferentes do corpo humano, difíceis de serem mensuradas ou registradas

por outros meios (SACCO et al, 2007).

A utilização da fotogrametria pode facilitar a quantificação das variáveis

morfológicas relacionadas à postura, trazendo dados mais confiáveis do que aqueles

obtidos pela observação visual. Esse fato é importante tanto para a credibilidade da

Page 52: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

52

fisioterapia clínica quanto para a confiabilidade das pesquisas em reabilitação. Além

disso, na fotogrametria existe uma facilitação no processo de arquivamento, com a

economia de espaço e também de tempo no acesso aos registros arquivados. Outra

vantagem da fotografia digital é a sua passibilidade de conjugação a processos

computadorizados de mensuração, tendo como resultado a fotogrametria

computadorizada (SACCO et al, 2007).

Este autor complementa, descrevendo a fotogrametria computadorizada como

uma combinação da fotografia digital com softwares que permitem a mensuração de

ângulos e distâncias horizontais e verticais para finalidades diversas, como softwares

especificamente desenvolvidos para a avaliação postural. As mensurações efetuadas das

medidas de amplitude articular e das posições das partes do corpo entre si devem ser

confiáveis e feitas de maneira padronizada, permitindo, além das comparações das fases

e avaliação da eficácia de um tratamento, a divulgação dos resultados a outros

profissionais.

A fotogrametria computadorizada na avaliação postural, utilizada em estudo,

apresentou confiabilidade aceitável, com valores do Índice de Correlação Intraclasse

entre 0,71 e 0,79 inter e intra-examinadores para a maioria das medidas angulares

avaliadas, sendo, portanto, indicada para avaliações de assimetrias e de desvios

posturais, com alta confiabilidade inter e intra-examinadores para todas as medidas

angulares, muito embora a repetibilidade desse método tenha sido baixa e, portanto, o

acompanhamento de resultados pré e pós-tratamento pode não ser suficientemente

confiável (SACCO et al, 2007).

A etimologia do termo “fotogrametria” é grega, formada pela composição de

três radicais: photós, grámma e métron que significam respectivamente, luz, aquilo que

se desenha ou escreve, e medida. Em outras palavras, fotogrametria seria a medida

gráfica realizada através da luz (BARAÚNA et al, 2004).

Alguns dos conceitos interpretativos e metodológicos fundamentais da

fotogrametria cartográfica foram transportados e adaptados ao estudo do movimento

humano, sendo assim denominada de biofotogrametria computadorizada. Os primórdios

da Biofotogrametria Computadorizada referem-se ao trabalho de Ferreira na

Universidade Técnica de Lisboa, quando descreveu um programa experimental para

computadores que selecionava imagens obtidas através de fitas de vídeo em VHS,

Page 53: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

53

permitindo a delimitação de pontos e o cálculo dos ângulos formados entre esses pontos

(BARAÚNA et al, 2004).

Na Universidade Federal de Uberlândia-MG, foi desenvolvido e aperfeiçoado o

sistema baseado no mesmo princípio de cálculo angular anterior, denominado

ALCimage®, que possui as respectivas versões 1.0, 2.0 e 2.1. Esse programa é um

algoritmo matemático que transforma pontos de imagens em eixos coordenados

cartesianos e os quantifica, ou seja, tem por base operacional o cálculo de um ângulo

selecionado pela marcação de 3 pontos sequenciais, e o resultado encontrado apresenta

precisão de 3 casas decimais. Assim sendo, a temática e os instrumentos empregados

nesta pesquisa foram elementos motivadores para que esse trabalho chegasse a termo

(BARAÚNA et al, 2004).

A BC é um recurso que pode ser usado na avaliação, para diagnóstico físico

funcional, por fisioterapeutas de diferentes áreas; seu uso em vários estudos demonstra

sua fidedignidade. A Biofotogrametria Computadorizada fundamenta-se na aplicação do

princípio fotogramétrico às imagens fotográficas obtidas de movimentos corporais,

onde se realizam as bases apropriadas para a fotointerpretação. É recurso de avaliação

não invasivo, que apresenta vantagens na efetividade de sua aplicação clínica, oferece

baixo custo para o sistema de recolha e fotointerpretação da imagem, possuindo também

alta precisão e reprodutibilidade dos resultados. Para a avaliação postural, os indivíduos

devem se submeter previamente a demarcações nos pontos anatômicos referenciais, que

deverão corresponder aos ângulos e às imagens captadas, que devem ser de boa

qualidade, viabilizando uma adequada interpretação fotogramétrica (SANCHEZ et al,

2008).

Para Ricieri (2006), ao realizar a análise e a quantificação das alterações

biomecânicas causadas por distúrbios fisiológicos, o fisioterapeuta dispõe de

ferramentas para captura sistematizada de imagens, as quais sofrerão posterior análise

angular e/ou linear com softwares gráficos e emissão de laudos – Biofotogrametria.

Magazoni (2000) relata a BC como sendo o método de diagnóstico

fisioterapêutico utilizado em varas áreas, tendo sua comprovação atreves de vários

estudos. O método necessita do uso de material flexível, com demarcação de pontos

anatômicos do corpo como referência tais como a parte óssea, articulações e regiões

corporais.

Page 54: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

54

Estudo de GONGORA et al. (2009) avaliou o índice de confiabilidade intra e

interexaminadores da análise do ângulo poplíteo através da biofotogrametria. Concluiu

que é um método apropriado para a avaliação de tal ângulo dentro das condições

estabelecidas, devido aos valores estatísticos que confirmam a reprodutibilidade e a

repetibilidade da técnica, bem como por seus índices inter e intraexaminadores terem

sido classificados com confiabilidade de forte a muito forte.

Ricieri (2006), diz que a BC proporciona ao fisioterapeuta, construir o

diagnóstico do seu paciente, sem a necessidade de uma radiografia ou de outros recursos

vinculados a outras áreas da saúde, mas que estão fora do seu alcance legal e científico.

Baraúna et al. (2004) elegeram a BC para a avaliação e quantificação das

possíveis limitações de ADM de ombro, em virtude de duas grandes vantagens

apresentadas: baixo custo do sistema de fotointerpretação de imagens e a precisão e

reprodutibilidade dos resultados. IUNES et al. (2010) acrescentam, ainda, outras

vantagens: a ausência de contato com o paciente e o uso de luz visível, o que evita a

exposição à radiação.

Este método utiliza medidas precisas de ângulos corporais e distancias das

estruturas anatômicas, transformando pontos de imagens em eixos coordenados

cartesianos quantificando e analisando assim a sua postura (BARAÚNA et al, 2004).

Durante a avaliação é realizado um registro fotográfico de cada voluntário,

utilizando uma câmera digital, adotando todos os cuidados metodológicos que se devem

ter ao utilizar a fotografia, tais como: padronização do posicionamento do voluntário e

da máquina fotográfica, posicionamento da câmera sobre tripé nivelada e sempre

colocada paralelamente ao chão (Figura 11). Não utilizando o zoom para evitar

distorções, sendo todas as fotografias realizadas pelo mesmo examinador. Os registros

de todo o corpo nos planos frontal anterior e posterior, no plano sagital com o

voluntário ereto e com flexão anterior de tronco. A vestimenta compõe biquíni ou

calção de banho, sendo os pontos anatômicos marcados bilateralmente no corpo para

servir como referência para traçar os ângulos avaliados (Figura 12) (IUNES et al, 2010).

Page 55: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

55

Figura 11- Posicionamento da câmara sobre o tripé.

Fonte - RICIERI et al., 2008.

Page 56: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

56

Figura 12- Ilustração dos vários ângulos que podem ser avaliados na vista anterior, posterior e sagital direito.

Fonte – Google, 2012.

Page 57: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

57

CAPÍTULO 3. Procedimentos Metodológicos

Esta pesquisa tem como hipótese inicial a existência de uma relação entre

urbanização, aumento de demanda na Construção Civil, acréscimo na jornada de seus

trabalhadores e consequente ocorrência de lesões osteomioarticulares nos trabalhadores

da Construção Civil na cidade de Belém, ou seja, por meio de um método proposto

nesta pesquisa, o qual é pautado no emprego de três metodologias existentes em

associação com outro método adaptado por este autor, tentou-se entender a referida

relação e evidenciar aspectos inerentes de modo a concluir pela hipótese inicial.

3.1 LOCUS DA PESQUISA.

Esta pesquisa foi realizada durante o mês de janeiro de 2012, em um

empreendimento vertical na cidade de Belém, Pará, localizado na Av. Almirante

Barroso, no. 465, entre as travessas Antônio Baena e Chaco, conforme se observa na

Figura 13, que ilustra a sua localização. Trata-se de uma edificação contendo 20

andares, com áreas total, privativa e comum de 1.344,25 m², 86,56 m2 e 48,97 m2,

respectivamente, denominado Edifício “Celebration Residence”. Além disto, é possível

observar na Figura 14 detalhes da obra em relação ao estágio atual em comparação à sua

maquete eletrônica.

Page 58: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

58

Figura 13- Localização do objeto da pesquisa.

Fonte- Google Maps, 2012.

Figura 14- Detalhes da obra investigada: (a) estágio atual; (b) maquete eletrônica.

(a) (b)

Fonte- CKOM, 2012.

Segundo a construtora, a referida obra iniciou a sua construção com 102

trabalhadores, entre os diversos cargos e funções. Contudo, devido à necessidade de

remanejamento de seus funcionários para outras obras do grupo, que apresentavam

Page 59: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

59

atrasos nos seus cronogramas de entrega, no período de coleta de dados (2012) o

empreendimento possuía ativamente em seu quadro funcional 59 trabalhadores,

distribuídos entre os cargos de engenheiro civil, eletricista, ajudante de “ajudante de

pedreiro”, carpinteiro, mestre de obras, etc.

3.2 ESPAÇO AMOSTRAL E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO.

O espaço amostral foi constituído por 22 trabalhadores da obra investigada que

se enquadraram nos critérios de inclusão descritos na Tabela 1. Tais critérios foram

escolhidos no intuito de constituir um universo amostral representativo das atividades

geradoras das patologias investigas, tornando nossa população amostral mais

homogênea, bem como, para propiciar a fidedignidade da pesquisa, e obter maior

certeza das relações causais investigadas.

Tabela 1- Demonstração dos critérios de inclusão e exclusão.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO • Cargo: ajudante de “ajudante de pedreiro”; • Faixa etária: superior a 18 anos e inferior a 65; • Ambos os sexos; • Mínimo de 3 anos de atuação na mesma atividade; • Dentro dos canteiros de obra; • Cognição preservada, sendo capaz de responder às

perguntas; • Sem restrição de deslocamento independente ou

alterações ortopédicas que interfiram na locomoção e/ou promovam compensação a nível da coluna vertebral, e que não apresentem alterações osteomioarticulares.

• Indivíduos que não se enquadraram nos itens acima mencionados.

Obs: Não houve nenhuma desistência.

3.3 O MÉTODO PROPOSTO.

O método empregado nesta pesquisa baseia-se na premissa de que é possível

correlacionar a ocorrência de certo grupo de patologias posturais com atividades da

Construção Civil, aumentadas em função da verticalização. Assim, procurou-se adaptar

métodos consagrados da fisioterapia no contexto em tela, que debruça o olhar sobre os

processos de urbanização. Para tanto, foram adaptados três métodos, quais sejam:

Page 60: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

60

• Questionário de Vida no Trabalho (QVT);

• Escala de Avaliação de Dor (EAD) – diagrama proposto por Corllet e Manenica

em 1980;

• Bifotogrametria – Baraúna (2003): conforme descrito no capítulo 2.

3.3.1 métodos utilizados.

(i) Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT):

A QVT é um assunto importante no contexto laboral, pois com a evolução do

mercado de trabalho e o crescimento da economia e da tecnologia, surge a importância

das empresas em proporcionarem melhor QVT, no intuito de melhorar a satisfação dos

profissionais e seus familiares, gerando retornos de produtividade e tornando essas

empresas mais competitivas.

Para avaliar a QVT com base no espaço amostral definido, foi aplicado o

questionário que se encontra no apêndice A, com o intuito de verificar o grau de

satisfação no trabalho. O questionário foi baseado em perguntas abertas e fechadas,

envolvendo diversas informações, como por exemplo:

a) tempo de trabalho que ele realiza na atividade;

b) postura que adota;

c) ocorrência de alguma dor;

d) qual região que esta se localiza;

e) piora da dor durante a realização da atividade

f) etc..

(ii) Avaliação de Desconforto Corporal:

Após a aplicação do questionário para avaliação da QVT, foi realizada a

avaliação de desconforto corporal (DC). Para tanto, empregou-se o diagrama proposto

por Corllet e Manenica (1980) que consta no apêndice A.

Neste momento foi solicitado que o colaborador avalie subjetivamente o grau de

desconforto que sentem em cada um dos segmentos indicados no diagrama, como

Page 61: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

61

mostra a Figura 15. O índice de desconforto é classificado em cinco níveis,

demonstrado na Figura 16, que vai do nível 1 corresponde a nenhum desconforto/dor, o

nível 2 algum desconforto/dor, o nível 3 significa moderado desconforto/dor, o nível 4,

bastante desconforto/dor e, por fim, o nível 5, significando intolerável desconforto/dor

(INDA, 1998).

Figura 15- Diagrama demonstrando os segmentos corporais a serem avaliados segundo

o grau de desconforto.

Fonte- INDA, 1998.

Page 62: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

62

Figura 16- Índice de desconforto corporal.

Fonte- INDA, 1998.

(iii) Biofotogrametria

Segundo Ricieri (2006), a Biofotogrametria Computadorizada proporciona ao

fisioterapeuta a possibilidade de construir o diagnóstico do seu paciente sem a

necessidade de uma radiografia ou de outros recursos vinculados a outras áreas da

saúde, mas que estão fora do seu alcance legal e científico.

Segundo Baraúna et al (2004) apud Iunes et al. (2010) completa dizendo ser um

método não invasivo, escolhido para avaliação e quantificação das possíveis limitações

de amplitude articular de movimento.

Este método proporcionando baixo custo do sistema de fotointerpretação de

imagens e a precisão e reprodutibilidade dos resultados, realizando medidas precisas de

ângulos corporais e distâncias das estruturas anatômicas, transformando pontos de

imagens em eixos coordenados cartesianos e os quantificam, analisando, assim, a

postura (IUNES et al, 2010 apud BARAÚNA et al,2004)

Simplificando este recurso, esta avaliação postural advém da captura da imagem

do voluntário a ser avaliado, através da fotografia digital, sendo esta, avaliada por meio

do programa Corel DRAW Graphics Suite 12©, avaliando assim sua postura.

Page 63: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

63

3.3.2 coleta de dados

A coleta de dados foi precedida pela escolha do ambiente propício a sua

realização, em função da obra selecionada. Para tanto, foi necessária uma visita de

inspeção ao local, que levou a escolha de uma sala de reuniões localizada na área do

empreendimento, medindo 17 m2, bem iluminada, refrigerada de fácil acesso, a qual foi

reservada, permitindo, assim, privacidade dos voluntários fotografados.

Durante o mês de dezembro de 2011, foram recrutados os voluntários, sendo

estes devidamente informados através de palestra sobre a pesquisa em curso, objetivo,

importância, procedimento adotado, qual a vestimenta que deveriam estar no momento

(sem camisa, e sem calçados, de sunga ou short justo ao corpo) e o dia que iria começar

propriamente.

A coleta de dados foi realizada com o espaço amostral definido no item 3.2,

constituído por 22 indivíduos. O procedimento seguido envolveu a realização de três

etapas distintas, conforme descritas na Tabela 2, as quais foram realizadas de maneira

ininterrupta em um só dia, para evitar descontinuidade pelo não comparecimento de

algum voluntário.

Tabela 2- Etapas seguidas na coleta de dados.

Etapa Método Objetivo

I Formulário Avaliativo

Semiestruturado Avaliação da QVT

II Corllet e Manenica (1980) Avaliação da DC

III Biofotogrametria Avaliação postural por medição

fotográfica

Todas as etapas foram realizadas sempre pelo mesmo pesquisador, de forma

calma, paciente e considerando o baixo grau de instrução formal dos voluntários, a fim

de possibilitar a melhor compreensão das atividades demandadas.

No dia 2 de janeiro de 2012 a coleta de dados teve seu início por meio da

realização de entrevistas semiestruturadas (etapa I), com amostragem probabilística

aleatória simples, em que foram distribuídos o questionário de opinião, já descritos

anteriormente, e contido no APÊNDICE A, a fim de verificar a qualidade de vida no

trabalho (QVT). Segui-se a etapa II, por meio da avaliação do desconforto corporal

(DC) através do diagrama de Corllet e Manenica (1980). Posteriormente, na etapa III,

Page 64: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

64

foi realizada a avaliação postural por um estudo observacional pelo Método não

Probabilístico do tipo Amostragem Intencional, por meio da Biofotogrametria, em

relação aos aspectos de alterações posturais provocadas pelo aumento da carga de

trabalho, levada pela intensa urbanização.

Na coleta de dados por biofotometria, o procedimento envolveu o

encaminhamento e posicionamento dos voluntários na marcação fixa e predeterminada,

que se encontrava dentro do próprio local onde estava sendo realizadas as entrevistas,

proporcionando assim maior rapidez e efetividade na pesquisa.

Em seguida, o posicionamento foi ajustado, caso a caso, de modo a possibilitar

uma postura representativa da posição estática anatômica na visão anterior, posterior e

lateral de cada indivíduo para aquisição de dados. Além disso, os pontos anatômicos

referenciais as quais deverão corresponder aos ângulos articulares de interesse foram

palpados e em seguida marcados bilateralmente com etiquetas verdes autoadesivas,

demonstrado na Figura 17.

Page 65: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

65

Figura 17- Exemplo da coleta de dados por biofotogrametria, com pontos anatômicos e visão: (a) anterior; (b) posterior; e (c) lateral.

(a) (b) (c)

Os dados foram, então, obtidos utilizando-se uma câmera de vídeo digital da

marca Sony Handycam DCR-DVD650 (Figura 18), fixada por meio de suporte nivelado

(tripé) colocado a um 1,65m de distância da amostra e 1,00m de altura do chão (Figura

19), permanecendo perpendicular ao eixo do indivíduo para minimizar os eventuais erro

óticos associados. Os voluntários foram posicionados sobre um retângulo de 40cm x

40cm, traçado no chão, distante 15 cm da parede, com os pés alinhados a uma distância

de 7 cm entre eles, representados pela fita amarela que consta na figura 20.

Marcação de Pontos

Anatômicos

Page 66: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

66

Figura 18- Detalhe da câmera digital empregada na biofotogrametria.

Fonte- Sony, 2012.

Figura 19- Padronizações para a biofotogrametria: posicionamento e distância da máquina-sujeito, altura do tripé e marcação de chão.

tripé

marcação

Page 67: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

67

Figura 20- Padronizações para a biofotogrametria: dimensões do retângulo e posicionamento dos pés, representados pelos adesivos colados no chão.

Após a coleta das fotografias, as mesmas foram arquivadas em uma pasta dentro

do disco rígido do computador e depois lançadas para o programa Corel Draw 12®

,

aonde foram trabalhadas com ângulos, a fim de se quantificar a postura dos

participantes.

Inicialmente abre-se o programa Corel Draw 12®

, importa a foto da pasta

armazenada, aumenta-se o tamanho da foto através do zoom mais, posteriormente

realizado traços para fazer os traços horizontais e verticais indo com mouse até a régua

horizontal, no momento em que a seta preta encontrava-se branca clicou com o botão da

esquerda, mantendo clicado e arrastado até o ponto desejado, após “apanhar” a

ferramenta retângulo e foi realizado uma reta em cima da linha pontilhada.

Para a realização das angulações desejadas, clicou na ferramenta dimensão, e

seleciona a ferramenta dimensão angular, como demonstra a Figura 21, com a

ferramenta dimensão angular, clica-se uma vez com o botão da esquerda do primeiro

ponto, após arrastou-se o mouse até o segundo ponto e clicou uma vez, por fim,

arrastou-se o mouse até o terceiro ponto e então clicou duas vezes, com isso o programa

informou o grau da angulação pesquisada.

Page 68: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

68

Figura 21: Tela do Corel Draw 12® demonstrando as ferramentas dimensão e dimensão angular.

Para a realização das medidas métricas, foi selecionado com as retas pontilhadas

das réguas horizontais ou verticais o local a ser medido, após pegou-se a ferramenta

retângulo, clicou-se com o botão da esquerda, mantendo clicado e arrastado até o outro

ponto soltando, com isso, o programa dará as medidas no canto superior esquerdo da

tela, onde o “x” mostra o valor da horizontal e o “y” da vertical.

As medições foram realizadas, enfatizando-se os marcadores na visão anterior,

posterior e lateral tanto do hemicorpo direito quanto do esquerdo. Na visão frontal

foram analisados: ângulo da cabeça direita (ACD) e esquerda (ACE), ângulo do ombro

direito (AOD) e esquerdo (AOE), ângulo da espinha ilíaca direita (AEID) e esquerda

(AEIE), ângulo do joelho direito (AJD) e esquerda (AJE), já na visão lateral foram

analisados: angulação acrômio clavicular (AAC) e por fim na visão posterior foram

analisados: ângulo inferior da escapula direita (AIED) e esquerda (AIEE) (figura 27). É

importante salientar que em todo o momento, respeitar-se-á o sigilo do voluntário da

pesquisa, não havendo qualquer exposição de sua imagem.

Ferramenta dimensão angular

Ferramenta

dimensão

Page 69: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

69

Para melhor entendimento a exemplificação a seguir da verificação de cada

ângulo pesquisado, não será utilizado linguagem técnica (pontos chaves da

biofotogrametria) e sim através dos pontos representados pelas letras alfabéticas.

• Visão frontal:

(i) ângulo da cabeça direita (ACD) através dos pontos A, B, C e D, já o ângulo

da cabeça esquerda (ACE) através dos pontos A, B, C e E (Figura 22).

Figura 22- Pontos angulares para a avaliação da ACD e ACE.

(ii) na angulação do ombro direito (AOD) os pontos analisados serão A, B e C,

para a angulação do ombro esquerdo (AOE) os pontos analisados foram A, B e D

(Figura 23).

A

C

D

E

B

Page 70: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

70

Figura 23- Pontos angulares para a avaliação da AOD e AOE.

(iii) na angulação da espinha ilíaca direita (AEID) foram utilizados os pontos A, B e C,

quando verificado a angulação da espinha ilíaca esquerda (AEIE) os pontos verificados foram A,

B e D (Figura 24).

Figura 24- Pontos angulares para a avaliação da AEID e AEIE.

C

B

A

D

C D

A

B

Page 71: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

71

(iv) amplitude do joelho direito (AJD) foram utilizados os pontos A, B e C,

quando verificado a amplitude do joelho esquerdo (AJE) foram utilizados os pontos D,

B e E (Figura 25).

Figura 25- Pontos angulares para avaliação da AJD e AJE.

• Visão lateral: avaliado o angulação acrômio clavicular (AAC) através dos

pontos A, B e C (Figura 26).

Figura 26- Pontos angulares para avaliação da AAC.

• Visão posterior: utilizados para a obtenção da angulação AIED os pontos

A,B e C, para AIEE foram utilizados os pontos A, B e D Figura 27.

C

B

A

E

D

A

C

B

Page 72: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

72

Figura 27- Pontos angulares para a avaliação da AIED e AIEE.

3.2.4 riscos e benefícios.

Durante a avaliação, os voluntários não foram submetidos a qualquer risco. As

informações obtidas foram analisadas em conjunto com as de outros voluntários, não

sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação,

comprometendo-se, ainda, o pesquisador, a não fornecer o nome do sujeito, sendo o

mesmo substituído por códigos nas fichas de avaliação e nos questionários, além do

compromisso de não permitir a visualização de sua face nos processos de foto.

Quanto aos benefícios, acredita-se que este trabalho permitiu identificar se os

trabalhadores que atuam na Construção Civil apresentam alterações posturais,

apontando os erros cometidos na execução das tarefas realizadas pelos trabalhadores,

mostrando quais os principais parâmetros que influenciaram na saúde desses

trabalhadores. Tornando o meio ambiente desses trabalhadores mais saudável possível,

tentando prevenir ou diminuir assim o as alterações posturais, levando a diminuição dos

afastamentos do trabalho, e nas despesas primeiramente por parte do empregador e

posteriormente para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), diminuindo

assim os problemas de saúde pública.

A

B

C D

Page 73: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

73

CAPÍTULO 4. Análise e Interpretação dos Resultados.

Este capítulo tem o intuito de realizar uma análise interpretativa das três etapas

de pesquisa descritas anteriormente, com vistas a averiguar a relação entre o processo de

verticalização intensa e o surgimento de doenças ocupacionais nos trabalhadores da

Construção Civil, submetidos a uma excessiva carga de trabalho.

Com os resultados tabulados, ocorre à interpretação com a discussão, através da

apreciação com outras pesquisas com formas metodológicas pareadas, já descritas na

literatura, de cada uma das etapas, posteriormente, é realizada a conexão entre elas para

assim responder o objetivo principal.

4.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Para análise do instrumento de pesquisa empregado nesta fase, isto é, o

questionário de opinião que consta no apêndice A, inicialmente separou-se o mesmo em

três segmentos particulares, quais sejam: (i) informações cadastrais; (ii) ocorrência e

característica de dor. Em seguida, cada segmento foi analisado separadamente para

entendimento das condições observadas.

4.1.1 Interpretação por segmento do questionário QVT

(i) Informações Cadastrais

Neste caso, o dado relevante diz respeito à média em anos da idade, ao tempo de

trabalho nesta atividade (ajudante de “ajudante de pedreiro”) e tempo de trabalho na

empresa pesquisada. A Tabela 3 sintetiza os resultados observados, onde é possível

observar que a idade média desses trabalhadores é superior a 30 anos, sendo 9,1 anos

prestados somente nesta atividade, estando 3,8 anos na mesma empresa pesquisada.

Page 74: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

74

Entende-se que estes achados ao analisar de forma conjunta possam trazer resquícios de

alterações posturais anteriores ao aumento da demanda de construção, ao de encontro à

hipótese inicial.

Tabela 3- Distribuição da amostra segundo idade, tempo na atividade e tempo na mesma empresa.

Variáveis Média (anos)

Idade 34,8 Tempo de trabalho nesta atividade 9,1 Tempo de trabalho na empresa 3,8

Outros dados avaliados são (a) rodízio na função que atuam (b) postura laboral

que adotam e (c) dupla jornada. As informações interpretadas constam na Tabela 4,

demonstrando que dos 22 participantes a maioria permanecem na mesma função

laboral, adotando alternância de postura e realizando dupla jornada. Esses achados

demonstram informações que possibilita entender que estes trabalhadores adotam

atividade laboral de forma excessiva e ergonomicamente desvantajosa.

Tabela 4- Distribuição da amostra segundo rodizio na função; postura laboral e dupla jornada.

Rodízio na função Qtde % Sim 6 26,16 Não 16 69,6

Postura em que trabalha Sempre em pé 8 38,8 Alternando posturas 14 60,9

Dupla jornada

Sim 10 43,5 Não 12 52,2

Page 75: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

75

(ii) Ocorrência e Característica de Dor.

Neste momento as questões pesquisadas referem-se a ocorrência e característica

da dor laboral, no intuito de verificar se o aumento das atividades de trabalho associado

ao processo de verticalização levou ao aparecimento de dor, depreciando sua saúde.

No Gráfico 8 as variáveis pesquisadas são: (a) afastamento por motivo de saúde

devido à manifestação da dor, (b) sentem dor e (c) ocorrência de dor no local de

trabalho. Neste gráfico, pode-se verificar alto índice da manifestação de dor no seu dia a

dia, tanto fora quanto dentro do seu local de trabalho, porém, o número de afastamento

por conta desse fator é mínimo. Esses dados podem ser decorrentes a intensa carga de

trabalho que são submetidos.

Gráfico 8- Distribuição da amostra segundo afastamento por motivo de saúde; aparecimento de dor e se esta ocoore no trabalho.

Como visto anteriormente o fator dor é identificado nesses indivíduos. No

Gráfico 9, os voluntários avaliaram em cada região a ocorrência ou não da dor. Através

das respostas positivas, foi possível identificar três regiões que exibiram maiores

ocorrências, sendo elas, as regiões da coluna, ombros e pernas. Os indícios insinuam

que este ofício proporciona atividade laboral intensa principalmente nessas regiões.

Page 76: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

76

Gráfico 9- Distribuição da amostra: ocorrência ou não dor em cada região.

Outros dados importantes encontrados decorrem sobre (i) confortabilidade da

posição laboral (ii) aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral e (iii)

movimentos laborais que provocam aumento do quadro álgico.

A maioria dos participantes da pesquisa informaram não sentirem confortáveis

em sua posição laboral, decorrente do aumento do quadro álgico que apresentam devido

os movimentos que realizam durante as atividades que a profissão exige, principalmente

a atividade de levantamento de peso, demonstrado nos gráficos 10, 11 e 12..

Gráfico 10- Distribuição da amostra segundo: confortabilidade da posição

laboral.

Page 77: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

77

Gráfico 11-Distribuição da amostra em relação: aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral.

Gráfico 12– Distribuição da amostra: movimento que provoca o aumento da dor.

Como já foi exposto, os individuos pesquisados apresentam dor, entretanto,

quando questionados se a dor prejudica ou não a realização da atividade laboral, as

informações ficaram pareadas, contudo, quando verificado as condições de seu estado

físico ao fim de sua jornada de trabalho, a grande maioria relatou que encontra-se

cansado e com dores. Estes números insinuam que o limiar de dor de cada participantes

desta pesquisa determina a dificuldade ou não na realização de seuas tarefas, mesmo

chegando ao fim de sua jornada de trabalho cansado e com dor, como mostra os gráficos

13 e 14.

Page 78: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

78

Gráfico 13- Distribuição amostral: quadro álgico dificuldade ou não o trabalho.

Gráfico 14- Distribuição amostral: estado físico no fim da jornada de trabalho.

4.1.2 Síntese dos resultados do QVT

A tabela a seguir apresenta uma síntese das principais respostas encontradas a

partir da interpretação do questionário sobre QVT. Em negrito estão ressaltados os

maiores quantitativos observados em função dos condicionantes associados aos

questionamentos feitos. É possível observar pela Tabela 5 que a maioria dos

investigados adota alternância de postura durante a atividade laboral, o que é positivo do

ponto de vista ergonômico. Contudo, a maioria destes reporta a ocorrência de dor, tanto

no trabalho quanto fora dele. Nestes casos, notou-se que a maior incidência de dor está

localizada na região da coluna, seguida dos ombros. Obviamente, os dados revelam que,

devido à posição desconfortável de trabalho reportada pela maioria dos investigados, o

Page 79: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

79

movimento laboral, principalmente aqueles de agachamento e levantamento de peso,

aumentam o desconforto e dor, com prevalência ao final da jornada de trabalho.

A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese

inicial associada ao amento da atividade laboral intensa, ocasionada pela urbanização

acelerada, prejudicando assim a QVT.

Tabela 5- Síntese da interpretação do questionário QVT.

Questionamentos Condicionantes Qtde %

Postura em que trabalha

Alternando postura 14 60,9

Sempre em pé 8 34,8

Sente dor

Sim 19 82,6

Não 3 13

Dor no trabalho

Sim 17 73,9

Às vezes 2 8,7

Não 3 13

Região com incidência do dor

Pescoço 6 18,2

Ombros 15 45,5

Coluna 17 51,5

Pernas 10 30,3 Braços 4 12,1

Punho e mãos 1 3

Posição de trabalho é confortável Sim 8 34,8 Não 14 60,9

Mov. laboral aumenta a dor Sim 16 69,6 Não 6 26,1

Qual mov. laboral aumenta a dor

Levantamento de peso 11 50

Agachamento 3 13,63 Realiza força 8 36,36

Como se encontra ao final da jornada

laboral

Cansado e com dor 14 60,9 Cansado 7 30,4

Normal e s/ dor 1 8,7

Page 80: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

80

4.2 ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL (DC)

Tendo como base os resultados obtidos através do questionário sobre a QVT,

identificou que a maioria dos trabalhadores apresentou pelo menos algum tipo de dor,

levando a predispor que este resultado seja devido sua atividade laboral, com isso, além

desse questionário foi realizado o segundo questionário, sendo este a escala de avaliação

de desconforto corporal, no intuito de verificar onde e qual a intensidade que essa dor

apresenta.

Esta escala proposta por Corllet e Manenica (1980) tem o intuito de avaliar o

desconforto corporal já foi descrita no capitulo 3 (Procedimento metodológico) no item

3.3.1 (Métodos Utilizados).

Ao analisar este instrumento de pesquisa, que encontra-se por interiro no anexo

A, realizou a separação em dois segmentos: (i) escala de avaliação de DC e (ii)

problemas músculo esquelética.

(i) Escala de avaliação de DC

Neste item o participante da pesquisa identificou duas ou mais regiões que

apresentavam desconforto corporal. Esta escala consta em 27 regiões dividida em 3

segmento: tronco, lado esquerdo e lado direito.

• Tronco

Neste segmento a escala progressiva de desconforto subdividiu em seis regiões,

demonstrado na Figura 28.

Page 81: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

81

Figura 28- Escala progressiva de desconforto do segmento tronco.

Em todas essas regiões foi possível detectar poucos indícios de intensidade

intolerável, ou seja, aquela onde a dor/desconforto impossibilita à realização das suas

atividades, indo de encontro com o resultado no QVT.

No gráfico 15 os participantes formam indagados sobre a intensidade do DC

presentes em cada região. O grau de intensidade “algum” e o grau de intensidade

“moderada” são os que mais foram relatadas, tendo seus maiores índices em cinco das

seis regiões pesquisadas, ficando em primeiro e segundo lugar respectivamente.

Page 82: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

82

Gráfico 15- Ocorrências de DC/dor segundo as regiões: (i) pescoço, (ii) regiões cervical, (iii) costa superior, (iv) costa médio, (v) costa inferior e (vi) bacia.

• Lado esquerdo

A identificação das regiões foi de acordo com os números da Figura 29.

Page 83: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

83

Figura 29- Escala progressiva de desconforto do segmento lado esquerdo.

No gráfico 16 os participantes foram indagados sobre o grau de intensidade de

desconforto de cada região do lado esquerdo (ombro, braço cotovelo, antebraço, punho,

mão coxa e perna) os dados relevantes dizem respeito às intensidades “algum” e

“moderada” que estão presentes em grande numero apenas nas regiões da perna e coxa,

as demais, a principal intensidade a principal intensidade encontrada foi “nenhuma”.

Page 84: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

84

Gráfico 16- Ocorrência de desconforto/dor segundo as regiões do lado esquerdo:

(i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii)

ombro.

• Lado direito

A identificação das regiões foi de acordo com os números da figura 30.

Figura 30- Escala progressiva de desconforto do segmento lado direito.

Page 85: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

85

Realizando o mesmo procedimento do item anterior, modificando apenas o lado

corpo sendo agora do lado direito, os participantes foram indagados sobre o grau de

intensidade de desconforto de cada região do lado direito (ombro, braço cotovelo,

antebraço, punho, mão coxa e perna)

Ao analisar o Gráfico 17, os dados encontrados demonstram atenção especial

devido às regiões da perna, coxa apresentarem índice de DC com intensidade “algum”,

“moderada” e “bastante” em maior número respostas positivas, entretanto, a intensidade

“nenhum” é exposta em sua maioria nas outras regiões.

Gráfico 17- Distribuição amostral da escala progressiva de desconforto/dor segundo as regiões: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii)

braço e (viii) ombro.

4.2.1 Síntese dos resultados da escala de avaliação de DC.

A tabela a seguir apresenta uma síntese das principais respostas encontradas a

partir da interpretação da escala de avaliação de DC. Em negrito estão ressaltados os

maiores quantitativos observados em função dos condicionantes associados aos

questionamentos feitos. É possível observar pela Tabela 5 que a maioria dos

investigados apresentam índice de DC “algum” e “moderado” no segmento tronco, e

Page 86: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

86

“nenhum” no segmento do lado esquerdo e do segmento do lado direito. No entanto, as

regiões da coxa e perna, demonstram o comprometimento tanto do lado esquerdo

quanto do lado direito, tendo a maioria de intensidade “algum”, mas também,

apresentam números significativos de intensidades “moderada” e “bastante”.

A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese

inicial associada ao amento da atividade laboral intensa, ocasionada pela urbanização

acelerada, prejudicando assim a saúde do trabalhador da Construção Civil.

Tabela 6- Tabela síntese da escala de avaliação de DC.

SEGMENTO -TRONCO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável

Pescoço 10 6 2 1 3 Região cervical 3 13 5 1 0 Costas superior 1 10 7 2 2 Costas médio 1 8 11 2 0 Costas inferior 1 8 7 5 1 Bacia 1 9 7 5 0

SEGMENTO –LADO ESQUERDO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável

Lado Esquerdo Ombro 9 8 4 1 0 Lado Esquerdo Braço 11 7 4 0 0 Lado Esquerdo Cotovelo 10 5 5 2 0 Lado Esquerdo Antebraço 14 6 2 0 0 Lado Esquerdo Punho 12 6 4 0 0 Lado Esquerdo Mão 13 7 2 0 0 Lado Esquerdo Coxa 1 15 4 2 0 Lado Esquerdo Perna 0 11 5 5 1

SEGMENTO – LADO DIREITO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável

Lado Direito Ombro 10 6 4 2 0 Lado Direito Braço 10 6 4 2 0 Lado Direito Cotovelo 10 5 5 2 0 Lado Direito Antebraço 14 6 2 0 0 Lado Direito Punho 13 6 3 0 0 Lado Direito Mão 12 6 4 0 0 Lado Direito Coxa 2 7 7 4 2 Lado Direito Perna 2 10 4 5 1

Page 87: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

87

(ii) Problemas músculo esqueléticos.

• Desconforto nos últimos 30 dias

Neste momento os 22 participantes foram indagados sobre advento de qualquer

incômodo (dor, desconforto ou entorpecimento) em cada uma das regiões (cabeça,

olhos, pescoço, ombros, cotovelo, antebraço, punho, mão, costa superior, costa inferior,

quadril/nádega, uma ou ambas as coxa e uma ou ambas as perna) nos últimos 30 dias.

Os dados registrados demonstram que fora as regiões da cabeça, olhos todas as

outras exibem o aparecimento de qualquer incômodo como dor, desconforto,

entorpecimento, de forma eminente nos últimos 30 dias (Gráfico 18), levando ao

entendimento, que esta atividade laboral exercida por esses trabalhadores sobrecarrega

principalmente estas regiões.

Gráfico 18- Ocorrências de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias nas regiões: (i) uma ou ambas as pernas, (ii) uma ou ambas as coxas, (iii) quadril/nádega,

(iv) costa inferior, (v) costa superior, (vi) pescoço, (vii) olhos e (viii) cabeça.

Page 88: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

88

No gráfico a seguir os participantes foram indagados sobre as regiões do ombro,

cotovelo e punho/mão, respondendo sobre advento de qualquer incômodo (dor,

desconforto ou entorpecimento) nos últimos 30 dias tendo como respostas: (i) não (não

apresentavam nenhuma ocorrência nas três regiões pesquisadas), (ii) lado direito

(apresentavam ocorrência apenas no lado direito), (iii) lado esquerdo (apresentavam

ocorrência apenas no lado esquerdo) e (iv) ambos (apresentavam ocorrência em ambos

os lados).

Ao verificar o cotovelo, punho e mão, a maioria não apresentou nenhum

incômodo, entretanto, ao verificar a região do ombro, um número significativo relatou

algum tipo de desconforto, principalmente em ambos os lados (Gráfico 19).

Gráfico 19- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias: ombros, cotovelos e punho/mãos.

• Desconforto nos últimos 12 meses

Neste momento a indagação é sobre o advento de qualquer incômodo (dor,

desconforto ou entorpecimento) nos últimos 12 meses nas mesmas regiões e

metodologias pesquisadas no item anterior (desconforto nos últimos 30 dias).

Page 89: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

89

Os dados colhidos exibem intecorrências similares encontradas nos últimos 30

dias, onde as regiões da costa superior e inferior, quadril/nádega e uma ou ambas as

pernas contiveram índices maiores de respostas positivas de ocorrências nesse período,

demonstrado nos gráficos 20 e 21.

Gráfico 20- Ocorrência de problemas músculo esquelético nos últimos 12 meses segundo a região do corpo.

Page 90: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

90

Gráfico 21- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 12 meses: ombros, cotovelos e punho/mão.

• Inatividade nos últimos 12 meses

Os gráficos anteriores mostraram que as regiões que mais apresentaram

incômodo (dor, desconforto ou entorpecimento) foram às regiões da costa inferior

(lombar), quadril/ nádega e uma / ambas as pernas nos últimos 12 meses até o presente,

levando a discorrer que estas alterações acometem continuamente, porém, apesar de

apresentarem alguma alteração no que diz respeito a dor, quase que na sua totalidade

não deixam de realizar suas atividades da vida diária (no trabalho, em casa, lazer),

levando refletir que os problemas músculos esqueléticos nas intensidades encontradas

nessa pesquisa não são fatores determinantes ao afastamento de suas atividades (gráfico

22).

Page 91: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

91

Gráfico 22- Inatividade nos últimos 12 meses devido problemas músculos esqueléticos.

4.2.2 Síntese dos resultados da escala de DC – problemas músculo esqueléticos.

As tabelas a seguir apresentam uma síntese das principais respostas encontradas

a partir da interpretação dos problemas músculos esqueléticos. Em negrito estão

ressaltados os maiores quantitativos observados em função dos condicionantes

associados aos questionamentos feitos.

Foi possível observar nas tabelas 7, 8 , 9, 10 e 11, que grande parte das regiões

apresentaram problemas músculo esqueléticos tanto no período mais recente que foi nos

últimos 30 dias, quanto no período mais tardio que foi nos últimos 12 meses. Esses

resultados quando comparados, demonstraram que os relatos de incômodo como dor,

desconforto ou entorpecimento, proporcionaram acréscimo, principalmente nas regiões

coxas, pernas, quadril/nádega, consta superior e inferior. Os dados obtidos levam a

indícios que ocorreu um aumento na carga de trabalho, proporcionado pelo aumento dos

empreendimentos lançados, e que as regiões que apresentaram maiores acometimentos é

decorrentes da fase em que a obra encontrava-se, pois o público pesquisado (ajudante de

Page 92: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

92

pedreiro) atuavam na fase “construção de estrutura”, nesta fase devido a forma laboral

que eles atuam proporciona estresse músculo esqueléticos nas estruturas que encontram-

se na parte inferior do corpo humano.

A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese

inicial associada ao amento da carga de trabalho, ocasionada pela urbanização

acelerada, prejudicando assim a saúde do trabalhador, podendo leva-lo a doenças

músculo esqueléticos.

Tabela 7- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) cabeça; (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) costa sup., (v) costa inf., (vi) quadril/nádega,

(vii) uma ou ambas coxas e (viii) uma ou ambas as pernas.

Problemas músculo esqueléticas nos últimos 30 dias

Regiões Não Sim

Cabeça

15 (62,2%)

7 (31,8%)

Olhos (ambos/cada)

21 (95,5%)

1

(4,5%)

Pescoço

10 (45,5%)

12 (54,5%)

Costa superior (dorsal)

6 (27,3%)

16 (72,7%)

Costa inferior (lombar)

3 (13,6%)

19 (86,4%)

Quadril/nádega

7 (31,8%)

15 (68,2%)

Uma ou ambas coxas

8 (36,4%)

14 (63,6%)

Uma ou ambas pernas

6 (27,3%)

16 (72,7%)

Page 93: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

93

Tabela 8- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão.

Problemas músculos esqueléticas nos últimos 30 dias

Regiões Não Lado

direito Lado

esquerdo Ambos

Ombros 30 dias

4 (21,7%)

1 (4,4%)

4 (17,4%)

13 (56,5%)

Cotovelos 30 dias

18 (78,3%) 0

1 (4,3%)

3 (17,4%)

Punho Mãos 30 dias

20 (82,6%) 0 0

2 (17,4%)

Tabela 9- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi)

quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas.

Intercorrências músculos esqueléticas nos últimos 12 meses

Regiões Não Sim

Cabeça

15 (68,2%)

7 (31,8%)

Olhos (ambos/cada)

21 (95,2%)

1 (4,5%)

Pescoço

14 (63,6%)

8 (36,4%)

Costa superior (dorsal)

8 (36,4%)

14 (63,6%)

Costa inferior (lombar)

6 (27,3%)

16 (72,7%)

Quadril/nádega

11 (50%)

11 (50%)

Uma ou ambas coxas

15 (68,2%)

7 (31,8%)

Uma ou ambas pernas

10 (45,5%)

12 (54,5%)

Page 94: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

94

Tabela 10- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão.

Intercorrências músculos esqueléticas nos últimos 12 meses

Regiões Não Ombro direito

Ombro esquerdo Ambos

Ombros 12 meses

4 (25%)

1 (6,25%)

4 (25%)

7 (43,75%)

Cotovelos 12 meses

18 (81,81%)

0 (0%)

1 (4,5%)

3 (13,63%)

Punho Mãos 12 meses

20 (90,9%)

1 (4,5%)

0 (0%)

2 (9%)

Tabela 11- Inatividade nos últimos 12 meses, segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas

coxas e (viii) umas ou ambas as pernas.

Inatividade nos últimos 12 meses

Regiões Não Sim Cabeça 22 - Olhos (ambos/cada) 22 - Pescoço 21 1 Ombros 22 - Cotovelos 22 - Punhos/mãos 22 - Costa superior (dorsal) 21 1 Costa inferior (lombar) 22 - Quadril/nádega 22 - Uma ou ambas coxas 22 - Uma ou ambas pernas 21 1

4.3 BIOFOTOGRAMETRIA

Completando os métodos avaliativos, tem-se avaliação postural através da

biofotogrametria, exposto na tabela 12, onde, pode verificar que todas as angulações

apresentaram diferença em graus quando comparados o lado esquerda e direita,

informando que há presença de alterações posturais, sugerindo que essas diferenças

Page 95: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

95

entre lados, principalmente quando verificamos as angulações da espinha ilíaca (foi a

que mais apresentou diferença entre os lados) podem ser responsáveis pelo

aparecimento dos sintomas de dor na região lombar encontrados em maior evidencia

nos questionários de qualidade de vida no trabalho e na escala de avaliação de

desconforto corporal, pois, devido ao desalinhamento das estruturas, ocorre a

sobrecarga de uma região em relação a outra.

Tabela 12- Distribuição da amostra avaliação postural através da biofotogrametria: estatísticas descritivas de medidas de angulação.

Variáveis Angulação em

gruas Região Lado Mín. Máx. Cabeça D 80 93

E 81 95 Ombro D 84 100

E 87 103 Espinha Ilíaca D 96 118

E 85 112 Joelho D 173 180

E 171 180 Inferior da Escápula D 79 105

E 80 105 Ângulo do Alinhamento da

cabeça -- 151 179

Page 96: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

96

4.4 INTERPRETAÇÕES DOS MÉTODOS EMPREGADOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Para a realização deste projeto, a amostra contou com 22 participantes do setor

da Construção Civil, mas especificamente da subdivisão de edificações, ocupando cargo

de “Ajudante de Pedreiro”, todos do sexo masculino, com média de idade entre 34,8

anos e 9,1 anos de trabalho nesta mesma atividade; entre esses trabalhadores, alguns

permanecem na empresa atual, uma média de 3 anos e 8 meses.

Para o desenvolvimento do trabalho, foram utilizados três métodos avaliativos,

sendo eles: (i) questionário de avaliação (no intuito de saber sobre a qualidade de vida

no trabalho), (ii) escala proposta por Corllet e Manenica (1980) (avaliação de

desconforto corporal) e (iii) biofotogrametria computadorizada (verificar os desvios

posturais). Estes métodos foram escolhidos pelo fato de proporcionarem efetividade de

suas aplicações clínicas e do baixo custo, tendo resultados fiéis ao ser comparados com

outros métodos.

O setor da Construção Civil, segundo o IBGE,cresceu quase 15% no ano de

2010. Hoje, continua sendo um dos responsáveis pelo aumento de geração de emprego

no nosso país, em função, principalmente, da urbanização intensa. É uma atividade

econômica que, para ser desenvolvida, exige de seus empregados grau elevado de

esforço físico, sendo este realizado muitas vezes de forma errônea, com tarefas árduas e

condições mínimas de trabalho (SILVA et al, 2009; IBGE, 2010).

Com o aumento deste setor, abriu o mercado de trabalho para profissionais dessa

área. Para Oliveira (1998) esses profissionais podem exibir lesões musculoesqueléticas

ligadas ao trabalho, sendo estas os maiores problemas de saúde. Arndt et al.(2005) em

seu estudo com trabalhadores da Construção Civil constatou que 45% dos casos de

doenças ocupacionais correspondiam a transtornos de caráter musculoesqueléticos,

enquanto que 19% representavam doenças de caráter cardiovasculares, portanto o seu

diagnóstico deve levar em consideração as condições de trabalho, a intensidade, a

frequência e as posturas adotadas durante o mesmo.

Page 97: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

97

Segundo Oliveira (2012), os casos de lesões por distúrbios osteomusculares

relacionado ao trabalho da Construção Civil, apresentam incidência maior, levando

principalmente patologias na região da coluna.

O desequilíbrio biomecânico leva a modificações nos movimentos da coluna

lombar, enfraquecendo a musculatura levando à dor e à restrição de movimentos. Dentre

as doenças de alto risco, as principais relacionadas ao trabalho na Construção Civil são

as lesões e os distúrbios osteomusculares, causados comumente por movimentos de

repetição, posturas viciosas, manuseio inadequado e sobrecarga em demasia

(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).

Estes dados quando comparados nesta pesquisa, os resultados encontrados na

biofotogrametria contidas na tabela 12, os profissionais da Construção Civil apresentam

desequilíbrio biomecânico, pois ao realizar a comparação entre os lados (direito e

esquerdo) identificou-se que todos os voluntários obtiveram diferenças levando a estes

profissionais a sobre carga de algumas estruturas em relação a outras, podendo no

futuro, acarretar lesão osteo-mio-ligamento-articular.

Para Welch et al, (1999) dentre as lesões musculoesqueléticas, as lesões que

afetam a região lombar ficam em primeiro lugar com 28%, posteriormente, vêm às

extremidades superiores com 15%, ombros 14% e por fim as que acometem

joelho/perna/quadril com 14%. Goldsheyder et al. (2004) em sua pesquisa revelou que a

maior parte dos trabalhadores que realizam atividades com concreto relatou dores

osteomusculares variando sua magnitude, gravidade e localização. Mais de dois terços

dos trabalhadores queixaram-se de dores na coluna lombar, seguidos de ombro e

pescoço, respectivamente.

Bertão; Balbo (2008) em seu estudo ocorrido em uma construtora de médio

porte na cidade de Campinas-SP, dentre os 43 “ajudante de pedreiro”, 84% referem à

manifestação do quadro álgico, surgindo durante o ato laboral, principalmente nos

membros superiores e inferiores e também na região da coluna, segundo o autor

justificada pela longa permanência na postura em pé.

Se confrontando com os resultados, percebeu-se que a atividade laboral exercida

por esta classe de trabalhadores apresenta um aumento no seguimento dor após o início

de sua jornada de trabalho, pois os dados obtidos nesta pesquisa, à maioria dos

Page 98: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

98

participantes, relataram sentir dor, dos 22 participantes 19 relataram “às vezes” ou

“sim” ao questionado sobre a dor no ambiente laboral.

Contradizendo com os dados da pesquisa, Valinote (2011), ao realizar estudo

nos trabalhadores desse setor na cidade de Goiás, detectou no questionário de dor que

88,7% não relataram dor ou algum tipo de desconforto corporal durante a jornada de

trabalho no último ano, entretanto, 11,3% restantes relataram dor/desconforto corporal

nos membros inferiores e superiores e na região da coluna.

Gráfico 23- Comparação dos dados obtidos: (i) Bertão; Balbo (2008), (ii) Esta pesquisa e (iii) Valinote (2011), sobre os maiores relatos de dor no trabalho.

Saad (2008) em seu estudo com “ajudante de pedreiro” realizado no município

de Ponta Grossa, detectou relatos de dor com maiores índices nas costas com 26,24%,

ombros com 20% e pernas com 20% dentre todas as regiões pesquisadas. Esses dados

vão de encontro com esta pesquisa, devido às regiões da perna, ombro e coluna serem as

três primeiras em ocorrência de dor, como mostra o gráfico 24.

Page 99: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

99

Gráfico 24- Comparação dos dados obtidos: (i) Saad (2008) e (ii) Esta pesquisa, sobre os maiores relatos de dor referente a região.

Neste estudo os resultados obtidos na escala de avaliação de DC e o questionário

de QVT identificou a região da coluna a que mais apresenta algum tipo de DC. Quando

comparado os resultados obtidos nos últimos 12 meses com os resultados obtidos nos

últimos 30 dias, identificamos um aumento no número de relatos de DC Gráfico 25.

Estes dados trazem indícios que através do aumento do processo de verticalização

proporcionando aumento na quantidade de atividades laborais impostas a essa classe de

trabalhadores levou a uma elevação nos níveis de DC.

Page 100: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

100

Gráfico 25: Comparação dos dados de DC entre: (i) 12 meses e (ii) 30 dias.

Na pesquisa realizada por Vargas; Pilatti (2010) 40% da sua população amostral

relataram dor na região lombar mesmo antes mesmo de iniciar o período de trabalho,

piorando após o trabalho chegando a 90% dos pesquisados, indo de encontro com esta

pesquisa, onde num total de 22 participantes, 20 relataram apresentar algum tipo de grau

de intensidade (“algum”, “moderado”, “bastante” e “intolerado”) sendo a intensidade

“algum” imprimindo a de maior relato, demonstrado no gráfico 26.

Page 101: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

101

Gráfico 26:- Comparação dos dados obtidos em: (i) Nesta pesquisa; (ii) Vargas; Pilatti (2010).

Outro dado importante em nossa pesquisa ao verificar o processo “dor”, é o fato

de não poder determinar se os indivíduos pesquisados apresentam dificuldade de

realização em sua atividade laboral, devido as opiniões estarem pareadas, contudo,

quando verificado as condições físicas que estes trabalhadores apresentam no final de

sua jornada de trabalho, a grande maioria relatou que encontra-se cansado e com dores.

Indo de encontro com esse pensamento, Oliveira (2012) com o aquecimento

desse setor tem proporcionado a jornadas de trabalho de acima de dez horas diárias,

agravadas pelos chamados “bicos de fins de semana” que impossibilita o descanso no

intuito de elevar seus rendimentos no final de mês.

Kroemer e Grandjean (2005) apud Vargas; Pilatti (2010) relatam que esses

trabalhadores expõem a sua saúde a excessiva carga de trabalho levado pelo aumento de

horas trabalhadas, diminuindo assim sua produtividade por hora trabalhada, levando a

aumento no número de faltas por doenças ou acidentes de trabalho. Nesta pesquisa por

mais que foi diagnosticado estado físico desvantajoso ao final da jornada de trabalho, a

quantidade de faltas foi irrisório.

Page 102: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

102

Ressalta que, infelizmente, não foi possível mensurar o volume de afastamentos

de trabalhadores desse setor da Construção civil de seu ambiente de trabalho

decorrentes de lesões temporárias e/ou incapacitantes permanentes ao órgão público de

direito, devido o órgão da Previdência- INSS não dispor no seu banco de dados

informações referentes a Auxílio Doença e Aposentadorias, voltados por categorias de

trabalhadores, para assim realizar a convergência ou não dos resultados encontrados

nesta pesquisa.

Outro dado que evidencia esse resultado sobre o processo dor, é o valor

encontrado na tabela 12, através da biafotogrametria, constatando diferença e todas as

angulações pesquisadas, mostram que esses trabalhadores apresentam alterações

posturais, podendo ser desencadeada pela atividade que realizam.

Os resultados obtidos nesta pesquisa através da biofotogrametria identificou a

AEID e AEIE como uma das angulações que mais apresentaram diferenças angulares,

proporcionando desequilíbrio biomecânico levando a risco de evoluir com

comprometimento na região lombar. Saad, et al. (2006) detectou através do Software

WinWOAS e RULA (método utilizado para avaliar a postura dinâmica em cada fase de

trabalho) que o “ajudante de pedreiro” ao realizar sua atividade de “levantamento de

paredes” , dentre as regiões pesquisadas, as regiões da coluna e perna foram as que mais

apresentaram risco a sua estrutura (tabela 13).

Page 103: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

103

Tabela 13- Dados obtidos: (i) Nesta pesquisa com o software Biofotogrametria; (ii) Saad et al. (2006) que utilizou o software WinWOAS e RULA.

(i) Nesta pesquisa

Variáveis Angulação

(gruas) Região Lado Mín. Máx. Cabeça D 80 93

E 81 95 Ombro D 84 100

E 87 103 Espinha Ilíaca D 96 118

E 85 112 Joelho D 173 180

E 171 180 Inferior da Escápula D 79 105

E 80 105

(ii) Saad, et al. (2006)

Atividade realizada Coluna Braços Pernas

Buscar tijolos Risco 3 Risco 1 Risco 2

Pegar massa

Pegar tijolos

Risco 4 Risco 1 Risco 3

Risco 4 Risco 1 Risco 3

Colocar tijolos Risco 3 Risco 1 Risco 3

Bater no tijolo Risco 3 Risco 1 Risco 3

Bater o excesso de massa Risco 3 Risco 1 Risco 3

Verificar prumo Risco 3 Risco 1 Risco 2

Fonte - Saad, et al. 2006.

Page 104: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

104

Para Gross et al. (2000), quando ocorre um desequilíbrio das forças impostas

sobre a coluna lombar, acarreta em uma possível lesão ao sistema musculoesquelético

do segmento. Geralmente tendo como principal queixa a dor, caracterizando-se assim

lombalgia (GROSS et al, 2000), dentre vários fatores que podem levar a esse quadro

lombar, temos por exemplo a escoliose antálgica, onde segundo Souchard; Ollier (2005)

define como “inclinação lateral da coluna vertebral, sem rotação dos processos

espinhosos na cavidade, tendo uma dor como origem”.

Na biofotogrametria computadorizada, detectou desvio nos ângulos da cabeça,

ombro e inferior da escápula, sendo o angula inferior da escápula o que mais apresentou

diferença entre os lados. E ainda quando realizado o teste de significância entre essas

variáveis e a postura adotada no trabalho, foi à angulação da escápula que apresentou

significância com ρ 0,015.

Essas alterações fisiológicas podem ser desencadeadas pelos sistemas impostos

pelas construtoras, segundo Saad (2008) relata que esses trabalhadores apresentam

remuneração desvantajosa, sendo obrigado a realizar elevados índices de produtividade

no intuito de aumentar a sua remuneração, atribuindo um aumento na jornada laboral

levando a exceder seus próprios limites, podendo levar a prejuízo de sua saúde.

Segundo Silva (2003), o crescimento da Construção Civil, em conjunto com o

fenômeno da verticalização, é responsável pela maioria dos impactos ambientais e de

saúde, principalmente na do trabalhador daquele ramo. Esse crescimento levado devido

alguns fatores como o da urbanização, desencadeou ao aumento nos empreendimentos

lançados, entretanto, este setor apresenta profissional pouco qualificado, aumento no

número de carga horária trabalhada, baixa remuneração, má condição de trabalho,

podendo ser estes o aparecimentos de DORT.

Os resultados obtidos no questionário de qualidade de vida no trabalho, escala de

avaliação de desconforto corporal e a biofotogrametria, nos leva a pensar que as

alterações encontradas nesses trabalhadores é decorrente das atividades laborais

realizadas de forma incorreta, hora pela má condição de trabalho que apresentam, hora

imposta pelas construtoras devido o prazo que a mesma tem que cumprir, pois, segundo

o SINDUSCON (2012) a relação de empreendimentos lançados com empreendimentos

Page 105: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

105

entregues apresentou disparidade, proporcionando prejuízo financeiros para as

incorporadoras.

Esses resultados obtidos pela pesquisa são delicados, pois, segundo o IBGE

(2010) o número de trabalhadores cresceu de 8 mil em 1995 para 21.743 mil

trabalhadores em decorrência ao crescimento do setor da Construção Civil. Nesse

mesmo passo, o Sticmba (2011) relata que o número de queixas relativas a dores,

exploração de trabalhadores, má condições de trabalho, excessos de horas trabalhadas e

doenças ocupacionais vêm crescendo na mesma proporção.

Por fim, os dados obtidos através dos questionários de opiniões e da

biofotogrametria, relacionados aos desvios angulares presentes no grupo de

trabalhadores, detectaram que houve mudanças significativas nas regiões

osteoarticulares, principalmente na região lombar e ombro, podendo estar diretamente

relacionada a forma que esses trabalhadores são colocados nas atividades laborais,

levado pela intensa urbanização, devido o crescente processo de verticalização indo de

encontro com vários estudos citados anteriormente.

Page 106: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

106

CAPÍTULO 5. Conclusão e Sugestões.

A relação entre o processo de verticalização intensa e o surgimento de doenças

ocupacionais nos trabalhadores da Construção Civil submetidos a uma excessiva carga

de trabalho, vem ganhando a cada dia maior destaque e, em função disso, a

preocupação maior é investir cada vez mais em pesquisa, visando adquirir ganho de

conhecimentos relacionados à verticalização e doença ocupacional, além de avaliar a

QVT e o grau de dor que esses profissionais apresentam.

Com base neste estudo, foi possível observar que a atividade realizada no setor

da Construção Civil, mais especificamente a de “ajudante de pedreiro”, provoca

indícios de surgimento de lesões músculo-esqueléticas , pelo fato de ser um grupo de

indivíduos com possibilidade superior de adquirir também no futuro, lesões osteo-mio-

ligamento-articular.

As possíveis lesões músculo-esqueléticas no futuro, são consequências de

alterações significativas nas regiões osteoarticulares, principalmente na região da coluna

(superior e inferior) e ombro, levando a predispor que esses achados estão diretamente

relacionados à forma que esses trabalhadores são colocados nas atividades laborais.

Com a urbanização em crescimento,o mercado da construção civil foi aquecido,de tal

forma , que o processo de verticalização se desenvolveu bastante,o que faz com que os

empresários do ramo intime seus empregados ultrapassar sua jornada diária, a fim de

que o prazo determinado para a entrega do empreendimento seja cumprido; isso é bom

para o empresariado , mas prejudicial para o empregado , pois vai de encontro com

vários estudos citados anteriormente.

Essa classe de trabalhadores expõe má QVT, levado por alguns fatores , entre os

quais, o limite de seu esforço físico, decorrente da falta de uma escala de trabalho com a

realização do rodízio entre eles. A inexistência do rodízio aliada a uma jornada pesada,

o empregado da construção civil, em particular o ajudante de pedreiro.,adquire má

Page 107: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

107

qualidade postural e com isso,no próprio ambiente laboral, começa a sentir as dores na

coluna cervical e lombar e também no ombro, `a medida que desenvolve suas tarefas

diárias, o que gera queda de produção e o ambiente de trabalho desconfortável.

Outra informação importante : à identificação da necessidade de uma melhoria

ergonômica fidedigna é a conscientização do próprio trabalhador, levando ao seu

conhecimento os reais riscos e consequências que ocorrem no seu ambiente de trabalho.

Para que ocorra um adequado programa ergonômico, as empresas que atuam

nesse setor devem seguir a Norma Regulamentadora (NR) 17, que visa adequação da

atividade laboral com o perfil psicofisiológicos desses trabalhadores, através dentre

outras coisas, pausas para descanso no decorrer da jornada. As repercussões dessa

atividade realizada sobre a saúde do trabalhador ,deve ser considerado quando o

afastamento por algum motivo ocorrer igual ou superior a quinze dias; assim sendo,as

atividades deverão ser desenvolvidas de forma gradual, a partir do momento que o

mesmo retornar ao trabalho

Na vida profissional ter saúde não se resume apenas a não ter doença e sim está

unido ao “bem estar” físico-social e mental, através de uma boa informação do que é

saúde e consciência corporal ,para adquirir uma excelente qualidade de vida. Para isso, é

importante também, dentro do programa ergonômico a inclusão da cinesioterapia

laboral ou chamada também de ginástica laboral, pois visa prevenir doenças e

proporcionar qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho.Este recurso é realizado

em pouco tempo, objetivando utilizar as partes do corpo que não são usadas na hora do

expediente de trabalho e , por outro lado, relaxar as que são usadas excessivamente

A prática da cinesioterapia laboral não gera prejuízo ao profissional e nem à

empresa.O empresário que proporcionar aos seus empregados .esse tipo de ginástica só

tem a ganhar com seu resultado, pois o ganho é vantajoso para ambas as partes, ou

sejam,produtividade aumentada e saúde de seus colaboradores elevada.

Ressalta-se, ainda, que as adequações ambientais de trabalho devem ser feitas

de forma rotineira e individualizada, cobradas e fiscalizadas pelos órgãos a quem de

direito , a fim de que tenha certeza que a saúde laboral através da qualidade de vida do

trabalhador está sendo preservada, mais especificamente o caso em estudo, os que

Page 108: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

108

ocupam o cargo de ajudantes de pedreiros da construção civil com o bem estar no

ambiente de trabalho e no recinto familiar

Á vista do exposto, conclui-se que esta pesquisa acende o interesse de realizar

futuras investigações, com campo de ação mais abrangente, visando analisar a

complexidade que o atual processo de urbanização motiva a corrida a novos

empreendimentos no setor da Construção Civil e, consequentemente,dentro dessa

ótica, causando agravos à saúde do trabalhador Com o levantamento de todas as

variáveis determinantes das doenças .que prejudicam a vida laboral do trabalhador e de

ações políticas governamentais interessadas com o problema em questão, é possível

encontrar soluções que visem contribuir para o avanço e fortalecimento do

conhecimento a respeito da qualidade de vida dos operários , em particular neste caso,

ajudantes de pedreiros,.melhorando assim, as condições de segurança e saúde dessa

classe trabalhadora.

Page 109: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

109

REFERÊNCIAS

Afonso, Pierre Marconi S. A Importância da Avaliação Fisioterapêutica Antes de Iniciar Treinos de Corrida. Publicado em: Atividade Física, quarta 13/10/2010. Disponível em: http://www.maisqualidadedevida.com.br/a-importancia-da-avaliacao-fisioterapeutica-antes-de-iniciar-treinos-de-corrida/. Acesso em: 05 de Setembro de 2011.

ALMEIDA, Isabel Bispo e GALVÃO, Verena Loureiro. Frequência de Lombalgia em Trabalhadores da Contrução Civil num Canteiro de Obras em Salvador-Bahia. Recanto das Letras, Salvador,10/3/2011. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2840306. Acesso em: 05 de Setembro de 2011.

AMATUZZI, M. Lombalgia: quadro clínico e epidemiologia. 2004. Disponível em: HTTP://idssaude.uol.com.br/psf/medicina/tema2texto20definicao.asp. Acesso em: 05 de Setembro de 2011. ARNDT, V.; et al. Construction work and risk of occupational disability: a ten year follow up of 14 474 male workers. Occup Environ Med, v: 62, pag:559–566, 2005.

BALBO. M. A. M; BERTÃO. E. F; LARA JÚNIOR. N. A qualidade de vida na Construção Civil e a sua importância para a prevenção dos agravos à saúde. ANENT, 2008. Disponível: http://www.anent.org.br/congressos/III_congresso/anent.swf Acesso em: 15 de junho de 2012. BARAÚNA, Mário Antônio et al. Avaliação da Amplitude de Movimento do Ombro em Mulheres Mastectomizadas Pela Biofotogrametria Computadorizada. Revista Brasileira de Cancerologia 2004, Ed. 1, v. 50, pag: 27-31. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_50/v01/pdf/ARTIGO3.pdf. Acesso em: 16 de Maio de 2011. BARBOSA, L. G. Fisioterapia preventiva nos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho- DORTs. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

BILL, ADDIS. Edificação: 3000 anos de projeto, engenharia e construção. Porto Alegre: Bookman, 2009.

BODSTEIN, Regina Cele de Andrade. A cidadania e modernidade: emergência da questão social na agenda pública. Cadernos de Saúde Pública. v.13, n.2, p. 185 – 204, 1997.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução 196/96. O Plenário do Conselho Nacional de Saúde resolve aprovar diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Em 10 de outubro de 1996.

BRITO, F.. SOUZA, J. Expansão urbana nas grandes metrópoles: o significado das migrações intrametropolitanas e da mobilidade pendular reprodução da pobreza. Rev. Perspectiva, Fundação Seade, jan. 2006.

Page 110: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

110

CARMELLO, E.; Qualidade de vida no trabalho. IN: IV CONGRESSO NORTE PARANAENSE DE RECURSOS HUMANO, 01, 2007, 2009, Londrina / PR

CARVALHO, J. A.; GARCIA, A. Estimativas decenais e qüinqüenais de saldos migratórios e taxas líquidas de migração no Brasil entre 1960 e 1990 e estimativas de migração internacionais no período de 1985/1990. Cedeplar, 2003. Disponível em: www.cedeplar.ufmg.br Acesso em: 15 de abril 2011. CASTELLS, M. A questão urbana. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

CASTRO, E. Dinâmica sócio-econômica e desmatamento na Amazônia. Belém: NAEA, 2005.

CHAIB: Erick Brizon D’Angelo. Proposta para implementação de sistema de gestão integrada de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho em empresas de pequeno e médio porte: um estudo de caso da industria metal-mecânica. UFRJ, 2005. Disponível em: HTTP://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/ebdchaib.pdf. Acesso em: 16 de Maio de 2011. COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho: o Manual Técnico da Máquina Humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.

DEBORD, G. A Sociedade do Espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. DIESEL, Letícia.; FLEIG, Tânia Cristina; GODOY, Leoni Penteado. Caracterização das Doenças Ocupacionais na Atividade de Construção Civil de Santa Maria-RS. Universidade Federal de Santa Maria-RS, 2011.

DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica: Exame, Avaliação e Intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2007.

FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar. 2 ed. Salvador: Casa da Qualidade Edit. Ltda., 1996.

FERREIRA, A. Bairro do Umarizal: Produção do espaço, Citymarketing e Verticalização. 2006. 214f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Geografia)- Departamento de Geografia da Universidade Federal do Pará, Belém, 2006. FIGUEIREDO, I. M; NEVES, D. S.; MONTANARI, D.; CAMELO, S. H. H. Qualidade de vida no trabalho: percepções dos agentes comunitários de equipes de saúde da família. Revista de enfermagem, vol. 17, n. 2, p. 262 – 267, abr – jun. 2009.

FRANÇA, A. C. Limongi. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Rev. Brasileira de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, vol. 1, n. 2 abril/maio/junho. 1997.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1959.

GALEGO, J. B, T. Construção Civil embala novas admissões. O LIBERAL, Belém 9 de outubro, 2011. Poder, p. 13. GAULBERT FILHO, Antônio. A incorporação de novas Tecnologias e a transmutação dos riscos na Construção Civil. In: CONGRESSO MUNDIAL SOBRE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, 15, 1999, São Paulo. Anais. São Paulo: Fundacentro, 999. p. 204.

Page 111: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

111

GOITIA, F. C. Breve histórico do urbanismo. 3 ed. Lisboa: Editora Presença, LDA, 1992.

GOLDSHEYDER, D. et al. Musculoskeletal Symptom Survey Among Cement And Concrete Workers. Work. v: 23, pag: 111–121, 2004.

GONGORA, HELCIO; ROMANATTI, SANDRO V., NETO, RICARDO B. D. SANTOS, GUILHERME M.L. Índice de Confiabilidade de Intra e Interexaminadores na Analise do Ângulo Poplíteo através da Biofotogramentria. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, n. especial, p. 46 nov. 2009.

GROSS, Jeffrey; FETTO, Joseph; ROSEN, Elaine. Exame Musculoesquelético. Porto Alegre: Artmed, 2000. Pag:85.

GROSTEIN, M.D. Metrópole e expansão urbana: a persistência de processos “insustentáveis”. Rev. São Paulo em Perspectiva, 2001.

ILDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 5 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA . Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1631&id_pagina=1 Acesso em: 16 de Maio de 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2005. Características da população e dos domicílios. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/default.shtm. Acesso em: 01 de Maio de 2011. IUNES, D.H.; CECÍLIO, M.B.B.; DOZZA, M.A. e ALMEIDA, P.R. Análise do Tratamento da Escoliose Idiopática com Método Klapp por Meio da Biofotogrametria Computadorizada. Revista Brasileira de Fisioterapia, 2010;14(2):133-40. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 16 de abril de 2010

JALES, Walnia de Lourdes. Postura Ocupacional dos Trabalhadores da Construção Civil de Campina Grande-PB. Universidade Estadual da Paraíba - UEPB - Campina

Grande – PB: 2007. Disponível em: http://www2.rc.unesp.br/eventos/educacao_fisica/biomecanica2007/upload/105-1-A-Biomecanica.pdf Acesso em: 31 de maio de 2011. LIMA, Marcelo Valleta de. Doenças Ocupacionais na Construção Civil, 2004. Disponível em: http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/doencas-ocupacionais-na-construcao-79611-1.asp. Acesso em: 13 de Dezembro de 2011, às 21h10min.

LIMA, Wander Demonel; STANO, Magalhães; TRINDADE, Rita de Cássia. Pesquisa de clima organizacional como ferramenta estratégica de gestão da qualidade de vida no trabalho. In: XI SIMPEP. Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

______________. MANUAL DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. Ed. 61, São Paulo: Atlas, 2007.

MACEDO, S. S. Quadro do paisagismo no Brasil. São Paulo: Edusp, 1999.

MARCONDES, M. J. A. Cidade e meio ambiente: revendo conceitos. Cidade e natureza. Proteção dos mananciais e exclusão social. São Paulo: EDUSP, 1999.

Page 112: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

112

MARICATO, E.; ARANTES,O.; VAINER, C. A cidade do pensamento único. Petrópolis: Vozes, 2000.

MASCELANI, R. F. Curso de ginástica laboral. Universidade do Contestado Concórdia SC, 2001. MAXIMILIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração . São Paulo: ATLAS, 2007.

MENDONÇA JR, Hélio Pires de; ASSUNÇÃO, Ada Ávila. Associação entre Distúrbios do Ombro e Trabalho: Breve Revisão da Literatura. Rev. Bras. Epidemiol. v.2, n.8, p.167-176, 2005.

METZKER, Carlos Alexandre Batista. Tratamento conservador na síndrome do impacto no ombro. Fisioterapia em. Movimento. Curitiba, v.23, n.1, p.141-151, jan/mar, 2010.

MINAYO, M. C. DE S; HARTZ, M. DE A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Rev. Ciência e Saúde Coletiva. v. 1, n.5, pag: 7– 18, 2000.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, Portaria SIT n.º 40, de 07 de março de 2008. Disponível em: http://www3.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp. Acesso em: 02/08/2011.

MIRANDA, C. S. As novas faces da metrópole no fim do século XX: condomínios horizontais na cidade de Belém. Rev. Arq. Urb., Belo Horizonte, v. 1, jul./dez. 2004.

MONTE-MÓR, Roberto Luis. O que é o urbano, no mundo contemporâneo. Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR, 2006.

NASCIMENTO, Maria A. A. do; MASCULO, Francisco S. O sofrimento do corpo em detrimento da produção: o caso dos armadores de ferro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA, 14, 2006, Curitiba: FUNDACENTRO, 2006.

NOVAES, Antônio Carlo. Lombalgia. Disponível em: http://www.lerdort.com.br/pc_lombalgia.php?skey=24b525ddb765bf67b40c312733e5c6e6. Acessado em: 13 de Dezembro de 2011, às 17h30min.

OLIVEIRA, C. R.; et al. Manual Prático de L.E.R. Lesões por Esforços Repetitivos. Belo Horizonte: Livraria e Editora Health, 1998. pag: 403.

OLIVEIRA, J. M. G. C. de. Agentes e atores da verticalização na produção de espaços segregados em Belém-Pará, Brasil. Anais do VII Colóquio Internacional de Geocrítica, Universidad de Barcelona, maio, 2005.

OLIVEIRA, J. M. G. de. Produção e Apropriação do Espaço Urbano: A verticalização em Belém/Pará. 1992. Tese de Doutorado em Geografia Humana – Faculdade de Filosofia, letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.

OLIVEIRA, Janete C. A verticalização nos limites da produção do espaço: parâmetros comparativos entre Barcelona e Belém, In: COLÓQUIO

Page 113: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

113

INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA, 9., 2007, Porto Alegre. Anais... Porte Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

OLIVIERA, C. Doenças e acidentes aumentam na Construção Civil. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/trabalho/2012/04/trabalhadores-da-construcao-e-eletricitarios-estao-entre-os-que-mais-se-acidentam, Acessado em: 15 de Junho de 2012, às 17h10min.

PARÁ. Secretaria Executiva de Desenvolvimento Urbano e Regional; Companhia de Habitação do Pará; Fundação para o Desenvolvimento da Amazônia. Região Metropolitana de Belém: estudos preliminares do plano estratégico- relatório parcial 3. Belém, 2004.

PENTEADO, ANTONIO ROCHA. Belém do Pará. Coleção Amazônica: Série José Veríssimo. Belém: UFPA, 1968.

PILATTI, Luiz Alberto; VARGAS, Leandro Martinez Vargas. Análise do nível de esforço despendido de preensão manual e a relação com doenças musculoesqueléticas:atividade de assentamento de tijolos, In: XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Anais...2010

PINTO-NETO, Aarão Mendes; CONDE, Délio Marques. Qualidade de vida. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Vol. 30, n. 11, p. 535 – 535, 2008.

POLETTO, S.S. Avaliação e implantação de programas de ginástica laboral, implicações metodológicas. Porto Alegre, 2002.

PORTELA, R. S. Participação popular e metamorfoses no planejamento e na gestão do espaço urbano. Revista do Centro de Estudos Administrativos e Contábeis, Unama. Belém. 2004.

RICIERI D. V.; ROSÁRIO N. A.; COSTA J. R. Razão entre diâmetros torácicos para detecção de hiperinsuflação estática em crianças pela biofotogrametria. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 84, n. 5, p.410-415, set-out, 2008.

RICIERI, D; BARAÚNA, M. Biofotogrametria: Recurso diagnóstico do fisioterapeuta, 2006. Disponível em: www.coffito.org.br/download. Acessado em: 16 de maio de 2011.

SAAD, V. L. Análise ergonômico do trabalhador do “ajudante de pedreiro”: o assentamento de tijolos. 2008. 124 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica do Paraná, campus Ponta Grassa, Curso de Pós Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2008.

SAAD, V.L.; XAVIER,A.A.P. & MICHALOSKI, A.O. Avaliação do risco ergonômico do trabalhador da Construção Civil durante a tarefa do levantamento de paredes. XIII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 6 a 8 de Novembro de 2006. Disponível em: http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/637.pdf. Acesso em: 16 de maio de 2011.

Page 114: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

114

SACCO ICN, et al. Confiabilidade da Fotogrametria em Relação a Goniometria para Avaliação Postural de Membros Inferiores. Rev. bras. fisioterapia. São Carlos, v. 11, n. 5, p. 411-417, set./out. 2007.

SALAS, Juan Carlos Guillén; SILVA, Ricardo Siloto da. Fundamentos para operacionalização do conceito qualidade de vida no meio urbano. Trabalho apresentado ao 1 Congressa Luso Brasileiro para o Planejamento Regional Integrado Sustentável – Pluris, 2005. São Carlos, 2005.

SANCHEZ, H.; et al. Avaliação postural de indivíduos portadores de deficiência visual, através da biofotogrametria computadorizada,. Fisioter. Mov. Abr/jun, 2008; 21(2): 11-20. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/public/7/archive/0007-00001934-ARTIGO_01.PDF. Acesso em: 16 de maio de 2011.

SANTA MARIA, Adriana Simone Lopes. Aspectos Metodológicos para a Determinação de Cargas Internas na Coluna Vertebral. Dissertação apresentada a Programa de Pós-graduação Interunidades em Bioengenharia da Escola de Engenharia de São Carlos: São Carlos, 2001.

SANTOS, J. L. C. Reflexões por um conceito contemporâneo de urbanismo. Malha Urbana .Revista Lusófona de Urbanismo, Lisboa, v. 3, 2006.

SEIL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lama da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de Saúde Pública. V. 20, n. 2, mar-abr. 2004.

SILVA, Ana Paula Machado; CASTRO FILHO, José Raimundo de; SILVA, Matheus de Almeida e. Epidemiologia das Lesões Musculoesqueléticas em Trabalhadores da Construção Civil. Belo Horizonte, 2009.

SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. Ed. 2, São Paulo: Malheiros, 2003.

SILVA, V.G Avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros: diretrizes e base metodológica. Tese de doutorado. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental (1902). In VELHO, Otávio Guilherme (org). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Construção Civil: desempenho e perspectivas. São Paulo, 2012. SOARES, J. P. Organização do espaço a partir da distribuição populacional no estado do Pará de 1960 a 2000. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL. 2007. Belém.

SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO POSTURAL. Pontos anatômicos, 2007. Disponível em: <http://sapo.incubadora.fapesp.br/portal/ajuda/PontosAnat_c3_b4micos> Acesso em: 05 de novembro de 2011.

Page 115: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

115

SOUCHARD, Philippe & OLLIER, Marc. As Escolioses: Seu Tratamento Fisioterapêutico e Ortopédico. 2ª edição, revisada e ampliada. São Paulo: É Realizações, 2004.

SOUZA, M. A. A. de. A identidade da metrópole: a verticalização em São Paulo. Tese de Livre-Docência, FFLCH/ USP, São Paulo, 1989.

TELLES, L. D. et al. Qualidade de vida no trabalho (Monografia). UNISALESIANO, 2005.

TROUSSIER, B., et al. Ergonomics. v:42, pag: 516-526, 1999.

VALINOTE, H. C. Ambiente de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil de uma construtora de Goiânia. 2011. TESE ( MESTRADO em Ciências ambientais e Saúde)- Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2011.

VARGAS, L. M.; PILATTI, L. A. análise do nível de esforço despendido da pressão manual e a relação das doenças musculoesqueléticas: atividades de assentamento de tijolos. In: XXX encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2010, São Carlos,

VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. Studio Nobel: FADESP: Lincaln Institute, São Paulo, 2001.

WALSH, IAP et al. . Capacidade para o trabalho em indivíduos com lesões músculo-esqueléticas crônicas. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 2, Apr. 2004 . Disponível <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-9102004000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 de setembro de 2011.

WEBER, M. Conceitos e Categorias da cidade (1921). In VELHO, Otávio Guilherme (org). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

WELCH. et al. Chronic Symptoms in Construction Workers Treated for Musculoskeletal Injuries. American Journal of Industrial Medicine. v: 36, pag: 532-540, 1999.

WIKIPEDIA, A enciclopédia livre. Posição Anatômica. 2009. 1 imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Posi%C3%A7%C3%A3o_anat%C3%B4mica>. Acesso em: 24 de setembro de 2011.

WILHEIM, Jorge. Urbanismo no subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora Saga, 1969.

ZABEU, J. L. A; ALBUQUERQUE, R. P.; CASTRO, J. O. M.; GONÇALVES, R. K.; SKAF, A. Y. Artrose do Joelho: Tratamento Cirúrgico. Projeto Diretrizes: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. 2007.

Page 116: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

116

ANEXO A: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL

Page 117: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

117

Escala de avaliação de desconforto corporal

Por favor, marque a região (segmento) do diagrama do corpo humano abaixo onde você sente desconforto/dor. Em seguida, tome como base a escala progressiva de desconforto/dor (abaixo) e assinale o número que você acha correspondente ao grau de intensidade sentido deste desconforto/dor (marque com um ✘ ou ✔). Por favor, mesmo quevocê não tenha tido problemas em qualquer parte do corpo, marque como o grau de intensidade "1" (nenhum desconforto/dor).

Intensidade

1

2

3

4

5

Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável desconforto/ desconforto/ desconforto/ desconforto/ desconforto/ dor dor dor dor dor

Escala progressiva de desconforto/dor

Tronco

1

Pescoço (0) 2 3 4

5

Costas-médio (3) 1 2 3 4

5

Região cervical (1) 1 2 3 4

Costas-superior (2) 1 2 3 4

5

5

Costas-inferior (4) 1 2 3 4

Bacia (5) 1 2 3 4

5

5

Lado esquerdo

Ombro (6) 1 2 3 4 5

Braço(8) 1 2 3 4 5

Cotovelo (10) 1 2 3 4 5

Antebraço (12) 1 2 3 4 5

Punho (14) 1 2 3 4 5

Mão (16) 1 2 3 4 5

Coxa (18) 1 2 3 4 5

Perna (20, 22, 24, 26) 1 2 3 4 5

Mapa de regiões corporais

Lado direito

Ombro (7) 1 2 3 4 5

Braço(9) 1 2 3 4 5

Cotovelo (11) 1 2 3 4 5

Antebraço (13) 1 2 3 4 5

Punho (15) 1 2 3 4 5

Mão (17) 1 2 3 4 5

Coxa (19) 1 2 3 4 5

Perna (21, 23, 25, 27) 1 2 3 4 5

Page 118: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

118

APÊNDICES

Page 119: crer, é PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E … · crer, é PRÓ-REITORIA DE ... apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a ... trabalhadores apresenta

119

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO

Questionário de Avaliação: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

Nome : ............................................................. Idade:.............Turno de trabalho:..............

Tempo de trabalho nesta atividade:

Tempo de trabalho na Empresa:

Em que Função:...................................................................................................................

Faz rodízio de função?.........................................................................................................

Em que postura trabalha?

( )sempre em pé ( )sempre sentado ( )alternando posturas

Tem Dupla Jornada ?

( )Sim ( ) Não

Já esteve afastado por algum problema de saúde?.....................................................

Qual?................................................Por quanto tempo?..............................................

Sente dor ? ( ) Sim ( ) Não

Esta dor está presente do período de trabalho? ( )Sim ( )Não ( )As vezes

Há quanto tempo?.......................................................................................

Em que região? (Faça um X na região que sente dor!)

Pescoço ( ) Ombros ( ) Coluna ( ) Pernas ( ) Braços ( ) Punho e Mão ( )

Se for em algum outro lugar, escreva qual: ................................................................

Com que freqüência sente esta dor ?

( ) todo dia ( ) de vez em quando ( ) raramente

Quando ela começa? ( ) no começo do dia ( )no meio do dia ( ) no fim do dia

Quando ela piora? .................................................................................................

Quando alivia?......................................................................................

Você se sente confortável na sua posição de trabalho? ( )sim ( ) não

Existe algum movimento que aumenta a dor? ( )sim ( )não

Se existe, qual é o movimento ou posição?......................................................................

A dor atrapalha seu trabalho na empresa? ( )sim ( )não

No final da Jornada de Trabalho, como você se sente?

( ) cansado ( )cansado e com dores ( )normal e sem dores

Faz alguma atividade física? ( )sim ( )não

Se faz, qual?......................................................................................

Obrigado!