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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
URBANO
DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ
INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
BELÉM 2012
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
URBANO
DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ
“INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL”
.
BELÉM 2012
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da
Amazônia – UNAMA, como pré-requisito para à obtenção do
título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Bello.
INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES NA POSTURA DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
por
DANIEL AUGUSTO NUNES CRUZ
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia – UNAMA, como pré-requisito para à obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Bello.
BANCA EXAMINADORA: _________________________________________
Orientador Prof. Dr. Leonardo Bello Universidade da Amazônia - UNAMA
_________________________________________
Prof. Dr. Marco Aurélio Arbage Lobo Universidade da Amazônia - UNAMA
_________________________________________
Prof. Dr. Manoel G. Freire Lourenço Universidade do Estado do Pará - UEPA Aprovado:____________________ Belém, de 2012
DEDICATÓRIA
Hoje quando olho para trás, vejo que a estrada percorrida nesses 2 anos não foi fácil, o
desânimo por diversas vezes me abateu, mas o incentivo e a dedicação da minha família,
principalmente das minhas mães me conduzindo nesta caminhada. Por outro lado, nesses 2
anos, houve também muitas realizações e vejo que a persistência em busca de um ideal está
dando um sabor inesquecível de vitória a minha vida. As renúncias que tive de fazer, as horas
mal dormidas foram sacrifícios e esforços que hoje estão sendo recompensados.
Baseado nisso dedico esta vitória, primeiramente a DEUS e a MARIA
SANTÍSSIMA, que me fez dotado de inteligência, e por me dar força e proteção durante toda
a minha vida, e da minha família.
A minha mãe Gracyrene, a minha segunda mãe Graciely, ao meu pai Abel, pelo
apoio, carinho, dedicação, paciência no decorrer de toda a minha vida.
Ao meu irmão Igor, que se fez presente com muito carinho e amor.
A minha querida avó Lily, presente hoje em pensamento, pelo carinho e amor
dedicado, que com certeza ilumina meu caminho para novas vitórias.
A minha querida avó Rosa, tios, tias, primos e primas que de alguma forma
contribuíram para que meu sonho se tornasse possível.
A minha noiva Lhorem, pelo amor, dedicação, paciência, companheirismo.
Aos meus amigos Paulo Ávila, Mauro Mykyo e Guilherme pela contribuição e
atenção dada a esta pesquisa.
A todos os meus amigos pela força e companheirismo.
Ao Prof. Dr. Leonardo Bello, pela orientação dada com paciência e dedicação,
acreditando em mim e nesta pesquisa.
Ao Prof. Dr Manoel Gionovaldo F. Lourenço pela grande contribuição dada nesta
pesquisa.
Ao Prof. Marco Aurélio Arbage Lobo pelas contribuições dadas na pesquisa.
A Empresa de Engenharia e seus funcionários, que abrigou esta pesquisa dando
com isso a oportunidade de levar ao conhecimento mais profundo sobre o tema pesquisado..
RESUMO
CRUZ, D.A.N. Influência do processo de urbanização das cidades na postura de trabalhadores da Construção Civil. 2012. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano) – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Qualidade de Vida e Meio Ambiente, Universidade da Amazônia, PA, 2012.
O conceito de “cidade” pode ser definido de várias formas. Porém, existe um ponto
comum a todas as definições, que é a de representá-la como um estabelecimento compacto.
Isso posto, percebe-se que essas “localidades” vêm passando por um acelerado processo de
urbanização no Brasil e na cidade de Belém, sem as necessárias condições de infra-estrutura
econômica e física para garantir sua reprodução, junto com a urbanização vem o crescimento
da Construção Civil, em conjunto com o fenômeno da verticalização, é responsável pela
maioria dos impactos ambientais e de saúde, acreditam que o trabalho realizado na
Construção Civil, mais especificamente o de “ajudante de pedreiro”, apresenta elevados riscos
ergonômico, prejudicando com isso a qualidade de vida no trabalho. Com isso objetiva-se
avaliar a interferência do processo de verticalização intensa no adoecimento dos trabalhadores
da Construção Civil submetidos a uma excessiva carga de trabalho. Para tanto, foi realizado
questionário de opinião sobre sua qualidade de vida no trabalho e após realizada a avaliação
de desconforto corporal através do diagrama proposto por Corllet e Manenica (1980), por fim
realizado um estudo observacional pelo Método não Probabilístico do tipo Amostragem
Intencional, por meio da Biofotogrametria, em relação aos aspectos de alterações posturais
provocadas pela intensa carga de trabalho, realizada em um empreendimento na Região
Metropolitana de Belém, esse estudo contou com a participação de 22 funcionários de forma
aleatória. Tendo sido encontrado, entre outros resultados relativos, que este grupo de
trabalhadores apresenta dor principalmente na região lombar e ombro. No presente estudo,
com base nos resultados obtidos, não teve como certificar se o processo de verticalização
leva ao adoecimento dos trabalhadores, entretanto, identificou-se que esse grupo de
trabalhadores apresenta possibilidade superior de adquirir lesões osteo-mio-ligamento-
articular no futuro.
Palavras chaves: Urbanização, Verticalização, Saúde do trabalhador da Construção
Civil,Biofotogrametria.
Abstract
The concept of “city” can be defined in many ways. There is, however, a common
attribute in all of the definitions, which is representing it as a compact establishment. Given
this, one can perceive that these locations have been undergoing an accelerated process of
urbanization in Brazil. In the city of Belém, the urbanization took place in a fragmented
manner, without much needed economical and spatial infrastructure conditions, as to assure
its growth. In addition to the urbanization there is a growth in civil engineering, which is,
together with the verticalization phenomenon, responsible for the majority of environmental
and health impacts. It is believed that the labor undertaken in civil engineering, more
specifically the one of a “mason’s helper”,shows elevated ergonomic hazards, which is
detrimental to the quality of live at work. Given this, it is our objective to evaluate the
interference of the intense verticalization process in the development of illness by civil
engineering workers subjected to an excessive workload. To such an end, a poll about quality
of life at work was carried out; afterwards, an evaluation of body discomfort was applied, by
means of the diagram proposed by Corllet and Manenica (1980). At last, a study was carried
out utilizing the Intentional Sampling type of the Non-Probabilistic Method, using
Biophotogrammetry, with respect to the postural alterations caused by the intense workload,
taking place in a worksite located in the Região Metropolitana de Belém. The study had the
participation of 22 employees chosen at random. It was found, among other related results,
that these workers show mainly lower back and shoulder pain. In this study, considering the
results, it was not possible to assure that the verticalization leads to development of illness by
the workers; however, it has been show that these workers possess a greater chance of
developing osteo-myo-articular-ligament injuries in the future.
Keywords: urbanization, verticalization, civil engineering worker health,
biophotogrammetry.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAC- Ângulo do acrômio clavicular;
ACD- Ângulo da cabeça direita;
ACE- Ângulo da cabeça esquerda;
ADM – Amplitude de Movimento;
AEID- Ângulo da espinha ilíaca direita;
AEIE- Ângulo da espinha ilíaca esquerda;
AIEE- ângulo inferior da escápula esquerda;
AJD- Ângulo do joelho direito;
AJE- Ângulo do joelho esquerdo;
AJEID- ângulo inferior da escápula direita;
AOD- Ângulo do ombro direito;
AOE- Ângulo do ombro esquerdo;
AP - Ângulo Ântero-posterior;
CF - Constituição Federal;
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho;
CREA- Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura;
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social;
DC – Desconforto corporal;
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos;
DORT - Distúrbios Osteomusculares;
EAD- Escala de avaliação de dor;
EIAS - Espinha Ilíaca Ântero-superior;
EIPS - Espinha Ilíaca Póstero-superior;
EVA - Etil-vinil-acetato;
G-SST - Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho;
IBGE – instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social;
INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social;
NR – Normas e Regulamentos;
OIT- Organização Internacional do Trabalho;
OMS – Organização Mundial de Saúde;
PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT);
PIB – Produto Interno Bruto;
QVT- Qualidade de Vida no Trabalho;
STICMBA - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria e Construção Imobiliário de Belém e Ananindeua;
SUDS - Programa dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde;
SUS - Sistema Único de Saúde;
UFPA - Universidade Federal do Pará;
UNAMA - Universidade da Amazônia;
USP - Universidade de São Paulo.
LISTA DE FIGURA
Figura 1- Divisão administrativa dos bairros do município de Belém. ................................................. 27
Figura 2- Vista aérea do Ed. Manoel Pinto da Silva. ............................................................................ 34
Figura 3- Lesões musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil. .................................... 40
Figura 4- Causas Frequentes de Lombalgia. ......................................................................................... 42
Figura 5- Trabalhadores no canteiro de obras. ...................................................................................... 43
Figura 6- Articulação do Cotovelo. ....................................................................................................... 44
Figura 7- Demonstração de movimentos repetitivos realizados por “ajudante de pedreiro”s da Construção Civil. ................................................................................................................................... 45
Figura 8- Mecanismo de lesão na síndrome do impacto do ombro. ...................................................... 46
Figura 9- Joelho com Artrose e sem Artrose. ........................................................................................ 47
Figura 10- Possível mecanismo para ocasionar artrose de joelho. ........................................................ 48
Figura 11- Posicionamento da câmara sobre o tripé. ............................................................................ 55
Figura 12- Ilustração dos vários ângulos que podem ser avaliados na vista anterior, posterior e sagital direito. ................................................................................................................................................... 56
Figura 13- Localização do objeto da pesquisa. ..................................................................................... 58
Figura 14- Detalhes da obra investigada: (a) estágio atual; (b) maquete eletrônica. ............................. 58
Figura 15- Diagrama demonstrando os segmentos corporais a serem avaliados segundo o grau de desconforto. ........................................................................................................................................... 61
Figura 16- Índice de desconforto corporal. ........................................................................................... 62
Figura 17- Exemplo da coleta de dados por biofotogrametria, com pontos anatômicos e visão: (a) anterior; (b) posterior; e (c) lateral. ....................................................................................................... 65
Figura 18- Detalhe da câmera digital empregada na biofotogrametria. ................................................ 66
Figura 19- Padronizações para a biofotogrametria: posicionamento e distância da máquina-sujeito, altura do tripé e marcação de chão. ....................................................................................................... 66
Figura 20- Padronizações para a biofotogrametria: dimensões do retângulo e posicionamento dos pés, representados pelos adesivos colados no chão. ..................................................................................... 67
Figura 21: Tela do Corel Draw 12® demonstrando as ferramentas dimensão e dimensão angular. ..... 68
Figura 22- Pontos angulares para a avaliação da ACD e ACE. ............................................................ 69
Figura 23- Pontos angulares para a avaliação da AOD e AOE. ............................................................ 70
Figura 24- Pontos angulares para a avaliação da AEID e AEIE. .......................................................... 70
Figura 25- Pontos angulares para avaliação da AJD e AJE. ................................................................. 71
Figura 26- Pontos angulares para avaliação da AAC. ........................................................................... 71
Figura 27- Pontos angulares para a avaliação da AIED e AIEE. .......................................................... 72
Figura 28- Escala progressiva de desconforto do segmento tronco. ..................................................... 81
Figura 29- Escala progressiva de desconforto do segmento lado esquerdo. ......................................... 83
Figura 30- Escala progressiva de desconforto do segmento lado direito. ............................................. 84
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Crescimento percentual de emprego no setor da Construção Civil. .................................... 18
Gráfico 2- Aumento do número de trabalhadores da Construção Civil de Belém e Ananindeua. ........ 19
Gráfico 3- Empregos gerados no Estado do Pará no mês de agosto. .................................................... 19
Gráfico 4- Financiamento Imobiliário no ano de 2003 à 2009. ............................................................ 30
Gráfico 5- Valores percentuais de: consumo de cimento e insumos na construção civil. ..................... 31
Gráfico 6- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 1. 32
Gráfico 7- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 2. 32
Gráfico 8- Distribuição da amostra segundo afastamento por motivo de saúde; aparecimento de dor e se esta ocoore no trabalho. .................................................................................................................... 75
Gráfico 9- Distribuição da amostra: ocorrência ou não dor em cada região. ........................................ 76
Gráfico 10- Distribuição da amostra segundo: confortabilidade da posição laboral. ............................ 76
Gráfico 11-Distribuição da amostra em relação: aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral. ................................................................................................................................................... 77
Gráfico 12– Distribuição da amostra: movimento que provoca o aumento da dor. .............................. 77
Gráfico 13- Distribuição amostral: quadro álgico dificuldade ou não o trabalho. ................................ 78
Gráfico 14- Distribuição amostral: estado físico no fim da jornada de trabalho. .................................. 78
Gráfico 15- Ocorrências de DC/dor segundo as regiões: (i) pescoço, (ii) regiões cervical, (iii) costa superior, (iv) costa médio, (v) costa inferior e (vi) bacia. ..................................................................... 82
Gráfico 16- Ocorrência de desconforto/dor segundo as regiões do lado esquerdo: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii) ombro. ...................................... 84
Gráfico 17- Distribuição amostral da escala progressiva de desconforto/dor segundo as regiões: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii) ombro............. 85
Gráfico 18- Ocorrências de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias nas regiões: (i) uma ou ambas as pernas, (ii) uma ou ambas as coxas, (iii) quadril/nádega, (iv) costa inferior, (v) costa superior, (vi) pescoço, (vii) olhos e (viii) cabeça. ................................................................................. 87
Gráfico 19- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias: ombros, cotovelos e punho/mãos. .......................................................................................................................................... 88
Gráfico 20- Ocorrência de problemas músculo esquelético nos últimos 12 meses segundo a região do corpo. ..................................................................................................................................................... 89
Gráfico 21- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 12 meses: ombros, cotovelos e punho/mão. ............................................................................................................................................ 90
Gráfico 22- Inatividade nos últimos 12 meses devido problemas músculos esqueléticos. ................... 91
Gráfico 23- Comparação dos dados obtidos: (i) Bertão; Balbo (2008), (ii) Esta pesquisa e (iii) Valinote (2011), sobre os maiores relatos de dor no trabalho. ............................................................................. 98
Gráfico 24- Comparação dos dados obtidos: (i) Saad (2008) e (ii) Esta pesquisa, sobre os maiores relatos de dor referente a região. ........................................................................................................... 99
Gráfico 25: Comparação dos dados de DC entre: (i) 12 meses e (ii) 30 dias. ..................................... 100
Gráfico 26:- Comparação dos dados obtidos em: (i) Nesta pesquisa; (ii) Vargas; Pilatti (2010). ...... 101
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Demonstração dos critérios de inclusão e exclusão. ............................................................. 59
Tabela 2- Etapas seguidas na coleta de dados. ...................................................................................... 63
Tabela 3- Distribuição da amostra segundo idade, tempo na atividade e tempo na mesma empresa. .. 74
Tabela 4- Distribuição da amostra segundo rodizio na função; postura laboral e dupla jornada. ......... 74
Tabela 5- Síntese da interpretação do questionário QVT. ..................................................................... 79
Tabela 6- Tabela síntese da escala de avaliação de DC. ....................................................................... 86
Tabela 7- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) cabeça; (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) costa sup., (v) costa inf., (vi) quadril/nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) uma ou ambas as pernas. ....................................................................................................................... 92
Tabela 8- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão. ................................................................................................................ 93
Tabela 9- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas. ................................................................................................ 93
Tabela 10- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão. .......................................................................................................... 94
Tabela 11- Inatividade nos últimos 12 meses, segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas. ............................................................................................................................................... 94
Tabela 12- Distribuição da amostra avaliação postural através da biofotogrametria: estatísticas descritivas de medidas de angulação. .................................................................................................... 95
Tabela 13- Dados obtidos: (i) Nesta pesquisa com o software Biofotogrametria; (ii) Saad et al. (2006) que utilizou o software WinWOAS e RULA. ..................................................................................... 103
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. Introdução ......................................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 20
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 20
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 21
1.2. ESTRUTURA DA PESQUISA .......................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2. Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil. .......................... 23
2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES ........................................................................... 23
2.2. A URBANIZAÇÃO DE BELÉM ....................................................................................................... 25
2.3 VERTICALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO ............................................................................................. 29
2.4 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL. ................ 36
2.4 SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 39
2.4.1 Construção Civil x doenças musculoesquelética .................................................................. 39
2.4.2 doenças musculoesqueléticas relacionadas à Construção Civil. .......................................... 41
2.4.3 prevenção das doenças musculoesquelética em trabalhadores da Construção Civil. ........ 48
2.4.4 método avaliativo da saúde do trabalhador: biofotogrametria. ......................................... 49
CAPÍTULO 3. Procedimentos Metodológicos ......................................................................................... 57
3.1 LOCUS DA PESQUISA. .................................................................................................................. 57
3.2 ESPAÇO AMOSTRAL E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO. ................................................... 59
3.3 O MÉTODO PROPOSTO. .............................................................................................................. 59
3.3.1 métodos utilizados. .............................................................................................................. 60
3.3.2 coleta de dados .................................................................................................................... 63
3.2.4 riscos e benefícios. ............................................................................................................... 72
CAPÍTULO 4. Análise e Interpretação dos Resultados. ........................................................................... 73
4.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .......................................................................................... 73
4.1.1 Interpretação por segmento do questionário QVT .............................................................. 73
4.1.2 Síntese dos resultados do QVT ............................................................................................. 78
4.2 ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL (DC) ...................................................... 80
4.2.1 Síntese dos resultados da escala de avaliação de DC. ......................................................... 85
4.2.2 Síntese dos resultados da escala de DC – problemas músculo esqueléticos. ...................... 91
4.3 BIOFOTOGRAMETRIA .................................................................................................................. 94
4.4 interpretações dos métodos empregados associados ao processo de urbanização .................. 96
CAPÍTULO 5. Conclusão e Sugestões. ................................................................................................... 106
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 109
ANEXO A: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL ...................................................... 116
APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO .......................................................................................... 119
15
CAPÍTULO 1. Introdução
Apesar do conceito de “cidade” poder ser definido de várias formas, existe,
porém, segundo Weber (1987), um ponto comum a todas as definições, que é a de
representá-la como um estabelecimento compacto (ao menos relativamente) – uma
localidade – e não como meros casarios mais ou menos dispersos.
Isso posto, percebe-se que essas “localidades” vêm passando por um acelerado
processo de urbanização no Brasil, principalmente na segunda metade do século XX.
Desde o ano de 1940 até o ano 2000, a população urbana cresceu na ordem de 54,9%,
proporcionando um aumento intenso de construção urbana para as instalações
residenciais, além da infraestrutura para atendimento de direitos básicos, tais como
saúde e transportes. Tal crescimento populacional, aliado ao contínuo processo de
expansão das cidades, tem provocado expressivo desequilíbrio socioambiental
(MARICATO, 2000).
O crescimento populacional levou à urbanização da metrópole paraense
configurando-se de maneira fragmentada, sem as necessárias condições de infraestrutura
econômica e física para garantir sua reprodução. Esse processo desencadeou vários
problemas ambientais, bem como deu origem a uma nova configuração especial na
cidade, levando a um aumento na Construção Civil e, por derradeiro, a um processo de
verticalização (MIRANDA, 2004).
Como ocorreu em todo o território nacional, Belém também apresentou um
elevado aumento da Construção Civil, principalmente após o ano de 2005. Nota-se a
ocorrência de dois movimentos: um foi o fortalecimento das empresas locais, gerando
um aumento no número de empresas e no porte destas; o outro foi a vinda, para a capital
paraense, de grandes construtoras de âmbito nacional.
Segundo Silva (2003), o crescimento da Construção Civil, em conjunto com o
fenômeno da verticalização, é responsável pela maioria dos impactos ambientais e de
saúde, principalmente na do trabalhador daquele ramo; esse é um dado de fundamental
importância nas metas de desenvolvimento sustentável de qualquer país. Segundo a
Organização Internacional do Trabalho - OIT (2005), a Construção Civil é o setor que
mais apresenta problemas relacionados à saúde e à segurança do trabalhador. Tais
16
operários se encontram, pois, em uma situação delicada, ainda mais quando
consideradas as condições nos canteiros de obra, causadas pelas subcontratações de
mão-de-obra e pela informalidade na cadeia produtiva.
Saad et al. (2006) acreditam que o trabalho realizado na Construção Civil, mais
especificamente o de “ajudante de pedreiro”, apresenta elevados riscos ergonômico,
principalmente no decorrer do ato de “levantar” paredes de alvenaria, e que podem ser
nocivos à saúde. Essas constatações revelam a necessidade de que seja realizada uma
manutenção da capacidade laboral e da qualidade de vida no ambiente de trabalho.
A OIT vem sendo uma busca constante de diversas empresas, as quais buscam a
diminuição das condições ocupacionais nocivas à saúde do trabalhador. No ramo da
Construção Civil, a nocividade é agravada pela falta de qualificação profissional dos
trabalhadores, falta de mecanismos adequados e falta de segurança. Muitas vezes, as
condições no ambiente de trabalho são relevadas para propiciar uma diminuição dos
custos (FIGUEIREDO, et al, 2009).
Outro fator que também prejudica a saúde do trabalhador são as pressões
exercidas pelos empresários sobre os operários, a fim de que os empreendimentos sejam
entregues dentro dos prazos estipulados nos contratos firmados com os clientes
imobiliários. Isso leva os trabalhadores a, em nome da celeridade nos procedimentos,
procederem de forma ergonomicamente incorreta, o que acarreta em alterações
posturais, prejudicando, consequentemente, sua saúde.
Jales (2007), ao observar o comportamento postural adotado pelos operários em
um canteiro de obras na cidade de Campina Grande, relatou que esses trabalhadores
passam boa parte do expediente com o tronco inclinado para frente, quase sempre num
ângulo de 90º, submetendo a coluna vertebral a lesões musculoesqueléticas. É possível
concluir, assim, que as dores apresentadas por esses operários na região lombar estão
relacionadas principalmente ao alto esforço aplicado à coluna e à realização de
movimentos inadequados na suspensão e movimentação de cargas.
Desta forma, segundo informações obtidas junto ao Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS, verifica-se uma majoração não só no número de acidentes de trabalho,
mas também um aumento significativo no número de indenizações devidas em virtude
de patologias ocupacionais, principalmente em relação à coluna vertebral.
Para esse aumento também contribuem outros fatores, tais como: a) a
ineficiência da fiscalização trabalhista, b) o aumento dos fatores biomecânicos das
17
tarefas, em virtude da não concordância entre o trabalho a ser realizado e a possibilidade
de realiza-lo e c) a busca por maiores níveis de produtividade, incentivado por
incrementos nas contraprestações pecuniárias.
Em Belém, a verticalização vem ocorrendo, na última década, principalmente
nos bairros de Batista Campos, Umarizal e Marco, e se deve a três fatores: a expansão, a
concorrência e a publicidade no mercado imobiliário (FERREIRA, 2006). Esses três
fatores fazem com que ocorra uma grande cobrança em relação ao prazo de entrega dos
empreendimentos, o que, como já argumentado, leva a uma sobrecarga de serviço sobre
os trabalhadores, podendo provocar-lhes alterações posturais.
Essas alterações também se devem, muitas vezes, aos próprios trabalhadores,
que não percebem a situação de perigo em que se encontram dentro de seu ambiente de
trabalho. No intuito de reduzir gastos, são realizados cortes nos investimentos em
promoção da saúde do trabalhador, propiciando a adoção de formas de trabalho
ergonomicamente incorretas, as quais geram complicações musculoesqueléticas, e
dando azo a diversas faltas e afastamentos por motivo de doenças ocupacionais e
acidentes (RIBEIRO, 2004).
Amatuzzi (2004) também corrobora a informação de as formas de trabalho
ergonomicamente incorretas, no Brasil, acarretam em altos índices de afastamento,
levando a números elevados de pagamento de indenizações por acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, sendo a lombalgia citada como principal causa.
Em estudo realizado em 5 canteiros de obra de empresas de Construção Civil,
com 50 serventes de “ajudante de pedreiro”, percebeu-se que as regiões de maior
incidência de dor ou desconforto foram a região lombar, com 58% de incidência, a
região dos pulsos/mãos, com 36%, e pescoço e ombro, com 28%. Notou-se que as
atividades de manuseio de carga mostram um alto risco para o desenvolvimento de
lombalgia (MARÇAL et al, 2006).
As mortes e mutilações produzidas por estas condições nas diversas atividades
da Construção Civil representam um número significativo em relação ao total de
acidentes de trabalho nas atividades econômicas do Brasil. Esperava-se que, com a
incorporação de novas tecnologias aos métodos tidos como convencionais, houvesse
redução das fontes de riscos e do desgaste para o trabalhador. No entanto, os riscos não
foram eliminados, e sim transformados (GAULBERT FILHO, 1999).
18
Estudo realizado por Nascimento et al. (2006) revelou que os trabalhadores da
Construção Civil tem um risco 50% mais alto de apresentar esse tipo de lesão
musculoesquelética do que todos os grupos de trabalho sem carga física elevada.
A urbanização, sobretudo o processo de verticalização, levou a mudanças no
processo de produção e na distribuição da força de trabalho. A região norte é a quarta no
que diz respeito a criação de empregos com 8,22% de crescimento por ano
(SINDUSCON, 2012) (gráfico 1).
Gráfico 1- Crescimento percentual de emprego no setor da Construção Civil.
Fonte: SINDUSCON, 2012.
Conforme se observa no gráfico 2, o número de trabalhadores na Construção
Civil passou de 8 mil, em 1995, para 21.743 mil, no ano de 2010 (IBGE, 2010). Em
consequência, o número de queixas relativas a dores, exploração de trabalhadores,
condições de trabalho, jornada de trabalho e doenças ocupacionais vêm crescendo na
mesma proporção. (STICMBA, 2011).
19
Gráfico 2- Aumento do número de trabalhadores da Construção Civil de Belém e
Ananindeua.
Fonte- IBGE 2010.
Segundo Galego (2011), de acordo com o Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-PA), no mês de agosto de 2011 o setor
da Construção Civil gerou 2218 mil empregos a mais que o segundo colocado, que é o
setor de serviços, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3- Empregos gerados no Estado do Pará no mês de agosto.
Fonte - O LIBERAL, 2011.
20
Em estudo realizado na cidade de Goiânia, Rosa et al. (2000) investigaram a
ocorrência de indícios de Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho –DORT –
nos trabalhadores da Construção Civil. Os serventes de “ajudante de pedreiro”
apresentaram as maiores queixas de dores, principalmente na região lombar (60%),
devido a má postura por eles adotada. Percebeu-se que a maioria desses trabalhadores
não procura o serviço médico para realizar tratamento, originando uma piora dos
sintomas e levando ao seu derradeiro afastamento. A concessão de benefícios em
virtude desses afastamentos proporcionando ônus ao erário, podendo levar a um
problema de saúde pública nesse setor.
Vislumbra-se, pois, motivos suficientes para perquirir os ricos ergonômicos a
que porventura se submetem os trabalhadores da Construção Civil na cidade de Belém.
Pelo exposto acima, o presente estudo teve a intenção de pesquisar os comportamentos
ergonômicos dos trabalhadores da Construção Civil na cidade de Belém, mormente
quando se observam as posturas viciosas adotadas por esses operários na condução de
suas atividades, as quais levam a um alto índice de incidência de lesões musculares.
Essas lesões, geralmente causadas por forças externas (durante a execução dos
movimentos) ou pela repetição de uma mesma tarefa durante todo o expediente, tais
como a inclinação para frente no plano sagital, dão origem a uma prevalência de
patologias ocupacionais nessa espécie de trabalhador, podendo constituir, inclusive, um
problema de saúde pública, levado pela pressão exercida pelas construtoras sobre os
empregados no intuito de cumprir com o prazo estipulado da entrega do
empreendimento. Logo, a avaliação do perfil postural desses operários é extremamente
profícua, no intuito de obter informações sobre possíveis alterações nas suas condições
de saúde.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
21
Avaliar a relação entre o processo de urbanização intensa e o surgimento de
doenças ocupacionais nos trabalhadores da Construção Civil submetidos a uma
excessiva carga de trabalho.
1.1.2 Objetivos específicos
• Identificar possível aparecimento de doenças ocupacionais da Construção
Civil;
• Detectar possíveis ocorrências de lesões musculoesqueléticas nos
trabalhadores da Construção Civil da cidade de Belém, em função do
atual processo de verticalização, proporcionando o aumento da carga de
trabalho;
• Discutir sobre a saúde do trabalhador da Construção Civil;
• Promover a análise ergonômica dos postos de serviço dos trabalhadores
da Construção Civil da cidade de Belém e suas possíveis relações com
seus adoecimentos;
• Fazer relação com o nível de esforço e a possibilidade de lesão osteo-
mio-ligamento-articular e o tipo de trabalho;
• Avaliar a qualidade de vida nos trabalhadores da Construção Civil da
cidade de Belém, em função dos seus postos de trabalho.
1.2. ESTRUTURA DA PESQUISA
A presente pesquisa é formada por cinco capítulos, um apêndice (A) e
um anexo (A). O capítulo 1 (Introdução) é formado por uma breve iniciação à pesquisa
e sua justificativa, a problemática relacionada ao tema e o seus objetivos.
Posteriormente, o capítulo 2, que apresenta o Urbanização x Qualidade de Vida do
Trabalhador da Construção Civil, sendo composto pela revisão bibliográfica, que nela
apresenta temas intimamente relacionada com o propósito desta pesquisa sendo eles: O
Processo de Urbanização das Cidades, A Urbanização de Belém, A Verticalização e
22
Urbanização, Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil,
Saúde do Trabalhador na Construção Civil.
O capítulo 3 (Metodologia) versa sobre o lócus da pesquisa, espaço amostral e
critérios de exclusão e inclusão, o método proposto com seus métodos utilizados com
suas respectivas coletas de dados e por fim com seus riscos e benefícios.
No capítulo 4 (Análise e Interpretação dos resultados) apresenta discussão dos
resultados obtidos na aplicação da pesquisa por meio da coleta de dados dos três
métodos proposto: questionário de QVT, escala de avaliação de DC e a
Biofotogrametria e a correlação entre os métodos.
No capítulo 5 (Conclusão e Sugestões) são feitas considerações gerais e
apresentadas as principais conclusões da pesquisa.
No apêndice A, encontra-se o questionário de pesquisa (QVT). No Anexo A,
encontra-se o questionário de avaliação proposto por Corllet e Manenica (1980).
23
CAPÍTULO 2. Urbanização e Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil.
2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DAS CIDADES
Em meados do século XIX, a Revolução Industrial, cujo início se deu na Europa,
foi a responsável pela transferência da população do campo para a cidade, visto que
estes buscavam crescimento profissional e pessoal, aumentando com isso o número de
habitantes nas cidades, urbanizando-as.
A origem do termo urbanização tem como base a vertente de pensamento
francesa e caracteriza as sociedades humanas ao concentrarem suas atividades e
populações em um espaço, proporcionando a existência de um sistema cultural
específico, a chamada “cultura urbana” (CASTELLS, 2000). É conceituada como a
manifestação material e sócio-espacial da sociedade urbano-industrial contemporânea
estendida, virtualmente, por todo o espaço social (MONTE-MÓR, 2006).
Nos países “desenvolvidos”, com o processo de industrialização, iniciado no
Reino Unido, a indústria têxtil se transferiu do campo para a cidade. Os trilhos de ferro
e os meios de transporte contribuíram para diminuir a distância. Com isso, a revolução
industrial causou profundas transformações na agricultura, nos meios de transportes e
no pensamento econômico e social (GOITIA, 1992).
No continente europeu, algumas cidades receberam as mudanças acompanhadas
de planejamento, fazendo com que a ocupação dessa população migrada do campo
ocorresse de forma favorável àquela sociedade, atrelando-a aos benefícios gerados pela
indústria. Com esse planejamento, as cidades criaram leis e realizaram investimentos
nas periferias de seus centros, visando acolher essa população “nova” (SANTOS, 2006).
Na América Latina a situação foi diferente. O número elevado da população e a
dependência das economias industrializadas gera uma situação de dominação
econômica. As populações vão se afastando da produção de subsistência para se instalar
nas cidades, criando mercados para a indústria e os serviços, ou seja, sendo introduzidas
como consumidores na economia de mercado (WILHEIM, 1969).
24
Conforme Castells (2000) ocorreu uma grande diferença entre a qualidade de
vida dos habitantes do campo e os da cidade, resultado da ocupação desordenada, ao
contrário do que ocorrera nas cidades europeias. Uma vez que as cidades não possuíam
muitas indústrias, comércio ou serviços, ou seja, não apresentavam uma grande oferta
de emprego para a recém-chegada população sem qualificação profissional, a ocupação
não gerou uma evolução positiva, mas sim proporcionou o surgimento de diferenças
sociais no meio urbano.
O acelerado processo de urbanização ocorreu em toda a América Latina, e o
Brasil não foge dessa regra, principalmente durante a segunda metade do século XX.
Esse crescimento expressivo proporcionou aumento na construção urbana para
instalações residenciais e infraestrutura de saúde, transporte e outros direitos básicos,
gerando um processo de expansão das cidades e provocando desequilíbrio
socioambiental (MARICATO, 2000).
A urbanização no Brasil proporcionou modernização. Isso não pode ser visto,
entretanto, como uma superação do “Brasil antigo”, uma vez que o país ainda é ligado
profundamente à atividade agroexportadora. (MARICATO, et al. 2000).
O processo de industrialização no Brasil foi liderado pelos estados de Rio de
Janeiro e de São Paulo, em situação de contraste com outros entes federados. Isso
incentivou, além do óbvio êxodo rural, as migrações internas, causando uma
redistribuição da população entre diferentes estados e regiões, culminando em graves
desequilíbrios regionais e sociais (BRITO & SOUZA, 2006).
Grostein (2001) complementa, relatando que o crescimento das metrópoles vem
se caracterizando pelo agravamento dos problemas urbanos, tais como a ocupação
desregrada do solo por populações de baixa renda. Os complexos metropolitanos
compreendem municípios com funções complementares, gestões independentes e
capacidade financeira desigual.
Villaça (2001) enxerga três períodos na urbanização brasileira: a) o primeiro vai
de 1875 até 1930, sendo marcado pelas novas tendências arquitetônicas das cidades,
advindas do pensamento francês; b) o segundo vai de 1930 até 1990, onde ocorreram
notáveis melhorias de infraestrutura; c) finalmente, o terceiro é caracterizado pela
redemocratização do país, com a concepção e implementação de um plano diretor.
Na primeira década do século XXI, tanto os urbanistas quantos os políticos e
legisladores se depararam com as limitações do planejamento demográfico, bem como
25
com as dificuldades trazidas pela recente história de urbanização desordenada. Os
centros urbanos se apresentam de forma bastante diversa do que e idealizado no
Estatuto das Cidades, observando-se uma separação das classes sociais (MARICATO,
2000).
A intensa urbanização no Brasil não é um processo apenas demográfico, ou seja,
aquele onde a população se torna urbana, mas também um processo econômico, com as
cidades se tornando ambiente propício para desenvolvimento das atividades econômicas
mais importantes, tornando-se difusoras de novos padrões de relações sociais, tais como
as de produção e as de estilo de vida (BRITO; SOUZA, 2006).
A intensa redistribuição da população provocou alteração do perfil dos
habitantes das cidades. Na década de 70, mais de 50% já ocupavam cidades com mais
de cem mil habitantes. No ano de 2000, esse número já passou de 60%. Esses dados
mostram que a urbanização e a concentração da população nas grandes cidades foram
processos simultâneos em todo o país (CARVALHO; GARCIA, 2003).
Após a crise econômica e social pela qual a economia brasileira passou nas duas
últimas décadas do século XX, observou-se uma redução da capacidade de inserção da
população no mercado de trabalho dos aglomerados metropolitanos, aumentando
também o valor dos imóveis. A tendência de hiper-metropolização, constante na década
de 70, pois, diminuiu (BRITO; SOUZA, 2006).
2.2. A URBANIZAÇÃO DE BELÉM
A formação da cidade é uma tarefa social difícil, que requer investimentos
públicos e privados, bem como projetos e programas de intervenção e justiça na
distribuição dos benefícios urbanos. Não se realiza apenas com meras aberturas de ruas;
para introduzir uma genuína qualidade ambiental, não basta regularizar loteamentos e
urbanizar as favelas (GROSTEIN, 2001).
Segundo Castro (2005) devido à construção de Brasília e da estrada Belém-
Brasília, houve a ocupação de uma localidade outrora esquecida, que é a Amazônia.
Esses empreendimentos, aliados à expansão da fronteira agrícola em direção à região
amazônica e às políticas de desenvolvimento nacional, houve influxo de capital e de
populações de várias regiões no Norte, advindas estas principalmente da região
Nordeste. Instalou-se, pois, a urbanização.
26
A capital do estado do Pará teve como seu alicerce construções fortificadas. Os
conventos eram instalados e protegidos por um forte. Belém surge com o intuito de
guardar o território dos conquistadores lusitanos, e tal objetivo foi determinante para a
escolha de sua localidade.
Segundo IBGE (2012), a capital é considerada uma das maiores metrópoles do
país e a maior do Norte. Apresenta uma população de 1.393.399 habitantes, com área de
unidade territorial (km2 ) de 1.059,402 e densidade demográfica (hab/(km2) de 1.315,27.
Seu território é divido em 8 distritos Administrativos e 71 bairros, como é possível
observar na Figura 1.
27
Figura 1- Divisão administrativa dos bairros do município de Belém.
Fonte - PREFEITURA DE BELEM, 2012.
28
A expansão urbana enfrentou dificuldades, uma vez que o território tem a
geografia parecida com a de uma pequena ilha, cercada por áreas alagadas. Uma das
maiores dificuldades foi a transposição do igarapé do Piri. No final do século XVIII e
início do XIX, tiveram início as intervenções urbanísticas iniciais, com o aterro do
igarapé do Piri, permitindo a expansão urbana pela área dos bairros do Reduto e das
Armas (PENTEADO, 1968).
Pará (2004) relata que Belém foi cenário da primeira etapa do urbanismo
brasileiro, passando por intervenções urbanas significativas, iguais às encontradas nas
cidades do centro-sul como São Paulo e Rio de Janeiro, onde as ruas foram calçadas
com paralelepípedos de granitos trazidos de Portugal, iniciando também as edificações
institucionais, como o Teatro da Paz. Com o intuito de embelezamento, o Estado,
influenciado pela economia da borracha, direcionou os investimentos públicos e
privados para as áreas centrais, provocando a valorização imobiliária e retirando as
classes mais baixas para as franjas da cidade, formando posteriormente o novo eixo para
expansão futura.
O mesmo autor complementa que, em 1870, foram registrados os primeiros
indícios da segregação espacial em Belém: o tráfego foi separado, podendo passar, de
um lado, apenas os bondes e, do outro, apenas as carroças. O centro foi urbanizado com
residências de alvenaria, já a periferia, sem o mínimo de saneamento, com casebres de
madeira cobertos de palhas. Notam-se, pois, características problemáticas da
urbanização, que se somam à exclusão social.
Na segunda década do século XX, devido à decadência do ciclo da borracha,
Belém apresentou a estabilização no seu processo de urbanização, somente retomada
nos anos 40 com o governo de Getúlio Vargas. Essa decadência proporcionou o
aparecimento de um pequeno parque industrial, localizado nos bairros da Campina e
Reduto.
De acordo com Soares (2007), nos anos 60, Belém teve uma saturação das áreas
centrais, formadas pela presença de serviços e do comércio. Já nas áreas de baixadas,
ocorreu um aumento populacional, acarretando a ocupação inclusive de áreas
institucionais. Em seu turno, a década de 70 viu a expansão urbana iniciar lentamente,
ultrapassando a região institucional, indo em direção ao município de Ananindeua.
A ação do Estado foi importante para a expansão urbana de Belém, que ocorreu
em sentido linear, devido à acessibilidade à integração rodoviária regional e da
29
conformação do sítio, proporcionando dificuldade para a expansão. Esta só foi possível
devido aos investimentos públicos na área habitacional, efetuados na década de 70,
motivados pela necessidade de gerar empregos e planejar a cidade (MIRANDA, 2004).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2012), o
crescimento urbano ocorrido na capital paraense pode ser notado através do número de
domicílios que em 2000 era de 29.635 mil, dentre esses, 30.550 mil era do tipo “algum
tipo de verticalização”, chegando no ano de 2010 a 368.877 mil, desses 40.912 mil
compunha “algum tipo de verticalização”.
Soares (2007) complementa mostrando que as ações urbanísticas direcionadas às
populações de baixa renda na periferia, muitas vezes manifestadas através de
construções de conjuntos habitacionais, não lhes dedicam infraestrutura nem
equipamentos urbanos adequados.
A periferia belenense teve sua ocupação através de duas formas: a) uma por
meio da iniciativa governamental de proporcionar conjuntos habitacionais, e b) outra
através da migração rodoviária das áreas continentais do estado. A urbanização da
metrópole configurou-se de maneira fragmentada, sem as necessárias condições de
infraestrutura econômica e física para garantir a reprodução adequada da capital. Esse
processo permitiu o surgimento de vários problemas ambientais hoje presentes na área
urbana. Enfim, a nova configuração espacial da capital do Pará levou ao aumento do
setor da Construção Civil e, consequentemente, ao processo de verticalização
(MIRANDA, 2004).
2.3 VERTICALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO
A Construção Civil pode ser definida como uma cadeia de produção complexa,
que abrange o setor da Construção Civil, dos materiais e todos os serviços ligados a eles
ligados. O termo ”engenharia” surgiu em conjunto ao de “projeto”, significando a
construção de edificação, tão logo se passou a preferir o uso de grandes blocos de
pedras em detrimento de madeira, tijolos de barro ou pequenas pedras, as quais que
podiam ser erguidas por uma ou duas pessoas (BILL, 2009).
O setor da Construção Civil sempre teve como característica uma elevada
importância dentro da cadeia produtiva, dada sua capacidade de geração de impostos;
para ilustração, cite-se que é o setor que mais gera impostos indiretamente. Está, porém,
30
no grupo dos que geram a menor carga tributária abaixo da média do país, devido à
participação de grandes segmentos informais (ANDRADE, 2004).
Segundo IBGE (2010) a Construção Civil imobiliária produz bens duráveis e de
alto valor econômico. Em 2010, a Construção Civil cresceu 14,9%, devido
principalmente ao aumento das operações de crédito para a habitação e ao aumento de
ocupações no setor. Foi gerado um aumento de 9% do PIB, sendo este o mercado que
mais gera empregos para a população com menor qualificação; proporcionou também,
nos últimos, anos a diminuição da taxa de juros, o aumento do crédito e a mudança
jurídica para proteger o investidor imobiliário.
Como mostra Gráfico 4, tal aumento no setor da Construção Civil teve seu êxito
influenciado pelos incentivos financeiros, oriundos dos financiamentos, que
apresentaram seu maior aumento no ano de 2008 e 2009, proporcionando um aumento
também nas vendas dos materiais de construção.
Gráfico 4- Financiamento Imobiliário no ano de 2003 a 2009.
Fonte: IBGE, 2011.
Este aumento proporcionou: (i) elevação no consumo de cimento (Gráfico 5),
(ii) alterações nos planejamentos das construtoras, em relação às obras lançadas e as
31
entregues, segundo SINDESCON (2012) no município de São Paulo, essa relação
apresento disparidade, principalmente nos anos de 2010 e 2011 onde o número de
empreendimento lançado foi maior em relação às unidades entregues.
Gráfico 5- Valores percentuais de: consumo de cimento e insumos na construção civil.
Fonte: SINDUSCON, 2012.
Assim como ocorre em todo o território nacional, Belém também apresentou um
aumento da Construção Civil imobiliária, principalmente após o ano de 2002, segundo
informações obtidas de duas grandes construtoras, demonstradas nos Gráfico 6 e
Gráfico 7. Esta situação neste setor proporcionou fortalecimento das empresas locais,
gerando um aumento no número de empresas e no porte destas, a vinda, para a capital
paraense, de grandes construtoras de âmbito nacional. Esses movimentos proporcionam
a valorização do solo urbano, estimulando a verticalização; até 1969, Belém apresentava
apenas nove edificações verticais novas por ano, volume irrisório se comparado aos
números atuais.
32
Gráfico 6- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 1.
Fonte- Leal Moreira, 2011.
Gráfico 7- Quantidade de empreendimentos lançados e entregues de 2000 até 2010 da construtora 2.
Fonte- CKOM ENGENHARIA, 2011.
33
Segundo Souza (1989), a verticalização é um processo de produção do espaço,
tendo como característica um estágio avançado de exploração capitalista do solo urbano.
Ela vem se expandindo pelos continentes, principalmente o continente americano,
atingindo vários estágios de desenvolvimento; contudo, no continente europeu, esse
processo encontra-se mais cauteloso.
O processo de verticalização teve seus primórdios nas construções das cidades e
no estágio do capitalismo em países como os Estados Unidos, devido à concentração
urbana, ao elevado custo de habitação e ao liberalismo da legislação. As primeiras
construções verticais com altura elevada apareceram nos Estados Unidos entre os anos
de 1879 e 1890; os autores dessa inovação foram os arquitetos da Escola de Chicago.
Essa inovação dos chamados “arranha-céus” só pode ser realizada devido ao surgimento
das novas técnicas de fundações, estruturas e ao aparecimento do elevador (OLIVEIRA,
1992).
De acordo com Macedo (1999), a verticalização no Brasil acompanhou o
processo de metropolização, sendo que os primeiros edifícios foram construídos no
estado de São Paulo utilizando cimento armado, em 1907 e 1908, e utilizando concreto
armado, em 1916. O processo se desenvolveu posteriormente nos anos 50 e 60, com a
demolição de moradias antigas para a construção de novos empreendimentos, sempre
acompanhando os bairros tradicionais, exceto no Rio de Janeiro, Santos, Recife e
Guarujá, localidades em que a construção acompanhou a orla marítima e teve início
apenas na década de 70.
Ferreira (2006) complementa que a região Norte também apresentou intensa
verticalização, devido ao crescimento das cidades, concomitante à inclusão dessa região
no contexto do capitalismo mundial, como se vislumbra nos grandes projetos dos anos
70. Por essa razão, ocorreram mudanças no espaço urbano, dando gênese ao intenso e
caótico processo de verticalização nas cidades; a capital paraense não ficou excluída,
verificando-se nela uma intensa verticalização através da ocupação diferenciada do
espaço urbano.
A verticalização de Belém iniciou nos anos 40, primeiramente na área central,
mais especificamente na Avenida Presidente Vargas, onde se localizavam as áreas mais
elevadas e valorizadas. As propriedades eram divididas entre os grandes escritórios das
companhias de navegação, os principais hotéis, bares e o comércio, estando fixado ali,
pois, o principal centro comercial (PENTEADO, 1968).
34
Já nos anos 50 e 60, esse processo começa a deixar tal área central, passando
para os bairros de Nazaré e Batista Campos, sobredito devido ao aumento da
populacional que vivia a capital paraense. No ano de 1956, ocorre a participação do
Estado no processo, mediante a promulgação da Lei nº 3.450, de 6 de outubro, diploma
que estipulava a altura mínima de 12 pavimentos para prédios situados desde a Av. 15
de Agosto até a praça da República, e de 10 pavimentos para os prédios que se
localizassem nas Av. Portugal, Boulevard Castilhos França, Assis de Vasconcelos e
João Alfredo.
Também naquele ano, foi construído o primeiro “arranha-céu” da capital do
Pará, o Edifício Manoel Pinto da Silva, permanecendo por décadas como o maior
edifício da região amazônica (Figura 2).
Figura 2- Vista aérea do Ed. Manoel Pinto da Silva.
Fonte – Google,2012.
Nos anos 70 a verticalização vai em direção aos bairros do Reduto e Umarizal,
passando para os bairros do Marco e da Pedreira na década de 80, devida essas áreas
apresentarem largas avenidas e alguns equipamentos urbanos (OLIVEIRA, 1992).
Machado (2004) complementa dizendo que o aumento do processo de verticalização
nos anos 70 e 80 é resultado do crescimento da população da capital, que foi de 45,42%.
Nas últimas décadas, tem-se percebido uma inovação em relação a este processo,
principalmente nos bairros da Batista Campos, Umarizal, Marco e Augusto
35
Montenegro: trata-se da expansão, aumento da concorrência e a publicidade do mercado
imobiliário, elementos que impõem um alto padrão aos lançamentos imobiliário dessa
categoria, bem como um refino na escolha da localização, dos materiais, e também
determinam uma grande verticalização na altura máxima dos edifícios, tudo isso sem
violar o autorizado pelo Ministério da Aeronáutica, face à flexibilidade da legislação
que regula o uso do solo. A população com renda mensal mais de 10 salários mínimos
está optando por adquirir imóveis no bairro do Umarizal (FERREIRA, 2006).
Oliveira (2007) relata que, na década de 80, através do aumento da oferta,
acentuando a especulação imobiliária e a exploração demográfica, o processo de
verticalização foi atravessando as fronteiras do centro e se direcionando para as áreas
periféricas.
A verticalização belenense apresenta novas formas, tais como a introdução de
modernos equipamentos de lazer na área condominial, a elevação das densidades
construídas e da altura dos empreendimentos. Isto proporciona uma tendência de
segregação sócio espacial entre as classes alta e média (OLIVEIRA, 2005).
Dois agentes desempenham um papel importante no fenômeno da verticalização:
os usuários e o Estado: os usuários, devido a estes serem moradores tanto da construção
vertical quanto horizontal; já o poder público, porque promove serviços, obras
pavimentação de vias, as quais se verificam de forma mais intensa nos bairros do
Umarizal, Batista Campos e Augusto Montenegro (FERREIRA, 2006) Debord (1997)
complementa relatando que o bairro de Batista Campos tem uma das áreas das mais
valorizadas devido à presença da praça que leva o nome do bairro, ou seja, a praça
Batista Campos. Já o bairro do Umarizal também tem o espaço valorizado devido à baía
de Guajará.
De acordo com a pesquisa realizada por Oliveira (2005) a concentração dos
imóveis verticalizados com nível auto estão concentrados principalmente no bairro do
Umarizal, isso é o reflexo que as construtoras e incorporadoras realizam com os
representantes políticos no decorrer dos 10 anos, no intuito de alterar a legislação que
restringia os índices de utilização dos terrenos em no máximo até três vezes a sua
dimensão, hoje em dia, através da lei Complementar de Controle Urbanístico, essa lei
determinou o aumento desse aproveitamento de quatro até seis vezes o tamanho do
terreno, sendo esse determinado da zona de localização do imóvel.
36
2.4 URBANIZAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL.
Historicamente, o bem-estar humano, principalmente na Grécia Antiga, não
esteve vinculado apenas a descobertas naturais ou de elementos técnicos, mas sim
através da participação na política, liberdade e igualdade entre os que participavam e os
que não participavam do meio político (BODSTEIN, 1997).
Para a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS – (2010, apud
WHOQOL GROUP, 1994), a qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
O termo “qualidade de vida” teve seu aparecimento na década de 30. Sua
importância surgiu nos anos 60, através do estudo do crescimento econômico das
sociedades baseado no Produto Interno Bruto (PIB). Já na década de 70, nota-se que não
havia um entendimento claro a respeito desse termo; no entanto, foi nesse período que
surgiu a definição chamada clássica, correlacionando-se ao prazer e satisfação na vida
do cidadão (SEIL; ZANNON, 2004).
O conceito de qualidade de vida, no início da década de 90, é consolidado tanto
em plano subjetivo quanto multidimensional, e é influenciado por vários fatores
relacionados à educação, à economia e aos aspectos socioculturais. Isso posto, mesmo
quando tomamos em consideração tais variáveis, no contexto geral, a apuração do
conceito deve se atentar aos aspectos físicos, sociais, psicológicos e espirituais
(MINAYO et al. 2000).
No campo da saúde, o interesse também pelo tema vem aumentando. Na
avaliação da qualidade de vida, são utilizados questionários ou instrumentos, sendo
estes divididos em dois grupos. O primeiro, de caráter genérico, tem o intuito de avaliar
os aspectos físico, social, psicológico e espiritual; exemplo dessa avaliação é Medical
Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36). O segundo grupo, em seu
turno, é composto pelos chamados instrumentos específicos, que avaliam de forma
individual e específica alguns aspectos da qualidade de vida, tais como a avaliação da
capacidade funcional, do sono, e pesquisa de algumas doenças como o câncer (PINTO-
NETO; CONDE, 2008).
37
Para Seil; Zannon (2004), o objetivo com que se utiliza esse conceito na área da
saúde é bastante similar ao que se vislumbra no âmbito geral, ou seja, busca-se verificar
a presença ou não de doenças. Com isso, na década de 90, a literatura fixou dois
aspectos que os vários conceitos adotam: o primeiro, relativo à subjetividade e, o
segundo, à multidimensionalidade.
De acordo com Salas; Silva (2005), o crescimento da população que vive nas
metrópoles promoveu um efeito negativo na qualidade de vida, devido à deficiência e à
pouca qualidade nos serviços oferecidos a essa população. Esse efeito negativo, no
entanto, não pode ser visto como afeto unicamente à população em geral; também
devem ser consideradas parcelas específicas da população. Uma delas é o mercado de
trabalho, cuja notória expansão e ramificação em campos de especialidade faz com que
se tenha que vislumbrar também a qualidade de vida voltada e ele, ou seja, a qualidade
de vida no trabalho (QVT).
Salas; Silva (2005) relata que a evolução do mercado de trabalho e o
crescimento da economia e da tecnologia, surgem a importância de as empresas
proporcionarem melhor a QVT, no intuito de melhorar a satisfação dos profissionais e
seus familiares, gerando retornos de produtividade e tornando essas empresas mais
competitivas.
O trabalho vem mostrando alterações no seu modo de realização. Nos
primórdios, era realizado apenas para a sobrevivência. Já durante a Revolução
Industrial, houve modificações onde foram introduzidas, somando-se aos trabalhadores
que já existiam, as máquinas, criando a necessidade do trabalhador em se aperfeiçoar e
capacitar para a operação do maquinário, entrando, assim, na era do conhecimento, em
virtude da divisão das tarefas (FRANÇA, 1997).
Para França (1997) a QVT significa dispor de instrumentos no intuito de realizar
avanços positivos no local de trabalho, através de um olhar global focado em toda a área
em todos os trabalhadores. Já para Fernandes (1996), a QVT é conceituada como a
gestão dinâmica e contingencial de fatores sociopsicológicos, tecnológicos e físicos,
afetando e modificando o bem-estar do trabalhador. Carmello (2007) arremata relatando
que o mais importantes nos programas de QVT é que as únicas melhoras auferíveis são
aquelas que se podem medir; com isso, é preciso medir para melhorar, através de uma
avaliação criteriosa da satisfação dos funcionários, concretizando um acordo entre os
interesses dos indivíduos e os das organizações.
38
Em modo geral, a QVT é o esforço que visa a melhorar ou humanizar o trabalho
como um todo, tornando-o mais produtivo para o mercado e mais satisfatório para os
funcionários (TELLES, 2005). Quando a empresa proporciona motivação relativa a
QVT, possibilita investimentos em projetos para o futuro, gerando ganhos para todos
(CARMELLO, 2007).
Numa visão humanista, a QVT é relacionada ao atendimento das necessidades e
anseios do trabalhador, à humanização do local e, por fim, à responsabilidade social da
empresa. Esses fatores devem ser bem conduzidos, a fim de gerar maior satisfação e
motivação dos trabalhadores; empresas que almejam resultados rápidos, portanto,
proporcionam maior tensão para seus empregados, dificultando a implementação de um
programa de QVT.
Maximiliano (2007) relata que, para que haja sucesso em um programa de QVT,
há de haver disponibilidade financeira e de tempo para realizar o plano de maneira
correta e com resultado positivo. Um bom planejamento e uma boa imagem da empresa
são, pois, de fundamental importância para o êxito das ações e para a obtenção de um
bom custo-benefício.
Segundo Chaib (2005), para que um programa de QVT tenha êxito, é imperiosa
a implementação de um sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho (G-SST), o
qual permite a melhoria da organização, gerando melhorias contínuas e diminuindo os
níveis de riscos a que os trabalhadores são expostos, minimizando os índices de danos
físicos e problemas de saúde desses trabalhadores.
Em que pese a diversidade de programas de QVT, o ato de planejar a habilidade
de produção deve ser sempre levar o fator da motivação. Este está diretamente
associado à empresa em que se trabalha, de acordo com a presença de tecnologias
favoráveis à produção e com o envolvimento com a entidade (MAXIMILIANO 2007).
O mesmo autor salienta que um aspecto importante dos processos de QVT é o
fator da inovação, pois é através desse ponto que as empresas permanecem sempre
“vivas”, mantendo sua posição no campo de competitividade industrial.
Através dessa abordagem, tem-se que as empresas que investem nesses
processos mostram um diferencial em relação ao mercado em que atuam, pois praticam
uma integração entre inovação e competição, com um consequente aumento no seu
lucro. Entretanto, segundo Lima et al. (2004), se esses programas forem realizados de
39
forma inadequada, podem causar um aumento do número das patologias ocupacionais,
acidentes de trabalhos e insatisfação.
A natureza de tais transtornos, ocasionados pelas formas inadequadas de
realização desses programas, depende do meio em que o trabalhador está inserido. Por
exemplo, em um canteiro de obra, os operários são submetidos a elevadas cargas de
trabalho, apresentando condições propícias a acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais e insatisfação.
2.4 SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL
2.4.1 Construção Civil x doenças musculoesquelética
A Construção Civil consiste em atividades que demandam grande esforço físico
ao trabalhador, devido a uma rotina de ritmo pesado e, na maioria das vezes, em
circunstâncias inadequadas, sem pausas e com condições mínimas de trabalho (SILVA
et al, 2009).
Segundo Oliveira (1998), um dos maiores problemas que afetam a saúde do
trabalhador são as lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho, que são patologias
que se manifestam por alterações a nível muscular, tendões, nervos, ligamentos e
cartilagens. Seu diagnóstico, portanto, deve levar em consideração as condições de
trabalho, a intensidade, a frequência e as posturas adotadas durante o mesmo.
As condições precárias de trabalho no setor da Construção Civil aumentam ainda
mais o impacto na saúde do ser humano, submetendo os trabalhadores a fatores de risco
como, além da adoção de posturas incorretas, peso excessivo, movimentos repetitivos,
vibração nas mãos, braços e todo o corpo. Existem ainda fatores individuais (peso
corporal, alterações biomecânicas e idade) e fatores psicossociais (pequeno índice de
treinamento, ferramentas pouco específicas, tempo de trabalho e satisfação profissional)
que podem representar fatores de risco para lesões musculoesqueléticas (Oliveira,
1998).
Essas alterações musculoesqueléticas podem resultar nas doenças ocupacionais
que, para Diesel et al. (2011), são aquelas adquiridas durante o exercício do trabalho à
40
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a
morte ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho
assim como definido no artigo 2° da Lei n° 6367, de 19.10.76.
Com isso, um programa de saúde e segurança do trabalho na empresa deve ser
implantado de forma que concentre ações de saúde e engenharia na diminuição da
exposição do trabalhador aos agentes ambientais alterando processos e sistemas, para
um melhor desempenho produtivo (DIESEL et al, 2011).
Na figura 3 pode-se observar uma perspectiva das possíveis causas das lesões
musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil. A função exercida pelo
trabalhador da Construção Civil no canteiro de obras tem um impacto importante na
prevalência de lesões (SILVA et al, 2009).
Figura 3- Lesões musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil.
Fonte- SILVA et al, 2009.
41
Arndt et al. (2005) em seu estudo com trabalhadores da Construção Civil
constatou que 45% dos casos de doenças ocupacionais correspondiam a transtornos de
caráter musculoesqueléticos, enquanto que 19% representavam doenças de caráter
cardiovascular.
As lesões mais comuns são as que afetam a região lombar (28%), seguido de
pé/tornozelo (20%), extremidades superiores (15%), ombros (14%) e
joelho/perna/quadril (14%) (Welch et al., 1999). Goldsheyder et al. (2004) revelaram
que a maior parte dos trabalhadores que trabalham com concreto relatou dores
osteomusculares variando sua magnitude, gravidade e localização. Mais de dois terços
dos trabalhadores queixaram-se de dores na coluna lombar, seguidos de ombro e
pescoço, respectivamente.
Silva et al. (2011) expõem em seus estudos que a dor nos membros superiores e
inferiores devido aos esforços repetitivos e com sobrecarga excessiva, em geral, têm
início insidioso e localizado. Na maioria das vezes é antecedida por um quadro de
"desconforto", que pode piorar com o trabalho e melhorar com o descanso. Em estágios
mais avançados da doença, não há fatores de melhora ou piora. Com a evolução clínica,
é comum a formação de edema e, além disso, atrofia e/ou hipertrofia musculares
levando a um quadro de diminuição ou até mesmo de "perda da força muscular".
2.4.2 doenças musculoesqueléticas relacionadas à Construção Civil.
As doenças de caráter musculoesquelético consideradas mais freqüentes entre os
trabalhadores da Construção Civil são: Lombalgia, Epicondilite Medial e Lateral do
Cotovelo, Síndrome do Impacto do Ombro, Artrose de Joelho (SILVA et al, 2011).
2.4.2.1 lombalgia.
A coluna lombar é o segmento da coluna vertebral que mais recebe influência
dos choques mecânicos, pois recebe as forças de reação do solo através das
extremidades inferiores, no momento do contato com o calcanhar com o chão.
Juntamente com as articulações sacroilíacas, forma um conjunto responsável pela
42
sustentação de parte superior do corpo e de transmissão de peso para as extremidades
inferiores do corpo através da pelve (GROSS et al, 2000).
Quando ocorre um desequilíbrio das forças impostas sobre a coluna lombar,
acarreta em uma possível lesão ao sistema musculoesquelético do segmento.
Geralmente tendo como principal queixa a dor, caracterizando-se assim lombalgia
(GROSS et al, 2000).
A lombalgia é uma das queixas mais comuns da população em geral,
principalmente daqueles que trabalham carregando cargas excessivas ou realizando
movimentos repetitivos e de forma inadequada. Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente 80% dos adultos sofrerão pelo menos
uma crise aguda de dores nas costas durante sua vida, e que 90% dessas pessoas
apresentarão mais de um episódio de lombalgia, evoluindo para cronicidade (SILVA et
al, 2009).
Esta patologia consiste em quadro álgico localizado na região lombar, não sendo
caracterizada como uma doença, mas sim como um sintoma decorrente de várias
etiologias como, por exemplo, degeneração dos discos intervertebrais, estreitamento do
forâme, como mostrado na Figura 4, além de um possível diagnóstico de hérnia de disco
lombar, traumatismo ou atividades extenuantes (NOVAES, 2011).
Figura 4- Causas Frequentes de Lombalgia.
Fonte – Google, 2012.
43
No caso dos trabalhadores da Construção Civil, as lombalgias surgem devido o
levantamento e manuseio de cargas pesadas, adoção de posturas inadequadas na
realização dos procedimentos, dentre outros fatores que geram sobrecarga na região da
coluna lombar (TROUSSIER et al, 1999).
Segundo os fundamentos da Biomecânica, praticamente não existem limites
para o ser humano, quando são utilizados ferramentas e equipamentos adequados ao
peso e ação a ser executada, adotando uma postura adequada no momento de realizar os
esforços (COUTO, 1995).
No Brasil, a legislação estipula em 60 (kg) o peso máximo que um trabalhador
deve manusear, numa atividade laboral (SILVA et al, 2011). Apesar disto, este valor
não pode ser referenciado para uma atividade que seja realizada durante toda uma
jornada de trabalho e também a rotina de trabalho desses profissionais exige o
carregamento de pesos além do valor estipulado em repetidas vezes por dia, como por
exemplo, na Figura 5 a seguir.
Figura 5- Trabalhadores no canteiro de obras.
Fonte – Google, 2012.
44
2.4.2.2 epicondilite medial e lateral do cotovelo.
A epicondilite do cotovelo é caracterizada por quadro álgico na articulação do
cotovelo, mas precisamente na região que compreende os epicôndilos do cotovelo
(Figura 6). Consiste em uma tendinite ou inflamação dos tendões, de caráter
degenerativo, de alguns músculos que compõem essa articulação (DUTTON, 2007).
Figura 6- Articulação do Cotovelo.
Fonte – Google, 2012.
A epicondilite medial, também conhecida como doença de cotovelo de golfista,
é uma das causas mais comuns de dor na parte medial do cotovelo. Segundo Dutton
(2007), esta é associada a queixas com atividades que requerem movimentos bruscos de
flexão de punho com pronação do antebraço, ou seja, semelhante ao movimento de
braço realizado por um atleta de golfe.
45
Já epicondilite lateral, também chamada como cotovelo de tenista, de acordo
com o mesmo autor é a causa mais comum de dor na parte lateral do cotovelo e pode ser
associado com movimentos repetitivos utilizando cargas excessivas levando a um
quadro de dor, edema, bloqueio articular e diminuição da força do membro afetado.
Silva et al. (2011) afirma em seu trabalho que os profissionais que exercem a
função de “ajudante de pedreiro” nos canteiros de obras são os mais acometidos por
estas patologias de cotovelo, justamente pelo movimentos repetitivos e excesso de carga
nos membros superiores, como mostra a Figura 7.
Figura 7- Demonstração de movimentos repetitivos realizados por “ajudante de pedreiro”s da Construção Civil.
Fonte – Google, 2012.
2.4.2.3 síndrome do impacto do ombro.
A Síndrome do Impacto no Ombro é uma patologia inflamatória e degenerativa
que se caracteriza por impactação mecânica ou compressão de determinadas estruturas
que compõem a articulação decorrente de movimentos de elevação repetitiva do braço
(Figura 8). Essa síndrome progride com o efeito acumulativo do impacto, podendo
46
causar microlesões nas estruturas com possibilidade de fibrose de bursa, tendinite ou até
mesmo ruptura de um dos músculos componentes do manguito rotador (METZKER,
2010).
Figura 8- Mecanismo de lesão na síndrome do impacto do ombro.
Fonte – Google, 2012.
Na Construção Civil, esta patologia acomete principalmente aqueles
trabalhadores que realizam atividades de carregamento de pesos excessivos com
elevação de braço acima de 90° ou que estão expostos a vibrações por um longo período
de tempo (MENDONÇA JR; ASSUNÇÃO, 2005).
2.4.2.4 artrose do joelho.
A artrose do joelho, também denominada de osteoartrite, é uma doença
degenerativa da articulação (figura 9), tendo sua prevalência aumentada com o
envelhecimento. Esta ainda pode ser decorrente da exposição do indivíduo jovem a
situações de traumatismo articular por esforço excessivo e/ou elevada descarga de peso
em membro inferior (ZABEU et al, 2007).
47
Figura 9- Joelho com Artrose e sem Artrose.
Fonte – Google,2012.
A artrose de joelho pode estar relacionada ao trabalho na Construção Civil uma
vez que muitas das atividades executadas no canteiro de obras exigirem esforço dessa
articulação, ocasionando em desgaste da mesma no decorrer do tempo. Atividades
repetitivas com flexo-extensão de joelho, além de executadas por muitas vezes de forma
inadequada acaba gerando impacto entre as superfícies cartilagenosas da articulação
promovendo o seu desgaste precoce, demonstrada na figura 10 (SILVA et al, 2011).
48
Figura 10- Possível mecanismo para ocasionar artrose de joelho.
Fonte – Google, 2012.
2.4.3 prevenção das doenças musculoesquelética em trabalhadores da Construção
Civil.
As doenças musculoesqueléticas em trabalhadores da Construção Civil são em
sua maioria decorrentes dos esforços repetitivos executados pelos mesmos durante a
atividade laboral. De acordo com Lima (2004), tal fator leva a um desgaste corporal
devido a sobrecarga excessiva e continua.
O método de prevenção mais difundido é a adoção de pausas regulares e de
exercícios de alongamento nos quais sejam realizados movimentos contrários aos que
são feitos durante o trabalho, diminuindo assim os encurtamento de cadeias musculares
e compressões articulares geradas por cargas excessivas (LIMA, 2004).
Orientações posturais para a execução das atividades laborais diminuem o risco
de lesões e sobrecarga das articulações do corpo, principalmente referentes à coluna
lombar e joelho. É importante ressaltar que se faz necessário obedecer aos limites
corporais de cada trabalhador. (SILVA, 2011).
49
A inclusão de um programa de cinesioterapia laboral ou ginástica laboral para os
trabalhadores da Construção Civil é indispensável uma vez que contribui para a
diminuição dos casos de doenças decorrentes do trabalho, diminuindo também o índice
de afastamento desses trabalhadores, influenciando assim na produtividade da empresa
(BARBOSA, 2002).
2.4.4 método avaliativo da saúde do trabalhador: biofotogrametria.
O trabalho realizado nos canteiros de obra é intenso, e por isso requer muito
cuidado. Devido a isso, os transtornos relacionados aos distúrbios osteomusculares
ocorrem pela ausência dos devidos cuidados.
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho podem gerar diferentes
graus de incapacidade funcional, sendo considerado um dos mais graves problemas no
campo da saúde do trabalhador. Assim, na presença de sintomas dolorosos, muitas
vezes os dados objetivos da avaliação física podem não apresentar a correta
correspondência entre a dor e a capacidade funcional. Faz-se necessária, portanto, a
utilização de instrumentos para a avaliação de aspectos mais operacionais, capazes de
fornecer informações importantes sobre os déficits funcionais existentes nos portadores
de DORT (WALSH et al,2004).
Segundo o mesmo autor, tais instrumentos devem abranger formas de avaliar
continuamente a capacidade funcional para o trabalho e os possíveis agentes que
contribuem para a ocorrência de sintomas, lesões, doenças e estresse no trabalho. Esses
cuidados proporcionam a aferição de um quadro mais completo do impacto das lesões
sobre esses indivíduos, e permitem a implantação de medidas que melhorem as
condições de trabalho, harmonizando-as com a capacidade dos trabalhadores.
A avaliação fisioterapêutica específica pré-participação e as reavaliações de
controle são de extrema importância na prevenção e diminuição de ocorrências de
lesões. No esporte, por exemplo, o fisioterapeuta é capaz de analisar as alterações
biomecânicas, os aspectos fisiológicos e de treinamento de cada atleta. Também pode
averiguar os equipamentos utilizados na prática esportiva. Pode atuar na correção dos
fatores de risco porventura encontrados na avaliação, prevenindo a ocorrência de lesões
e o consequente afastamento da atividade esportiva (AFONSO, 2010).
50
O desequilíbrio biomecânico modifica os movimentos da coluna lombar,
enfraquece a musculatura e conduz à dor e à restrição de movimentos. Dentre as
doenças de alto risco, as principais relacionadas ao trabalho na Construção Civil são as
lesões e os distúrbios osteomusculares, causados comumente por movimentos de
repetição, posturas viciosas, manuseio inadequado e sobrecarga em demasia.
(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).
Consequentemente, as lesões adquiridas pelos operários da Construção Civil
decorrem do estresse físico exercido nas atividades. Desenvolvem-se as lombalgias,
hérnias discais e desvios posturais, que levam ao afastamento do trabalho e custos para
o sistema de saúde e previdenciário. Fatores ergonômicos, pessoais, ocupacionais,
clínicos e psicológicos, analisados em pesquisas, apresentaram relação significativa com
a capacidade de o trabalhador exercer sua função com isenção de relatos de dor lombar
associada à sobrecarga do aparelho locomotor (ALMEIDA; GALVÃO, 2011).
O trabalho da Construção Civil apresenta, no âmbito nacional, um dos maiores
índices de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, o que se pode atribuir aos
perigos a que estão expostos aos operários, essencialmente de origem ergonômica,
observados no ato de levantar e transportar cargas e de executar constantes movimentos
de repetição. Os estudos sobre disfunção lombar têm aumentado, a fim de aprimorar
prevenção, identificar a causa e viabilizar o tratamento dessa patologia, considerando
sua prevalência na população e o importante impacto socioeconômico que gera.
(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).
O emprego de técnicas inadequadas se traduz na adoção de posturas nocivas,
afetando as curvas da coluna vertebral e alterando a musculatura. As deformidades
acontecem quando o trabalhador utiliza um músculo padrão, a ponto de se tronar um
hábito. Assim, observa-se que, com o tempo, o trabalhador adota uma postura
característica de seu trabalho. Isso pode ocasionar diversas doenças, como os desvios
posturais (escolioses, hipercifoses, hiperlordoses ou retificações dos segmentos), que
levam a consequentes deformidades internas e que geralmente se instalam com o tempo
prolongado de lesão (osteoartroses, osteófitos, artrites, osteoporose e hérnias discais)
(SANTA MARIA, 2001).
A biomecânica do corpo humano pode ser definida como uma ciência
interdisciplinar que utiliza os conhecimentos de áreas como a física, matemática,
fisiologia, engenharia de reabilitação e anatomia. A biomecânica externa do corpo
51
humano representa parâmetros de determinação quantitativa e/ou qualitativa, referentes
à mudança de lugar e à posição da estrutura do corpo em movimento em sua totalidade,
podendo levar a um acontecimento na biomecânica interna, que está relacionada com a
determinação de forças (forças articulares e musculares), e seus consequentes resultados
sobre o biomaterial, frente às diferentes formas de solicitação mecânica (pressão, tração,
flexão, torção e etc). Estas variáveis são dificilmente passíveis de medição direta.
(SANTA MARIA, 2001).
A avaliação postural, bem como a mensuração objetiva da amplitude articular, é
de fundamental importância para o diagnóstico, planejamento e acompanhamento da
evolução e dos resultados de um tratamento fisioterapêutico. Apesar de haver consenso
em torno do fato de que uma postura equilibrada é importante para um bom
funcionamento das estruturas musculoesqueléticas, a avaliação postural é um fenômeno
complexo e de difícil mensuração. Isso pode explicar por que existem poucos resultados
de estudos que conseguem associar alterações posturais a lesões ou disfunções
musculoesqueléticas específicas. Portanto, é importante o estabelecimento de métodos
fidedignos (SACCO et al, 2007).
Desde modo faz necessário uma avaliação postural, realizando uma abordagem
mais individualizada, no intuito de identificar possíveis desequilíbrios e dores, com isso,
dentre os vários métodos avaliativos temos a Biofotogrametria Computadorizado (BC),
utilizando o uso das imagens fotográficas realizando interpretação das mesmas
(RICIERI, 2000).
A fotogrametria digital vem sendo considerada uma alternativa para a avaliação
quantitativa das assimetrias posturais, podendo ser utilizada para obtenção de medidas
lineares e angulares. Para a American Society for Photogrammetry and Remote Sensing,
a fotogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável sobre
objetos físicos e o meio ambiente por meio de processos de gravação, medição e
interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética radiante e
outras fontes. A fotogrametria possibilita o registro de mudanças sutis e da inter-relação
entre partes diferentes do corpo humano, difíceis de serem mensuradas ou registradas
por outros meios (SACCO et al, 2007).
A utilização da fotogrametria pode facilitar a quantificação das variáveis
morfológicas relacionadas à postura, trazendo dados mais confiáveis do que aqueles
obtidos pela observação visual. Esse fato é importante tanto para a credibilidade da
52
fisioterapia clínica quanto para a confiabilidade das pesquisas em reabilitação. Além
disso, na fotogrametria existe uma facilitação no processo de arquivamento, com a
economia de espaço e também de tempo no acesso aos registros arquivados. Outra
vantagem da fotografia digital é a sua passibilidade de conjugação a processos
computadorizados de mensuração, tendo como resultado a fotogrametria
computadorizada (SACCO et al, 2007).
Este autor complementa, descrevendo a fotogrametria computadorizada como
uma combinação da fotografia digital com softwares que permitem a mensuração de
ângulos e distâncias horizontais e verticais para finalidades diversas, como softwares
especificamente desenvolvidos para a avaliação postural. As mensurações efetuadas das
medidas de amplitude articular e das posições das partes do corpo entre si devem ser
confiáveis e feitas de maneira padronizada, permitindo, além das comparações das fases
e avaliação da eficácia de um tratamento, a divulgação dos resultados a outros
profissionais.
A fotogrametria computadorizada na avaliação postural, utilizada em estudo,
apresentou confiabilidade aceitável, com valores do Índice de Correlação Intraclasse
entre 0,71 e 0,79 inter e intra-examinadores para a maioria das medidas angulares
avaliadas, sendo, portanto, indicada para avaliações de assimetrias e de desvios
posturais, com alta confiabilidade inter e intra-examinadores para todas as medidas
angulares, muito embora a repetibilidade desse método tenha sido baixa e, portanto, o
acompanhamento de resultados pré e pós-tratamento pode não ser suficientemente
confiável (SACCO et al, 2007).
A etimologia do termo “fotogrametria” é grega, formada pela composição de
três radicais: photós, grámma e métron que significam respectivamente, luz, aquilo que
se desenha ou escreve, e medida. Em outras palavras, fotogrametria seria a medida
gráfica realizada através da luz (BARAÚNA et al, 2004).
Alguns dos conceitos interpretativos e metodológicos fundamentais da
fotogrametria cartográfica foram transportados e adaptados ao estudo do movimento
humano, sendo assim denominada de biofotogrametria computadorizada. Os primórdios
da Biofotogrametria Computadorizada referem-se ao trabalho de Ferreira na
Universidade Técnica de Lisboa, quando descreveu um programa experimental para
computadores que selecionava imagens obtidas através de fitas de vídeo em VHS,
53
permitindo a delimitação de pontos e o cálculo dos ângulos formados entre esses pontos
(BARAÚNA et al, 2004).
Na Universidade Federal de Uberlândia-MG, foi desenvolvido e aperfeiçoado o
sistema baseado no mesmo princípio de cálculo angular anterior, denominado
ALCimage®, que possui as respectivas versões 1.0, 2.0 e 2.1. Esse programa é um
algoritmo matemático que transforma pontos de imagens em eixos coordenados
cartesianos e os quantifica, ou seja, tem por base operacional o cálculo de um ângulo
selecionado pela marcação de 3 pontos sequenciais, e o resultado encontrado apresenta
precisão de 3 casas decimais. Assim sendo, a temática e os instrumentos empregados
nesta pesquisa foram elementos motivadores para que esse trabalho chegasse a termo
(BARAÚNA et al, 2004).
A BC é um recurso que pode ser usado na avaliação, para diagnóstico físico
funcional, por fisioterapeutas de diferentes áreas; seu uso em vários estudos demonstra
sua fidedignidade. A Biofotogrametria Computadorizada fundamenta-se na aplicação do
princípio fotogramétrico às imagens fotográficas obtidas de movimentos corporais,
onde se realizam as bases apropriadas para a fotointerpretação. É recurso de avaliação
não invasivo, que apresenta vantagens na efetividade de sua aplicação clínica, oferece
baixo custo para o sistema de recolha e fotointerpretação da imagem, possuindo também
alta precisão e reprodutibilidade dos resultados. Para a avaliação postural, os indivíduos
devem se submeter previamente a demarcações nos pontos anatômicos referenciais, que
deverão corresponder aos ângulos e às imagens captadas, que devem ser de boa
qualidade, viabilizando uma adequada interpretação fotogramétrica (SANCHEZ et al,
2008).
Para Ricieri (2006), ao realizar a análise e a quantificação das alterações
biomecânicas causadas por distúrbios fisiológicos, o fisioterapeuta dispõe de
ferramentas para captura sistematizada de imagens, as quais sofrerão posterior análise
angular e/ou linear com softwares gráficos e emissão de laudos – Biofotogrametria.
Magazoni (2000) relata a BC como sendo o método de diagnóstico
fisioterapêutico utilizado em varas áreas, tendo sua comprovação atreves de vários
estudos. O método necessita do uso de material flexível, com demarcação de pontos
anatômicos do corpo como referência tais como a parte óssea, articulações e regiões
corporais.
54
Estudo de GONGORA et al. (2009) avaliou o índice de confiabilidade intra e
interexaminadores da análise do ângulo poplíteo através da biofotogrametria. Concluiu
que é um método apropriado para a avaliação de tal ângulo dentro das condições
estabelecidas, devido aos valores estatísticos que confirmam a reprodutibilidade e a
repetibilidade da técnica, bem como por seus índices inter e intraexaminadores terem
sido classificados com confiabilidade de forte a muito forte.
Ricieri (2006), diz que a BC proporciona ao fisioterapeuta, construir o
diagnóstico do seu paciente, sem a necessidade de uma radiografia ou de outros recursos
vinculados a outras áreas da saúde, mas que estão fora do seu alcance legal e científico.
Baraúna et al. (2004) elegeram a BC para a avaliação e quantificação das
possíveis limitações de ADM de ombro, em virtude de duas grandes vantagens
apresentadas: baixo custo do sistema de fotointerpretação de imagens e a precisão e
reprodutibilidade dos resultados. IUNES et al. (2010) acrescentam, ainda, outras
vantagens: a ausência de contato com o paciente e o uso de luz visível, o que evita a
exposição à radiação.
Este método utiliza medidas precisas de ângulos corporais e distancias das
estruturas anatômicas, transformando pontos de imagens em eixos coordenados
cartesianos quantificando e analisando assim a sua postura (BARAÚNA et al, 2004).
Durante a avaliação é realizado um registro fotográfico de cada voluntário,
utilizando uma câmera digital, adotando todos os cuidados metodológicos que se devem
ter ao utilizar a fotografia, tais como: padronização do posicionamento do voluntário e
da máquina fotográfica, posicionamento da câmera sobre tripé nivelada e sempre
colocada paralelamente ao chão (Figura 11). Não utilizando o zoom para evitar
distorções, sendo todas as fotografias realizadas pelo mesmo examinador. Os registros
de todo o corpo nos planos frontal anterior e posterior, no plano sagital com o
voluntário ereto e com flexão anterior de tronco. A vestimenta compõe biquíni ou
calção de banho, sendo os pontos anatômicos marcados bilateralmente no corpo para
servir como referência para traçar os ângulos avaliados (Figura 12) (IUNES et al, 2010).
55
Figura 11- Posicionamento da câmara sobre o tripé.
Fonte - RICIERI et al., 2008.
56
Figura 12- Ilustração dos vários ângulos que podem ser avaliados na vista anterior, posterior e sagital direito.
Fonte – Google, 2012.
57
CAPÍTULO 3. Procedimentos Metodológicos
Esta pesquisa tem como hipótese inicial a existência de uma relação entre
urbanização, aumento de demanda na Construção Civil, acréscimo na jornada de seus
trabalhadores e consequente ocorrência de lesões osteomioarticulares nos trabalhadores
da Construção Civil na cidade de Belém, ou seja, por meio de um método proposto
nesta pesquisa, o qual é pautado no emprego de três metodologias existentes em
associação com outro método adaptado por este autor, tentou-se entender a referida
relação e evidenciar aspectos inerentes de modo a concluir pela hipótese inicial.
3.1 LOCUS DA PESQUISA.
Esta pesquisa foi realizada durante o mês de janeiro de 2012, em um
empreendimento vertical na cidade de Belém, Pará, localizado na Av. Almirante
Barroso, no. 465, entre as travessas Antônio Baena e Chaco, conforme se observa na
Figura 13, que ilustra a sua localização. Trata-se de uma edificação contendo 20
andares, com áreas total, privativa e comum de 1.344,25 m², 86,56 m2 e 48,97 m2,
respectivamente, denominado Edifício “Celebration Residence”. Além disto, é possível
observar na Figura 14 detalhes da obra em relação ao estágio atual em comparação à sua
maquete eletrônica.
58
Figura 13- Localização do objeto da pesquisa.
Fonte- Google Maps, 2012.
Figura 14- Detalhes da obra investigada: (a) estágio atual; (b) maquete eletrônica.
(a) (b)
Fonte- CKOM, 2012.
Segundo a construtora, a referida obra iniciou a sua construção com 102
trabalhadores, entre os diversos cargos e funções. Contudo, devido à necessidade de
remanejamento de seus funcionários para outras obras do grupo, que apresentavam
59
atrasos nos seus cronogramas de entrega, no período de coleta de dados (2012) o
empreendimento possuía ativamente em seu quadro funcional 59 trabalhadores,
distribuídos entre os cargos de engenheiro civil, eletricista, ajudante de “ajudante de
pedreiro”, carpinteiro, mestre de obras, etc.
3.2 ESPAÇO AMOSTRAL E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO.
O espaço amostral foi constituído por 22 trabalhadores da obra investigada que
se enquadraram nos critérios de inclusão descritos na Tabela 1. Tais critérios foram
escolhidos no intuito de constituir um universo amostral representativo das atividades
geradoras das patologias investigas, tornando nossa população amostral mais
homogênea, bem como, para propiciar a fidedignidade da pesquisa, e obter maior
certeza das relações causais investigadas.
Tabela 1- Demonstração dos critérios de inclusão e exclusão.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO • Cargo: ajudante de “ajudante de pedreiro”; • Faixa etária: superior a 18 anos e inferior a 65; • Ambos os sexos; • Mínimo de 3 anos de atuação na mesma atividade; • Dentro dos canteiros de obra; • Cognição preservada, sendo capaz de responder às
perguntas; • Sem restrição de deslocamento independente ou
alterações ortopédicas que interfiram na locomoção e/ou promovam compensação a nível da coluna vertebral, e que não apresentem alterações osteomioarticulares.
• Indivíduos que não se enquadraram nos itens acima mencionados.
Obs: Não houve nenhuma desistência.
3.3 O MÉTODO PROPOSTO.
O método empregado nesta pesquisa baseia-se na premissa de que é possível
correlacionar a ocorrência de certo grupo de patologias posturais com atividades da
Construção Civil, aumentadas em função da verticalização. Assim, procurou-se adaptar
métodos consagrados da fisioterapia no contexto em tela, que debruça o olhar sobre os
processos de urbanização. Para tanto, foram adaptados três métodos, quais sejam:
60
• Questionário de Vida no Trabalho (QVT);
• Escala de Avaliação de Dor (EAD) – diagrama proposto por Corllet e Manenica
em 1980;
• Bifotogrametria – Baraúna (2003): conforme descrito no capítulo 2.
3.3.1 métodos utilizados.
(i) Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT):
A QVT é um assunto importante no contexto laboral, pois com a evolução do
mercado de trabalho e o crescimento da economia e da tecnologia, surge a importância
das empresas em proporcionarem melhor QVT, no intuito de melhorar a satisfação dos
profissionais e seus familiares, gerando retornos de produtividade e tornando essas
empresas mais competitivas.
Para avaliar a QVT com base no espaço amostral definido, foi aplicado o
questionário que se encontra no apêndice A, com o intuito de verificar o grau de
satisfação no trabalho. O questionário foi baseado em perguntas abertas e fechadas,
envolvendo diversas informações, como por exemplo:
a) tempo de trabalho que ele realiza na atividade;
b) postura que adota;
c) ocorrência de alguma dor;
d) qual região que esta se localiza;
e) piora da dor durante a realização da atividade
f) etc..
(ii) Avaliação de Desconforto Corporal:
Após a aplicação do questionário para avaliação da QVT, foi realizada a
avaliação de desconforto corporal (DC). Para tanto, empregou-se o diagrama proposto
por Corllet e Manenica (1980) que consta no apêndice A.
Neste momento foi solicitado que o colaborador avalie subjetivamente o grau de
desconforto que sentem em cada um dos segmentos indicados no diagrama, como
61
mostra a Figura 15. O índice de desconforto é classificado em cinco níveis,
demonstrado na Figura 16, que vai do nível 1 corresponde a nenhum desconforto/dor, o
nível 2 algum desconforto/dor, o nível 3 significa moderado desconforto/dor, o nível 4,
bastante desconforto/dor e, por fim, o nível 5, significando intolerável desconforto/dor
(INDA, 1998).
Figura 15- Diagrama demonstrando os segmentos corporais a serem avaliados segundo
o grau de desconforto.
Fonte- INDA, 1998.
62
Figura 16- Índice de desconforto corporal.
Fonte- INDA, 1998.
(iii) Biofotogrametria
Segundo Ricieri (2006), a Biofotogrametria Computadorizada proporciona ao
fisioterapeuta a possibilidade de construir o diagnóstico do seu paciente sem a
necessidade de uma radiografia ou de outros recursos vinculados a outras áreas da
saúde, mas que estão fora do seu alcance legal e científico.
Segundo Baraúna et al (2004) apud Iunes et al. (2010) completa dizendo ser um
método não invasivo, escolhido para avaliação e quantificação das possíveis limitações
de amplitude articular de movimento.
Este método proporcionando baixo custo do sistema de fotointerpretação de
imagens e a precisão e reprodutibilidade dos resultados, realizando medidas precisas de
ângulos corporais e distâncias das estruturas anatômicas, transformando pontos de
imagens em eixos coordenados cartesianos e os quantificam, analisando, assim, a
postura (IUNES et al, 2010 apud BARAÚNA et al,2004)
Simplificando este recurso, esta avaliação postural advém da captura da imagem
do voluntário a ser avaliado, através da fotografia digital, sendo esta, avaliada por meio
do programa Corel DRAW Graphics Suite 12©, avaliando assim sua postura.
63
3.3.2 coleta de dados
A coleta de dados foi precedida pela escolha do ambiente propício a sua
realização, em função da obra selecionada. Para tanto, foi necessária uma visita de
inspeção ao local, que levou a escolha de uma sala de reuniões localizada na área do
empreendimento, medindo 17 m2, bem iluminada, refrigerada de fácil acesso, a qual foi
reservada, permitindo, assim, privacidade dos voluntários fotografados.
Durante o mês de dezembro de 2011, foram recrutados os voluntários, sendo
estes devidamente informados através de palestra sobre a pesquisa em curso, objetivo,
importância, procedimento adotado, qual a vestimenta que deveriam estar no momento
(sem camisa, e sem calçados, de sunga ou short justo ao corpo) e o dia que iria começar
propriamente.
A coleta de dados foi realizada com o espaço amostral definido no item 3.2,
constituído por 22 indivíduos. O procedimento seguido envolveu a realização de três
etapas distintas, conforme descritas na Tabela 2, as quais foram realizadas de maneira
ininterrupta em um só dia, para evitar descontinuidade pelo não comparecimento de
algum voluntário.
Tabela 2- Etapas seguidas na coleta de dados.
Etapa Método Objetivo
I Formulário Avaliativo
Semiestruturado Avaliação da QVT
II Corllet e Manenica (1980) Avaliação da DC
III Biofotogrametria Avaliação postural por medição
fotográfica
Todas as etapas foram realizadas sempre pelo mesmo pesquisador, de forma
calma, paciente e considerando o baixo grau de instrução formal dos voluntários, a fim
de possibilitar a melhor compreensão das atividades demandadas.
No dia 2 de janeiro de 2012 a coleta de dados teve seu início por meio da
realização de entrevistas semiestruturadas (etapa I), com amostragem probabilística
aleatória simples, em que foram distribuídos o questionário de opinião, já descritos
anteriormente, e contido no APÊNDICE A, a fim de verificar a qualidade de vida no
trabalho (QVT). Segui-se a etapa II, por meio da avaliação do desconforto corporal
(DC) através do diagrama de Corllet e Manenica (1980). Posteriormente, na etapa III,
64
foi realizada a avaliação postural por um estudo observacional pelo Método não
Probabilístico do tipo Amostragem Intencional, por meio da Biofotogrametria, em
relação aos aspectos de alterações posturais provocadas pelo aumento da carga de
trabalho, levada pela intensa urbanização.
Na coleta de dados por biofotometria, o procedimento envolveu o
encaminhamento e posicionamento dos voluntários na marcação fixa e predeterminada,
que se encontrava dentro do próprio local onde estava sendo realizadas as entrevistas,
proporcionando assim maior rapidez e efetividade na pesquisa.
Em seguida, o posicionamento foi ajustado, caso a caso, de modo a possibilitar
uma postura representativa da posição estática anatômica na visão anterior, posterior e
lateral de cada indivíduo para aquisição de dados. Além disso, os pontos anatômicos
referenciais as quais deverão corresponder aos ângulos articulares de interesse foram
palpados e em seguida marcados bilateralmente com etiquetas verdes autoadesivas,
demonstrado na Figura 17.
65
Figura 17- Exemplo da coleta de dados por biofotogrametria, com pontos anatômicos e visão: (a) anterior; (b) posterior; e (c) lateral.
(a) (b) (c)
Os dados foram, então, obtidos utilizando-se uma câmera de vídeo digital da
marca Sony Handycam DCR-DVD650 (Figura 18), fixada por meio de suporte nivelado
(tripé) colocado a um 1,65m de distância da amostra e 1,00m de altura do chão (Figura
19), permanecendo perpendicular ao eixo do indivíduo para minimizar os eventuais erro
óticos associados. Os voluntários foram posicionados sobre um retângulo de 40cm x
40cm, traçado no chão, distante 15 cm da parede, com os pés alinhados a uma distância
de 7 cm entre eles, representados pela fita amarela que consta na figura 20.
Marcação de Pontos
Anatômicos
66
Figura 18- Detalhe da câmera digital empregada na biofotogrametria.
Fonte- Sony, 2012.
Figura 19- Padronizações para a biofotogrametria: posicionamento e distância da máquina-sujeito, altura do tripé e marcação de chão.
tripé
marcação
67
Figura 20- Padronizações para a biofotogrametria: dimensões do retângulo e posicionamento dos pés, representados pelos adesivos colados no chão.
Após a coleta das fotografias, as mesmas foram arquivadas em uma pasta dentro
do disco rígido do computador e depois lançadas para o programa Corel Draw 12®
,
aonde foram trabalhadas com ângulos, a fim de se quantificar a postura dos
participantes.
Inicialmente abre-se o programa Corel Draw 12®
, importa a foto da pasta
armazenada, aumenta-se o tamanho da foto através do zoom mais, posteriormente
realizado traços para fazer os traços horizontais e verticais indo com mouse até a régua
horizontal, no momento em que a seta preta encontrava-se branca clicou com o botão da
esquerda, mantendo clicado e arrastado até o ponto desejado, após “apanhar” a
ferramenta retângulo e foi realizado uma reta em cima da linha pontilhada.
Para a realização das angulações desejadas, clicou na ferramenta dimensão, e
seleciona a ferramenta dimensão angular, como demonstra a Figura 21, com a
ferramenta dimensão angular, clica-se uma vez com o botão da esquerda do primeiro
ponto, após arrastou-se o mouse até o segundo ponto e clicou uma vez, por fim,
arrastou-se o mouse até o terceiro ponto e então clicou duas vezes, com isso o programa
informou o grau da angulação pesquisada.
68
Figura 21: Tela do Corel Draw 12® demonstrando as ferramentas dimensão e dimensão angular.
Para a realização das medidas métricas, foi selecionado com as retas pontilhadas
das réguas horizontais ou verticais o local a ser medido, após pegou-se a ferramenta
retângulo, clicou-se com o botão da esquerda, mantendo clicado e arrastado até o outro
ponto soltando, com isso, o programa dará as medidas no canto superior esquerdo da
tela, onde o “x” mostra o valor da horizontal e o “y” da vertical.
As medições foram realizadas, enfatizando-se os marcadores na visão anterior,
posterior e lateral tanto do hemicorpo direito quanto do esquerdo. Na visão frontal
foram analisados: ângulo da cabeça direita (ACD) e esquerda (ACE), ângulo do ombro
direito (AOD) e esquerdo (AOE), ângulo da espinha ilíaca direita (AEID) e esquerda
(AEIE), ângulo do joelho direito (AJD) e esquerda (AJE), já na visão lateral foram
analisados: angulação acrômio clavicular (AAC) e por fim na visão posterior foram
analisados: ângulo inferior da escapula direita (AIED) e esquerda (AIEE) (figura 27). É
importante salientar que em todo o momento, respeitar-se-á o sigilo do voluntário da
pesquisa, não havendo qualquer exposição de sua imagem.
Ferramenta dimensão angular
Ferramenta
dimensão
69
Para melhor entendimento a exemplificação a seguir da verificação de cada
ângulo pesquisado, não será utilizado linguagem técnica (pontos chaves da
biofotogrametria) e sim através dos pontos representados pelas letras alfabéticas.
• Visão frontal:
(i) ângulo da cabeça direita (ACD) através dos pontos A, B, C e D, já o ângulo
da cabeça esquerda (ACE) através dos pontos A, B, C e E (Figura 22).
Figura 22- Pontos angulares para a avaliação da ACD e ACE.
(ii) na angulação do ombro direito (AOD) os pontos analisados serão A, B e C,
para a angulação do ombro esquerdo (AOE) os pontos analisados foram A, B e D
(Figura 23).
A
C
D
E
B
70
Figura 23- Pontos angulares para a avaliação da AOD e AOE.
(iii) na angulação da espinha ilíaca direita (AEID) foram utilizados os pontos A, B e C,
quando verificado a angulação da espinha ilíaca esquerda (AEIE) os pontos verificados foram A,
B e D (Figura 24).
Figura 24- Pontos angulares para a avaliação da AEID e AEIE.
C
B
A
D
C D
A
B
71
(iv) amplitude do joelho direito (AJD) foram utilizados os pontos A, B e C,
quando verificado a amplitude do joelho esquerdo (AJE) foram utilizados os pontos D,
B e E (Figura 25).
Figura 25- Pontos angulares para avaliação da AJD e AJE.
• Visão lateral: avaliado o angulação acrômio clavicular (AAC) através dos
pontos A, B e C (Figura 26).
Figura 26- Pontos angulares para avaliação da AAC.
• Visão posterior: utilizados para a obtenção da angulação AIED os pontos
A,B e C, para AIEE foram utilizados os pontos A, B e D Figura 27.
C
B
A
E
D
A
C
B
72
Figura 27- Pontos angulares para a avaliação da AIED e AIEE.
3.2.4 riscos e benefícios.
Durante a avaliação, os voluntários não foram submetidos a qualquer risco. As
informações obtidas foram analisadas em conjunto com as de outros voluntários, não
sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação,
comprometendo-se, ainda, o pesquisador, a não fornecer o nome do sujeito, sendo o
mesmo substituído por códigos nas fichas de avaliação e nos questionários, além do
compromisso de não permitir a visualização de sua face nos processos de foto.
Quanto aos benefícios, acredita-se que este trabalho permitiu identificar se os
trabalhadores que atuam na Construção Civil apresentam alterações posturais,
apontando os erros cometidos na execução das tarefas realizadas pelos trabalhadores,
mostrando quais os principais parâmetros que influenciaram na saúde desses
trabalhadores. Tornando o meio ambiente desses trabalhadores mais saudável possível,
tentando prevenir ou diminuir assim o as alterações posturais, levando a diminuição dos
afastamentos do trabalho, e nas despesas primeiramente por parte do empregador e
posteriormente para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), diminuindo
assim os problemas de saúde pública.
A
B
C D
73
CAPÍTULO 4. Análise e Interpretação dos Resultados.
Este capítulo tem o intuito de realizar uma análise interpretativa das três etapas
de pesquisa descritas anteriormente, com vistas a averiguar a relação entre o processo de
verticalização intensa e o surgimento de doenças ocupacionais nos trabalhadores da
Construção Civil, submetidos a uma excessiva carga de trabalho.
Com os resultados tabulados, ocorre à interpretação com a discussão, através da
apreciação com outras pesquisas com formas metodológicas pareadas, já descritas na
literatura, de cada uma das etapas, posteriormente, é realizada a conexão entre elas para
assim responder o objetivo principal.
4.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Para análise do instrumento de pesquisa empregado nesta fase, isto é, o
questionário de opinião que consta no apêndice A, inicialmente separou-se o mesmo em
três segmentos particulares, quais sejam: (i) informações cadastrais; (ii) ocorrência e
característica de dor. Em seguida, cada segmento foi analisado separadamente para
entendimento das condições observadas.
4.1.1 Interpretação por segmento do questionário QVT
(i) Informações Cadastrais
Neste caso, o dado relevante diz respeito à média em anos da idade, ao tempo de
trabalho nesta atividade (ajudante de “ajudante de pedreiro”) e tempo de trabalho na
empresa pesquisada. A Tabela 3 sintetiza os resultados observados, onde é possível
observar que a idade média desses trabalhadores é superior a 30 anos, sendo 9,1 anos
prestados somente nesta atividade, estando 3,8 anos na mesma empresa pesquisada.
74
Entende-se que estes achados ao analisar de forma conjunta possam trazer resquícios de
alterações posturais anteriores ao aumento da demanda de construção, ao de encontro à
hipótese inicial.
Tabela 3- Distribuição da amostra segundo idade, tempo na atividade e tempo na mesma empresa.
Variáveis Média (anos)
Idade 34,8 Tempo de trabalho nesta atividade 9,1 Tempo de trabalho na empresa 3,8
Outros dados avaliados são (a) rodízio na função que atuam (b) postura laboral
que adotam e (c) dupla jornada. As informações interpretadas constam na Tabela 4,
demonstrando que dos 22 participantes a maioria permanecem na mesma função
laboral, adotando alternância de postura e realizando dupla jornada. Esses achados
demonstram informações que possibilita entender que estes trabalhadores adotam
atividade laboral de forma excessiva e ergonomicamente desvantajosa.
Tabela 4- Distribuição da amostra segundo rodizio na função; postura laboral e dupla jornada.
Rodízio na função Qtde % Sim 6 26,16 Não 16 69,6
Postura em que trabalha Sempre em pé 8 38,8 Alternando posturas 14 60,9
Dupla jornada
Sim 10 43,5 Não 12 52,2
75
(ii) Ocorrência e Característica de Dor.
Neste momento as questões pesquisadas referem-se a ocorrência e característica
da dor laboral, no intuito de verificar se o aumento das atividades de trabalho associado
ao processo de verticalização levou ao aparecimento de dor, depreciando sua saúde.
No Gráfico 8 as variáveis pesquisadas são: (a) afastamento por motivo de saúde
devido à manifestação da dor, (b) sentem dor e (c) ocorrência de dor no local de
trabalho. Neste gráfico, pode-se verificar alto índice da manifestação de dor no seu dia a
dia, tanto fora quanto dentro do seu local de trabalho, porém, o número de afastamento
por conta desse fator é mínimo. Esses dados podem ser decorrentes a intensa carga de
trabalho que são submetidos.
Gráfico 8- Distribuição da amostra segundo afastamento por motivo de saúde; aparecimento de dor e se esta ocoore no trabalho.
Como visto anteriormente o fator dor é identificado nesses indivíduos. No
Gráfico 9, os voluntários avaliaram em cada região a ocorrência ou não da dor. Através
das respostas positivas, foi possível identificar três regiões que exibiram maiores
ocorrências, sendo elas, as regiões da coluna, ombros e pernas. Os indícios insinuam
que este ofício proporciona atividade laboral intensa principalmente nessas regiões.
76
Gráfico 9- Distribuição da amostra: ocorrência ou não dor em cada região.
Outros dados importantes encontrados decorrem sobre (i) confortabilidade da
posição laboral (ii) aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral e (iii)
movimentos laborais que provocam aumento do quadro álgico.
A maioria dos participantes da pesquisa informaram não sentirem confortáveis
em sua posição laboral, decorrente do aumento do quadro álgico que apresentam devido
os movimentos que realizam durante as atividades que a profissão exige, principalmente
a atividade de levantamento de peso, demonstrado nos gráficos 10, 11 e 12..
Gráfico 10- Distribuição da amostra segundo: confortabilidade da posição
laboral.
77
Gráfico 11-Distribuição da amostra em relação: aumento do quadro álgico decorrente ao movimento laboral.
Gráfico 12– Distribuição da amostra: movimento que provoca o aumento da dor.
Como já foi exposto, os individuos pesquisados apresentam dor, entretanto,
quando questionados se a dor prejudica ou não a realização da atividade laboral, as
informações ficaram pareadas, contudo, quando verificado as condições de seu estado
físico ao fim de sua jornada de trabalho, a grande maioria relatou que encontra-se
cansado e com dores. Estes números insinuam que o limiar de dor de cada participantes
desta pesquisa determina a dificuldade ou não na realização de seuas tarefas, mesmo
chegando ao fim de sua jornada de trabalho cansado e com dor, como mostra os gráficos
13 e 14.
78
Gráfico 13- Distribuição amostral: quadro álgico dificuldade ou não o trabalho.
Gráfico 14- Distribuição amostral: estado físico no fim da jornada de trabalho.
4.1.2 Síntese dos resultados do QVT
A tabela a seguir apresenta uma síntese das principais respostas encontradas a
partir da interpretação do questionário sobre QVT. Em negrito estão ressaltados os
maiores quantitativos observados em função dos condicionantes associados aos
questionamentos feitos. É possível observar pela Tabela 5 que a maioria dos
investigados adota alternância de postura durante a atividade laboral, o que é positivo do
ponto de vista ergonômico. Contudo, a maioria destes reporta a ocorrência de dor, tanto
no trabalho quanto fora dele. Nestes casos, notou-se que a maior incidência de dor está
localizada na região da coluna, seguida dos ombros. Obviamente, os dados revelam que,
devido à posição desconfortável de trabalho reportada pela maioria dos investigados, o
79
movimento laboral, principalmente aqueles de agachamento e levantamento de peso,
aumentam o desconforto e dor, com prevalência ao final da jornada de trabalho.
A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese
inicial associada ao amento da atividade laboral intensa, ocasionada pela urbanização
acelerada, prejudicando assim a QVT.
Tabela 5- Síntese da interpretação do questionário QVT.
Questionamentos Condicionantes Qtde %
Postura em que trabalha
Alternando postura 14 60,9
Sempre em pé 8 34,8
Sente dor
Sim 19 82,6
Não 3 13
Dor no trabalho
Sim 17 73,9
Às vezes 2 8,7
Não 3 13
Região com incidência do dor
Pescoço 6 18,2
Ombros 15 45,5
Coluna 17 51,5
Pernas 10 30,3 Braços 4 12,1
Punho e mãos 1 3
Posição de trabalho é confortável Sim 8 34,8 Não 14 60,9
Mov. laboral aumenta a dor Sim 16 69,6 Não 6 26,1
Qual mov. laboral aumenta a dor
Levantamento de peso 11 50
Agachamento 3 13,63 Realiza força 8 36,36
Como se encontra ao final da jornada
laboral
Cansado e com dor 14 60,9 Cansado 7 30,4
Normal e s/ dor 1 8,7
80
4.2 ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL (DC)
Tendo como base os resultados obtidos através do questionário sobre a QVT,
identificou que a maioria dos trabalhadores apresentou pelo menos algum tipo de dor,
levando a predispor que este resultado seja devido sua atividade laboral, com isso, além
desse questionário foi realizado o segundo questionário, sendo este a escala de avaliação
de desconforto corporal, no intuito de verificar onde e qual a intensidade que essa dor
apresenta.
Esta escala proposta por Corllet e Manenica (1980) tem o intuito de avaliar o
desconforto corporal já foi descrita no capitulo 3 (Procedimento metodológico) no item
3.3.1 (Métodos Utilizados).
Ao analisar este instrumento de pesquisa, que encontra-se por interiro no anexo
A, realizou a separação em dois segmentos: (i) escala de avaliação de DC e (ii)
problemas músculo esquelética.
(i) Escala de avaliação de DC
Neste item o participante da pesquisa identificou duas ou mais regiões que
apresentavam desconforto corporal. Esta escala consta em 27 regiões dividida em 3
segmento: tronco, lado esquerdo e lado direito.
• Tronco
Neste segmento a escala progressiva de desconforto subdividiu em seis regiões,
demonstrado na Figura 28.
81
Figura 28- Escala progressiva de desconforto do segmento tronco.
Em todas essas regiões foi possível detectar poucos indícios de intensidade
intolerável, ou seja, aquela onde a dor/desconforto impossibilita à realização das suas
atividades, indo de encontro com o resultado no QVT.
No gráfico 15 os participantes formam indagados sobre a intensidade do DC
presentes em cada região. O grau de intensidade “algum” e o grau de intensidade
“moderada” são os que mais foram relatadas, tendo seus maiores índices em cinco das
seis regiões pesquisadas, ficando em primeiro e segundo lugar respectivamente.
82
Gráfico 15- Ocorrências de DC/dor segundo as regiões: (i) pescoço, (ii) regiões cervical, (iii) costa superior, (iv) costa médio, (v) costa inferior e (vi) bacia.
• Lado esquerdo
A identificação das regiões foi de acordo com os números da Figura 29.
83
Figura 29- Escala progressiva de desconforto do segmento lado esquerdo.
No gráfico 16 os participantes foram indagados sobre o grau de intensidade de
desconforto de cada região do lado esquerdo (ombro, braço cotovelo, antebraço, punho,
mão coxa e perna) os dados relevantes dizem respeito às intensidades “algum” e
“moderada” que estão presentes em grande numero apenas nas regiões da perna e coxa,
as demais, a principal intensidade a principal intensidade encontrada foi “nenhuma”.
84
Gráfico 16- Ocorrência de desconforto/dor segundo as regiões do lado esquerdo:
(i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii) braço e (viii)
ombro.
• Lado direito
A identificação das regiões foi de acordo com os números da figura 30.
Figura 30- Escala progressiva de desconforto do segmento lado direito.
85
Realizando o mesmo procedimento do item anterior, modificando apenas o lado
corpo sendo agora do lado direito, os participantes foram indagados sobre o grau de
intensidade de desconforto de cada região do lado direito (ombro, braço cotovelo,
antebraço, punho, mão coxa e perna)
Ao analisar o Gráfico 17, os dados encontrados demonstram atenção especial
devido às regiões da perna, coxa apresentarem índice de DC com intensidade “algum”,
“moderada” e “bastante” em maior número respostas positivas, entretanto, a intensidade
“nenhum” é exposta em sua maioria nas outras regiões.
Gráfico 17- Distribuição amostral da escala progressiva de desconforto/dor segundo as regiões: (i) perna, (ii) coxa, (iii) mão, (iv) punho, (v) antebraço, (vi) cotovelo, (vii)
braço e (viii) ombro.
4.2.1 Síntese dos resultados da escala de avaliação de DC.
A tabela a seguir apresenta uma síntese das principais respostas encontradas a
partir da interpretação da escala de avaliação de DC. Em negrito estão ressaltados os
maiores quantitativos observados em função dos condicionantes associados aos
questionamentos feitos. É possível observar pela Tabela 5 que a maioria dos
investigados apresentam índice de DC “algum” e “moderado” no segmento tronco, e
86
“nenhum” no segmento do lado esquerdo e do segmento do lado direito. No entanto, as
regiões da coxa e perna, demonstram o comprometimento tanto do lado esquerdo
quanto do lado direito, tendo a maioria de intensidade “algum”, mas também,
apresentam números significativos de intensidades “moderada” e “bastante”.
A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese
inicial associada ao amento da atividade laboral intensa, ocasionada pela urbanização
acelerada, prejudicando assim a saúde do trabalhador da Construção Civil.
Tabela 6- Tabela síntese da escala de avaliação de DC.
SEGMENTO -TRONCO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável
Pescoço 10 6 2 1 3 Região cervical 3 13 5 1 0 Costas superior 1 10 7 2 2 Costas médio 1 8 11 2 0 Costas inferior 1 8 7 5 1 Bacia 1 9 7 5 0
SEGMENTO –LADO ESQUERDO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável
Lado Esquerdo Ombro 9 8 4 1 0 Lado Esquerdo Braço 11 7 4 0 0 Lado Esquerdo Cotovelo 10 5 5 2 0 Lado Esquerdo Antebraço 14 6 2 0 0 Lado Esquerdo Punho 12 6 4 0 0 Lado Esquerdo Mão 13 7 2 0 0 Lado Esquerdo Coxa 1 15 4 2 0 Lado Esquerdo Perna 0 11 5 5 1
SEGMENTO – LADO DIREITO Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável
Lado Direito Ombro 10 6 4 2 0 Lado Direito Braço 10 6 4 2 0 Lado Direito Cotovelo 10 5 5 2 0 Lado Direito Antebraço 14 6 2 0 0 Lado Direito Punho 13 6 3 0 0 Lado Direito Mão 12 6 4 0 0 Lado Direito Coxa 2 7 7 4 2 Lado Direito Perna 2 10 4 5 1
87
(ii) Problemas músculo esqueléticos.
• Desconforto nos últimos 30 dias
Neste momento os 22 participantes foram indagados sobre advento de qualquer
incômodo (dor, desconforto ou entorpecimento) em cada uma das regiões (cabeça,
olhos, pescoço, ombros, cotovelo, antebraço, punho, mão, costa superior, costa inferior,
quadril/nádega, uma ou ambas as coxa e uma ou ambas as perna) nos últimos 30 dias.
Os dados registrados demonstram que fora as regiões da cabeça, olhos todas as
outras exibem o aparecimento de qualquer incômodo como dor, desconforto,
entorpecimento, de forma eminente nos últimos 30 dias (Gráfico 18), levando ao
entendimento, que esta atividade laboral exercida por esses trabalhadores sobrecarrega
principalmente estas regiões.
Gráfico 18- Ocorrências de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias nas regiões: (i) uma ou ambas as pernas, (ii) uma ou ambas as coxas, (iii) quadril/nádega,
(iv) costa inferior, (v) costa superior, (vi) pescoço, (vii) olhos e (viii) cabeça.
88
No gráfico a seguir os participantes foram indagados sobre as regiões do ombro,
cotovelo e punho/mão, respondendo sobre advento de qualquer incômodo (dor,
desconforto ou entorpecimento) nos últimos 30 dias tendo como respostas: (i) não (não
apresentavam nenhuma ocorrência nas três regiões pesquisadas), (ii) lado direito
(apresentavam ocorrência apenas no lado direito), (iii) lado esquerdo (apresentavam
ocorrência apenas no lado esquerdo) e (iv) ambos (apresentavam ocorrência em ambos
os lados).
Ao verificar o cotovelo, punho e mão, a maioria não apresentou nenhum
incômodo, entretanto, ao verificar a região do ombro, um número significativo relatou
algum tipo de desconforto, principalmente em ambos os lados (Gráfico 19).
Gráfico 19- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 30 dias: ombros, cotovelos e punho/mãos.
• Desconforto nos últimos 12 meses
Neste momento a indagação é sobre o advento de qualquer incômodo (dor,
desconforto ou entorpecimento) nos últimos 12 meses nas mesmas regiões e
metodologias pesquisadas no item anterior (desconforto nos últimos 30 dias).
89
Os dados colhidos exibem intecorrências similares encontradas nos últimos 30
dias, onde as regiões da costa superior e inferior, quadril/nádega e uma ou ambas as
pernas contiveram índices maiores de respostas positivas de ocorrências nesse período,
demonstrado nos gráficos 20 e 21.
Gráfico 20- Ocorrência de problemas músculo esquelético nos últimos 12 meses segundo a região do corpo.
90
Gráfico 21- Ocorrência de problemas músculo esqueléticos nos últimos 12 meses: ombros, cotovelos e punho/mão.
• Inatividade nos últimos 12 meses
Os gráficos anteriores mostraram que as regiões que mais apresentaram
incômodo (dor, desconforto ou entorpecimento) foram às regiões da costa inferior
(lombar), quadril/ nádega e uma / ambas as pernas nos últimos 12 meses até o presente,
levando a discorrer que estas alterações acometem continuamente, porém, apesar de
apresentarem alguma alteração no que diz respeito a dor, quase que na sua totalidade
não deixam de realizar suas atividades da vida diária (no trabalho, em casa, lazer),
levando refletir que os problemas músculos esqueléticos nas intensidades encontradas
nessa pesquisa não são fatores determinantes ao afastamento de suas atividades (gráfico
22).
91
Gráfico 22- Inatividade nos últimos 12 meses devido problemas músculos esqueléticos.
4.2.2 Síntese dos resultados da escala de DC – problemas músculo esqueléticos.
As tabelas a seguir apresentam uma síntese das principais respostas encontradas
a partir da interpretação dos problemas músculos esqueléticos. Em negrito estão
ressaltados os maiores quantitativos observados em função dos condicionantes
associados aos questionamentos feitos.
Foi possível observar nas tabelas 7, 8 , 9, 10 e 11, que grande parte das regiões
apresentaram problemas músculo esqueléticos tanto no período mais recente que foi nos
últimos 30 dias, quanto no período mais tardio que foi nos últimos 12 meses. Esses
resultados quando comparados, demonstraram que os relatos de incômodo como dor,
desconforto ou entorpecimento, proporcionaram acréscimo, principalmente nas regiões
coxas, pernas, quadril/nádega, consta superior e inferior. Os dados obtidos levam a
indícios que ocorreu um aumento na carga de trabalho, proporcionado pelo aumento dos
empreendimentos lançados, e que as regiões que apresentaram maiores acometimentos é
decorrentes da fase em que a obra encontrava-se, pois o público pesquisado (ajudante de
92
pedreiro) atuavam na fase “construção de estrutura”, nesta fase devido a forma laboral
que eles atuam proporciona estresse músculo esqueléticos nas estruturas que encontram-
se na parte inferior do corpo humano.
A interpretação global dos resultados observados remete ao encontro da hipótese
inicial associada ao amento da carga de trabalho, ocasionada pela urbanização
acelerada, prejudicando assim a saúde do trabalhador, podendo leva-lo a doenças
músculo esqueléticos.
Tabela 7- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) cabeça; (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) costa sup., (v) costa inf., (vi) quadril/nádega,
(vii) uma ou ambas coxas e (viii) uma ou ambas as pernas.
Problemas músculo esqueléticas nos últimos 30 dias
Regiões Não Sim
Cabeça
15 (62,2%)
7 (31,8%)
Olhos (ambos/cada)
21 (95,5%)
1
(4,5%)
Pescoço
10 (45,5%)
12 (54,5%)
Costa superior (dorsal)
6 (27,3%)
16 (72,7%)
Costa inferior (lombar)
3 (13,6%)
19 (86,4%)
Quadril/nádega
7 (31,8%)
15 (68,2%)
Uma ou ambas coxas
8 (36,4%)
14 (63,6%)
Uma ou ambas pernas
6 (27,3%)
16 (72,7%)
93
Tabela 8- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 30 dias nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão.
Problemas músculos esqueléticas nos últimos 30 dias
Regiões Não Lado
direito Lado
esquerdo Ambos
Ombros 30 dias
4 (21,7%)
1 (4,4%)
4 (17,4%)
13 (56,5%)
Cotovelos 30 dias
18 (78,3%) 0
1 (4,3%)
3 (17,4%)
Punho Mãos 30 dias
20 (82,6%) 0 0
2 (17,4%)
Tabela 9- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi)
quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas coxas e (viii) umas ou ambas as pernas.
Intercorrências músculos esqueléticas nos últimos 12 meses
Regiões Não Sim
Cabeça
15 (68,2%)
7 (31,8%)
Olhos (ambos/cada)
21 (95,2%)
1 (4,5%)
Pescoço
14 (63,6%)
8 (36,4%)
Costa superior (dorsal)
8 (36,4%)
14 (63,6%)
Costa inferior (lombar)
6 (27,3%)
16 (72,7%)
Quadril/nádega
11 (50%)
11 (50%)
Uma ou ambas coxas
15 (68,2%)
7 (31,8%)
Uma ou ambas pernas
10 (45,5%)
12 (54,5%)
94
Tabela 10- Intercorrências de DC músculos esqueléticas nos últimos 12 meses nas regiões: (i) ombros, (ii) cotovelos e (iii) punho / mão.
Intercorrências músculos esqueléticas nos últimos 12 meses
Regiões Não Ombro direito
Ombro esquerdo Ambos
Ombros 12 meses
4 (25%)
1 (6,25%)
4 (25%)
7 (43,75%)
Cotovelos 12 meses
18 (81,81%)
0 (0%)
1 (4,5%)
3 (13,63%)
Punho Mãos 12 meses
20 (90,9%)
1 (4,5%)
0 (0%)
2 (9%)
Tabela 11- Inatividade nos últimos 12 meses, segundo as regiões: (i) cabeça, (ii) olhos, (iii) pescoço, (iv) consta sup., (v) costa inf., (vi) quadril/ nádega, (vii) uma ou ambas
coxas e (viii) umas ou ambas as pernas.
Inatividade nos últimos 12 meses
Regiões Não Sim Cabeça 22 - Olhos (ambos/cada) 22 - Pescoço 21 1 Ombros 22 - Cotovelos 22 - Punhos/mãos 22 - Costa superior (dorsal) 21 1 Costa inferior (lombar) 22 - Quadril/nádega 22 - Uma ou ambas coxas 22 - Uma ou ambas pernas 21 1
4.3 BIOFOTOGRAMETRIA
Completando os métodos avaliativos, tem-se avaliação postural através da
biofotogrametria, exposto na tabela 12, onde, pode verificar que todas as angulações
apresentaram diferença em graus quando comparados o lado esquerda e direita,
informando que há presença de alterações posturais, sugerindo que essas diferenças
95
entre lados, principalmente quando verificamos as angulações da espinha ilíaca (foi a
que mais apresentou diferença entre os lados) podem ser responsáveis pelo
aparecimento dos sintomas de dor na região lombar encontrados em maior evidencia
nos questionários de qualidade de vida no trabalho e na escala de avaliação de
desconforto corporal, pois, devido ao desalinhamento das estruturas, ocorre a
sobrecarga de uma região em relação a outra.
Tabela 12- Distribuição da amostra avaliação postural através da biofotogrametria: estatísticas descritivas de medidas de angulação.
Variáveis Angulação em
gruas Região Lado Mín. Máx. Cabeça D 80 93
E 81 95 Ombro D 84 100
E 87 103 Espinha Ilíaca D 96 118
E 85 112 Joelho D 173 180
E 171 180 Inferior da Escápula D 79 105
E 80 105 Ângulo do Alinhamento da
cabeça -- 151 179
96
4.4 INTERPRETAÇÕES DOS MÉTODOS EMPREGADOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
Para a realização deste projeto, a amostra contou com 22 participantes do setor
da Construção Civil, mas especificamente da subdivisão de edificações, ocupando cargo
de “Ajudante de Pedreiro”, todos do sexo masculino, com média de idade entre 34,8
anos e 9,1 anos de trabalho nesta mesma atividade; entre esses trabalhadores, alguns
permanecem na empresa atual, uma média de 3 anos e 8 meses.
Para o desenvolvimento do trabalho, foram utilizados três métodos avaliativos,
sendo eles: (i) questionário de avaliação (no intuito de saber sobre a qualidade de vida
no trabalho), (ii) escala proposta por Corllet e Manenica (1980) (avaliação de
desconforto corporal) e (iii) biofotogrametria computadorizada (verificar os desvios
posturais). Estes métodos foram escolhidos pelo fato de proporcionarem efetividade de
suas aplicações clínicas e do baixo custo, tendo resultados fiéis ao ser comparados com
outros métodos.
O setor da Construção Civil, segundo o IBGE,cresceu quase 15% no ano de
2010. Hoje, continua sendo um dos responsáveis pelo aumento de geração de emprego
no nosso país, em função, principalmente, da urbanização intensa. É uma atividade
econômica que, para ser desenvolvida, exige de seus empregados grau elevado de
esforço físico, sendo este realizado muitas vezes de forma errônea, com tarefas árduas e
condições mínimas de trabalho (SILVA et al, 2009; IBGE, 2010).
Com o aumento deste setor, abriu o mercado de trabalho para profissionais dessa
área. Para Oliveira (1998) esses profissionais podem exibir lesões musculoesqueléticas
ligadas ao trabalho, sendo estas os maiores problemas de saúde. Arndt et al.(2005) em
seu estudo com trabalhadores da Construção Civil constatou que 45% dos casos de
doenças ocupacionais correspondiam a transtornos de caráter musculoesqueléticos,
enquanto que 19% representavam doenças de caráter cardiovasculares, portanto o seu
diagnóstico deve levar em consideração as condições de trabalho, a intensidade, a
frequência e as posturas adotadas durante o mesmo.
97
Segundo Oliveira (2012), os casos de lesões por distúrbios osteomusculares
relacionado ao trabalho da Construção Civil, apresentam incidência maior, levando
principalmente patologias na região da coluna.
O desequilíbrio biomecânico leva a modificações nos movimentos da coluna
lombar, enfraquecendo a musculatura levando à dor e à restrição de movimentos. Dentre
as doenças de alto risco, as principais relacionadas ao trabalho na Construção Civil são
as lesões e os distúrbios osteomusculares, causados comumente por movimentos de
repetição, posturas viciosas, manuseio inadequado e sobrecarga em demasia
(ALMEIDA; GALVÃO, 2011).
Estes dados quando comparados nesta pesquisa, os resultados encontrados na
biofotogrametria contidas na tabela 12, os profissionais da Construção Civil apresentam
desequilíbrio biomecânico, pois ao realizar a comparação entre os lados (direito e
esquerdo) identificou-se que todos os voluntários obtiveram diferenças levando a estes
profissionais a sobre carga de algumas estruturas em relação a outras, podendo no
futuro, acarretar lesão osteo-mio-ligamento-articular.
Para Welch et al, (1999) dentre as lesões musculoesqueléticas, as lesões que
afetam a região lombar ficam em primeiro lugar com 28%, posteriormente, vêm às
extremidades superiores com 15%, ombros 14% e por fim as que acometem
joelho/perna/quadril com 14%. Goldsheyder et al. (2004) em sua pesquisa revelou que a
maior parte dos trabalhadores que realizam atividades com concreto relatou dores
osteomusculares variando sua magnitude, gravidade e localização. Mais de dois terços
dos trabalhadores queixaram-se de dores na coluna lombar, seguidos de ombro e
pescoço, respectivamente.
Bertão; Balbo (2008) em seu estudo ocorrido em uma construtora de médio
porte na cidade de Campinas-SP, dentre os 43 “ajudante de pedreiro”, 84% referem à
manifestação do quadro álgico, surgindo durante o ato laboral, principalmente nos
membros superiores e inferiores e também na região da coluna, segundo o autor
justificada pela longa permanência na postura em pé.
Se confrontando com os resultados, percebeu-se que a atividade laboral exercida
por esta classe de trabalhadores apresenta um aumento no seguimento dor após o início
de sua jornada de trabalho, pois os dados obtidos nesta pesquisa, à maioria dos
98
participantes, relataram sentir dor, dos 22 participantes 19 relataram “às vezes” ou
“sim” ao questionado sobre a dor no ambiente laboral.
Contradizendo com os dados da pesquisa, Valinote (2011), ao realizar estudo
nos trabalhadores desse setor na cidade de Goiás, detectou no questionário de dor que
88,7% não relataram dor ou algum tipo de desconforto corporal durante a jornada de
trabalho no último ano, entretanto, 11,3% restantes relataram dor/desconforto corporal
nos membros inferiores e superiores e na região da coluna.
Gráfico 23- Comparação dos dados obtidos: (i) Bertão; Balbo (2008), (ii) Esta pesquisa e (iii) Valinote (2011), sobre os maiores relatos de dor no trabalho.
Saad (2008) em seu estudo com “ajudante de pedreiro” realizado no município
de Ponta Grossa, detectou relatos de dor com maiores índices nas costas com 26,24%,
ombros com 20% e pernas com 20% dentre todas as regiões pesquisadas. Esses dados
vão de encontro com esta pesquisa, devido às regiões da perna, ombro e coluna serem as
três primeiras em ocorrência de dor, como mostra o gráfico 24.
99
Gráfico 24- Comparação dos dados obtidos: (i) Saad (2008) e (ii) Esta pesquisa, sobre os maiores relatos de dor referente a região.
Neste estudo os resultados obtidos na escala de avaliação de DC e o questionário
de QVT identificou a região da coluna a que mais apresenta algum tipo de DC. Quando
comparado os resultados obtidos nos últimos 12 meses com os resultados obtidos nos
últimos 30 dias, identificamos um aumento no número de relatos de DC Gráfico 25.
Estes dados trazem indícios que através do aumento do processo de verticalização
proporcionando aumento na quantidade de atividades laborais impostas a essa classe de
trabalhadores levou a uma elevação nos níveis de DC.
100
Gráfico 25: Comparação dos dados de DC entre: (i) 12 meses e (ii) 30 dias.
Na pesquisa realizada por Vargas; Pilatti (2010) 40% da sua população amostral
relataram dor na região lombar mesmo antes mesmo de iniciar o período de trabalho,
piorando após o trabalho chegando a 90% dos pesquisados, indo de encontro com esta
pesquisa, onde num total de 22 participantes, 20 relataram apresentar algum tipo de grau
de intensidade (“algum”, “moderado”, “bastante” e “intolerado”) sendo a intensidade
“algum” imprimindo a de maior relato, demonstrado no gráfico 26.
101
Gráfico 26:- Comparação dos dados obtidos em: (i) Nesta pesquisa; (ii) Vargas; Pilatti (2010).
Outro dado importante em nossa pesquisa ao verificar o processo “dor”, é o fato
de não poder determinar se os indivíduos pesquisados apresentam dificuldade de
realização em sua atividade laboral, devido as opiniões estarem pareadas, contudo,
quando verificado as condições físicas que estes trabalhadores apresentam no final de
sua jornada de trabalho, a grande maioria relatou que encontra-se cansado e com dores.
Indo de encontro com esse pensamento, Oliveira (2012) com o aquecimento
desse setor tem proporcionado a jornadas de trabalho de acima de dez horas diárias,
agravadas pelos chamados “bicos de fins de semana” que impossibilita o descanso no
intuito de elevar seus rendimentos no final de mês.
Kroemer e Grandjean (2005) apud Vargas; Pilatti (2010) relatam que esses
trabalhadores expõem a sua saúde a excessiva carga de trabalho levado pelo aumento de
horas trabalhadas, diminuindo assim sua produtividade por hora trabalhada, levando a
aumento no número de faltas por doenças ou acidentes de trabalho. Nesta pesquisa por
mais que foi diagnosticado estado físico desvantajoso ao final da jornada de trabalho, a
quantidade de faltas foi irrisório.
102
Ressalta que, infelizmente, não foi possível mensurar o volume de afastamentos
de trabalhadores desse setor da Construção civil de seu ambiente de trabalho
decorrentes de lesões temporárias e/ou incapacitantes permanentes ao órgão público de
direito, devido o órgão da Previdência- INSS não dispor no seu banco de dados
informações referentes a Auxílio Doença e Aposentadorias, voltados por categorias de
trabalhadores, para assim realizar a convergência ou não dos resultados encontrados
nesta pesquisa.
Outro dado que evidencia esse resultado sobre o processo dor, é o valor
encontrado na tabela 12, através da biafotogrametria, constatando diferença e todas as
angulações pesquisadas, mostram que esses trabalhadores apresentam alterações
posturais, podendo ser desencadeada pela atividade que realizam.
Os resultados obtidos nesta pesquisa através da biofotogrametria identificou a
AEID e AEIE como uma das angulações que mais apresentaram diferenças angulares,
proporcionando desequilíbrio biomecânico levando a risco de evoluir com
comprometimento na região lombar. Saad, et al. (2006) detectou através do Software
WinWOAS e RULA (método utilizado para avaliar a postura dinâmica em cada fase de
trabalho) que o “ajudante de pedreiro” ao realizar sua atividade de “levantamento de
paredes” , dentre as regiões pesquisadas, as regiões da coluna e perna foram as que mais
apresentaram risco a sua estrutura (tabela 13).
103
Tabela 13- Dados obtidos: (i) Nesta pesquisa com o software Biofotogrametria; (ii) Saad et al. (2006) que utilizou o software WinWOAS e RULA.
(i) Nesta pesquisa
Variáveis Angulação
(gruas) Região Lado Mín. Máx. Cabeça D 80 93
E 81 95 Ombro D 84 100
E 87 103 Espinha Ilíaca D 96 118
E 85 112 Joelho D 173 180
E 171 180 Inferior da Escápula D 79 105
E 80 105
(ii) Saad, et al. (2006)
Atividade realizada Coluna Braços Pernas
Buscar tijolos Risco 3 Risco 1 Risco 2
Pegar massa
Pegar tijolos
Risco 4 Risco 1 Risco 3
Risco 4 Risco 1 Risco 3
Colocar tijolos Risco 3 Risco 1 Risco 3
Bater no tijolo Risco 3 Risco 1 Risco 3
Bater o excesso de massa Risco 3 Risco 1 Risco 3
Verificar prumo Risco 3 Risco 1 Risco 2
Fonte - Saad, et al. 2006.
104
Para Gross et al. (2000), quando ocorre um desequilíbrio das forças impostas
sobre a coluna lombar, acarreta em uma possível lesão ao sistema musculoesquelético
do segmento. Geralmente tendo como principal queixa a dor, caracterizando-se assim
lombalgia (GROSS et al, 2000), dentre vários fatores que podem levar a esse quadro
lombar, temos por exemplo a escoliose antálgica, onde segundo Souchard; Ollier (2005)
define como “inclinação lateral da coluna vertebral, sem rotação dos processos
espinhosos na cavidade, tendo uma dor como origem”.
Na biofotogrametria computadorizada, detectou desvio nos ângulos da cabeça,
ombro e inferior da escápula, sendo o angula inferior da escápula o que mais apresentou
diferença entre os lados. E ainda quando realizado o teste de significância entre essas
variáveis e a postura adotada no trabalho, foi à angulação da escápula que apresentou
significância com ρ 0,015.
Essas alterações fisiológicas podem ser desencadeadas pelos sistemas impostos
pelas construtoras, segundo Saad (2008) relata que esses trabalhadores apresentam
remuneração desvantajosa, sendo obrigado a realizar elevados índices de produtividade
no intuito de aumentar a sua remuneração, atribuindo um aumento na jornada laboral
levando a exceder seus próprios limites, podendo levar a prejuízo de sua saúde.
Segundo Silva (2003), o crescimento da Construção Civil, em conjunto com o
fenômeno da verticalização, é responsável pela maioria dos impactos ambientais e de
saúde, principalmente na do trabalhador daquele ramo. Esse crescimento levado devido
alguns fatores como o da urbanização, desencadeou ao aumento nos empreendimentos
lançados, entretanto, este setor apresenta profissional pouco qualificado, aumento no
número de carga horária trabalhada, baixa remuneração, má condição de trabalho,
podendo ser estes o aparecimentos de DORT.
Os resultados obtidos no questionário de qualidade de vida no trabalho, escala de
avaliação de desconforto corporal e a biofotogrametria, nos leva a pensar que as
alterações encontradas nesses trabalhadores é decorrente das atividades laborais
realizadas de forma incorreta, hora pela má condição de trabalho que apresentam, hora
imposta pelas construtoras devido o prazo que a mesma tem que cumprir, pois, segundo
o SINDUSCON (2012) a relação de empreendimentos lançados com empreendimentos
105
entregues apresentou disparidade, proporcionando prejuízo financeiros para as
incorporadoras.
Esses resultados obtidos pela pesquisa são delicados, pois, segundo o IBGE
(2010) o número de trabalhadores cresceu de 8 mil em 1995 para 21.743 mil
trabalhadores em decorrência ao crescimento do setor da Construção Civil. Nesse
mesmo passo, o Sticmba (2011) relata que o número de queixas relativas a dores,
exploração de trabalhadores, má condições de trabalho, excessos de horas trabalhadas e
doenças ocupacionais vêm crescendo na mesma proporção.
Por fim, os dados obtidos através dos questionários de opiniões e da
biofotogrametria, relacionados aos desvios angulares presentes no grupo de
trabalhadores, detectaram que houve mudanças significativas nas regiões
osteoarticulares, principalmente na região lombar e ombro, podendo estar diretamente
relacionada a forma que esses trabalhadores são colocados nas atividades laborais,
levado pela intensa urbanização, devido o crescente processo de verticalização indo de
encontro com vários estudos citados anteriormente.
106
CAPÍTULO 5. Conclusão e Sugestões.
A relação entre o processo de verticalização intensa e o surgimento de doenças
ocupacionais nos trabalhadores da Construção Civil submetidos a uma excessiva carga
de trabalho, vem ganhando a cada dia maior destaque e, em função disso, a
preocupação maior é investir cada vez mais em pesquisa, visando adquirir ganho de
conhecimentos relacionados à verticalização e doença ocupacional, além de avaliar a
QVT e o grau de dor que esses profissionais apresentam.
Com base neste estudo, foi possível observar que a atividade realizada no setor
da Construção Civil, mais especificamente a de “ajudante de pedreiro”, provoca
indícios de surgimento de lesões músculo-esqueléticas , pelo fato de ser um grupo de
indivíduos com possibilidade superior de adquirir também no futuro, lesões osteo-mio-
ligamento-articular.
As possíveis lesões músculo-esqueléticas no futuro, são consequências de
alterações significativas nas regiões osteoarticulares, principalmente na região da coluna
(superior e inferior) e ombro, levando a predispor que esses achados estão diretamente
relacionados à forma que esses trabalhadores são colocados nas atividades laborais.
Com a urbanização em crescimento,o mercado da construção civil foi aquecido,de tal
forma , que o processo de verticalização se desenvolveu bastante,o que faz com que os
empresários do ramo intime seus empregados ultrapassar sua jornada diária, a fim de
que o prazo determinado para a entrega do empreendimento seja cumprido; isso é bom
para o empresariado , mas prejudicial para o empregado , pois vai de encontro com
vários estudos citados anteriormente.
Essa classe de trabalhadores expõe má QVT, levado por alguns fatores , entre os
quais, o limite de seu esforço físico, decorrente da falta de uma escala de trabalho com a
realização do rodízio entre eles. A inexistência do rodízio aliada a uma jornada pesada,
o empregado da construção civil, em particular o ajudante de pedreiro.,adquire má
107
qualidade postural e com isso,no próprio ambiente laboral, começa a sentir as dores na
coluna cervical e lombar e também no ombro, `a medida que desenvolve suas tarefas
diárias, o que gera queda de produção e o ambiente de trabalho desconfortável.
Outra informação importante : à identificação da necessidade de uma melhoria
ergonômica fidedigna é a conscientização do próprio trabalhador, levando ao seu
conhecimento os reais riscos e consequências que ocorrem no seu ambiente de trabalho.
Para que ocorra um adequado programa ergonômico, as empresas que atuam
nesse setor devem seguir a Norma Regulamentadora (NR) 17, que visa adequação da
atividade laboral com o perfil psicofisiológicos desses trabalhadores, através dentre
outras coisas, pausas para descanso no decorrer da jornada. As repercussões dessa
atividade realizada sobre a saúde do trabalhador ,deve ser considerado quando o
afastamento por algum motivo ocorrer igual ou superior a quinze dias; assim sendo,as
atividades deverão ser desenvolvidas de forma gradual, a partir do momento que o
mesmo retornar ao trabalho
Na vida profissional ter saúde não se resume apenas a não ter doença e sim está
unido ao “bem estar” físico-social e mental, através de uma boa informação do que é
saúde e consciência corporal ,para adquirir uma excelente qualidade de vida. Para isso, é
importante também, dentro do programa ergonômico a inclusão da cinesioterapia
laboral ou chamada também de ginástica laboral, pois visa prevenir doenças e
proporcionar qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho.Este recurso é realizado
em pouco tempo, objetivando utilizar as partes do corpo que não são usadas na hora do
expediente de trabalho e , por outro lado, relaxar as que são usadas excessivamente
A prática da cinesioterapia laboral não gera prejuízo ao profissional e nem à
empresa.O empresário que proporcionar aos seus empregados .esse tipo de ginástica só
tem a ganhar com seu resultado, pois o ganho é vantajoso para ambas as partes, ou
sejam,produtividade aumentada e saúde de seus colaboradores elevada.
Ressalta-se, ainda, que as adequações ambientais de trabalho devem ser feitas
de forma rotineira e individualizada, cobradas e fiscalizadas pelos órgãos a quem de
direito , a fim de que tenha certeza que a saúde laboral através da qualidade de vida do
trabalhador está sendo preservada, mais especificamente o caso em estudo, os que
108
ocupam o cargo de ajudantes de pedreiros da construção civil com o bem estar no
ambiente de trabalho e no recinto familiar
Á vista do exposto, conclui-se que esta pesquisa acende o interesse de realizar
futuras investigações, com campo de ação mais abrangente, visando analisar a
complexidade que o atual processo de urbanização motiva a corrida a novos
empreendimentos no setor da Construção Civil e, consequentemente,dentro dessa
ótica, causando agravos à saúde do trabalhador Com o levantamento de todas as
variáveis determinantes das doenças .que prejudicam a vida laboral do trabalhador e de
ações políticas governamentais interessadas com o problema em questão, é possível
encontrar soluções que visem contribuir para o avanço e fortalecimento do
conhecimento a respeito da qualidade de vida dos operários , em particular neste caso,
ajudantes de pedreiros,.melhorando assim, as condições de segurança e saúde dessa
classe trabalhadora.
109
REFERÊNCIAS
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116
ANEXO A: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DESCONFORTO CORPORAL
117
Escala de avaliação de desconforto corporal
Por favor, marque a região (segmento) do diagrama do corpo humano abaixo onde você sente desconforto/dor. Em seguida, tome como base a escala progressiva de desconforto/dor (abaixo) e assinale o número que você acha correspondente ao grau de intensidade sentido deste desconforto/dor (marque com um ✘ ou ✔). Por favor, mesmo quevocê não tenha tido problemas em qualquer parte do corpo, marque como o grau de intensidade "1" (nenhum desconforto/dor).
Intensidade
1
2
3
4
5
Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável desconforto/ desconforto/ desconforto/ desconforto/ desconforto/ dor dor dor dor dor
Escala progressiva de desconforto/dor
Tronco
1
Pescoço (0) 2 3 4
5
Costas-médio (3) 1 2 3 4
5
Região cervical (1) 1 2 3 4
Costas-superior (2) 1 2 3 4
5
5
Costas-inferior (4) 1 2 3 4
Bacia (5) 1 2 3 4
5
5
Lado esquerdo
Ombro (6) 1 2 3 4 5
Braço(8) 1 2 3 4 5
Cotovelo (10) 1 2 3 4 5
Antebraço (12) 1 2 3 4 5
Punho (14) 1 2 3 4 5
Mão (16) 1 2 3 4 5
Coxa (18) 1 2 3 4 5
Perna (20, 22, 24, 26) 1 2 3 4 5
Mapa de regiões corporais
Lado direito
Ombro (7) 1 2 3 4 5
Braço(9) 1 2 3 4 5
Cotovelo (11) 1 2 3 4 5
Antebraço (13) 1 2 3 4 5
Punho (15) 1 2 3 4 5
Mão (17) 1 2 3 4 5
Coxa (19) 1 2 3 4 5
Perna (21, 23, 25, 27) 1 2 3 4 5
118
APÊNDICES
119
APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO
Questionário de Avaliação: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.
Nome : ............................................................. Idade:.............Turno de trabalho:..............
Tempo de trabalho nesta atividade:
Tempo de trabalho na Empresa:
Em que Função:...................................................................................................................
Faz rodízio de função?.........................................................................................................
Em que postura trabalha?
( )sempre em pé ( )sempre sentado ( )alternando posturas
Tem Dupla Jornada ?
( )Sim ( ) Não
Já esteve afastado por algum problema de saúde?.....................................................
Qual?................................................Por quanto tempo?..............................................
Sente dor ? ( ) Sim ( ) Não
Esta dor está presente do período de trabalho? ( )Sim ( )Não ( )As vezes
Há quanto tempo?.......................................................................................
Em que região? (Faça um X na região que sente dor!)
Pescoço ( ) Ombros ( ) Coluna ( ) Pernas ( ) Braços ( ) Punho e Mão ( )
Se for em algum outro lugar, escreva qual: ................................................................
Com que freqüência sente esta dor ?
( ) todo dia ( ) de vez em quando ( ) raramente
Quando ela começa? ( ) no começo do dia ( )no meio do dia ( ) no fim do dia
Quando ela piora? .................................................................................................
Quando alivia?......................................................................................
Você se sente confortável na sua posição de trabalho? ( )sim ( ) não
Existe algum movimento que aumenta a dor? ( )sim ( )não
Se existe, qual é o movimento ou posição?......................................................................
A dor atrapalha seu trabalho na empresa? ( )sim ( )não
No final da Jornada de Trabalho, como você se sente?
( ) cansado ( )cansado e com dores ( )normal e sem dores
Faz alguma atividade física? ( )sim ( )não
Se faz, qual?......................................................................................
Obrigado!