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THOMAZ

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Thomaz / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine Schmidlin ; coordena-

ção de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na

Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 109)

Foco: LA-A-6/2006 Linguagens Artísticas

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-86-5

1. Artes - Estudo e ensino 2. Escultura 3. Assemblage 4. Ianelli, Thomaz

I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título

V. Série

CDD-700.7

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DVD

THOMAZ

Ficha técnica

Gênero: Documentário com depoimentos do artista e de outros.

Palavras-chave: Pintura; aquarela; xilogravura; assemblage;diálogo com a matéria; atitude lúdica; sistema simbólico; espa-ço expositivo.

Foco: Linguagens Artísticas.

Tema: A pintura, a aquarela, a gravura e as assemblages deThomaz Ianelli.

Artistas abordados: Thomaz Ianelli, Takashi Fukushima, Ma-ria Perez Sola (impressora), Fábio Magalhães (crítico de arte),entre outros.

Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.

Direção: Carlos Cortez e Denoy de Oliveira.

Realização/Produção: JPO Produções e Birô de Criação,São Paulo.

Ano de produção: 1993.

Duração: 20’.

SinopseO documentário apresenta o pensamento visual e o processocriativo desenvolvidos pelo artista plástico Thomaz Ianelli coma experimentação em linguagens diversas. A constante pesqui-sa, os estudos, a experimentação de Thomaz com a aquarela,a gravura e a reciclagem de materiais, como o ferro, mostramseu caminho poético. As transformações amadurecem ao lon-go do tempo no convívio com o ato criativo, o processo criativose repete na disciplina, mas não se repete na invenção. Comen-tários de outros artistas plásticos e críticos de arte comple-mentam a fala do artista.

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Trama inventivaFalar sem palavras. Falar a si mesmo, ao outro. Arte, lingua-gem não-verbal de força estranha que ousa, se aventura atocar assuntos que podem ser muitos, vários, infinitos, domundo das coisas e das gentes. São invenções do persis-tente ato criador que elabora e experimenta códigosimantados na articulação de significados. Sua riqueza: ultra-passar limites processuais, técnicos, formais, temáticos,poéticos. Sua ressonância: provocar, incomodar, abrir fissurasna percepção, arranhar a sensibilidade. A obra, o artista, aépoca geram linguagens ou cruzamentos e hibridismo entreelas. Na cartografia, este documentário é impulsionado parao território das Linguagens Artísticas com o intuito dedesvendar como elas se produzem.

O passeio da câmera

Nosso olhar é introduzido no documentário pela caligrafiade Thomaz, inscrita em tinta com seu pincel, e por imagensde suas pinturas em uma explosão de cores luminosas.Depois, nos aproximamos de seu pensamento e de sua his-tória, o vemos trabalhar com a aquarela, a gravura e comferro velho.

Da retrospectiva, ocorrida em 1992 no Museu de Arte de SãoPaulo/Masp, vemos as obras e ouvimos comentários do irmãode Thomaz, o artista plástico Arcangelo Ianelli, e de Fábio Ma-galhães, crítico de arte e diretor do museu na época, entreoutros. Ao final, vemos novamente a assinatura de Thomaz semisturando com a fluidez da água.

O foco deste documentário, alocado em Linguagens Ar-

tísticas, é revelar como Thomaz trabalha com elas. Ou-tros territórios, entretanto, podem ser visualizados nomapa potencial.

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material educativo para o professor-propositor

THOMAZ

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Sobre Thomaz Ianelli(São Paulo/SP, 1932 – São Paulo/SP, 2001)

A arte tem segredos para contar, mas ela só lhe conta através de

muito trabalho e muita perseverança.

Thomaz Ianelli

Com trabalho e perseverança, a produção de Thomaz é um ca-minho de síntese poética, como comenta Fábio Magalhães. Atri-bui ao gesto, por meio do traço, uma riqueza de pensamento,de reflexão sobre os problemas com os quais está tratando. Eleconsidera que a densidade pictórica é uma característica da obrade Thomaz, “um artista que não caminha dentro de tendênciasestabelecidas pela arte, mas questiona suas questões funda-mentais, no sentido da vida, da procura da essência do ser, aprocura na vida da luz interior uma visão positiva da vida”. Vaiem sentido contrário à arte que caminha no pessimismo, na cri-se, na morte.

A paixão pelas cores começa aos 16 anos, quando se encarre-ga de preparar a tinta para cartazes publicitários e é apelidadode “o tinteiro”. Nessa mesma época, freqüenta o ateliê de seuirmão mais velho, também artista plástico, Arcangelo Ianelli, e,em 1953, começa a estudar desenho com Angelo Simeone naAssociação Paulista de Belas Artes.

Em 1956, abandona completamente a publicidade e se dedicaexclusivamente à arte. Integra-se, 2 anos depois, ao GrupoGuanabara, participando de suas mostras coletivas. Expõe in-dividualmente em 1960.

Um prêmio o leva à Europa no ano seguinte e a muitas outrasexposições importantes, como as Bienais de São Paulo de 1961,1967 (Prêmio Itamaraty), 1975, 1987 e 1989. A retrospectivaorganizada pelo Masp em 1992, que vemos no documentário,ganha o prêmio de melhor exposição do ano, concedido pelaAPCA – Associação Paulista de Críticos de Arte.

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Há um certo caráter lúdico em sua produção. Um olhar que

vê o mundo, como diz Paulo de Tarso “com o alumbramento

de um recém-nascido que sabe que está nascendo”. Um

olhar atento e sensível que brinca com as formas, como umaescada ou uma cadeira, e as esconde por baixo da pintura dilu-ída, transparente. Diz ele1 : “a natureza e o que me rodeia sãosempre o alicerce da minha imaginação e quando ultrapassoesse estágio, tudo será mutável, flutuante, musical.”Pesquisador e estudioso atento, chega cedo ao seu ateliê, poisgosta de trabalhar com a luz natural. Seu “processo criativo serepete na disciplina, porém não se repete na invenção”. Assim,um dia pode estar refazendo um trabalho que começou em outromomento ou começando uma nova criação. O que importa é

estar convivendo com o ato criativo como acontecimento

que se renova ao comparar as coisas que faz com aquelas

já feitas e que amadurecem com o tempo, pois é necessá-

rio que a obra “amadureça e o artista deve ampará-la um

longo tempo antes de levá-la a público, antes de levá-la

aos críticos, antes de levá-la à luz”.

Nosso olhar, como o dele, deve aprender a viver o tempo daespera, o tempo do silêncio, o tempo de mergulho na delicade-za de suas luzes e cores, com trabalho e perseverança.

Os olhos da arteImpossível discutir uma obra no sentido da representação. Ela não

estaciona na sua provável aparência óbvia. Procuremos senti-la e ouvi-

la através de sua essência.

Thomaz Ianelli 2

Em meio a uma paisagem com muito verde e água, ThomazIanelli aparece no documentário como parte da própria nature-za. Vemos o pincel que se embebe de tinta lamber o papel emlinhas caligrafias ou em manchas. Frente à natureza, o que pin-ta Thomaz? Não vemos a paisagem transposta para o papel,mas poderemos “senti-la e ouvi-la através de sua essência”?

A natureza, como diz Thomaz Ianelli, é alicerce para sua imagi-

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nação. Mas o que lhe interessa é a busca da essência de umpensamento que se estrutura em formas, cores e massas, quese adensa com o passar do tempo. A figuração inicial se trans-forma nessa busca: “muitas vezes materializei minhas impres-sões em anotações garatujadas ou propositadamente impreci-sas, na procura da essência do desenho3 ”.

Podemos olhar um quadro como se ele fosse a paisagem vistapor uma janela. Porém, o que vemos não é a paisagem, masuma pintura feita de linhas, cores, massas, que nos falam deum modo singular. Falam conosco em seu silêncio e exigem denós um silêncio interno, sem preconceitos ou gostos estabele-cidos, para que nos aproximemos delas. Isso porque constitu-em uma linguagem não-verbal, uma linguagem visual.

O ser humano, desde seus primórdios, inventou as lingua-

gens para expressar e comunicar pensamentos, idéias,

sensações, emoções, vividos em momento de muita cla-

reza ou imersos em caos internos. Esses sistemas simbó-licos que se interpõem entre o ser humano e a realidade pos-sibilitam interpretações poéticas, que vão além de uma “re-produção” da realidade. Como diz Thomaz: “não acredito emfórmulas estéticas e sim em alargar cada vez mais o nossotipo de visão confrontativa4 ”. Desse modo, ele vive várias lin-guagens artísticas.

A linguagem da aquarela para Thomaz é “uma notação, uma

captação do movimento da luz, da fluidez e das coisas”,

que são transfiguradas dentro da natureza, na lição apren-

dida com os impressionistas. Para ele, a aquarela é a essên-cia que será desenvolvida em ateliê em uma outra técnica, emuma nova recriação, nunca readaptada ou copiada. Em seuprocesso de criação, ela lhe trouxe mais liberdade, uma outradimensão, um outro gesto, uma outra coloração propriamentedita com influências da pintura a óleo.

Com a linguagem gráfica, experimenta uma textura diversa,procurando na experimentação readaptar o sentido da cor, alinha, o volume do branco e negro. Depois de 5 a 6 anos traba-lhando a linguagem gráfica, começa a “soltar” cada vez mais

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sua linguagem. Para a impressora Maria Perez Sola, “trabalharcom Thomaz é como estar trabalhando com uma criança. Ébom!”. O lado lúdico, lírico e um tanto ingênuo transparecemem sua produção.

Encanta-se com as formas encontradas no ferro-velho e lixo,mas a produção ocorre na processualidade, na medida em

que vai se envolvendo com a pesquisa, com as formas, com

a fusão entre os elementos, com a composição, pois “não sabeo que vai acontecer”.A apreensão do universo de figuras informes que estruturam oespaço poético, nas várias linguagens utilizadas por Thomaz,ocorre no momento do encontro com sua produção artísticareveladora de encanto e poesia. Como disse o artista GustavoRosa, ao ver um Thomaz, percebe-se que “a pintura nunca vaimorrer, porque sempre vai ter o que se descobrir e o que pintar”.

O passeio dos olhos do professor

Antes de planejar a utilização do documentário, convidamosvocê a vê-lo, registrando suas impressões em um diário de bordoque funcionará como um instrumento para o seu pensar peda-gógico durante todo o processo de trabalho junto aos alunos.Uma pauta do olhar pode ajudá-lo:

Como você é impulsionado para as imagens deste documentário?Quais os encantamentos produzidos pelas cores?

O que é possível perceber do processo inventivo de Thomaz Ianelli?

Como se articulam as linguagens, aquarela e pintura a óleo,no trabalho de Thomaz?

Como você percebe o lúdico e a experimentação na produ-ção pictórica do artista?

O que seus alunos gostariam de ver neste DVD?

Este documentário traz contribuições para o conhecimentosobre linguagens artísticas? Em que aspecto?

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As suas anotações podem ajudá-lo a criar o seu próprio mapapotencial. Por onde você e seus alunos caminharão?

Percursos com desafios estéticosOs percursos e desafios sugeridos não são seqüenciais. Sãoapenas caminhos possíveis. Neste momento, a escuta atentaàs sensibilidades e percepções dos alunos é extremamenteimportante para a construção de um mapa de sentidos quepodem ser aprofundados e gerar novos encaminhamentos.

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

A observação da luz na natureza pode propiciar possibili-dades inventivas. Que tal perceber tonalidades, brilhos ecores no meio circundante da escola? É possível organizaruma expedição em um dia de sol para um lugar com vege-tação intensa, onde todos possam registrar as impressõescausadas pela incidência da luz solar na natureza. Anotemtodas as cores observadas e experimentem verificar se elassão as mesmas em um dia nublado. A conversa sobre asproduções pode ser iniciada com a exibição do docu-mentário a partir do momento em que Thomaz Ianelli estájunto à natureza.

Os objetos cotidianos, como cadeira, mesa, ou outros, po-dem estimular desenhos geradores de novas configura-ções. Desenhos com giz de cera, a partir de observaçãodesses objetos, podem fazer surgir novas configuraçõesplásticas, passando sobre o giz o nanquim preto (pó degiz de lousa pode ajudar para melhor aderência donanquim). Após a secagem, a superfície do suporte deveser raspada criando novos desenhos. O que é possívelver escondido sob as cores? A conversa pode continuarjuntamente com a exibição do documentário, especial-mente quando o artista comenta seu processo criativocom objetos cotidianos.

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpandoprocedimentos

suporte

natureza da matéria

poéticas da materialidade

tela, papel,matriz de madeiraprocedimentos técnicos inventivos,

experimentação, velatura

poética da transformação

Materialidade

ferramentas

pincéis, godê, goiva, prensa, solda,ferramentas não convencionais

materiais tradicionais (tinta à óleo, aquarela),pesquisa de materiais (ferro, lixo, etc.)

MediaçãoCultural

agentes

artista, crítico de arte, diretoro atode expor

espaço expositivo, contato com o público

Museu de Arte de São Paulo/Masp

espaços sociaisdo saber

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

cor, linha, textura,forma, luz, caligrafia

temáticas

relações entre elementosda visualidade

não-figurativa, abstrata informal

composição, movimento, harmonia,bidimensionalidade, tridimensionalidade

SaberesEstéticos eCulturais

política cultural bolsas de incentivo, prêmios

sistema simbólico linguagem para além daaparência, ser simbólico

Linguagens Artísticas

meios tradicionais

pintura, aquarela,gravura, xilogravura

objeto, assemblage

artesvisuais

meiosnovos

Processo deCriação

ação criadorapoética pessoal, gesto no traço, anotações.diálogo com a matéria, interpretação poética

ateliê, ferro velho, oficina,estudos em ateliê de outros artistas

projeto poético, a pesquisa em arte, investigação do próprio processo, arte como forma de pensar

ambiência de trabalho

produtor-artista-pesquisador-fruidor

atitude lúdica, percepção, imaginação, coleta sensorial,pensamento visual, repertório pessoal e cultural

potências criadoras

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A monotipia pode ser um bom começo inventivo para aapreciação do documentário. Como uma gravura de umaúnica (mono) impressão, a pintura deve ser feita numa placade vidro ou fórmica e depois impressa no papel deposita-do sobre ela. Esse registro também pode ser realizado apartir das formas da natureza, como, por exemplo, de fo-lhas que estejam caídas no pátio da escola. Passando tin-ta sobre elas e as pressionando no papel, criam-se com-posições. E o que aconteceria se estivessem trabalhandocom a xilogravura? O documentário pode ser então exibi-do, focalizando as experiências de Thomaz com a lingua-gem gráfica.

O que mais importa nessas ações é provocar os sentidos e asensibilidade perceptiva dos alunos para a compreensão daslinguagens artísticas, possibilitar a vivência de processos decriação e a percepção de que a linguagem singular de cadaartista é mais ampla e expressiva do que a técnica em si. Comoo projeto poderia prosseguir?

Ampliando o olharDas manchas, texturas, marcas, gestos e imprecisões con-tidas nas telas de Thomaz emergem figuras poéticas decrianças, bailarinas, animais e brinquedos que estruturamo espaço. A possibilidade de ver novamente as obras nodocumentário pode estimular o olhar a buscar imagens,como exercício e jogo de descobertas lúdicas. Anotaçõesdurante a exibição podem gerar novas idéias e pensamen-tos visuais.

A linguagem da pintura pode ser experimentada de formainventiva em um trabalho coletivo. Brincar com a tinta emformas expressivas, a partir de um gesto gerador, pode pos-sibilitar uma produção única e singular. Para isso, os alunosdevem escolher um tema inicial (bichos, brinquedos, baila-rinas) para cada grupo. Formados os grupos e estipulado otempo, estimule os alunos a criar gestos no traço sobre osgrandes papéis. Você pode ajudá-los colocando músicas com

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batidas diferentes para incentivar ritmos e movimentos di-versos. Desse modo, todos participam do processo criati-vo. O jogo pode continuar com sobreposições, escondendoo que está embaixo e recriando texturas e cores, ou recor-tando e colando os desenhos em um outro suporte e agre-gando novas informações visuais.

A aquarela tem uma especificidade que a difere de outrastintas. A transparência e fluidez fazem nascer texturas su-tis. É interessante perceber essas qualidades experimen-tando usar a aquarela sobre um papel grosso e com pincéismacios. Essa investigação pode ser incentivada por outrosdocumentários da DVDteca Arte na Escola5 .

A experimentação de outras linguagens pode ocorrer a par-tir da recriação de composições já realizadas. Depois deperceber e anotar as cores capturadas pelo olhar em suasaquarelas, os alunos devem procurar formas, sombras eoutros elementos para uma outra elaboração artística, numanova composição. A pintura em guache ou em tinta acrílica(para pintar parede, colorida por pigmentos) pode ser ex-plorada, evidenciando as diferenças da materialidade e suainfluência na criação.

Uma conversa sobre o processo de reciclagem de materiaisdiversos, a questão do lixo, orgânico e inorgânico, poderiaser o mote para uma elaboração plástica com materiaisrecicláveis. Caixas, garrafas plásticas, canos de borracha eoutros materiais poderiam se configurar em propostas in-ventivas. Em grupos, os alunos poderiam buscar formas in-teressantes e deixar que elas, a fusão de elementos e osvolumes dirijam os processos de criação. Desenhos de ob-servação podem ser feitos depois, sugerindo possibilidadespara novas proposições.

A leitura de pinturas de Thomaz Ianelli e de Iberê Camargopode provocar a percepção da utilização da textura como umelemento da linguagem visual. Como diz Takashi Fukushima,Thomaz não faz uma “pintura matéria”, com muita tinta, masincorpora ao óleo uma textura essencialmente fluida, tornan-

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do a tinta mais solúvel, mais aguada como se fosse umaaquarela. E Iberê Camargo? O que os alunos podem desco-brir experimentando qualidades das tintas?

O processo de impressão pode ser explorado, dando continui-dade às monotipias já sugeridas. Elas podem partir também decarimbos, como os feitos com matrizes de batatas. Para isso, ésó dividi-las ao meio e fazer, com um estilete ou tesoura semponta (depende da faixa etária dos alunos), formas que serãoentintadas e impressas sobre o papel. A observação das linhase cores, do contorno e das nuances da textura, precisa ser es-timulada por você, pois, assim, o olhar aprende a ver sutilezas.

Conhecendo pela pesquisa

A gravura é uma linguagem gráfica. A impressão não é feitacom aquarela ou com tinta a óleo. Para Thomaz, a experiên-cia gráfica, por meio da xilogravura, é um campo de pesqui-sa e estudo que acentua a linha, o volume do branco e ne-gro, igualmente importantes em sua produção poética. Se-ria possível visitar um ateliê de um gravurista? Ou mesmouma gráfica ou uma tipografia que ainda utilizam prensa?Uma visita planejada pode iniciar uma pesquisa sobre agravura e suas potencialidades?

O documentário apresenta Thomaz Ianelli em seu ateliê co-mentando o início do seu trabalho em uma agência de publi-cidade como “tinteiro”, ou seja, aquele que prepara as tin-tas para os cartazes publicitários. A pesquisa em sua cida-de sobre agências de publicidade pode levá-los a descobriroutros meios para a criação de cartazes, outdoors e propa-gandas comerciais. Se for possível, façam uma visita a umaagência e procurem conversar com o publicitário para com-preender o processo criativo da propaganda e as linguagensartísticas que utilizam.

A produção de Thomaz Ianelli perpassa pela figuração e aabstração, atuando no limite entre esses dois aspectos. Suaobra é repleta de figuras que se desvelam lentamente aos

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nossos olhos, seu gesto é pessoal, delicado e atemporal,revelando obras sempre a se descobrir. O que os alunospodem pesquisar sobre a figuração e a abstração presen-tes nas várias linguagens artísticas?

O espaço do museu é apresentado no documentário com aexposição de Thomaz Ianelli. Os alunos já visitaram um mu-seu ou uma galeria? Sabem o que é uma retrospectiva? Vocêpode organizar uma visita aos espaços culturais ou ateliêsde artistas. É muito diferente e especial o contato direto coma obra de arte. Mas, se não puderem fazer as visitas, veri-fique a possibilidade de trabalhar no laboratório de infor-mática de sua escola (se houver) e convide os alunos anavegar pela internet e acessar sites de museus.

Desvelando a poética pessoalComo disse Thomaz no documentário: “a arte tem segredos paracontar, mas ela só lhe conta através de muito trabalho e muitaperseverança”. Assim, desenvolver uma série de trabalhos, semproposições pré-definidas por você, permite a exploração livre,a busca de uma poética singular. Você pode acompanhar esseprocesso, nutrindo os alunos com imagens e idéias.

Amarrações de sentidos: portfólioVocê pode, com seu aluno, mapear os sentidos e caminhospercorridos com as linguagens artísticas, tendo como ponto departida este documentário. As impressões podem serregistradas desde o início do processo, criando um portfólio quepossibilite revelar os caminhos e descobertas compartilhadas.

A comparação “entre as coisas que se fez e que se faz”, comodiz Thomaz, pode gerar reflexões sobre as linguagens pessoaisinventadas e as percebidas nos trabalhos dos vários artistaspesquisados. Elas podem ser escritas em textos coletivos ouindividuais. Uma retrospectiva de todo o projeto também podeser planejada, incluindo as outras classes e a comunidade nasdescobertas dos alunos.

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Valorizando a processualidade

Ao final de todo o processo, será interessante verificar comoeste documentário colaborou com a sensibilidade dos alunospara as cores na natureza e para a presença de objetos cotidi-anos inseridos de forma lúdica e inusitada no espaço pictórico,além da experimentação de diferentes linguagens artísticas. Aleitura dos portfólios dos alunos e do seu diário de bordo podegerar novas perguntas e projetos.

Os mapas potenciais de outros documentários podem incenti-var novos projetos, aprofundando as linguagens artísticas oucaminhando para outros territórios.

GlossárioAbstração – termo utilizado para designar um objeto artístico ou uma for-ma de arte que não procura representar o mundo que nos rodeia. Aplica-se a qualquer expressão artística que não represente objetos reconhecí-veis especialmente do século 20, já que a idéia da arte como imitação danatureza foi abandonada. Fonte: O LIVRO da arte século XX. Lisboa:Editora Texto, 1996.

Assemblage – “Termo cunhado em 1953, por Jean Dubuffet, denotativode obras de arte elaboradas a partir de fragmentos de materiais naturaisou fabricados, como o lixo doméstico”. Volume construído em processo decolagem com diferentes materiais. Fonte: CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford

de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 32.

Diálogo com a matéria – o artista estabelece um relacionamento íntimoe tensivo com a matéria, manipulando e transformando-a. Nessa ação, háuma troca recíproca de influência, artista e matéria vão se conhecendo, sereinventando, conseqüentemente, artista e matéria são ampliados pelaação criadora. Fonte: SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processode criação artística. São Paulo: Fapesp: Annablume, 1998, p. 128.

Figuração – representação artística na qual se representam imagens re-conhecíveis do mundo que nos rodeia. Essas imagens podem ser minuci-osamente exatas ou profundamente distorcidas. O termo “arte represen-tativa” é utilizado como sinônimo de arte figurativa. Fonte: O LIVRO da

arte século XX. Lisboa: Editora Texto, 1996.

Gravura – linguagem artística que utiliza matrizes de madeira, metal, pe-

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dra, entre outros, como condutor de imagens. Possibilita a reprodução emsérie. Fonte: MARTINS, Itajahy. Gravura: arte e técnica. São Paulo. Fun-dação Nestlé de Cultura, 1986.

Linguagem pictórica – expressão singular do artista com a materialidadeda pintura por meio da composição, envolvendo elementos como cor, ges-to e forma. Fonte: DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. SãoPaulo: Martins Fontes, 1997.

Símbolo/sistema simbólico – é portador de significação e se caracteri-za pela versatilidade e não pela uniformidade. A linguagem verbal, a arte,o mito e a religião para o filósofo Cassirer (1874-1945) são parte do uni-verso simbólico construído pelo ser humano. Fonte: CASSIRER, Ernest.Ensaio sobre o homem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Velatura – “Camada transparente de tinta aplicada sobre alguma outracor ou sobre a base, de modo que a luz incidente seja refletida pela super-fície coberta e modificada pela própria velatura. O efeito da combinaçãode uma velatura com uma cor é diferente daquele resultante da mistura dedois pigmentos na pintura direta, pois a velatura confere uma profundida-de e uma luz especiais.” Diz-se também veladura. Fonte: CHILVERS, Ian.Dicionário Oxford de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

BibliografiaARAÚJO, Olívio Tavares de. Thomaz. São Paulo: Grifo, 1980.

GULLAR, Ferreira. A pintura pintura de Thomaz Ianelli. São Paulo: CotiaTrading, 1985.

LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: LogOn Informática, 1999. 1 CD-ROM sonoro.

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. TerezinhaTelles. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo:FTD, 1998.

MEIRA, Marly. Filosofia da criação: reflexões sobre o sentido do sensível.Porto Alegre: Mediação, 2003.

RICHTER, Sandra. Criança e pintura: ação e paixão do conhecer. PortoAlegre: Mediação, 2004.

Bibliografia de arte para crianças

CAÑIZO, José Antonio Del; GABÁN, Jesús. O pintor de lembranças. PortoAlegre: Projeto, 1995.

CANTON, Katia. O roubo do arco-íris: uma fábula sobre as cores. Il. LedaCatunda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

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MARTINS, Alberto; WEISS, Luise. Goeldi: história de horizonte. São Pau-lo: Paulinas, 1995. (Série olharte).

ROCHA, Ruth. Nicolau tinha uma idéia. São Paulo: Quinteto Editorial, 1995.

ZIRALDO. O menino mais bonito do mundo. São Paulo: Melhoramentos, 1986.

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 18 jan. 2006.

CAMARGO, Iberê. Disponível em: <http://iberecamargo.uol.com.br/default.asp>.

ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em:<www.itaucultural.org.br>.

IANELLI, Thomaz. Disponível em: <www2.uol.com.br/thomazianelli/>.

____. Disponível em: <www.pitoresco.com.br/brasil/ianelli2/ianelli2.htm>.

MONOTIPIA. Disponível em: <www.iar.unicamp.br/cpgravura/cadernosdegravura/>. Veja artigo de Louise Weiss no caderno nº 2,nov. 2003, parte 2.

MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO. Disponível em: <www.masp.art.br>.

MUSEU Internacional de colagem, assemblage e construção/México.Disponível em: <http://collagemuseum.com/index.html>.

Notas1 IANELLI, Thomaz. Figuração e interpretação. Disponível em:<www2.uol.com.br/thomazianelli>. Acesso em 18 jan. 2006.2 Ibidem.

3 IANELLI, Thomaz. Sobre o desenho. Disponível no site citado.4 IANELLI, Thomaz. A imaginária aparente. Disponível no site citado.5 Você pode buscar outras palavras-chave no mapa geral. Procure tam-bém os documentários de Rubens Matuck e Alberto Kaplan, entre outros.

Page 18: Créditos - Instituto Arte na Escola · sas, na procura da essência do desenho3 ”. Podemos olhar um quadro como se ele fosse a paisagem vista por uma janela. Porém, o que vemos