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PANCETTI: o marinheiro só

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmila Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Pancetti: o marinheiro só / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine

Schmidlin ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São

Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 112)

Foco: FC-A-3/2006 Forma-Conteúdo

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-7762-009-3

1. Artes - Estudo e ensino 2. Pintura 3. Salvador (Bahia) 4. Pancetti I. Schmidlin,

Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

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DVDPANCETTI: o marinheiro só

Ficha técnica

Gênero: Documentário a partir da exposição com o mesmo título.

Palavras-chave: Paisagem; planos; composição; geografia;natureza; pintura; observação sensível.

Foco: Forma-Conteúdo.

Tema: A vida e a obra de Pancetti.

Artista abordado: Pancetti.

Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.

Direção: Malu de Martino.

Realização/Produção: Museu de Arte Moderna, Recife; Mu-seu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro e Fundação Ar-mando Álvares Penteado, São Paulo (Exposição). FinalizaçãoBCP Imagens.

Ano de produção: 2000/2001.

Duração: 13’.

SinopseA partir da exposição Pancetti: o marinheiro só, realizada peloMuseu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA, em 2000, emparceria com o Museu Nacional de Belas Artes - MNBA/Riode Janeiro e Museu de Arte Brasileira da Fundação ArmandoÁlvares Penteado – MAB/FAAP/São Paulo, sob a curadoria deDenise Mattar, o documentário apresenta a vida e a obra des-se artista. As cores, o povo, o mar da Bahia de Todos os Santos– o mar de Salvador são retratados por Pancetti que, nos anos50, se apaixona pela cidade.

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Trama inventivaOnde se vê a forma, lá está o conteúdo. Kandinsky discute essaquestão de modo certeiro. Para ele, “a forma é a expressãoexterior do conteúdo interior”1 . A forma visual – linhas, volu-mes, cores,... e suas relações compositivas – é o meio pelo qualo artista dá ressonância, nos materiais, à sua idéia/pensamen-to e à emoção que quer expressar. A forma conjuga-se com amatéria por meio da qual se exprime, ligada aos significadosque imprimem cada artista, período ou época. Forma e conteú-do são, assim, intimamente conectados, inseparáveis,imantados. Aproximação deste documentário ao território For-

ma-Conteúdo da cartografia oferece acesso a vias de com-preensão para além do olhar analítico que separa a forma esté-tica do conteúdo tematizado.

O passeio da câmeraA sonoridade da música Cais, de Milton Nascimento e RonaldoBastos, interpretada pela voz de Caetano Veloso, as paisagensda Bahia e a arquitetura do Museu de Arte Moderna da Bahia– MAM/BA, em Salvador, nos colocam em sintonia com as obrasde Pancetti.

Os olhos da câmera mostram antigas imagens em preto e bran-co, na retrospectiva de cenas do artista pintando em seu cava-lete, a partir da observação da natureza, assim como cenas docotidiano do artista.

Depoimentos sobre a vida e trajetória artística do artista sãofeitos por Denise Mattar, curadora da referida exposição, porGilberto Chateaubriand, colecionador de arte, por Heitor Reis,diretor do MAM/BA e pelo Almirante Max Justo Guedes.

O documentário está alocado no território de Forma-Conteú-

do, focalizando a temática expressa de um modo singular pe-las relações formais criadas pelo artista. São vários, entretan-to, os territórios que podem ser percorridos e que você podevisualizar no mapa potencial.

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material educativo para o professor-propositor

PANCETTI – O MARINHEIRO SÓ

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Sobre Giuseppe Gianinni Pancetti(Campinas/SP, 1902 - Rio de Janeiro/ RJ, 1958).

Certa vez, não sei como, tive vontade de pintar aquilo quemeus olhos viram na louca carreira do mar

Pancetti

A vinda para a Bahia transforma a forma de perceber e pintardesse artista de origem humilde, filho de imigrantes italianos. Aos11 anos de idade, vai para a Itália com o tio a fim de melhorar acondição financeira da família, idéia que não tem sucesso naprática. Sua vida é marcada por uma pobreza que só se atenuaum pouco quando começa a vender suas obras nos anos de 1930.

Em 1920, volta da Itália para São Paulo, onde trabalha comopintor de paredes, dentre outros tantos pequenos serviços. Em1922, parte para o Rio de Janeiro, se alista na Marinha de Guerrado Brasil, para aí permanecer até 1946, quando se reforma comoSegundo Tenente.

A passagem pela Marinha marca toda sua obra pictórica, não

tanto pelas funções que desempenha nela como pintor de con-

vés, após ter estudado sobre tintas e preparo de superfícies,

mas principalmente pela sua grande paixão pelo mar.

Torna-se um autodidata, pois não freqüenta academia. Na Revo-lução de 1932, desenha uma cena de combate que presenciara,entre um navio e um avião, que é publicada, em seguida, no jor-nal A Noite, fato que de certa forma repercute no meio artístico.

O interesse pela pintura faz com que se matricule nas aulas doNúcleo Bernardelli, em 1933, tendo sido orientado pelo pintorpolonês Bruno Lechowski. Ali, convive com vários artistas, masnão permanece por muito tempo. Nesse mesmo ano, expõe pelaprimeira vez no Salão Nacional de Belas Artes, que lhe premiadiversas vezes nos anos seguintes. Em 1941, quando foi criadaa Divisão Moderna desse evento, ganha o prêmio de viagemao exterior, mas uma tuberculose o obriga a trocar o estrangei-ro pelo clima de campo de cidades como Campos do Jordão/

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SP e São João del Rei/MG, entre outras, cujas paisagens pas-sam a configurar em suas telas.

A sua estada na Bahia, a partir de 1950, é um marco na

sua trajetória artística, pois o colorido da paisagem pas-

sa a fazer parte de suas composições, especialmente omar baiano, além de Itapoã, anda também por Mata de SãoJoão, onde conhece uma musa que lhe inspira muitos traba-lhos. Em Mar Grande, pinta belas marinhas. Seu quarto depensão, na Ladeira da Barra, com vista para o mar, é hojeuma preciosidade, porque o pintor pinta paredes, janelas eportas, principalmente nos dias apaixonados de suasandanças baianas. Na véspera de sair, deixa, na parede, ummural. Hoje, o quarto é república de estudantes, mas as pin-turas de Pancetti estão preservadas.

A constante economia dos detalhes nas formas, fator que per-corre toda sua obra, alcança certa proximidade com a abstra-ção, quando falece, aos 56 anos. O documentário encerra-semostrando uma tela de Pancetti com foco em sua assinatura,nos convidando a conhecê-lo mais. Suas obras continuam a en-cantar, em importantes museus nacionais e internacionais, pro-vocando um olhar mais sensível sobre a paisagem brasileira.

Os olhos da arteQuando comecei a pesquisar Pancetti para fazer a exposi-ção dele, me chamou muito a atenção que a vinda dele paraa Bahia modificou completamente a obra dele. Ele recebe aquina Bahia, uma modificação de luz, de cor. As obras dele fi-cam muito mais leves. Aprofundando a pesquisa, descobri quea vida de Pancetti mudou. Ele ficou feliz aqui.

Denise Mattar

Um marinheiro. É assim que Pancetti se retrata. Nos auto-retratos, em geral, recusa a frontalidade, preferindo salientara expressão sombria, a cabeça e o busto, tratados com cuida-do geométrico, e os jogos de claro-escuro que estruturamessas composições.

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material educativo para o professor-propositor

PANCETTI – O MARINHEIRO SÓ

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Pancetti é um marinheiro que observa o mar e faz dele sua temáticapredileta, especialmente no encontro com o mar da Bahia, queprovoca fortes transformações na cor e na luz de seus trabalhos.

Há grande diferença entre as paisagens urbanas, pintadas nadécada de 40, em sua maioria realizadas em cores escuras, compredominância de tons ocres e marcadas por grande melanco-lia. Nelas, o artista revela interesse pelas obras de Paul Cézannee Henri Matisse2 , especialmente pela identificação temáticadesses artistas e pelo tratamento que dão à forma, à cor e àluz, elementos também fundamentais na obra de Pancetti.

As marinhas são a fase mais conhecida de sua produção, nelasse refletem a experiência de marinheiro e o amor pelos diver-sos recantos do litoral. Depois, pinta a cidade de Salvador earredores: a Praia de Itapoã, o Farol da Barra e a Lagoa doAbaeté. Esta última é representada em muitos quadros, quetêm como tema o contraste entre as águas escuras, a areiabranca e os tecidos coloridos das lavadeiras.

Seus quadros são concebidos com grande simplificação formal,se aproximando da abstração nas últimas obras. Utiliza, emalguns deles, linhas em ziguezague e diagonais que percorremo espaço pictórico, com temas cotidianos, como as humildescasas de pescadores, a areia branca do mar, árvores, canoascoloridas, pessoas na praia, o mar, entre tantos outros, quemostram a essência verdadeira de Pancetti.

Mas, o que vê o pintor frente à paisagem? O mundo, a paisagemsão recriados pelo artista, pois, como diz o historiador e críticoGombrich3 , “o artista não pode transcrever o que vê. Pode

apenas traduzi-lo para os termos do meio que utiliza”. E ainterpretação poética do que vê é assim recriada:

As características e relações que o lápis é capaz de captardiferem das que o pincel reproduz. Sentado diante de seu mo-tivo, com o lápis na mão, o artista procura, então, aquelesaspectos que pode representar em linhas – como costuma-mos dizer, numa abreviação desculpável, ele tende a ver oseu motivo em termos de linhas, ao passo que, com pincel,ele o vê em termos de massas4 .

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Sãos as massas, os planos que se sucedem, as cores e for-

mas, a composição, utilizadas pelo artista que marcam a in-

terpretação poética da paisagem de Pancetti. As questões

formais se ajustam ao motivo de sua pintura, em estreita

vinculação entre forma e conteúdo. A paisagem nos “fala” pelalinguagem dos elementos da visualidade e suas relações.

Olhar as paisagens marinhas criadas entre as tempestades deTurner, a imensa onda de Hokusai, a impressão do nascer dosol sobre as águas de Monet ou as paisagens de Rugendas,Evandro Jardim, Zimmermann, Guignard, presentes naDVDteca Arte na Escola, pode revelar como o olhar singular decada artista se coloca frente à paisagem, recriando-a por meiodos elementos da visualidade e suas relações.

O passeio dos olhos do professor

A leitura do documentário, antes do seu planejamento, é im-portante para que você possa registrar suas impressões compalavras, desenhos ou textos. Para isso, um diário de bordo seráo instrumento de seu pensar pedagógico, que pode ser iniciadocom a pauta do olhar que oferecemos:

O documentário provoca novas questões?

Quais as relações entre forma e conteúdo, na obra dePancetti, que podem ser percebidas no documentário?

As temáticas de Pancetti se conectam com o contexto dosalunos? Em que aspecto?

O que as imagens das obras e da natureza, presentes nodocumentário, podem gerar nos alunos?

O que chamaria a atenção de seus alunos? Algumestranhamento?

Para você, qual o foco de trabalho em sala de aula que podeser desencadeado pelo documentário?

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material educativo para o professor-propositor

PANCETTI – O MARINHEIRO SÓ

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Suas respostas podem sinalizar significativas proposiçõeseducativas, capazes de gerar um mapa de conteúdos a serempropostos. O que você gostaria que seu aluno estudasse a partirda obra de Pancetti?

Percursos com desafios estéticosAlgumas proposições pedagógicas são aqui sugeridas, porém,não há uma ordem a ser seguida. Olhos e ouvidos atentos po-dem perceber interesses e necessidades dos alunos e transfor-mar, recriar ou inventar projetos provocados pelo documentário.

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

Paisagens de sua cidade podem ser lembradas por seus alu-nos – mar, rio, cachoeira, campo, flores, parque, etc. Elespodem também desenhá-las diretamente. A conversa sobreesses desenhos abre o espaço para verem o documentáriode Pancetti e sua relação com a paisagem baiana. De queforma o artista representava, por meio da pintura, o mar, aspessoas, a natureza? Qual o tratamento dado à luz, à cor, àcomposição em suas produções? Quais os aspectos da rela-ção forma-conteúdo que podem ser explorados?

A leitura de algumas obras de Pancetti pode gerar conver-sas sobre as temáticas: marinhas, campo/vegetação, flo-res, árvores, personagens, etc. A análise desses aspectose as relações com formas, cores e composição preparampara que vejam o documentário e pensem em possibilida-des de estudo e produções a partir dele.

Com lápis e papel na mão, os alunos podem apreciar odocumentário, anotando o que chama a atenção em relação aoselementos visuais utilizados por Pancetti. Peça para que perce-bam também quais artistas foram importantes em sua vida.

As sugestões apresentadas podem gerar outras, com a inten-ção de convocar os alunos para assistirem ao documentário,

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

MediaçãoCultural

espaços sociais do saber

o ato de expor

formação de público

agentes

Museu de Arte Moderna/Bahia

curador, colecionador

relação público e obra, educação do olhar

espaço expositivo, desenho museográfico

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

massa, superfície, forma,cor, luz, planos, espaço

relações entre elementosda visualidade

ritmo, composição,economia de formas,profundidade

temáticasfigurativa: retratos,paisagem, vida cotidiana

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

política cultural

modernismo brasileiro

prêmios, bolsas de estudo

Linguagens Artísticas

artesvisuais

música

meiostradicionais

pintura, desenho

MPB – música popular brasileira

Processo deCriação

ação criadora

potências criadoras

poética pessoal, interpretação poética,arte como experiência de vida

observação sensível, pensamento visual,repertório pessoal e cultural, leitura de mundo

ateliêambiência do trabalho

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciasda natureza

ecologia, meio ambiente, natureza

cidades, geografia

arte e ciênciashumanas

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despertando novos fatos, idéias e sentidos para a reflexão sobreas relações entre forma e conteúdo. Tudo isso faz sentido sem-pre que, após a exibição, uma conversa leve à socialização daapreciação do documentário, animada pelas ações expressivasanteriores e pelas problematizações possíveis para a continui-dade do projeto.

Ampliando o olhar

Um olhar de pesquisador pode ser introduzido de modoinstigante e divertido em uma expedição realizada na pró-pria escola ou nas redondezas. O desafio é criar desenhosde observação que procurem ângulos inusitados ou a sim-plificação de planos, percebendo a geografia do lugar. Umregistro fotográfico pode também ser feito, para que osalunos percebam a qualidade diversa das duas linguagens,as escolhas de ângulos e composição, o modo como as for-mas são expressas, assim como o olhar singular de quemfotografa e de quem desenha.

As diferenças entre o desenho e a pintura podem serinvestigadas no estudo da linha, do desenho e, também, dassuperfícies e da pintura. Uma pintura não é um desenho co-lorido. As massas de cor é que determinam os planos. Re-ver o documentário, percebendo as diferenças entre osdesenhos e as pinturas, pode gerar a criação de dois pai-néis – um em desenho e outro em pintura, para melhor des-tacar os aspectos observados.

Sugira que a sala se divida em dois grandes grupos: um grupofará a experiência de explorar as nuances de cor por meioda superposição de linhas, criando texturas, planos, formas,utilizando lápis de cor, giz de cera ou nanquim, colorido oupreto e branco. O outro grupo explorará as nuances de corpor meio de massas de cor em pinturas chapadas, criandotexturas (com guache, pintura látex com pigmentos, etc.)ou superpostas (se for utilizada tinta aquarela). Após a re-alização das produções, a análise pode revelar as diferen-

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ças formais entre os dois trabalhos, destacando os proces-sos e procedimentos, desde a escolha de materiais e supor-tes até a construção final.

Uma produção coletiva em sala de aula pode ser realizada,iniciando pela escolha de cada aluno por uma temática,imprimindo a ela uma determinada qualidade, por exemplo:uma marinha em pleno sol, regada pela alegria de viver deturistas em férias ou de pescadores, depois de farta pesca-ria, ou uma marinha em meio à tempestade, com a sensa-ção de tristeza, medo ou ainda desesperança. De que modoos elementos formais, como cor, forma, luz, composição,podem gerar significados? Leituras durante o percurso deconstrução dos painéis podem salientar aspectos relacio-nados às questões formais e aos significados desejados.

Os retratos são constantes na obra de Pancetti. Muitosapresentam composições simplificadas, com poucos elemen-tos. O artista representa-se também, e com certa freqüên-cia, como trabalhador manual, resgatando sua origem hu-milde. Reproduções de retratos e auto-retratos e outrosdocumentários com essa temática ampliam o olhar para veras questões de forma-conteúdo conectadas com o contex-to de tempo, lugar e linguagem.

Conhecendo pela pesquisaPara melhor conhecer Pancetti, você pode sugerir aos alu-nos que busquem maiores informações em sites na internet,nas bibliotecas públicas e especializadas, e em outras fon-tes possíveis. Com essas informações, os alunos podem criartrabalhos plásticos, somando palavras, imagens e produçõespessoais. Mais importante que as informações recolhidas,é o modo como elas são compreendidas pelos alunos.

Haverá em sua cidade ou bairro outros artistas que traba-lham, em suas poéticas, com a temática da água – mar, rio,lagos? Os alunos podem entrevistá-los, fotografá-los, co-nhecer seus percursos de criação.

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A linha de horizonte é uma marca importante em muitaspaisagens. Olhar as pinturas de linhas de horizonte de AmeliaToledo, presente na DVDteca Arte na Escola, e compararcom as de outros artistas, como Rugendas e Eckhout, podeiniciar uma pesquisa. Outra motivação interessante é o frag-mento de uma história5 em que um homem sai a perguntar:“quem é que estica a linha do horizonte?” e pensa:

Linha da mão, linha do mar,

linha do trem, do telefone e do teleférico também.

Linha reta das florestas de eucalipto,

linha torta das galinhas catando milho,

linha branca das roupas no varal, linha dos carros,

ao longo de um canal, linha da chuva na vidraça,

a esquina (que são duas linhas cruzadas),

linha dos dentes numa boca, das letras num jornal.

Linha de bananas numa penca, linha das praias no litoral,

linha lá longe nos navios, linha da vela,

(também chamada de pavio), linha das pedras no cemitério,

linha aérea, linha de crédito,

linha do esqueleto sob a pele,

linha dos guindastes no cais do porto.

Linha do Equador, linha dos trópicos

linha amarela no meio do asfalto,

linha azul no fundo das piscinas...

Afinal, horizonte, pra que serve sua linha?

Uma pesquisa sobre a paisagem, como uma temática muitopresente em obras figurativas, pode trazer à tona novasquestões sobre o uso dos elementos da visualidade emdiferentes contextos de tempo, lugar e vida de cada artis-ta pesquisado.

Em qual, ou quais lugares da cidade os alunos se sentem àvontade? Por quê? Quais lembranças esses lugares desper-tam? Essas questões podem despertar pesquisas sobreesses lugares. Assim como Pancetti, que com suas produ-

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ções artísticas resgatava lugares, objetos, pessoas, que cer-tamente tinham um significado especial em sua vida, osalunos podem pesquisar e buscar diferentes modos deapresentá-los. Poderão utilizar o corpo, a música, a foto-grafia, o desenho, a pintura, a narração, etc.

O que é uma trilha sonora? Como as músicas de MiltonNascimento e Ronaldo Bastos – Cais (cantada por Caeta-no Veloso), e de Dorival Caymmi – Canto de Nanã, Quem

vem pra beira do mar, Saudade de Itapoá e Adalgisa (can-tadas por Jussara Silveira) compõem o documentário, am-pliam significados? A problematização sobre a trilha sonorapode levar a novas questões para pesquisas.

Desvelando a poética pessoal

A compreensão dos elementos da visualidade e suas conexõescom a construção de qualquer produção artística podem serprovocadas por uma série de trabalhos feitos por cada aluno.Para isso, eles podem escolher uma temática ou elementos davisualidade. Um pequeno texto sobre o que descobriram sobreas questões de forma e conteúdo deve acompanhar a série decada aluno.

Amarrações de sentidos: portfólio

Que tal propor aos alunos, desde o início desta proposição pe-dagógica, que organizem um portfólio? Toda produção artísti-ca, texto escrito, fotografia, enfim, tudo o que realizaram naprocessualidade do projeto comporá o portfólio, escrevendotambém o que foi mais significativo para cada um, e o que es-tudaram sobre a relação forma e conteúdo, além das dificulda-des encontradas.

Uma idéia bem interessante é, ao final do projeto, organizar umseminário para que os alunos (individualmente ou em grupos)apresentem seus portfólios e, coletivamente, possam refletirsobre seus processos de ensino e aprendizagem.

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Valorizando a processualidadeCriar um portfólio é, para você também, um desafio interes-sante. Sugerimos que você monte o seu, organizando o diáriode bordo, registrando as suas experiências e as de seus alu-nos. A análise dos portfólios dos alunos será uma ótima refe-rência para perceber o que foi mais significativo para eles?

E você? O que descobriu neste percurso? O que você gostariade repetir com outras turmas? O que precisa ser revisto?

Você poderá, ainda, encontrar na DVDteca Arte na Escolaoutros documentários que seriam ótimos complementos dealgumas questões levantadas. Fica aqui o convite!

GlossárioComposição visual – pode-se dizer que é o “arranjo”, o “diálogo” entre osdiferentes elementos visuais de um determinado objeto. Segundo Ostrower,a composição dos elementos se dá basicamente por semelhanças e porcontrastes; pela tensão espacial – ritmo; e pelas proporções. Fonte:OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.

Cor – elemento de grande apelo visual. As relações entre as cores criamum contexto colorístico que determina o valor exato de cada cor. Cadanova relação cria novo contexto que implica na percepção de tonalidades(mais claras ou mais escuras, mais ou menos saturadas), das “temperatu-ras” cromáticas (quentes e frias), de tensões espaciais (cores que se ex-pandem, se aproximam, se afastam, contrastam entre si). Assim, a corsempre dependerá do conjunto em que é vista, ou seja, a mesma cor podedefinir o espaço de maneiras diferentes. Fonte: OSTROWER, Fayga. Uni-

versos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.

Curadoria – “Em tese, o curador de qualquer exposição é sempre o pri-meiro responsável pelo conceito da mostra a ser exibida, pelas escolhasdas obras, da cor das paredes, iluminação, etc. No entanto, para que suasidéias viabilizem-se de maneira satisfatória no espaço de exposição, éfundamental o diálogo intenso com outros profissionais que atuem na ins-tituição onde ocorrerá a mostra, sempre no sentido de tornar possível, narealidade do espaço disponível, os conceitos que aquele profissional tempor objetivo apresentar”. Fonte: CHIARELLI, Tadeu (coord.). Grupo de

estudos em curadoria. São Paulo: Museu de Arte Moderna, 1998, p. 12.

Elementos visuais, da visualidade – constituem a substância básica daqui-lo que vemos. São a matéria-prima de toda informação visual em termos de

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material educativo para o professor-propositor

PANCETTI – O MARINHEIRO SÓ

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opções e combinações seletivas. Dão eles: o ponto, a linha, a forma, direção,o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. Fonte: DONDIS,Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Forma – elemento da visualidade que organiza, ordena e estrutura. Ela incor-pora o conteúdo de tal modo que se torna uma só identidade. Qualidades visu-ais, como rotundidade ou agudeza, força ou fragilidade, harmonia ou discordância,implicam em compreensões diversas de conteúdos sustentados pelas formas.Mudando-se a forma, transforma-se também o conteúdo, pois há uma equiva-lência entre elas. Fonte: ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psi-cologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira: Thomson Learning, 2002.

Luz – a luz vai além da causa física do que está sendo visto. A luz nosdeixa ver a forma, a cor, o espaço ou o movimento. Do ponto de vista psi-cológico, ela é uma experiência humana fundamental. Fonte: ARNHEIM,Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. SãoPaulo: Pioneira: Edusp, 1980.

BibliografiaLEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log

On Informática, 1999. 1 CD-ROM sonoro.

___. José Pancetti (1902-1958): marinheiro, pintor e poeta: pinturas e de-senhos. São Paulo: Pinakotheke, 2003.

OSTROWER, Fayga. Universos da arte. 24.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

PILLOTTO, Silvia S. D.; SCHRAMM, Marilene de L. K. (org.). Reflexões

sobre o ensino das artes. Joinville: Ed. Univille, 2001.

SALZSTEIN, Sônia; ROELS JR., Reynaldo (org.). O moderno e o contem-

porâneo na arte brasileira: coleção Gilberto Chateaubriand - MAM-RJ.São Paulo: Masp, 1998.

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Institu-to Walther Moreira Salles, 1983.

Bibliografia de arte para crianças

AMARAL, Aracy; TORAL, André. Arte e sociedade no Brasil. São Paulo:Instituto Callis, 2005. 3v.

BANYAI, Istvan. Zoom. Rio de Janeiro: Brinque-Book, 1995.

DEL CAÑIZO, José Antonio; GABÁN, Jesús. O pintor de lembranças. PortoAlegre: Projeto, 1995.

MANGE, Marilyn Diggs. Arte brasileira para criança. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MARCHAND, Pierre (org.). A criação da pintura: tintas, pincéis e super-fícies: a história do material artístico. São Paulo: Melhoramentos, 1994.(As origens do saber).

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MARTINS, Alberto; WEISS, Luise. Goeldi: história de horizonte. São Paulo:Paulinas, 1995. (Série olharte).

MATUCK, Rubens. Cadernos de viagem. São Paulo: Terceiro Nome, 2003.

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 04 dez. 2005.

CÉZANNE, Paul. Disponível em: <www.atelier-cezanne.com/anglais/visites.htm>.

ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em:<www.itaucultural.org.br>.

LECHOWSKI, Bruno. Disponível em: <www.pr.gov.br/mon/exposicoes/brunolech.htm>.

MATISSE, Henri. Disponível em: <www.artnet.com/artist/11322/henri-matisse.html>.

___. Disponível em: <www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/index.html.

PANCETTI, José. Disponível em: <www.pitoresco.com/brasil/pancetti/pancetti.htm>.

___. Disponível em: <www.artenaescola.org.br/livros_detalhe.php?livro=17>.

___ e NÚCLEO BERNARDELLI. Disponível em: <www.mac.usp.br/pro-jetos/seculoxx/modulo2/modernidade/eixo/bernadelli/pancetti/index.html >.

TURNER, Will iam. Disponível em: <www.tate.org.uk/servlet/BrowseGroup?cgroupid=999999998>.

Notas1 KANDINSKY, Wassily. Sobre a questão da forma. In: ___. Olhar sobre o

passado. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 118.2 Paul Cézanne (1839-1906) foi, com Gauguin e Van Gogh, o maior dospós-impressionistas e uma das figuras-chave do desenvolvimento da arteno século 20. Henri Matisse (1869-1954), que também usufruiu as liçõesimpressionistas, buscava na cor e na forma os elementos de suas pintu-ras, desenhos e colagens.3 GOMBRICH, Ernst H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da repre-sentação pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1986, p. 28.4 Ibid., p. 56.5 MARTINS, Alberto; WEISS, Luise. Goeldi: história de horizonte. n.p.

Page 18: Créditos - Instituto Arte na Escolaartenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_103.pdf · A partir da exposição Pancetti: o marinheiro só, realizada pelo Museu de Arte Moderna