cosmozine # 8 rosana ricalde - a beleza e a verdade

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rosana ricalde a beleza e a verdade

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O Cosmozine #8 "A beleza e a verdade", mostra individual de Rosana Ricalde, texto de Sheila Cabo.

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Page 1: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

rosana ricaldea beleza e a verdade

Page 2: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

o fio de ariadne / 2011rolo feito com tiras do livroas mil e uma noites30x30x30cm

Page 3: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

De segunda a sexta, das 10 às 19 horasSábados, das 11 às 16 horasShopping Cidade CopacabanaRua Siqueira Campos, 143Sl. 32 (galeria) e Sl. 80 (acervo)Copacabana – Rio de Janeiro+55 21 [email protected]

Diretores ArtísticosFelipe Barbosa e Rosana Ricalde

Diretor ExecutivoÁlvaro Figueiredo

Gerente GeralRoberta Alencastro

AtendimentoBruno Monnerat

Acervo e TransporteTeresa Gonçalves

Assuntos GráficosLin Lima

ElencoAlex TopiniEdgar OrlainetaFelipe BarbosaGeraldo MarcoliniHugo HouayekLeila Danziger Leo AyresLin LimaLouise D.D.Marta NevesMônica Rubinho Murilo MaiaRafael AlonsoRodrigo OliveiraRosana RicaldeSidney Philocreon

A R T E C O N T E M P O R Â N E A

Page 4: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

vizinhança incomumsheila cabo geraldohistoriadora e crítica de arte, professora do programa de pós-graduação em artes da UERJ, editora da revista concinnitas e presidente da associação nacional de pesquisadores em artes plásticas.

As fábulas de As mil e uma noites, narradas por Scheherazade, constroem o

mapa quadrangular do labirinto com que Rosana Ricalde abre esse ensaio.

Assim como no desenho do labirinto, também na imagem subsequente o texto

forma o novelo de O Fio de Ariadne − como aquele que, na mitologia grega, a

filha do rei Minos oferece a Teseu para que o grego não se perca no labirinto

de Creta e vença o Minotauro. As linhas do mapa e os fios do novelo são

efetivamente trechos recortados e emendados da coleção de contos populares

do Oriente Médio e do sul da Ásia, cuja ardilosa narradora é capaz de vencer

a truculência pela força da narrativa e pelo envolvimento nas tramas do texto.

Diante dessa intrigante associação feita por Rosana entre o labirinto e os tra-

dicionais contos, impõe-se a pergunta sobre a ordem dessas aproximações. Se

a inteligência perspicaz da esposa do rei das terras orientais e a imaginação

de Ariadne se identificam enquanto capacidade estratégica na desigual batalha

pela sobrevivência, na primeira, e pela liberdade, na segunda, o que é essa

aproximação no trabalho que Rosana vem desenvolvendo nos últimos anos?

A princípio se poderia concluir que aquilo que constrói essa aproxi-

mação passaria, necessariamente, pela negação de um certo pensamento

dedutivo, afirmando-se como estrutura que propicia randomicamente diferen-

tes caminhos para a construção de sentido. Assim é que se apresenta como

forma-objeto essa esfera-novelo-de-Ariadne cujos trechos, de impossível lei-

tura linear, se enrolam, encadeados na pura aleatoriedade, como a ordem

de vizinhança incomum da enciclopédia chinesa descrita por Borges, a que

Foucault se refere em As palavras e as coisas, não por acaso um livro que

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também foi cortado em tiras e remontado na forma de cubos, deixando à

mostra trechos de frases e palavras, que se juntam no acaso de um jogo de

dados, como na poesia de Mallarmé. Também nas plantas-labirintos, de esca-

la quase gigantesca, as diminutas frases delicada e precisamente recortadas

do livro de contos orientais − por si só uma compilação de narrativas que

vêm sendo transformadas por sucessivas traduções e publicações −, enca-

deiam-se na pura lógica dos próprios contos, ou seja, naquela em que, como

percebeu Walter Benjamin, um texto chama o outro, que chama o outro, indo,

assim, além do texto e construindo, na tessitura labiríntica da narrativa, o

envolvimento capaz de amainar toda e qualquer ânsia de destruição, seja

decorrente da incapacidade de superação de frustrações do marido-rei ou

da mítica impossibilidade da desobediência aos deuses. Rosana faz, nessa

ordem de descontinuidade e fluxo, avizinharem-se as trajetórias entrelaçadas

do labirinto e as da narrativa sem fim do conto oriental, construindo ela tam-

bém uma narrativa entrelaçada, sem fim e assintática. É assim que uma frase

chama outra, que chama outra. Mas também um labirinto chama outro, que

chama outro. É assim, ainda, com as plantas traçadas com frases recortadas

do livro As cidades invisíveis, de Italo Calvino, como foram com os “fabulo-

sos” mapas das viagens de Marco Polo, mas também com os muitos mapas

celestes e infindáveis mapas dos mares e correntes marítimas, em que os

nomes tomam o lugar do não lugar das águas em movimento; afinal, como

escreve Foucault sobre Borges, onde senão na linguagem essa aproximação

de não associáveis é possível?

capa - s/ título / 2011desenho de conchas sobre

papel pintado 21 folhas100cm de diâmetro

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a beleza e a verdade / 2003prumo de pedreiro cromadoonde foi gravada de um lado a palavra beleza e do outro a palavra verdade.3x3x8cm

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Walter Benjamin percebeu que os contos compilados de Scheherazade têm a

estrutura que ele descrevera quando estudou a narrativa barroca, ou seja, um

não acabamento essencial, que os coloca em consonância com a narrativa

aberta. Para Benjamin, é assim que os contos concentram uma plenitude de

sentido, que possibilitam uma profusão ilimitada de associações, um movi-

mento infi nito, que também é um perene ativar da memória, voluntária ou

involuntária. No livro de Calvino, que Rosana também corta em tiras, Marco

Polo é o narrador que conta a Kublai Klan histórias sobre cidades que supos-

tamente rememora. Sobre Zora escreve:

Essa cidade que não se elimina da cabeça é como uma armadura ou um retículo em cujos espaços cada um pode colocar as coisas que dese-ja recordar: nomes de homens ilustres, virtudes, números, classifi cações vegetais e minerais, datas de batalhas, constelações, partes do discurso.

Como um processo também rememorativo, Rosana refaz com o discurso re-

cortado de Calvino os mapas das cidades das quais certamente quer guardar

algo: Lisboa, Atenas, São Paulo, Nova York, Rio de Janeiro. Mais do que re-

lembrar o que viveu, entretanto, apresenta em suas plantas rendilhadas das

cidades concretas, visíveis, como as próprias cidades, os espaços vagos a

preencher com as experiências, as memórias, os desejos de cada um, espa-

ços que, como em Proust, desordenadamente e em fl uxo, são as zonas invi-

síveis de cada cidade. Rosana constrói, assim, para além do discurso utópico

de Marco Pólo, verdadeiras cidades heterotópicas.

Page 8: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

atrás da liberdade / 2010dicionários de diversas épocas e idiomas onde a palavra liberdade foi retirada – e com essas palavras retiradas foi feito um desenho.

Page 9: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

sem título / 2011desenho sobre papel pintado

21 folhas

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Page 11: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

sem título / 2011série de pinturas redondas sobre

madeira - mapas celestes imagináriosdiâmetros :30cm / 40cm/60cm

70cm/80cm/90cm/100cm

Page 12: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

sem título / 2011série de pinturas redondas sobremadeira - mapas celestes imaginários

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Page 14: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

as mil e uma noites / 2009labirinto feito com tiras do livro as mil e uma noites.colagem sobre papel.150x150cm

Page 15: Cosmozine # 8 Rosana Ricalde - A beleza e a verdade

a invenção da solidão / 2001livros de diversos autores que em algum momento tratam da solidão

abertos em caixa de madeira com tam-pa de vidro, desenhos automáticos são feitos sobre o vidro, deixando a mostra

apenas o trecho que fala da solidão.

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os 7 mares, 2010fotografias da areia de 7 praias, utilizando moldes infantis para fazer esculturas na areia.20x30cm cada foto

conchas, 2010desenhos de conchas em diversas

cores sobre papel vegetal sobreposto, montagem em backlight.

50x100cm

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sem título / 2011desenho de conchas sobre papel pintado

21 folhas

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Rosana RicaldeNiterói - RJ 1971Reside e trabalha em Rio das Ostras, RJ - Brasil

Formação

Bacharel em Gravura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - Escola de Belas Artes

Exposições individuais

2011 A Beleza e a Verdade - Galeria Cosmocopa, Rio de Janeiro;

O Llivro das Questões - Baró Galeira, São Paulo.

2009 O Navegante - Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro;

Mundo Flutuante - Galeria Baró Cruz, São Paulo;

O Percurso da Palavra - Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/CE;

Palavras Compartilhadas - SESC São Paulo, SESC Pernambuco, SESC Paraíba, SESC Tocantins.

2008 Palavras Compartilhadas - SESC Paraná, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Ceará e Brasília;

Mar de Papel - Galeria 3+1, Lisboa/Portugal;

2007 Cidades Ocultas - Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro;

Jardines Móviles (parceria com Felipe Barbosa) - La Casa Del Lago - Universidad Autônoma de

México, Cidade do México/México;

2006 Todos os Nomes - Galeria Amparo 60, Recife/PE;

Horizonte Azul - Galeria Mínima, Rio de Janeiro.

2005 Móvel Mar - Galeria Casa Triângulo, São Paulo;

Poesia DES-Regrada - Castelinho do Flamengo, Rio de Janeiro;

2004 Palavra Matéria Escultórica - Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói;

Programa de Exposições Centro Cultural São Paulo, São Paulo;

Exercício da Possibilidade - Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo;

2003 Casa de Cultura da América Latina, Brasília/DF;

Insola(R)ções - Solar Grandjean de Montigny, Rio de Janeiro;

2002 Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho - Castelinho do Flamengo, Rio de Janeiro;

2001 Vento Contentamento - Galeria do Centro de Artes UFF, Niterói;

Verba Volant, Scripta Manent - Espaço Maria Martins, Rio de Janeiro.

Últimas coletivas

2011 ‘MAPPAMUNDI’ - Museu Colecção Berardo;

Ya sé leer - Centro de Arte Contemporaneo Wilfredo Lam La Havana - Cuba;

2010 Arsenal - Galeria Baró, São Paulo;

3°Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça para as artes plásticas - MAM RJ, MAC USP;

O Lugar da Linha - MAC Niterói, Rio de Janeiro;

Novas Aquisições 2007-2010 Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ;

2009 Obra Nome - Cavalariças Parque Lage - Rio de Janeiro;

Nova Arte Nova, Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo;

2008 O Contrato do Desenhista - Plataforma revólver, Lisboa/Portugal;

Entre Oceanos / 100 Anos de Aproximação entre Japão e Brasil - Memorial da América

Latina, São Paulo;

Sessão Criativa Brasil / Japão 2008 - Museu Municipal de Kawasaki, Kawasaki/Japão;

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Superfícies Minimales - Galeria Goran Govorcin Contemporary, Santiago de Compostela/Espanha;

Nova Arte - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo;

V Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, São Tomé/São Tomé;

Eko Susak 2008 / Festival Internacional de ecocultura, Ilha de Susak/Croácia;

Parangolé: Fragmentos desde los 90 en Brasil, Portugal y España - Museu Pátio

Herreriano, Valladolid/Espanha;

2007 Entre a Palavra e a Imagem - Museu da Cidade de Lisboa - Portugal / Centro Cultural Vila Flor,

Guimarães/Portugal;

Novas Aquisições 2006-2007 Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro;

2006 Entre a Palavra e a Imagem - Fundação Luis Seoane, A Coruña/Espanha;

Primeira Pessoa - Itaú Cultural, São Paulo;

10 +1 Geração da Virada - Instituto Tomie Othake, São Paulo;

Um Século de Arte Brasileira - Coleção Gilberto Chateaubriand - Pinacoteca do Estado de São

Paulo, São Paulo - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro;

É Hoje/Mostra da Coleção Chateaubriand - Santander Cultural, Porto Alegre/RS;

2005 In site 05 - trienal internacional (em parceria com Felipe Barbosa), San Diego/Estados Unidos //

Tijuana/México;

Limite como potência - MNBA, Rio de Janeiro;

Homo Ludens - Itaú Cultural, São Paulo;

Amalgames Brésiliens - 18 artistes contemporains du Brésil - Musée del L’hôtel-Dieu de Mantes-la

Jolie, Mantes-la-Jolie/França;

Projéteis de Arte Contemporânea - FUNARTE, Rio de Janeiro / Carreau du Temple - Espaço Brasil,

Paris/França;

2004 Trienal Poligráfica de San Juan, San Juan/Porto Rico;

Perfil de uma coleção - coleção Randolfo Rocha - Centro Cultural Usiminas, Belo Horizonte/MG

Coletiva do Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo, São Paulo;

2003 MAD 03 - 2° Encontro Internacional de Arte Experimental de Madri (trabalho em parceria com Felipe

Barbosa) Madri/Espanha;

Palavra Extrapolada - Mostra SESC Latinidades - Sesc Pompéia, São Paulo;

Ponto de fuga || Área livre - Memorial da América Latina, São Paulo;

Palavras + - SESC Copacabana, Rio de Janeiro;

Repentes Visuais - Mostra SESC Latinidades, São Paulo.

Residências Artísticas

2008 São Tomé e Príncipe - V Bienal de Arte e Cultura;

Ilha de Susak, Croácia - Eko Susak;

2005 Roterdam, Holanda - Perambulações.

Prêmios

Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça - III edição.

Coleções públicas

Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro;

Coleção Fundação Patrícia Phelps de Cisneiros;

Coleção Museu de Arte moderna Aluísio Magalhães MAMAM - Recife PE;

Coleção Sesc Nacional.

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Shopping Cidade CopacabanaRua Siqueira Campos, 143 – Slj. 32 (galeria) e Slj. 80 (acervo)

Copacabana – Rio de Janeiro (estacionamento no local)+55 21 2236-4670 – [email protected]

A R T E C O N T E M P O R Â N E A

www.cosmocopa.com