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Maggio - Agosto 2015 - n 5-8, 2015 - Filiale di Roma, Italy - Tassa pagata - Taxe Perçue - Mensile, anno XLVI - Sped. 2. comma 20/c, legge 662/96 - Poste Italiane S.p.a.- spedizione in abbonamento postale - D.L. 353/2003 - (Conv in L. 27/02/2004 n. 46) Art. 1, comma 2 DCB C OSMO C OSMO BOLLETTINO DEL CENTRO DELLE COMUNICAZIONI DELL’ORDINE DEI SERVI DI MARIA BULLETIN OF THE CENTER FOR COMMUNICATIONS OF THE SERVITE ORDER 30 nov, 2014 – 2 feb, 2015 Anno di Vita Consacrata

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B COSMOCOSMOBOLLETTINO DEL CENTRO DELLE COMUNICAZIONI DELL’ORDINE DEI SERVI DI MARIAB U L L E T I N O F T H E C E N T E R F O R C O M M U N I C AT I O N S O F T H E S E R V I T E O R D E R

30 nov, 2014 – 2 feb, 2015

Anno di Vita Consacrata

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Frati Servi di Maria Friars Servants of Mary

Monache Serve di Maria Contempletive Servite Nuns

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Maio - Agosto 2015 COSMO 5-8

E D I T O R I A L

No ano da Vida Consagrada, em 28 denovembro de 2014, o papa Franciscoescreveu uma carta apostólica aos con-sagrados. É uma carta que apresentade maneira simples, clara e profunda asituação da via consagrada hoje e quenos exorta a projetar um futuro cheio devida. A vitalidade é identificada em ex-pressões como: seguimento apaixo-nado e alegre de Cristo, radicalidadeevangélica e profética, a espiritualidadeda comunhão, tes-temunho do primadode Deus, dinamismo apostólico rumo àperiferia existencial, cultura do encontroe dimensão intercultural. Três são osobjetivos prioritários que o papa Fran-cisco propõe aos consagrados e àsconsagradas para sentirem-se realiza-dos em sua vocação: primeiro, “olhar opassado com gratidão”, para manterviva a própria identidade, sem fe-charos olhos diante das incoerências; o se-gundo é “viver o presente com paixão”,assu-mindo o evangelho na sua pleni-tude e com espírito de comunhão; e oterceiro “abraçar o futuro com espe-rança”, sem desanimar diante das difi-culdades que se encontram na vidaconsagrada e da crise de vocações.Não cedam – adverte papa Franciscodirigindo-se aos mais jovens - à tenta-ção dos números e da eficácia, e menosainda a de confiar exclusi-vamente emsuas forças. Esses objetivos devemlevar os consagrados a abrir-se comcon-fiança e com fé para as “periferias”dos nossos dias, para testemunhar aprioridade de Deus e do seu amor.

O que espera o Papa deste Ano deGraça? Ele mesmo indicou cinco expec-tativas que devemos refletir e viver nãosó nesse ano especial, mas ao longo danossa história exis-tencial. Devemos serfermento, sal e luz no mundo de hoje.Devemos testemunhar o Evangelho comalegria e firmeza e acordar o mundo comnossa radicalidade evangélica no segui-mento de Cristo. É um tempo oportunopara revitalizar nossa identidade caris-mática e a vida fraterna, nosso compro-misso comum da missão voltada para asnovas periferias existenciais da humani-dade e para a necessidade urgente dereformar estruturas comuni-tárias, admi-nistrativas e pastorais.

Como Servos de Maria, precisamos unsdos outros para recompor o tecido danossa reali-dade atual. Tudo isso acon-tecerá se formos capazes de olhar comesperança os horizon-tes que se abrem,comprometendo-nos a compreender asdinâmicas do mundo global ho-diernoem vista de um futuro muito diferente.Esse número de COSMO foi compostocom a colaboração do secretariadogeral de Forma-ção Permanente. Apre-sentamos aqui as experiências de vá-rias pessoas que, em diferen-tesambientes de sua vida cotidiana, vivema vida consagrada na Ordem dos Ser-vos de Maria.

frei Rhett M. Sarabia, OSMsecretário geral de Formação

Permanente

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Maio - Agosto 2015 COSMO 5-8

O C A M I N H O D O S S E R V O S D E M A R I AN O A N O D A V I D A C O N S A G R A D A

I N T R O D U Ç Ã O

Nestes últimos anos tem-se falado da crise da vida consagrada provocadapor um mundo sempre mais secularizado. Essa crise é bastante evidente nohemisfério setentrional, em-bora se possa pensar que, finalmente, ela se es-tenderá a outras partes do mundo. O sinal mais evidente dessa crise é, porum lado, a diminuição descontrolada do número de ho-mens e mulheres re-ligiosas e, por outro, a percepção da irrelevância da vida religiosa. Alémdisso, tal crise manifesta-se não só na Igreja que está se tornando cada vezmais policêntrica e global, mas também no processo de ocidentalização emcurso no interior da Igreja.

Será que se pode pensar num processo de extinção? Nas últimas décadastambém nossa Ordem vem enfrentando uma gradual diminuição do númerode frades e seu envelhecimento nas comunidades da Europa da América doNorte e, ao mesmo tempo, constata-se o aumento do número de vocaçõesno hemisfério sul. A Ordem está mudando de fisionomia. Do ponto de vistaétnico e cultural, estamos diante algo que nunca aconteceu antes em nossahistória.

O C A M I N H O D O S S E R V O S D E M A R I A

Nossa história começa em 1233 em Florença. Era o centro de todo o grandecomércio in-ternacional da época. Era, ao mesmo tempo, lugar de fermenta-ção de muitos grupos religi-osos que tinham em comum o apelo à pobreza eà penitência. Nesse clima, nossos Primei-ros Pais tomam a decisão de aban-donar suas famílias, atividades e profissão e se retiram para levar vida em

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comum na penitência, pobreza eoração. Uma vida centrada em Deuse na doação aos outros, e uma es-colha nitidamente contrária à culturavigente e que se co-loca como sinalcontra o valor absoluto da economiae do materialismo.

A fama de sua santidade difundiu-selargamente e muitos outros pedirampara juntar-se ao seu grupo. Muitosficaram famosos artistas, arquitetos,teólogos, filósofos, historiadores,cientistas, missionários, cardeais eadvogados. Até o presente séculomuitos tiveram a co-ragem de seguiros mesmos passos que nossos Pri-meiros Sete Santos Pais decidiramtri-lhar.

O fato de a Ordem ter-se difundidoem tantos países e continentes éuma bênção. Isso nos possibilitaconhecer em primeira pessoa as ex-periências dos nossos irmãos e acomplexi-dade da vida humana. Vi-vemos numa sociedade que mudoue continua mudando e se apresentacom muitas facetas: pluralista, mul-ticultural, pós-moderna, pós-cristã,globaliza-da, plasmada pelos meiosmodernos de informação e pela tec-nologia das comunicações, produ-

tora de novas formas de pobreza.Estamos assistindo a um fenômenosócio-cultural e eclesial muito com-plexo e extensivo que influi na nossavida e no nosso testemunho reli-gioso, colocando-nos em situaçãocrítica. Isso se manifesta através devários sintomas, alguns dos quaissão preocupantes: diminuição do in-gresso de candidatos, aumento dassaídas, envelhecimento dos frades,instituições próprias demasiada-mente pesadas, ativis-mo excessivoe, às vezes, estressante das pes-soas que dirigem as obras, enfra-quecimen-to da vida comunitária, dafraternidade e da vida espiritual, fre-quentes problemas econômicos,preocupações com o futuro.

A situação hodierna nos mete medoe gera um clima de resignação. Nasvisitas canônicas nas quais acom-panhei o Prior Geral nestes oito anosdo meu mandato de conselheiro ge-ral, constatei esse clima negativoexistente em nossas comunidades,principalmente nas jurisdições maisantigas. Percebi também em algunsfrades um raio de esperança, em-bora reconheçam a gravidade da si-tuação atual. Papa Francisco afirmaque “a esperança não se baseia em

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números ou em obras, mas naqueleno qual colocamos a nossa con-fiança”. E acrescenta: “Esta espe-rança que não decepciona epermitirá à vida consagrada de con-tinuar a escrever uma grande históriano futuro, para o qual devemos voltarnosso olhar, conscientes de que épara ele que nos impele o EspíritoSanto para continuar a fazer em nósgrande coisas”.

É uma situação existencial que nosquestiona continuamente e quesupõe uma mudança radical emnossa maneira de ver a pessoa hu-mana em todas as suas relaçõescom o mundo e com Deus. Tal mu-dança de mentalidade nos leva a umnovo paradigma. O pre-sente servepara avaliar nossa fidelidade aoEvangelho e às Constituições, mastambém o nosso compromisso mis-sionário e a adequação da nossaresposta às necessidades da Ordem,da Igreja e do mundo. É o momentooportuno para escutar com atençãoas inspi-rações do Espírito Santo e,ao mesmo tempo, para discernir asexigências dos desafios da atuali-dade a fim de implementar planos eestratégias para o futuro.

O C A M I N H O AP E R C O R R E R E

A carta do papa Francisco nos mos-tra algumas expectativas a seremconsideradas neste ano de graça davida consagrada. Somos hoje convi-dados a ser fermento que faz fer-men-tar a massa da nossa realidadee a ser dom e presença viva e pro-fética no mundo e na Igreja. Deve-mos ser capazes de fazer destacrise existencial uma ocasião decrescimento onde os germes da vidaestão nascendo.

1. Uma v ida sempr econt ra a cu l tura

As pessoas consagradas são a me-mória viva do modo de ser e de agirde Jesus, de sua obediência, po-breza e castidade. Vivemos numcontexto histórico, cultural e socialno qual os conselhos evangélicosnão são valorizados e menos aindacompreendidos. Por exem-plo, aobediência é vista como oposiçãoaos direitos fundamentais da pes-soa humana, à liberdade pessoalde decidir e de alcançar a própriaautonomia. A castidade é vista

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como privação do bem do matrimô-nio e renúncia de ter ao lado umapessoa com quem comparti-lhar osvários momentos da vida. A po-breza é menos valorizada aindanum mundo que elevou à categoriade bens supremos o bem-estar e odinheiro. Isso leva a pensar que apobreza seja tido como um mal aser superado.

É evidente que esta vida centradaem Deus e posta a serviço dos ou-tros é claramente “contra a cultura",é um sinal que se opõe ao valor ab-soluto do dinheiro e do materialismo,ao hedonismo, ao individualismo e atoda forma de autoritarismo. Esta éa grande luta que devemos enfrentardiariamente. Devemos acordar omundo – diz o papa Francisco – e vi-ver a profecia da escolha da vidaque sempre professamos. Sejamoscomo uma sentinela que vigia du-rante a noite e que sabe quandochega a aurora (cf. Is 21, 11-12),capaz de perscrutar a história emque vivemos e de interpretar osacontecimentos que se manifes-tam.

Ao mesmo tempo, devemos recon-hecer que, mesmo no interior danossa realidade cotidi-ana, nem

sempre sabemos como viver anossa vocação de vida consagrada.Alguns dizem que já não se vive hojeuma vida de testemunho como sevivia no passado e que os jovensnão sabem bem o que seja a vidaconsagrada. Muitos se queixam deuma formação precá-ria, enfatizandoque os jovens não vivem o “sensusordinis.” Mais do que nunca a vidaconsagrada deve evitar o desperdí-cio de energias em críticas internase ideológicas e viver de maneiramais positiva e alternativa, que éabertura ao verdadeiro pluralismo,reconhe-cendo que o Espírito operade muitas maneiras para construir aIgreja e para fazer crescer a vida dosnossos povos. Nosso carisma en-carna-se hoje de muitas formas emdiferentes culturas e gerações, em-bora se mantenha fiel às inspiraçõesoriginais. Ele deve fazer ger-minar asemente da nova sociedade, se-gundo o projeto do Reino de Deus,e de um novo modo de ser Igreja.Penso que cada frade é o carisma eexpressão específica da nossaOrdem ao longo da nossa história naIgreja e no mundo.

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2. Rumo a uma nova Reest r uturação

Para que a animação da Ordem seja autêntica, há necessidade urgente dereformar estru-turas, simplificá-las e fazê-las funcionar. Trata-se das estrutu-ras comunitárias, administrati-vas e pastorais. As estruturas atuais não res-pondem mais como nosso passado e será preciso repensar nossaorganização e serviços.

Algumas províncias levaram a sério sua reestruturação, a partir da décadados anos Oiten-ta, quando perceberam o fenômeno de uma profunda mu-dança no tecido sócio-cultural e eclesial da sociedade moderna. As dificul-dades para levar a província a dialogar e a tomar decisões concretastrouxeram poucos resultados e provocaram conflitos profundos entre a lea-dership e alguns frades. Ainda hoje continuam abertas algumas feridas dopassado.

O processo de reestruturação da Ordem deveria ter em conta os seguintesaspectos: criar uma visão comum e desenvolver estratégias para realizá-la;é essencial incluir no processo todos os membros; instaurar uma comunica-ção eficaz, regular, crível e objetiva é a chave para obter êxito; criar atividadescomuns para manter o entusiasmo durante o processo de transição; no pro-cesso da nova reestruturação das províncias, devemos tomar nossas de-ci-sões em base às capacidades reais dos frades, tendo em conta as limitações;pedir ajuda às jurisdições emergentes (Ásia, África, etc.) para uma futura co-laboração; e, ao encami-nhar a nova restruturação, não se devem esqueceras jurisdições mais novas em vias de crescimento, ajudando-as a ser fiéisao espírito fundacional e carismático e, ao mesmo, tempo, sustentando-aspara que se consolidem estruturalmente e financeiramente. Tal ori-entaçãomanterá o equilíbrio no interior da nossa Ordem.

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3 . C r ia r f r ate r n idadepar a desper ta r a espe -rança

Nossas Constituições descrevem aimportância de promover comunida-des autenticamente fraternas queirradiem amizade, respeito, igual-dade, amor, perdão, correção fra-terna, cola-boração e trabalho deequipe.

Papa Francisco sugere que sejamosabertos “inter-intra-extra” como estilode vida religio-sa. Um “networking”no qual a comunhão e o encontroentre comunidades, carismas e vo-cações diferentes se torna caminhode esperança. Ninguém constrói ofuturo isolando-se, mas sim na ver-dade da comunhão que sempre seabre ao encontro, à escuta e à ajudamútua. Já existe em várias provín-cias da Ordem um processo de cola-boração em vários setores. Alémdisso, o papa Francisco nos recordaque nossas comunidades se tornamsempre mais internacionais. Porisso, devemos fortalecer a vida co-munitária e aprender a acolher as di-ferenças culturais e espirituais dosfrades. É uma realidade que está setor-nando praxe nestes últimos anos.

O papa faz votos que este Ano daVida Consagrada seja ocasião parauma colaboração mais estreita entreas várias comunidades – tambémentre igrejas diferentes – no acolhi-mento dos refugiados, na aproxima-ção dos pobres, no anúncio doEvangelho e na inicia-ção à vida deoração. Já existem alguns projetosnos quais vários institutos religiosostra-balham juntos para responder adeterminadas necessidades existen-ciais e de periferia.

Na carta ao consagrados e consa-gradas o papa Francisco não es-quece o importante papel dos leigosque, junto com os consagrados,compartilham seu ideal, espírito emissão. Criar fraternidade significatambém realizar uma missão com-partilhada com os leigos. Escreve opapa que em cada família religiosaestá presente a família amplificada,a “família carismá-tica”, que abrangetambém cristãos leigos que se sen-tem chamados a partilhar da mesmarealidade carismática. O encontroreal com os leigos no campo da mis-são e da vida, da ação e da espiri-tualidade, se transformará emcaminho e processo de revitalização

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e de esperança. Tal encontro exigepassos diferentes: colaboração, par-ticipação e pertença. O CapítuloGeral de 2013 nos dá algumasorientações a respeito (cf. nº 40, Co-munhão na Família Servita).

4 . Nossas pe r i fe r iasex is tenc ia is

Papa Francisco nos exorta insisten-temente a ir ao mundo inteiro ondea humanidade toda espera por nós:pessoas sem esperança que bus-cam o sentido da vida, pessoasabando-nadas, doentes e anciãos,jovens desesperados.

Ele nos lembra em sua carta que de-vemos deixar-nos interpelar peloEvangelho. Não bas-ta ler o Evan-gelho, não basta meditá-lo. Jesuspede que o ponhamos em prática,que vi-vamos suas palavras. Nãobasta ser espertos em teologia bí-blica ou ser bons operários na vinhado Senhor se não somos capazes depôr em prática aquilo que anuncia-mos. Somos exortados a rever o pri-mado da Palavra em nossa vida; seela é de fato um guia seguro ao qual

recorremos todos os dias e que, umpouco por vez, nos fará semelhantesao Mestre. A escuta e a meditaçãoda Palavra de Deus deve levar-nos aresponder criativamente às novasformas de pobreza. Isso nos anima adizer e mais ainda a realizar o quenos sugere a voz do Espírito quesofre e grita em nós e nas realidadessofridas da nossa história.

Nossa esperança no futuro baseia-se na luta para envolver-nos com aspessoas e com o mundo. Muitos fra-des mostram estar com medoquando procuram compreender acomple-xidade do mundo atual. Cus-tam a escutar a voz de Deus no cla-mor dos migrantes, dos doentes,dos anciãos e dos jovens. ComoServos de Maria estamos conse-guindo identifi-car quais são as nos-sas periferias existenciais?

5. Os “novos” jovens : onosso p r esente e fu -tu ro

Todo capítulo vicarial, provincial egeral de todos os tempos dedicaalgum artigo à anima-ção vocacional

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e exorta frades e comunidades a as-sumirem seu dever de despertarvoca-ções para a Ordem. Em toda aOrdem, segundo estatísticas do anopassado, temos 380 jovens em for-mação, embora sejam poucos osformandos no hemisfério setentrio-nal. Faz anos que se constata acrise de vocações para a vida con-sagrada. Além disso, nota-se umadiminuição do número de jovens emnossas paróquias e capelas. Ondeestão nossos jovens? Por que as pa-róquias nas cidades e nas periferiasestão vazias de jovens? Por que fal-tam jovens dispostos e atraídos paraa vida consagrada? O que é que di-ficulta a comunicação com os jo-vens? Quanto tempo devemos aindaesperar para que termine este “in-verno” vocacional? De onde virão asnovas vocações? São algumas per-guntas que nos interpelam hoje.

a. Jovens do “sexto conti-nente”

Existem dois mundos, onde os nos-sos jovens vivem e ao redor dosquais vagueiam, e sua existência seentrelaça paralelamente: o mundoreal e o mundo virtual. Hoje, em mui-tos países, o primeiro contato com o

mundo virtual começa na idade pré-escolar no interior da família. Exis-tem e encontram-se ainda famíliasem que as pessoas ainda se sentamà mesma mesa e passam juntos mo-mentos de convivência, mas a dinâ-mica da socialização já mudou.Cada um vive no seu mundo com otablete ou o celular na mão, estãojuntos, mas dispersados e separa-dos pelo tempo. Percebe-se hojeque “as instâncias que tradici-onal-mente influenciavam a socializaçãodos jovens (família, escola ou Igreja)não são mais pontos fortes de refe-rência. A cultura jovem se fez autô-noma”.(RINO COZZA, Nella societàdell'informazione. Come parlare aigiovani di Vita Consacrata, in "Testi-moni", 7/2010, p. 9-11.)

O conhecimento da realidade jápassa quase exclusivamente atravésda mediação dos meios de comuni-cação social. Para muitos jovens, omundo virtual é o lugar onde se sen-tem seguros e livres para expressar-se sem medo de ser julgados. Hoje,as vocações, além de ser iniciativade Deus, surgem como consequên-cia de uma mediação cultural pro-fundamente nova que atraiprincipalmente os jovens de hoje.

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Este é o mundo digital, cha-madotambém de sexto continente, quepromove novas antropologias enovas maneiras de pensar.

b. Jovens do “arco-íris”

O Departamento das Nações Uni-das para Assuntos Econômicos eSociais (UN-DESA) di-vulgou emsetembro de 2013 os últimos dadosatualizados sobre o fenômeno mi-gratório de nível mundial: 232 mil-hões de migrantes. Cerca de 59%deles vivem nas regiões ao Nortedo mundo. Em alguns países daEuropa, os estrangeiros residentesque têm visto de per-manência pormotivo de trabalho, de asilo políticoe de estudo, ou por motivos religio-sos ou familiares, ou então já pos-suem visto permanente, podemmanter e reconquistar a unidadefamiliar. Nós estamos recebendovocações que provêm deste seg-mento da sociedade. Os “novos”jovens frades da Itália virão da se-gunda geração de filhos dos imi-grantes que nas-ceram e cresceramaqui como fruto da recomposiçãofamiliar.

c. Jovens adultos

Faltam jovens no mundo ocidentale as famílias com mais de dois fil-hos são raras. E os filhos são mui-tas vezes disputados e crescemcercados de excessos de carinhose vicia-dos até além da maioridade.Fala-se cada vez mais amiúde e

com certa apreensão na cri-se devocações na Itália, mas, paradoxal-mente, os que procuram orientaçãovocacional, principalmente adultos,encontram enormes dificuldadespara chegar às instâncias de aco-lhida e de formação católica. Nes-tes últimos anos, as vocações vêmtambém deste seg-mento social:jovens adultos buscam o sentidoda vida, muitas vezes provêm deuma pro-funda experiência de con-versão, de busca do sagrado, deuma espiritualidade que dese-jamviver, de uma busca de modelos dereferência, etc. Alguns deles nãofrequentam nos-sas igrejas ouestão longe da realidade eclesial.Nossas comunidades têm condi-ções de acolher estes jovens adul-tos que continuam a bater à portado nosso convento? Somos capa-zes de discernir e acompanharestas novas vocações? Temos fra-des dispostos a de-dicar seu tempoe energias para este fim?

Conclusão

Tem futuro a vida consagrada?Veja o que escreveu João Paulo II,no início do terceiro milênio, naexortação pós-sinodal Vita Conse-crata: “Vós não tendes apenas umahistória gloriosa para recordar epara contar, mas uma grande his-tória para construir! Olhai para o fu-turo, para o qual o Espírito vosprojeta para fazer convosco grandecoisas” (nº 110). Mas, como cons-truir um futuro se ao nosso redor

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tudo está mudando e custamos a re-conhecer a mudança de mentalidadena nossa sociedade moderna? Quefuturo tem a vida consagrada nestaassim-chamada “sociedade líquida”?

Como Servos de Maria não podemosdeixar-nos condicionar por estes “pro-fetas de desventuras” que falam deextinção iminente da vida consagrada.Pode ser que estejamos atravessandoum inverno rigoroso. Isso depende dalatitude. Se olharmos a natureza,aprenderemos um ensinamento muitosignificativo para nossa vida. A natu-reza nos ensina que a raiz vivemesmo no inverno. Não é uma esta-ção de esterilidade e de morte, masantes um novo concentrar-se dos ele-mentos essenciais da vida que possaflorescer, reflorescer e produzir fruto.O papa Francisco recomenda quecontinuemos nosso caminho con-fiando em Deus.

frei Rhett M. Sarabia, OSMsecretário geral de Formação

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EXPERIÊNCIA DE UMFRADE DA ORDEM

A a le g r ia de ser Ser vode Santa Mar ia comofrade le igo

«Há mais alegria em dar do que emreceber» (At 20,35). Esse “dito” deJesus registrado por Lucas nosAtos dos Apóstolos e que não estános outros evangelistas, chegouaté nós de modo quase fortuito. Noentanto, apesar de sua “pobreza”,é uma Palavra que muitas vezesguiou os meus passos cambalean-tes neste último decênio e que eusinto como ver-dade que sempreconsegue sintetizar em si o sentidoda minha vida de frade. Sim, é ver-dade: toda vez que, com generosi-dade, consegui fazer da minha vidauma doação ao ou-tros, fui tomadode profunda alegria, ao passo quetodas as vezes – e são tantas –

que retive para mim os dias que meforam dados como dom, tenho ex-perimentado tristeza e insatisfação.

Mas o que é o frade, perguntei-metantas vezes. O frade é aquele quese faz irmão de to-dos, superandoas diferenças culturais e religiosas,respondi a mim mesmo. Todavia, sehoje não é sempre fácil explicar avocação de frade, mais difícil aindaé explicar a vocação do frade leigo,infelizmente incompreendido atépor alguns confrades. Creio quecompre-ender uma vocação – qual-quer uma – seja também desejá-la.Por isso, apesar das boas inten-ções, ninguém de nós é capaz decompreender até o fim a vocaçãodo outro, se for diferente da própriavocação. É uma história de amor e,como toda história de amor, não seexplica, mas se vive. De resto, oEvangelho não faz mistério disso:Jesus, falando da vocação matri-

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monial, diz: «Nem todos são capa-zes de entender isso, mas só aque-les a quem é concedido» (Mt19,11). Portanto, para além danossa compreensão, o que pode-mos e devemos fazer é não frear afantasia de Deus, não tentar supe-rar superficialmente nossa incom-preensão, liquidando a vocação dooutro como sendo vocação de “se-gunda classe”, quando não indignade ser vivida. Trata-se, com efeito,de uma dificuldade legítima – assimo diz também Jesus no Evangelho-, mas que foi traduzida em pala-vras que ma-chucam, principal-mente quando pronunciadas porquem deveria compartilhar contigoos mesmos ideais. Lembro o diá-logo entre dois frades que viam avocação do frade leigo só comofalta de alguma coisa: “Este é umdaqueles que não querem ser pa-dres”, disse um ao encontrar-se co-migo. «Que bobagem», respondeu

enfaticamente o outro. E foram em-bora rindo. Todavia, apesar de tudo,também a incompreensão podetransformar-se na alegria que pro-vém da doação, e na doação daprópria vida em Cristo de forma tãogratuita que chega a não ser com-preendida.

Diz o papa Francisco na carta aosconsagrados: «Onde há religiosos,há alegria». No que me toca, se euconseguir transmitir um pouco dessaalegria, devo-o principalmente à fra-ternidade autêntica vivida nas comu-nidades por onde passei. Para serbreve, cito duas apenas: Monte Se-nário onde fui acolhido e Merge-llina-Nápoles, onde atualmente meen-contro. Em ambas as comunida-des, pude praticar minha “doação”,graças ao exemplo re-cebido de nãopoucos grandes frades, mas princi-palmente onde tanto recebi e conti-nuo recebendo.

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Em Monte Senário fui atraído peloaroma da alegre convivência deuma comunidade com-posta de ho-mens provenientes de várias partesdo mundo e de diferentes culturasque fa-ziam de sua diferença nãoum obstáculo a remover, mas umaforça propulsora para teste-munharprofeticamente que é possívelconstruir um mundo variegado deculturas, alternati-vo ao mundo dauniformidade. Monte Senário foi olugar onde, graças a homens degrande abertura de mente, conhecia Ordem dos frades Servos deMaria, a Ordem de frei Davide M.Turoldo, de Giovanni M. Vannucci ede tantos outros que, com con-fiança e coragem, levaram e aindacontinuam levando adiante o idealdos nossos Primeiros Pais. MonteSe-nário foi o lugar onde pude apre-ciar a pluralidade de vocações naIgreja, mas foi principal-mente a co-munidade onde a minha vocaçãofoi fortalecida e cultivada por fradesque se alegravam por eu estar juntocom eles em nome do Senhor.

Faz três anos que estou na comu-nidade de Mergellina, em Nápoles.Logo que cheguei, chamou-me aatenção a linda placa posta no por-tão do convento, onde está escritoem letras garrafais: “Padres Servosde Maria”. «Começamos bem�»,pensei. No entanto, apesar da es-crita que revela uma visão da vidareligiosa de um determinado perí-odo histó-rico da Ordem, posso afir-

mar com gratidão que fui acolhidopelos confrades, (hoje são 4 fradespresbíteros) com grande respeitopela minha resposta à vocação deirmão leigo sic et simpliciter, voca-ção que compartilho plenamentecom eles e que aqui consigo viverem toda a sua beleza. Isso tambémfaz aumentar minha alegria: o fatode nos sentirmos cha-mados juntosa compartilhar o mesmo caminho eos mesmos ideais, apesar das dife-renças na vivência da nossa voca-ção religiosa, graças talvez a estasdiferenças.Afirma o papa Francisco na Evan-gelii gaudium: «A alegria do Evan-gelho enche o coração e vida inteiradaqueles que se encontram comJesus». Para mim, a Ordem dosfrades Ser-vos de Santa Maria é olugar onde pude renovar esse en-contro alegre, no Evangelho de suaPalavra e no Evangelho da vida dosirmãos e irmãs que vivem a meulado e com os quais em encontrotodos os dias.

frei Stefano M. Viliani, OSM

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EXPERIÊNCIA DE UMAMONJA DA ORDEM

Muitas vezes nos interrogamossobre a autenticidade e atualidadeda nossa experiência monástica naOrdem dos Servos de Maria. Tantasrespostas foram tentadas e tantasper-guntas deram em nada quandocircunstâncias da vida conduziramalhures reflexões e energias.

Agora chega o papa Francisco como grande dom do seu magistérioque, na carta de aber-tura do anodedicado à Vida Consagrada, nosexpõe suas expectativas dentre asquais a de que os religiosos façamuma séria avaliação de sua pre-sença na Igreja. Pessoalmenteacho que tal avaliação deva serfeita em duas direções.

Em primeiro lugar, que sejaautêntica.

Uma colocação de Tomas Mertonsempre me fez refletir: “Nos mostei-ros, os contemplati-vos são pou-cos!” De fato, não se pode ignorarque a situação da vida claustral quedeveria e de fato sustenta nossacomunhão com Deus, com as irmãse com o mundo inteiro, apre-sentaalguns riscos como a rotina dos rit-mos sempre iguais, a cristalizaçãode costumes radicados, o aperto doambiente vital que, muitas vezes,agiganta os problemas... Podeentão acontecer que a vida na sua

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essência se esvazie. É necessário,pois, questionar-se seriamente.

Por exemplo, questiono-me a res-peito da oração e sinto em mim quedevo redescobrir a força da oraçãoe reavivar o serviço da intercessão.Ao lado da oração, interrogo-metam-bém sobre o silêncio. Comoseria bonito se nos mosteiros se ob-servasse mais o silêncio, aspectoesse que nos faz mais humanos emais capazes de nos relacionar.

Em suma, sermos aquilo que dize-mos ser, indo à fonte da nossa vo-cação quando uma luz se acendeuno coração fazendo-nos intuir que“viver somente para Deus” era,para quem é chamado, a maior ex-pressão de amor. Sim, porque colo-car-se diante dele em favor domundo, outra coisa não é senãoabrir espaço para que a infinita eamorosa ação de Deus chegue aosúltimos confins da terra.

A espiritualidade autêntica deveandar lado a lado com a maturidadehumana. Como não lembrar o papaFrancisco que exortava as clarissasde Assis a ser “menos espirituais emais humanas, a ser mães!”

Considero eloquentes e contagian-tes os gestos de aproximação, deempatia, de misericór-dia, de re-conhecer as próprias fragilidade, denão saber dar sempre respostas –à vezes um tanto pré-fabricadas –

de admitir que a fé é também umcaminho escuro... e mesmo assimviver solidária como “pequena irmãuniversal”, para usar uma expres-são de Charles de Foucauld,grande contemplativo dos nossosdias.

O outro lado da avaliação éque seja aberta.

É um termo que pode ser interpre-tado equivocadamente, mas que sejustifica se for referi-do ao Espírito,princípio da novidade.Certamente, a hospitalidade é oâmbito monástico apropriado paraacolher, escutar e com-partilhar. Ahospitalidade é um valor antigo domonaquismo, que deve ser recupe-rado. Po-de ser verdade que nopassado fomos a contragosto pos-tas como “mestras num degraumais elevado”, mas hoje se nospede aproximação. Há distânciasjustas a conservar e dis-tâncias aencurtar, onde alguns sinais perde-ram sua força. Nossa realidadeainda envolta num manto de misté-rio (penso nas perguntas clássicasque nos fazem as pessoas que en-contramos), deve abrir um poucomais suas portas e fazer experi-mentar a fraternidade, a amizade, ea atenção aos necessitados. É alique entram a hospitalidade, as re-lações com o ambiente onde vive-mos e entre os mosteiros, asensibilidade com os familiares.

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A este respeito, penso que o pri-meiro grande sinal que o mundode hoje nos pede é o da fraterni-dade, que está também na raiz danossa Ordem, herdada dos SetePrimeiros Pais. Viver a fraterni-dade é proclamar com alegria queé possível compor as diversida-des, cuidar dos mais fracos, supe-rar os conflitos, recomeçandosempre do início... Viver a fraterni-dade é também fazê-la “ver” se-gundo o modo que o Espíritosugerir, preferindo sempre acolheros desafios a ficar ancoradas na-quilo que já conhecemos por medode errar. Não é isso que propõe opapa Francisco?

Outro sinal é a pobreza que paranós – é justo dizê-lo – está longeda situação daquele que custapara chegar ao fim do mês. O tes-temunho que nos é solicitado é deter um teor de vida sóbrio, não ali-mentar pretensões tácitas a pre-texto de nossas condição desepara-ção, estar dispostas a com-partilhar tempo, energias e bens.

Por fim, acho que se nos pede demanter-nos permanente-mente em formação. Quemse aproxima de nós, quem nosprocura, quem pede para seracompanhado tem direito de en-contrar em nós mulheres maduras,que com simplicidade e franquezasaibam compreen-der e ajudar; eprincipalmente de encontrar em

nós irmãs assíduas na escuta daPalavra para poder modestamentereparti-la como pão e luz ao longoda estrada da vida.

Santa Maria à qual nós Servos eServas somos particularmente de-dicados é o pano de fundo dissotudo. Ela caminha à nossa frenterumo ao novo destino que – espe-ramos de todo coração – logo che-garemos a conhecer. A Ela,usando as palavras do Pe. DavideTu-roldo, nos voltamos, dizendo:Conosco contemplas os últimostempos:

é o mesmo vento que investecontra a casa,

o mesmo fogo que no MonteHoreb se espalha

e abre o caminho no novo deserto!

Irmã M. Francesca D’AmicoMosteiro de Sant’Angelo in Vado

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EXPERIÊNCIA DE ALGU-MAS IRMÃS DA ORDEMI

Em 11 de agosto de 1990 chegamao Congo três irmãs para iniciarnova missão e respon-der ao apelofeito à Congregação das Servas deMaria de Cuves/Londres pelos fra-des Servos de Maria, então missio-nários na paróquia de Bunyuka, damesma diocese. As três irmãs, MarieCatherine Turra, Marie FrançoiseFretel e Marie Jean-Baptiste Pie-rrard, são enviadas pela ProvínciaFrancesa com o objetivo de “implan-tar o carisma servita e viver para ecom os pobres”.

São recebidas pelo bispo, dom Em-manuel KATALIKO, e hospedadaspor duas Congrega-ções: primeiro,pelas Orantes de l’Assomption por

um ano, e depois pelas Oblates del’Assomption de 1991 a 1995. Du-rante este tempo, visitam as famíliasprocurando inteirar-se das necessi-dades locais: "subnutrição e analfa-betismo das crianças, comoconsequên-cia da falta de recursosfinanceiros”. Cuidaram e alimenta-ram as crianças com a colabora-çãodos centros de saúde e dos hospi-tais da região, para os casos maisgraves. "O Centro nutricional" acol-heu e cuidou de 4.448 crianças,tendo a irmã Marie Catherine comores-ponsável, mas fechou as portasem 2002 devido à abertura de mui-tos outros centros na cidade de Bu-tembo. O centro de alfabetização,frequentado pelas crianças e porseus fami-liares, transformou-senuma pequena escola primária diri-gida pela irmã Marie Françoise.

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Em 17 de dezembro de 1994 asirmãs mudam-se para sua primeiracasa própria, formando a comuni-dade de Nossa Senhora do Magnífi-cat. Em 1995, admitem quatrojovens e a irmã Marie Jean-Baptisteé nomeada mestra de noviças. Em15 de setembro de 1999 uma dasquatro, a irmã Marie EmmanuellaMasinda Katungu, emite a primeiraprofissão dos votos. Atualmente asirmãs pioneiras que para lá levarama riqueza do nosso carisma foramsubstituídas, em vários setores, porirmãs congolesas, fruto do trabalhodelas. Demos gra-ças a Deus porsua perseverança. Agora estamosno ano jubilar aberto em agostopassa-do e que terminará neste anode 2015.

Como irmãs congolesas, vivemos aheranças legada pelas primeiras trêsmissionárias: o carisma servita dacompaixão com nuances de vidacontemplativa; a fraternidade vividagenerosamente, como primeiroapostolado; a fraternidade que deve-mos irradiar ao nosso redor mediantenossa presença de compaixão nosvários campos de apostolado (en-sino, assistência aos doentes, visitaao idosos, educação cristã, moral ehumana das jovens).

Pelas irmãs congolesas Irmã Kavira YALALA Marie

Elisabetta osm

À esquerda, Irmã M. Catherine; no meio, irmã Marie Jean Baptiste;

à direita, irmã Marie Françoise.

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EXPERIÊNCIA DAS LEI-GAS CONSAGRADAS

Koinomadélfia é uma obra dos Ser-vos de Maria do Chile que cuida de80 meninos e meni-nas que sofre-ram graves violações nos seus di-reitos, vítimas de abusos, deabandono e de violência sexual.São crianças e adolescentes de 1 a18 anos que vivem num ambientefamiliar composto de 8 “filhos” paracada núcleo, sob os cuidados deuma educadora, que faz o papel demãe e vive com eles. A obra recebemensalmente uma ajuda do go-verno que cobre 50% das despesase o resto deve ser coberto pela pró-

pria instituição. Koinoma-délfia foifundada em 1992 pelo frade servitaitaliano, Gabriele Paccanaro Bag-nara, que ao chegar ao Chile cons-tatou o abandonado de crianças e,com a ajuda de voluntários decidiupôr em pratica o sonho de criar umaobra sob a lei da fraternidade e dacomunhão. Frei Gabriele, por moti-vos de saúde, já não está mais noChile, mas na Itália, na comunidadedo Santuário de Monte Bérico. Mô-nica Hernández, leiga consagrada,atual diretora de Koi-nomadélfia,em janeiro deste ano, visitou freiGabriele Paccanaro, para mostrar-lhe amor e gratidão por ter iniciadoessa obra benemérita.

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O grupo que há 12 anos dirige essaObra compõe-se de quadro leigasconsagradas OSM (Mônica, Sole-dade, Guida e Rosário), todas pro-fissionais que vivem com alegria ededica-ção na comunidade e des-ejam fazer de sua vocação um ser-viço de fraternidade e dema-ternidade em favor de Koinoma-délfia. Há ainda outros que animamo trabalho de cada dia como profis-sionais, assistentes sociais, psicólo-gos, professores, educadores;Atualmente o capelão que dá assis-tência a esses voluntários é frei Ber-nardino Zanella. Koinomadélfia éuma obra de misericórdia que per-mite viver de maneira extraordináriaa vocação de con-sagrados a ser-

viço dos meninos e meninas que seencontram em situação difícil. É missão de Koinomadélfia "recons-truir a família para crianças que aperderam”, tem por objetivo daramor às crianças e trabalhar em co-munidade para seu crescimento in-tegral. Procuramos fortalecer asfamílias, levando os pais a assumirsuas responsabilidades em breve emédio prazo, para que possam recu-perar seus filhos. E, se isso não forpossível, as crianças ficam espe-rando para ser adotadas através deuma entidade credenciada pelo go-verno, para que as crianças abando-nadas possam crescer numambiente familiar. Koi-nomadélfia éuma obra reconhecida no Chile por

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seu profissionalismo e por sua dedicação para melhorar sempre mais oatendimento à criança. Por isso recebeu o selo de qualidade da CorporaçãoSimão de Cirene, que se ocupa com a gestão profissional das instituiçõessem fins lucrativos. Koinomadélfia é um lugar autêntico no qual a espiritua-lidade dos Ser-vos de Maria se expressa no serviço, no amor, na fraterni-dade que caracterizam seu estilo de vida.

Mónica Hernández L., Leiga Consagrada,

diretora de Koinomadélfia, Chile, www.koinomadelfia.cl

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Suore Serve di Maria Servite sisters

Istituti Secolari Secular Institutes

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