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Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

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Page 1: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Corrupção e Políticas de Controlo:

Observatório de Ética na Vida Pública

Fórum Pesquisas 2007

Luís de SousaJoão Triães

Page 2: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

ConceitoA corrupção é uma prática ou comportamento desviante que implica uma violação de standards legais/penais e/ou de normas não-codificadas vigentes e largamente aceites, num determinado contexto social e temporal, e que definem o exercício de um determinado cargo ou função, da qual resulta uma contrapartida ou benefício impróprio e meditado, imediato ou prolongado, real ou simbólico, pecuniário ou não-pecuniário, para as partes contratantes e/ou para terceiros.

Page 3: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Objectivos estratégicos do observatórioObjectivos estratégicos do observatório• Desenvolver investigação comparada sobre a corrupção

e as políticas públicas de controlo à corrupção;

• Colaborar com os organismos do Estado directamente responsáveis pelo combate e prevenção da corrupção na prossecução de actividades e estudos conjuntos (ex. DCIAP, ECFP);

• Prestar apoio e esclarecimentos em audições a peritos conduzidas por organizações internacionais (ex. OCDE)

• Difundir resultados de investigação junto de diversos públicos através da criação de portal interactivo (ex. Ancorage-net);

• Integrar redes anti-corrupção internacionais (ex. o Global Compact e o International Group for Anti-Corruption Coordination das Nações Unidas);

Page 4: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

• Estabelecer projectos de parceria com unidades de investigação estrangeiras (ex. CEVIPOF/Sciences-Po Paris, Australian National University, University of Salford, University of Sofia);

• Desenho e admnistração de acções de formação a investigadores e magistrados (ex. NSW ICAC, Macau CCAC, Portugal CEJ);

• Promover a criação de massa crítica sobre corrupção e seu controlo através do desenvolvimento de teses de mestrado em parceria com o ISCTE;

• Publicação de resultados em vários formatos e para públicos alargados e criação de bases de dados online de livre acesso.

Objectivos estratégicos do observatórioObjectivos estratégicos do observatório

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Áreas temáticasÁreas temáticas I. Auditoria Democrática (Country Reports)

Infra-estrutura de Combate à Corrupção 2006 (Comissão Europeia), Transparency International and the problem of corruption ANU 2005, Global Integrity 2004, Estudo da Evolução Regulamentação do Financiamento Político 2003 (TI-France/Council of Europe);

II. Análises de Risco e Estratégias de ControloEstudos de evidência/monitorização de despesas eleitorais ECFP/TC (2005-2007), Integrity in Reconstruction Corruption Effectiveness and Sustainability in Post-War Countries TIRI (2006);

Page 6: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Áreas temáticasÁreas temáticasIII. Monitorização da Evolução do Crime de

Corrupção:A realidade judiciária: um enfoque sociológico DCIAP/PGR (2007);

IV. Estado da Opinião Pública: Valores e atitudes face à corrupção (ex. Corrupção e Ética em Democracia 2006, ESS 2004, CPI;

V. Convenções e Redes Internacionais Anti-Corrupção:Ancorage-net (2006-2008) , OCDE/TI 2006, 2007.

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I. Auditoria Democrática (Country Reports) Sociedade Civil e Media• Não houve uma apropriação harmoniosa dos standards de ética associados

a um Estado de direito moderno em todo o território (“democracia a duas velocidades”);

• Condenação ambígua do fenómeno na população;• Cidadãos recorrem a laços familiares e de amizade para superarem

dificuldades no seu relacionamento com uma administração tradicionalmente pesada, obstrutiva dos direitos dos cidadãos, morosa, pouco acessível, pouco transparente e pouco responsável, embora também sejam mobilizados contactos para obtenção de serviços ou benefícios a que não tenham direito;

• Inexistência de uma sociedade civil organizada e empenhada e conceito de cidadania mais na óptica dos direitos do que dos deveres;

• Grosso modo actuação dos media Portugueses neste domínio pauta-se pelo fraco (investimento em) jornalismo de investigação e a falta de iniciativa e de antecipação (noticiando a reboque dos resultados da investigação criminal ou da agenda política).

Page 8: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

II. II. Análises de Risco e Estratégias de Análises de Risco e Estratégias de ControloControlo

1) “O céu é o limite”: cultura de não-contenção de despesas eleitorais;

2) Orçamentação “despesista” e “insustentável”;3) Aceitação da Lei e do sistema de controlo apenas

em termos formais e manutenção da informalidade das práticas;

4) Protagonismo dos cabeças-de-lista;5) Controlo interno e acompanhamento/formação

deficitário;6) Marketing Político: por regulamentar;7) Impossibilidade de acção colectiva.

Evidências de não-contenção de gastos

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A competição eleitoral é cada vez mais influenciada por dois aspectos:

- a omnipresença da televisão;

- o declínio da militância (o eleitorado insatisfeito com partidos, desinteressado na política, não militante e de difícil mobilização).

II. II. Análises de Risco e Estratégias de Análises de Risco e Estratégias de ControloControlo

Evolução dos meios e acções de campanha

Page 10: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Regresso ao passado- Acções típicas de regimes em período de transição democrática (acções de rua, comício político volante, arruadas, acções porta a porta, contactos nas portas da igrejas, etc.).

Regresso ao futuro- Reconceptualização das grandes acções de massas tradicionais, que antes se ancoravam na militância.- Presença da televisão implica audiências garantidas (novo modelo de democracia? → vídeo-democracia, eleitor figurino, eleitor telespectador, candidato plástico).- Partidos/candidaturas resgatam grandes eventos políticos de massas adicionando componente lúdica e de entretenimento → diminuição riscos de fracasso. -Coexistência de meios de campanha tradicionais (outdoors, infomails), com os novos meios disponibilizados pelas TICs (e-campaigning, etc.).

II. II. Análises de Risco e Estratégias de Análises de Risco e Estratégias de ControloControlo

Evolução dos meios e acções de campanha

Page 11: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

III.III. Monitorização da Evolução Monitorização da Evolução do Crime de Corrupçãodo Crime de Corrupção

• Estatísticas oficiais constituem-se como a base empírica de referência da corrupção detectada (dimensão e evolução do fenómeno; eficácia do aparelho).

• Enfoque no volume descuida conteúdo (actores, recursos e mecanismos).

• Este projecto vai mais além: procura revelar a realidade que os números das estatísticas oficiais representam.

• Questões a tratar, por ex.: Quais são as denúncias que provocam mais condenações? Qual o número de actores envolvidos? Quem são os actores envolvidos? Quais as vantagens envolvidas? Quais os actos mais solicitados? Qual o tipo de corrupção descoberta?

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Estado do processo

Objectivos/

Vantagens Denunciante

Abordagem(Iniciativa e

modo)Actores Prova Acto Sentença

Julgados e a aguardar sentença

OOI(Não

pagamento de multa)/Inferiores a

200€

PassivosActivo → Passivo

Pessoalmente

Passivos → EE (GNR/BT)

Activos → sem padrão

Testemunhal e

DocumentalIlícito

1 a dois anos de prisão

suspensa e o

pagamento de uma multa

inferior 400€

Arquivados Sem padrão

AnónimaTerceiros

Identificados Activos

Desconhecida

Passivos → EDL/PTEActivos → EDL/PTE

Apenas testemunhal

ouAusência de

provas

Ilícito

III. III. Monitorização da EvoluçãoMonitorização da Evolução do Crime de Corrupção do Crime de Corrupção

Características da Corrupção Participada (1999-2001)

Page 13: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

O que pensam os Portugueses sobre corrupção?

Projecto Corrupção e Ética em Democracia: O caso de Portugal (POCI/CPO/60031/2004) financiado pela FCT ao abrigo do POCI 2010 comparticipado pelo Fundo Comunitário Europeu (FEDER).

Page 14: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião PúblicaDefinição social de corrupção

Conjunto alargado de comportamentos

5,5%

Conjunto restringido de comportamentos

11,3%

Conjunto algo alargado de comportamentos

29,2%

Conjunto algo restringido de comportamentos

54,0%

N = 891

Alfa Cronbach = 0,722

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Tipologia estratégica do conceito de corrupção (cunha próprio vs eleito)

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Cínicos52,2%

Pragmáticos29,4%

Conformistas3,3%

Moralistas15,1%

N = 984

Page 16: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Percepção de eficácia do combate à corrupção

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Não Sabe 5,6%

Não 83,8%

Sim 16,2%

N = 1005

Page 17: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Responsabilização da ineficáciaResponsável pela ineficácia do combate à corrupção em Portugal?

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Justiça23,9%

Governo45%

Todos e cada um de nós

20,9%

Outros0,3%

Sociedade Civil2,3%

Classe Política7,6%

N = 774

Page 18: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

Se tivesse conhecimento de um caso de corrupção era capaz de o denunciar?

Portugal%

França%

Sim 74,1 61,1

Não 15,6 30,7

Não sabe 10,3 8,1

Total 100,0 100,0

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Page 19: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

E porque motivo não denunciaria uma situação de corrupção?

Portugal%

França%

Porque tenho medo de sofrer repercussões 42,4 15,3

Porque não sei a quem recorrer 8,6 7,9

Porque não teria efeitos práticos 23,2 18,5

Porque não gosto de acusar ninguém 21,2 57,5

Não sabe 4,6 0,8

Total 100,0 100,0

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Page 20: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

A quem revelaria em 1º lugar que um funcionário público pede dinheiro ou dá a

entender que tem de pagar algo, para obter um serviço que devia prestar gratuitamente?

Portugal%

França%

Não revelaria 10,0 0,2

À polícia 34,1 35,5

À justiça 21,3 19,0

Ao superior hierárquico 22,7 9,4

Aos media 4,3 14,8

A uma comissão especial de controlo da corrupção ______ 20,0

Não sabe 7,6 1,1

Total 100,0 100,0

IV. IV. Estado da Opinião PúblicaEstado da Opinião Pública

Page 21: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

V. V. Convenções e Redes Internacionais Anti-CorrupçãoConvenções e Redes Internacionais Anti-Corrupção

• Documents• Survey Data

Reasons justifying the creation of ACAs Mean

To curb corruption in a knowledge-based manner 4,47

To curb corruption without political interference 3,86

To transform policy into action 3,86

To avoid the inertia of traditional enforcement mechanisms 3,64

To get visible results fast 3,27

To avoid investigations being stopped by corrupt members in traditional enforcement

mechanisms3,27

To retain control over the chain of command 2,17

Scale: 5=extremely important; 4=very

important; 3=important; 2=somewhat important;

1=unimportant.

Raison d’être of ACAs

Projecto: ANCORAGE-NET (2006-2008)

Page 22: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

V. V. Convenções e Redes Internacionais Anti-CorrupçãoConvenções e Redes Internacionais Anti-Corrupção

CountryHotlines (phone

/fax)

Downloadable complaints

form at website

Online complains

form

Complaints officer

Special P.O. Box for

complaintsArgentina,

Czech Republic, Lithuania

● ● ● ● ●

Australia (NSW) ● ● ● ●

Latvia ● ● ● ●

Czech Republic (II), Moldova ● ● ● ●

Romania ● ● ●

Malawi, Republic of Macedonia

● ●

Republic of Montenegro

● ●

Croatia ●Slovak Republic ●

Total 10 from 15 7 from 15 7 from 15 11 from 15 7 from 15

Page 23: Corrupção e Políticas de Controlo: Observatório de Ética na Vida Pública Fórum Pesquisas 2007 Luís de Sousa João Triães

V. V. Convenções e Redes Internacionais Convenções e Redes Internacionais Anti-CorrupçãoAnti-Corrupção

Country

In practice, do citizens complain to the agency

without fear of recrimination?

Will the agency denounce/report

unfounded allegations to competent judicial

authorities?Czech Republic (II),

Republic of Montenegro, Slovak Republic

Yes Yes

France Yes Yes (sometimes)Argentina, Croatia, Malta, Republic of Macedonia,

RomaniaYes No

Latvia, Lithuania, Malawi No YesAustralia (NSW) Yes N/ACzech Republic -- No