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CORPO NACIONAL DE ESCUTAS Escutismo Católico Português DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESCUTISMO MARÍTIMO SISTEMA DE PROGRESSO COMUNIDADE FASE MARÍTIMO Insígnia - Distintivo de forma oval de fundo branco, com um ferro de almirantado a preto, tendo sobreposto a flor de liz do CNE. A saír e a entrar na argola do ferro, está um cabo castanho que dá a volta a todo o distintivo. Fase Marítimo Adesão ao Movimento 1- Ler o “Escutismo para Rapazes” e demonstrar conhecer a vida de B.P. e do Movimento Escutista; 2- Descrever sumariamente a história do CNE e a sua organização, assim como a insígnia associativa, o uniforme e distintivos; 3- Descrever a organização e a história do Agrupamento; 4- Conhecer a simbologia Escutista (B.A., Saudações, Divisa); 5- Conhecer e procurar viver a Lei e Princípios; 6- Ter conhecimentos técnicos de campismo e participar num acampamento de fim de semana; 7- Saber aparelhar uma embarcação à vela (que esteja ao serviço da Comunidade ou Agrupamento), demonstrando saber aplicar os nós e voltas adequados (direito; oito; escota; correr; pescador; lais de guia; volta de fiel), conhecer os cuidados primários na sua utilização e colaborar na sua manutenção; 8- Conhecer as regras básicas de segurança a observar numa actividades marítima (colete de salvação, embarcação voltada, aproximação a embarcações ou a náufragos);

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CORPO NACIONAL DE ESCUTAS

Escutismo Católico Português

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESCUTISMO MARÍTIMO

SISTEMA DE PROGRESSO COMUNIDADE

FASE MARÍTIMO

Insígnia - Distintivo de forma oval de fundo branco, com um ferro de almirantado a preto, tendo sobreposto a flor de liz do CNE. A saír e a entrar na argola do ferro, está um cabo castanho que dá a volta a todo o distintivo.

Fase Marítimo Adesão ao Movimento 1- Ler o “Escutismo para Rapazes” e demonstrar conhecer a vida de B.P. e do Movimento Escutista; 2- Descrever sumariamente a história do CNE e a sua organização, assim como a insígnia associativa, o uniforme e distintivos; 3- Descrever a organização e a história do Agrupamento; 4- Conhecer a simbologia Escutista (B.A., Saudações, Divisa); 5- Conhecer e procurar viver a Lei e Princípios; 6- Ter conhecimentos técnicos de campismo e participar num acampamento de fim de semana; 7- Saber aparelhar uma embarcação à vela (que esteja ao serviço da Comunidade ou Agrupamento), demonstrando saber aplicar os nós e voltas adequados (direito; oito; escota; correr; pescador; lais de guia; volta de fiel), conhecer os cuidados primários na sua utilização e colaborar na sua manutenção; 8- Conhecer as regras básicas de segurança a observar numa actividades marítima (colete de salvação, embarcação voltada, aproximação a embarcações ou a náufragos);

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Adesão à Secção 1- Conhecer a organização da Comunidade, a sua mística e simbologia; 2- Ter vivência positiva em Companha de pelo menos 3 meses; 3- Ler “A Caminho do Triunfo” e comentar um dos seus capítulos; 4- Participar numa actividade típica da secção; 5- Conhecer a conversão de S.Paulo e um dos episódios em que ele esteve ligado ao mar; 6- Saber meditar a oração do Caminheiro, e o Cerimonial da Promessa e Compromisso; 7- Elaborar o Projecto de Desenvolvimento Pessoal; 8- Demonstrar reconhecer o meio aquático como um espaço de desenvolvimento, de descoberta e ter conhecimentos básicos sobre os perigos que comporta (ex. Correntes; sustentação; fundos); 9- Identificar três tipos de embarcações utilizadas localmente e promover / participar numa actividade relacionada com uma arte tradicional ligada à água (pesca, transporte, cerimonia); 10- Possuir a Carta de Marinheiro.

ADESÃO AO MOVIMENTO

1ª Prova Ler “Escutismo para Rapazes”, vida de B.P. e Movimento Escutista

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nasceu em Londres a 22 de Fevereiro de 1857. Foi o quinto dos sete filhos do Rev. Professor Baden-Powell. O filho mais velho Warington, que tinha então treze anos, entrou um ano mais tarde, para o navio-escola Conway. O seu entusiasmo pelo mar era tal que sempre que tinha férias, levava em excursões de barco os irmãos que já tivessem idade para navegar.

Foi assim que o nosso B.P. aprendeu a manobrar um barco, a acampar, a cozinhar e a obedecer às ordens com rapidez e elegância.

Fizeram expedições por todo o país e mares vizinhos e assim B.P. aprendeu a regras da exploração e da vida ao ar livre.

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Em 1869 entrou na Escola da Cartuxa e dois anos mais tarde transferiu-se de Londres para Godalming. A escola possuía uma pequena mata, que estava vedada aos alunos.

B.P. costumava ir para aí observar os animais, apanhar por vezes um coelho, que assava numa fogueira sem fumo (o fumo tê-lo-ia denunciado aos mestres!) e aí desenvolvia as suas habilidades na construção de abrigos e aprendia a usar um pequeno machado.

Era muito popular na escola, mas não um estudante de grande evidência ou um grande atleta, embora tomasse parte em muitas actividades com toda a energia que tinha e esta era considerável. Tinha habilidade para desenhar, para cantar canções cómicas e para representar, e em toda a sua vida usou em cheio de todos estes talentos.

Em 1876 fez exame de aptidão à escola do Exército e fê-lo tão bem que imediatamente recebeu a patente de alferes do Regimento de Hussardos nº 13, então colocado na Índia. Muito cedo se distinguiu não só pelo zelo no cumprimento dos seus deveres mas também nas habilidades desportivas e boa camaradagem. De tal modo que em 1883, com a idade de 26 anos, era Capitão e Ajudante do Regimento. Era perito em exploração e espionagem; tanto assim que foi autoridade reconhecida nestes assuntos. Como desportista notabilizou-se na montaria ao javali - desporto arriscadíssimo mas muito apreciado pela equitação e pela perspicácia que exige no seguimento das pistas. Muitas vezes vagueava sozinho pelas regiões mais silvestres, observando os animais e aprendendo-lhes os costumes.

Como passatempo, estava sempre desejoso, tanto de cantar uma canção e tomar parte num concerto ou numa ópera, como de pintar um cenário ou desenhar os populares.

O regimento deixou a Índia e 1884 e no regresso a viagem foi interrompida no Natal (território da África do Sul) porque se receava um conflito com os Boers. Foi durante esta primeira visita aquela região que B.P. entrou em contacto com os Zulus. Começou então a colher informações secretas, disfarçado em jornalista.

Em 1887 foi de novo para África como Ajudante de campo de seu tio, que era Governador da Província do Cabo. B.P. satisfez o seu primeiro desejo de serviço activo numa campanha contra os Zulus. Foi então que ouviu o coro “Ingoniama” cantado por uma coluna de Zulus em marcha. Os nativos deram-lhe o nome “M’hlaha Panzi” - o homem que se deita para disparar - significando que ele tinha cuidado ao apontar ou pensava antes de agir.

Em seguida fez serviço em Malta e simultaneamente foi nomeado Oficial de Informações para o Mediterrâneo. Isto deu-lhe mais aventuras como espião e ensinou-lhe ainda mais de exploração.

Em 1893 foi escolhido para uma missão especial contra os Ashanti. O rei nativo estava a perturbar a ordem e foi enviada uma expedição para a

restabelecer. Isto obrigou-o a uma marcha de cerca de 150 milhas através de densos bosques e florestas e a atravessar numerosos rios. Nesta expedição o trabalho de B.P. era a exploração e o pioneirismo; assim aprendeu a maneira prática e útil de construir

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pontes. Foi quando estava no Oeste Africano que ouviu o ditado: ”devagar devagarinho se apanha o macaco” que veio a ser o seu ditado preferido.

Pôs um chapéu de “cowboy” pela primeira vez na operação dos Ashanti e os nativos chamaram-lhe, por isso, “Kantankye” ou “chapéu grande”. Terminada a expedição, foi promovido a Coronel e pouco depois punha-se a caminho do que ele dizia ser “a melhor aventura da minha vida...” a guerra dos Matabeles.

A terra de Matabeles é agora conhecida por Zimbabwe (antiga Rodésia). Estava então ainda pouco explorada, por aí haver poucos colonos brancos. Os nativos tinham-se sublevado e massacraram alguns colonos brancos e fugiram depois para as montanhas. Ali havia lugares difíceis de atingir, pois as suas grandes rochas ofereciam muitos e bons abrigos. B.P. foi encarregado da exploração. A sua tarefa não era nada fácil pois tinha de descobrir o paradeiro do inimigo e o que era mais difícil, como atingir as suas fortalezas. Perdeu muitas noites nas expedições de exploração mas era tão bem sucedido que quase sempre guiava os soldados para o lugar ideal para o ataque. Desenhou mapas absolutamente correctos, de grande valor. Foi durante esta campanha que ele se tornou conhecido como um grande explorador. Os Matabeles chamaram-lhe “Impisa” que quer dizer “o lobo que não dorme”. Sabia que gritavam com ódio o seu nome e o ameaçavam com toda a espécie de torturas, se lhes viesse a cair nas mãos.

Muitas das suas experiências de observação e dedução, bem como muitos episódios que viveu foram por ele mais tarde aproveitados na educação dos jovens Escuteiros.

A missão que em seguida lhe foi confiada foi o comando do Regimento de Dragões 5, então em serviço na Índia. Foi com pena que deixou o seu velho regimento; mas lançou-se no novo trabalho com todo o seu entusiasmo e eficiência. Procurou que os seus soldados encontrassem a felicidade mesmo nas dificuldades e procurou conquistar-lhe rapidamente a confiança.

Mas a sua realização mais importante foi nos métodos de treino. Porque a achava importante, procurou que a exploração se tornasse popular. Os homens eram divididos em pequenas unidades de meia dúzia - o que nós depois no Escutismo chamaríamos de Tripulações - sob o comando de um deles - o nosso Timoneiro. Aqueles que melhor desempenhassem os seus deveres tinham o privilégio de usar uma insígnia especial - Flor de Lis - que na bússola indica o rumo Norte.

Em 1899 B.P. regressou a casa, mas logo se lançou noutro empreendimento. Trouxera consigo da Índia o manuscrito de um pequeno livro chamado “Aids to Scouting”(Auxiliar do Explorador) que continha as palestras que fizera aos soldados, com muitos exemplos de observação e dedução.

Ainda antes que o livro fosse publicado já ele estava de novo a caminho da África do Sul, onde se preparava uma guerra com os Boers. A sua missão era organizar uma frente militar pronta para qualquer emergência.

Quando a guerra estalou estava ele em Mafeking com parte das suas forças. Quase ao mesmo tempo, um exército Boer de 9000 homens pôs cerco à pequena cidade. Não se pode contar aqui, em tão pouco espaço, a história do famoso cerco;

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contudo é justo salientar que foi nele que o nome de B.P. galgou as fronteiras de todos os países, tornando-se conhecido em todo mundo, pois defendeu a cidade durante 217 dias das poderosas forças inimigas e foi graças à sua alegria e à sua desenvoltura (ao seu “desenrascamento”) que a cidade não foi tomada. Para os Escuteiros “Mafeking” tem uma grande importância. Os rapazes da cidade foram organizados num corpo, de mensageiros e B.P. impressionou-se pela maneira como eles levavam a cabo as suas missões. Viu que, se lhes fosse confiada qualquer responsabilidade, eles se sairiam bem em qualquer ocasião.

Como reconhecimento do seu empreendimento em Mafeking, B.P. foi promovido a Major-General sendo o mais novo do Exército, e herói do Reino Unido.

Foi-lhe então confiada a importante tarefa de organizar a Policia Montada Sul Africana . Era um corpo de homens valentes, fundado para ajudar na reconstrução da África do Sul depois da guerra; e prestaram excelentes serviços, graças ao treino que B.P. lhes deu em disciplina e responsabilidade.

Bem organizada a P.M.S.A., voltou à Inglaterra para outra importante tarefa: tinha sido nomeado Inspector Geral de Cavalaria. De novo encetou mais esta carreira com a dedicação e perspicácia habitual para elevar o nível da Arma de Cavalaria do seu país.

Outro facto, entretanto, lhe tinha chamado a atenção: vira que o seu pequeno livro “Aids to Scouting” tinha sido adoptado como compêndio na educação da juventude. O fundador da Brigada dos Rapazes, “sir” William Smith, pediu-lhe que adaptasse os métodos de exploração à formação dos jovens. B.P. estudou um plano e em 1907 fez um acampamento experimental na ilha de Brownsea, com duas dezenas de rapazes de todas as classes. Este acampamento foi tão bem sucedido que resolveu escrever tudo o que tinha ensinado à volta do “Fogo de Conselho”. Assim nasceu o “Escutismo para Rapazes”. Foi primeiro publicado em fascículos quinzenais, nos primeiros meses de 1908. Os rapazes buscavam-no por toda a parte e rapidamente formaram Patrulhas com os seus amigos. O número cresceu depressa - pelos fins de 1908 havia uns 60.000 Escuteiros - e B.P. teve que se esforçar muito para conseguir insígnias, uniformes, cartões de alistamento, etc..

É impossível, por falta de espaço, fazer aqui uma descrição pormenorizada da expansão do Escutismo no mundo, assim como do admirável trabalho de B.P. pela juventude, nas suas viagens pelo globo.

Todavia será útil dizer uma palavra acerca de B.P. afinal que tipo de homem era ele?

Todos os que lerem estas fichas nunca o viram nem ouviram a sua possante voz quando falava nos jamborees.

B.P. era uma figura magra, franzina, mas se o visses certamente te admirarias da sua bela cabeça e dos seus olhos bastante expressivos. Era um homem sociável e muitos Escutas se lembram ainda com saudades das conversas tidas com ele nos jamborees. Em Gilwell Park, por exemplo, passeava com os seus cães pelo acampamento. E os Escutas depressa viam com profunda amizade a sua presença.

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Era um homem simples no seu modo de viver. Dormia numa varanda durante quase todo o ano, levantava-se muito cedo, praticava exercício de ginástica e depois dava um passeio com os seus cães antes do almoço.

Poucos homens terão trabalhado tanto como ele. Mantinha uma assídua correspondência, mas nunca se esquecia dos velhos amigos quando procurava adquirir outros. A pesca era o seu desporto favorito.

Ocupou-lhe muito tempo e deu-lhe oportunidade de admirar a natureza - um dos maiores prazeres da sua vida. Possuía um grande conhecimento da vida da natureza, sobretudo da vida dos animais, e nos últimos anos, quando já tinha poucas forças e por isso não podia ir visitar os seus Escutas, dedicava-se ao estudo dos animais selvagens e pintava quadros que focavam aspectos da vida desses animais.

Os últimos anos passou-os no Quénia onde veio a falecer no dia 8 de Janeiro de 1941, após uma vida de inteira dedicação aos jovens.

Bibliografia Aconselhada

• Baden-Powell cidadão do mundo - Robert Bastin. • Robert Baden-Powell - Julia Courtney • A pista do Tesouro - Adolfo Simões Muller.

Movimento Escutista 1907 - 1º Acampamento na Ilha Brownsea, os nomes das Patrulhas eram:

Corvos, Touros, Maçaricos e Lobos; 1908 - Publicação do “Escutismo para Rapazes”; 1909 - Primeira concentração de 11.000 Escutas em Crystal Palace - Londres; 1910 - A instância do Rei Eduardo VII, B.P. deixa o exército para se dedicar

inteiramente ao Escutismo; 1911 - Dão-se os primeiros passos do Escutismo em Portugal; 1912 - Funda-se em Lisboa a Associação dos Escoteiros de Portugal (A.E.P.); 1916 - Início oficial do Lobitismo. Aparece o livro “Manual do Lobito”; 1918 - Início oficial do Caminheirismo; 1919 - Abertura do Campo Escola Internacional de Dirigentes, em Gilwell

Park; 1920 - Primeiro Jamboree Mundial, em Olímpia, Londres; - B.P. é aclamado Chefe Mundial; - Fundação do Secretariado Mundial; 1923 - (27 de Maio) - Fundação em Braga, do C.N.E. pelo Arcebispo de

Braga, D. Manuel Vieira de Matos; 1925 - Sai o primeiro número da revista “Flor de Lis”; 1929 - B.P. recebe a honra do baronato, com o nome de Lord Baden-Powell

of Gilwell; - B.P. visita Portugal; - Jamboree de Arrowe Park;

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1934 - B.P. visita Portugal pela segunda vez; 1941 - (8 de Janeiro) - Morre B.P. no Quénia, África; 1957 - Ano Jubilar - Centenário do nascimento de B.P.; - Cinquentenário do Movimento Escutista no Mundo; - 9º Jamboree Mundial; 1973 - 50º Aniversário do C.N.E.. - 14º Acampamento Nacional em Leiria, 1982 - Ano Mundial do Escuteiro; 1983 - 60º Aniversário do C.N.E., em que é declarado de Utilidade Pública; 1985 - Há mais de 26 milhões de Escuteiros e Guias em todo o mundo; 1990 - Seguro Escuta obrigatório para todos os associados; - 4º Encontro Nacional de Escuteiros Marítimos, Oeiras - Lisboa; 1993 - Comemorações dos 70 anos do C.N.E.; - 5º Campo Nacional Marítimo, Alfeizerão - Oeste - Lisboa; 1995 - Centenário do nascimento de Mons. Avelino Gonçalves e publicação da

Exortação Pastoral “O Escutismo, Escola de Educação”, pela Conferência Episcopal Portuguesa;

1996 - Congresso “Valores e Missão”; 1997 - Carta do Escutismo Católico Português; - 19º Acampamento Nacional, Valado de Frades, Oeste; 1998 - Comemorações das Bodas de Diamante do C.N.E.. - 6º Campo Nacional Marítimo, Barragem Montargil - Portalegre. Agora que acabas de ler o resumo da vida do Fundador, podes aprofundar esses

conhecimentos, lendo uma das suas biografias indicadas na bibliografia. Resta-nos dar algumas “dicas” para facilitar a tua exposição. Caso a desejes fazer verbalmente deves procurar falar devagar, com calma, de

forma a que todos ouçam. A fim de ajudar a concentrar a atenção dos participantes, podes usar, por exemplo, imagens de vídeo, diaporamas, cartolinas com diversas colagens, fazer a apresentação de alguns livros de B.P., etc..

Se optares por fazê-la por escrito, quer à máquina, em computador ou manualmente, procura não repetires o que está nos livros, tenta utilizar as tuas próprias palavras.

Documenta-te bem; o trabalho de pesquisa vai-te ajudar. Também podes apresentar desenhos colados no teu relatório.

2ª Prova História do C.N.E. sua organização, insígnia associativa, uniforme e distintivos História do CNE

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O C.N.E. foi fundado em 27 de Maio de 1923, na cidade de Braga, pelos falecidos Arcebispo Primaz, D. Manuel Vieira de Matos e com a ajuda indispensável do seu secretário, Monsenhor Dr. Avelino Gonçalves.

Desde há muito tempo atrás que a ideia de lançar o Escutismo Católico, andava na mente de muita gente.

Em 1922, em Roma, realizou-se o Congresso Eucarístico Internacional o que levou os nossos fundadores a participarem no evento. Tiveram a oportunidade de verificar o excelente trabalho levado a efeito pelos Escuteiros Católicos Italianos, o que levou D. Manuel a perguntar ao seu Secretário “não podemos nós tê-los também lá?”.

Regressados a Braga, logo deram início aos trabalhos que levou o Governo Civil de Braga a aprovar a criação do “Corpo de Scouts Católicos Portugueses”.

Em 14 de Fevereiro de 1925 é aprovado pelo Decreto nº 10589 e reconhecido em 17 de Abril de 1928, pelo Bureau Internacional de Londres.

Mais tarde o nome foi mudado para Corpo Nacional de Escutas. Embora os ataques dos inimigos fossem muitos, a verdade é que o C.N.E. cresceu

com rapidez e segurança. Em Fevereiro de 1925 aparece o primeiro número da nossa revista “Flor de Lis” e

em 1926, em Aljubarrota, realiza-se o Iº Acampamento Nacional. O Fundador do Escutismo, Lord Baden-Powell visitou Portugal duas vezes - 1929

e 1930. Tem actualmente cerca de 1.000 Agrupamentos em todo o território português,

com mais de 50.000 associados, número bastante apreciável se tivermos em conta que, a sua preocupação é a qualidade e não o número.

O C.N.E. escolheu como patrono a figura gloriosa de D. Nun’ Álvares Pereira, que como Homem, Herói e Santo, é para todos um exemplo a dignificar e respeitar.

Registamos aqui alguns factos no decorrer dos 75 anos de vida do C.N.E.. - 27 de Maio de 1923 - Fundação do Corpo de Scouts Católicos Portugueses, em Braga. - Aprovação dos Estatutos do C.S.C.P. pelo Governo Civil de Braga. - 26 de Novembro de 1923 - A portaria 3824 aprova os Estatutos do C.S.C.P. - 26 de Maio de 1924 - Publicação do Decreto nº 9729 que confirma a aprovação já dada em Portaria,

dos Estatutos referidos e alarga a todo o território nacional o âmbito da associação. - Fevereiro de 1925 - Sai o primeiro número da revista “Flor de Lis”. - 25 de Fevereiro de 1925 - O decreto nº 10589 aprova os Estatutos do Corpo de Scouts Católicos

Portugueses. - 15 de Março de 1925 - 1º Acampamento Nacional do CNE - Aljubarrota - Agosto de 1926 - É aprovada a nova redacção do Regulamento Geral do C.N.E.

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- 4 de Abril de 1929 - Principia em Coimbra o 1º Congresso Nacional de Dirigentes. - 2 de Maio de 1929 - Admissão do C.N.E. no Bureau Mundial de Escutismo. - 29 de Junho de 1932 - O decreto nº 21434 regulariza a Organização Escutista de Portugal. - 13 de Agosto de 1936 - A Organização Escutista de Portugal é extinta pela Portaria nº 8488. - 9 de Maio de 1950 - Aprovação de novos Estatutos do Corpo Nacional de Escutas e Publicação de novo

Regulamento Geral. - 24 de Setembro de 1950 - O C.N.E. é condecorado com a “Medalha de Ouro do Tiradentes” da União de

Escoteiros do Brasil. - 5 de Novembro de 1950 - A Sede Central do C.N.E. é transferida de Braga para Lisboa. - 19 a 25 de Setembro de 1961 - Conferência Internacional do Escutismo, no Seminário dos Olivais, em Lisboa. - 21 de Junho de 1963 - Inauguração oficial do Campo Escola Nacional Calouste Gulbenkian, em Fraião -

Braga. - 15 de Agosto de 1966 - 1º Encontro Nacional de Dirigentes, em Fátima. - 9 de Março de 1975 - Aprovação de novos Estatutos do C.N.E., no Conselho Nacional, em Fátima. - 16 de Dezembro de 1982 - O C.N.E. é condecorado pelo Ministro de Qualidade de Vida com a “Medalha de

Bons Serviços Desportivos”. - 3 de Agosto de 1983 - O C.N.E. é declarado de Utilidade Pública, conforme despacho do Primeiro-

Ministro, publicado no diário da República, II série, nº 177 (Despacho de 20 Julho de 1983)

- 1 de Março de 1984 - Entra em vigor o novo Regulamento Geral do C.N.E. - 31 de Janeiro de 1985 - Lavrada a Escritura dos Estatutos do C.N.E:, no 11º Cartório Notarial de Lisboa. - Agosto de 1985 - 1º Campo Nacional Marítimo, Funchal - Madeira; - 12 a 18 de Abril de 1986 - Conferência Europeia do Escutismo e do Guidismo, em Ofir. - Agosto de 1986 - 2º Campo Nacional Marítimo, S. Jacinto - Aveiro; - 29 de Novembro a 1 de Dezembro de 1986 -

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1º Congresso do Escutismo Católico Português “Que Escutismo para o ano 2000?”. - Agosto de 1988 - 3º Campo Nacional Marítimo, Ferragudo - Algarve; - 7 de Maio de 1988 - Inauguração do Centro de Formação de São Jacinto - Aveiro. - 28 de Maio de 1989 - Inauguração da Sede Nacional do C.N.E., na Rua D. Luís I, 34 - Lisboa. Concessão ao C.N.E. da “Medalha de Honra da Cidade de Lisboa”. - 26 de Maio de 1990 - Inauguração do novo espaço do D.M.F. - Agosto de 1990 - 4º Campo Nacional Marítimo, Oeiras - Lisboa; - 4 a 11 de Agosto de 1992 - XVIII ACANAC no Palheirão, com cerca de 10.000 participantes, sob o tema

geral: “A Fronteira do Homem”. - 17 de Julho de 1992 - Publicação do Alvará da condecoração da “Ordem do Mérito”; é publicada no

Diário da República nº 257 - II série de 6-11-92. - 28, 29 e 30 de Maio de 1993 70 anos do C.N.E., na feira das regiões em Vila Nova de Famalicão; - Agosto de 1993 - 5º Campo Nacional Marítimo. Alfeizerão - Oeste - Lisboa; - Agosto de 1998 - 6º Campo Nacional Marítimo, Barragem de Montargil - Portalegre; Agosto de 1998 - Acampamento Nacional do CNE, Aljubarrota.

Organização do CNE

Como qualquer organização de âmbito nacional, o Corpo Nacional de Escutas também tem a sua estrutura escalonada, a base é constituída pelos Agrupamentos, um conjunto de Agrupamentos da mesma zona forma um Núcleo, o conjunto de Agrupamentos e Núcleos da mesma diocese formam uma Região, a encimar toda a estrutura temos os serviços nacionais a Junta Central e o Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional.

Assim o nosso movimento tem orgãos deliberativos e orgãos de fiscalização. Como orgãos deliberativos temos: CONSELHO NACIONAL PLENÁRIO (reúne ordinariamente de 3 em 3 anos) - é

composto por todos os Dirigentes oficialmente nomeados e em efectividade de funções.

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Competências: • Votar alterações aos estatutos; • Eleger e demitir a Mesa dos Conselhos Nacionais; • Eleger e demitir a Junta Central e o Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional; • Deliberar sobre os bens do C.N.E., em caso de extinção (como é óbvio será uma

das alíneas sobre a qual nunca exercerá competências). CONSELHO NACIONAL DE REPRESENTANTES (reúne ordinariamente uma vez

por ano) - é composto por Dirigentes dos diferentes estádios do C.N.E., a saber: • Membros da Mesa dos Conselhos Nacionais; • Membros da Junta Central; • Membros do Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional; • Presidente da Comissão Eleitoral Nacional; • Membros das Juntas Regionais; • Delegados das Regiões (um por cada dez Agrupamentos filiados); • Delegados das Juntas de Núcleo (um por cada Junta); • Três Dirigentes dos Serviços Centrais. Competências: • Eleger o Presidente da Comissão Eleitoral Nacional; • Votar alterações aos Regulamentos; • Discutir e aprovar o Plano e Orçamento e o Relatório e contas da Junta Central; • Decidir sobre a aquisição e alienação de bens imóveis do C.N.E.; • Deliberar sobre matérias que não sejam da competência de outros orgãos; • Delegar competências suas no Conselho Permanente. CONSELHO PERMANENTE ( Reúne por convocação do Presidente da Mesa dos

Conselhos Nacionais) é composto por: • Dois membros da Mesa dos Conselhos Nacionais; • Membros da Junta Central; • Dois membros do Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional; • Representantes das Regiões (um por cada dois mil associados). Competências: • Exercer competências por delegação do Conselho Nacional de Representantes; • Dar parecer sobre estratégias a optar, por solicitação da Junta Central. Como órgão executivo temos: A JUNTA CENTRAL - que é composta pelo: - Chefe Nacional, Chefe Nacional Adjunto, Secretário Internacional, 3 ou 5

Secretários Nacionais e o Assistente Nacional.

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Esta equipe é eleita na sua globalidade por um período de 3 anos, com excepção do Assistente Nacional que é nomeado pela Conferência Episcopal Nacional.

Competências: • Representar o C.N.E.; • Coordenar e dinamizar a prossecução dos objectivos da Associação; • Promover as acções necessárias à correcta aplicação do método escutista; • Assegurar o funcionamento dos Serviços Centrais; • Administrar o património e finanças do C.N.E.; • Aprovar e registar a filiação de Agrupamentos e Unidades; • Suspender e dissolver Agrupamentos e Unidades; • Nomear e exonerar Dirigentes; • Exercer poder disciplinar; • Conceder louvores e condecorações; • Emitir cartões de filiação; • Elaborar propostas sobre a matéria nacional a serem apresentadas aos

Conselhos Nacionais. Como órgão de fiscalização temos: O CONSELHO FISCAL E JURISDICIONAL NACIONAL - É composto por:

Presidente, Vice-Presidente, Secretário e dois vogais, sendo eleito na sua globalidade por um período de 3 anos.

Competências: • Velar pelo cumprimento dos Estatutos e Regulamento Geral do C.N.E.; • Acompanhar e fiscalizar a gestão administrativa e financeira da Junta Central; • Dar parecer sobre o Relatório e Contas da Junta Central; • Dar parecer sobre matérias regulamentares; • Exercer poder disciplinar; • Exercer poder jurisdicional, como último órgão de recurso; • Emitir recomendações aos orgãos do C.N.E.; • Convocar os Conselhos Nacionais, quando a Mesa não o faça nos termos

estatutários; • Cumprir com as demais atribuições constantes da lei. Ao nível de uma Região existem os seguintes orgãos: CONSELHO REGIONAL - Composto por todos os Dirigentes e Caminheiros

oficialmente nomeados e em efectividade de funções. As competências são idênticas ás do Conselho Nacional Plenário e Conselho

Nacional de Representantes.

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JUNTA REGIONAL - Composta por: Chefe Regional, Chefe Regional Adjunto, 3 a 5 Secretários Regionais e o Assistente Regional. A equipe é eleita por um período de 3 anos, com excepção do Assistente Regional que é nomeado pela Diocese.

As competências são idênticas ás da Junta Central. CONSELHO FISCAL E JURISDICIONAL REGIONAL - A sua composição e

competências são idênticas ás do Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional. Ao nível de um Núcleo existem os seguintes orgãos: CONSELHO DE NÚCLEO - Composição e competências idênticas ás do Conselho

Regional. JUNTA DE NÚCLEO - Composição e competências idênticas ás da Junta

Regional. Recomendamos-te, para um maior desenvolvimento da matéria aqui apresentada,

a leitura dos Estatutos e o Regulamento Geral do CNE.

Distintivos e Uniforme Os Dirigentes do teu Agrupamento, usam um distintivo de função, constituído por

um losango cuja cor e composição identificam o seu cargo no Agrupamento. Este distintivo é colocado na manga esquerda da camisa, a um terço da distância

entre a costura do ombro e o cotovelo, medida a partir da primeira. Os distintivos são: - Flor de Lis e Cruz de Cristo sobre fundo vermelho, para Chefe de Agrupamento. - Flor de Lis e Cruz de Cristo sobre fundo verde, para Chefes de Unidade. - Flor de Lis e Cruz de Jerusalém sobre fundo vermelho, para Secretário e/ou

tesoureiro de Agrupamento. - Flor de Lis e Cruz Flor de Lisada sobre fundo vermelho, para Assistentes de

Agrupamento. Os Chefes Adjuntos, usam um distintivo igual ao do Chefe de Agrupamento,

Secção ou ao Assistente e os Instrutores usam lenço igual aos dirigentes, o distintivo de função é composto por Cruz de Jerusalém sobre fundo verde.

Estes são os distintivos de cargo dos teus Dirigentes. No entanto outros distintivos farão parte do teu uniforme e que são comuns a

todos os Escuteiros: - Distintivo Mundial - por cima do bolso esquerdo da camisa. - Distintivo Regional - lenço. - Distintivo de Agrupamento e de Núcleo - manga direita. - Insígnia de Promessa - bolso esquerdo. - Distintivo de Companha - manga esquerda. - Noites de Campo e Horas de Mar - por cima do bolso direito.

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- Distintivo de função - bolso esquerdo. - Etapas de Progresso - manga esquerda ( 2 cm abaixo do distintivo de

Companha), com excepção da Insígnia de Marítimo que é colocado na manga direita. - Insígnia de Especialidade - manga direita, abaixo do distintivo do Agrupamento. Exemplos: Um Companheiro bem uniformizado usa calças compridas, saias ou calções. No

entanto, em actividades deverás usar calção, porque durante uma chuvada, as calças começam a prender os movimentos, tornando-se mais pesadas e colando-se ao corpo.

Deves usar meias até aos joelhos, porque além destas te aquecerem ajudando a circulação sanguínea, protegem-te dos arbustos.

O lenço, além de proteger o pescoço dos raios solares, poderá ser usado como banda triangular em socorrismo, disfarces, bandeira improvisada, etc..

A camisa, melhor que um abrigo dá liberdade à garganta e braços, e é fresca. Os Escuteiros usam as mangas da sua camisa arregaçadas, acima dos cotovelos, para uma maior liberdade e porque exemplifica que estão prontos a SERVIR a qualquer trabalho que surja. É pois, um símbolo exterior de disponibilidade. A camisa pode ainda ser utilizada como mochila e com duas varas é fácil improvisar uma maca.

Preocupa-te em teres sempre o teu uniforme com os distintivos nos sítios correctos, para que todos os Escuteiros saibam qual o Agrupamento e Região a que pertences, bem como a tua Companha, a tua função e o teu grau de evolução.

Insígnia do CNE

O C.N.E. tem uma insígnia própria que o distingue, é a Flor de Lis. Esta era usada

antigamente nas cartas de marear para indicar o norte, que a nós indica o caminho de bem, para o alto, para Deus.

A Flor de Lis é de cor amarelo-ouro, cujas três pétalas nos relembram os Princípios do Escutismo e a nossa Promessa.

Sobrepõe-se à Flor de Lis uma Cruz de Cristo, que nos recorda a dimensão cristã e o ideal de Jesus. Tem por baixo um listel, também amarelo-ouro com a palavra ALERTA debruada a preto, com a forma de um sorriso, lembrando-nos que o “Escuta tem sempre boa disposição de espírito”.

Alerta é a divisa do Escuteiro, que deve estar sempre alerta tanto física como mentalmente, isto é, sempre alerta para servir e ajudar o próximo.

A Cruz de Cristo, na insígnia, é o símbolo da sua Fé.

3ª Prova Organização do Agrupamento e a sua história

O Agrupamento é a estrutura básica do C.N.E., tendo por função enquadrar e realizar o Escutismo a nível local.

- Cada Agrupamento exerce a sua acção, em princípio, na área de uma Paróquia.

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- Cada Agrupamento designa-se por um número de ordem de filiação, dado pela Junta Central e pelo nome do respectivo Patrono ( Santo da Igreja, Benemérito da Humanidade ou Herói Nacional).

- Os números de ordem do Agrupamento constituem uma série única nacional. - Os Agrupamentos extintos, quando reactivados, mantêm o mesmo número de

ordem. - A fundação de Agrupamento é da iniciativa da Junta Regional a quem compete

nomear os respectivos Dirigentes e emitir os regulamentos e instruções necessárias. - A fundação de Agrupamentos carece do parecer favorável da competente

autoridade eclesiástica. - O período de formação de Agrupamentos é de 1 a 3 anos. - O Agrupamento é composto por uma ou mais das seguintes Unidades: a) Alcateia b) Flotilha c) Frota d) Comunidade - Um Agrupamento não pode ter mais de duas Unidades em cada secção. - As Unidades têm uma numeração de base regional. - As Unidades extintas, quando reactivadas, mantêm o mesmo número de ordem. - A orientação pedagógica da Unidade está a cargo da Equipe de Animação,

constituída pelo Chefe de Unidade, Adjunto e os Instrutores em serviço na mesma. - O chefe de Unidade é designado pelo Chefe de Agrupamento e responsável

perante a Direcção de Agrupamento. - Os Instrutores constituem um quadro único a todo o Agrupamento,

desempenhando as funções técnico-pedagógicas que o Chefe do Agrupamento lhes cometer.

- Os Companheiros (com insígnia de ligação) e aspirantes a Dirigentes em serviço na Unidade participam, com voto consultivo, nas reuniões da Equipe de Animação.

- A Assistência religiosa e os serviços administrativos e financeiros competem ao Assistente, ao Secretário e ao Tesoureiro de Agrupamento, respectivamente.

- A Direcção de Agrupamento é composta por: Chefe de Agrupamento (eleito por um período de 3 anos), Assistente de Agrupamento, Secretário de Agrupamento, Tesoureiro de Agrupamento e por todos os Chefes de Unidades.

- O Conselho de Agrupamento é composto por todos os Dirigentes e Companheiros investidos.

História do Agrupamento

Fazer a história do Agrupamento não é tão difícil ou aborrecido como parece:

basta definir o ponto de partida e... mãos à obra! Que tal começares por organizar um ficheiro com toda a gente que já fez (e/ou

faz) parte do Agrupamento? No caso de não ser possível por nomes, pelo menos o número de Escuteiros, em que anos, em que secção... Há ainda a hipótese de, em

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Agrupamentos muito “velhinhos”, dividir a história por períodos (5, 10 anos, por exemplo) e distribuí-los pelos vários Aspirantes a Companheiros.

É claro que não deves esquecer o aspecto qualitativo da história: - Como nasceu a ideia da criação do teu Agrupamento? - Quem esteve na origem da sua fundação? - Em que data foi inaugurado e como decorreu essa cerimónia? - Houve convidados “de fora”? - Quais foram as primeiras Unidades a funcionar? - Que números foram atribuídos ao Agrupamento e às Unidades? - Quem são os seus Patronos? - A sede do Agrupamento foi sempre no mesmo local ou tiveram outras (onde)? - Em que grandes actividades nacionais e/ou internacionais, o Agrupamento se

fez representar? - Quais as actividades que deixaram “marca”, pela positiva, na vida do

Agrupamento? Podes, também, contar alguns episódios alegres que se tenham passado com

actuais ou antigos elementos. Para encontrares os dados de resposta a estas perguntas - e aqui é melhor

organizar o trabalho por secção - poderás, por exemplo, fazer uma recolha dos relatórios de actividades (acampamentos, raids, cruzeiros,...). As II e III Secções são muito férteis nesse tipo de trabalhos, uma vez que nelas existem sempre elementos chamados a desempenhar essas funções.

Uma última sugestão: no fim do trabalho pronto, organiza uma “Sessão” com todo o Agrupamento, para divulgares os resultados.

Para além do aspecto lúdico, inerente à organização da história do Agrupamento, ela constitui um documento valioso tanto no presente, como para as próximas gerações de Escuteiros.

4ª Prova Simbologia Escutista

Simbologia são no fundo os símbolos que representam ou identificam alguma coisa, neste caso que tenham a ver com o Escutismo. Boa Acção

A B.A. como é vulgarmente conhecida a Boa Acção é citada no 3º artigo da Lei (“O Escuta pratica diariamente uma Boa Acção”) e no segundo item da Promessa (que diz: “Auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias”).

A B.A. deve ser gratuita, ignorada e desinteressada. O que interessa é que contribuas de alguma forma para que alguém possa ter mais alguns momentos de felicidade.

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Baden-Powell, deixou-nos, a este respeito, algumas palavras, que não devemos esquecer:

“Pela Promessa escutista estamos pela nossa honra obrigados a proceder assim (a fazer todos os dias uma Boa Acção a alguém). Mas não suponhamos que os Escuteiros não precisam de fazer senão uma Boa Acção por dia. Têm de fazer uma, mas se puderem fazer cinquenta, tanto melhor”.

O símbolo mais vulgar, relativo a este assunto, é o nó na ponta do lenço. Recorda-nos a necessidade de fazer a B.A. pelo que após esta deve ser imediatamente desfeito. Mesmo não uniformizados podes fazer o nó, no lenço de assoar.

Concluindo, podemos afirmar que a ideia da Boa Acção existe e existiu sempre nos jovens, porque são cheios de energia, generosidade, espírito de iniciativa e de amizade, cheios de alegria para com os outros. Saudações

Todos os Escuteiros se saúdam da mesma maneira, seja qual for a sua nacionalidade, credo, raça ou cor.

É uma saudação como qualquer outra, um sinal de boa educação, que devemos ter para com todos.

Devemos executá-la quando nos cruzamos com um irmão Escuta, quando vemos passar um funeral, quando se está a hastear ou a arrear a Bandeira Nacional, em frente de uma igreja, ou em qualquer ocasião, ou lugar que nos mereça tal respeito.

Como a maior parte das vezes não andas uniformizado, para seres reconhecido como Escuteiro, deves usar o emblema metálico do C.N.E. e talvez aconteça alguém vir ao teu encontro fazendo a saudação.

Quando fizeres a saudação, mantém a cabeça levantada e bem disposto para a pessoa a quem saúdas.

Nas cerimónias religiosas - na benção do Pão e do Vinho - todos os Escuteiros devem permanecer em sentido, sem fazer a saudação (alguns Agrupamentos fazem saudação).

A saudação faz-se com a mão direita elevando-a à altura de 90º, palma da mão para a frente (gesto de paz entre os Peles-Vermelhas), com os três dedos médios em extensão e os outros flectidos, ficando o polegar sobre o mínimo, na posição de sentido.

Os três dedos ao alto e unidos recordam ao Escuteiro os três artigos da Promessa e os três princípios do Escuta.

O dedo polegar sobreposto ao dedo mínimo, simboliza a protecção do mais forte ao mais fraco.

Saudação ao boné de campo, panamá, boré ou quepi

Para fazer a saudação com um dos chapéus descritos anteriormente é, tal e qual,

como para a cabeça descoberta. Só que a mão direita, em lugar de ficar à altura do

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ombro, sobe até tocar o chapéu, por cima do sobrolho direito, formando um ângulo de 45º.

Saudação com vara ou pau de croque

Esta saudação faz-se com a mão esquerda e, em vez de a levantar, ela fica

colocada em frente à cintura, com o antebraço na horizontal e com a palma da mão para baixo, a tocar com o dedo médio na vara, que é segura verticalmente com a mão direita. Não te esqueças que a saudação é executada sempre na posição de sentido.

Para se despedirem os Escuteiros têm por norma saudarem-se à maneira Zulu, isto é: - Votos de Boa Caça / Boa Pesca.

Cumprimento à esquerda

Quando se cumprimenta outro Escuteiro, dá-se um aperto de mão, usando a mão

esquerda, de modo a cruzar os dedos mínimos. Usa-se a mão esquerda, por duas razões: 1ª- É a mão que está mais próxima do coração e é, portanto uma prova do nosso

afecto pela outra pessoa; 2ª- E deixa a mão direita livre para fazer a saudação; É a mão com que os Zulus se cumprimentavam, visto que devido a usarem o

escudo na mão esquerda, teriam que se desproteger para cumprimentar alguém, mostrando assim, que confiavam nas pessoas. Conta-se que o facto de se cruzarem os dedos mínimos, teve origem mais recente e faz-se porque durante a sua estada na terra dos Zulus, B.P. combateu com um dos seus chefes, num combate pessoal e depois de o ter derrubado, em vez de o matar, B.P. ajudou-o a levantar usando a mão esquerda.

Ora o chefe Zulu tinha o dedo mindinho partido e, B.P. cruzou então os dedos de modo a proteger-lhe o dedo.

Divisa

“SEMPRE MAIS ALÉM”, esta é a divisa do Escuteiro Marítimo. O Escuteiro Marítimo quer ir sempre mais longe nos seus conhecimentos na sua

descoberta de novos mundos, novos horizontes. 5ª Prova Lei, Promessa e Princípios Lei de Escuta

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Para poder viver em sociedade, em plena harmonia com todos, desde cedo o homem sentiu necessidade de criar regras, leis e princípios que lhe permitissem viver em convívio salutar com os outros.

Do mesmo modo, os Escuteiros têm também as suas leis e princípios, pelos quais regem a sua vida, visto formarem um grupo dentro da sociedade moderna que, pelas suas características muito próprias, têm de ter também regras que os definam como membros de um mesmo grupo.

Assim deves saber os nossos códigos, perceber o que eles te pedem e viveres a tua vida segundo essa mesma Lei e Princípios.

És um jovem adulto, não propriamente um Moço ou Marinheiro, assim não vais ler aqui uma explicação exaustiva dos diferentes artigos que constituem a nossa Lei, visto que quando os leres, atentarás que ela mais não é que os parâmetros que deverão pautar a vida do Homem com “H” grande, na sociedade civil e também na natureza; além disso agora estás prestes a assumir responsabilidades da vida “real”, que na vida dos adultos, verás que ninguém será teu melhor juiz que tu próprio.

Se estiveres bem contigo, estás bem com os outros...e com Deus. Porque não defines cada artigo da Lei, segundo o que representam para ti e os

discutes na tua Comunidade? LEI DO ESCUTA 1º A Honra do Escuta inspira confiança; 2º O Escuta é leal; 3º O Escuta é útil e pratica diariamente uma Boa Acção; 4º O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas; 5º O Escuta é delicado e respeitador; 6º O Escuta protege as plantas e os animais; 7º O Escuta é obediente; 8º O Escuta tem sempre boa disposição de espírito; 9º O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio; 10º O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções.

Princípios do Escuta

É claro que para cumprires os Princípios, não te basta ir à Missa, afirmares que

tens Fé em Deus, ires à tropa, obedeceres aos governantes ou aos pais. Não, tu és Companheiro, és um jovem adulto: o importante é demonstrares que Deus não está cá fora quando vais à Igreja ou quando dizes as tuas orações, mas que faz parte de ti, em toda a tua vida, a todo o momento.

Quanto a seres bom cidadão, tens que o demonstrar, vivendo com civismo, mesmo com irreverência e principalmente participando nas decisões do teu país. O desafio que te propomos não fica por aqui antes pelo contrário, tudo isto só é possível com o teu exemplo, e tu, com ou sem uniforme estás na linha da frente para dares, com os

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teus amigos, família e atenção, é teu dever preparares-te para um dia formares uma nova família, para dares à sociedade homens válidos e ricos espiritualmente, porque “o dever do Escuta começa em casa” e tu quando fores marido/esposa, pai/mãe, tens que cumprir o teu dever de Escuta.

PRINCÍPIOS 1º O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua vida; 2º O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão; 3º O dever do Escuta começa em casa.

6ª Prova Conhecimentos técnicos de campismo, participar num acampamento de fim de semana Tenda

Quando se vai acampar, tem de se resolver primeiro onde se instalará o

acampamento e de que tipo este vai ser. A meu ver, o melhor sitio para acampar é dentro ou perto de um bosque onde é

permitido cortar lenha e construir cabanas. Por isso, se conhecerdes um proprietário da vizinhança que vos deixe utilizar um recanto do seu bosque, aproveita a ocasião. Dentro de um bosque o chão pode estar húmido e as árvores pingam continuamente em tempo de chuva.

À beira-mar há também bons terrenos para acampar, conseguindo-se um sítio onde haja embarcações e se possa tomar banho.

Não se esqueçam de que a água e lenha são indispensáveis. Ao se escolher o local para acampar, é necessário verificar como é que ele se

comporta com o tempo muito chuvoso ( trovoadas, queda de ramos secos), ou ventoso ( a tenda pode ser arrastada). Tem de se escolher um local seco, abrigado e nunca numa zona baixa (águas da chuva - inundações).

Depois de escolhido o local para acampar, arma-se a tenda com a entrada voltada a sotavento.

Cava-se em sua volta um sulco de pouca profundidade (8 a 10 cm) para que a água da chuva não invada a tenda, mas que se escoe. Junto ao pé de cada prumo faz-se uma pequena cova do tamanho de uma chávena de chá, para onde se mudam os prumos se vier chuva. Esta medida permite afrouxar todas as espias ao mesmo tempo e compensar a contracção que se dá quando se molham.

As tendas depois de utilizadas devem ser todas abertas, para arejar devido ás húmidades, elas provocam o apodrecimento dos tecidos.

Cozinha

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O lume da cozinha faz-se a sotavento, ou do lado para onde sopra o vento, de maneira que o fumo e faúlhas não sejam levados para as tendas.

Deve-se ter o maior cuidado com o asseio na cozinha, porque deixando-se restos pelo chão, as moscas acumulam-se e fácilmente envenenam os alimentos, que podem causar doenças perigosas.

Utiliza-se duas fossas, uma húmida e outra seca. São dois buracos com cerca de meio metro de profundidade e 20 cm de largura, pelo menos. A boca da húmida cobre-se com uma camada de palha ou de erva, e toda a água gordurosa se lança nela através desta. A cobertura retém a gordura e evita que torne a terra impermeável. A erva ou palha deve queimar-se todos os dias e substituir-se.

Na fossa seca deita-se tudo o mais que se não possa queimar. As latas queimam-se primeiro e depois achatam-se a martelo, antes de se deitarem na fossa seca. Queima-se tudo quanto possível, senão a fossa seca enche-se num instante. O lixo cobre-se todos os dias com uma camada de terra.

Latrinas

Outro ponto importante para um bom acampamento, latrinas. Deve ser instalada relativamente longe do campo e de preferência a sotavento

para se evitar os maus cheiros. Uma cova com cerca de metro, metro e meio de profundidade e protegida por

panos de tenda. Após cada utilização deve-se lançar terra, no final do acampamento lançar

criolina e ser totalmente coberta de terra.

Machado, serrão e navalha Podemos julgar um trabalhador pela maneira como ele tem a sua ferramenta; do

mesmo modo um escuteiro pode ser apreciado pela maneira como guarda e estima a machada, o serrão ou a navalha. Qualquer delas deve estar sempre limpa e afiada. A lâmina pode ser afiada com qualquer pedra de afiar das que se vendem nas casas de ferragens.

As ferramentas, devem ser protegidas do sol, da chuva e da húmidade. Devem porém estar arrumadas de forma a estarem à disposição de quem precisa deles e se possível à vista.

Recomendamos fazeres um pequeno estaleiro com um pano de chão de modo a improvisar um toldo de protecção.

Aproveita duas árvores juntas para fixares duas varas uma de cada lado. Pendura nelas as pás, picaretas, baldes, candeeiros, etc. As machadas podem ficar por baixo espetadas num cepo ou tronco grosso. Se

existir algum caixote coloca-o protegido do chão, em cima de troncos ou pedras e guarda lá o sisal, panos, material de jogos, botijas de gás.

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Navalha Deves olear, de tempos a tempos, as molas da tua navalha e limpá-la tanto do pó

como das areias. Quando, ao fechá-la, notares qualquer desajuste é sinal de haver areia dentro.

Depois de qualquer trabalho, ou quando a lâmina apanhar água, deves limpá-la e enxugá-la com cuidado. Para evitar a ferrugem é recomendável oleares também a lâmina.

Deves cortar sempre de dentro para fora. Utiliza as lâminas e acessórios correctamente. Agarra-a pelo cabo, evita cortares-te. Quando não a estiveres a usar, fecha-a. Esta deve estar fixa ao cinto por um

cordão em corda ou fio de cabedal, para não se perder. A segurança de uma navalha, que não seja de abertura automática, é fácil fazer.

Porém se tiver fecho de segurança é utilizá-lo sempre que não esteja em uso. Nunca a atires aberta a ninguém.

Machado O machado é uma arma perigosa quando usada sem cuidado. Um escuteiro deve

orgulhar-se de a saber usar bem. Logo que não precises dela, deve colocá-la na bainha ou na caixa própria ou espetá-la num cepo de madeira. Isto não só impede que o corte se embote, mas também evita que alguém venha a ferir-se.

Manter o corte sempre afiado, usando para isso a pedra de afiar. Ao afiar o corte deve-se imprimir à pedra um movimento circular, mantendo o machado um pouco afastado de ti.

Esfrega frequentemente o ferro com um pano embebido em óleo para não enferrujar. Se o cabo do machado tende a cair será conveniente ajustá-lo com uma cunha de ferro ou então mergulhar a cabeça do machado na água.

Aqui ficam alguns NÃOS de que te deves lembrar: - Não cortes direito a baixo, em ângulos rectos. Dá o golpe com a lâmina

inclinada; a lâmina cortará mais fácilmente a madeira. Mas não demasiado inclinada, que é perigoso.

- Não cortes paus no solo. Usa sempre um cepo ou qualquer “descansador” ou cavalete próprio.

- Não cortes um pau em falso encostado a um cepo. Poderá saltar e causar perigo. - Não deixes que a lâmina do machado penetre no chão: estraga o corte. - Não deixes que outros se aproximem de ti enquanto usas o machado. - Não a abandones no chão ou encostada a uma árvore. Pode ferir alguém. A machada deve ser agarrada pela extremidade do cabo. Se tiveres que a entregar a alguém segura-a com cuidado o ferro de forma a que

o outro a receba pelo cabo, tal como fazes com uma faca, navalha ou tesoura.

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Quando a transportas agarra-a pelo ferro com o gume para trás. Se fores ao lado de alguém, leva-a sempre do lado contrário do Companheiro.

Serrão

Tal como as outras ferramentas, também o serrão tem de ser cuidado. A lâmina deve ser protegida, após cada utilização, para não apanhar areia, terra

ou enferrujar. Não deve ser deixado no chão, para que não seja pisado e partir-se a lâmina ou

cortar alguém. Deve ser sempre colocado num local preparado para ele e do conhecimento de todos.

Ao cortar lenha não deves torcer a lâmina, ela pode partir-se e ferir-te. Para afiares a lâmina deves usar uma lima triangular e passá-la nos dentes.

7ª Prova Aparelhar uma embarcação à vela, sua manutenção e nós NOMENCLATURA DE UMA EMBARCAÇÃO À VELA - DOT / SCOUT Mastreação

Mastreação é o conjunto de mastros de uma embarcação. Mastro - É uma peça comprida, de madeira ou metal, que serve para envergar as

velas da embarcação; Retranca - Verga que encaixa no mastro, em baixo, acima do convés e enverga a

esteira da vela. Casco

Proa - É a extremidade anterior da embarcação e destina-se a cortar a água oferecendo-lhe a menor resistência;

Popa ou Ré - A extremidade posterior e destina-se a facilitar a saída de água cortada pela proa;

Costado - É a parte lateral externa do casco; Borda - É a união do convés com o costado; Convés - Parte superior (pavimento), acima do costado, que vai de uma à outra

borda; Poço - É uma abertura no convés, para os tripulantes; Painel de Popa - Painel exterior formado pelo revestimento da ossada da popa; Enora - Abertura feita no convés para dar passagem ao mastro; Carlinga - Cavidade na sobrequilha onde assenta o mastro.

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Ao conjunto do velame, massame e poleame dá-se o nome de aparelho.

Velame

É constituído pela vela Grande e Estai. Na sua maioria as embarcações miúdas podem armarem à vela, usando, neste

caso, só e sempre velas latinas, isto é, velas montadas no sentido proa-popa. Quanto à sua forma as velas latinas podem ser triangulares ou quadrangulares

(no caso dos Optimist). Nas velas latinas quadrangulares os lados da vela são: Gurutil - Enverga na carangueja. Valuma - O lado livre para a ré. Esteira - Enverga na retranca. Testa - Enverga no mastro. Os punhos, ou seja, os cantos da vela chamam-se: Punho da Escota - Valuma - Esteira. Punho da Amura - Esteira - Testa. Punho da Boca - Testa - Gurutil. Punho da Pena - Gurutil - Valuma. Nas velas triangulares desaparece a carangueja pelo que a valuma une

directamente ao mastro. Ao lado armado no mastro dá-se o nome de gurutil e o punho formado pelo gurutil e valuma chama-se punho da pena. Quer isto dizer que nas velas triangulares não há testa nem punho da boca.

Massame

O massame é o conjunto de todos os cabos que se utilizam no aparelho da embarcação. Entre todos podemos destacar como principais os seguintes:

Escotas - Cabos fixos a um dos punhos da vela e que servem para aguentar a vela a um bordo ou a outro conforme interessa a manobra.

Brandais - São os cabos que aguentam o mastro no sentido BB, EB; Estais - São os cabos que aguentam o mastro no sentido proa / popa; Adriças - Cabos destinados a içar as velas, vergas, caranguejas ou patilhão. Rizes - Pedaços de cabo metidos nas forras de rizes com um chicote para cada

face da vela. Servem para rizar o pano, amarrando parte dele à retranca.

Poleame O poleame é o conjunto de peças de madeira ou de ferro destinados à passagem

dos cabos. São os moitões, manilhas, esticadores e outras ferragens.

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PALAMENTA

A palamenta é constituída pela boça, um par de remos, uma bóia de salvação, um

ferro para fundear, um bartedouro, defensas e um leme (patilhão é fixo).

NÓS A Arte de Marinheiro tem muita utilidade a bordo de um navio ou embarcação.

Por isso, querendo tu seres um verdadeiro Escuteiro Marítimo, tens de te dedicar a ela com muita atenção.

Chama-se massame ao conjunto de todos os cabos existentes a bordo, sendo estes utilizados para vários fins. Sendo por isso necessário saber efectuar uma série de nós e voltas.

Quando se compra um cabo e este vem sem qualquer nó ou costura dá-se o nome de cabo “solteiro”. As extremidades de qualquer cabo formam o nome de “chicotes”. A parte do meio chama-se “seio” e a espessura do cabo tem o nome de “bitola”.

Lançar um Cabo

Pega-se em várias voltas de um cabo com uma das mãos, com outra pega-se numa

ou duas voltas junto ao chicote, dá-se balanço e lança-se o cabo, geralmente na ponta do chicote faz-se uma “retenida” para dar mais peso.

Colher um Cabo

Os cabos de fibra podem ser colhidos da seguinte maneira: - À manobra, quando colhidos em voltas sobrepostas, formando um pandeiro; - À inglesa, quando são colhidos em voltas concêntricas numa só camada ou

formando enfeites sobre o convés. Os cabos de massa são colhidos da esquerda para a direita, sucedendo o

contrário com os cabos calabroteados.

Voltas e nós LAÇADA OU NÓ SIMPLES Nó que faz de falcassa no chicote de um cabo e que, no seio do mesmo, o impede

de desgornir um olhal ou borne. É o mais simples de todos os nós e constitui a primeira fase de um grande número de trabalhos de Arte de Marinheiro.

NÓ DIREITO

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É o nó usado para fazer a ligação de dois cabos que não demandem muita força.

Tem inúmeras aplicações na "Arte de Marinheiro" e oferece a vantagem de não recorrer, salvo nos casos em que os cabos a ligar, são de bitolas diferentes ou materiais também diferentes.

NÓ DE AZELHA Executa-se como se fosse uma laçada dada no seio do cabo e serve para graduar

provisóriamente um cabo qualquer. NÓ DE TREMPE OU DE OITO É um nó que, dado num chicote de um cabo serve para não deixar desgornir um

olhal ou gorne. NÓ DE CORRER Utiliza-se este nó para fazer a arreigada de um cabo, quando se deseja que este

seja quanto mais socado quanto maior for o esforço exigido ao cabo. É também empregue para a construção de uma escada.

LAIS DE GUIA Tal como o nó de escota, o lais de guia é um dos nós mais aplicado a bordo, Dá-se

no chicote de uma espia para encapelar num cabeço e nas boças das embarcações, quando estas têm de ser rebocadas. Tem inúmeras utilidades.

VOLTA DE FIEL É um dos trabalhos de "Arte de Marinheiro" que mais se emprega a bordo. Eis

algumas das suas aplicações: começo e remate de vários nós, fazer fixar um cabo num olhal, cabeço, etç... A volta de fiel, também chamada nó de porco, goza da propriedade de não recorrer.

NÓ DE ESCOTA Destina-se a segurar o chicote dum cabo num olhal ou mãozinha de outro. Goza

de propriedade de não socar quando molhado, razão por que é utilizado para emendar escotas. Usa-se ainda para emendar cabos de bitolas diferentes ou feitos de materiais diferentes. Este nó usa-se ainda na confecção de redes de pesca.

VOLTAS DE CUNHO

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Servem para dar volta num cunho, a um cabo de pequena bitola. Executam-se

dando voltas em torno das extremidades do cunho.

Manutenção A utilização de uma embarcação, requer muitos cuidados desde o momento de se

aparelhar, navegar até voltar a arrumar. A montagem do aparelho deve ser cuidada, nada deve ser descurado, uma anilha

mal colocada pode provocar a queda da manilha, o mastro a tombar e partir, uma vela a soltar-se ou a rasgar-se.

O casco nunca deve ser arrastado para a água, nem quando sai da água, porque lhe vai provocar vários danos, desde riscos à quebra do casco.

Durante a navegação, é necessário particular cuidado com o vento, para não se efectuar cambadelas que poderá provocar a quebra do mastro ou rasgar a vela grande.

Depois de cada utilização, o casco, aparelho e palamenta tem de ser lavado com água doce.

A embarcação tem de ser devidamente arrumada, o aparelho e palamenta têm de estar devidamente enxugados.

Embarcações de apoio e de canoagem

Bote de Apoio

Vamos inicialmente definir o que é a Palamenta e o que é Nomenclatura. Palamenta, significa que são todas as peças soltas da embarcação: Pagaias;

Bartedouro; Flutuadores; Coletes de Salvação e Saiote. Nomenclatura, significa que são todas as peças fixas da embarcação: Bancos; Casco; Caixas de Flutuação quando fixas.

A Palamenta de uma embarcação de apoio é a seguinte: Bartedouro - Instrumento tipo pá, que nas pequenas embarcações substitui a

bomba, que serve para escoar a embarcação; Boça - Cabo fixado à proa da embarcação para a amarrar; Sarretas - Tábuas colocadas no fundo para o proteger. Podem ser substituídas

por estrados de madeira, denominados “paneiros”; Ancorote - Pequena ferro para fundear a embarcação; Croque - Vara de madeira com cerca de 3m de comprimento, tendo numa das

extremidades uma ferragem em forma de gancho;

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Remos - Varas de madeira resistentes, em geral de tojo ou freixo, terminando de

um lado pela pá e do outro pelo punho. A parte do remo que assenta na forqueta ou toleteira é revestida por um forro de sola ou de tiras de lona entrelaçadas;

Forquetas - Peças metálicas em forma de forquilhas para apoio dos remos,

enfiando o pé num furo vertical da embarcação. Este furo é reforçado por uma peça metálica que se chama bronze. Cada forqueta é munida de um Fiel de linha para prender à embarcação;

Toletes - Algumas embarcações usam toletes, que são curtos varões de ferro ou

de latão que enfiam verticalmente nos bronzes. Os remos têm nestes casos, estropos de cabo ou furos para enfiarem nos toletes;

Defensas - As defensas são colocadas no costados dos barcos ou junto das

forquetas, a fim de proteger o barco ou as embarcações de pancada ou roçaduras;

Colete de Salvação - Apresenta-se na próxima prova; Bomba ou Fole - Indispensável num bote pneumático, para que se possa

proceder ao seu enchimento, qualquer que seja o local onde nos encontremos;

Caixa de Ferramentas - Deve existir sempre a bordo com as diferentes peças de

ferramenta, que se julgue necessárias para se proceder a qualquer reparação;

Motor - Meio de propulsão do bote.

Bote Pneumático Como deves saber, estas embarcações foram desenhadas e construídas para

combater e como tal tiveram que pensar numa embarcação portátil, rápida e resistente.

A operação de montar e desmontar, deve ser feita com especial cuidado. Este tipo de embarcação veio trazer muitas vantagens em deslocações de

pessoal em combate,. pois apesar de atingidos por balas, como são divididos por 4 compartimentos estanques conseguiam resistir e chegar ao seu destino.

Os modelos por nós utilizados dispõem de apenas três compartimentos estanques: Bombordo, Estibordo e Proa, e possuindo para o respectivo enchimento ou

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esvaziamento duas válvulas que se podem girar podendo os três compartimentos tornarem-se num só.

Descrição: 1 - Flutuador de proa 2 - Flutuador de estibordo 3 - Flutuador de bombordo 4 - Flutuador de quilha 5 - Bicos de popa 6 - Paneiros 7 - Válvula de estibordo 8 - Válvula de bombordo 9 - Válvula de quilha 10 - Tábua de proa 11 - Longarinas 12 - Painel de popa 13 - Suporte do motor 14 - Pega 15 - Olhal para fiel de motor 16 - Olhal para a Boça 17 - Cabo de protecção (verdugo) 18 - Avental de proa 19 - Suporte da pagaia 20 - Suporte da pá da pagaia 21 - Pega de paneiro 22 - Olhal para cabo de segurança 23 - Cabo de segurança 24 - Fundo 25 - Olhal para fiel 26 - Válvula para escoamento (alguns modelos)

Palamenta de uma Embarcação de Canoagem Pagaia simples ou dupla - Já anteriormente apresentada; Colete de Salvação - Apresenta-se na próxima prova; Bartedouro ou esponja - Já anteriormente apresentados; Leme - Aparelho destinado ao governo da embarcação, ligando-se ao cadaste por

meio de machos e fêmeas ou outro sistema que lhe permita girar para um e outro bordo. É constituído por “porta” e “madre” ou eixo do leme. A extremidade superior da madre chama-se “cachola”, havendo nela uma clara (abertura) ou uma mecha

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(espiga) para receber a cana do leme. Em vez da cana do leme usa-se às vezes uma meia-lua;

Poita - Substitui o ferro na sua ausência e consiste numa pedra ou cubo de

cimento para fundear a embarcação.

8ª Prova Regras básicas de segurança Colete de Salvação

O Colete de Salvação é uma das peças mais importantes para um Marinheiro, pois

ajuda-te a flutuares quando cais à água. Existem diversos coletes e vestem-se de maneira diferente, é preciso seguir as

indicações que os teus Chefes te dão. Há aquele colete que se veste como coletes normais para andares na rua, que se

enfiam nos braços e abotoam-se à frente. Há outros que são de enfiar pela cabeça e depois têm umas cintas para atares à

frente. E há ainda outros que também se enfiam pela cabeça, mas estes têm um cinto que

prendes e depois enche-os como se fosse uma balão, são os insufláveis. Ao caíres à água, vais ter dificuldades em nadar, não te preocupes, porque o

colete já está a fazer a sua função, ou seja estás a flutuar. Procura chegar à tua embarcação e, se a não conseguires virar não te preocupes,

o teu chefe deve estar a chegar com o bote de apoio para te ajudar. Entretanto vai descansando, podes esticar-te e colocar a cabeça no flutuador

que o teu colete tem atrás. Mas atenção não adormeças. Após cada utilização deves obrigatoriamente lavar o teu colete com água doce.

Porque a água salgada vai estragar o teu colete: o fecho deixa de correr; o tecido começa a apodrecer; as costuras começam a desfazer-se, etc.. Saltar para dentro de água com colete de salvação

Quando se salta para dentro de água, com colete de salvação, o mesmo deve

estar devidamente amarrado, com as respectivas cintas passadas. Se não estiver seguro, no momento em que entramos na água vai-se abrir, encher-se e poderá mesmo saltar-te do corpo pela cabeça, ou então poderá magoar-te seriamente, quando realiza o seu deslocamento para cima, no pescoço, no queixo ou no nariz..

Quando efectuas o salto, deves cruzar os teus braços sobre a boca do colete e colocas cada mão sobre um dos teus ombros, a forçá-lo de modo que, quando se der o impacto com a água o teu colete de salvação não suba e não te magoe. As pernas e os pés, devem estar juntas e tentar que sejam primeiro os calcanhares a tocar na água.

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Se o não fizermos, algum objecto que esteja na água a flutuar ou submerso poderá provocar a quebra de um pé, ou a embater com muita violência nos nossos órgãos genitais, com consequências graves que poderão ocorrer.

Embarcação virada

O mais frequente é a viragem de embarcações durante as actividades, com o

Timoneiro desatento basta um golpe de vento. Quando a embarcação se vira, a primeira preocupação é verificar se toda a

tripulação está livre de perigo, depois, deve o mais rápidamente possível voltar a colocá-la na sua posição. Entrar dentro da embarcação e recolher toda a palamenta que estiver a boiar, de seguida, verificar todo o aparelho, para ver se há avarias e continuar a navegar.

Se não for possível, repor a embarcação na sua posição habitual, devemos procurar saber quais as razões e tentar imediatamente solucioná-las. Se não houver possibilidade de a voltar, devemos todos de ficar agarrados ao casco da embarcação ou mesmo subir para cima dele, recolher toda a palamenta que esteja a boiar nas proximidades da embarcação, se alguma peça estiver afastada da embarcação e se procurarmos recuperá-la corremos o risco de não conseguirmos voltar à embarcação. O vento, as correntes poderão impedir-nos de o conseguirmos.

É mais fácil de visualizar um casco, dentro de água do que uma cabeça. A principal regra, é a de nunca abandonarmos a embarcação.

Aproximação a embarcações A aproximação a uma embarcação requer muitos cuidados a observar. Temos de

ter em conta os ventos, as correntes, o estado do mar antes de tentarmos a aproximação.

Ao iniciarmos a manobra, devemos sempre de a principiar com a aproximação pela popa, mas nunca aproados a ela. Se houver vento, teremos de nos aproximar por sotavento, de modo a que a embarcação venha ter connosco e não, a ser abalroada pela nossa embarcação.

A existência de correntes, leva-nos a efectuar a aproximação por um dos bordos, contrários à corrente (sempre a iniciar pela popa), de modo a que a nossa embarcação não abalroe a outra, mas sim que a outra embarcação se aproxime da nossa.

Quando o estado do mar não permite uma abordagem, devemos lançar um cabo para a outra embarcação e iniciar o reboque.

O reboque, deve ser feito com a máxima segurança possível. Devemos usar um cabo comprido, de modo a que as vagas ou ondas mais alterosas não provoquem nenhum acidente, como a projecção da embarcação rebocada para cima da que está a efectuar o reboque.

Aproximação a náufragos

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A aproximação a náufragos, deverá ser feita sempre aproados ao vento ou

corrente e mantendo o náufrago a barlavento e a embarcação a sotavento, para evitar que esta descaia para cima do náufrago.

Se o estado do mar não permitir uma abordagem ao náufrago, devemos lançar um cabo e depois puxar o mesmo para bordo. Se o náufrago estiver inconsciente, deve-se lançar um nadador para o ajudar imediatamente no seu recobro e recolha para a embarcação.

ADESÃO À SECÇÃO

1ª Prova Organização, mística e simbologia da Comunidade Organização

A Comunidade é uma unidade constituída por jovens adultos em busca da maturidade plena; estes jovens chamam-se Companheiros.

O termo “Companheiro” tem para o Escuteiro Marítimo da IVª Secção o duplo significado de “homem do mar” e de “homem fraterno” (sendo aliás este sentido fácilmente perceptível no resto da população-escutista e outra). Qualquer destas dimensões é de primordial importância na vivência da IVª Secção marítima.

“Comunidade” é uma expressão bem portuguesa de um espaço de fortes vivências, associado muitas vezes às realidades existentes nas zonas costeiras ou junto a planos de água.

A Comunidade estrutura-se em Companhas, que não deverão ter mais de 7 nem menos de 5 Companheiros. Reúnem-se, no mínimo, uma vez por mês.

A origem da designação “Companheiro”, na tradição marítima portuguesa, vem de pertencer a uma “Companha”, termo que, curiosamente tanto se encontra no Litoral Centro como nos Açores.

Equipa de Animação

A Comunidade é animada por uma equipe de animadores adultos composta por: • Chefe de Comunidade - Chefe de Secção com idade aconselhável igual ou

superior a 25 anos. Deve possuir CAP., Curso Patrão de Comunidade e Carta de Patrão de Vela e

Motor. • Chefe de Comunidade Adjunto - Chefe de Secção Adjunto com idade

aconselhável igual ou superior a 23 anos. Deve possuir CIP, CIUM, Carta de Marinheiro.

• Instrutores - 18 anos no mínimo. Devem possuir CIUM e Carta de Marinheiro. Companhas e tarefas dos seus membros.

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Cada Companha tem à sua frente um Arrais, eleito pelos seus membros. Cada Arrais, designa um 2º Arrais para o coadjuvar e substituir no seu

impedimento. Cada elemento da Companha deve exercer uma função responsável com uma

tarefa definida: Escrivão; Tesoureiro; Encarregado de Material Náutico...

Admissão

São admitidos na IVª Secção os elementos precedentes da IIIª Secção e/ou estranhos ao movimento.

Designam-se “Aprendizes” os provenientes da IIIª Secção e “Aspirantes” os restantes.

Promessa / Compromisso

É a cerimónia oficial de entrada na Comunidade e de admissão na IVª Secção. Só será realizada por aqueles que após tomarem conhecimento do funcionamento interno da Comunidade e da proposta de valores que nela vigora (fase de adesão), decidem tomar parte nessa “viagem” que, em conjunto com os outros, os levarão à busca da Felicidade.

A Largada

É a cerimónia que marca o fim e o sucesso de uma “viagem” (a da Formação Escutista) e o início de uma outra, pelos mares da vida adulta, com todos os seus momentos de agitação ou de calmaria onde o Companheiro saberá dar testemunho de cidadania já que a sua preparação lhe permitirá manter a estabilidade nas mais variadas circunstâncias.

Mística e Simbologia

Ideal: o “Homem Novo”. O Companheiro assume integralmente o ideal do “Homem Novo”. Sabe que a

“novidade” não consiste na adesão permanente às “últimas modas” mas sim na descoberta, aprofundamento e assumpção dos valores genuínos que estão ligados à própria natureza do homem e que, por isso mesmo, o farão ser mais feliz. Não uma felicidade ligada a coisas efémeras (dinheiro, fama, prazer, vicio,...) mas a verdadeira Felicidade. Aquela que tem como referência a “novidade radical das Bem-Aventuranças”.

De facto, parece estranho que, num tempo como o que se vive, de extraordinários avanços em todos os campos e em que o progresso parece não ter limite, seja necessário mergulhar ao interior de si mesmo para encontrar algo verdadeiramente

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inovador: a vontade de amar, o gosto de fazer, a necessidade de partilhar, o desejo de viver, o prazer de Servir, a satisfação de sentir, a emoção do criar. ...

A proposta que é feita aos Companheiros não é meramente “romântica”, é uma proposta concreta destinada a ser vivida por eles todos os dias: na sua escola, no seu trabalho, com os seus amigos, com a sua família, etc.. Dentro do seu pequeno mundo estarão assim a ser artesãos de um mundo novo.

Os Modelos do Companheiro

Nesta redescoberta daquilo que é autêntico e genuíno as referências do Companheiro têm de estar ligadas à água, onde tudo começou; essa água do mar de onde saiu a vida ou a água do rio que baptizou Jesus Cristo. Água com a qual a gente do mar estabelece uma estreita e estranha relação que acaba por marcar a sua própria maneira de ser.

Será então gente como esta que o Companheiro terá como modelo: gente com os pés assentes na terra mas para os quais o horizonte não é limite, gente que vive a ânsia de ir mais além. Gente do mar, de hoje, mas também de ontem; como os primeiros apóstolos. Ou gente que não sendo do mar, não resistiu ao seu apelo e fez dele caminho para outras paragens; como os peregrinos ou como S.Paulo, patrono da IVª Secção, que o utilizou como meio de propagação do Evangelho.

Os Símbolos

Entende-se como útil que as diversas etapas que o Companheiro cumpre, na sua passagem pela Comunidade, com vista a preparar-se para a Grande Viagem (que se inicia com a largada) sejam associadas a símbolos com elevado significado:

⊕ A Barca - Convida o jovem (aspirante ou aprendiz) a embarcar, a arriscar, a

decidir se quer empreender ou não esta viagem que o pode levar longe. Está ali pronta para ser o seu suporte e o seu abrigo nessa viagem. É a fase de adesão.

⊕ O Leme - Símbolo das decisões que terá de tomar, das rotas que entende

seguir. Com ele terá a capacidade de escolher e corrigir o seu próprio rumo. É a fase de Autonomia.

⊕ O Vento - (Simbolizado por uma vela) - será o vento de Deus, o sopro do

Espírito Santo, que por vezes nos empurra numa direcção inesperada. Recordará ao Companheiro todos aqueles factores que não dependem exclusivamente dele e que o obrigarão a manter-se atento e humilde. Um vento forte aconselhará a risar a vela assim como, em circunstâncias da sua vida o Companheiro será levado a abrandar e a reflectir. É a fase de Responsabilidade.

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⊕ A Rede - De pouco serviria a viagem se não tivesse um objectivo admirável. Aos primeiros apóstolos, Cristo chamou “pescador de homens”. O assumir total dos valores do Homem Novo só se completa quando os conseguimos fazer passar a outros. Há que fazer passar a mensagem, por palavras ou acções, nos diversos círculos em que nos movimentamos. É a fase da Animação e Liderança.

Pronto! Está agora o Companheiro apetrechado para poder encetar a Grande Viagem. É tempo da partida. Recebe o Pão, alimento do corpo, dado em partilha e em comunhão e o Evangelho, pão espírito, anúncio da Boa Nova de Cristo.

E parte... rumo à Vida.

Conselhos

Uma Comunidade tem em funcionamento dois Conselhos: • Conselho de Comunidade Composto por todos os Companheiros e pela equipe de animação. Constitui a

instância legislativa da unidade, onde são tomadas as grandes decisões, escolhidas as Campanhas e os Grandes Cruzeiros.

• Conselho de Arrais É constituído pela equipe de animação, Arrais e Assistente de Agrupamento.

Discute e delibera sobre as seguintes matérias inerentes à Comunidade: Gestão, Disciplina, Formação, Organização de Campanhas, etc..

2ª Prova Vivência em Companha

O Aprendiz / Aspirante ao inserir-se na Comunidade, irá pertencer a uma Companha.

Na fase de adesão à Secção o jovem terá que integrar-se na sua Companha, ou seja, terá que obter a confiança dos outros membros, participar na vida da Companha dando a sua opinião, contribuir para as decisões a tomar, participar nas actividades, colaborando e partilhando com os outros Companheiros.

Assim, o novo elemento da Companha deverá contribuir, dentro do possível, para que a sua Companha seja um espaço de partilha, reflexão, informação, comparação, avaliação e entreajuda, sendo uma pequena comunidade, onde reina uma verdadeira amizade entre os seus membros.

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Deste modo, no seio da sua Companha, o Aprendiz / Aspirante deve ser responsável pelo exercício de uma função bem definida, de acordo com a sua experiência e características pessoais, assumindo a responsabilidade por esta.

Será, no entanto, necessário ter-se em atenção a complexidade e exigências das funções e tarefas a desempenhar, ou seja, nos Companheiros não podem permitir-se cargos com os mesmos conteúdos que na Flotilha, e Frota. Assim, por exemplo:

- Na Flotilha, o moço do detalhe é responsável pela cobrança das quotas, pela escrituração de um registo rudimentar e pela guarda do dinheiro da Tripulação (ou pela sua entrega e reclamação ao Chefe). Na Comunidade, um administrador é responsável pela vida económica da Companha, tem o dever de elaborar orçamentos, manter uma contabilidade mais sofisticada, efectuar pagamentos, decidir sobre investimentos, eventualmente movimentar contas bancárias, etc....

Pode chamar também a si as funções de intendência e afins. - Na Flotilha, o moço da taifa é responsável pelas ementas e pela sua confecção.

Na Comunidade, a haver cozinheiros, estes deverão acumular a responsabilidade pelos abastecimentos das suas Companhas, serem capazes de cozinhar para um grupo maior (no caso de uma actividade de serviço, por exemplo), etc.. Provavelmente, será um cargo cuja importância depende da actividade da Companha, já que em muitos casos a função poderá ser desempenhada por todos os membros em rotação diária.

- Na Flotilha, o escrivão conserva o pequeno conjunto de livros da sua Tripulação. Na Comunidade, um documentalista reúne, trata, armazena e distribui informações de vários tipos e categorias, consoante as necessidades da sua Companha. Sabe processar informação contida em suportes variados: fotografias, diapositivos, vídeo, registo magnético, etc.. Em muitos casos, utiliza eficazmente a informática (base de dados, por exemplo) no exercício das suas funções.

Muitos outros exemplos se poderiam dar para ilustrar este grau de exigência e complexidade que deve caracterizar a IVª Secção.

É preciso não esquecer que estes cargos têm a ver, fundamentalmente, com a actividade da Companha , enquadrada ou não numa Campanha (actividade típica de toda a Comunidade). Se é certo que existem cargos que são necessários em todas as circunstâncias - administrador, documentalista... - e que são por natureza mais aceitáveis, outros há que só se justificam no quadro de um projecto específico: preparador físico, operador de vídeo, cozinheiro, etc..

3ª Prova Ler e comentar “A Caminho do Triunfo”

Se mais não tivesse, este livro valeria só pelo primeiro capítulo: nele, Baden-Powell dá uma verdadeira “fórmula” para alcançar a felicidade; não uma felicidade qualquer, mas aquela que nós construímos e fazemos por merecer; “impele a tua própria canoa” é sem dúvida, o caminho do triunfo. Senão vejamos: “impele” porque a felicidade é o “resultado do trabalho activo” e “a tua própria canoa” porque és tu quem

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tem que conduzir / pagaiar de frente para a vida, de modo a contornar os escolhos / dificuldades rumo a um objectivo.

Como um verdadeiro manual, “A Caminho do Triunfo” avança com aqueles que B.P. considera os escolhos mais perigosos:

- CAVALOS - não se trata do animal em si, mas apenas como símbolo do jogo / apostas a dinheiro, que levam à ociosidade e à dependência passiva da sorte, e o perigo que existe em a “ganância” matar o verdadeiro espírito do desporto: “uma actividade benéfica que se pratica em vez de a se observar”;

- VINHO - os perigos são óbvios! Pode arruinar a verdadeira felicidade; o vinho aqui simboliza todas as outras dependências (droga, tabaco,...), ou seja, aquilo que B.P. designa por “cedências às paixões: efeito de te deixares levar na corrente, de costas para o perigo” (uma vez mais a metáfora da canoa!);

- MULHERES - é possível que, com passar do tempo, se considere este escolho ultrapassado; mas não: B.P. apenas se quer referir ao perigo de se perder o respeito pela mulher, ou seja, e generalizando, não tratar o sexo oposto com a dignidade que ele nos merece;

- CUCOS E IMPOSTORES - é, sobretudo, uma maneira divertida de nos alertar para o perigo de nos tornarmos “cucos”, isto é, “um tipo com ares de superioridade”, por outras palavras, é o egoísta que pensa estar no centro do mundo, e que se torna demasiado ambicioso. B.P. refere que “a ambição individual de passar por ilustre torna-nos presumidos enquanto que a ambição de fazer o bem é a única que contribui para a felicidade”.

- IRRELIGIÃO - B.P. insiste na necessidade de se possuir uma religião, seja ela qual for (lembra-te de “O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua vida”?). É tão simples quanto isto: “a compreensão de Deus” e “bem servir o semelhante”, também o estudo da natureza, verdadeira manifestação da obra de Deus, é uma maneira de atingir esse fim.

Por último, um capítulo sobre o Caminheirismo que pretende demonstrar como tudo o que foi dito até aqui pode, de facto, ser praticado pelos rapazes e raparigas.

É mais uma vez o reforçar da ideia que já leste no “Escutismo para Rapazes”: chutar o “IM” do “IMPOSSÍVEL”!

E, agora que já leste o “A Caminho do Triunfo”, que tal divulgá-lo aos outros? Atenta nas palavras de B.P.: “Se puderes levá-los a ler este livro, ficar-te-ei muito grato”.

Pensa que para muitos, pode ser fundamental a leitura deste livro, comparando a vida a uma viagem de canoa, em que nem tudo o que acontece é natural / bom (podem ser escolhos) e em que nada substitui a fidelidade que cada um deve a si mesmo, e à sua consciência devidamente formada e capaz de opções e do esforço das decisões que impelem a canoa a prosseguir o rumo pretendido. É mensagem bem oportuna para o tempo que corre.

4ª Prova Actividade de Secção

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Tendo presente a Mística e Simbologia adoptadas, a actividade típica tem de

reflectir uma realidade que se articule com a vida do mar, mas que em simultâneo, permita a concretização da Pedagogia do Projecto conforme o preconizado em todo o CNE.

Surge assim o conceito de “Campanha” que (à semelhança da Caminhada para os Caminheiros) é uma proposta de trabalho para múltiplas actividades dos Companheiros, de modo a organizar as suas aventuras, acções de serviço, vivências fraternas, progressos e peregrinações de uma forma harmoniosa, eficaz e estimulante, visando a formação integral, preconizada por B.P..

A diferença fundamental reside no ambiente em que normalmente essas actividades se desenrolam e na própria temática, que gira à volta do meio aquático: poluição marítima, arqueologia náutica, oceanografia, limpeza de áreas poluídas (junto a planos de água), construção naval, protecção de áreas protegidas, realidades piscatórias, etc..

As actividades náuticas são de tal maneira cativantes que se poderá, facilmente, cair na tentação de, simplesmente, as efectuar sem qualquer suporte pedagógico, tal como um vulgar clube de vela, de remo, de canoagem, etc.. A tal não poderá ser chamado Escutismo.

As actividades náuticas que se realizam (tal como as outras) são uma ferramenta no processo da tua formação de Companheiro. Elas ajudam a descobrir-te a ti próprio, aos outros, ao mundo, a Deus.

Não quer isto dizer que o Companheiro em Comunidade só possa realizar “Campanhas”, pelo contrário ao longo do ano podem realizar-se uma série de actividades pontuais tanto a nível individual de enriquecimento do Companheiro, como a nível da Comunidade.

A duração das “Campanhas” é variável, mas depois de programada dever-se-ão respeitar os prazos definidos para poder ser correctamente avaliada. Para que todos os Companheiros possam participar é necessário que tenha aventura, espaços de fraternidade e de serviço, e se desenrole ao ar livre.

É imprescindível o trabalho em grupo, devendo os Companheiros saber controlar as suas próprias capacidades. Amizade e criatividade são também necessárias e devem contribuir para o progresso individual e comunitário de todos os membros da Comunidade.

As quatro fases em que se divide a “Campanha” são as seguintes: escolher, organizar, realizar e avaliar. Na primeira fase é importante idealizar, quer a nível de Comunidade e da Companha, quer individualmente, para depois dialogar para apresentar, discutir e defender os projectos propostos, de modo a que seja escolhida uma “Campanha” para toda a Comunidade.

Por organizar entende-se toda a estruturação e preparação necessárias para a realização da “Campanha”. É em Conselho de Arrais que se define, reflecte, organiza e enriquece a “Campanha” escolhida. É também no Conselho de Arrais que surge a Declaração de Compromisso para toda a Comunidade e Companhas, se calendarizam as

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actividades, se organizam as Companhas de trabalho e / ou tarefas específicas, além de se estudarem os recursos humanos, materiais e financeiros para a realização da “Campanha”.

A fase de realização é a da concretização das actividades e acções: umas são actividades específicas e de concretização dos fins e objectivos da “Campanha”. Durante esta fase poderão haver alguns ajustes pontuais e deverá haver um acompanhamento permanente por parte das Companhas, Conselho de Arrais, Comunidade e Equipe de Animação.

A avaliação divide-se em duas partes: uma é avaliação em si mesma onde se fará a avaliação do progresso individual e comunitário, a outra, finda esta e depois de enumerar e evidenciar todos os aspectos positivos e negativos, é a celebração. É também nesta fase que se começa a projectar a “Campanha” seguinte.

5ª Prova Conversão de S. Paulo

S. Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo, foi escolhido há muito tempo como Patrono dos Companheiros. Porquê? Porque pensamos que S. Paulo foi, o enviado de Jesus; um verdadeiro caminhante. As suas cartas enviadas às diferentes comunidades Cristãs, são disso prova. Basta leres o que nos conta S. Lucas nos actos dos Apóstolos. Da sua riqueza levou a Igreja a recordá-las em muitas das suas Epístolas.

História Saulo, assim se chamava Paulo, nasceu em Tarso numa família rica. (Tarso

situava-se entre a Turquia e a Síria actuais). O pai tinha a cidadania romana (dava muitas vantagens...). Até aos 20 anos seguiu os seus cursos e aprendeu as múltiplas prescrições da lei. Saulo tornou-se um perseguidor feroz dos que seguiam Jesus, julgando que fazia bem. Muitos dos Cristãos fugiam para Damasco o que o levou a persegui-los até lá. Conseguiu um mandato de captura e partiu com os soldados através do deserto.

Após longos dias de marcha, aproximavam-se de Damasco, quando de repente, uma luz mais resplandecente que o sol envolveu a caravana. Caíram todos por terra, feridos de assombro.

“Saulo, dizia uma voz, porque me persegues? - Mas quem sois vós, Senhor? - Sou Jesus a quem tu persegues...” Nota bem a reposta de Deus, não diz: “Sou Jesus, cujos fiéis tu persegues”, mas

“Jesus a quem tu persegues” para mostrar que o considera como feito a Si Próprio. Tremendo e amedrontado, disse então: “Senhor, que queres que eu faça?” “Levanta-te, entra na cidade, ali te dirão o que deves fazer”.

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Os Companheiros de Saulo estavam admirados, ouviam uma voz, mas não viam ninguém.

Saulo levantou-se, mas com os olhos abertos, não via nada. Tinha ficado cego. Foi apoiado num cameleiro que deu entrada em Damasco. Tinha perdido todo o

orgulho, todo o ódio e toda a arrogância. Em casa de um Judeu, chamou Judá, ficou durante três dias em oração e jejum

sem compreender o que lhe tinha sucedido. Jesus ordenou a um chefe da Comunidade Cristã, de nome Ananias, que

procurasse Saulo de Tarso. Perante as interrogações do Chefe que conhecia o mal que Saulo tinha feito aos Cristãos, o Senhor respondeu:

“Não te inquietes. Faz o que te digo. Esse Homem está convertido. Escolhi-o para Me fazer conhecer através do mundo inteiro. Ele terá muito que sofrer por Mim, mas fará muito bem.” Ananias encontrou Saulo. Estendeu as mãos sobre ele e disse-lhe:

“Saulo, tu és meu irmão. É o Senhor Jesus, que te apareceu na estrada, que me envia junto de ti para que recuperes a vista e fiques cheio de Espírito Santo”.

Saulo sentiu que uma espécie de escamas lhe caiam dos olhos. Via outra vez. Levantou-se com imensa alegria, recebeu o Baptismo. Pela graça de Deus de

perseguidor, passou a Apóstolo. O resto da história é uma maravilha que deves vir a conhecer. Porém não

podemos deixar de recordar que S. Paulo na sua qualidade de cidadão romano, não podia ser crucificado; foi condenado a ser decapitado na Estrada de Óstia. Era o ano 67. As suas últimas palavras foram: “Combati o bom combate. Só me resta receber a coroa”.

Pede-te para amares o Jesus como ele próprio o amou. Pelo teu exemplo e pela tua palavra, sê com coragem até à morte, se for preciso até ao martírio, um Apóstolo de Jesus Cristo.

Naufrágio de S.Paulo “Este homem nada fez que mereça a morte ou os grilhões”. Agripa disse a Festo: “Este homem poderia ser posto em liberdade, se não

tivesse apelado para César”. A caminho de Roma - Quando o embarque para Itália foi decidido, entregaram Paulo e mais alguns

presos a um centurião da corte augusta, chamado Júlio. Embarcamos num navio de Adramítio que ia para as costas da Ásia e fizemo-nos ao mar. Aristarco, macedónio de Tessalónica, ia connosco. No dia seguinte, fizemos escala por Sidónia, e Júlio, que tratava Paulo com humanidade, permitiu-lhe que fosse ter com os amigos e deles recebesse os seus cuidados. Levantámos ferro e passámos a sotavento de Chipre, porque os ventos eram contrários. Atravessamos, depois, os mares da Cilícia, e da Panfília e chegámos ao fim de quinze dias, a Mira, na Lícia. Lá o centurião encontrou

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um barco de Alexandria que ia de viagem para a Itália e mandou-nos subir para bordo. Durante vários dias navegámos lentamente, até que chegamos, a custo às imediações de Cnido, onde o vento não nos permitiu arribar. Contornámos então, a sotavento de Creta, por alturas de Salmona. E, depois de a termos penosamente costeado chegámos a um lugar denominado Bons-Portos a curta distância da cidade de Laseia. O tempo ia passando e a navegação tornou-se perigosa, por já ter mesmo passado o jejum. Paulo fez-lhes a seguinte advertência: “Meus amigos, eu vejo que a travessia não pode ser levada a cabo sem risco e graves prejuízos, tanto para a carga e para o barco, como também para as nossas vidas”. Mas o centurião deu mais crédito ao que o piloto e o capitão diziam do que à observação de Paulo. Como o porto não era adequado para passar o Inverno a maior parte foi de parecer que largassem dali, para ver se podiam alcançar Fenice e lá invernar, por ser um porto de Creta, voltado para sudoeste e noroeste. Começou, então, a soprar um ligeiro vento sul e julgaram-se capazes de levar avante o seu projecto, pelo que levantaram ferro e começaram a costear Creta de perto.

A tempestade e o naufrágio - Em breve, porém, se desencadeou, vindo da ilha, um vento ciclónico, chamado

Euro-aquilão. Sem poder resistir ao vento, o barco foi arrastado e deixámo-nos ir à deriva. Passando velozmente a sotavento de uma ilhota chamada Clauda, conseguimos, com grande dificuldade, lançar a mão ao escaler. Depois de o içarem, empregaram-se os recursos de emergência: amarraram o navio com cabos, e, com receio de caírem na Sirte, deixaram ir. No dia seguinte, como éramos violentamente açoitados pela tempestade, começaram a alijar a carga e, ao terceiro dia, lançaram, com as próprias mãos, o aparelho do navio. Durante vários dias, nem o Sol nem as estrelas foram visíveis e a tempestade continuava a torturar-nos furiosamente. Desde então, foi-se desvanecendo toda a esperança de salvação.

Havia já muito tempo que ninguém comia. Então, Paulo postou-se a meio deles e disse: “Devíeis ter-me escutado, meus amigos, e não largar de Creta. Isso ter-nos-ia poupado a estes riscos e a estes prejuízos. Seja como for, convido-vos a ter coragem pois ninguém perderá a vida aqui, apenas o navio se vai perder. Esta noite, apareceu-me um anjo de Deus a Quem pertenço e a Quem sirvo e disse-me: “Nada receies, Paulo. É indispensável que compareças diante de César, e por isso, Deus concedeu-te a vida de todos quantos navegam contigo. Portanto coragem, meus amigos, pois tenho confiança em Deus que tudo sucederá como me foi dito. Contudo, temos de encalhar numa ilha”.

Quando chegou a décima quarta noite, indo nós baloiçados no Adriático, suspeitaram os marinheiros, pelo meio da noite, que uma terra estava próxima. Lançaram a sonda e encontraram vinte braças; um pouco mais adiante, lançaram-na outra vez e encontraram quinze. Receando que fôssemos bater em qualquer ponto, contra os recifes, lançaram da popa quatro âncoras e ficaram, impacientes, à espera do dia. Os marinheiros, todavia, procuravam fugir do barco e sob pretexto de irem

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largar as âncoras da proa deitaram o escaler no mar. Paulo, apercebendo-se de tudo, disse ao centurião e aos soldados: “Se esses homens não ficarem no barco, não podereis salvar-vos”. Então, os soldados cortaram as amarras do escaler e deixaram-no cair. Enquanto esperavam pelo dia, Paulo foi aconselhando a todos que tomassem alimento. “Hoje, dizia ele, é o décimo quarto dia que vos conservais na expectativa, em jejum, sem tomar nada. Aconselho-vos, portanto, a tomar algum alimento, pois é a vossa própria salvação que está em jogo. Nenhum de vós perderá um só cabelo da cabeça”. Dito isto, tomou um pão deu graças a Deus diante de todos, partiu-o e começou a comer. Então, cobraram ânimo e também eles se alimentaram. Éramos ao todo duzentas e setenta e seis pessoas no barco. Uma vez saciados, aliviaram o barco, lançando trigo ao mar.

Os náufragos alcançaram terra - Quando o dia surgiu, não reconheceram a terra. Divisavam, porém, uma enseada

com a sua praia e pretenderam impelir para lá o barco. Soltaram as âncoras, abandonando-as ao mar e, ao mesmo tempo, afrouxaram as cordas dos lemes. Depois içaram ao vento o artemão e seguiram rumo à praia. Mas, tendo batido num baixio, que tinha mar de ambos os lados, fizeram encalhar o navio. A proa, bem fincada, manteve-se firme, mas a popa foi-se desconjuntando com a força das vagas. Os soldados resolveram então matar os prisioneiros para que nenhum deles fugisse a nado. Mas o centurião, querendo salvar Paulo, impediu-os de executar os seus planos e ordenou aos que sabiam nadar que alcançassem a terra, atirando-se ele à água antes dos outros. Quanto aos mais, foram para terra, quer sobre pranchas, quer sobre os destroços do barco. E, assim, chegaram todos a terra sãos a salvos. 6ª Prova Oração do Companheiro, Cerimonial da Promessa

Oração do Companheiro Rezar é falar com Deus. Deve ser tão natural como o respirar. Recorrer a Deus

em todos os momentos e necessidades da nossa vida, porque como diz o Escutismo “É necessário orar sempre e não desfalecer”.

Rezar é conversar intimamente com Deus e essa intimidade traduz-se, uma vez sem palavras, no diálogo sincero do coração, que abre e comunica com o senhor; outras com palavras, dizendo o que se sente na alma.

Cada Secção tem a sua própria oração. Ao rezar a oração do Companheiro com devoção, estás em ligação com o Senhor. Deves, por isso decorá-la e sempre que puderes, rezá-la.

Oração do Companheiro

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Senhor Jesus, Que Vos apresentastes aos homens como um caminho vivo, Irradiando a claridade que vem do alto: Dignai-Vos ser O nosso guia e companheiro Nos caminhos da vida, Como um dia o fostes no caminho de Emaús; Iluminai-me com o Vosso espírito, A fim de saber descobrir O caminho do Vosso melhor serviço; E que, alimentando com a Eucaristia Verdadeiro pão de todos os Companheiros, Apesar das fadigas e das contradições da jornada, Eu possa caminhar alegremente Convosco Em direcção ao Pai. Amen Ao leres esta oração cheia de significado aproveita para estabeleceres um tempo

de reflexão sobre o texto - a que vulgarmente chamamos meditação - apelando para a tua concentração mental e profunda sobre ela.

Com a Promessa ou Compromisso o Companheiro escolhe deliberadamente Deus. Compromete-se a “Servir”.

No momento próprio cada Companheiro estende o braço sobre as bandeiras e o Evangelho e faz com a mão direita a saudação, recitando a Promessa:

Prometo pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por: - Servir cada vez melhor Deus, a Igreja e a Pátria; - Auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias; - Obedecer à Lei do Escuta. A cerimónia da Promessa (para os novos Escuteiros - aspirantes) e de

Compromisso (para os aprendizes que transitaram da III Secção), encontram-se descritas em manuais próprios.

Podemos afirmar que é o momento em que o Companheiro se obriga com um solene compromisso de honra.

Divagamos sobre os termos referidos: Servir a Deus - embora Deus seja distinto do mundo e esteja acima dele, não

abandona as coisas que fez. Sabemos que Deus existe e que fez todas as coisas. Por

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isso, tem poder sobre os homens e sobre o mundo. A quem devia um Companheiro servir em primeiro lugar, senão a Deus!

Servir a Igreja - A Igreja é todo o povo de Deus. Para continuar a redenção do mundo “até à consumação dos séculos”, Jesus

instituíu a “sua” Igreja. A Igreja não é obra humana, inventada pelos homens, mas obra de Jesus, que é o seu divino fundador.

Recordamos-te a história de Emaús, citada no texto, pelo valor e exemplo na vida de um Companheiro católico:

“No mesmo dia da Ressurreição, dois discípulos caminhavam em direcção a uma aldeia chamada Emaús. Enquanto falavam e discutiam, Jesus juntou-se a eles, sem que O reconhecessem. Fez-lhes perguntas sobre Jesus, de que estavam falando, e disseram-lhe: “Esperámos que Ele fosse aquele que haveria de libertar Israel”. Chegados à aldeia, os dois discípulos convidaram-No a comer com eles, e, tendo-se sentado à mesa, reconheceram-No ao partir do pão.

CERIMONIAL DA PROMESSA E COMPROMISSO A fórmula original do juramento escutista foi internacionalmente aceite depois

de 1922, e nenhuma organização escutista pode ser qualificada como membro da organização mundial, se não aceitar e puser em prática, uma Promessa escutista, contendo uma expressão que conduza, numa frase precisa, à forma inglesa “Duty to God”(Dever para com Deus).

Baden-Powell escreveu “o primeiro termo da Promessa que o jovem presta ao entrar no Escutismo é este: Servir a Deus”.

A Promessa é uma coisa muito séria, mas convém não a dramatizar. A Promessa é um acto livre, reflectido e alegre.

É bom, antecipadamente preparar a cerimónia da Promessa com uma Vigília nocturna. Jesus deu-nos o exemplo com uma oração prolongada nas noites que precediam as suas grandes decisões.

Deste modo, a Igreja é a sociedade fundada por Cristo para salvar os homens, com a sua doutrina, os seus Sacramentos e os seus poderes, que confiou aos apóstolos e seus sucessores, sob a autoridade de Pedro, na prática do mandamento do Amor.

Servir a Pátria - depois de Deus e a sua Igreja aparece a família. Um país é uma grande família, que no nosso caso se chama Portugal. Uma das finalidades do Escutismo é formar bons cidadãos que amem a sua terra. B.P. disse que o povo português: “tinha sido na história do mundo, o mais curioso fenómeno de aventura cheia de mistério, perigo, esforço e glória”.

Auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias - O sentido social do Escuteiro desenvolve-se com a prática da Boa Acção. Não será isso um eco do Evangelho quando diz “encontrarás a felicidade pondo-te ao serviço de outrém”.

Já as palavras do Mestre nos refere o serviço aos outros “O filho do Homem não veio para ser servido mas para servir...”

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A forma dos Companheiros se colocarem disponíveis para “servir” é procurar ser solidário para com os outros. B.P. afirmou “servir é o fim prático do Companheirismo”.

Obedecer à Lei do Escuta - tal como diz Forestier, no seu livro “Pela educação à liberdade”, o segredo da Lei do Escuta é o Amor. Basta reflectir um pouco nos dez artigos para ver que ela orienta atitudes e actividades para o bem dos outros.

É dentro de uma dinâmica de caridade que se desenvolve a nossa disciplina da honra e do serviço. O cumprimento voluntário da Lei propõe-te um programa de vida pessoal, uma reforma de ti próprio, uma orientação do teu ser.

Para concluir, podemos dizer que a Lei do Escuta é em si mesma um bem: uma orientação para o nosso caminho, um estímulo nas nossas fraquezas, um critério para a auto-avaliação. Toda a vida é um caminho; e todo o caminho tem o seu destino. 7ª Prova Projecto Desenvolvimento Pessoal

Os jovens são generosos e alegres. Os seus projectos são o embrião de novos rumos e transmitem uma mensagem de esperança numa sociedade mais humana e mais fraterna do que aquela que lhes deixaram.

O Projecto de Desenvolvimento Pessoal é para o Companheiro algo, não apenas de muito importante, mas de indispensável. Nele faz as suas opções, as quais o vão ajudar a transformar-se dia a dia, no Homem Novo de que nos fala o Evangelho.

O Projecto deverá, no mínimo, abordar quatro pontos essenciais: - a mística e os valores propostos; - os fins do Companheirismo; - o progresso sugerido no “Sistema de Progresso”; - o desenvolvimento de qualidades: técnicas, físicas, morais, sociais, intelectuais,

profissionais e espirituais. Falemos, agora, dos pontos acima referidos: - a místicas e os valores propostos, já os encontraste nestas fichas; falam-nos do

Homem Novo e das Bem-Aventuranças, base da mística dos Companheiros. - os fins do Companheirismo, assentam nos chamados cinco pólos educativos, que

são: o desenvolvimento da personalidade - o carácter; o desenvolvimento físico - a saúde; o desenvolvimento social - o sentido dos outros; o desenvolvimento da criatividade - a habilidade manual; o desenvolvimento espiritual - o sentido de Deus.

- a progressão explorada no “Sistema de Progresso”, divide-se em duas grandes vertentes, a saber: a primeira, voltada para as etapas de progresso, que te oferece um “menu” de várias provas, distribuídas por dez áreas diferentes, com possibilidade de escolha. Em segundo lugar aparecem as especialidades, viradas para um aprofundamento e investigação em vários temas, a desenvolver nos tempos livres.

Ambas as vertentes são atestadas através do uso no uniforme de insígnias próprias.

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- por fim, o desenvolvimento das qualidades referidas. Terás oportunidade de as desenvolver em espírito de Companha e de Comunidade, pela realização de actividades típicas da Secção, chamadas Campanhas e de outras acções.

Então como te ajudar a organizar, sem procurarmos dar receitas? Deixamos dois exemplos que vão ajudar-te na execução do teu Projecto. Um diário (tipo agenda) onde anotarás as provas, as metas a atingir, quando (datas / horas), como (de que forma), etc..

Mais simples pode-se resumir a um plano funcionando com o mesmo fim. Para te ajudar a fazer a escolha dos objectivos do teu projecto, poderás contar

com a colaboração do teu Chefe de Comunidade ou Assistente, é para isso que eles existem.

Não te assustem as responsabilidades já assumidas ou a assumir como futuro Companheiro.

Tudo isto fará de ti um cidadão útil, generoso e feliz. Aqui ficam alguns pressupostos básicos, para te ajudar a reflectir o que é ser

pessoa; que esperamos te ajudem a identificar o teu próprio Projecto Pessoal. O que é ser pessoa? “A cada um de nós é dada a capacidade de ser pessoa. É uma tarefa para toda a

vida. Um recém-nascido já começa a ser pessoa, mas ainda não é uma personalidade “feita”, nem a criança, nem o jovem, nem o adulto, porque a pessoa não nasce feita, mas com o poder de fazer-se, de chegar à maturidade, de alcançar uma maior MATURIDADE.

Que traços ou dimensões definem uma personalidade? O que se dá como pressuposto, os elementos de partida para não permanecer no

negativo são: 1. A pessoa não é uma “coisa”; 2. A pessoa traça o seu próprio projecto; 3. A pessoa é livre; 4. A pessoa busca a verdade; 5. A pessoa vive, na referência dos outros. Os elementos que dão volume e maturidade à personalidade serão: 1. A pessoa não é uma “coisa” - As coisas usam-se para algo, são úteis para o

homem. Mas a pessoa não é uma coisa, a menos que ela mesma aceite passivamente aquilo que os outros querem fazer dela e neste caso torna-se um joguete mais ou menos útil na estrutura social.

Eu, como homem, devo ser capaz de me manter livre e criticar (reconhecer o positivo e o negativo) as coisas que encontro feitas: propaganda, ideologias, etc..

2. A pessoa traça o seu próprio projecto - Ela não aceita, sem mais nem menos, aquilo que lhe é oferecido, já feito. Prepara o seu futuro vivendo criativamente o presente. Conhece as suas possibilidades e trata de tirar o máximo dos caminhos já feitos pala maioria, nem as atitudes dos burgueses, “instalando-se”, “procurando

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posições”, “assegurando-se um futuro”. Está consciente de que deve realizar no mundo uma obra única que ninguém fará nem para ela, nem por ela.

3. A pessoa é livre - Mas com uma liberdade interna, que depende das circunstâncias externas em que se encontra. Frequentemente não poderá ser independente, mas manterá a sua liberdade... Manter-se-á, sobretudo, livre diante da tirania que nasce dentro de si: as suas paixões e os seus sentimentos.

4. A pessoa busca a verdade - Sem poder dá-la, por não tê-la toda. Não se instala na “sua verdade”, não se considera possuidora da verdade. Sabe ouvir os outros e reconhece a parte da verdade que os outros podem oferecer.

Vive num contínuo esforço de superação de si mesmo e pergunta-se muitas vezes se pode fazer algo mais. Dá-se conta de que a autêntica verdade, a verdade plena, está sempre mais além de toda a verdade, por isso relativiza aquilo que já está feito, a nível pessoal e social, procurando melhorá-lo.

5. A pessoa vive, na referência dos outros - As suas relações não são feitas somente para se aproveitar, para tirar proveito, para se proteger... O dar-se é que caracteriza as suas relações pessoais, procurando tornar o outro melhor, mais feliz, embora pessoalmente não consiga nenhum proveito imediato. A pessoa ama, não busca o seu próprio bem com egoísmo. Encontra-se com o outro, aceitando-o como ele é. A pessoa solidariza-se com os outros, começando pelos mais próximos, mas sem que nada do humano lhe resulte estranho.

“TRAÇA O TEU PRÓPRIO CAMINHO” 8ª Prova O Meio Aquático - Correntes; Sustentação; Fundos

O Meio Aquático O desenvolvimento das férias à beira mar, as façanhas dos novos aventureiros

nas regatas internacionais, tanto solitários como em tripulações, as tradições dos portugueses nos descobrimentos e na pesca, a saturação das actividades em terra, onde o espaço de aventura é cada vez mais reduzido, levam entre outras razões a que cada vez mais os jovens se virem para o mar e para a navegação de recreio.

Esta atracção pelo mar, atinge principalmente os jovens. Como movimento de jovens, o Escutismo Marítimo, responde à necessidade de

aventura dos jovens. A ideia de que o mar não é só um campo de desporto, uma via comercial, um

campo de batalha ou uma reserva alimentar, mas apresenta também interesse educativo importante e particular, não é nova. Baden-Powell, também pensou no Escutismo Marítimo.

O mar é sem dúvida o elemento natural que permaneceu mais selvagem: não tem auto-estradas nem atalhos. Para os jovens das cidades é a ocasião de adquirir consciência da ligação vital entre o animal humano e o seu meio de origem.

Marés

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O fenómeno das marés importa de sobremaneira aos navegantes, uma vez que elas podem assumir aspectos importantes na profundidade das águas, contribuindo decisivamente na navegação em águas restritas.

As marés são, como se sabe, consequência da atracção exercida sobre a calote líquida da Terra pela Lua (principalmente), pelo Sol (de forma secundária) e pelos restantes astros (de forma acessória).

Correntes É importante que o navegador entre em conta com o efeito da corrente para que

venha a efectuar uma navegação tão rigorosa quanto possível É, no entanto, necessário fazer a distinção entre correntes devidas ao vento e as

causadas pelas marés. Correntes de Vento podem ser: - Permanentes - correntes oceânicas cuja causa principal é o vento predominante.

As suas características vêm indicadas nos roteiros e cartas gerais de correntes. - Temporárias - correntes de superfície e dependentes das condições

meteorológicas locais. Normalmente a sua determinação requer grande experiência de mar.

Correntes de Maré São correntes cujas características (direcção e velocidade) variam de acordo

com o fenómeno das marés. Vêm por vezes indicadas nas Cartas de Pilotagem. Efeito da Corrente O efeito perturbador da corrente em relação ao caminho que a embarcação

deveria seguir se ela não existisse, consiste fundamentalmente num afastamento desse caminho e num aumento ou diminuição da velocidade.

Para se efectuar um percurso rápido, tem de se ter em conta a existência da corrente e a sua direcção.

O conhecimento das correntes locais é conseguido através de cartas editadas pelos serviços hidrográficos, do contacto com os marítimos da região e do estudo pessoal.

As correntes são sempre mais fortes nos sítios mais profundos. Como, normalmente, junto à costa as águas são menos profundas, a corrente torna-se mais fraca e algumas vezes nula.

Quando a direcção e a velocidade do vento não são influenciados pela proximidade da costa, é vantajoso navegar próximo de terra, no caso da corrente ser contrária. Se a corrente for favorável, navega-se em águas mais profundas.

Vento A causa primária de todos os ventos é a diferença de temperaturas, a qual é por

seu turno responsável pelas diferenças de pressão barométrica. Por um lado o ar

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quente sobe, indo o ar frio ocupar o lugar daquele; por outro lado o ar tende a deslocar-se de uma zona de pressão alta (A) para uma zona de pressão baixa (B). Este deslocamento do ar designa-se por VENTO.

Estabilidade da Embarcação Estabilidade é a tendência da embarcação em se manter direita e de voltar a

esta posição quando cessa a causa que sobre ela actuou. Esta tendência está ligada à forma de construção.

Todo o corpo, total ou parcialmente mergulhado num líquido, sofre da parte deste certas pressões cuja resultante é uma impulsão dirigida de baixo para cima igual ao peso do liquido deslocado pelo corpo.

Se o peso não for maior que a impulsão o corpo flutuará, deixando imerso o volume correspondente à igualdade entre a impulsão e o peso do flutuador.

Assim temos duas forças opostas em jogo, uma que é o peso do líquido deslocado pelo corpo e a outra que é a impulsão que o líquido exerce sobre o corpo nele mergulhado.

É atendendo a estes princípios que os construtores se baseiam para a construção das embarcações.

Equílibrios Estável - Quando o flutuador é afastado da sua posição de equilíbrio regressando

a ela quando a causa que sobre ele actuou cessa. Instável - Quando o flutuador é afastado da sua posição de equilíbrio e não volta

a ela quando a causa cessa, afastando-se ainda mais. Indiferente - Quando o flutuador não tem posição de equilíbrio definido, o

flutuador não tem tendência a voltar à posição inicial quando desviado nem tão pouco para se afastar dela.

Fundos Ao desenvolver as nossa actividades temos de ter em conta os seus fundos:

areia, rocha, lodo e conhecer os seus perigos e vantagens. O fundo de areia - Representa o melhor fundo para a realização das actividades,

não oferece grandes problemas aos jovens nem ás embarcações, no entanto é necessário acautelar tanto uns como outros, porque na areia existem uns peixes que gostam de picar e causar algumas dores ao pessoal e de riscar as embarcações, quando elas são arrastadas.

O fundo de rocha - Trás grandes inconvenientes, tanto aos jovens como ás embarcações, é necessário acautelar os acidentes, alguns arranhões e algumas quebras de ossos, nas embarcações a quebra de cascos é o mais provável.

O fundo de lodo - È, provavelmente o que esconde mais perigos, tanto para os jovens como para o material náutico.

É necessário o máximo de atenção com este fundo, nunca se sabe o que se encontra por baixo; um vidro, um galho, ferros, rochas, etc..

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9ª Prova Embarcações utilizadas localmente / participar numa actividade relacionada com a água

Tipos de embarcações miúdas As embarcações miúdas podem ser construídas em madeira, contraplacado de

madeira, ferro, aço, alumínio, borracha ou em fibra de vidro. As que são construídas em madeira classificam-se conforme a colocação da

madeira que compõe o costado e podem ser de costado liso, trincado ou em diagonal. Baleeira - Embarcação de formas finas e construção ligeira, caracterizada por

ter a roda de proa curva, a curva da borda muito pronunciada, elevando-se muito nas extremidades de vante e de ré e por não terem painel de popa, o que lhes permite correr com o tempo e abicar fácilmente a uma praia. O seu nome deriva de ser este tipo de embarcação usado na pesca da baleia. As baleeiras salva-vidas possuem caixas de ar, e um cabo em volta da borda para os náufragos.

Canoas - Embarcações de construção análoga à das baleeiras, mas de formas mais finas, caracterizadas por terem um pequeno painel de popa e pelo seu maior ou menor luxo. São destinadas ao uso exclusivo dos comandantes dos navios. Na sua falta, desempenha as funções de canoa a melhor baleeira do navio.

Bote - Escaler de formas cheias, isto é de muita boca em relação ao seu comprimento. É destinado ao serviço ordinário, como: transporte de compras, cargas ligeiras e algumas vezes também se emprega no serviço de limpeza e pintura do costado.

Escaleres - Embarcações de posse, com painel de popa e roda de proa direita. São destinados a transporte de carga, reconhecimentos, etç... Há alguns com disposição para receber motor, chamados por isso, gasolinas.

Lancha - Embarcação maior do navio com as características do escaler. Modernamente há grandes lanchas a motor, por vezes bastante sofisticadas.

Chata - Pequena embarcação de fundo chato, empregue no serviço de limpeza e pintura do costado.

Actividade relacionada com água Existem diversas actividades relacionadas com a água que podem e devem

realizar. Por exemplo: A pesca, transporte, cerimónias, etc..

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O contacto com os pescadores locais é bastante enriquecedor, poderão aprender imenso sobre o mar e a sua dureza, embarcarem e tomarem o contacto com a tradicional arte de pesca.

A visita a navios de transporte de materiais, tomarão contacto com a complexidade do transporte de materiais nas grandes embarcações, problemas de estabilidade, navegação com mau tempo, etc.. A participação em cerimónias náuticas, religiosas ou não, trás também grande enriquecimento pessoal. 10ª Prova Carta de Marinheiro

A Carta de Marinheiro é essencial para poderes realizar as tuas actividades náuticas.

É importante que a obtenhas, para isso deves dirigir-te a um Clube Náutico, Escola de Pesca ou Delegação Marítima e inscreveres-te no respectivo curso e realizares com êxito o exame.

CORPO NACIONAL DE ESCUTAS

Escutismo Católico Português

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESCUTISMO MARÍTIMO

SISTEMA DE PROGRESSO COMUNIDADE

ETAPA DE PROGRESSO

TRIPULANTE

Insígnia - De forma circular com um cabo castanho à sua volta, uma barca castanha com um leme ao centro, sob a cor de fundo da secção. Nomenclatura O - Conhecer o aparelho de um pequeno veleiro (massame; poleame e velame), mastreação e armações. F - Classifica as embarcações segundo as suas dimensões; F - Identificar e conhecer os principais tipos de ferros; F - Descreve os componentes e equipamentos de um kayak ou canoa.

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Arte de Marinheiro O - Demonstra conhecer três tipos de falcassa. F - Descreve como se faz e que materiais se empregam na reparação de um rombo simples numa embarcação (fibra; madeira ou outra); F - Fazer e aplicar os seguintes nós e voltas: Catau de espia; voltas redondas; de cunho; da ribeira; de anete; de fateixa; de arinque; pinha de retenida e pinha de anel de três; F - Faz um trabalho de marinharia com interesse para a unidade, sede ou embarcação. Segurança O - Conhecer os possíveis acidentes materiais e pessoais a bordo e os modos de prevenção e combate, segurança e sobrevivência no mar. F - Descreve algumas noções de socorros a náufragos; F - Ter noções básicas da utilização do radar para a determinação da posição e para evitar abalroamentos; F - Enumerar os principais cuidados a ter quando se pretende efectuar uma descida de rio. Navegação O - Enuncia os diferentes tipos e métodos de navegação costeira. F - Demonstra ter conhecimentos sobre as linhas principais da esfera terrestre, latitude e longitude; coordenadas de um ponto; fusos horários; unidades; cartas marítimas (escalas, classificação ...); derrotas; F - Demonstra conhecimentos sobre agulha magnética; declinação magnética, variação e desvio; tabela de desvios; proa; rumo e abatimento; conversão de proas; F - Conhece genéricamente em que consiste e em que elementos se apoia a navegação em águas restritas. Manobra O - Demonstra ter conhecimentos sobre elementos naturais marítimos (ventos, marés, ondas e correntes) e ter noções gerais de navegação à vela: mareações; acções do vento nas velas; virar de bordo; rizar pano. F - Conhecer os processos mais comuns para a determinação de velocidades e distâncias percorridas numa embarcação; F - Ter conhecimentos básicos sobre motores marítimos e conhecer os principais tipos; F - Saber entrar e saír de um kayak ou canoa, à borda de água. Saber utilizar uma pagaia e fazer apoio;

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Vivência da Fé O - Faz a relação dos dez artigos da lei de escuta e princípios com os dez mandamentos. F - Descreve o que entendes por: serviço aos outros, B.A. e fraternidade dos Companheiros. F - Colaborar numa manifestação de âmbito religioso; F - Descreve a declaração de Vaticano IIº sobre liberdade religiosas, colocando em prática uma atitude de respeito pelas diferentes opções; F - Descreve o encadeamento e sentido dos ritos próprios de uma celebração litúrgica. Saúde O - Saber quais os sinais, sintomas e respectivos primeiros socorros de hemorragias e fracturas, executando as imobilizações. F - Identifica e utiliza diversos tipos de ligaduras; F - Ter conhecimentos sobre saúde sexual; F - Conhecer a estrutura muscular do corpo humano e saber alguns exercícios específicos para o desenvolvimento correcto dos principais músculos. Vida em Campo O - Saber técnicas de purificar água e fabricar um filtro. F - Saber avaliar a carga de rotura de uma espia ou cabo; F - Saber como montar um sistema utilizando roldanas e cadernais; F - Saber identificar os diferentes tipos de madeiras e conhecer a sua utilização em fogueiras e construções. Associação e Sociedade O - Participar num “Hike” cultural, tendo em conta a recolha fotográfica e documental. F - Conhecer a Declaração Universal dos Direitos do Homem; F - Ter conhecimentos gerais sobre os Estatutos e Regulamento do CNE; F - Conhecer os motivos que levaram B.P. a fundar o Movimento Escutista e como este se expandir ao longo dos anos. Arte e Expressão O - Conhecer e saber utilizar duas técnicas de comunicação (ex: cartaz; jornal impresso; jornal de parede; rádio; audiovisual; etc.);

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F - Conhecer o funcionamento de dois meios de comunicação (ex: via rádio; comutação telefónica; satélite; fibra óptica; telegrafia; etc.); F - Conhecer regras básicas de comunicação (emissor; receptor; feed-back; ruído; etc.); F - Participar num curso de animação de grupos, meios audiovisuais, etc..

SISTEMA DE PROGRESSO DA COMUNIDADE

ETAPA DE TRIPULANTE

1ª Prova Nomenclatura O - Conhecer o aparelho, de um pequeno veleiro (massame; poleame; velame), mastreação e armações

Aparelhar uma embarcação é prepará-la com o aparelho necessário à sua manobra. O aparelho é o conjunto do massame, poleame e velame.

APARELHO Massame O massame é o conjunto de todos os cabos que se utilizam no aparelho da

embarcação. Cabo - É o nome genérico de todas as cordas empregues na manobra de bordo. Os extremos dos cabos chamam-se chicotes e à parte compreendida entre os

chicotes chama-se seio. Entre todos podemos destacar como principais os seguintes: Escotas - Cabos fixos a um dos punhos da vela e que servem para aguentar a vela

a um bordo ou a outro conforme interessa a manobra. Adriças - Cabos destinados a içar as velas, vergas, caranguejas ou patilhão. Estais - Cabos destinados a aguentar a mastreação para vante e ré. Brandais - Cabos que aguentam os mastros para a borda e um pouco para a ré. Rizes - Pedaços de cabo metidos nas forras de rizes com um chicote para cada

face da vela. Servem para rizar o pano amarrando parte dele para a retranca. Alantas - Cabos fixos aos punhos da vela spinaker, que servem para a sua

manobra. Amantilho - Cabo que aguenta a retranca para a popa. Poleame O poleame é o conjunto de peças de madeira, de metal ou outro material,

destinados à passagem dos cabos. O poleame usado nas embarcações é o seguinte: Poleame surdo - Quando o cabo passa numa clara, olho ou furo sem roldana.

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Poleame de laborar - quando o cabo passa numa roldana que gira num eixo. Poleame surdo: Sapata - É uma peça oval, com goivada à volta para receber a alça e com uma

abertura central para a passagem de cabos. Pode ser lisa ou dentada conforme o furo é liso ou apresenta vários recortes.

Cassoilo - É uma peça geralmente de forma circular, com goivado em volta e com um ou mais furos para a passagem de cabos. Apresenta um recorte que lhe permite encostar a um cabo ou vergôntea. Há também cassoilos de laborar.

Bigota - É uma peça circular com goivada para a alça e três furos para a passagem de cabos.

Malagueta - Cavilha de ferro ou madeira especial que enfia em furos das mesas para nelas se dar volta aos cabos de laborar.

Manilhas - São peças de metal em forma de U, para ligar cabos às velas, aos moitões, aos esticadores ou correntes de ferro.

Existem manilhas direitas e manilhas curvas. Sapatilhos - São aros de aço com uma gola em meia cana para receber um cabo.

Há sapatilhos, conforme a sua forma, redondos, ovais e de bico. Esticadores - São peças utilizadas para esticar cabos, que são providos uns de

parafusos, outros com troços que lhes permitem aumentar e diminuir de comprimento. Garrunchos - Peças colocadas nas velas de estai que permitem içar e arriar a vela

com maior rapidez. Cunhos - Peças com duas orelhas, utilizadas para prender os cabos. Mordedores - Peças que servem para impedir que os cabos corram. Castanhas - Peças cavilhadas à borda, geralmente nas amuras e alhetas, servindo

para orientação dos cabos que saem da embarcação para amarrações ou para fundear. Olhal - Orifício na vela. Serve para passar o cabo (atilho) que fixa a vela ao

mastro e à retranca. Poleame de laborar: Moitões - Caixas ovais, quadradas ou redondas, de um só gorne e de uma só

roldana, por onde passa um cabo. Cadernal - É uma caixa semelhante ao moitão, mas com mais de um gorne e,

portanto, mais de uma roldana. Polé - É uma peça formada pelo conjunto de dois moitões sobrepostos. Velame Designa-se por velame o conjunto de todas as velas da embarcação. Na sua maioria as embarcações miúdas podem armarem em embarcações à vela,

usando, neste caso, só e sempre velas latinas, isto é, velas montadas no sentido proa - popa.

Quanto à sua forma as velas latinas podem ser triangulares ou quadrangulares. Nas velas latinas quadrangulares os lados da vela são:

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Gurutil (que enverga na carangueja), valuma ( o lado livre que diz para ré), esteira (que enverga na retranca), testa (que enverga no mastro). Os punhos, ou seja, os cantos da vela chamam-se:

Punho da escota (valuma - esteira), punho da amura (esteira - testa), punho da boca (testa - gurutil), punho da pena (gurutil - valuma).

Nas velas triangulares desaparece a carangueja pelo que a valuma une directamente ao mastro. Ao lado armado no mastro dá-se o nome de gurutil e o punho formado pelo gurutil e valuma chama-se punho da pena. Quer isto dizer que nas velas triangulares não há testa nem punho da boca.

As embarcações miúdas podem armar com uma ou mais velas. Se a embarcação tiver dois mastros a vela que enverga no mastro da ré chama-se grande e a que enverga no mastro de vante chama-se traquete. Se houver um só mastro a vela nele envergada não tem designação especial e poderá chamar-se grande.

Velas de proa - São velas que estão armadas nos estais de proa do mastro de vante, chamando-se neste caso velas de estai. Se na embarcação existe um pau disparado à proa - pau de bujarrona - no lais do qual se fixa o estai, a vela toma o nome de bujarrona. Normalmente nas embarcações miúdas só existe uma vela de proa.

Velas de balão ou de palanque - São velas de proa de formato especial que só se usam com ventos para ré do través. Nenhum dos lados da vela enverga em estai ou mastro. Como a figura indica, um dos punhos está fixo a uma espécie de retranca que se chama pau de palanque. Este pau trabalha no bordo oposto à retranca, disparado para a amura, e abraça o mastro por intermédio dum galindréu ou boca de lobo, prendendo o punho da vela no outro extremo.

Mastreação A mastreação é o conjunto dos mastros de uma embarcação. Mastros são peças

de madeira, metal ou outro material, em forma de vara arredondada que montam verticalmente na embarcação e têm resistência suficiente para aguentarem o trabalho das velas que lhes estão ligadas ou envergadas.

Uma embarcação pode ter um, dois ou três mastros. No caso de ter dois o de vante chama-se traquete e o de ré grande. O terceiro mastro, se existir, é normalmente o mastro da catita que monta junto ao painel de popa e enverga uma vela especial chamada catita.

A altura do mastro chama-se guinda, ao seu extremo superior chama-se cabeça e ao inferior pé. O pé do mastro, tem o seu extremo talhado de maneira a poder entrar no furo da sobrequilha chamado mecha e a esse cavado, carlinga.

O mastro tem além desta, outra fixação constituída pela énora ou pelo galindréu existentes na meia-coxia ou numa das bancadas da embarcação.

As embarcações, utilizam ainda para envergar as velas outras peças semelhantes aos mastros e de nome de retranca e carangueja. As retrancas montam horizontalmente nos mastros no lado inferior da vela e ligam ao mastro por uma boca de lobo ou por um mangal.

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As caranguejas, que podem ser fixas ou de arriar, são peças semelhantes às retrancas mas que trabalham na parte superior dos mastros.

As caranguejas ligam-se ao mastro usualmente por bocas de lobo semelhantes às das retrancas. Ao extremo superior das caranguejas chama-se pique e ao que está junto ao mastro chama-se boca.

Semelhantes às caranguejas temos ainda as vergas que são peças em forma de vara que cruzam nos mastros e que suspendem alguns tipos de velas. As vergas das embarcações miúdas suspendem por adriças do modo indicado na figura seguinte.

O mastro é abraçado por um anel de ferro, denominado urraca, tendo um olhal para adriçar e inferiormente um gato para ligar a uma alça passada na verga. Este dispositivo permite içar ou arriar a verga ao longo do mastro.

O mastro comporta também cruzetas, por onde passam brandais que o vão sustentar.

Pau de palanque trabalha no bordo oposto à retranca, disparando para a amura, e abraça o mastro por intermédio dum galindréu ou boca de lobo, prendendo o punho da vela no outro extremo.

As vozes para a manobra de mastros são: Arvora mastros - A guarnição coloca os mastros nos seus lugares e aparelha-os. Mastros abaixo - Desaparelham-se os mastros e colocam-se em cima das

bancadas no sentido proa-popa da embarcação. Armações Iate - É constituído por dois latinos quadrangulares e uma vela de proa. Marconi - É constituída por uma ou duas velas marconi e uma vela de proa. Houari - É constituída por duas velas de baioneta e uma vela de proa. Chalupa - É constituída por uma vela de proa, latino quadrangular e catita. Caíque - É constituída por dois bastardos triangulares. Coqueta - É constituída por bastardo e catita. 2ª Prova

Arte de Marinheiro O - Demonstra que conheces três tipos de falcassas

Falcassar um cabo As falcassas são trabalhos que se fazem nos chicotes dos cabos para estes não

se descocharem. Há vários tipos de falcassas: de voltas folgadas, de chicote mordido, de

agulha e à inglesa. Voltas folgadas - Chicote mordido - Dá-se ao mealhar (ou ao fio com que se vai falcassar o cabo), a

disposição indicada na figura.

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Trabalhando com o chicote a, dá-se, em torno do cabo, uma série de voltas redondas bem apertadas, até se obter o que está na figura.

O chicote a, ao terminar a última volta, deve enfiar no seio formado pelo chicote b. Finalmente, e para completar a Falcassa basta alar pelo chicote b até que o chicote a fique mordido pelas voltas. Como o seu nome indica, esta Falcassa pode ser passada em qualquer ponto do cabo.

Agulha - Executa-se enfiando uma agulha com fio entre dois cordões do cabo e dando depois voltas redondas; passa-se em seguida a agulha por entre dois cordões e segue-se com o fio ao longo da cocha do cabo e por cima das voltas, até chegar ao outro extremo de falcassa, onde se torna a enfiar.

Inglesa - Obtêm-se dando com os cordões do próprio cabo “cus de porco” para baixo; socam-se e enfiam-se os cordéis na cocha do cabo, como na costura de mão.

3ª Prova Segurança O - Conhecer os possíveis acidentes materiais e pessoais a bordo e os modos de prevenção e combate; segurança e sobrevivência no mar

Aspectos gerais de segurança Toda a navegação, seja ela qual for, representa um perigo, pelo facto de ter

lugar num ambiente estranho ao Homem. Na prática do Escutismo Marítimo, temos de aceitar esse risco tomando as necessárias precauções para minimizá-lo, de modo a que possamos atingir os fins e objectivos a que nos determinamos com sucesso.

A bordo de uma embarcação, o aspecto mais importante a considerar em matéria de segurança, é o facto de esta ser tripulada ou manejada por tripulantes experimentados e conscientes, efectuando as manobras perfeitas e no momento exacto, evitando colocar em risco os seus ocupantes e provocando fadiga precoce do material utilizado na sua construção e aparelho.

Este factor é considerado como primordial para que o risco a bordo de uma embarcação seja bastante reduzido.

Prevenção de acidentes Qualquer tripulação deve estar prevenida contra acidentes, que podem surgir de

um momento para outro. Deste modo: - Deve-se conhecer e trazer a bordo toda a documentação publicada sobre

segurança no mar (normas e tabelas); - Fazer periodicamente (diariamente) revisões às máquinas e aparelhos da

embarcação; - Deve-se ter a bordo todo o material necessário para remediar pequenas avarias

(ferramentas apropriadas assim como peças sobressalentes); - Deve haver periodicamente, sessões de treino de emergência para a queda do

homem ao mar, incêndio a bordo, abandono de embarcação, etc.;

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- A embarcação deverá estar apetrechada com todo o material de salvamento necessário (bóias, coletes de salvação, balsas, extintores, rádio-telefone, etc.);

- Em caso de aproximação de temporal deve-se tomar as devidas precauções com bastante antecedência, assim como:

• Procurar evitar o seu epicentro afastando a embarcação do seu trajecto (mudando de rumo);

• Arrumar o interior e convés da embarcação e fixar todos os objectos soltos;

• Utilizar vestuário adequado; • Aproar, ou seja, amurar à vaga ou recebê-la pela Alheta; • Manter seco o interior da embarcação fechando todas as escotilhas e

baldeando quando for necessário; • Não descuidar nunca a vigilância no exterior, mantendo pelo menos um

homem de vigia. Perigos e acidentes Circunstâncias perigosas: • Mau tempo ou temporal; • Neblina ou más condições de visibilidade; • Tráfego marítimo excessivo. Acidentes mais frequentes: • Incêndio a bordo; • Inundação; • Homem ao mar; • Avaria do motor principal ou auxiliar; • Golpes e fracturas pessoais; • Indisposição ou enjoo. Incêndio a bordo Prevenção de incêndios O risco de incêndio derivado da presença de um motor a bordo provém

principalmente de incêndios ou explosões causadas por: • Combustível; • Hidrogénio produzido pelas baterias; • Aquecimento excessivo do colector de escape; • Curto circuito provocado por cabos defeituosos; • Insuficiente ventilação da casa das máquinas; • Aumento de temperatura excessivo por falta de refrigeração ou lubrificação

da máquina. Como evitar

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Deveremos tomar as devidas precauções para eliminar qualquer tipo de defeito no funcionamento do motor ou na sua instalação, corrigindo de imediato as anomalias observadas.

Começando por: • Manter os porões sempre secos (sem açúcar); • Verificar a rigorosa estanquecidade dos circuitos de combustível e depósito; • Certificarmo-nos se a bateria está em local ventilado e seco; • Verificar se o colector de gases de escape está bem protegido e se não

existem fugas; • Certificarmo-nos se a instalação eléctrica está em boas condições e as

ligações perfeitas; • Verificar se os ventiladores ou exaustores da casa das máquinas funcionam

correctamente. Combate a incêndios A combustão é uma reacção contínua de um combustível com certos elementos,

entre os quais predomina o oxigénio. O processo de combustão tem lugar de modos distintos: com chama e sem chama. A combustão com chama representa-se em forma de um tetraedro em que cada

um dos 4 lados simboliza um dos 4 requisitos necessários para que se produza a combustão: combustível - oxigénio - temperatura - reacções de combustão em cadeia.

A combustão sem chama representa-se em forma de triângulo em cada um dos lados equivale a um dos 3 requisitos necessários para a combustão: combustão - temperatura - oxigénio.

Estas duas modalidades não se excluem e podem ter lugar separadas ou conjuntamente.

Extinção de um fogo Pode ser por : - arrefecimento (alagamento); - diluição do oxigénio; - eliminação do combustível; - inibição química da chama. Recomendações para o combate a incêndios Fogo a bordo Se o incêndio ocorrer na parte exterior da embarcação e as chamas tenham

tendência, ao se tocadas pelo vento, de propagar-se ao resto da embarcação, devemos de imediato colocar o local do sinistro a sotavento de forma a que as chamas se propaguem para o exterior.

Por exemplo: Se o incêndio se dá no motor de popa, deveremos aproar a embarcação ao vento.

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Num incêndio em combustíveis líquidos não devemos nunca usar água, pois iria ajudar a propagação do incêndio às zonas circunvizinhas. Neste tipo de incêndio deveremos usar o extintor de espuma ou então areia da praia que não só o abafa como absorve o líquido.

Nas embarcações com motor fora de bordo instalado, a primeira preocupação deve ser desligar e afastar do local o depósito de combustível.

Se o incêndio deflagrar no motor e esgotarmos todos os recursos existentes a bordo, só Há uma alternativa: extinção por alagamento.

Motor fora de bordo - atamos-lhe um cabo, desapertamo-lo e deitamo-lo borda fora, ficando suspenso pelo cabo.

Motor interior - abrimos as válvulas de fundo ou um rombo de forma a alagar rapidamente a casa da máquina.

Num local onde tenha havido derrame de combustíveis líquidos teremos de tomar todas as precauções no sentido de não deitarmos qualquer objecto em chamas para a água pois os combustíveis são menos densos que a água e mantêm-se à tona incendiando-se em contacto com o fogo podendo de seguida propagar-se pegando fogo não só à nossa embarcação, qualquer tipo de derrame de combustível, ficará à tona e espalhar-se-à de imediato a toda a embarcação.

Por esse motivo, aconselhamos a manter sempre os porões completamente secos, como medida de segurança.

Prevenção da queda ao mar O convés da embarcação deve constituir uma plataforma adequada para circular

e trabalhar em segurança, não deve ser escorregadio e não deve ter muitos obstáculos onde tropeçar, deve estar protegido com pontos firmes e sólidos para apoio e agarre dos tripulantes (varandins).

A tripulação deve ser treinada, competente e consciente do papel que desenvolve.

Se é necessário deslocar-se no convés com mar agitado, fazê-lo sempre munido de arnês.

No convés e à popa, de forma acessível, devem estar colocadas bóias salva-vidas circulares com retenidas, munidas dos respectivos sinais de fumo laranja e facho luminoso.

Manobra de recuperação de homem ao mar Queda do náufrago deixando-o para trás: Todo o tripulante que veja cair alguém ao mar, deve dar imediatamente a voz de

“Homem ao Mar” e iniciar a marcação visual do local do náufrago para não mais o perder de vista.

O primeiro tripulante que ocorrer em seu auxílio deverá lançar de imediato a água a bóia salva-vidas ou qualquer outro objecto flutuante (defensa) não esquecendo a lanterna de posição ou sinal de fumo laranja.

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Com o náufrago à vista, a primeira atitude a tomar é reduzir a velocidade de modo a não se afastar demasiado do local da queda.

Numa embarcação de manobra fácil o processo mais prático e seguro é o da largar pela popa um cabo de reboque (Ski) longo, inverter o rumo e aproximarmo-nos de novo do náufrago por sotavento e descrevendo um circulo em torno dele de modo a que o cabo passe pela posição que este ocupa. O náufrago segura-se ao cabo, colocamos o motor em ponto morto e puxamo-lo para bordo.

Se o náufrago se perdeu de vista devido à fraca visibilidade (noite ou nevoeiro), lentidão de manobra ou mar alteroso é evidente que a única solução será a de passar de novo pelo ponto de queda do náufrago. Para isso, o método mais clássico e conhecido é o da chamada Curva de Boutakoff, método que consiste em colocar o leme para um dos bordos, de forma que a agulha nos indique o rumo de 60º a 70º de diferença do rumo anterior, pouco depois virar o leme por completo para bordo contrário e teóricamente o náufrago deve-se encontrar à proa.

Atenção que tanto neste método como em qualquer outro aplicado, devemos ter em conta que a corrente e o vento irão fazer abater o náufrago para sotavento do ponto de queda.

O timoneiro deverá imediatamente proceder à mudança de direcção, colocando a embarcação num rumo o mais próximo possível do rumo inverso ao que levava, sendo o ideal reencontrar a esteira deixada anteriormente.

A aproximação do náufrago depois de reencontrado, deverá ser feita sempre aproado ao vento ou corrente e mantendo o náufrago a barlavento e a embarcação a sotavento para evitar que esta descaia para cima do náufrago.

A recuperação do náufrago para bordo deverá ser feita a uma distância de 15 a 20m, lançando-lhe um cabo e puxando-o para junto da embarcação ou enviando um salvador a nado ou com bote salva-vidas se o náufrago estiver inconsciente.

Para iça-lo para bordo o processo mais usual é o de pendurá-lo pelo argolão do colete através da escota da vela grande e com a retranca a fazer de pau de carga ou então lançando borda fora uma vela ou lona com duas extremidades fixas no convés e colocando o náufrago no seu interior de modo a poder iça-lo rolando a lona pelo costado.

Queda do náufrago à proa: Se o timoneiro se apercebe da queda do náufrago à proa da embarcação, este

deve imediatamente e logo após a queda guinar o leme de modo a virar a proa para cima do náufrago e simultaneamente colocar os motores (hélices) em ponto morto, desta forma a popa da embarcação afasta-se do náufrago evitando assim que este venha a ser atingido pelos hélices.

Recolha do náufrago para bordo Normalmente e sobretudo com mar agitado, não devemos nunca aproximar a

embarcação do náufrago pois estaríamos a correr o risco de o abalroar.

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A manobra deve consistir em aproximarmo-nos o suficiente, de modo a lançar-lhe um cabo preso a uma bóia e que servirá para puxarmos até junto da embarcação.

No caso de incapacidade física do náufrago, por choque ou por esgotamento, lançar-se-á à água um socorrista a nado mas preso com um cabo pela cintura ou então será descido um escaler salva-vidas para efectuar a recolha do náufrago.

Noções para socorrer afogados Afogados - Apresentam o rosto pálido, porque uma inibição nervosa lhes impediu

os movimentos respiratórios debaixo de água; mesmo emergidos até 15 minutos, poderão ainda respirar.

Primeiros socorros: 1.Uma vez retirado o afogado da água, iniciar imediatamente a respiração

artificial; 2. Elevar-lhe um pouco o abdómen acima da cabeça para a água sair com maior

facilidade; 3. Despir-lhe o fato molhado (se o tiver) e enxugar o doente, esfregando-lhe a

pele energicamente, com alguma roupa seca; 4. Aquecê-lo, tapando-o com cobertores (aquecidos, se possível), fricções com vinagre, etc..

As alíneas 2, 3 e 4 serão executadas sem nunca se interromper o ritmo de respiração artificial, que continuará até se alcançar o fim desejado.

4ª Prova Navegação O - Enunciar os diferentes tipos e métodos de navegação costeira

Navegação Costeira Navegação costeira é aquela que se faz à vista da costa, tomando como

referência pontos conhecidos, os quais têm que estar representados nas cartas. Uma navegação relativamente fácil mas de muita responsabilidade, os riscos

junto à costa são maiores que no mar alto. Junto à costa há baixios, pedras, navios afundados com perigo para a navegação, correntes, marés, etc..

Assim, temos de estar constantemente a fazer marcações, sondagens, estudando bem as cartas e tomando as precauções devidas.

Se possível, é conveniente usar as cartas de maior escala, onde tudo está representado com mais pormenor.

Lembra-te sempre que os erros do marinheiro são pagos por ele próprio. Conhecenças e Faróis Conhecenças Para navegar em derrota costeira, o navegador recorre a pontos notáveis da

terra por meio dos quais identifica a região da costa à vista e determina a sua posição. A esses pontos conspícuos, que para serem utilizáveis têm de estar assinalados na

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carta, chamam-se Conhecenças. São exemplos de conhecenças certas igrejas, depósitos de água, monumentos, torres, picos de serras, casas isoladas, cabos, marcos geodésicos, ilhotas, etc..

Faróis Ao longo duma costa pobre de conhecenças, durante o dia e ao longo de qualquer

costa, durante a noite, o navegador teria sérias dificuldades em fazer navegação com apoio visual, caso não existissem construções expressamente edificadas para o efeito - os Faróis.

Classificação de Faróis - Faróis marítimos: apoiam exclusivamente a navegação marítima e o feixe

luminoso tem pequena abertura angular vertical; - Faróis aeromarítimos: apoiam a navegação marítima e aérea e o feixe luminoso

tem grande abertura angular vertical; - Barcos faróis: assinalam locais onde não seja possível ou económico a

construção de faróis. Os faróis podem não ser assistidos por pessoal e são assinalados nas cartas

portuguesas pelas letras N. V., (Não Vigiados). Há faróis mais pequenos e de menor alcance, Farolins, que servem para indicar a

entrada de portos, docas, baixios, etc.. Alcance - Geográfico: A distância máxima a que a luz do farol pode ser vista em função

da curvatura da Terra. Depende da altitude do farol (H) e da altura do observador em relação ao nível do mar (e).

O alcance geográfico vem numa Tabela na lista dos faróis e determina-se somando as distâncias ao horizonte visível, correspondente aos valores H e e.

- Luminoso: Alcance da luz do farol em relação á potência, sistema óptico e transparência atmosférica.

- Efectivo: É o que vem indicado na lista dos faróis e cartas de navegação do Instituto Hidrográfico, calculado com o observador a 5 metros de altura e condições médias de transparência atmosférica.

Características de Luz - Fixas (F): Luz contínua e de intensidade constante. - Relâmpagos (Rl): A duração de emissão da luz é menor que a duração da

obscuridade. - Ocultação (Oc): A duração da emissão da luz é maior que a duração da

obscuridade. - Isofásica (Is): Luz e obscuridade de igual duração.

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- Cintilantes (Ct): Igual duração entre luz e obscuridade, mas com relâmpagos muito rápidos.

- Alternada (Alt): Alteração de côr no mesmo azimute. Período: É o intervalo de tempo, medido em segundos, que decorre numa

sequência completa de intervalos de luz e obscuridade. Côr - Branca (br): A luz branca é usada em todos os faróis de uma maneira geral, e

com diversas características de luz. - Vermelha (vm): A luz vermelha é usada às entradas das barras, bóias em

canais e rios, entrada de docas e entrada de portos, tendo a embarcação de dar BB (Bombordo) à bóia ao entrar.

A luz vermelha é usada também para assinalar um sector de perigo à navegação. - Verde (vd): A luz verde é usada às entradas das barras, bóias em canais e

rios, entrada de docas e de portos, tendo a embarcação de dar EB (Estibordo) à bóia ao entrar.

Os limites dos sectores de visibilidade e das várias cores são indicados nas listas do Faróis em azimutes verdadeiros a partir do mar para o Farol.

Altura e Altitude - Altura (a): É a diferença de nível entre a base e o topo do edifício. - Altitude (H): É a diferença de nível entre o plano focal do farol e o nível

médio das águas. Sinais de Nevoeiro Muitos dos faróis são dotados de aparelhagem sonora que funciona quando há

nevoeiro na região onde está o farol e cujas características vêm indicadas na Lista dos Faróis.

É indispensável ter presente que o seu alcance é variável, que a direcção pode não ser aquela que julgamos e que em certas condições atmosféricas, o sinal pode não ser ouvido em determinadas zonas.

Linhas de Posição - Azimute: O azimute de um ponto notável da terra fornece uma linha de

posição. Enfiamento Dá-se o nome de linha de posição a qualquer linha susceptível de ser traçada na

carta e sobre a qual se sabe que a embarcação se encontra em determinado instante. Um exemplo de linha de posição é o enfiamento de dois pontos notáveis situados

em terra (faróis, cumes de montes, casas conspícuas, etc.). Diz-se que esses pontos estão enfiados, quando o mais recuado - e normalmente mais alto - se encontra na

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mesma direcção que o mais próximo, ou seja, quando o primeiro se apresenta aparentemente por cima do segundo. Nesse momento, o navegador sabe que a embarcação se situa algures na linha recta que passa pelos dois pontos considerados, linha essa que pode traçar na carta e que toma a designação de enfiamento.

O cruzamento de dois enfiamentos fornece ao navegador, sem necessidade de instrumentos nem cálculos, um ponto, isto é, uma posição da embarcação da máxima confiança.

Um enfiamento de pontos devidamente reconhecidos e representados na carta pode ser utilizado pelo navegador.

No entanto, deve-se notar que a sensibilidade dum enfiamento, isto é, a sua capacidade de acusar prontamente qualquer afastamento da embarcação para um ou outro lado respectiva linha, depende da distância entre os pontos que o definem: quanto maior for, tanto mais ao largo se poderá utilizar o enfiamento com resultados rigorosos.

Por outro lado, ao escolher dois enfiamentos simultâneos para determinar a posição da embarcação, é desejável que eles se cruzem (tanto quanto possível) em ângulo recto.

Sonda O relevo submarino é indicado nas cartas marítimas por meio de sondas.

(Números que nos indicam a profundidade em metros nas cartas Portuguesas e em pés nas cartas Inglesas).

As linhas que unem iguais profundidades são as batimétricas. Nas zonas em que as profundidades aumentam regularmente e em que o declive

do fundo é acentuado, as batimétricas constituem excelentes linhas de posição. Muito usadas quando, com nevoeiro, se quer fazer uma aterragem na costa ou navegar junto a uma costa, escolhendo uma batimétrica que esteja livre de obstáculos.

- Sondagens Sucessivas: Com sondagens sucessivas conseguimos ter uma ideia aproximada do percurso seguido pela embarcação.

Traça-se num papel vegetal, na mesma escala da carta de Navegação que estamos a usar, o caminho marcando a intervalos regulares de tempo, as sondagens e as horas a que foram feitas.

Coloca-se o papel vegetal sobre a carta, deslocando-o paralelamente a si mesmo até conseguirmos uma sobreposição que corresponda mais ou menos à sondagem representada na carta de navegação.

Determinação do Ponto (Ponto Marcado) Dois Azimutes É um dos pontos mais usados e devem aproximar-se o mais possível do ângulo de

90º entre si. Atenção que sempre que se tirar um azimute não nos podemos esquecer de o

converter em azimutes verdadeiros (Zv).

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Azimute e Distância Ponto marcado através de azimute ao objecto e a distância ao mesmo. A distância pode ser achada através do Radar ou com o Sextante se o objecto

for um farol. Sabendo a Altitude do farol e se com o sextante encontrarmos o valor angular

entre o plano focal do farol e a linha de água, achamos a distância a que estamos do farol. Marcando essa distância sobre o azimute determinado vamos assim encontrar o ponto marcado.

Duas Marcações ao mesmo Farol São frequentes as ocasiões em que não se tem mais do que um Farol à vista; pode

obter-se um ponto recorrendo ao uso de duas marcações (azimutes) ao mesmo farol. Sabemos que num triângulo rectângulo de lados iguais os dois catetos fazem um

ângulo de 90º entre si, sendo cada um dos outros dois ângulos de 45º. Assim, se marcarmos o 1º azimute ao Farol quando este faz com o nosso rum 45º

e, nesse momento, começamos a contar o tempo que levamos a percorrer o caminho entre a 1ª marcação (azimute) e a 2ª marcação (azimute) tirada ao mesmo Farol, quando este fizer 90º com o rumo, temos a distância percorrida que é igual à distância ao Farol.

Ângulo entre Três Objectos Com o auxílio do sextante, conseguem-se pontos dos mais rigorosos que podemos

encontrar. Desde que tenhamos à vista 3 objectos conhecidos que estejam devidamente

indicados na carta de navegação, medem-se com o sextante os ângulos entre o objecto da esquerda e o central (α ) e o central e o da direita ( ß ).

Como esses dois ângulos determinam duas circunferências, o cruzamento das duas dá-nos o ponto do navio.

O ponto é colocado na carta por meio de um compasso de 3 pontas (Station pointer), onde anteriormente se marcaram os ângulos achados.

Resguardos Ângulo vertical de resguardo Quando uma embarcação pretende passar entre dois obstáculos revelados, com a

consulta da carta de navegação, pode empregar o ângulo vertical de resguardo. Sabendo a altura e a distância a que pretende passar pode transformar esses

dados em ângulos verticais e, usando o sextante, basta conservar o ângulo entre os limites determinados.

Azimute de resguardo Um azimute fornece uma linha limite, além da qual é perigoso navegar. Enfiamento de resguardo

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Constitui uma forma de navegar nas entradas de barras, possibilitando ao navegador saber até que ponto se pode desviar do enfiamento principal.

Sonda de resguardo Se os fundos são regulares, a embarcação pode manter-se à custa de sondagem

fora dos fundos previamente fixados. Alinhamento Diz-se que a embarcação se encontra no alinhamento de dois pontos, quando se

situa entre esses dois pontos, no segmento de recta que os une. O alinhamento é pouco prático como linha de posição, a menos que a navegação dispense certo rigor. De facto, numa embarcação pequena, sem instrumentos de observação adequados, é muito difícil determinar com exactidão o momento em que se cruza um alinhamento.

Em certos casos, contudo, um alinhamento pode ser útil como linha de resguardo, principalmente quando uma embarcação tiver de seguir um rumo mais ou menos paralelo ao alinhamento sem o cruzar para o outro lado. Concretizando por meio de um exemplo, suponha-se que uma embarcação pretende entrar a barra de um rio em condições de visibilidade que lhe não permitem avistar, das vizinhanças da bóia de espera, o enfiamento respectivo, vendo-se, no entanto, o Castelo situado numa das margens do rio.

Neste caso, o navegador procurará seguir a um rumo sensivelmente paralelo ao alinhamento da citada bóia com o Castelo, sem o cruzar para o lado Norte. Para ter a certeza de que se mantém a Sul do alinhamento, poderá aproar ao Castelo, de vez em quando e verificar, no instante em que a embarcação se encontra em boa pontaria, se a bóia fica ligeiramente para bombordo da popa, como convém.

5ª Prova Manobra O - Demonstrar ter conhecimentos sobre elementos naturais marítimos (ventos, marés, ondas e correntes) e ter noções gerais de navegação à vela: mareações; acções do vento nas velas; virar de bordo; rizar pano

Massas de Ar A massa de ar é uma extensa porção da atmosfera homogénea quanto à

distribuição horizontal da temperatura e humidade. A sua origem pode ser (no ponto de vista geográfico) Polar e Tropical na região

do Atlântico Norte. O conhecimento das características de uma determinada massa de ar é do mais

importante para uma previsão. Devido ao seu movimento, podemos prever a sua passagem em determinada região e, conhecendo as suas propriedades prever as condições de tempo durante a sua passagem.

Características de uma massa de ar frio - uma humidade pequena;

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- temperatura muito baixa; - desloca-se rápidamente; - boa visibilidade (raramente inferior a 10 Km). Características de uma massa de ar quente - grande humidade; - temperatura elevada; - desloca-se mais devagar que a massa de ar frio; - visibilidade fraca. Vento O vento é o movimento horizontal do ar relativamente à superfície terrestre. O vento deriva das diferenças de temperatura e das diferenças de pressão. O ar desloca-se de uma zona de altas pressões para uma zona de baixas pressões. O ar no Hemisfério Norte move-se no sentido dos ponteiros do relógio à volta de

uma alta pressão e, move-se no sentido contrário à volta de uma baixa pressão. Brisa Marítima e Brisa Terrestre Tem origem na diferença de pressão atmosférica resultante das diferenças de

temperatura entre o mar e a terra. De dia a terra aquece mais que o mar o que dá origem a uma baixa de pressão. O

vento sopra do mar para terra. Brisa Marítima. De noite a terra arrefece. A pressão atmosférica sobe passando a ser maior em

terra. Brisa Terrestre. A intensidade do vento é tanto maior quanto mais próximas estão as linhas

Isobáricas uma das outras. Mar e Ondulação Vaga - São as ondas levantadas pelo vento. Ondulação - São as ondas deixadas pelo vento depois deste passar.

Escala de (Beaufort) Vento e Mar

VENTO Nº

VELOCIDADE NÓS

DESCRIÇÃO DO VENTO

ALTURA DAS ONDAS

DESCRIÇÃO

0 0 - 1 Calmo - Estanhado

1 1 - 3 Aragens - Chão

2 4 - 6 Fraco 0,50 Encrespado

3 7 -10 Bonançoso 0,50 - 1 Encrespado

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4 11 - 16 Moderado 1 - 2 Pequena Vaga

5 17 - 21 Fresco 2 - 3 Vaga

6 22 - 27 Muito Fresco 3 - 4 Vaga Larga

7 28 -33 Forte 4 - 5 Grosso

8 34 -40 Muito Forte 5 - 6 Alteroso

9 41 - 47 Tempestuoso 6 - 8 Tempestuoso

10 48 -55 Temporal 8 - 10 Encapelado

11 56 - 63 Temporal

Desfeito 10 - 13 Excepcional

12 64 ou + Furacão > 13 Excepcional

Correntes Existem as correntes de Vento e as correntes de Maré. As primeiras são causadas pelos ventos predominantes em certas regiões do

Globo e vêm indicadas nas cartas de correntes. As segundas são causadas pelas Marés como as do Estreito de Gibraltar e do

Canal da Mancha. Estas mesmas correntes não só influenciam o “Caminho” como também a

velocidade da embarcação. As horas e direcções destas correntes são sempre dependentes do fenómeno das

Marés e referidas aos Praia Mares do porto que estiver mais próximo, como por exemplo ao Estreito de Gibraltar que estão referidas aos Praia Mares em Gibraltar.

O variar do nível das águas origina correntes que o navegador tem que ter em conta quando navega junto à costa, baías ou foz de rios. Junto aos rios esta corrente aumenta com o Baixar da Maré e diminui com a Subida. Variam também com a configuração da costa.

Marés Marés são os movimentos alternativos do nível da água do mar. São consequência

da atracção exercida sobre as águas pelo Sol e Lua. A influência da Lua é muito maior que a do Sol apesar do seu volume ser menor, pois a atracção é inversamente proporcional ao cubo das distâncias.

Nível Médio - É o nível que teriam as águas se não existisse o fenómeno

das Marés. É a média dos níveis das águas durante longos períodos.

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Zero Hidrográfico- É o plano a que são referidas as Sondas indicadas nas cartas.

Praia-Mar - É o plano de água mais elevado que atinge determinada Maré em relação ao Zero Hidrográfico.

Baixa-Mar - É o Plano de água mais baixo que atinge determinada Maré em relação ao Zero Hidrográfico.

Amplitude de Maré- É a diferença entre o Praia-Mar e o Baixa-Mar de determinada Maré.

Altura de Maré - É a altura da Maré em determinado Local e Momento sobre o Zero Hidrográfico.

Sonda Reduzida - A altura do Zero Hidrográfico sobre o fundo. Valor indicado nas Cartas de Navegação.

Sonda à Hora - A altura, em determinado momento, do nível da água sobre o fundo.

Marés Vivas e Marés Mortas Marés Vivas - Dão-se quando o Sol e a Lua estão em conjunção ou oposição.

(Lua Nova e Lua Cheia). Marés Mortas - Dão-se quando o Sol e a Lua estão em quadratura. (Quarto

Minguante e Quarto Crescente). Enchente, Vazante e Estofo Enchente é o afluxo da massa de água em determinado local da terra. Vazante é o refluxo da massa da água em determinado local da terra. Estofo é o momento em que a água está imobilizada na Praia-Mar e na Baixa-Mar. A sua duração é maior nas Marés-Mortas e menor nas Marés-Vivas. Mareações Em linguagem náutica o termo mareação designa o ângulo em que o vento incide

sobre as velas de uma embarcação; é avaliado a contar da linha da proa ou da popa e em relação a uma circunferência cujo centro passa a ser o próprio centro do casco.

Conforme a zona da embarcação por onde sopra o vento assim temos os três tipos fundamentais de mareações:

Bolina - O vento sopra pelas amuras; Largo - O vento sopra pelo través; Popa - O vento sopra pelas alhetas. A Bolina divide-se em: Bolina Cerrada - Quando a mareação está entre 0º e 67.5º; Bolina Folgada - Quando a mareação está entre 67.5º e 90º. A um Largo é quando a mareação está entre 90º e 157.5º. A Popa divide-se em: Popa Aberta - Quando a mareação está entre 157.5º e 180º; Popa Arrasada - Quando a embarcação recebe o vento pela popa.

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Navegação à Vela Se é fácil compreender como uma embarcação navega à popa ou até mesmo a um

largo, pois que a acção do vento é apenas a de empurrar a embarcação. Um pouco mais difícil se torna compreender como é possível navegar quase

contra o vento! Suponhamos que temos um bocado de sabão, cortado como se vê na fig..

Imaginemos que ele está sobre uma tábua lisa e escorregadia carregamos com força no sabão conforme a direcção da seta (A) o sabão anda na direcção da seta (B).

Se considerarmos o mesmo em relação à embarcação visto por cima na mesma fig., o vento carrega nas velas na direcção da seta (A) e a embarcação anda na direcção da seta (B), tal como o sabão na tábua.

Mas reparem que o sabão anda para a direita e não para baixo porque a tábua não deixa.

Do mesmo modo a embarcação anda para a frente, porque há uma coisa que não deixa andar de lado. É a resistência do patilhão na água.

Por isso nunca se esqueçam de arrear o patilhão porque de outro modo não conseguem andar à bolina.

Para navegarmos à vela temos de saber manobrar a embarcação (governar) e orientar as velas (marear) de modo a conseguirmos o melhor andamento com a maior segurança.

É sobre isso que vamos falar, quer a embarcação tenha uma, duas ou mais velas. Diz-se que a embarcação está amurada ou vai com amuras a Bombordo (BB) ou

Estibordo(EB) quando recebe o vento por (BB) ou (EB) respectivamente. Orçar - É alterar o rumo aproximando a proa da linha do vento. Arribar - É alterar o rumo afastando a proa da linha do vento. Virar de Bordo - É a manobra que se faz para mudar de amuras, isto é, para

seguir outro rumo. Bordo - É o caminho feito em cada amura. Caçar e Folgar uma Vela - É a acção de puxá-la ou largá-la com o auxílio da

escota. Aquartelar uma Vela - É caçá-la a Barlavento. Em Relação ao Vento Barlavento - É o lado de onde sopra o vento. Sotavento - É o lado para onde vai o vento. Virar por D’Avante - É mudar de amuras, passando com a proa pela linha do

vento. Virar em Roda ou Cambar - É mudar de amuras passando com a popa pela linha

do vento. Rizar uma Vela - Consiste em reduzir a superfície de vela exposta ao vento.