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Corpo editorial: Editora e redatora chefe - Fernanda Bulhões Arte e capa - Fernanda Bulhões, Bruno Camilo Diagramação - Bruno Camilo
Artigos: Dis sentidos da palavra “lógica”, Cláudio Loureiro e Fernanda
Bulhões
Aristóteles de Estagira, Rosa Régis
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa: já dizia Aristóteles, Fernanda Bulhões
Você sabia?, Carlo-zen-rique
Habilidades e consequências lógicas do macaco, Carlo-zen-rique
e Fernanda Bulhões Lógica: ferramenta na construção do conhecimento, Leandro
Soares e Wellington
História em Quadrinho:
REALIZAÇÃO:
Site: http://www.pibid.ufrn.br/subprojeto/filosofia
Jornal do adoidecente
O jornal do adolescente doido, porém decente!
4ª edição/Dezembro de 2012 Tema: Pensamento Lógico
Entre essas criaturas,
qual delas você acha que está
usando o pensamento lógico? (não vale “roubar” para o animal humano)
Dois sentidos da palavra “Lógica”
Você já parou para pensar que a
palavra lógica não tem apenas um significado??? Pois é, existem pelo menos dois sentidos de “lógica”: no sentido
do senso comum e no sentido da Lógica - que é uma ciência, uma das subáreas de conhecimento da Filosofia.
No primeiro caso, quando falamos “isto é lógico” queremos dizer “isto é óbvio”, “é claro”, “é evidente”. Lógico significa aqui algo sobre o qual não há menor dúvida. Em geral, em
nossas conversas, concordamos de antemão com o que é e o que não é lógico. Normalmente não explicamos através
de argumentos o que consideramos lógico. Quando alguém diz, por exemplo: “é lógico que os alunos querem passar de ano”, todos concordamos imediatamente. Já a frase: “é
lógico que todos os alunos estudam muito e se esforçam para não serem reprovados”, não nos parece tão lógica
assim, não é mesmo?
Diferente desse sentido usual, a palavra lógica pode significar um tipo de raciocínio considerado lógico pela Ciência Lógica, que, distante do senso comum, vem
desenvolvendo teorias, regras e princípios que tratam da estrutura formal do pensamento. Aqui, a lógica
independe dos fatos e acontecimentos, ela diz respeito apenas à coerência interna do raciocínio. Neste caso, dizer
“é lógico que” significa dizer “o pensamento está logicamente correto”, ou “partindo destas premissas, a conclusão não poderia ser outra”. Exemplo de um raciocínio
lógico: “Todos os alunos são estudiosos, João é aluno, logo João é estudioso”. É importante notar que, mesmo sabendo
que, na realidade, todos os alunos não são estudiosos, somente alguns – provavelmente João –, não temos que concordar com este raciocínio, pois ele segue a linha reta
do pensamento dedutivo, enquanto a nossa realidade de todos os dias, em geral, segue as ruas cheias de curvas ilógicas.
E agora, você se arrisca a responder a questão: qual o significado do termo lógica que aparece na música composta pela banda “Os Paralamas do Sucesso”?
“Assaltaram a gramática /
Assassinaram a lógica /
Meteram poesia, na
bagunça do dia-a-dia /
Sequestraram a fonética /
Violentaram a métrica /
Meteram poesia onde
devia
e não devia.”
Cláudio Loureiro
Fernanda Bulhões
ARISTÓTELES DE ESTAGIRA
Discípulo de Platão, Para ele o primordial
Das ciências, é desvendar, Dos seres, o essencial.
Sendo o criador da lógica
Ou seu pai considerado, No raciocínio lógico
Esteve sempre entrosado.
Fala de potência e ato, Do que está em movimento
Daquilo que é transitório
E novo a cada momento.
Diz: "A semente, em potência, Nela, uma árvore contém,
Basta que a mesma se plante
E o resultado se tem".
Brincando com a lógica
Silogismo é um argumento Feito de proposições, Das quais se infere ou se extrai As devidas conclusões Que podem ser verdadeiras, Ou falsas. Mas sem senões. As proposições, em si, Tem regras fundamentais: Princípio de Identidade, Não contradição e mais: O do Terceiro excluído Que difere dos demais. E eu digo: se A é B E C é B, certamente, A é C, está na cara! E disto estou consciente. E várias combinações Eu farei daqui pra frente.
E usando o silogismo
Eu estudo a correção, Que é validade ou ainda
Analiso a incorreção, Que é invalidade e caminho
Em busca da conclusão.
Rosa Regis
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa:
já dizia Aristóteles
Não precisa ser intelectual nem filósofo, menos ainda, um gênio, para saber que as coisas são o que elas são e são diferentes do que elas não são. Isso é tão lógico que ninguém discorda disso. Exceto os filósofos que adoram duvidar de tudo e são capazes até de duvidar de que uma coisa não é a coisa que ela é. Heráclito (VI a. C), por exemplo, dizia que “o caminho para cima é o mesmo que o caminho para baixo” e que “no círculo, princípio e fim são o mesmo. É..., realmente tudo é possível para esses pensadores. Por isso, com o objetivo de dar limite ao que se fala e pôr ordem e progresso nos discursos filosóficos, Aristóteles resolveu criar
uma série de regras que explica bem direitinho o que está certo e o que está errado. Esse conjunto de regras, que ele denominou de Lógica, estabelece as leis que devem reger o pensamento e a linguagem - logicamente corretos, é claro. Agora, leia esta piada que vem a seguir e tente responder qual é o
personagem da história que está logicamente correto. “Em algum lugar do interior do Brasil, um padre chama para a sua igreja dois moradores da sua paróquia, Zé e Severino, que estão brigando sem parar. Ele pretende ouvir a versão de cada um deles e acabar logo com o problema. Zé é o primeiro a apresentar a sua visão sobre o caso: - Padre, todo dia Severino atravessa minhas terras com o gado dele e está estragando minha plantação. A terra é minha e isso não é justo. O padre diz: -Você está certo! Mas aí Severino se levanta e diz:
- Padre, o único caminho que existe para meu gado chegar à lagoa para beber água passa pelas terras dele. Há séculos, todo vaqueiro tem o direito de atravessar as terras em torno da lagoa, de forma que eu também posso. Sem água, o gado morre e isso não é justo. E o padre diz: - Você está certo! A cozinheira da igreja que estava por perto e ouviu tudo, não aguenta ficar quieta e diz para o padre: - Desculpa padre, mas não dá para os dois estarem certos! E o padre pensa e responde: - É... você está certa!”
Ora, vocês conseguem perceber qual foi o erro lógico cometido pelo padre que a cozinheira apontou? Segundo a Lei da Não-Contradição, enunciada pela primeira vez por Aristóteles, dois juízos contrários não podem ser simultaneamente certos. Quer dizer, se Zé está certo, Severino está errado. Se Severino está certo, Zé é que não está. Lógico, né? É lógico, mas na nossa dura realidade de todos os dias, nem sempre é fácil resolver os problemas concretos seguindo as leis teóricas da Lógica. Esse caso problemático, por exemplo, que aparece na piada, como você resolveria??? Na sua opinião, quem está certo: Zé, Severino, o padre ou a cozinheira??? Ou será que todos estão certos ou que nenhum está? Questão difícil de ser respondida!!! Né, não? (a piada foi livremente adaptada e retirada de um livro que explica a filosofia com senso de humo de Thomas Cathart & Daniel Klein.. Platão e um ornitorrinco entram num bar.... Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Segundo os autores, a piada é de domínio público)
Fernanda Bulhões
VOCÊ SABIA QUE Roger Fouts, psicólogo, adotou, entre outros
chipanzés, Washoe, uma jovem macaca, e, convivendo com eles,
ensinou-lhe a Linguagem de Sinais Norte-Americana (ASL) usada
pelos surdos? E, você sabia, que - o mais impressionante - a
macaca aprendeu a língua de sinais e
ainda ensinou para seus filhos???
Parece mentira, né? Mas não é. É VERDADE! (Se é que VERDADE existe) Vale salientar que os cientistas já
constataram que os chipanzés não
apenas constroem utensílios, como também usam as mãos para
comunicarem-se. Gestos, entre eles, por exemplo, significam
“venha comigo”, “posso passar?”, “você é bem vindo”. Washoe, a
mais famosa dos filhos adotivos de Roger, com quatro anos de
idade, usava a ASL como uma criança humana de dois ou três
anos, recebendo-o em casa com mensagens e sinais de carinho: -
Roger corra, venha me abraçar, me dar comida, me dar roupas,
por favor lá fora, abrir porta; Segundo Roger Fouts, “o espontâneo
tagarelar de mãos” de Washoe foi o mais forte indício de que ela
usava a linguagem da mesma maneira que as crianças humanas...
O modo pelo qual movia as mãos continuamente, como uma
sociável criança surda, fez com que mais de um cético
reconsiderasse sua empedernida noção de
que os animais são incapazes de pensar e
de falar. Washoe, adulta, ensinou seu filho
adotivo a usar os sinais e, em companhia
de outros três chipanzés de diferentes
idades, constituiu uma família complexa e
coesa, na qual a linguagem manifestava-se
com máxima naturalidade. Filmes mostram a família
comunicando-se. Especialistas em ASL concordam quanto ao
sentido das “conversas”.
Essas experiências corroboram a teoria da origem da linguagem
vocal humana na linguagem gestual de mãos - a primeira dentre
as formas de comunicação entre hominídeos - concomitante aos
desenvolvimentos técnicos de fabricação de utensílios,
entrelaçando e associando, assim, natureza humana e evolução
da linguagem, consciência e tecnologia.
(as informações foram recolhidas no capítulo dois do livro “As conexões ocultas”
de Fritjof Capra) carlo-zen-rique
Habilidades e competências lógicas do macaco
Todos sabemos do saber fazer do macaco. Trepa no pau,
derruba o coco, senta no rabo e puxa o dos outros. Rei das
cambotas, das caretas, se balança pelo rabo, é o mor das
bananeiras. Artista de circo, de cinema, dança com a macaca,
dirige lambreta. Poucos sabem é das suas competências lógicas.
O macaco podia ir à escola e não ia fazer feio. Ia se divertir a vera
com a criançada. Mas, cuidado com a merenda, senão ele pode
roubar e maloca debaixo da saia. Sabe um monte de sinais. Se
comunica por eles. Macaco se comunica! E fala pra caramba.
Macaco dá bom dia. Pede para entrar na brincadeira. Cuida do
macaquinho sozinho. Diz para o outro se mandar na carreira.
Come a erva certa pra lumbago. E o mais impressionante: se
reconhece no espelho: sente-se feio, ou se acha o máximo. Pois é,
macaco tem consciência de si. Ensinaram para o macaco a língua
de sinais dos surdos-mudos. Aprendeu um monte e ainda
ensinou para os filhos. Agora, pergunta para o macaco se ele
quer banana. Quer sim, quer banana e óculos ray ban também.
Por essas e outras, podemos cantar:
“SE você pensa que macaco é gente, Macaco não é gente não,
Macaco dá bom-dia c’a mão
E gente não dá bom-dia não”
carlo-zen-rique
Fernanda
LÓGICA: FERRAMENTA NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
Quando refletimos sobre a vida, o mundo e nós mesmos compreendemos melhor a lógica da realidade em que vivemos, o modo como funcionam as coisas, o modo como nós “funcionamos”, os motivos que nos levam a agir de um jeito e não de outro. O problema, entretanto, é que quando perguntamos sobre o sentido das coisas as respostas que encontramos não nos chegam ordenadamente, ao
contrário, elas parecem um amontoado de peças de um quebra-cabeça bagunçado, muito difícil de ser montado.
Com o tempo, percebemos que, embora algumas dessas “peças” se encaixem formando um sentido claro e distinto, outras ficam soltas, sem encaixe, de modo que não conseguimos fechar todo o quebra-cabeça. Ora, assim como todos os quebra-cabeças necessitam de certa ordem para serem resolvidos, assim também é o nosso pensamento. Para que possamos construir um conhecimento devemos ordenar o nosso raciocínio, selecionando bem as peças e as palavras mais adequadas para expressar o que queremos realmente dizer. Para tanto, precisamos de uma
“ferramenta” que nos possibilita fazer essa minuciosa seleção.
A essa ferramenta chamamos de Lógica! É, portanto, a Lógica é um instrumento que nos ajuda a por ordem nas idéias, nos argumentos, nas teorias, pois ela trata justamente das regras do raciocínio e do discurso.
Utilizando o pensamento lógico (dedutivo e/ou indutivo) criamos a ciência, ou melhor, as ciências. Podemos dizer que cada uma delas é uma espécie de quebra-cabeça.
Na Filosofia, essa ferramenta tem um papel fundamental na organização do discurso. O filósofo a utiliza para montar um discurso logicamente estruturado, selecionando passo-a-passo as palavras, os conceitos, os
argumentos através dos quais ele pretende demonstrar sua teoria.
Leandro Soares & Wellington
a (NÃO) LÓGICA ZEN os mestres japoneses do ZEN BUDISMO ensinam (sem ensinar) sua grande sabedoria através de pequenos poemas (haikai) e pequenas histórias que mostram uma lógica bem diferente da nossa lógica ocidental , por exemplo:
“Antes de estudar Zen, as montanhas são montanhas e os rios são rios. Enquanto estuda Zen, as montanhas deixam de ser montanhas, os rios deixam de ser rios. Uma vez alcançada a iluminação, as montanhas voltam a ser montanhas e os rios voltam a ser rios”.
“Bankei estava pregando tranquilamente a seus discípulos, quando um dia seu discurso foi interrompido por um adepto de outra seita.
Esta seita acreditava no poder dos milagres e achava que a salvação vinha da repetição de palavras sagradas. Bankei parou de falar e perguntou ao monge o que ele queria dizer. O monge dizia que o fundador de sua religião poderia ficar numa margem de um rio com um pincel na mão e escrever um nome sagrado num pedaço de papel que um assistente segurava na outra margem do rio. O monge perguntou: Que milagres você pode fazer? Bankei replicou: Apenas um. Quando estou com fome eu como e quando estou com sede eu bebo”.
Tradução de Hasido